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Resenha Critica - Célebre Homem

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A CONSTRUÇÃO DO PROTAGONISTA PELO NARRADOR ATRAVÉS DE SEU CONFLITO INTERNO ENTRE VOCAÇÃO E AMBIÇÃO NO CONTO “UM HOMEM CÉLEBRE” DE MACHADO DE ASSIS
Ana Jéssica Gomes dos Santos[1: Graduanda do Curso de Letras Inglês na Universidade Estadual de Alagoas.]
Elma Vilma Lima de Araújo [2: Graduanda do Curso de Letras Francês na Universidade Estadual de Alagoas.]
Maria Isabela de Carvalho[3: Graduanda do Curso de Letras Português da Universidade Estadual de Alagoas.]
Marcella Rodrigues[4: Graduanda do Curso de Letras Francês da Universidade Estadual de Alagoas.]
Sebastião Nunes da Silveira[5: Graduando do Curso de Letras Inglês da Universidade Estadual de Alagoas.]
RESUMO
O conto “Um Homem Célebre" mostra a luta entre a vocação e a ambição. Pestana é um bem-sucedido compositor de polcas, ritmo popular e dançante que teve seu ápice na segunda metade do século XIX, mas ambiciona a glória de compor obras clássicas e vive atormentado pela falta de inspiração para tal. 
Constantemente descontente pelo reconhecimento público da capacidade indesejada, vive frustrado por não poder se comparar a seus ídolos.
O conjunto dos contos escrito por Machado de Assis revela a observação feita pelo autor da consciência humana, de sua vida regida pelas aparências, pelo que somos e o que aspiramos ser.
Palavras-Chave: Polka, Narrador, Protagonista, Ambição, Vocação, Sucesso.
ABSTRACT
The literary work "A Famous Man" (the original title of "Um Homem Célebre") shows the struggle between vocation and ambition. Pestana is a successful composer of polkas, popular and danceable rhythm that peaked in the second half of the nineteenth century, but seeks the glory of composing classical works and is tormented by the lack of inspiration for this.
Constantly unhappy with your public recognition of the ability unwanted. He lives frustrated by not being able to compare their idols.
The set of short stories written by Machado de Assis revealed the observation made by the author of human consciousness, of his life governed by appearances, what we are and what we aspire to be.
Key-words: Polka, Narrator, Protagonist, Ambition, Vocation, Success.
INTRODUÇÃO
A antologia "Várias Histórias", de Machado de Assis, teve sua primeira edição em 1896. Ao longo de seus 16 contos podem ser encontrados testemunhos da sempre surpreendente natureza humana as quais atravessam a barreira do tempo: muito do encanto encontrado na obra vem do reconhecimento imediato de situações psicológicas comuns a todo ser humano.
O distanciamento que autor estabelece da matéria com a qual lida permitem concluir que tais episódios seriam exemplares de conclusões a que chegou a partir da observação do comportamento humano.
Temos em foco o conto “Um Célebre Homem”, publicado primeiramente, no periódico "A Estação”, em 1883, e posteriormente no livro “Várias Histórias”, em 1896. O texto aborda o tema da incompatibilidade entre os ideais e a realidade, constituindo, uma quase parábola sobre a existência humana. Neste, Machado de Assis não somente se atém ao aspecto histórico do Rio de Janeiro, na segunda metade do século XIX, período no qual foi invadido pela musica, danças e saraus.
O conto traz ao leitor a história da frustração de um compositor de polcas, o qual possuía o desejo de criar obras clássicas. O texto segue recheado de um humor negro que mostra as cruéis ironias do destino sofridas pelo protagonista, que sofre durante toda a sua história devido ao seu enorme talento para criar polcas de sucesso entre as camadas mais populares da sociedade.
A CONSTRUÇÃO DO PROTAGONISTA PELO NARRADOR COM FOCO EM SEU CONFLITO INTERNO
O conto em tela traz ao leitor a história de um compositor e musico que obtêm fama e sucesso através de seu grande talento para compor polcas. Entretanto, ao tempo que o mesmo obtêm êxito financeiro e sucesso efêmero com suas obras populares, vive infeliz, pois além de odiar as obras que produz, sonha em tornar-se um grande compositor de obras eruditas.
A temática básica abordada no conto é o conflito entre vocação e ambição. Seu protagonista, Pestana, é um compositor de polcas famoso por produzir um estilo de musica muito popular na época, e por isso é conhecido e louvado por todos, entretanto sofre um dilema interno por ver cada vez mais longe sua chance de ser um grande compositor de música erudita.
Diante de seu dilema entre conviver com seu sucesso indesejado e aspirar à imortalidade, para ele concedida apenas aos grandes compositores de clássicos, o personagem vive em eterno conflito.
 	Caracterizado pelo narrador como um personagem plano com poucas características esféricas, no qual pode-se acompanhar durante a obra sua constante infelicidade com o êxito advindo de suas composições, pois as odeia, e odeia o fato de provavelmente jamais alcançar a à estética de seus ídolos: Beethoven, Chopin e outros, como podemos ver pelo trecho a seguir:
Às vezes, como que ia surgir das profundezas do inconsciente uma aurora de ideia; ele corria ao piano, para aventurá-la inteira, traduzi-la em sons, mas era em vão, a ideia esvaía-se (...) Então, irritado, erguia-se, jurava abandonar a arte, ir plantar café ou puxar carroça; mas daí a dez minutos, ei-lo outra vez, com os olhos em Mozart, a imitá-lo ao piano (...) De repente (...) Compunha só teclando ou escrevendo, sem os vãos esforços da véspera, sem exasperação, sem nada pedir ao céu, sem interrogar os olhos de Mozart. Nenhum tédio. Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da alma como de uma fonte perene. Em pouco tempo estava a polca feita. (ASSIS, 1997, p. 03).
	Pestana é apresentado pelo narrador tal como é “vexado e aborrecido”, sendo às vezes, mostrado de forma caricata pelo mesmo. Pode-se perceber que o narrador tenta mostrar em diversas situações o quanto o protagonista detesta a obra por ele produzido, mas que era exigida pelo mercado.
Já perto de casa, viu vir dois homens: um deles, passando rentezinho com o Pestana, começou a assobiar a mesma polca, rijamente, com brio, e o outro pegou a tempo na música, e aí foram os dois abaixo, ruidosos e alegres, enquanto o autor da peça, desesperado, corria a meter-se em casa. (ASSIS, 1997, p. 03).
	Neste trecho, o narrador caracteriza o personagem como sendo aterrorizado pelo sucesso de sua obra, na tentativa de mostrar ao leitor que existe uma grande distância entre o que se é pretendido e o que se é alcançado na vida do compositor. 
Diante de seu sucesso, Pestana sente-se diminuído por suas produções, pois o mesmo não queria compor apenas para as massas, seu desejo mais intimo era se portador de algo que representasse um trabalho elevado, transportando-o para além do momento, tornando-o imortal, a imortalidade através de sua obra era a sua ambição.
	A problemática principal do personagem encontra-se na busca por sua satisfação pessoal, busca essa que se torna o guia das ações de Pestana, ações essas que ganham certo desgoverno e transformam o personagem em vitima de sua ambição não alcançada. Como se pode ver quando o narrador transcreve o pensamento do personagem no trecho: “Por que não faria ele uma só que fosse daquelas páginas imortais?” (ASSIS, 1997, p. 03).
	Através do personagem, o narrador traz contradições entre a aparência e o ser verdadeiro, entre a vida publica e a vida interior. E são essas contradições e ironias que regem a vida do personagem até sua morte.
	Pestana pode ser definido como um personagem frustrado, pois aquém de seus sonhos, suas tentativas de compor obras clássicas sempre acabam fracassando. 
Em busca de seu sonho, o musico chega até a se casar com uma cantora lírica, acreditando que convivendo com a mesma, finalmente teria a inspiração para compor sua tão desejada obra clássica “Agora sim, é que ia engendrar uma família de obras sérias, profundas, inspiradas e trabalhadas” (ASSIS, 1997, p. 05), entretanto, o mesmo se vê fracassar até mesmo diante da morte da esposa e de sua tentativa de compor uma obra que a homenageasse no primeiro aniversário de sua morte como se podever:
É dessa forma que o personagem se vê durante todo o texto, confuso, frustrado e triste. Seu talento em produzir obras genéricas coloca-o diante de uma gloria passageira não idealizada por ele, distanciando-o da imortalidade desejada.
	Diante de toda a desilusão vivida pelo protagonista, surge ainda a figura do editor, importante personagem do conto, pois o mesmo controla a produção de Pestana, escolhendo os títulos das polcas de acordo com o que acredita serem os interesses da população.
	Nesse sentido, a realização intangível das composições desejadas pelo protagonista são o eixo do conto, mais do que problema situado entre a realização e o desejo, Pestana enfrenta uma delicada relação entre produção, público e valorização. 
	Por fim, Machado de Assis encerra o conto e a vida de Pestana mostrando que sua morte resume-se à viva que viveu: “bem com os homens e mal consigo mesmo” (ASSIS, 1997, p. 07).
	O dilema de Pestana mostra a impotência do homem diante de suas aspirações não alcançadas. O narrador, que participa da história, possui um conhecimento amplo e irrestrito sobre os fatos, descrevendo não só o que é visível e o que acontece como também os pensamentos das personagens, construindo assim a personagem trazendo situações em que o mesmo falha na tentativa de realizar seu sonho, utilizando sempre adjetivos negativos para referir-se ao personagem, delimitando assim sua personalidade como sendo triste, insatisfeito ou frustrado, “Pestana fez uma careta, mas dissimulou depressa, inclinou-se calado, sem gentileza, e foi para o piano, sem entusiasmo” (Assis, 1997, p. 02).
O sucesso irrealizável de glória culmina com o fracasso íntimo do compositor que, diante dos entraves sociais explicitados no conto, na pessoa do editor, vê sua música sendo levada para o que é comum, para o que é das massas.
Percebe-se que as escolhas feitas pelo narrador trazem efeitos sobre o leitor, induzindo-o a envolver-se com o personagem na tentativa de descobrir porque o fato de suas polcas fazerem sucesso perturba tanto o protagonista. A forma como a passagem de tempo é mostrada, às vezes lentamente, às vezes em poucas frases que delimitam o fracasso e lamentações do personagem, trazem ao leitor uma clara visão de sua personalidade e dilemas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Machado de Assis traçou nesse conto algo que vai além do conteúdo histórico, problematizando através do protagonista o dilema entre música popular e erudita.
	Com o texto, pode-se perceber que a tranquilidade apresentada pelo protagonista diante de seu público trata-se apenas de uma máscara. Interiormente o músico busca ser uma pessoa totalmente diferente da que realmente é, produzir obras diferentes das que produz.
	Em necessidade de igualar-se aos seus ídolos, Pestana morre sem alcançar suas aspirações, assim como o ser humano que se torna sempre algo diferente do que desejava, seja em sua vida pessoal ou profissional.
REFERÊNCIAS
ASSIS, Machado. Um Homem Célebre. Digitalização por UNAMA, Nead – Núcleo de Educação à distância, 1997. E-Book disponível em <http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/oliteraria/390.pdf>. Acesso em 15/07/2012
CAMARGO, Thais Nicoleti. Machado de Assis desvenda natureza humana. Disponivel em <http://vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/ult2773u10.jhtm>. Acesso em 15/07/2012
VALLADARES, Henriqueta Do Coutto Prado. As (In)definições de Pestana em “Um Homem Célebre”. Disponivel em <http://www.idelberavelar.com/abralic/txt_6.pdf> Acesso em: 16/07/2012.

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