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AMADURECIMENTO HUMANO E PROVISÃO AMBIENTAL A PARTIR DA PERSPECTIVA WINNICOTTIANA1 Jonson César de Freitas Quando o assunto a ser tratado correlaciona amadurecimento humano e provisão ambiental, é notório saber que Winnicott, em suas obras, parte do principio de que o processo de desenvolvimento humano está intimamente relacionado à questão ambiental, tratado aqui por ele na relação ambiente-indivíduo. A partir daí, percebe-se que sua teoria, partindo da concepção da formação do ser humano desde a gravidez até a morte, configura-se através da facilitação gerada pelo ambiente em torno do próprio individuo que, consequentemente, pode abarcar tanto momentos de crescimento, geralmente em direção à saúde, como também, caso haja falha, a instabilidade e a doença. Entretanto, Winnicott, em sua obra, deixa bem claro que esse amadurecimento humano não ocorre de forma linear, já que os indivíduos passam por fases que pode acontecer ao mesmo tempo ou ate mesmo dependendo do sucesso na resolução das tarefas anteriores. Elenca ainda que esse processo de maturação não está especificamente ligado à questão do naturalismo ou até mesmo do processo biológico (físico), mas sim, conforme afirma o mesmo, ao processo de formação de sua identidade – self – em consonância com o ambiente que o circunda. O que Winnicott procura demonstrar através de sua teoria do desenvolvimento emocional é que através do processo de maturação o ser humano se tendência tanto a desenvolver-se, como também a se unificar. A saúde emocional estaria no livre desenrolar deste processo justamente através da formação e evolução do ego, superego e inconsciente, além dos mecanismos de defesa. Todavia, para que esse desenvolvimento possa 1 Avaliação da disciplina Teoria e Técnicas Psicoterápicas I, do curso de psicologia da Universidade Estadual de Feira De Santana, ministrada pela professora Drª Caroline Vasconcelos Ribeiro. Apresentado no dia 16/05/2016. ocorrer de forma mais natural possível, se faz necessário que o ambiente inicial que está envolto do bebê, representado nesse caso pela mãe ou seu substituto, seja repleto de cuidados. Dessa forma, percebe-se que a influência que o ambiente tem para com o ser humano torna-se decisiva sobre o desenvolvimento psíquico do mesmo. Na concepção de Winnicott, para que criança possa se desenvolver de forma saudável é necessário que ela passe por dois estágios iniciais, que são o da dependência absoluta, que vai do nascimento até aos 6 meses e o da dependência relativa, que ocorre dos 6 meses aos dois anos. Nessa primeira fase, segundo Winnicott, apesar de existir o corpo físico do bebe, ele ainda não existe, pois ainda não foi amadurecido o seu “eu”, havendo assim uma dependência absoluta por parte do bebe para com os cuidados do ambiente (mãe), já que sem ela, não haveria chances de sobreviver. E é só a partir da interação com essa mãe-ambiente “natural,” suficientemente boa, que o amadurecimento pode ocorrer sem haver prejuízos psíquicos, permitindo assim que a criança coloque em prática sua tendência inata ao desenvolvimento e continuidade da vida, emergindo assim o verdadeiro self. Por considerar essa questão é que Winnicott enfatiza que a saúde emocional do bebe depende principalmente do ambiente que diretamente o influencia. Porém, quando a mãe-ambiente não oferece um ambiente facilitador e apresenta um suporte egóico deficiente, ela não está fazendo a sua parte a contento e dessa forma não está fornecendo uma provisão necessária para o processo de crescimento, ocasionando assim a não identificação com as necessidades do filho, ocorrendo consequentemente uma espécie de falha ambiental que ocasiona incontáveis problemas sobre a saúde mental, provocando assim adoecimentos psíquicos como autismo, esquizofrenia, falso self ou até mesmo personalidade esquizoide. Por outro lado, tem-se também a fase da dependência relativa a qual a criança, através do desmame, passa a se desgarrar da mãe gradativamente, tirando proveito desse momento para se desenvolver. O que esta em jogo nessa fase é a questão da realidade vivida pelo bebê mediante a “falha” materna em doses limitadas, que provoca gradativamente a desadaptação ou desilusão da criança, sem, no entanto, haver prejuízo na sua evolução psíquica. As consequências disso é o seu amadurecimento e sua independência mediante o uso estimulado de sua inteligência, passando assim a sentir e a experimentar suas próprias necessidades, contribuindo assim para o desenvolvimento de seu sentimento de self, desta vez separada da mãe. Mas caso, nessa fase, a criança perceba que ouve repentinamente uma “falha” na provisão ambiental, e que a mesma não esteja capacitada a defender-se, o que ocorre é uma espécie de trauma, resultando no distúrbio especifico denominado tendência anti-social (hipocondria, paranoia, psicose maníaco-depressiva etc). No que concerne à ajuda terapêutica em psicanálise a partir da perspectiva winnicottiana, fica notório o quanto é importante uma alternativa terapêutica que seja capaz de intervir naquilo que ficou mal estruturado durante o processo de configuração pessoal quando ainda se encontrava no estágio inicial como bebê. A provisão de um ambiente propício ao desenvolvimento de uma pessoa através de uma psicoterapia nos moldes da clínica winnicottiana, pode ser bastante útil principalmente através de uma assistência própria que seja capaz de ofertar um ambiente estável e forte, provido principalmente de amor pessoal. Como para Winnicott, o ambiente continua a exercer influência na criança que cresce, no adolescente e até no adulto, então, nada melhor que buscar o cerne essa deficiência que ficou para trás através de consultas terapêuticas baseadas na ralação comunicativa entre o psicoterapeuta e o cliente. Cabe então ao analista reconhecer ao longo do(s) encontro(s) qual é a problemática que o paciente anseia tratar e partir daí favorecer ao cliente condições necessárias para que ele possa se expressar, seja traves da comunicação, ou mesmo de desenhos ou brincadeiras lúdicas. O que se espera dessa ajuda é que o eu de um paciente independente comece a experimentar suas características e formas de viver e se organizar. É obvio que isso não irá significar que ele esteja livre dos sintomas que o acomete, contudo, se livrará de defesas imaturas e da patologia incapacitante, permitindo assim retomar o rumo natural do desenvolvimento. Referências Bibliográficas ABRAM, Jan. A linguagem de Winnicott: dicionário das palavras e expressões utilizadas por Donald W. Winnicott. Revinter. Rio de Janeiro: 2000. Tradução: Marcelo Del Grande da Silva ISBN: 85- 7309-373-0 DIAS, Elsa Oliveira. A teoria winnicottiana do amadurecimento como guia da prática clínica. Nat. hum., São Paulo, v. 10, n. 1, p. 29-46, jun. 2008. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151 7-24302008000100002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14/05/2016. DIAS, Elsa Oliveira. Caráter temporal e os sentidos de trauma em Winnicott. 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