Buscar

Teoria de Winnicott (2)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Teoria de Winnicott
Exercendo a função de pediatra, Donald Woods Winnicott desenvolveu sua psicanálise com base nas relações familiares entre a criança e o ambiente. Todo ser humano, de acordo com Winnicott, tem um potencial para o desenvolvimento. Entretanto, para tornar esse potencial como algo real, o ambiente se faz necessário. Inicialmente, esse ambiente é a mãe – ou alguém que exerça a função materna – e apoiada especialmente pelo pai. Para se chegar ao desenvolvimento completo, a criança passa por fases de dependência rumo à independência – até chegar na fase adulta e estabelecer um padrão que seja uma junção desafiadora entre copiar os pais e formar uma identidade pessoal.
Segundo a psicanalista Maria José Ferreira Mota, que tem como orientação principal a psicanálise winnicottiana, há principalmente três motivos para o pensamento de Winnicott sobre a formação do ‘eu’ se apoiar na família: 1) esta tem (ou teria…) uma disposição e condição maior de favorecer o desenvolvimento; 2) supõe-se que uma família seja uma constante que não varie muito, essencial para uma criança que precisa, especialmente no seu início, que o seu entorno seja constante, regular, amigável e não caótico; 3) a família costuma ter, embora nem todas tenham, uma condição maior de tolerância para lidar com períodos em que o ambiente é testado, em que a criança precisa experimentar algum tipo de confronto.
Mas, lembrando, para se chegar a esse desenvolvimento completo, é necessário um ambiente agradável e, daí, surge o conceito winnicottiano de good enough mother (mãe suficientemente boa). Não é uma mãe perfeita, porque essa não existe. Mas é a mãe que sabe a hora certa para favorecer a ilusão no bebê e, logo após, a desilusão.
A ilusão é criada quando a mãe se adapta às necessidades do bebê e este projeta o que ele mesmo criou daquilo de que ele necessita. Aliás, o bebê percebe a mãe dele como sendo parte sua: os dois são um só – o que dá sustento ao pensamento de dependência para com a mãe. Winnicott escreveu em O Brincar & a Realidade: “A mãe, no começo, através da adaptação quase completa, propicia ao bebê, a oportunidade para a ilusão de que o seio dela faz parte do bebê, de que está, por assim dizer, sob o controle mágico do bebê.” É este o período de dependência absoluta, que vai de 4 a 6 meses. É importante notar que o bebê não tem percepção dessa situação, mas adquire uma sensação de onipotência.
Logo após esse período, é tarefa da mãe desiludir a criança, não atendendo tudo tão prontamente. Ou seja, a mãe, progressivamente, começa a fazer com que a criança suporte algumas frustrações. De confrontos em confrontos, o desenvolvimento do ego da criança será facilitado e ela passa a esperar certas atitudes que anteriormente queria na hora.
Na desilusão, os objetos transicionais são fundamentais. Eles são, segundo Maria José, a primeira possessão não-eu. Ou seja, são objetos, geralmente macios, que o bebê adota e faz o uso que quiser. São chamados de transicionais, pois estariam no espaço entre o mundo interno e o externo, sendo os dois ao mesmo tempo e fazendo parte dos dois. É uma etapa importante, pois indica que o bebê está a lidar com a separação da mãe, saindo de um estado uno em relação a ela e percebendo o mundo de fora, sem deixar de manter um elo entre os dois mundos. O valor do objeto transicional é tão importante, que quando os pais vem a saber de seu valor, até levam consigo em viagens. É o caso, por exemplo, de um cobertor. A mãe permite que fique sujo e até mesmo mal-cheiroso, pois sabe que se lavá-lo pode destruir o significado e o valor do objeto para a criança. E, quando eles o usam para dormir, caso seja lavado, a criança pode ter dificuldades maiores para cair no sono.
O apego a esses objetos é notado, também, em momentos de solidão, conforme escreveu Winnicott em O Brincar & a Realidade: “Os padrões estabelecidos na tenra infância podem persistir na infância propriamente dita, de modo que o objeto macio original continua a ser absolutamente necessário na hora de dormir, em momentos de solidão, ou quando um humor depressivo ameaça manifestar-se”. Não há diferença, segundo Winnicott, digna de nota entre meninos e meninas em seu uso de objetos transicionais.
Já na adolescência, o pai começa a ter um papel importante no ambiente familiar, por causa de sua autoridade. Entretanto, um adolescente já, obviamente, passou pela fase de criança, e se nessa não fora propiciado um ambiente favorável, é possível que ele reviva situações emocionais que não ficaram resolvidas.
Quando a fase de frustrações não foi proporcionada no desenvolvimento infantil, o adolescente passa a atentar ainda mais o juízo dos pais, das autoridades todas: ele quer que o ambiente faça o que não fez anteriormente e essa seria a origem da tendência anti-social como sinal de esperança.
As psicoses podem se manifestar na fase adulta também. Vale ressaltar que, para Winnicott, somente o ambiente familiar é o responsável por formar um ser humano que sinta que a vida vale a pena ser vivida. Os problemas psíquicos seriam, portanto, resultados de falhas graves nas etapas iniciais do desenvolvimento.
DEZEMBRO 2, 2008 POR GUILHERME LUIGI ZANETTE - Symphonic News
A teoria do amadurecimento como guia da ação terapêutica
A clínica winnicottiana está baseada numa teoria dos distúrbios psíquicos que tem como fundamento a teoria do processo de amadurecimento pessoal do indivíduo. Essa teoria, segundo o próprio autor, é a “espinha dorsal” (backbone) do seu trabalho teórico e clínico. Winnicott é explícito ao traçar a íntima conexão existente entre a teoria dos distúrbios psíquicos e a teoria do amadurecimento. Ele diz: “Precisamos chegar a uma teoria do amadurecimento normal para podermos ser capazes de compreender as doenças e as várias imaturidades, uma vez que não nos damos por satisfeitos a menos que possamos preveni-las e curá-las”(Winnicott 1983c/1965vc, p.65).
A teoria está baseada em algumas concepções que podem ser resumidamente apresentadas:
a) na ideia de que todo indivíduo humano é dotado de uma tendência inata ao amadurecimento, o que significa, à integração numa unidade. Apesar de inata, contudo, a tendência não vai de si, como se bastasse à mera passagem do tempo. Trata-se de uma tendência e não de uma determinação. Para que a tendência venha a realizar-se, o bebê depende fundamentalmente da presença de um ambiente facilitador que forneça cuidados suficientemente bons. Isso é tanto mais verdadeiro quanto mais primitivo o estágio que consideramos.
b) O amadurecimento começa em algum momento após a concepção e, quando há saúde, não cessa até a morte.
c) Contrariamente à concepção da psiquiatria, e da própria psicanálise, que concebem a saúde como ausência de doença - o que parece altamente insuficiente a Winnicott - este defende a ideia de que a saúde é um estado complexo, que tem suas próprias exigências e deve ser pensado em si mesmo. Por essa razão ele assinala, em sua teoria, a existência de dificuldades que pertencem ao próprio fato de estar vivo e de amadurecer. Essa concepção de saúde atravessa todo o pensamento winnicottiano e tem implicações maiores do que pode parecer à primeira vista, a saber, que, desde o início, a vida é difícil em si mesma e a tarefa de viver, de continuar vivo e amadurecer é uma batalha que sempre permanece.
d) Não há nenhum aspecto, saudável ou doente, da existência humana, cujo sentido seja independente do momento do processo ao qual pertence ou no qual teve origem. Ou seja, não se pode responder à pergunta sobre o que significa, por exemplo, a agressividade em Winnicott sem estabelecer a etapa do amadurecimento a que estamos nos referindo.
A teoria do amadurecimento
Em que consiste a teoria do amadurecimento? Na descrição e conceituação das diferentes tarefas, conquistas e dificuldades que são inerentes ao crescimento em cada um dos estágios da vida, desde o momento em que um estado de ser tem início, ainda na vida intra-uterina, estendendo-se pela infância, adolescência, juventude, idade adulta e velhiceaté a morte. A ênfase da teoria recai sobre os estágios iniciais, pois é nesse período que estão sendo constituídos os alicerces da personalidade e da saúde psíquica. As tarefas que caracterizam os estágios iniciais - a integração no tempo e no espaço, a habitação da psique no corpo, o início das relações objetais e a quarta tarefa, constituição do si-mesmo -, jamais se completam e continuam a ser as tarefas fundamentais de toda a vida. Elas não são de natureza instintual - como serão algumas delas, um pouco mais tarde -, mas pertencem à linha identitária do amadurecimento; referem-se à necessidade de existir, de sentir-se real e de chegar a estabelecer-se como uma identidade unitária.
Apesar de o processo de amadurecimento não ser linear, algumas conquistas têm pré-requisitos e só podem ser alcançadas depois de outras, que são a sua condição de possibilidade. Ou seja, a resolução satisfatória das tarefas de cada estágio depende de ter havido sucesso na resolução das tarefas dos estágios anteriores. Se ocorre fracasso na resolução da tarefa de uma certa etapa, novas tarefas vão surgindo, mas o indivíduo, não tendo feito a aquisição anterior, carece da maturidade necessária para fazer-lhes frente; ele pode até resolvê-las, mobilizando a mente e/ou uma integração defensiva do tipo falso si-mesmo, mas, apoiadas em bases falsas elas não farão parte intrínseca do seu si-mesmo como aquisições pessoais. Nesse caso, o processo de amadurecimento pessoal é paralisado e um distúrbio emocional se estabelece.
A teoria winnicottiana do amadurecimento como guia da prática clínica - Elsa Oliveira Dias
Diretora de ensino e formação do Centro Winnicott de São Paulo
Periódicos Eletrônicos em Psicologia
Pontos principais da Teoria do Apego de John Bowlby
Após a Segunda Guerra Mundial, os órfãos e crianças de rua apresentaram muitas dificuldades. Em vista disso, a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu que John Bowlby escrevesse um folheto informativo sobre o tema. Bowlby intitulou o panfleto de “privação materna”. A teoria do apego surgiu a partir das questões consideradas para a elaboração deste trabalho. A teoria do apego de John Bowlby é um estudo interdisciplinar que abrange os campos das teorias psicológicas, evolutivas e etológicas. Estes são seus pontos principais:
– Uma criança tem uma necessidade inata de se unir a uma figura principal de apego (monotropia).
Embora não tenha descartado a possibilidade de outras figuras de apego para uma criança, Bowlby acreditava que deveria haver um vínculo primário muito mais importante do que qualquer outro (geralmente a mãe). Bowlby acredita que este vínculo é qualitativamente diferente dos posteriores. Neste sentido, ele argumenta que a relação com a mãe é, de alguma forma, completamente diferente das outras relações.
Essencialmente, Bowlby sugeriu que a natureza da monotropia (apego coneitualizado como um vínculo vital e próximo com uma só figura de apego) significava que, caso o vínculo materno não fosse iniciado ou fosse rompido, produziriam-se consequências negativas, incluindo possivelmente uma psicopatia sem afeto. A teoria da monotropia de Bowlby conduziu à formulação de sua hipótese de privação materna.
A criança se comporta de maneira que provoca contato ou proximidade com o cuidador. Quando uma criança experimenta uma maior excitação, ela sinaliza ao seu cuidador. O choro, o sorriso e a locomoção são exemplos destes comportamentos de sinalização.
Instintivamente, os cuidadores respondem ao comportamento das crianças pelas quais são responsáveis, criando um padrão recíproco de interação.
– Uma criança deve receber o cuidado contínuo desta única figura de apego mais importante durante os primeiros anos de vida.
Bowlby afirmou que a maternidade é quase inútil se for atrasada até depois dos dois anos e meio ou três anos de idade. E mais, para a maioria das crianças, há um período crítico caso a maternidade seja atrasada até depois de 12 meses.
Se o apego é rompido ou interrompido durante o período crítico da idade, a criança sofrerá consequências dessa privação materna irreversíveis a longo prazo. Este risco continua até a idade dos cinco anos.
A suposição subjacente da hipótese de privação materna de Bowlby é que a interrupção contínua do vínculo primário poderia levar a dificuldades cognitivas, sociais e emocionais a longo prazo para o bebê. As implicações desta são enormes. Por exemplo, se isso for verdade, o cuidador principal deveria deixar seu filho numa creche?
As consequências da privação materna a longo prazo podem incluir delinquência, inteligência reduzida, aumento da agressão, depressão e psicopatia sem afeto.
A psicopatia sem afeto é a incapacidade de demonstrar afeto ou preocupação pelos demais. Estes indivíduos agem por impulso com pouca consideração pelas consequências de seus atos. Por exemplo, sem demonstrar culpa pelo comportamento antissocial.
– A separação a curto prazo de uma figura de apego leva à angústia.
A angústia passa por três etapas progressivas: protesto, desespero e desapego.
· Protesto: A criança chora, grita e protesta com raiva quando a figura de apego a deixa. A criança vai tentar se prender à pessoa para que ela não vá.
· Desespero: Os protestos da criança começam a diminuir e parecem ficar mais tranquilos, mesmo que ainda sejam irritantes. A criança nega a si mesma todas as tentativas de comodidade dos demais e, frequentemente, parece desinteressada por qualquer coisa.
· Desapego: Se a separação continuar, a criança começará a interagir com outras pessoas novamente. Ela vai rejeitar seu cuidador quando este voltar e mostrará fortes sinais de raiva.
– A relação de apego da criança com o seu cuidador principal leva ao desenvolvimento de um modelo de trabalho interno.
O modelo de trabalho interno é um marco cognitivo que compreende representações mentais para entender o mundo, o eu e os outros. A interação de uma pessoa com as demais é guiada pelas lembranças e expectativas de seu modelo interno, que influenciam e ajudam a avaliar seu contato com os demais.
Aos três anos de idade, o modelo interno parece se transformar em parte da personalidade da criança e, portanto, afeta sua compreensão do mundo e as interações futuras com os demais. De acordo com Bowlby, o cuidador principal age como um protótipo para as relações futuras através do modelo de trabalho interno.
Há três características principais do modelo de trabalho interno: um modelo dos outros como de confiança, um modelo do eu como valioso, e um modelo do eu como efetivo ao interagir com outros.
Esta representação mental é a que guia o comportamento social e emocional no futuro, à medida em que o modelo de trabalho interno da criança guia sua receptividade aos demais em geral.
https://amenteemaravilhosa.com.br/teoria-do-apego-de-john-bowlby/
Maio 24, 2018 em Psicologia

Continue navegando