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ANAIS 1/12 ENTREVISTAS “EM PROFUNDIDADE” NA PESQUISA QUALITATIVA EM ADMINISTRAÇÃO: PISTAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS VERÔNICA MACÁRIO DE OLIVEIRA ( veronicamacario@gmail.com ) UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE MARIA DE FÁTIMA MARTINS ( fatimamartins2005@gmail.com ) UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE ANA CECÍLIA FEITOSA VASCONCELOS ( acvasconcelos@gmail.com ) UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE Resumo Recentemente, as entrevistas “em profundidade” têm atraído interesses de pesquisadores sociais, como método de coleta de dados, incluindo o campo da Administração. O objetivo deste artigo é apresentar apontamentos teóricos e metodológicos sobre o uso de entrevistas “em profundidade” na pesquisa qualitativa em Administração, considerando sua importância para obter informações sobre realidades sociais e contribuir para o aprimoramento do conhecimento nesta área. A metodologia deste estudo consiste de uma revisão bibliográfica de natureza exploratória. O uso da entrevista “em profundidade” ultrapassa as questões técnicas e, dependendo do fenômeno investigado e do problema de pesquisa, pode se caracterizar como principal caminho de coleta de dados. Palavras-chave: Pesquisa Qualitativa; Administração; Entrevistas “em profundidade”. 1. Introdução Durante muitos anos, a discussão metodológica da pesquisa qualitativa girou em torno da observação como o principal método de coleta de dados. Mais recentemente, são as entrevistas que têm atraído interesses e passaram a ser amplamente utilizadas nas pesquisas. As entrevistas “em profundidade” são aquelas que apresentam uma maior flexibilidade, permitindo ao entrevistado construir suas respostas sem ficar preso a um nível mais rigoroso de diretividade e mediação por parte do entrevistador, como acontece no caso do uso de questionário ou de uma entrevista totalmente estruturada. O uso de entrevistas “em profundidade” na pesquisa qualitativa deve ser apreciado e valorizado, considerando a riqueza de informações que podem ser obtidas e a possibilidade de ampliar o entendimento dos objetos investigados através da interação entre entrevistados e entrevistador, mas enfatizamos que a definição do método de pesquisa que deverá ser utilizado depende da natureza do objeto investigado, do problema de pesquisa e da abordagem paradigmática que guia o pesquisador. A área de Administração é considerada como multiparadigmática (LEÃO et al, 2009), de modo que a busca por compreender grande parte dos fenômenos organizacionais, atualmente, exige em vez de um conhecimento objetivo e explicativo, métodos que visam à obtenção de um conhecimento intersubjetivo e compreensivo (GODOI et al, 2010). É nesse sentido, que emerge a necessidade do uso de métodos qualitativos nas pesquisas em ANAIS 2/12 Administração, que possam ser utilizados de forma exclusiva ou fazendo triangulação de métodos na realização de estudos organizacionais, com o intuito de enriquecer o conhecimento gerado. Mattos (2010) enfatiza que a entrevista “em profundidade” tem sido cada vez mais utilizada na pesquisa em Administração, considerando a inadequação da metodologia quantitativa à área, uma vez que muitos dos problemas e fenômenos das relações que permeiam as organizações escapam ao pesquisador quando expresso em números e estatísticas. Poupart (2008) ressalta que há ambiguidade ligada ao uso desse tipo de entrevista, a qual, por um lado, se constitui como uma porta de acesso às realidades sociais e, por outro, essas realidades sociais não se deixam facilmente apreender, sendo transmitidas através do jogo e das questões das interações sociais que a entrevista necessariamente implica, bem como do jogo complexo das múltiplas interpretações produzidas pelos discursos. Os argumentos que defendem o uso da entrevista como método de coleta de dados na pesquisa qualitativa se referem, principalmente, à exploração dos pontos de vistas dos atores sociais inseridos nos contextos de investigação, elementos essenciais ao conhecimento e à compreensão da realidade social. Por outro lado, as críticas circundam em torno do fato da entrevista ser um processo de interação social, o que pode acabar influenciando os entrevistados com a visão que o entrevistador possui dos fenômenos investigados. Nessa perspectiva, Flick (2009) justifica que o aumento no interesse pelo uso da entrevista aberta como método de coleta de dados na pesquisa qualitativa está associado à expectativa de que é mais provável que os pontos de vistas dos sujeitos entrevistados sejam expressos em uma situação de entrevista com um planejamento aberto do que em uma entrevista padronizada ou em um questionário. Por outro lado, Poupart (2008) discute argumentos de ordem epistemológica, ético- política e metodológica, como as justificativas habitualmente alegadas pelos pesquisadores para recorrer à entrevista do tipo qualitativo, a saber: 1) a análise das realidades sociais segundo a perspectiva dos atores sociais, considerada indispensável para uma exata apreensão e compreensão das condutas sociais; 2) denunciar os preconceitos, as práticas discriminatórias e as iniqüidades, porque abre a possibilidade de compreender e conhecer internamente os dilemas e questões enfrentadas pelos atores sociais; 3) e, por ser uma ferramenta de informação sobre as entidades sociais, capaz de elucidar as realidades sociais, mas, principalmente, por ser um instrumento privilegiado de exploração da experiência dos atores sociais. Embasado nestas considerações, este artigo tem como objetivo apresentar alguns apontamentos teóricos e metodológicos sobre o uso de entrevistas “em profundidade” como instrumento de coleta de dados na pesquisa qualitativa em Administração, considerando a sua importância para obter informações sobre realidades sociais e contribuir para o aprimoramento do conhecimento nesta área de investigação. A metodologia utilizada para realização deste estudo consiste de uma revisão bibliográfica de natureza exploratória que permite fazer o levantamento dos aspectos teóricos e metodológicos necessários ao alcance do objetivo estabelecido. Para tanto, iniciamos este artigo com algumas considerações teóricas e metodológicas sobre o uso da entrevista na pesquisa qualitativa em Administração. Em seguida, apresentamos os tipos de entrevista “em profundidade” utilizadas na pesquisa qualitativa e o papel que estas desempenham no método científico. No terceiro momento, ANAIS 3/12 discutimos as vantagens e desvantagens do uso de entrevistas “em profundidade” como método de coleta de dados e, por fim, apresentamos as considerações finais. 2. A entrevista “em profundidade” na pesquisa qualitativa em Administração: considerações iniciais Os estudos organizacionais vivenciam um momento em que a multiplicidade de abordagens permite a análise de vários fenômenos dentro de várias perspectivas. Silva e Neto (2010) afirmam que as ciências sociais aplicadas aos estudos organizacionais fazem emergir debates e embates entre pesquisadores em torno dos melhores métodos para compreender um fenômeno social aplicado. Desta forma, é preciso adotar métodos de pesquisas flexíveis, que permitam uma compreensão maior da riqueza dos fenômenos sociais inseridos nos contextos organizacionais, oferecendo uma perspectiva plural do fenômeno organizacional que permita ampliar o conhecimento nesse campo de investigação. Godoi e Balsini (2010) ressaltam que a ênfase da pesquisa qualitativa é interpretar os significados e as intenções do atores sociais investigados, de modo que os dados são representações dos atos e das expressões humanas, o que exige a imersão do pesquisador no contexto que será analisado. Desse modo, no caso de estudos organizacionais qualitativos,o objetivo de usar a entrevista “em profundidade” como método de coleta de dados é abordar a complexidade organizacional e das relações que a permeiam, a partir do ponto de vista subjetivo dos atores sociais envolvidos nesse contexto. As entrevistas “em profundidade” são mais adequadas onde há pouco conhecimento sobre o fenômeno estudado ou onde percepções detalhadas são necessárias a partir de pontos de vistas individuais. Elas também são particularmente apropriadas para explorar temas sensíveis, sobre os quais os participantes podem não querer falar em um ambiente de grupo. Haguette (1997) define a entrevista como um “processo de interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado”. Neste sentido, enfatizamos que a entrevista é utilizada para coletar dados essencialmente subjetivos, os quais se relacionam com os valores, às atitudes e às opiniões dos sujeitos entrevistados, enquanto que dados objetivos podem ser coletados a partir de diversas outras fontes. Poupart (2008) afirma que a entrevista sempre foi considerada como um meio adequado para levar uma pessoa a dizer o que pensa, a descrever o que viveu ou o que viu, ou aquilo que foi testemunha, de modo que uma boa entrevista deveria permitir que o entrevistado se reporte satisfatoriamente, e que aquilo que ele diz seja considerado, segundo as posições epistemológicas dos pesquisadores, como uma história verdadeira, uma reconstrução da realidade ou uma mera encenação da mesma. Nesse contexto, o autor apresenta alguns princípios que são, em geral, tidos como adquiridos e, de fato, comumente alegados com o objetivo de fazer com que o entrevistado possa verdadeiramente dar conta de sua visão ou de sua experiência na situação de entrevista, os quais são descritos na Figura 1. Princípio Descrição Obter a colaboração do entrevistado O entrevistado deve aceitar verdadeiramente cooperar, jogar o jogo, não apenas consentindo na entrevista, mas também dizendo o que pensa, no decorrer da mesma, o que requer várias negociações que podem ocorrer antes ou durante a entrevista. ANAIS 4/12 Colocar o entrevistado à vontade por elementos de encenação O pesquisador deve tentar reconfortar ser interlocutor, partindo da ideia de que quanto mais ele ficar à vontade, mais ele falará com facilidade e abordará questões que lhes são significativas. Ganhar a confiança do entrevistado O entrevistado deve se sentir suficientemente confiante para aceitar “verdadeiramente falar”, de modo que os pesquisadores devem tranquilizá-los quanto às suas boas intenções e quanto ao uso que será feito de suas palavras. Levar o entrevistado a tomar a iniciativa do relato e a se envolver Quanto mais o discurso do entrevistado for espontâneo, menos ele poderá ser maculado pelo pesquisador, permitindo assim a aproximação ao ideal pesquisado, de um discurso “verdadeiro”. O discurso mais significativo é aquele no qual o entrevistado se refere o mais próximo possível à sua própria vivência, ou seja, quando se envolve mais. Figura 1: Princípios adotados na entrevista como método de coleta de dados na pesquisa qualitativa Fonte: Elaboração própria com base em Poupart (2008) O autor aborda, na sequência, as principais estratégias que podem ser utilizada para alcançar tais princípios. As estratégias que os entrevistadores recorrerem para levar as pessoas solicitadas a colaborar na pesquisa são: convencê-las do interesse e da utilidade da investigação; intervir na rede social e se apoiar em laços de reciprocidade, como por exemplo, as considerações de amizade, familiares ou profissionais. Na falta destes laços, alguns pesquisadores tentam criá-los, fazendo-se aceitar no meio pesquisado, ou estabelecendo relações de amizade com membros da comunidade; caso as condições não os permitam criar tais laços, os entrevistados tentarão estabelecê-los durante a entrevista, através de atitudes como a escuta e a empatia; por último, não é raro que os entrevistadores apelem para a autoridade de um terceiro, para convencer eventuais entrevistados a participarem da entrevista. Essas várias estratégias suscitam um conjunto de questões éticas sobre as abordagens que podem ser aceitas para obter a colaboração dos entrevistados e para a existência de uma reciprocidade autêntica entre os entrevistadores e entrevistados. Para colocar os entrevistados à vontade, os pesquisadores devem intervir de forma mais ou menos consciente, o que Poupart (2008) diz que poderia ser denominado de elementos de encenação da entrevista, segundo a fórmula de Goffman (1973), cujo sucesso e margem de manobra dependem das situações e das pessoas entrevistadas, de modo que se aconselha que os entrevistadores façam o máximo para criar um ambiente e contexto favoráveis à entrevista. Dentre esses elementos, podem ser destacados: a escolha do momento mais propício à entrevista; encontrar o lugar mais favorável ao adequado desenvolvimento das entrevistas; usar técnicas para reduzir os efeitos possivelmente negativos dos instrumentos de registro das entrevistas, para que os entrevistados se esqueçam de sua presença, além de adotar uma indumentária “adaptada” às circunstâncias de entrevista. Na busca pela confiança dos entrevistados, os pesquisadores recorrem às seguintes estratégias: garantir aos entrevistados o anonimato, de modo que eles não tenham que temer pelas eventuais consequências de seus depoimentos; tentar convencê-los de sua neutralidade no processo de investigação; buscar aplacar os receios quanto à utilização que será feita de suas falas, assegurando-lhes que estas serão apresentadas corretamente e de forma anônima; além do uso da empatia, da escuta e do interesse no momento da entrevista e de utilizar regras elementares de sociabilidade, com base nas convenções sociais. Por fim, as estratégias utilizadas para facilitar a espontaneidade do entrevistado são: evitar interrompê-lo enquanto ele fala; respeitar os momentos de silêncios, de modo que ele possa encadear as ideias por si ANAIS 5/12 mesmo, se necessário; e utilizar técnicas de reformulação com o objetivo de lhe explicitar ou esclarecer os temas abordados. Um aspecto que merece destaque é ressaltado por Atkinson e Coffey (2002) quando afirmam que é necessário dissociar o uso da entrevista do mito de inferioridade, associado a uma visão romântica do ator social investigado, em relação às demais técnicas de coleta de dados, mas considerá-la como uma forma igualmente válida de captar os entendimentos e as representações culturais compartilhadas do mundo social. Desta forma, ao projetar uma entrevista, é essencial fazer perguntas que são susceptíveis de produzir o máximo de informações possíveis sobre o fenômeno investigado, bem como, ser capaz de abordar as metas e objetivos da pesquisa. Nessa perspectiva, em uma entrevista qualitativa, boas perguntas devem ser abertas, neutras, sensíveis e compreensíveis (ou seja, exigem mais do que respostas do tipo sim/não). Assim, é aconselhado começar com as perguntas que os participantes possam responder com maior facilidade e, então, prosseguir com tópicos mais difíceis ou sensíveis. Isso pode viabilizar para que os entrevistados se coloquem à vontade, construam confiança e relacionamento e, muitas vezes gerem dados ricos, no desenvolvimento da entrevista (GILL et al, 2008). Godoi e Mattos (2010) ressaltam que a condução do entrevistado por certas trilhas não implica a previsibilidade da conversação, de modo que o conteúdo conversacional permanece imprevisível e submetido às regras não fixadas de formação de sentido e interpretação, mesmo que o movimento da conversação seja repetitivo e até redundante. Observamos, portanto, que a entrevista “em profundidade”não permanece presa às regras técnicas preestabelecidas, mas apresenta-se como um método flexível de coleta de dados que pode ser ajustado no momento em que a entrevista está ocorrendo para se adequar as necessidades do problema investigado. A partir dessas considerações iniciais abordamos, na sequência, o uso da entrevista “em profundidade” na pesquisa qualitativa em Administração. 2.1 O uso de entrevistas “em profundidade” na pesquisa qualitativa em Administração Como vimos, as entrevistas “em profundidade” são aquelas que apresentam uma maior flexibilidade, permitindo ao entrevistado construir suas respostas sem ficar preso a um nível mais rigoroso de diretividade e mediação por parte do entrevistador, como acontece no caso do uso de questionário ou de uma entrevista totalmente estruturada. Desse modo, neste artigo, consideramos como entrevistas “em profundidade” os tipos de entrevistas individuais que se classificam como não estruturadas ou semiestruturadas, que permitem um maior aprofundamento nas questões de pesquisa investigadas. Godoi e Mattos (2010) afirmam que é na década de 1930 que a entrevista começa a ser utilizada amplamente pelas ciências sociais nas tarefas de investigação e que estas, formalmente reconhecidas como tal, se diferenciam de algumas conversações da vida cotidiana porque há uma expectativa explícita na participação do entrevistado e do entrevistador que é um falar e o outro escutar, porque o entrevistador anima constantemente o entrevistado a falar, sem contradizê-lo e, por último, porque aos olhos do entrevistado, o encarregado de organizar e manter a conversação é o entrevistador, o que cria uma ilusão de fácil comunicação que faz parecer breve as sessões prolongadas. Mattos (2010) considerada que a entrevista não estruturada ou semiestruturada é uma forma especial de conversação, de modo que, em tal interação lingüística, não é possível ANAIS 6/12 ignorar o efeito da presença e das situações criadas por uma das partes (o entrevistador) sobre a expressão da outra (o entrevistado) e que há sempre um significado de ação para além do significado temático da conversação. O propósito de utilizar a entrevista como método de coleta de dados na pesquisa qualitativa em Administração é explorar os pontos de vista, experiências, crenças e/ou motivações dos indivíduos sobre questões específicas no campo organizacional, atendendo principalmente a finalidades exploratórias, ao abordar experiências e pontos de vistas dos atores inseridos nestes contextos. Gill et al (2008) enfatizam que, de um modo geral, existem três tipos de entrevistas que podem ser utilizadas na pesquisa: entrevistas estruturadas, que são, essencialmente, os questionários administrados verbalmente aos entrevistados, a partir de uma lista de perguntas predeterminadas, com pouca ou nenhuma variação e sem margem para inserir perguntas que mereçam respostas com maior aprofundamento, o que as tornam rápidas e fáceis de aplicar, mas possuem pouca utilidade quando é necessário profundidade porque limitam as respostas dos entrevistados; por outro lado, as entrevistas não estruturadas que não refletem qualquer teoria preconcebida ou ideia e são realizadas com pouca ou nenhuma organização, podem simplesmente começar com uma pergunta de abertura e o seu progresso depender da resposta inicial, tornando-as mais demoradas e difíceis de serem gerenciadas, sendo utilizadas quando pouco se sabe sobre o assunto ou quando é necessário uma profundidade significativa; e, por fim, as entrevistas semiestruturadas que consistem de várias questões-chave que ajudam a definir as áreas a serem exploradas, mas também permitem o entrevistador ou entrevistado a divergirem a fim de obter uma idéia ou resposta em mais detalhes. Nesta abordagem, especialmente em relação às entrevistas estruturadas, também permite a descoberta ou elaboração de informações que são importantes para os participantes, mas que podem não ter sido pensadas como pertinentes pela equipe de pesquisa. Essas duas últimas são consideradas como tipos de entrevistas inseridas na pesquisa qualitativa porque são flexíveis, não estão presas a questões padronizadas e permitem obter profundidade de conhecimento nos fenômenos investigados e, portanto, para fins deste artigo, classificadas como entrevistas “em profundidade”. Desse modo, ao considerarmos a necessidade de que em estudos organizacionais é preciso integrar tematização e profundidade para compreender a complexidade dos fenômenos e das relações que os permeiam, escolhemos por abordar neste artigo a entrevista “em profundidade” como método de coleta de dados na pesquisa qualitativa em Administração. Flick (2009) ressalta que as entrevistas semiestruturadas têm atraído interesse dos pesquisadores e passaram a ser amplamente utilizadas, o que está associado à expectativa de que é mais provável que os pontos de vistas dos sujeitos entrevistados sejam expressos em uma situação de entrevista com o planejamento aberto do que em uma entrevista padronizada ou em um questionário. A opção entre a entrevista não estruturada e a semiestruturada relaciona-se com a ênfase na teoria, ou seja, com a existência de uma relação entre categorias e a antecipação de situações possíveis. Dessa forma, a entrevista não estruturada está associada a teorias mais abertas, enquanto a semiestruturada está associada à teoria a priori, com categorias analíticas definidas. Há uma variedade de designações utilizadas para as entrevistas individuais não estruturadas e semiestruturadas, mas neste artigo, utilizamos o termo “entrevista em profundidade” para designá-las no geral. Essas entrevistas apresentam, segundo vários autores, classificações mais específicas, entretanto, optamos por abordar aqui as apresentadas ANAIS 7/12 por Flick (2009), a saber: entrevista focalizada, entrevista semipadronizada, entrevista centrada no problema, entrevista com especialistas e entrevista etnográfica, cujas descrições são apresentadas na Figura 2. Tipo de entrevista individual Descrição Entrevista Focalizada Apresenta-se um estímulo uniforme ao entrevistado e estuda-se o impacto deste sobre o entrevistado a partir de um guia de entrevista, com o objetivo de concentrar-se o máximo possível em um objeto específico e seu significado. Entrevista Semipadronizada O entrevistado possui uma reserva complexa de conhecimento sobre o tópico em estudo - “teoria subjetiva”, o qual possui suposições explícitas e imediatas que podem ser expressas pelo entrevistado de forma espontânea ao responder uma pergunta aberta, sendo estas complementadas por suposições implícitas, através do confronto com o entrevistador, com o objetivo de revelar um conhecimento existente e expressá-lo na forma de respostas, tornando-o acessível à interpretação. Entrevista centrada no problema Utiliza-se um guia de entrevista que incorpora questões e estímulos narrativos, com base em três critérios centrais: centralização no problema social pesquisado, orientação ao objeto pesquisado e orientação ao processo de pesquisa e no entendimento do objeto pesquisado. Entrevista com especialistas É considerada uma forma específica de entrevista semipadronizada, na qual há um menor interesse no entrevistado enquanto pessoa do que em ser um especialista para um determinado campo de atividade. Utiliza-se um guia de entrevista com uma função diretiva para excluir tópicos improdutivos em relação ao domínio de interesse. Entrevista etnográfica Devem ser utilizadas como uma série de conversas cordiais durante o processo de observação participante, nas quais o pesquisador lentamente introduz novos elementos para auxiliar os informantes a responderem como informantes. Figura 2: Variedade de entrevistas individuais – emprofundidade Fonte: Elaboração própria com base em Flick (2009) Flick (2009) apresenta quatro critérios que devem ser utilizados ao longo do planejamento da entrevista focalizada:1) o não-direcionamento, que é obtido por meio de diversas formas de perguntas; 2) a especificidade, que significa que a entrevista deve exibir os elementos que determinam o impacto ou o significado de um evento para os entrevistados; 3) o espectro, que visa assegurar que todos os aspectos e tópicos relevantes à questão de pesquisa sejam mencionados durante a entrevista; 4) e a profundidade e o contexto pessoal demonstrados pelos entrevistados que significam que os entrevistadores devem assegurar-se de obter um máximo de comentários autoreveladores no que se refere à forma como o material de estímulo foi experenciado. O autor supracitado destaca que esses critérios foram sugeridos por Merton e Kendall (1946) e alerta que não é possível reunir alguns objetivos desses critérios em cada situação, a exemplo da especificidade e profundidade versus espectro. Destarte, considera que esses critérios podem ser aplicados a outros tipos de entrevistas sem o uso de um estímulo antecipado e a busca de outras questões de pesquisa, ou seja, utilizados como uma orientação para a conceitualização e a condução de entrevistas de um modo geral. ANAIS 8/12 Nas entrevistas semipadronizadas são reconstruídas os conteúdos da teoria subjetiva a partir de questões abertas, perguntas controladas pela teoria e direcionadas para as hipóteses e questões confrontativas. Esse tipo de entrevista caracteriza-se pela introdução de áreas de tópicos e pela formulação intencional de questões baseadas em teorias científicas sobre o tópico, reconstruindo os pontos de vista subjetivos. Na entrevista centrada no problema combinam-se narrativas com questões que visam focalizar a opinião do entrevistado em relação ao problema em torno do qual a entrevista está centrada. Portanto, o interesse está nos pontos de vistas subjetivos e a pesquisa baseia-se em um modelo do processo com o objetivo de elaborar teorias, com questões voltadas para o conhecimento sobre os fatos ou processo de socialização. Por último, os tipos de entrevistas apresentados por Flick (2009) são as entrevistas com especialistas e a entrevista etnográfica, consideradas tipos de entrevistas semipadronizadas que têm sido desenvolvidas para campos específicos de aplicação. Nas entrevistas com especialistas há um menor interesse no entrevistado enquanto pessoa (como um todo) e maior na sua capacidade de ser especialista para um determinado campo de atividade e a sua interpretação visa, principalmente, analisar e comparar o conteúdo do conhecimento do especialista. Nas entrevistas etnográficas, o principal problema a ser enfrentado é a elaboração e a manutenção das situações de entrevistas, que devem ser distinguidas de conversas cordiais durante a observação participante. Destacamos que a entrevista focalizada, a entrevista semipadronizada, a entrevista centrada no problema, e as entrevistas com especialistas e etnográfica podem ser utilizadas nas pesquisas em Administração, no desenvolvimento de estudos organizacionais. No entanto, a escolha de qual tipo de entrevista deverá ser utilizado depende da questão de pesquisa estabelecida e da forma como as pessoas recorridas serão conduzidas pelo entrevistador para atingir os objetivos da pesquisa. Por outro lado, Godoi e Mattos (2010) alertam para o perigo de esvaziamento do significado da entrevista e a recaída na prática investigatória do formalismo e dão ênfase para o papel da entrevista com um significado radicado na condição humana, como um evento de intercâmbio dialógico, que pode promover reformulação metodológica capaz de enriquecer a prática da pesquisa e construir novas situações de conhecimento. Nesse sentido, os referidos autores ressaltam que a entrevista “em profundidade” deverá ficar fora do alcance do formalismo técnico, para atender a três condições que eles consideram essenciais a pesquisa qualitativa: que o entrevistado possa expressar-se a seu modo face ao estímulo do entrevistador, que a fragmentação e ordem de perguntas não sejam tais que prejudiquem essa expressão livre, e que fique também aberta ao entrevistador a possibilidade de inserir outras perguntas ou participações no diálogo, conforme o contexto e as oportunidades, tendo sempre em vista o objetivo geral da entrevista. Estas condições não se limitam ao uso de entrevista como método de coleta de dados na pesquisa em Administração, mas se enquadram em qualquer campo de investigação que faça uso desse método. Quanto aos dados obtidos na entrevista, Baker (apud SILVERMAN, 2009) levanta as seguintes questões sobre o seu status: 1) Qual é a relação entre os relatos dos entrevistados e o mundo que eles descrevem: esses são relatos potencialmente “verdadeiros” ou “falsos”, ou nenhum dos conceitos é sempre apropriado a eles?; 2) Como deve ser entendida a relação entre entrevistador e entrevistado, governada por técnicas padronizadas de “boa prática de pesquisa” ou baseada nas práticas conversacionais usadas na vida cotidiana? Nesse contexto, o autor apresenta três tipos de respostas diferentes que os cientistas sociais poderiam dar a ANAIS 9/12 esses questionamentos, dependendo da abordagem paradigmática adotada por eles. Para o positivismo, os dados das entrevistas têm o potencial de nos dar acesso a “fatos” sobre o mundo e, portanto, devem ser válidos e confiáveis, independente do local da pesquisa. Segundo, de acordo com o emocionalismo, os entrevistados são vistos como sujeitos experientes que constroem ativamente seus mundos sociais, de modo que a entrevista deve gerar dados que proporcionam um insight autêntico das experiências das pessoas. Por fim, no construcionismo, entrevistadores e entrevistados estão sempre ativamente engajados em construir significado, de modo que as entrevistas são tratadas mais como temas do que como um recurso de pesquisa. Estas três posições são resumidas na Figura 3. Abordagem paradigmática Status dos Dados Métodos Positivismo Fatos sobre comportamentos e atitudes Amostras aleatórias Perguntas padronizadas Tabulações Emocionalismo Experiências autênticas Entrevistas não estruturadas, abertas Construcionismo Construídas mutuamente Qualquer entrevista tratada como tema Figura 3: Três versões dos dados da entrevista Fonte: SILVERMAN, 2009, p. 115 Silverman (2009) afirma que os positivistas reconhecem que os entrevistadores interagem como seus sujeitos, mas exigem que essa interação seja estritamente definida pelo protocolo da pesquisa, enquanto que para os emocionalistas, as entrevistas são encontros inevitáveis entre sujeitos e, por fim, para os construcionistas, as entrevistas não são apenas “representações” do mundo, mas eles estão interessados em documentar como os relatos são parte do mundo que descrevem. Nos estudos organizacionais, o conhecimento gerado nas entrevistas “em profundidade”, no âmbito da pesquisa qualitativa, advém de um posicionamento mais flexível, onde entrevistados e entrevistadores interagem na construção de uma versão do mundo no campo da Administração, considerando não apenas o que é relatado na entrevista, mas procurando mostrar como o que está sendo relatado está relacionado ao contexto do problema de pesquisa investigado. A seguir, apresentamos as vantagens e desvantagens associadas ao uso da entrevista “em profundidade” na pesquisa qualitativa. 2.2 Vantagens e Desvantagens no uso da entrevista “em profundidade” Como vimos, anteriormente, o uso de entrevistas “em profundidade” na pesquisa qualitativa atende principalmente a finalidades exploratórias, sendo utilizada para o detalhamento de questões e formulação mais precisasdos conceitos relacionados, tornando-se uma rica fonte de informações para os estudos organizacionais. É uma forma de poder explorar mais amplamente uma questão, a partir de um processo conversacional, mas que, como qualquer outro método de coleta de dados, apresenta vantagens e desvantagens. Como vantagens, a entrevista “em profundidade” classificada como não estruturada apresenta inicialmente, a de se basear adequadamente na realidade do entrevistado, permitindo que estes falem o mais livremente possível, dando-lhes a escolha dos assuntos que eles julgam pertinentes, reduzindo até certo ponto os riscos de pré-estruturação do discurso ANAIS 10/12 presentes na entrevista estruturada. Outra vantagem, é que este tipo de entrevista é visto como uma forma de enriquecer o material de análise e o conteúdo da pesquisa, o que também está relacionado à flexibilidade do método que favorece a emergência de dimensões novas não imaginadas, de início, pelo pesquisador, as quais podem ser determinantes para a compreensão do universo do entrevistado e do objeto pesquisado. A terceira vantagem apresentada é que a entrevista não estruturada oferece a possibilidade de explorar mais “em profundidade” as diferentes facetas da experiência do entrevistado, o qual goza de mais tempo para se expressar. Ainda como vantagem, menos frequentemente mencionada, é que este tipo de entrevista possibilitaria uma melhor exposição da experiência do entrevistado, explorando “em profundidade” o contexto de vida e do meio de pertencimento do entrevistado, que permite situar e melhor compreender o seu discurso, bem como evidenciar a sua experiência e seu ponto de vista. Essas vantagens se contrapõem à entrevista totalmente estruturada, na qual o conteúdo do material pesquisado é inteiramente ou parcialmente fixado de antemão, o entrevistado, não tem, então, a escolha das questões abordadas, bem como o próprio conteúdo de suas respostas já é fortemente estruturado, uma vez que estas devem necessariamente inserir-se nas categorias delimitadas de início (POUPART, 2008) Já no que se refere à entrevista semiestruturada, que também apresenta a vantagem de possuir certo grau de flexibilidade para inserção de novas questões no decorrer da entrevista, Flick (2009) ressalta que o uso consistente de um guia de entrevista pode também se constituir como vantagem, porque aumenta a comparabilidade dos dados, tornando-os mais estruturados como resultados das questões do guia. É, portanto, uma forma mais econômica de se alcançar a elaboração e enunciados concretos. Dessa forma, observamos que as comparações que evidenciam as vantagens do uso da entrevista “em profundidade”, sejam elas não estruturadas ou semiestruturadas, geralmente, estão relacionadas em contrapartida ao uso das entrevistas estruturadas, com base no nível de flexibilidade desses métodos que permitem um maior ou menor aprofundamento na investigação do problema de pesquisa e em uma maior ou menor estruturação dos resultados alcançados. Destarte, Flick (op. cit.) afirma que surgem alguns problemas ao se tentar garantir perspectivas subjetivas topicamente relevantes em uma entrevista, decorrente de problemas de mediação entre o input do guia do pesquisador e os objetivos da questão de pesquisa, por um lado, e o estilo de apresentação do entrevistado por outro. Há algumas decisões que devem ser tomadas ad hoc e que exigem um alto grau de sensibilidade para o andamento concreto da entrevista e do entrevistado na situação de entrevista. Hopf (1978, apud FLICK, op. cit.) alerta sobre a aplicação muito burocrática do guia de entrevista, o que pode restringir os benefícios da flexibilidade do método e das informações contextuais pelo excesso de rigidez do entrevistador ao fixar-se nesse guia. Isto nos leva a perceber que o sucesso no planejamento e na condução da entrevista “em profundidade” está diretamente relacionado à capacidade e a habilidade do pesquisador na utilização desse método de coleta de dados, pois os principais problemas na condução das entrevistas “em profundidade” se situam nos processos de mediação e direcionamento. Nessa perspectiva, Poupart (2008) afirma que subsiste certa imprecisão quanto à definição de entrevista do tipo qualitativo, e que, atrás deste rótulo, perfila-se uma variedade de práticas, a própria noção de não-diretividade e a maneira de como aplicá-las suscitam algumas divergências. O referido autor segue afirmando que, no ideal rogeriano, o entrevistador deveria orientar o menos possível as falas do entrevistado, enquanto que Palmer (1928) e Bourdieu (1993) avaliam que o entrevistador deve estabelecer um compromisso ANAIS 11/12 entre a não-diretividade e uma certa orientação a dar à entrevista, em função do objeto pesquisado e, por último, cita Patton (1980) e Burgess (1984), que adotam uma lógica muito próxima aos métodos quantitativos, ao entender que uma maior não-diretividade prejudica a generalização dos resultados, tornando mais difíceis as comparações entre as entrevistas, o que revela concepções diferentes sobre a forma de conceber uma conduta ideal na forma de realizar entrevistas, ou quanto às relações a estabelecer com as pessoas entrevistadas. Por fim, observamos que o uso da entrevista “em profundidade” nas pesquisas em Administração apresenta como principal vantagem a possibilidade de enriquecimento do conhecimento no campo organizacional, por permitir que a questão investigada possa ser compreendida a partir da exploração da experiência e do ponto de vista individual dos atores sociais envolvidos no contexto organizacional, fazendo emergir dimensões de informações que poderiam escapar ao pesquisador quando este fica preso à números e estatísticas. Concordamos com Mattos (2010) ao afirmar que estas entrevistas servem a pesquisas voltadas para o desenvolvimento de conceitos, o esclarecimento de situações, atitudes e comportamentos, ou o enriquecimento do significado humano deles e que isso tem extensões poderosas na geração de teorias e decisões práticas, e não se confunde com outro tipo de utilidade, a generalização indutiva, propiciada pela estatística. 3. Considerações Finais O uso da entrevista ultrapassa as questões técnicas e envolve aspectos de ordem epistemológica, teórica e metodológica, como vimos no desenvolvimento deste artigo. Dependendo do fenômeno investigado e do problema de pesquisa, pode se caracterizar como principal caminho de coleta de dados para se atingir os objetivos estabelecidos ou se constituir como método complementar. No campo de investigação em Administração, Leão et al (2009) afirmam que olhar o fenômeno a partir de uma perspectiva multiparadigmática permite que pesquisadores que vêem os estudos organizacionais como sendo multifacetados desenvolvam trabalhos utilizando a triangulação de métodos e técnicas de pesquisa oriundos de diversas abordagens. O uso de entrevistas “em profundidade” nos estudos organizacionais pode possibilitar o enriquecimento do conhecimento relacionado ao contexto social investigado, considerando a Administração como uma área de investigação em emergência, que envolvem aspectos sociais e técnicos. Por outro lado, devemos destacar os aspectos éticos que envolvem o uso da entrevista como método de coleta de dados, ao tornar público os conhecimentos oriundos da nossa compreensão e interpretação sobre o que os outros estão dizendo no momento da entrevista, além dos meios utilizados para conseguir o consentimento das pessoas escolhidas para realização da entrevista. O pesquisador é parte na construção da realidade social investigada, se posicionando a partir da forma como descrevem os relatos dos atores sociais investigados. Por fim, ressaltamos que o uso da entrevista como método de coleta de dados na pesquisa qualitativa em Administração se propõea produzir novos conhecimentos e a criar novas formas de compreender os fenômenos nos contextos organizacionais. Ao apresentar essas pistas teóricas e metodológicas, queremos provocar a reflexão dos pesquisadores na área de Administração para as possibilidades em se aventurar em explorar e produzir conhecimentos novos nos estudos organizacionais. Referências ANAIS 12/12 ATKINSON, P.; COFFEY, A. Revisiting the relationship between participant observation and interviewing. In: GUBRIUM, J.; HOLTEIN, J. Handbook of interview research. Thousand Oaks, CA: Sage, 2002. FLICK, W. Introdução à pesquisa qualitativa. Tradução Joice Elias Costa. 3. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. GILL, P.; STEWART, K.; TREASURE E.; CHADWICK, B.. Methods of data collection in qualitative research: interviews and focus groups. In: British Dental Journal, v. 204, 2008, p. 291-295. GODOI, C. 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