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Limites do Terrritorio do Estado

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O território, segundo Kelsen, é a esfera espacial de validez da ordem jurídica nacional.
Assim sendo, é neste espaço que o Estado exerce seu poder de império.
Dalmo de Abreu Dallari demonstra, resumidamente, alguns aspectos fundamentais do território de um Estado: a) Não existe Estado sem território; [pode existir nação sem território, como é o caso dos hebreus, dado que o conceito de nação é uma realidade sociológica]; b) o território é o âmbito de ação soberana do Estado, permitindo que dentro dos limites territoriais a ordem jurídica do Estado seja mais eficaz; c) o território é objeto de direitos do Estado.
Nesse contexto, o autor conclui que “em face desses aspectos é que se diz, em primeiro lugar, que a ordem jurídica estatal, atuando soberanamente em determinado território, está protegida pelo princípio da impenetrabilidade, [o princípio da impenetrabilidade diz que nenhum Estado pode ferir a soberania de outro, seja fazendo-o por meio da invasão territorial ou difamação da imagem de outrem através da propaganda negativa], o que significa reconhecer ao Estado o monopólio da ocupação de determinado espaço, sendo impossível que no mesmo lugar e ao mesmo tempo convivam duas ou mais soberanias”.
Cumpre ainda demonstrar os limites do território, considerando que ele é composto de solo, subsolo, mar territorial, plataforma continental e espaço aéreo.
Solo e subsolo: o solo compreende a superfície terrestre de um Estado, com todos os seus acidentes, abrangendo, portanto, as águas que aí estejam (mares interiores, lagos ou rios). Segundo Paulo Bonavides a concepção política e jurídica do território já o apresenta modernamente como um espaço concebido de maneira geométrica em três dimensões, sob a forma de um cone “cujo vértice se acha no centro da terra e cujos limites percorrem os confins do Estado, elevando-se daí para o infinito, não se podendo precisar até que ponto se estenda o interesse jurídico do Estado sobre a atmosfera e sem que se possa admitir aí poder diverso daquele do Estado”.
 Plataforma Continental: Em conformidade com a lei 8.617/93, capitulo IV, art 11, a plataforma continental pode ser considerada como uma extensão de massa terrestre do país ribeirinho e como formando parte dele naturalmente. No Brasil a plataforma continental compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de duzentas milhas marítimas das linhas de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância.
Mar Territorial: trata-se da incorporação de uma faixa de mar ao território de um Estado marítimo e sobre o qual ele exerce o direito de soberania. Atualmente, a faixa de mar territorial adotada pelo Brasil de acordo com a lei 8.617/93, capitulo I, art 1, O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze milhas marítima de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil.
Paulo Bonavides resalta “O Brasil consagra presentemente o limite de 200 milhas de mar territorial. Tomou essa posição através de ato presidencial de 25 de março de 1970, alterando o limite de 12 milhas, assinalou o Governo brasileiro que “além do problema de ordem econômica, representado pela necessidade de defesa do potencial biológico brasileiro, foi dada especial ênfase ao aspecto político da questão”, como expresso na lei supracitado, no capitulo III, art 6, tratando da Zona Econômica Exclusiva, ressalvado o direito de passagem inocente para os navios de todas as nacionalidades.
Espaço Aéreo: Trata-se de uma massa de ar atmosférico localizada sobre o território ou mar territorial de um Estado. O Direito Internacional reconhece a soberania sobre o espaço aéreo sobrejacente. Como não existe uma altitude exata, reconhecida internacionalmente e que possa responder à questão de saber até onde vai à soberania territorial sobre o espaço aéreo Paulo Bonavides, ressalva “alguns juristas o fazem, que a soberania o Estado sobre o espaço aéreo estende-se em altitude até onde haja um interesse público que possa reclamar a ação ou proteção do Estado”.
Huber, com respeito ao espaço aéreo, distinguiu quatro camadas sobre a superfície da terra: a troposfera (de 10 a 12 quilômetros de altitude), a estratosfera (até cerca de 100 quilômetros) a ionosfera (de 100 a cerca de 600 quilômetros) e a exosfera (zona, segundo ele, de transição para o espaço cósmico, que começa onde acaba a força de atração da Terra).Tem-se aí pelo menos um ensaio de delimitação da altitude do espaço aéreo, que não deve ser confundido com o espaço cósmico.
 Não existe norma estabelecendo a obrigatoriedade de concessão do direito de passagem inocente. Por esta razão, em princípio, uma aeronave estrangeira necessita do consentimento de um determinado Estado para poder sobrevoar o seu espaço aéreo.
- Exceções ao poder de império do Estado: extraterritorialidade e imunidade dos agentes diplomáticos.

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