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FICHAMENTO - DO TERRITÓRIO DO ESTADO BONAVIDES

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1 
Do Território do Estado. Paulo Bonavides. Ciência Política. 10ed. 9tiragem. Malheiros Editora. São Paulo, 2001 
 
Definiu Pergolesi território como a parte do globo terrestre na qual se acha efetivamente fixado o 
elemento populacional, com exclusão da soberania de qualquer outro Estado. Alguns autores se têm 
limitado todavia a dizer que o território é simplesmente o espaço dentro do qual o Estado exercita seu 
poder de império (soberania). 
Donati (...) Entende que o território deve ser considerado como condição necessária, mas exterior ao 
Estado.P.107 
Mas, não faltam autores (...) esposam a tese oposta (...) o território faz parte do Estado (...) é 
elemento constitutivo e essencial, e sem ele o Estado inexistiria. P.108 
São partes do território a terra firme, com as águas aí compreendidas, o mar territorial, o 
subsolo e a plataforma continental, bem como o espaço aéreo. P.108, 109 
Figura como um dos problemas mais delicados e complexos a delimitação das águas territoriais, 
ou seja o chamado mar territorial. Compreende-se por mar territorial aquela faixa variável de águas que 
banham as costas de um Estado e sobre as quais exerce ele direitos de soberania. Zona adjacente ou 
contígua ao território continental do Estado, alcança uma certa distância da costa, sujeita porém a 
variações impostas pelos critérios nem sempre uniformes de estabelecimento de seus limites, por parte 
dos diversos Estados. A extensão ou largura do mar territorial segundo Monaco e Consacchi, se calcula 
a partir da linha de baixa maré, acompanhando sempre a sinuosidade da costa. P. 109 
Desde alguns séculos, as águas territoriais despertaram a atenção dos juristas que buscaram 
fixá-las. Das doutrinas antigas a primeira foi a do “limite visual” sem dúvida a mais rudimentar e 
precária, porquanto estabelecia a largura das águas territoriais em função do alcance da vista. P. 109 
Veio depois a chamada doutrina do critério defensivo (...) (o poder de terra acaba onde acaba o 
poder das armas) (...) (onde a força, aí o direito), resultando na adoção do limite tradicional de três 
milhas, que um costume internacional fez genericamente válido durante vários séculos. (...) esse critério 
(...) se acha hoje ultrapassado em razão do excepcional incremento da indústria bélica. P. 109, 110. 
Todos os Estados têm atentado para os copiosos recursos que as regiões marítimas contíguas oferecem 
nos três reinos da natureza. A soberania sobre uma faixa amplíssima de mar adjacente proporcionaria 
proteção segura e eficaz aos interesses econômicos que o Estado precisa de resguardar. A política 
latino-americana adotada já por nove países — Chile, Peru, Equador, Argentina, Panamá, Nicarágua, El 
Salvador, Uruguai e Brasil — que ampliaram para 200 milhas o limite de seu mar territorial, inspirou-
se decerto no reconhecimento dessa realidade. Pesaram também na adoção da medida considerações da 
seguinte ordem: a) segurança nacional; b) repressão ao contrabando; c) controle de navegação para 
evitar a poluição das águas, etc. P. 110 
 (...) Primeira Conferência Latino-Americana sobre Direito Marítimo (...) subscreveram um 
documento de justificação, assinalando em primeiro lugar a importância dos recursos naturais da zona 
marítima territorial para o desenvolvimento econômico dos Estados ribeirinhos. A ampliação unilateral 
do mar territorial tem provocado contudo dificuldades que não foram ainda removidas. Da Conferência 
sobre o Direito do Mar, celebrada em Genebra a 29 de abril de 1958, por iniciativa daquela organização 
internacional, resultaram quatro convenções sobre matéria distinta porém correlata: 
a) mar territorial e zona contígua; b) alto-mar; c) pesca e conservação dos recursos biológicos do alto-
mar; e d) plataforma continental. P. 111 
Com respeito ao mar territorial ficou assentado que a soberania do Estado se prolonga até “uma 
zona de mar adjacente às suas costas, designada sob o nome de mar territorial”. P. 111 
O Brasil consagra presentemente o limite de 200 milhas de mar territorial. Tomou essa posição 
através de ato presidencial de 25 de março de 1970. P. 112 
Com a nova posição, o Brasil aderiu à política de soberania marítima. O decreto que dispôs 
acerca do novo limite de 200 milhas ressalvou o direito de passagem inocente para os navios de todas 
as nacionalidades. P. 113 
Inclui-se (...) como parte do território o subsolo e o espaço aéreo. (...) a plataforma continental tem sido 
desde as últimas décadas reclamada por vários Estados como sendo constitutiva do território do 
Estado. P. 113 
As ressalvas feitas ao exercício da soberania entendiam com o reconhecimento do ‘‘caráter de 
alto-mar das águas superjacentes à plataforma continental e o direito à sua navegação, livre e 
desembaraçado’’. Na declaração americana afirmava-se que “a plataforma continental pode ser 
considerada como uma extensão da massa terrestre do país ribeirinho e como formando parte dela 
naturalmente”. Em julho de 1951 a Comissão de Direito Internacional da ONU admitia a plataforma 
continental “como sujeita ao controle e jurisdição do Estado ribeirinho, mas somente para os fins de 
explorar e aproveitar seus recursos naturais”. Em 1953, a mesma Comissão se ocupava novamente do 
tema, definindo desta feita a plataforma continental como “o leito do mar e o subsolo das regiões 
submarinas contíguas às costas, mas situadas fora da zona do mar territorial, até uma profundidade de 
200 metros”. P. 114 
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Do Território do Estado. Paulo Bonavides. Ciência Política. 10ed. 9tiragem. Malheiros Editora. São Paulo, 2001 
 
As águas que cobrem a plataforma continental se sujeitam no entendimento da ONU ao regime 
de alto-mar, resguardadas pelos princípios de liberdade e inapropriabilidade dominantes na boa 
doutrina internacional. P. 115 
Decreto n.28.840, de 8 de novembro de 1950, (...) declarou integrada ao território nacional a 
plataforma submarina na parte correspondente a esse Território, sob os seguintes argumentos: 
a. “a plataforma continental é um verdadeiro território submerso e constitui com as terras a que é 
adjacente uma só unidade geográfica”; 
b. a “possibilidade, cada vez maior, da exploração ou do aproveitamento das riquezas aí encontradas”; 
c. o zelo “pela integridade nacional e pela segurança interna do país”. P. 115 
Sobre a qual (plataforma continental) já não recai uma jurisdição limitada mas poderes de 
soberania, em toda a sua amplitude, numa integração jurídica total do “território submerso” 
correspondente à plataforma, dentro do limite das 200 milhas mencionadas. P. 115, 116 
Seguimos porém uma posição abraçada no continente por diversas repúblicas irmãs conscientes 
da importância política e econômica que tem para os destinos da emancipação nacional o 
aproveitamento potencial dos recursos eventuais existentes tanto nas águas territoriais como no fundo 
do mar. P. 116 
O critério defensivo que inspirou a delimitação do mar territorial nos limites usuais de 3 milhas 
de certo modo também por analogia se aplicou ao espaço aéreo, para efeito de determinação dos limites 
dentro dos quais se exerce incontrastavelmente a soberania do Estado. P. 116 
(...) a soberania do Estado sobre o espaço aéreo estende-se em altitude até onde haja um 
interesse público que possa reclamar a ação ou proteção do Estado. Huber distinguiu quatro camadas 
sobre a superfície da terra: a troposfera (de 10 a 12 quilômetros de altitude), a estratosfera (até cerca de 
100 quilômetros) a ionosfera (de 100 a cerca de 600 quilômetros) e a exosfera (zona, segundo ele, de 
transição para o espaço cósmico, que começa onde acaba a força de atração da Terra). A delimitação da 
altitude do espaço aéreo não deve ser confundido com o espaço cósmico. P. 117 
A Conferência de Chicago (...) produziu regras fundamentais observadas pela aviação civil 
internacional, tais como as relativas à liberdade de vôo ou trânsito inofensivo de aeronaves civis, pelo 
território de um Estado. P.118 
O princípio consagrado exclui a dominação do espaço cósmico pela soberania estatal. Dos 
acordos celebrados entre os Estado Unidos e a União Soviética resultou o reconhecimento da 
inapropriabilidade do espaço cósmico. P. 118 
A Resolução n. 1.721 sobre Cooperação Internacional Relativa à Utilização Pacífica do Espaço 
Exterior, proclamava: a) a extensão ao espaço exterior e aos corpos celestes dos princípios do Direito 
Internacional e da Carta das Nações Unidas; b) o direito de todos os países de levar a cabo explorações 
no espaço cósmico; e c) a inapropriabilidade jurídica dos corpos celestes, não podendo estes, por 
conseguinte, ficar debaixo da soberania de nenhum país. P. 118, 119 
Em 1963 (...) a Resolução n. 1.962 (XVIII) sobre o espaço extra-atmosférico, (...) dispõe que “o 
espaço extra-atmosférico, compreendendo a lua e os demais corpos celestes, não pode ser objeto de 
apropriação nacional através de proclamação de soberania, utilização, ou ocupação, nem por nenhum 
outro meio”. P. 119 
(...) disposições como parte do direito cósmico positivo: a) extensão ao domínio cósmico dos 
princípios e normas de direito internacional gravados na Carta daquele organismo: b) interdição de 
experiências nucleares no espaço cósmico; c) proibição de envio ao cosmos de artefatos portadores de 
cargas nucleares ou armas de destruição em massa, e d) proibição de propaganda de guerra no espaço 
cósmico. P. 119, 120 
Admitem-se duas exceções ao poder de império do Estado sobre o território: a 
extraterritorialidade e a imunidade dos agentes diplomáticos. Segundo Ranelleti, a extraterritorialidade 
significa o seguinte: “uma coisa que se encontra no território de um Estado é de direito considerada 
como se estivesse situada no território de outro Estado”. Tocante à imunidade, os agentes diplomáticos, 
em termos de reciprocidade, se acham isentos do poder de império do Estado onde quer que venham 
ser acreditados. P. 120 
Hermann Heller na sua Teoria do Estado (Staatslehre), onde se ocupou da importância básica 
que assumem para a ação do Estado as condições geográficas. (...) porém, cingiu-se apenas ao 
momento político da influência do território, menosprezando por sua vez a inquirição jurídica. Na 
antiguidade, filósofos (...) pressentiram a extraordinária importância dos efeitos da ambiência física 
sobre as instituições políticas. A obra política de Maquiavel representa no pensamento político a perfeita 
tomada de consciência da passagem do antigo Estado-Cidade ao Estado nacional. Em Do Espírito das 
Leis de Montesquieu o pensamento moderno de maneira mais coordenada refletiu sobre as relações 
entre o meio físico e a natureza das instituições políticas. P. 121 
Corre (...) entre os tratadistas mais modernos (...) a máxima de que “nenhum Estado há sem 
território”, significa que todo Estado supõe necessariamente área fixa de população sedentária. A 
3 
Do Território do Estado. Paulo Bonavides. Ciência Política. 10ed. 9tiragem. Malheiros Editora. São Paulo, 2001 
 
doutrina de mais peso se inclina para a consideração do território como elemento essencial ao conceito 
de Estado. P. 122 
Temos aqui a teoria mais antiga, de grande voga na Idade Média, quando não se distinguia 
nitidamente o direito público do direito privado. Naquela concepção era o poder do Estado sobre o 
território da mesma natureza do direito do proprietário sobre o imóvel. P. 123 
A teoria medieva de cunho patrimonial toma o território por objeto da propriedade eminente dos 
senhores feudais e, depois, como propriedade do Estado, comunicando sua influência ao direito público 
alemão até ao século XIX. P. 124 
A teoria do território-objeto (...) vislumbra no território o objeto de um direito das coisas público 
ou de um direito real de caráter público. (...) o direito do Estado sobre o seu território é direito especial, 
eminente, soberano. É o território posto na sua exterioridade, sobretudo na sua acepção corporal, como 
coisa, como objeto frente ao Estado, que seria o titular, a pessoa do qual aquele estava desmembrado, 
mas a cuja vontade ficava sujeito. P. 124 
A teoria do território-espaço acabou por desembocar na teoria do território-competência. P. 129 
A teoria do território-competência admite um conceito jurídico de competência e de validade do 
direito. Essa teoria se desdobra em duas acepções de território. A primeira, mais restrita, faz do 
território a esfera de competência local, a “diocese do poder estatal”, segundo a linguagem de Radnitzky. 
A segunda encara o território de maneira significativamente ampla, nos termos análogos da teoria do 
território-espaço, a saber, como âmbito da validez da ordem estatal, como delimitação espacial da 
validez das normas jurídicas. Na teoria do território-espaço a importância fundamental pertence ao 
território, ao passo que na teoria do território-competência é de capital relevância a soberania 
territorial. P. 130

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