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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS G2 NÃO ATUALIZADO PELO NCPC

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[MATÉRIA DA G2]
Aula 7 – Rio, 26.09.14 
AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA 
CPC, ART 934/940. 
O projeto de novo CPC vai acabar com a nunciação de obra nova. A natureza jurídica é de ação de conhecimento de rito especial. Mais uma vez, é um processo de conhecimento buscando sentença de mérito, com a prática de alguns atos executivos.
Ela busca evitar o abuso do direito de construir ou da relação de vizinhança. O cabimento dela é quando existir uma obra – qualquer modificação fática, pode ser construção, escavação, demolição, dentre outros – que seja nova. Quando a obra é nova? Quando se inicia a fase obra, quando, por exemplo, não estiver, efetivamente, feita. E quando termina a obra nova? Termina com a conclusão dos atos principais.
-Cabimento
Tem que ter uma obra.
O momento inicial da obra nova é quando há a exteriorização da vontade de modificar algo. Então são os atos chamados preparatórios – as preparatórias é quando está na fase da ameaça ainda -> exemplo: começaram a trazer tijolo, cimento. Ainda não começou, mas já estão exteriorizando. É a fase da ameaça – a ameaça é uma fase preparatória e já permite tutela. A obra nova é desde a fase da ameaça até o momento de término. O problema é saber quando ela se conclui.
Para a doutrina e a jurisprudência a obra está concluída quando é encerrada a fase da estrutura da obra – a fase estrutural, ainda que faltem os acabamentos, que são os atos secundários – que é a parte da pintura e polimento. A consequência prática é que se a obra já tiver chegado a esse ponto é o descabimento de enunciação de obra nova. 
O problema da obra concluída no curso da ação -> a condenação do réu é desfazer. O que importa é a obra ser nova ainda no curso da citação. 
Se a obra já está concluída, a ação que cabe é a ação demolitória (não está no CPC): ação específica contra uma construção concluída e irregular. A demolitória salva o problema de desfazer, mas não salva o problema de reconstruir – apenas demole o que foi feito de errado. Se tiver que reconstruir, o sujeito terá que depois entrar com ação de obrigação de fazer consistente em reconstruir. Está no CC.
Se o que quisermos não for demolição, mas sim reconstrução, então tem que entrar com obrigação de fazer.
Acontece que o sujeito entra com ação de nunciação, e o juiz considera que a obra não é mais nova, mas que está concluída. E o pedido era para demolir. A irregularidade é uma construção, então o pedido da nunciação era a demolição. O STJ teve que analisar se tinha fungibilidade entre nunciação de obra nova e demolitória. Seria um formalismo excessivo se nos casos que o sujeito entra com nunciação e a obra está concluída, mas o pedido é demolição fazer o sujeito entrar com a demolitória? O STJ entendeu que nesses casos se aplica fungibilidade. O juiz não recebe como nunciação de obra nova, mas recebe como demolitória. 
Tem que ter obra, que ela seja nova e o terceiro requisito de admissibilidade é a alegação de irregularidade da obra -> não basta falar que tem uma obra em curso, mas ela tem que ser irregular, por violar uma servidão, uma posse. Ou seja, ela tem que violar o direito de alguém. 
Os requisitos de admissibilidade são analisados com base na teoria da asserção -> com base nas alegações no autor. Mas o juiz receber a petição inicial, não quer dizer que concorde com o autor. Por isso após receber a petição inicial, tem que ter o juízo do mérito. Falar que cabe nunciação de obra nova, não quer dizer que entende que a obra é ilegal. 
-Juízo de mérito 
É a análise se há ou não ilegalidade na obra. O mérito vai ser se a obra viola ou não o direito de alguém. O pedido será procedente, se há violação de direito de alguém, sendo a obra irregular.
O juiz pode receber a inicial, dar a liminar e no mérito julgar improcedente com base em novos provas. Não existe erro processual nisso.
-Competência
A nunciação de obra nova vem na parte final da última frase do art. 95 do CPC. A parte final desse artigo traz uma competência que apesar de territorial é absoluta. O único foro competente é o foro da situação da coisa, ou seja, foro do local do bem. É o foro res cita (do lugar da coisa). A natureza da competência é absoluta.
-Legitimidade
 Ativa -> art. 934 do CPC:
1)Primeiro grupo de legitimados -> o proprietário ou possuidor de imóvel vizinho, para evitar que a obra prejudique o seu direito. O sujeito do prédio ao lado está construindo algo que vai afetar seu direito, você pode impugnar o conceito vizinho.
O problema é o conceito de vizinho – tem que ser lado ao lado? Ou se for dois prédios depois? Tem que ser contínuo ou distância? O vizinho não quer dizer contiguo, o vizinho é então um conceito mais flexibilizado, não precisando ser algo do lado e bastante próximo. Basta que viole o meu direito.
Pode ter mais de um legitimado, nesse caso – legitimados concorrentes (todos proprietários ou possuidores podem entrar com a ação) ou disjuntivos (qualquer um pode entrar sozinho sem a participação dos demais. Não precisam entrar todos eles juntos, qualquer um pode entrar sozinho).
2)Segundo grupo de legitimados ativos -> também são legitimados onominos ou condomínio de edifício para impedir obra que prejudique a coisa comum. Então o problema aqui é no próprio edifício – exemplo: alguém está fazendo algo errado na garagem, na varanda. 
Obra por condômino -> o legitimado ativo é o próprio condomínio ou qualquer outro condômino
Obra pelo condomínio -> qualquer dos condôminos pode ajuizar a ação. 
Além disso pode ter obra por terceiro, a legitimidade ativa será de qualquer condomínio ou do condomínio. 
3)Terceiro grupo -> município para impedir que o particular construa em contravenção com a legislação – aqui se pensou em gabarito municipal, de prefeitura. Exemplo: alguém está construindo um puxadinho que não pode – quem vai entrar é o município para proteger a legislação municipal. O problema é que o CPC só fala de município, então surge uma divergência Se a norma violada pela construção não for municipal, mas sim estadual ou federal - teorias:
Se deveria onde se lê município, ler também estado ou união;
Ou se entende que só pode ler município e este então teria competência extraordinária para proteger legislação do estado ou a união;
O entendimento majoritário é que aonde se lê municípios, lê-se estado e união para que o município não seja o único legitimado. 
 Legitimidade passiva -> o dono da obra é o réu – é quem ordena a obra irregular, é quem tem o poder de mando da obra. Não é o mero executor da obra, mas sim quem tem o poder do mando. 
-O que justifica este procedimento ser especial
A ação de nunciação permite o embargo extrajudicial de obra nova – art. 935 do CPC. Só cabe este embargo em casos urgentes, quando não dá tempo de entrar com ação de nunciação de obra nova. Tem que justificar a urgência.
Procedimento: é materializado com protesto oral perante duas testemunhas – o lesado tem que ir à obra e falar que está embargando a obra, na presença de duas testemunhas. Com isso, se ganha a retroativade da liminar na data em que se fez o protesto. Admite-se que o protesto seja por escrito, na presença de duas testemunhas.
Além disso, se o notário estiver presente, se dispensam as testemunhas, pois este tem fé pública – você chama o notário para que ateste que você fez o protesto, embargando a obra. 
Para este embargo, quem tem poder de mando não precisa estar presente. Mas ele tem que ser devidamente qualificado como réu.
Para este embargo valer, além de ser em caso urgente, quem fizer o embargo tem que obrigatoriamente ajuizar a ação em três dias, requerente a ratificação do embargo extrajudicial. Se entrar em 3 dias, e o juiz concordar que eu tenho esse liminar, ocorre esse retroatividade. Mas se não entro nesses 3 dias, eu posso até ganhar a liminar, mas não ganho essa retroatividade da liminar para a data do embargo, perdendo o embargo o seu efeito. 
-Procedimento da nunciação
1)Petição inicial -> um dos pontos polêmicos é saber quais pedidos podem ser cumulados pelo autor,mantendo o rito especial. A nunciação de obra nova, assim como a possessória, traz pedidos que podem ser cumulados, mantendo-se o rito especial – isso vem nos arts. 935 e 936 do CPC:
Pedido de ratificação do embargo extrajudicial -> só será formulado se tiver ocorrido o embargo extrajudicial. 
Pedido do embargo judicial da obra -> alguns autores consideram que esse pedido é pedido essencial e sem ele o juiz não poderia dar nada. O embargo judicial cumulado com a nunciação quer dizer paralisação. O pedido final, que é facultativo, é o de retorno à legalidade -> vai depender no caso concreto se algo já chegou a ser feito na ilegalidade. 
Pedido de fixação de multa para o caso de descumprimento
Pedido de condenação em perdas e danos – indenização. Exemplo: fiquei um tempo sem a servidão de vista ou de passagem; destruiu minha plantação. 
Se fizer um pedido além desses, ele não é possível no rito especial da nunciação de obra nova. Terá que pedir no rito comum e o nome da ação não será esse. Sairá do rito especial e irá para o rito ordinário.
Embargo judicial ou a ratificação do extrajudicial 
É analisado em inaudita altera partis – art. 937: recebida a petição inicial, o juiz vai analisar a liminar antes da citação do réu. Ou vai dar a liminar pela primeira vez ou vai ratificar o embargo extrajudicial.
Outra peculiaridade, é que se o juiz tiver dúvidas, a lei prevê a possibilidade de audiência de justificação. Após essa audiência o juiz analisa se dará ou não a liminar. 
Se o juiz de plano ou após a audiência indeferir a liminar, a ação prossegue ou não. 
Câmara: interpretação literal do art. 938 do CPC -> deferido o embargo, ou seja, o liminar, o oficial de justiça lavra auto circunstanciado e o réu é citado para 
Tem que lavrar esse auto circunstanciado, para futuramente ver se houve descumprimento da obra depois da liminar.
2)Respostas
O réu é citado para contestar em 05 dias – art. 938 do CPC. A doutrina diz que onde se lê “contestar” leia-se apresentar resposta, todas elas no prazo de 05 dias. 
O majoritário é que a nunciação de obra nova não é de procedimento dúplice, então para o réu entrar com pedido contra o autor tem que entrar com reconvenção.
3)Prosseguimento autorizado da obra
Art. 940 -> apesar de deferida a liminar, o réu pode requerer o procedimento autorizado da obra -> requisitos: o réu pode requerer se prestar caução (apresentar garantia) e que haja risco/prejuízo irreparável à obra. 
4)Após as respostas do réu, o art. 939 fala que o procedimento segue o rito da cautelar
Segue o rito cautelar comum – na cautelar, cabe tudo. Cabe audiência, cabe prova, não quer dizer que deixa de caber alguma coisa, pois na cautelar cabe tudo. Falar que a Nunciação de Obra Nova segue o rito da cautelar não quer dizer que a Nunciação seja uma ação cautelar em espécie, pois isso seria ruim. 
Quando se estuda cautelar, a maioria dos autores fala que a cautelar forma coisa julgada meramente formal, ainda que procedente o pedido. Significa que se pode rediscutir a questão na cautelar. 
O problema disso é alguém achar que a sentença da nunciação da obra não vale de nada – mas não a sentença quando transita em julgado é material, não é a coisa julgada da cautelar. A sentença de mérito forma coisa julgada formal, sendo imutável. 
Entender que existe coisa julgada material na nunciação de obra, não impede outras nunciações de obras novas, se for modificada a causa de pedir. Exemplo: o sujeito começa a construir e eu entro com nunciação discutindo o local, mas esta é julgada improcedente. Só que o sujeito começa a construir pra cima, e ai eu entro com outra nunciação, com o pedido de que é irregular construir pra cima, e tenho meu pedido julgado procedente. 
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Aula 8 – Rio, 01.10.14
AÇÃO DE USUCAPIÃO
-Noções gerais 
Conceito: é a aquisição da propriedade ou de outro direito após o percurso de determinado prazo com posse prolongada. 
Além da propriedade é possível usucapir: domínio útil (exemplo da enfiteuse – a propriedade é de domínio público); direito de uso e habitação; usufruto de servidão – todos podem ser objetos de usucapião. São relacionados a qualquer espécie de bens (móvel, imóvel ou semovente. Mas existe espécie de móvel que não pode usucapir, que são bens públicos afetados, que é aquele bem utilizado para produção estatal – exemplo: imóvel onde funciona o INSS não pode ser usucapido).
-Espécies de posse 
Posse prolongada com uma característica fundamental: ad usucapione posse com intuito de se tornar dono – é o conceito de posse da teoria subjetiva da posse do Savigny. Para posse o Brasil não adota essa teoria, mas sim a do Jhyering. Mas para usucapião tem que ter esta posse qualificada.
-Espécies de usucapião 
O Livro IV do CPC se aplica apenas para algumas hipóteses: fala do bem imóvel ordinário e extraordinário que se aplica a usucapião – mas vamos ver apenas para os imóveis: 
1) Usucapião Ordinária de Imóvel – art. 1242 CC – o prazo pra usucapião é de 10 anos (regra geral). Mas excepcionalmente o prazo pode ser reduzido para 05 anos, se atender três requisitos: aquisição onerosa; justo título; que tenha estabelecido moradia ou tenha realizado investimento de interesse social. Esses requisitos têm que ser cumulativos.
2) Usucapião Extraordinária – art. 1238 CC – prazo é de 15 anos. O prazo pode ser reduzido para 10 anos, se preencher os seguintes requisitos: se tiver estabelecido moradia ou realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 
3) Usucapião Especial – se divide em 04: 
I) Usucapião Urbana -> vem regulada no Estatuto da Cidade e também vem referida na CRFB - o prazo é de 05 anos e tem dois requisitos: imóvel de até 50 m² e que seja utilizado para moradia da pessoa. 
II) Usucapião Rural ou Pró-Labore -> o prazo também é de 05 anos, o tamanho é de até 50 hectares, em que se estabeleça moradia e que torne a terra produtiva. Isso vem no Estatuto da Terra e também é mencionado na CRFB. 
III) Urbana por Abandono de Lar ou Urbana familiar -> criada em 2011 (é a mais recente) - 1240-A CC - o prazo é de 02 anos para imóvel de até 250 m², que seja utilizado atualmente como moradia, em que exercia a propriedade dividindo com ex-cônjuge, o qual abandonou o lar – o cônjuge abandonado, que continua, adquire a cota parte do outro, se por dois anos continuar neste imóvel e o outro tiver saído por abandono. Tem que ser por abandono e não por separação ou divórcio. 
IV) Urbana Coletiva -> prazo também é de 05 anos; a metragem também é 250 m²; o ocupante tem que ser população de baixa renda e que não seja possível identificar as frações de cada possuidor – todos ocupam tudo de uma coisa grande e todos vão adquirir as frações que serão divididas posteriormente. Esse vem no Estatuto da Cidade.
-Usucapião no CPC vem nos arts. 941 a 945 
-Competência 
Se tiver em usucapião sobre imóvel debatendo um direito real, que pode ser propriedade, o juízo competente será o art. 95 do CPC: foro da situação do imóvel. 
-Legitimidade
1) Legitimidade ativa – é do possuidor com posse ad usucapione. O possuidor tem que alegar que adquiriu a propriedade por usucapião, ou seja, que ficou no imóvel por tempo necessário e que preencheu os requisitos necessários. 
A dúvida é: possuidor com posse ad usucapione ainda tem que estar na posse no imóvel? Tenho que falar que adquiri por usucapião e ainda estou na posse do imóvel ou posso entrar com ação de usucapião pelo possuidor com posse perdida? Fiquei no imóvel durante 10 anos, exerci moradia e no último ano saí de lá, mas quero entrar com usucapião – isso é possível? Sim, é possível usucapião de possuidor com posse perdida. Não importa que o sujeito esteja com posse naquele momento, mas que tenha tido posse elo tempo necessário (10 anos). Até mesmo porque a ação de usucapião é uma ação meramente declaratória, se declara que o sujeito usucapiu, o judiciário não faz a usucapião, mas declara que o sujeito usucapiu. A usucapião ocorre no plano dos fatos, tendo preenchidoos requisitos. O judiciário só declara que o sujeito exerceu posse, independente do sujeito estar ou não na posse no momento da inicial. 
Os requisitos para usucapião têm que estar preenchidos no momento da inicial ou podem ser preenchidos no curso do processo até a sentença? Sujeito alega que usucapiu, tendo ficado lá 10 anos e entra com inicial e fica o processo 02 anos esperando pela conclusão, dando 12 anos. Só que o juiz, no 12º ano, vê que não tinham 10 anos preenchidos na época da inicial, mas apenas 08, só que quando o juiz vai dar a decisão os requisitos estavam preenchidos, pois tinham se completados os 10 anos. Então se pergunta se os requisitos têm que estar preenchidos no momento da inicial ou se podem ser preenchidos ao longo do curso do processo não seria justo o juiz extinguir porque na época da inicial ainda não tinham os 10 anos, quando no momento da sentença os requisitos já foram preenchidos. 
2) Legitimidade passiva – é de quem tem posse ad usucapione. Se quem for casado, é preciso lembrar do art. 10: que é a autorização do cônjuge ou companheiro que tem que dar autorização para entrar com ação de usucapião ou tem que entrar junto, em litisconsórcio, ou se não autorizar e nem entrar junto deverá ser incluído como réu – o cônjuge tem que participar de qualquer maneira do processo. 
O mais difícil da usucapião, que a faz ser demorada e complicada, não é o número de autores, mas sim o número de réus. Tem vários grupos de réus obrigatórios na ação de usucapião: 
Primeiro conjunto de réus é aquele em cujo nome o imóvel está registrado. Então, quem tiver apontado como o proprietário no registro. Além desse sujeito, o cônjuge ou companheiro de quem esteja apontado de quem esteja apontado no RGI – litisconsórcio necessário. O terceiro são todos os proprietários de todos os imóveis confrontantes. Porque se diz que na ação de usucapião também há uma demarcação, e aí não pensando em apartamento, mas em terreno, ao se pensar numa rua e seus terrenos, quando o sujeito entra com usucapião ele vai falar que usucapiu uma determina área. Ele poderia estar mentindo com relação aos limites, podendo interferir na posse do sujeito da direita ou esquerda. Por isso o sujeito do lado tem que ser citado para eventualmente se defender, se manifestando com relação aos limites. 
Todos são litisconsortes passivos necessários. Se faltar a citação de qualquer destes, a sentença é ineficaz para todo mundo. 
Além destes todos, tem também os atuais possuidores do imóvel – usucapi e não estou mais lá, e agora tem alguém lá durante um ano. OS atuais possuidores do imóvel têm que ser citados também. 
No que tange a condomínio edilício há divergência entre autores, uns dizem que não precisa citar os moradores do lado esquerdo e direito e os moradores de baixo, mas é preciso citar o síndico. Segundo o posicionamento do professor é preciso citar os moradores do entorno. Se faltar alguém a sentença é ineficaz. 
Se o imóvel não tiver registrado em nome de qualquer pessoa, deve ser réu quem for aparente proprietário, quem aparentemente se apresentar como o dono. Se não tiver ninguém como apontar dono e ninguém tem notícias de quem seria o dono daquele imóvel, nesse caso o sujeito é réu incerto e é citado por edital para apresentar defesa. 
Além disso, deve haver intimação no Ministério Público - art. 944 (é fiscal da lei e não réu, neste caso) para se manifestar no feito e também devem ser intimados União, Estado e Município (art. 943) da localidade do imóvel. Se for terreno que cobre mais de um município e um estado, é preciso citar todos os estados e municípios envolvidos. A União, Estado e Municípios são chamados não como réus, mas para verificar pagamentos de possíveis tributos e ver regularidades de impostos. Conjunto de réus obrigatórios na ação de usucapião. 
-Procedimento
1)Petição inicial – um dos requisitos obrigatórios é a apresentação da planta do imóvel - isso vem no CPC. A prática forense exige mais dois requisitos anexos à petição inicial: certidão de ônus reais (para verificar quem é o dono – para conferir legitimidade passiva) e certidão de distribuição de processos (para provar a inexistência de ação possessória, porque se está correndo possessória não pode estar correndo ação petitória – prova que eu ator não sou autor de nenhuma outra possessória e nem o réu é réu de outra possessória. A usucapião é uma ação petitória). 
2)Apresentada a petição inicial com os requisitos acima, abre-se a citação, que em regra se dá por oficial de justiça ou postal. 
Mas o CPC tem uma regra estranha que fala que réus que residirem em outra localidade são citados por edital (imóvel no Rio, mas o réu mora em MG – são citados por edital). Se algum réu estiver em outro estado, será citado por edital. A doutrina fala que isso prejudica o sujeito, porque ninguém vai ver a citação por edital. Não é porque o sujeito mora em outro Estado que ele será desconhecido, o correto seria ser citado por carta precatória ou citação postal com AR. Só será citado por edital se for réu desconhecido ou incerto. 
3)A partir da citação de todos, segue o procedimento comum sem qualquer alteração. Então as respostas são todas possíveis, cabendo reconvenção (e não pedido contraposto, pois é procedimento comum ordinário). O prazo geral de respostas de 15 dias.
O projeto de novo CPC acaba com a ação de usucapião, bastando adotar um artigo na parte de citação elencando todos os litisconsórcios necessários - cria-se uma regra dos litisconsortes passivos necessários – um único dispositivo elencando todos os litisconsortes passivos necessários. O CPC acabar com o procedimento especial da ação de usucapião não significa que acabou com o reconhecimento de usucapião, pois todos podem continuar entrando com ação de usucapião, mas não vai mais existir a ação do Livro IV, podendo todos entrar com ação que será de rito ordinário, pedindo o reconhecimento de usucapião ordinário, extraordinário, especial. 
4)Sentença de procedência da ação de usucapião -> para maioria da doutrina é sentença meramente declaratória - declara que ocorreu a usucapião. Então usucapião ocorre no plano dos fatos. A declaração de propriedade retroage até a data em que se consolidou a usucapião, segundo a doutrina majoritária – no último dia do prazo, que se chama de prescrição aquisitiva. Exemplo: usucapião de 10 anos -> sujeito começou em 90 a posse, em 2000 completa a usucapião, entra com processo em 2003 e só tem sentença em 2014, juiz falará que retroage até 2000 que é quando se concluiu o prazo. 
A doutrina minoritária diz que deveria retroagir ao início a posse. Mas o professor não concorda com isso, pois ai ainda não tem a propriedade. O sujeito demora 10 anos para adquirir a propriedade. Ele é considerado possuidor há 10 anos, mas proprietário só depois de 10 anos. 
Essa sentença ainda que seja meramente declaratória é instrumento hábil para registro no RGI. O RGI só muda a propriedade com base em sentença declaratória de usucapião. Pois é preciso lembrar que existe a súmula 237 que fala que em ações petitórias a ação de usucapião pode ser arguida em defesa. Na usucapião a propriedade é objeto do pedido, logo, a propriedade forma coisa julgada material, podendo ser levada a registro. Na possessória é diferente, pois o pedido é posse, onde a causa de pedir é a propriedade que está na fundamentação e não no dispositivo, logo não forma coisa julgada – o réu não usucapiu, julgando improcedente, logo não pode levar a registro. 
Depois da sentença, a Fazenda Pública pode cobrar os tributos relacionados à propriedade. Exemplo: sujeito começa a posse 2000, entra com usucapião em 2003, mas a sentença que legitimou essa propriedade só saiu em 2014, logo o sujeito deve os anos de 2001 a 2014. E só pode levar a registro depois de quitar esses impostos. A lei de registros públicos fala que só se registra sentença de usucapião com quitação destes impostos. 
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Aula 9 – Rio, 03.10.14 
AÇÃO DIVISÓRIA E DEMARCAÇÃODE TERRAS PARTICULARES 
-Regras comuns às duas ações:
Quando falamos em terras particulares, isso quer dizer bens imóveis. Além disso, são apenas terras particulares. Para demarcar e dividir terras públicas, a outra ação (ação discriminatória), que tem regulação própria. O CPC apenas regula as terras particulares. 
Demarcação e divisão são coisas diferentes. O CPC destina vários artigos para a primeira ação e para a segunda também. 
A Ação de Demarcação busca reavivar o efetuar a primeira divisão (delimitação) dos limites de propriedades distintas. Se existir um marco dividindo duas propriedades e ele acaba, como um rico que seca, cabe a ação de demarcação. Mas, caso não tenha limites, e as partes queiram colocar, convencionando a área de cada um, também cabe ação de demarcação de terras. 
Já na Ação de Divisão, busca o condomínio a partilha da coisa comum por meio da extinção do condomínio e estabelecimento de cotas partes independentes para cada um – exemplo: terreno com seis donos sendo co-proprietários. A pessoa quer acabar com a relação de condomínio e criar seis áreas, cada uma com um novo. 
Quaisquer umas das ações são chamadas de ações com procedimento bifásico. Cada uma delas tem cópias fases de conhecimento. Em relação à Ação de Demarcação, a primeira fase analisa se há ou não o direito de demarcação. Caso este pedido seja procedente, inicia-se a segunda fase, também de conhecimento, para efetivar a demarcação. Na Ação de Divisão, ocorre a mesma coisa, é também bifásica: primeiro é julgado o direito de divisão, depois há a efetivação da divisão. 
É possível a cumulação de pedidos de demarcação e divisão – art. 947 – se a pessoa entrar com Ação de Demarcação cumulada com divisão, ela poderá ter quatro fases de conhecimento, já que a Demarcação pode ter duas fases e a de Divisão também. Julgada a demarcação, tem-se a divisão. 
Nesse caso de cumulação, se forem cumulados os pedidos de demarcação e divisão, surge uma dúvida: o processo primeiro é o da demarcação ou da divisão? O primeiro é o da demarcação. Em primeiro lugar, é necessário fixar os limites de propriedades distintas; depois é que são divididas as propriedades em condomínio. Normalmente, ocorre essa cumulação de pedidos. 
Tendo cumulação, quem são os réus? Quando se cumula, surge um debate processual sobre quem são os réus. Em um primeiro momento, quando se julga a Demarcação, os réus são todos, isto é, todos or proprietários dos imóveis confrontantes e todos os condôminos da coisa comum. Com o final do julgamento da demarcação, inicia-se a Divisão, e neste momento, o nº dos réu diminui – continuam como réus apenas os condôminos da coisa comum, os co-proprietários da coisa ainda não dividida (os proprietários deixam de ser réus no pedido da divisão). 
Art. 948 diz que esses proprietários dos imóveis confrontantes têm direito de peticionar na fase da divisão, pedindo a reivindicação de sua área. Se na Divisão for violado algum limite do imóvel confrontante, o proprietário pode pedir a sua área. A pessoa deixa de ser réu, mas continua a acompanhar o processo. Ele pode ver que ao dividir a área comum, uma pessoa invadiu sua área. Nesse momento, a pessoa que não é réu pode peticionar dizendo que deve ser respeitada a divisão feita antes. Isso pode ser feito por simples petição. 
A doutrina classifica tanto a Ação de Demarcação como a de Divisão como ações dúplices, de procedimento dúplice. Isso significa dizer que o réu, nas duas ações, pode formular pedido contraposto sem necessidade de reconvenção. É dito que quando o réu contesta, ele necessariamente pede. Quando o autor da Ação de Divisão diz que o limite é um lugar e o réu diz que é outro, automaticamente, ele pede a demarcação no lugar que entende certo. A mesma coisa ocorre na Demarcação. 
Deve ser observado o art. 10 do CPC: se autor e réu forem casados, nas duas ações, o cônjuge ou companheiro têm que participar do processo. 
Além disso, as ações se relacionam com o art. 95: juízo competente sendo o lugar do imóvel. Esta competência é absoluta. O único foro competente é esse. A terra é um bem imóvel. 
AÇÃO DE DEMARCAÇÃO 
-Legitimidade 
Ativa -> proprietário do imóvel, quaisquer dos co-proprietários (não precisa da concordância – caso não haja, o co-proprietário que não aceitou é incluído na ação como réu) e aqueles que têm direito de fruição sobre a coisa (quem não tiver propriedade, mas tiver este direito, pode entrar com essa ação – exemplo: usufrutuário é promitente comprador – quem sofre o impacto da ação é quem está usando o bem, apesar de não ser o proprietário). 
Passiva -> os réus são todos os proprietários dos imóveis confrontantes. 
-Procedimento 
1)Petição inicial -> há requisitos específicos: 1) título de propriedade: o autor deve demonstrar que é o dono, o usufrutuário, etc. Os títulos de propriedade devem ser do grupo de autores e do grupo de réus. 2)identificação dos limites que se deseja demarcar: a pessoa deve dizer como deve ser na sua versão o limite demarcatório. 
Pode ser cumulado pedido possessório. A pessoa pode pedir que seja demarcado um limite e caso isso interfira na área da outra pessoa, ela pode querer expulsar, dizendo que a pessoa está fazendo turbação. 
2)Art. 954: realizada a citação, temos a resposta, contestação dos réus. O prazo é especial, sendo de 20 dias. 
A doutrina debate se pode ser aplicado o art. 191 que diz que quando houver litisconsórcio com advogados diferentes cabe o prazo em dobro (hipótese em que há mais de um réu). O prazo de 20 dias se tornaria de 40 dias. É dito pela doutrina majoritária que não, não há aplicação deste artigo, porque a legislação já previu um prazo diferenciado, que é maior. Os autores dizem que quando a lei deu um prazo maior ela, ela já pensou na hipótese de litisconsórcio. O prazo maior seria a possibilidade de haver mais de um réu. Isso já foi pensado. O professor não concorda com isso. 
Modalidades de respostas: não cabe reconvenção, devendo ser contestação com pedido contraposto. Todas as respostas vem no prazo de 20 dias. Pode haver exceções e impugnações. 
3)Rito da 1ª fase: após a resposta, segue o procedimento comum. O CPC diz que ainda que ocorra a revelia, deve haver a fase “pericial”. Caso o réu não conteste, a regra geral seria de revelia e de presunção de veracidade. Mas, o art. 956 manda ter essa fase “pericial”: isso seria a nomeação de dois arbitradores e um agrimensor. O arbitrador dá as direções e o agrimensor é quem efetua o limite na prática. 
Art. 957: realizados os estudos, essas pessoas apresentam um laudo, indicando um possível traçado. Com o laudo, as partes têm o prazo de 10 dias para se manifestarem sobre ele. 
Art. 959: sentença se ela for de procedência, ela reconhece o direito à demarcação e determina o traçado correto. A primeira fase analisa se deve haver o limite e qual é o limite correto. Mas nada é implementado. Com a sua procedência, temos a segunda fase, que se destina a implementar os traçados. É dito que também é de conhecimento, porque há nova perícia e etc. Mas, para o professor, seria uma fase de execução. 
Art. 959: só se inicia a segunda fase com o trânsito em julgado da primeira. Isso é difícil de ocorrer no processo civil. Como regra, a apelação tem efeito suspensivo, e cabe, em outros recursos, a execução provisória, em que a sentença é cumpria sem o trânsito em julgado. Este artigo diz claramente que não cabe execução provisória. 
4)Rito da 2ª fase: o agrimensor começa a realizar os trabalhos de demarcação, colocando os marcos. Para isso, ele deve elaborar uma planta. Elaborada a planta, os arbitradores conferem e dão um laudo sobre ela. Apresentado o laudo, as partes têm 10 dias para impugnação. Resolvidas as impugnações, lavra-se o auto de demarcação. Este auto é o documento estável sobre como a demarcação será feita. O juiz profere uma sentença homologatória da demarcação. Com isso, temos a implementação prática e definitiva dos marcos. Alguns dizem que apenas depois desta sentença é que se teria a execução.
 2) AÇÃO DEDIVISÃO – arts. 967 a 981
-Legitimidade 
Ativa -> quaisquer dos condôminos da coisa comum
Passiva -> todos os demais co-proprietários do imóvel. Caso tenha mais de um, devem ficar em pólo passivo como litisconsórcio passivo necessário. 
-Procedimento 
1)Petição inicial -> art. 967: requisitos específicos: em todos os títulos de propriedade (do autor e do réu) deve-se indicar a origem da comunhão do bem (dizer como o condomínio surgiu); descrição dos limites e características do imóvel (para poder analisar o quanto caberá a cada um); qualificação completa de todos os condôminos e especificação das benfeitorias comuns (para saber quem ficará com elas e quem terá que ser, eventualmente, indenizado). 
2)Rito da 1ª fase: citado os réus, há a resposta. Ela também tem prazo de 20 dias. Se o réu não apresentar resposta na ação de divisão, não há obrigatoriedade da prova pericial. Mas, caso ele apresente, temos também dois arbitradores e um agrimensor. Sem resposta, temos a sentença, e com, há os trabalhos periciais. Ocorre o mesmo que na ação de demarcação. Tem laudo e impugnações. Depois há a sentença. 
Sentença da 1ª fase: tem dois capítulos. Caso ela seja de procedência, confirma o direito de divisão e determina a efetivação da divisão.
3)Rito da 2ª fase: art. 959: também já há necessidade de trânsito em julgado da primeira fase. A segunda fase inicia-se com a intimação dos arbitradores e do agrimensor e as partes são intimadas para apresentarem em 10 dias os seus títulos de propriedade e formular os seus pedidos de quinhões. 
Não se debate a cota parte na primeira fase, apenas é debatido se é co-propriedade e se o bem é divisível. Depois o juiz determina mais 10 dias para um se manifestar sobre o pedido do outro. Depois de mais 10 dias, o juiz decide o pedido dos quinhões. Com eles fixados, o juiz determina a medição do imóvel. 
É apresentado um laudo pelos arbitradores, que deve estabelecer a forma de divisão (não é mais quinhão, e sim como irá se dividir). Após isso, as partes têm 10 dias para impugnações, e depois o agrimensor realiza a divisão da área (projeto). Por fim, ele elabora um memorial e o escrivão lavra um auto de divisão. Ao final, o juiz profere um sentença homologatória de divisão. 
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Aula 10 – Rio, 08.10.14
EMBARGOS DE TERCEIRO - Art. 1046 a 1054 do CPC.
A própria nomenclatura já gera uma falsa impressão: que só terceiros poderiam entrar, o que não é verdade, pois partes podem entrar e alguns terceiros não podem entrar.
-Objetivo
Proteger o patrimônio de um terceiro contra uma indevida apreensão judicial. Exemplo: a penhora de um bem que não seja do executado – oficial de justiça vai à casa do executado para analisar bens que podem ser penhorados no processo de execução; oficial foi à garagem e viu que na vaga do apto. 101 (do executado) tinha um carro – irá penhorar este bem. Ocorre que este bem não é do executado, mas sim da sua mãe – então, a mãe do executado irá entrar com embargos de terceiro. 
-Fundamentos
Fundamentos para que terceiros não possam ser afetados por processos que não participam:
Eficácia inter partis das decisões judiciais -> art. 5º, inciso LIV da CRFB – garantia do devido processo legal: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. 
Condições da ação -> o processo só pode tramitar validamente quando estão prescritas as condições da ação, e uma destas condições é a legitimidade, então o processo só pode tramitar com relação a algumas pessoas – só podem estar nos pólos processuais as alegadas partes da relação de direito material (direito subjetivo) -> somente determinadas partes podem ser atingidas pelo processo. 
Estabilização da demanda -> art. 264 e art. 294 do CPC – estabelecem o fenômeno da chamada estabilização da demanda. A estabilização pode ser subjetiva ou objetiva. Após a citação do réu não se mudam mais as partes e depois do saneamento também não se muda e nem causa de pedir e nem pedido, nem com a concordância de todas as partes. Isso quer dizer que depois da estabilização outras partes não são mais afetadas por aquele processo.
Limites subjetivos da coisa julgada -> art. 472 do CPC – a coisa julgada não beneficia e nem prejudica terceiros, ou seja, a coisa julgada só alcança as partes. 
Ou seja, somente as partes podem ser atingidas por atos e decisões de um processo. 
No entanto, há quatro exceções em que a coisa julgada alcança terceiros – exceções ao art. 472 do CPC:
Substituição processual -> caso de legitimidade extraordinária: quando alguém defende em nome próprio o direito de outrem. Art. 6º do CPC: só cabe legitimidade extraordinária nos casos previstos em lei – quando a lei autoriza, o substituto e o substituído são alcançados pela coisa julgada (esse alguém que não foi parte é beneficiado ou prejudicado pela coisa julgado). 
Sucessão processual -> é quando há mudança no pólo processual por causa mortis ou inter vivos. 
Solidariedade ativa -> o pagamento a qualquer dos credores, alcança a todos, inclusive os que não participaram do processo. 
Aquisição de bem litigioso em fraude de execução -> art. 593 c/c art. 42
-Críticas à nomenclatura
O nome de embargos de terceiros é criticado. A própria nomenclatura embargos é ambígua:
Embargos podem ter natureza de ação – exemplo: embargos de execução 
Também podem querer significar autotutela, podem ter essa natureza às vezes – embargo extrajudicial de obra nova 
Podem significar recurso – embargos de declaração 
Embargos também podem ter natureza de defesa – embargos na ação monitória (sinônimo de contestação para alguns)
Os embargos de terceiro no CPC de 73 tem natureza de ação autônoma. Aqui no caso, então, quer dizer ação.
Além disso, não só quem é terceiro pode entrar, podendo as partes entrar também, além de que alguns terceiros não podem entrar. Por conta disso, alguns dizem que estes embargos deveriam se chamar embargos de oposição, pois poderiam ser opostos por partes ou por terceiros.
-Distinção de embargos de terceiro e outros institutos 
Os embargos de terceiro podem lembrar alguns outros institutos – diferenças entre 
Embargos de terceiro e recursos de terceiro
Recursos de terceiro: 
É endo processual (dentro da mesma relação processual e da mesma ação)
É elencado como recurso – princípio recursal da taxatividade: é recurso o que a lei diz que é recurso
 Tem objetivos específicos: busca a reforma, invalidação, esclarecimento ou integração de uma decisão 
O terceiro deve ser juridicamente interessado (deve demonstrar interesse jurídico para entrar com este recurso) 
Exige nexo de interdependência – o terceiro tem que demonstrar que ele é titular da relação principal ou da relação subordinada 
Todas essas características são diferentes de embargos de terceiro:
Embargos de terceiro não é recurso – não está no rol do art. 496
Formam nova ação e formam nova relação processual 
Embargos de terceiro não atacam a decisão – buscam apenas desconstituir uma constrição patrimonial
Para embargos de terceiro não se exige esse nexo de interdependência e normalmente o que vai ensejar os embargos de terceiro é exatamente pelo fato de não ter esse nexo. Nos embargos de terceiro o que ele vai falar é que não tem nada a ver com o caso, por isso que é preciso liberar a penhora do meu bem. Logo, não há interdependência, justificando porque tal bem não pode ser penhorado.
Semelhança: ambos são formas de manifestação de terceiro, mas se buscam coisas diferentes, têm requisitos diferentes.
-Embargos de terceiro e ações possessórias
Têm ponto comum: a violação indevida à posse. 
A diferença principal: 
Nos embargos de terceiro, a violação da posse decorre de uma decisão judicial – tem decisão que determina a indisponibilidade de bens, uma decisão que determina a penhora – quem faz a moléstia à posse é o poder judiciário. 
Na ação possessória, a moléstia à posse não decorre de decisão judicial, mas sim de um sujeito que resolveu invadir aquela posse.
-Embargos deterceiro e oposição
A oposição é uma das seis modalidades de intervenção de terceiro que existe. Oposição:
Modalidade de intervenção de terceiro
Gera uma nova ação, porém dentro do mesmo processo – é como se fosse uma reconvenção (que é pelo réu, enquanto que esta aqui é por terceiro)
O objeto da oposição é o debate sobre direito material – exemplo: a propriedade do carro é minha - razão pela qual na oposição, o opoente tem o desejo de que autor e réu sejam derrotados 
Embargos de terceiro:
Não é espécie de intervenção de terceiro 
Gera nova espécie e novo processo (não é intervenção em algo que já existe)
O objeto dos embargos de terceiro é a constrição patrimonial indevida – exemplo: o carro é meu. Ninguém está debatendo propriedade, o debate deste processo é crédito e o bem foi penhorado para satisfazer esse crédito, mas a propriedade não é a discussão aqui. O pedido aqui é a posse e não a propriedade 
É indiferente o debate se autor ou réu vai ganhar. O terceiro não tem interesse no resultado do processo principal. 
-Embargos de terceiro e defesa do executado
A defesa do executado:
Pode ou não ensejar nova ação e novo processo – dependendo do tipo de execução.
Normalmente é apresentada pela parte – pelo réu da execução -> não é mecanismo de terceiro, mas sim de parte
Busca atacar a regularidade processual da execução ou direito material 
Embargos de terceiro:
Normalmente é por terceiro (o outro é por parte)
Não atacam a execução, nem processualmente e nem no mérito. Os embargos de terceiro bastam apenas desfazer a constrição patrimonial 
-“Defesas” de terceiro no processo civil
Contra atos em processos judiciais, os terceiros tem vários mecanismos:
Pode entrar com recurso de terceiro 
Pode entrar com ação rescisória 
Pode entrar com defesa do executado
Pode entrar com embargos de segunda fase -> embargos de expropriação (art. 476 do CPC – depois da venda do bem, em até 5 dias, pode impugnar no leilão, na arrematação do bem)
Pode entrar com embargos de terceiro
-Modalidades de embargos de terceiro
 A CRFB no art. 5º, inciso XXXV (acesso à justiça): demonstra que os embargos de terceiro podem ser repressivos ou preventivos. Podem ocorrer após a constrição patrimonial ou na fase de ameaça (na fase de iminência de constrição patrimonial). Normalmente, ocorre após a constrição, pois é quando se toma conhecimento, que é quando o oficial de justiça bate à porta e informa. 
Mas pode ser que tome conhecimento antes, e ai já vai caber embargos de terceiro preventivo – pode ter visto no D. O. 
-Pressupostos de cabimento
1)Existência de um ato jurisdicional (decisões judicial e também decisões de arbitragem – juiz pode determinar isso de forma errada, e da mesma forma o árbitro pode cometer o mesmo erro) que determine uma constrição patrimonial.
Art. 1046 do CPC -> é o artigo que fala do cabimento de embargos de terceiro e traz 09 exemplos de atos judiciais cabíveis de apreensão, mas esse rol é exemplificativo. Exemplo: determinação de busca e apreensão não está no rol, mas pode ensejar embargos de terceiro; decisão que determina despejo de quem não seja locatário (decisão que viola posse de alguém. Locatário não pode sofrer ordem de despejo); decisão de reintegração de posse 
2)Inexistência de responsabilidade patrimonial primária ou secundária – art. 591 (devedor) e art. 592 (fiador) do CPC – é isso que demonstra que a constrição é indevida. 
-Bens tuteláveis em embargos de terceiro 
Pode ser objeto de proteção de embargos de terceiro qualquer bem que possa ser objeto de posse, penhora, alienação ou expropriação. Exemplo: linha telefônica, cotas sociais, ação, commodities, marcas e patentes, dinheiro, depósito, herança – todos esses tipos de bens podem ser objetos de posse, penhora, alienação ou expropriação, então posso protegê-los por embargos de terceiro.
-Legitimidade 
Ativa: 
1º grupo de legitimados) grupo que se enquadrar no art. 1046, caput c/c art. 1046, §1º: o terceiro senhor (dono) e possuidor ou apenas possuidor 
Polêmica: pode entrar o dono sem posse (senhor, mas não possuidor)? Exemplo: meu carro está em comodato. A doutrina que defende isso é a doutrina minoritária. A doutrina majoritária faz uma interpretação histórica: pegam a redação do CPC de 39 -> falava que podia entrar com embargos de terceiro o dono e o possuidor, mas o CPC de 73 não dizia isso, deixando de fazer menção ao dono sem posse, logo é uma omissão proposital – se o texto era mais abrangente e agora não é, o legislador não quis mesmo que o dono sem posse não pode proteger o seu bem dessa forma. A omissão no novo código deve ser entendida como uma mudança proposital é eloquente, então o dono sem posse não pode entrar. Mas Humberto Jr. não concorda com isso, compondo a doutrina minoritária, acha que o verdadeiro dono deveria poder entrar sim. 
Isso quer dizer que o detentor, claramente, não tem legitimidade. O detentor não tem nem propriedade e nem posse, logo está destituído de legitimidade. 
Promissário comprador de imóvel -> é o sujeito que ainda não é dono, mas está quase se tornando dono através de uma promessa de compra e venda, e a promessa já pode dar a posse. Porém, se a promessa ainda não estiver inscrita no RGI, ele pode entrar com embargo de terceiro: Súmula 84 do STJ: esse promissário pode entrar com embargos de terceiro. STF tinha a súmula 621 (antes da CRFB de 88): a promessa não transfere a posse, mas esse entendimento mudou com a súmula do STJ, pois é quem tem competência para falar sobre o tema.
Assistente simples -> se fala que pode entrar com embargos de terceiros para proteger bens de terceiro, pois ele atua para buscar o bem do assistido, mas com relação ao direito do assistido. Pode defender bens próprios de terceiros. 
Por esse primeiro grupo de legitimados, não tem legitimidade quem deveria ser terceiro, mas foi incluído como parte. Se torna parte, então a defesa é por contestação e não por embargos de terceiros. 
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Aula 11 – Rio, 10.10.14
2º grupo de legitimados) Art. 1046,§2º -> Equipara-se a terceiro a parte que defende bens, que pelo título de posse ou propriedade, não podem ser alcançados pela apreensão. A nomenclatura é então imprecisa, porque passa a falsa impressão de que embargos de terceiros são sempre por terceiros, porem vemos que aqui a parte poderá entrar. A parte entra com embargos quando a parte for defender um bem de terceiro. A parte pode agir em favor do terceiro – exemplo: indevida penhora do bem de um terceiro da aula passada – exemplo do carro: o carro era na verdade da minha mãe, mas acharam que era meu e penhoraram -> eu mesmo posso proteger bem de terceiro, falando que o bem não é meu, mas da minha mãe – continuo como devedor, apenas quero desfazer a penhora de um bem que não é meu, mas que é de terceiro. 
Alguns falam que na verdade isso é hipótese de legitimidade extraordinária, pois aqui temos a parte defendendo em nome próprio direito alheio. A lei está autorizando a parte defender um direito alheio do terceiro.
3º grupo de legitimados) Art. 1046,§3º -> considera-se terceiro o cônjuge do devedor, quando defende a posse de bens dotais, bens próprios, bens reservados ou bens de sua meação. Divido em algumas hipóteses:
Há uma polêmica sobre quando apenas um dos cônjuges é devedor – qual é a defesa que o cônjuge tem? Ele se torna parte ou é terceiro? Apresenta defesa do executado ou embargo de terceiro?
1ª hipótese -> quando o cônjuge também é parte, a defesa dele se dá por defesa do executado. Se o cônjuge for parte, se for o executado, ele jamais se defende por embargo de terceiro, mas sim com defesa de execução. A execução é contra a mulher e o homem, o exequente executou os dois. 
2ª hipótese -> se o cônjuge não estiver no pólo passivo, mas for o co-devedor (tem débito e tem responsabilidade – o bem dele responde), a defesa dele é por defesa do executado. É estranho, porque aqui ele é terceiro no processo, mas é co-devedor no direito material, então a defesadele é por defesa do executado. Na hora que ingressa, ele se torna parte.
3ª hipótese -> cônjuge que não está no pólo passivo e que não é co-devedor (não tem débito, não tem responsabilidade e não está no processo) e penhoram um bem dele erradamente, nesse caso caberá embargos de terceiro. 
4ª hipótese -> cônjuge que não esteja no pólo passivo, mas que é intimado da penhora de um imóvel tem duas opções:
a)O cônjuge pode apresentar defesa do executado, para atacar a execução. Ou seja, vai alegar um vício processual da execução ou um direito material. Se o cônjuge quiser ajudar o outro, vai dizer que não cabe execução. -> defesa do executado. 
b)Se ele quiser defender os seus bens, apresenta embargos de terceiro. Exemplo: bem do cônjuge que é apenas do cônjuge, e a dívida não reverteu em favor da família, ou seja, a dívida é só do primeiro executado, e penhoram erradamente bem do cônjuge que não tem nada a ver com o processo, podendo este então entrar com embargos de terceiro. Súmula 134 do STJ -> embora intimado da penhora do imóvel do casal (não está executado e foi intimado) o cônjuge do executado pode opor embargos de terceiro para defender a sua meação que não se comunique. 
Se não for para atacar o processo ou defender bem próprio (meação), não poderá opor embargos de terceiro. 
Ainda sobre esse §3º, cabe ressaltar que era muito recorrente na prática embargos de terceiro com base na penhora de bem indivisível, que hoje está regulado no art. 655-B (só veio em 2006 este artigo). 
Foi comum de 73 a 2006, embargos de terceiro pro cônjuge defender a meação no seguinte sentido: quando se tinha comunhão de bens, a divisão era em 50%, ou então o registro de imóveis já estabelecia que o bem era dividido em 50% entre os cônjuges, havia duas alternativas: ou penhorava-se tudo, expropriava 100% e entregava-se a cota parte do não devedor em dinheiro; ou então penhorar apenas a cota parte do cônjuge devedor, o que faria com que o não devedor passasse a ter co-propriedade com terceiro adquirente. A jurisprudência tinha julgado nos dois sentidos.
O CPC com o art. 655-B decidiu que é melhor não forçar essa co-propriedade com terceiro adquirente, devendo-se penhorar tudo e vender tudo, dividindo-se o equivalente entre os cônjuges. 
Às vezes cônjuge podia não querer penhorar a cota parte dele, mas só a do outro cônjuge. Essa defesa era feita com embargos de terceiro – falava que tinha penhorado indevidamente os 50% desse cônjuge não devedor, preferindo ficar com o imóvel e ter co-propriedade com terceiro adquirente. Depois de 2006, embargos de terceiro por esse fundamento não é mais possível, pois se tem que penhorar tudo e vender tudo, dividindo o valor 50% para cada cônjuge. Isso é feito para garantir o direito a receber o equivalente em primeiro lugar. 
4º grupo de legitimados) Art. 1047, inciso I -> cabem embargos quando a defesa da posse quando nas ações de divisão ou demarcação o imóvel for sujeito a atos de partilha ou fixação de multas. Ou seja, quando na ação de divisão ou demarcação de terras se procede à divisão, mas de forma equivocada, errando os limites, a parte do terceiro passa a ser atingida. Esse dono que a propriedade que está sendo invadida, é terceiro, e por isso entra com embargos de terceiro. Pede que os limites que ficaram decididos na demarcação sejam respeitados através de embargos de terceiro. 
5º grupo de legitimados ativos) Art. 1047, inciso II -> o credor com garantia real para impedir a venda do bem, que é objeto de hipoteca, penhor ou anticrese. Quando esse sujeito é terceiro (banco) e defende um bem que não é dele (de um quarto), mas tem interesse em fazer isso, porque o bem foi dado em garantia. Esses embargos de terceiro vão ter que se fundar na tese de que há outros bens livres do devedor. 
Passiva 
1º grupo de quem será réu) sempre e obrigatoriamente o autor do processo em que foi determinada a apreensão judicial -> é o autor da execução, pois foi ele que deu causa à penhora (à apreensão). Será afetado o exequente que pediu a penhora, pois se pedirá que este bem seja despenhorado. 
O debate envolve o seguinte: se o réu do processo originário é litisconsorte necessário passivo ou não o entendimento majoritário segue no sentido de que só há litisconsorte necessário, quando o réu for o responsável ou um dos responsáveis pela apreensão indevida. 
Exemplo 1: execução de A contra B. Penhoram o bem de C. O C entra só contra A, quando B não tiver tido participação na penhora. -> A pediu execução de 500 mil reais, mas o B nunca informou que o carro na garagem não era dele, mas sim do seu tio e o B não estava presente na hora da penhora, não estava presente na hora que o oficial de justiça estava na garagem, logo não tem culpa nenhuma. O exequente (A) será culpado, porque deu causa à apreensão. B não teve culpa na indicação indevida daquele bem.
Exemplo 2: Se o próprio executado arrolar bem que não era dele (quando oficial de justiça não achar bem nenhum para ser penhorado e se requer que o executado faça esse rol indicando bem que existe para ser penhorado), mas de terceiro, se divide a culpa: quem deu causa à apreensão (o exequente) e o executado-> aqui o litisconsórcio passivo necessário é obrigatório. 
-Intervenção de terceiro em embargos de terceiro
Embargos de terceiro têm natureza de ação autônoma de conhecimento. Se é processo de conhecimento, não tem incompatibilidade procedimental de ter intervenção de terceiro em embargos de terceiro. 
-Pedidos que podem ser formulados em embargos de terceiro
Temos que analisar se os embargos de terceiro são preventivos ou repressivos.
Preventivos -> o pedido vai ser de impedimento da concretização da constrição. 
Repressivos -> o pedido vai ser desconstitutivo, no sentido de desfazimento da constrição.
Não cabe cumulação de pedidos em embargos de terceiro, diferente do que vimos nas outras ações. Se quiser entrar com indenização, terá que entrar à parte com uma ação indenizatória.
Outro pedido descabido em embargos de terceiros é o de declaração de propriedade. Em embargos de terceiro se debate posse, ainda que se fale em propriedade. Não se quer a declaração de propriedade aqui, mas sim o de posse. Então não cabe pedido de declaração de propriedade. O pedido é possessório, impedindo que a lesão à posse se concretize. 
-Competência
Segue o art. 1049 do CPC -> é competente para embargos de terceiro o juízo perante o qual tramita o processo originário – onde corre o processo principal. E os embargos de terceiro por este artigo, não deveriam ser apensados aos autos originais. 
Essa fixação de competência é critério absoluto de competência. Chama-se de competência funcional (divisão de atribuições) – se os embargos de terceiro correram em uma vara que não é a do processo original, ocorrerá incompetência absoluta, tendo nulidade das decisões de embargos de tercero,q eu tiverem sido proferidas pelo juízo incompetente.
Exceções – embargos de terceiro poderão validamente correr perante juízo que não é o do processo principal:
Quando há escolha do bem pelo juízo deprecado – caso de carta precatória. Exemplo: execução de A contra B no RJ. Acham que B tem bem em SP e aí manda carta precatória para lá, e o juízo de SP faz a penhora, mas penhoram bem de C. SP estava apenas cumprindo ordem do Rio, então o erro é do Rio, logo tem que correr no juízo Rio. 
Mas se Rio manda carta precatória para SP, falando para penhorar bens do executado que existirem em SP. SP é que escolhe o carro indevidamente C, então o erro é SP, logo será este o juízo.
Autos principais em grau de recurso – o problema é saber em que instância vai entrar com embargos de terceiro: na originária ou na instância recursal 
O entendimento majoritário é que os embargos de terceiro não acompanham a instância em que o processo está, porque os embargos de terceiro são sempre de primeira instância. Ainda que o processo esteja com o desembargador e o ato seja do desembargador, vai ter que entrar com embargos de terceiro na primeira instância – ação de conhecimentoé sempre na primeira instância. Não tem que acompanhar onde os autos estão, pois não é uma competência de tribunal. 
Independente do processo estar em grau de recurso, os embargos de terceiro têm que entrar em primeira instância, onde correu o processo principal. 
Ato determinado por árbitro - Vai pro judiciário ou vai para arbitragem os embargos de terceiro?
Se quem determinou a apreensão foi o árbitro, pelo artigo se entende que deveria ir para o árbitro. Mas só estão sujeitos à arbitragem as pessoas que participem da cláusula compromissória, ou seja, as partes que participem da convenção de arbitragem – por essa regra da arbitragem, vai pro judiciário ou para a arbitragem? DEPENDE -> depende se terceiro participou ou não da convenção de arbitragem. 
Se por qualquer motivo estranho o terceiro participa da convenção de terceiro, os embargos de terceiro por serem processo de conhecimento, vão para a arbitragem. 
Se o terceiro não participou da convenção arbitral, vai ser no poder judiciário. 
Embargos de terceiro por ato praticado determinado por juízo criminal
Pode determinar arresto ou sequestro – vai correr em vara criminal ou cível? Art. 130 do CPP -> embargos de terceiro vão correr no juízo criminal. Ou seja, acaba seguindo a regra do art. 1049: vai para o juízo que estava tramitando.
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Aula 12 – Rio, 17.10.14
-Prazo para ajuizamento 
O prazo vem no art. 1048 do CPC. O prazo para ajuizamento é decadencial – tem natureza decadencial, que gera os reflexos do direito civil da decadência – exemplo: não pode suspender nem se interromper prazo decadencial, ao contrário da prescrição. Se o prazo se consumou, ele não se prorroga pro primeiro dia útil (como é na prescrição), se o prazo decadencial acabou no sábado, então o direito acaba no sábado mesmo, não tendo como prorrogar. Quando for falar de prazo em embargos de terceiros não será prescricional, mas sim decadencial. 
O prazo varia conforme seja o processo onde surge a decisão. A decisão judicial manda apreender o bem, vender o bem, etc. e esse algo viola a posse de terceiro ou da parte – vemos o prazo de acordo com o processo.
1º prazo) Se a decisão vem num processo de conhecimento, o prazo para embargos de terceiro é até o trânsito em julgado da sentença de conhecimento. Exemplo: na fase de conhecimento, o sujeito pode ganhar tutela antecipada e o juiz determina a apreensão de um bem, vai poder entrar com embargos de terceiro até a sentença, quando já tiver tendo apelação, quando tiver tendo recurso especial, quando entrar com agravo, e só quando for protocolado o último dos recursos possíveis, e aí transita em julgado o processo de conhecimento, aí sim acabará este prazo. 
2º prazo) A apreensão ter sido determinada numa execução por quantia certa -> O prazo é o que ocorrer primeiro: Ou 5 dias após a expropriação do bem ou até a assinatura da respectiva carta de expropriação – o que ocorrer primeiro. Leiloeiro vendeu o bem, tem até 5 dias pra frente para entrar com embargos; e vai ser antes de 5 dias, se assinatura da carta ocorrer primeiro. 
OBS.: E se ocorrer em sede de processo cautelar? O CPC não fala, mas a solução da doutrina é: processo cautelar sempre tem como objeto um processo principal – busca garantir a efetividade de uma tutela que será dada em outro processo. O processo principal ou será de conhecimento ou uma cautelar, aí será a regra do art. 1048 -> se é de conhecimento, será até o transito em julgado deste; se for cautelar, vai ser até 5 dias após a expropriação do bem ou até a assinatura da respectiva carta de expropriação.
Extrapolado o prazo, o terceiro ainda tem algum meio para tentar proteger seu bem? O STJ diz que a decadência é apenas de entrar com embargos de terceiro e não para proteger o bem. Pode ter havido decadência para entrar com embargos de terceiro, mas o sujeito pode ter prazo ainda para entrar com mandado de segurança. Pode ter cabimento de ação possessória. Acabar o prazo significa que o terceiro não pode proteger o bem por embargos de terceiro apenas. 
-Procedimento 
Art. 1050 em diante do CPC.
1)Petição inicial -> requisitos gerais + requisitos específicos: deve-se trazer prova sumária da posse. Mas o art. 1050,§1º fala que essa prova sumária da posse pode ser produzida em audiência preliminar – pode não ter prova documental na petição inicial, mas pode ser que consiga arrolar 10 testemunhas para arrolar a posse, marcando audiência preliminar e aí se prova. 
Também tem que ter a prova da qualidade de terceiro. Observações:
A prova da qualidade de terceiro é quando os embargos forem realmente por terceiro. Porque existem hipóteses em que os embargos de terceiro é pela parte. 
Se prova isso através de certidão de distribuição de processos. Mostra que não é parte do processo na qual se originou a decisão. 
Dispensa-se essa prova quando os embargos de terceiro forem tramitar no mesmo juízo do processo original. Porque em regra, os embargos correm na própria vara, mas se os autos já estiverem em grau de apelação os juiz já não tem os autos no seu próprio cartório, e aí vai precisar fazer esta prova. A mesma coisa ocorre quando estiver no juízo deprecado. 
Deve-se apresentar rol de testemunhas, sob pena de preclusão, segundo o STJ. Ou seja, perda do direito de produzir a prova. 
2)Possibilidade de liminar inaudita altera partis -> arts. 1051 e 1052 – a liminar antes da citação do réu. Para o embargante ficar na posse do bem, ele tem que prestar caução suficiente e idônea Isso ocorre, por conta da hipótese dos embargos serem julgados improcedentes – só que até isso ocorrer, o bem fica com o embargante, ou seja, ficará na posse do embargante durante determinado momento, só que erradamente, prejudicando quem deveria estar na posse, então essa caução é para indenizar quem corretamente deveria ter tido posse. 
A polêmica é se a caução é obrigatória ou não. Pela interpretação literal, a caução seria obrigatória para o embargante ficar na posse do bem. Mas a doutrina majoritária diz que a prestação de caução é exercício de poder geral de cautela (art. 796 a art. 798), em que o juiz pode determinar medidas para garantir uma tutela. Na cautelar, o juiz pode exigir a garantia e também dispensar garantias. A caução é uma cautelar em espécie, então a teoria geral da cautelar aplica-se para caução. Então o juiz pode, justificadamente, dispensar caução, tendo comprovação de que o terceiro tem razão, podendo o juiz dispensar a apresentação de caução. 
3)O juiz dá uma decisão no início do processo sobre a suspensão do processo principal – o juiz vai esclarecer na decisão qual o alcance da suspensão do processo principal, ou seja, se o processo principal fica inteiramente ou parcialmente paralisado. 
Tem que analisar se o bem é o único objeto do processo principal ou não. Exemplo: uma ação para entrega de uma coisa certa. É uma ação que tem um objeto único. Como 100% do objeto do processo principal é aquele único bem, então 100% do processo principal fica suspenso inteiramente com os embargos de terceiro.
O bem objeto dos embargos de terceiro é apenas um dos bens do processo principal. Exemplo: ação de entrega de 5 coisas e apenas uma dessas coisas é impugnada por terceiro, então não tem porque suspender o processo principal das outras 4 coisas – a suspensão do processo principal será parcial. 
4)Citação do réu -> art. 1053 – o prazo é para o réu apresentar resposta em 10 dias (praz diferente de 15 dias – prazo de 10 dias é o prazo de procedimento especial). Cabe contestação, exceções, impugnações e o majoritário é que não cabe reconvenção, porque o processo é dúplice: quando os réus forem contestar, eles já estão impugnando a própria posse, e quando contesta já diz quem tem que ficar com a posse. 
5)Apresentadas as respostas, o embargos de terceiro seguem o rito cautelar – art. 1053, parte final. Ou seja, não quer dizer que essa ação é cautelar, é uma ação de conhecimento. É ação de conhecimento, mas dizer que segue o rito da cautelar querdizer que deve seguir um rito mais célere.
6)Sentença dos embargos de terceiro -> Natureza jurídica da sentença de improcedência: 
Os embargos de terceiro preventivos se diz que é uma sentença condenatória a uma obrigação de não fazer (exemplo: não apreender, não confirmar a penhora).
Os embargos de terceiro repressivos são desconstitutivos, buscando desfazer a constrição patrimonial – que desfaça o sequestro, o arresto – ou seja, é desfazer a posse.
Nunca é objeto de sentença a declaração de propriedade. Um dos pedidos vedados é a declaração de propriedade, logo a sentença não pode dar essa declaração. 
O juiz só está falando para despenhar, porque a posse é de terceiro ou porque a propriedade é de terceiro (mas essa justificativa não vem na parte dispositiva, logo não faz coisa julgada. Isso só vem na fundamentação).
7)Apelação 
Regra geral do art. 520, caput: apelação como regra não tem efeito suspensivo automático. A polêmica é que esse art. 520 tem incisos, em que tem exceção ao efeito suspensivo automático, tendo polêmica se os embargos de terceiro entrariam na hipótese do inciso V, em que se mencionam embargos de declaração, então se deveria ler apenas “embargos” – como é exceção, exceção é hipótese restritiva. 
AÇÃO MONITÓRIA
Art. 1102-A, -B, -C. No CPC de 73, não existia ação monitória. Esta só foi incluída pela reforma de 95 – e por isso se usa a técnica das letras (-A, -B, -C), quando se coloca um artigo entre o outro sobre determinado tema. A técnica legislativa é que quando se cria artigo com letra, a letra tem que ser um traço seguido por letra maiúscula. É copiada da ação monitória italiana.
-Característica principal
Seu objetivo principal é abreviar/acelerar a formação do título executivo judicial, caso o réu da monitória não apresente defesa. 
Se eu não entrar com ação de conhecimento, mas com monitória e o sujeito não apresenta defesa, no dia seguinte já está formado o título executivo judicial – automaticamente surge o título e no 16º dia em diante já forma coisa julgada. 
Se o réu apresentar defesa na monitória, não há o menor ganho de velocidade, porque segue como processo de conhecimento normal.
É opção de se ter um título executivo de forma rápida. É uma vantagem muito maior do que correr a revelia. 
-Projeto de novo CPC
Uma das versões substitutivas do novo CPC retirava ação monitória. E aí não é porque a comissão de juristas queria acabar com a monitória, mas porque quem ficou responsável pela ação monitória não participou da reunião em que decidiram que deveria se manter esta ação. E quando entregou a versão final, sentiram falta da ação monitória. Só foi incluída novamente na versão do Senado e da Câmara. 
A dúvida é se ela é regulamentada de forma mais concisa ou com mais detalhes. Mas irá continuar, apesar de ter sido deixada de fora no projeto principal. 
-Natureza jurídica
Gera divergência na doutrina:
1ª corrente) Vicente Greco Filho -> a monitória tem natureza de processo executivo. 
2ª corrente) Humberto Teodoro Jr. e Dinamarco -> monitória tem natureza jurídica de tutela monitória.
3ª corrente) Câmara (majoritária) -> monitória tem natureza de ação de conhecimento. 
-Pressupostos
A monitória tem pressupostos específico de cabimento, então por isso é dificilmente utilizada.
1)O primeiro pressuposto é prova escrita* – 1102-A: tem que ser uma prova escrita de obrigação de pagar quantia (de pagar dinheiro), entrega de coisa fungível ou de bem móvel determinável -> só cabe monitória para estas hipóteses. *Requisitos dessa prova escrita:
A prova tem que ser documentada e não meramente documentável. Ou seja, a prova tem ser escrita literalmente – mera reprodução de imagem e de som não é considerada prova escrita. 
Mas alguns autores falam que se pode fazer uma degravação ou uma transcrição da conversa, tendo a transformação da prova oral em escrita. O majoritário é que se pode ir num ofício de notas e pedir essa transcrição em ata notarial. Ser for prova oral, tem que ser reduzida a termo. 
O título monitório (prova escrita) não tem que ser sobre um único documento, pode ser um conjunto de documentos. Não se exige que seja apenas um único documento.
É essencial a participação do réu nos documentos – tem que ter uma assinatura dele, a fim de comprovar a participação dele. Tem que ter participação do devedor na prova escrita. 
Esse papel não tem a menor formalidade, pode ser escrito num papel de pão, num guardanapo. 
Ao contrário do título executivo, para fins de monitória não se exige nenhuma testemunha no documento, porém se exige que o documento seja líquido, que o documento fale o que tem que ser entregue ou o quanto tem que ser pago. Se não tiver valor no título, se não tiver liquidez, não é título executivo e nem título monitório. Se não tiver, será processo normal de conhecimento.
A prova escrita não necessariamente tem que ter eficácia de título executivo, pois se a prova for qualificada o autor não entrará com monitória, mas sim direto com execução. A monitória está entre o conhecimento e a execução, não se tem neste caso um título tão bom quanto um título executivo. Não se exige que seja um título executivo, e por isso se entra com a monitória. 
Exemplo 1: monitória com base em título prescrito Súmula 299 do STJ (cabe monitória fundada em cheque prescrito) e Súmula 503 do STJ (cabe monitória por cinco anos). O cheque é título executivo, o fato de estar prescrito não quer dizer que a obrigação não existe. Quer dizer que continua tendo obrigação, mas não pode mais ser executado, podendo entrar com ação monitória. Cheque prescreveu, mas o direito de crédito ainda não prescreveu – não pode entrar com execução, mas pode entrar com monitória. 
Exemplo 2: Súmula 504 do STJ – a nota promissória tem o mesmo debate. 
Exemplo 3: confissão de dívida -> é instrumento particular que tem a participação do devedor e não tem as duas testemunhas, não podendo ser qualificado como título executivo, sendo título monitório. 
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Aula 13 – Rio, 22.10.14
-Interesse processual
Para monitória tem que haver prova escrita com participação do devedor. Quando não houver prova escrita, não cabe monitória, só caberá ação de conhecimento comum. 
Mas às vezes essa prova escrita chega a ser um título executivo – neste caso, tem que analisar se havendo título executivo cabe monitória ou se só cabe execução:
Se a prova escrita for um título executivo extrajudicial, entende-se que há interesse para monitória. Porque a monitória busca um título executivo de outra espécie, que é o judicial. E o rito das execuções é diferente (extra e judicial), e em tese o da judicial é mais favorável ao credor (tem a multa do art. 475-J – multa de 10%; a defesa do executado é mais restrita, não podendo o réu alegar qualquer manteria). A monitória busca acelerar a formação de título executivo – o sujeito pode dar sorte de ganhar um título judicial, sendo uma execução mais vantajosa. Credor tem essa possibilidade de transformar título extrajudicial em judicial através de ação monitória, que é mais célere. 
Se o título executivo for judicial, não pode entrar com ação monitória, pois falta interesse adequação para ingressar com esta. O objetivo da monitória é formar título judicial, se o sujeito já tem este título não faz sentido entrar com um processo para ter uma coisa que já tem. 
-Capacidade processual
Ativa: A primeira dúvida que existia é se o incapaz poderia ser autor de monitória, mas já é amplamente majoritário e pacífico que se estiver devidamente representado, o incapaz pode ser autor de monitória. 
Também havia polêmica se a Fazenda Pública podia ser autora de monitória – o entendimento amplamente dominante é que a Fazenda Pública também pode ser autora de ação monitória. Mas a doutrina fala que só pode ocorrer isso, se o crédito da fazenda não puder ser inscrito em dívida ativa.
Passiva: A polêmica que ainda tem divergência é com relação ao pólo passivo. 
Com relação ao incapaz há duvida se este pode ser réu.O entendimento minoritário (Dinamarco) sobre incapaz é que incapaz pode ser réu de monitória, quando devidamente representado. 
Porém, o entendimento majoritário (Câmara) sustenta que o incapaz não pode ser réu, porque a monitória pode causar prejuízo ao incapaz, uma vez que pode ter título executivo mais rápido contra ele, e como não é uma pessoa plenamente capaz se defendendo, dependendo de outra pessoa que faça a sua defesa, e a não defesa pode gerar a monitória, isso poderia ser prejudicial ao incapaz, que não pode fazer a sua própria defesa; além disso, quando o incapaz é réu se exige a intervenção do MP e não há previsão do MP na monitória, havendo uma incompatibilidade de rito da monitória com a intervenção do MP. 
Sobre a Fazenda Pública ser ré existe a Súmula 339 do STJ: cabe ação monitória contra a Fazenda Pública, sendo este entendimento amplamente majoritário. Mas para corrente minoritário não poderia. 
-Procedimento
1)Petição inicial -> tem que vir acompanhada da prova escrita da obrigação e descrição dos fatos que geraram o documento – na execução basta apresentar o cheque, mas na monitória tem que explicar o que originou o cheque, como por exemplo, uma compra e venda. Tem que ter uma justificativa sobre os fatos que geraram o instrumento. 
2)Apresentada a petição inicial o juiz vai analisar se aquilo é um título executivo – juízo de admissibilidade da inicial. A decisão do juiz que recebe a inicial, o “cite-se” dele na monitória é “cite-se” com expedição de mandado monitório, que traz a ordem de pagar ou de entregar. Na de conhecimento é “cite-se para se defender”, mas aqui é “cite-se para fazer algo”. 
O título surge sem sentença e por causa disso tem polêmica sobre a natureza dessa decisão (“cite-se e manda pagar/entregar” – mandado monitório – decisão que tem uma ordem) que se manda citar, que é a única decisão que se tem até então: 
Nelson Nery Jr. -> esse ato do juiz é um mero despacho, sem qualquer conteúdo decisório
José Rogério (USP) -> fala que é uma decisão com força de sentença 
Bermudes -> essa decisão é na verdade uma sentença definitiva condenatória (sentença do art. 269 do CPC) com aptidão para formar coisa julgada material
Alexandre Câmara -> essa decisão é uma sentença liminar (no início do processo) com conteúdo condenatório sem conteúdo declaratório, ou seja, sentença incompleta – parte condenatório: pague/entregue, mas sem conteúdo declaratório, não tendo a parte que você deve mesmo. A parte declaratória viria após a inércia do réu – surgiria abstratamente a declaração de que se reconhece que deve, formando-se, então o título executivo extrajudicial
Humberto Teodoro Jr. e Eduardo Talamini -> a natureza jurídica dessa decisão é decisão interlocutória. 
A maioria da doutrina fica entre ser decisão interlocutória e sentença. O art. 503 fala que só não cabe recurso contra despacho e apesar de ficarem nesse debate de ser decisão interlocutória ou sentença, vão falar que essa decisão é irrecorrível, sendo coerente, portanto, apenas Nelson Nery Jr. 
3)Citação do réu -> cabe citação ficta na monitória? Havia polêmica se cabia citação por edital na monitória. A monitória é gravosa, então seria muito grave cabe citação por edital na monitória? No processo de conhecimento comum já gera danos, mas é menos grave, gerando apenas revelia, mas aqui gera procedência direta do pedido o réu revel. Apesar disso, a súmula 282 do STJ diz que cabe citação por edital em ação monitória. Se não há proibição, então se aplica a regra geral do CPC. 
4)Posturas do réu -> a citação se dá através de um mandado monitório que traz ordem e entrega ou pagamento em 15 dias, contado conforme do art. 421, juntando-se o comprovante aos autos da citação. 
a) Realizado o pagamento ou a entrega em 15 dias, o art. 1102-C,§1º fala que o réu fica isento de custas processuais e honorários de sucumbência. O objetivo desta regra é estimular o adimplemento, porque se não adimplir, vai ter que embargar demorando mais ainda. Mas então quem paga é o autor, sendo ao mesmo tempo prejudicial para o autor. Por isso a doutrina diz que deveria ficar isento dos honorários advocatícios. 
b) Neste prazo de 15 dias, o réu pode adotar uma outra postura: pode apresentar embargos monitórios. Para a Fazenda Pública esse prazo é contado em quádruplo ou não? Depende da corrente que se adota sobre a natureza dos embargos - art. 188 do CPC: 
Eduardo Talamini -> fala que o prazo para os embargos monitórios é simples, porque não têm natureza de contestação.
Nelsol Nery Jr. e um julgado do STJ -> aplica-se o art. 188, ou seja, o prazo em quádruplo, porque os embargos teriam natureza de contestação. 
c) A última postura possível do réu após a citação é ficar inerte nos 15 dias – pelo art. 1102,-C, caput e §3º a inércia do réu gera a formação automática de título executivo judicial. Isso é totalmente diferente da revelia, que gera mera presunção relativa de veracidade dos fatos e não procedência automática do pedido e nem a formação automática de título executivo. 
-Natureza jurídica dos embargos 
1ª corrente) O STJ em único julgado sobre o tema, Alexandre Câmara, Humberto Teodoro Jr -> os embargos monitórios têm natureza de contestação, então não formam um processo novo, ao contrário dos embargos de execução. Apresentados os embargos, converte-se o procedimento em comum ordinário – art. 1102-C, §2º do CPC. Consequências de se considerar contestação:
Fazenda Pública deveria ter prazo em quádruplo
Deveria se aplicar o princípio da eventualidade sob pena de preclusão – toda matéria defensiva, ainda que contraditória entre si, deve ser trazida.
2ª corrente) Embargos têm natureza de ação autônoma de conhecimento. Consequências: Se for Fazenda Pública não tem prazo em quádruplo; / A não apresentação de embargos não geraria preclusão. 
-Respostas -> Além dos embargos monitórios, cabem as outras respostas? Contestação não cabe, porque cabem embargos – então, a defesa é embargos. 
Mas e as outras modalidades (suspeição, impedimento, exceção de incompetência e reconvenção)? Cabe. 
Com relação à reconvenção Súmula 292 do STJ: a reconvenção é cabível na ação monitória, porque não é mais procedimento especial, uma vez que quando se apresentam embargos deixa de ser procedimento especial, passando a ser procedimento comum ordinário, cabendo, portanto, reconvenção. E as outras modalidades também se aplicam, 
-Autuação dos embargos -> não são autuados em apartados, eles correm nos mesmos autos. Isso gera problema, pois vão falar que cabe contestação, então. Mas isso não se aplica. 
Segundo o art. 1102-C, os embargos monitórios não exigem garantia do juízo – não precisa depositar/entregar coisa para apresentar defesa. 
Apresentados os embargos, suspende-se a eficácia do mandado – ou seja, a ordem de pagar ou entregar fica suspensa, de acordo com a extensão dos embargos – exemplos: a ordem é de entregar duas coisas, mas só embarga a 1ª -> no 16º dia gera-se mandado para entregar a 2ª, gerando título executiva. Ou seja, se não embargar totalmente, a parte não embargada gera título executivo no 16º dia. No final do prazo dos embargos, forma-se título executivo. 
Há possibilidade de emenda? Se entende que é igual á contestação, não cabe emenda, sem chance de corrigir o vício. Se entende que é ? 
-Resposta aos embargos
O embargado tem que ser intimado para responder os embargos. Alguns vão chamar de contestação (se achar que é processo novo), outros de impugnação e outros de réplica – isso gera consequências no prazo: contestação e impugnação são 15 e réplica são 10. Como não tem uma regra estabelecida, depende do que se entende e, além disso, se diz que quando a parte e nem o juiz decide, se entende que o prazo é de 5 dias. 
Ausência de resposta dos embargos gera revelia? O majoritário é que ausência de resposta não gera revelia, porque já tem a presunção de um título a favor dele e ele já acusou. Então independente do prazo que se dê ao instrumento defensivo, o majoritário é que a ausência de resposta não gera revelia.

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