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DANOS ESTÉTICOS ALEX SANDRO VASCONCELOS DE ARAÚJO ALEX SANDRO VASCONCELOS DE ARAÚJO DANOS ESTÉTICOS Trabalho apresentado a Professora Karina Smith Chaves da disciplina Responsabilidade Civil Direito, da turma 90441 NA, turno noturno do curso de Direito da Faculdade Maurício de Nassau. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..................................................................................p.04,05,06 2. CASO CONCRETO- JURISPRUDÊNCIA....................................................p.07 3. ANÁLISE DO CASO CONCRETO.........................................................p.08,09 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................p.10 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................p.11 6. ANEXOS...........................................................P.12,13,14,15,16,17,18,19,20,21,22 NATAL, RN ABRIL-2013 INTRODUÇÃO Na atualidade estamos em constantes mudanças no âmbito da responsabilidade civil onde, novas leis tutelam o princípio da dignidade da pessoa humana valorando desta maneira o cidadão em face de quaisquer lesionamento e ato ilícito contra o individuo na sociedade. Portanto, demonstrarei no decorrer deste trabalho o conceito de danos estéticos o entendimento dos tribunais, e de sua cumulação com danos morais corroborados posteriormente no caso concreto jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Conforme vem sendo delineado pela jurisprudência brasileira, o dano estético consiste em dano autônomo de caráter não patrimonial. Logo, embora haja corrente doutrinária que afirma o contrário, o dano estético consiste em dano distinto do dano moral (embora o primeiro para restar configurado necessite que o segundo também seja promovido pelo mesmo). Segundo Tereza Ancona Lopez, dano estético pode ser conceituado da seguinte maneira (1): “qualquer modificação duradoura ou permanente na aparência externa de uma pessoa, modificação esta que lhe acarreta um “enfeamento” e lhe causa humilhações e desgostos, dando origem, portanto, a uma dor moral”. Não ingressando em debate que busque discutir, ou mesmo identificar, o que é bonito ou belo, evidente é que quando se discute sobre dano estético está se discutindo lesão à beleza física ou, mais sucintamente, à imagem física de um indivíduo. Tem-se que o dano estético consiste em ofensa aos direitos de personalidade da pessoa humana. Isto pelo fato de os mesmos consistirem em prerrogativas do indivíduo em relação às diversas dimensões que integram sua pessoa, dentre as quais se inclui o direito à integridade física, que, por sua vez, constitui-se mediante alguns elementos, conforme explicita Tereza Ancona Lopez (2): “fazem parte dessa integridade a saúde física e a aparência estética; por isso afirmamos ser o dano estético, (...), uma ofensa a um direito da personalidade”. Na seara da responsabilidade civil, para a configuração do dano estético e, dessa maneira, para o ensejo de uma reparação pecuniária que vise compensar o mesmo, não existe necessidade de que tal dano consista em lesão de alta gravidade (como, por exemplo, no caso de promover cicatriz evidente em parte visível do corpo humano, ou mesmo amputação de membro). Basta simplesmente que a pessoa, vítima da lesão, tenha sofrido alteração que promova com que a mesma não possua mais a aparência que possuía antes de sofrer a lesão. Mas sucintamente: após o dano ocorre desequilíbrio entre passado e presente, sendo que tal modificação é para pior. Para que o dano estético seja configurado é necessário que haja, necessariamente, todas as seguintes características: Existência do dano à integridade física da pessoa. Ou seja: lesão que promova “enfeamento” à imagem externa da pessoa atingida, sendo que tal alteração deve ser para pior. A lesão promovida deve ser duradoura, devendo ser permanente ou, pelo menos, possuir efeito dano por tempo prolongado. Caso contrário, não há dano estético propriamente dito, mas sim atentado reparável à integridade física ou lesão estética passageira (estes se resolvem mediante a exigência de perdas e danos habituais). Não há necessidade de a lesão ser aparente. Ou seja, não existe necessidade que a mesma seja facilmente vista por terceiros. Basta somente que a mesma exista no corpo, mesmo que resida em partes nem sempre em evidência (partes íntimas, por exemplo). Dessa forma, conduto não menos importante, aliás, muito pelo contrário, em se tratando do ponto mais importante a ser evidenciado quando se promove a conceituação de dano estético, há de ser ressaltado que o dano estético necessariamente enseja dano moral. Ou seja: persiste a necessidade da lesão à imagem externa da pessoa proporcionar à mesma um “mal-estar”, ou melhor, humilhação, tristeza, constrangimento, enfim, menos feliz em virtude do sofrido. Mais sucintamente, a ofensa à integridade física deve para o dano estético ser configurado promover sofrimento moral, sendo que este dano moral promovido pelo dano estético é puro, ou seja, não tem reflexo algum no patrimônio do lesionado. Em resumo, pode-se afirmar que são quatro os elementos que caracterizam o dano estético: piora na aparência, irreparabilidade, permanência e sofrimento moral. Por fim, como ponto válido, cabe ressaltar que, em virtude do dano estético pode ser promovido, além do dano moral evidentemente, dano material (por exemplo, funcionária pública que tem a mão e parte do antebraço amputados, caso concreto deste trabalho). Frise-se, que a parte estética de uma pessoa pode ser o que ela tem de mais belo, precioso e consequentemente de primordial importância para seu labor, ficando cristalino que uma marca estética pode causar problemas de mais alto grau para vida de um ser lesionanando a sua dignidade, modificando sua vida e corpo para sempre causando sofrimento e sequela permanente. Desse modo, é certo afirmar que a responsabilidade civil tem o cunho de proteger e tutelar o direto de todos os cidadãos que necessitem da proteção de seus direitos contra atos ilícitos provocados aos mais vulneráveis, resguardando os princípios constitucionais de nossa Carta Magna. CASO CONCRETO JURISPRUDÊNCIA Supremo Tribunal Federal DJe 09/10/2012 Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 13 25/09/2012 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 697.802 CEARÁ RELATOR :MIN. DIAS TOFFOLI AGTE.(S) :ESTADO DO CEARÁ ADV.(A/S) :OTHAVIO CARDOSO DE MELO AGDO.(A/S) :DELMA DA COSTA RODRIGUES ADV.(A/S) :DEODATO JOSÉ RAMALHO NETO EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Omissão do poder público. Elementos da responsabilidade civil estatal demonstrados na origem. Danos morais e estéticos. Reexame de fatos e Provas. Impossibilidade. Precedentes. 1. O Tribunal de origem concluiu, com base nos fatos e nas provas Dos autos, que restaram devidamente demonstrados os pressupostos Necessários à configuração da responsabilidade civil subjetiva da Administração Pública pelos danos causados à agravada. 2. Inadmissível, em recurso extraordinário, o reexame de fatos e provas dos autos. Incidência da Súmula nº 279/STF. 3. Agravo regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Senhor Ministro Dias Toffoli, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Brasília, 25 de setembro de 2012. MINISTRO DIAS TOFFOLI- Relator ANÁLISE DO CASO CONCRETO No caso talante, a indenização por danos estéticos é devida à Autora em razão dos prejuízos advindos com adepreciação da sua imagem, decorrentes da deformidade física permanente que passou a apresentar a partir do acidente (falta da mão e de parte do antebraço direito), enquanto que a indenização por danos morais funda-se na dor e no sofrimento oriundos da lesão física suportada pela Autora, que demandou submissão à procedimento fisioterápico, bem como o seu afastamento do trabalho durante um longo período de convalescença. No entanto, a funcionária pública DELMA DA COSTA RODRIGUES lotada no Hospital Albert Sabin Estado do Ceará, notou que havia esquecido a chave do ambulatório onde trabalhava. Conquanto não tenha havido ordem expressa da Administração Pública para que a apelada retornasse à sua cassa quando o sinistro aconteceu, é incontroverso que houve o consentimento do Poder Público nesse sentido, o qual aquiesceu com a iniciativa da servidora de retornar à sua residência para lá apanhar uma chave, tendo incorrido, com tal consentimento, em negligência para com a segurança, a vida e a integridade do agente público. Nesta senda, o Governo do Ceará apelou com agravo recursal contra decisão proferida originariamente em favor da funcionária pública. Assim, de acordo com julgamento do Superior Tribunal de Justiça, não merece reparo os montantes fixados a título de indenização por danos morais e estéticos, pois se mostram razoáveis e proporcionais à extensão do dano e às condições econômicas das partes. Apelação e Reexame necessário conhecidos e improvidos. Acontece no caso em questão, a responsabilidade da Administração pública é subjetiva, pois houve omissão e negligência do órgão público Estadual para com sua funcionária destacando o ato ilícito e suas consequências transcritos no artigo 186 do Código Civil Brasileiro demonstrando o Ato ilícito que cause dano a outrem, surge o dever de indenizar, tutelando os princípios constitucionais através da responsabilidade civil e a valorização do ser humano em detrimento do patrimônio. Sobre o recurso do Estado do Ceará referente ao reexame dos fatos e das provas não cabe a utilização do recurso extraordinário conforme a súmula 279 e entendimento Do Superior Tribunal Federal . A jurisprudência dessa Corte está sedimentada no sentido de que as alegações de ofensa a incisos do artigo 5º da Constituição Federal – legalidade, prestação jurisdicional, direito adquirido, ato jurídico perfeito, limites da coisa julgada, devido processo legal, contraditório, ampla defesa e juiz natural – podem configurar, quando muito, situações de ofensa meramente reflexa ao texto da Constituição, circunstância essa que impede a utilização do recurso extraordinário. No recurso extraordinário sustenta-se violação do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, foi decidido pelo colegiado ‘Com efeito, a não observância do dever de cuidado caracteriza omissão do empregador (culpa in vigilando), devendo este responder civilmente pelos danos decorrentes de acidente de trabalho. (...) E não há de se falar em culpa da vítima ou de terceiro (mototaxista) como excludentes da responsabilidade civil do ente público no acidente automobilístico em comento, pois, para tanto, a culpa da vítima ou de terceiro deveria ter se dado de forma exclusiva, o que não se depreende dos autos. Frise-se que, a esse respeito, cabia ao Promovido a prova (CPC, art.333, II), ônus do qual não se desincumbiu. Por sua vez, quanto à alegada impossibilidade de se conceder reparações por dano moral e por dano estético de forma autônoma, sob o fundamento de implicar bis in idem, não merece acolhida a irresignação do Apelante. É que, segundo orientação do Colendo Superior Tribunal de Justiça, as indenizações pelos danos moral e estético podem ser cumuladas, mesmo quando derivadas do mesmo fato, se inconfundíveis suas causas e passíveis de apuração em separado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente uma das maiores problemáticas em relação ao dano estético se dar como avaliar o quantum indenizatório e a reparação do dano causado, sendo demonstrado através dos estudos do presente trabalho. A reparação do dano estético, como dano moral, enseja uma série de dificuldades que, de resto, são as mesmas que enfrentam todos aqueles que tentam ver ressarcida uma lesão a um direito não patrimonial que se estende inevitavelmente a honra do indivíduo, a imagem e principalmente a dignidade da pessoa humana. O que se pretende com a reparação do dano estético é o ressarcimento pelo mal sofrido injustamente. O respeito à pessoa e aos seus direitos, em seu mais lato sentido, deve ser mantido, haja dificuldade que houver. A primeira dificuldade era a alegação de que era imoral compensar a dor com dinheiro, que consistia uma degradação do próprio sentimento esse pagamento em dinheiro, não considerando o prejuízo psicológico e o valor inestimável da honra e imagem. Hoje, a reparação do dano moral foi elevada à norma constitucional com apoio irrestrito da doutrina e da jurisprudência pátrias e agora também se encontra no novo Código Civil (art. 186). Assim, nosso País vem galgando ano após ano uma melhor aplicação das normas constitucionais e legislação aplicável a estes casos de danos estéticos, ficando cristalino que os danos causados a pessoas não podem ser compensados em dinheiro e sim amenizados com o ressarcimento e punição dos que cometem atos ilícitos e lesionamento a outrem. Portanto, punição que está começando a ganhar força no Brasil através do direito internacional em específico (Estados Unidos da América), Estado onde se deu origem à teoria do valor do desestímulo aplicando normas punitivas contra aqueles que praticam atos ilícitos. Resguardando a aplicação de uma punição para que o agressor não venha a cometer outra vez aquele mesmo ato que outrora havia realizado servindo de exemplo tal punição a toda sociedade (punitive damages ou exemplary damages), punindo com quantias de acordo com o patrimônio do querelado coibindo novos abusos contra a dignidade da pessoa humana. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://academico.direitorio.fgv.br/wiki/Dano_Est%C3%A9tico http://pt.scribd.com/doc/116820715/Responsabilidade-Civil-Apresentacao-de-Powerpoint http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=DANOS+EST%C3%89TICOS&s=jurisprudencia http://jus.com.br/busca?q=DANOS+EST%C3%89TICOS&qs=revista ANEXOS Ementa e Acórdão 25/09/2012 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 697.802 CEARÁ RELATOR :MIN. DIAS TOFFOLI AGTE.(S) :ESTADO DO CEARÁ ADV.(A/S) :OTHAVIO CARDOSO DE MELO AGDO.(A/S) :DELMA DA COSTA RODRIGUES ADV.(A/S) :DEODATO JOSÉ RAMALHO NETO EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Omissão do poder público. Elementos da responsabilidade civil estatal demonstrados na origem. Danos morais e estéticos. Reexame de fatos e provas. Impossibilidade. Precedentes. 1. O Tribunal de origem concluiu, com base nos fatos e nas provas dos autos, que restaram devidamente demonstrados os pressupostos necessários à configuração da responsabilidade civil subjetiva da Administração Pública pelos danos causados à agravada. 2. Inadmissível, em recurso extraordinário, o reexame de fatos e provas dos autos. Incidência da Súmula nº 279/STF. 3. Agravo regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Senhor Ministro Dias Toffoli, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Brasília, 25 de setembro de 2012. MINISTRO DIAS TOFFOLI Relator Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2885961. Supremo Tribunal Federal DJe 09/10/2012 Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 13Relatório 25/09/2012 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 697.802 CEARÁ RELATOR :MIN. DIAS TOFFOLI AGTE.(S) :ESTADO DO CEARÁ ADV.(A/S) :OTHAVIO CARDOSO DE MELO AGDO.(A/S) :DELMA DA COSTA RODRIGUES ADV.(A/S) :DEODATO JOSÉ RAMALHO NETO RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR): Estado do Ceará interpõe tempestivo agravo regimental contra decisão em que se conheceu de agravo para negar seguimento ao recurso extraordinário, com a seguinte fundamentação: “Vistos. Trata-se de agravo contra a decisão que não admitiu recurso extraordinário interposto contra acórdão da Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, assim ementado: ‘APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - NULIDADE DA SENTENÇA - AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO - PRELIMINAR REJEITADA - ACIDENTE DE TRABALHO - REPARAÇÃO DE DANOS COM FULCRO NO ART. 7º, INCISO XXVIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO EMPREGADOR - AUSÊNCIA DO DEVER DE CUIDADO - CULPA IN VIGILANDO - CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADES - INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO - ÔNUS DO PROMOVIDO - FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E ESTÉTICOS DE FORMA AUTÔNOMA - POSSIBILIDADE QUANDO INCONFUNDÍVEIS SUAS CAUSAS E PASSÍVEIS DE Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2885959. Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 13 Relatório ARE 697.802 AGR / CE APURAÇÃO EM SEPARADO - QUANTUM INDENIZATÓRIO SATISFATÓRIO - COMPATÍVEL À EXTENSÃO DO DANO E ÀS CONDIÇÕES ECONÔMICAS DAS PARTES. 1. Em que pese as alegações do Recorrente, não se deve olvidar que o que enseja o decreto de nulidade da sentença é a ausência e não a sucinta fundamentação. Assim, não ofende o art. 93, IX da Constituição Federal a decisão que, embora de forma sucinta, apresenta seus fundamentos de maneira clara e direta. No caso em destrame, verifica-se que a sentença recorrida, mesmo que sucintamente, apresentou as razões de direito e de fato que a balizaram. 2. Com relação à ação civil de reparação de dano derivada de acidente de trabalho, que é o presente caso, a responsabilidade é subjetiva, exigindo-se a comprovação de culpa do empregador ou de seus prepostos, nos termos do art. 7º, XXVIII, da Carta Magna. 3. Em caso de acidente de trabalho, ao contrário do que ocorre na responsabilidade por atos de seus agentes perante terceiros (CF, art. 37, § 6º), aplicam-se ao Estado as mesmas regras do empregador particular, ou seja, necessário se faz a demonstração, pelo empregado (CPC, art. 333,I), dos pressupostos que autorizam a responsabilidade civil subjetiva, quais sejam, a existência do dano, da culpabilidade do agente (ato ilícito) e do nexo de causalidade entre a atitude do agente e o prejuízo sofrido pela vítima. 4. Não raro, a ilicitude do empregador pode decorrer da não-observância do dever de cuidado a ele atribuído, enquanto o obreiro estiver exercendo o seu labor. Com efeito, a não observância do dever de cuidado caracteriza omissão do empregador (culpa in vigilando), devendo este responder civilmente pelos danos decorrentes de acidente de trabalho. 5. E não há de se falar em culpa da vítima ou de terceiro como excludentes da responsabilidade civil do ente público no acidente automobilístico em questão, pois, para tanto, a culpa da 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2885959. Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 13 Relatório ARE 697.802 AGR / CE vítima ou de terceiro deveria ter se dado de forma exclusiva, o que não se depreende dos autos. Registre-se que, a esse respeito, cabia ao Promovido a prova (CPC, art. 333, II), ônus do qual não se desincumbiu. 6. Segundo orientação do Colendo Superior Tribunal de Justiça, ‘as indenizações pelos danos moral e estético podem ser cumuladas, mesmo quando derivadas do mesmo fato, se inconfundíveis suas causas e passíveis de apuração em separado’. Na hipótese dos autos, a indenização por danos estéticos é devida à autora em razão dos prejuízos advindos com a depreciação da sua imagem, decorrentes da deformidade física permanente que passou a apresentar a partir do acidente (falta da mão e de parte do braço direito), enquanto que a indenização por danos morais funda-se na dor e no sofrimento oriundos da lesão física suportada pela Autora, que demandou submissão à procedimento fisioterápico, bem como o afastamento do seu trabalho durante um longo período de convalescença. 7. Não merece reparo os montantes fixados à título de indenização por danos morais e estéticos, pois se mostram razoáveis e proporcionais à extensão do dano e às condições econômicas das partes. 8. Apelação e Reexame necessário conhecidos e improvidos. 9. Sentença condenatória mantida, embora que por fundamento diverso’ (fls. 218 a 219). Opostos embargos declaratórios (fls. 232 a 235), foram rejeitados (fls. 241 a 246). No recurso extraordinário sustenta-se violação do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal. Decido. Não merece prosperar a irresignação, haja vista que o acórdão recorrido baseou seu convencimento a partir do conjunto probatório que permeia a lide, analisando os fatos ensejadores dos danos materiais e morais, bem como à responsabilidade do agravante em indenizar o agravado. Colhe- 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2885959. Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 13 Relatório ARE 697.802 AGR / CE se do voto condutor do acórdão recorrido: ‘Com efeito, a não observância do dever de cuidado caracteriza omissão do empregador (culpa in vigilando), devendo este responder civilmente pelos danos decorrentes de acidente de trabalho. (...) E não há de se falar em culpa da vítima ou de terceiro (mototaxista) como excludentes da responsabilidade civil do ente público no acidente automobilístico em comento, pois, para tanto, a culpa da vítima ou de terceiro deveria ter se dado de forma exclusiva, o que não se depreende dos autos. Frise-se que, a esse respeito, cabia ao Promovido a prova (CPC, art. 333,II), ônus do qual não se desincumbiu. Por sua vez, quanto à alegada impossibilidade de se conceder reparações por dano moral e por dano estético de forma autônoma, sob o fundamento de implicar bis in idem, não merece acolhida a irresignação do Apelante. É que, segundo orientação do Colendo Superior Tribunal de Justiça, as indenizações pelos danos moral e estético podem ser cumuladas, mesmo quando derivadas do mesmo fato, se inconfundíveis suas causas e passíveis de apuração em separado. (...) No caso telante, a indenização por danos estéticos é devida à Autora em razão dos prejuízos advindos com a depreciação da sua imagem, decorrentes da deformidade física permanente que passou a apresentar a partir do acidente (falta da mão e de parte do antebraço direito), enquanto que a indenização por danos morais funda-se na dor e no sofrimento oriundos da lesão física suportada pela Autora, que demandou submissão à procedimento fisioterápico, bem como o seu afastamento do trabalho durante um longo período de convalescença. Destarte, embora que por fundamento diverso, deve 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/sob o número 2885959. Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 13 Relatório ARE 697.802 AGR / CE ser mantida a condenação do Estado do Ceará ao pagamento da indenização por danos morais e estéticos. Demais disso, não merece reparo os montantes fixados à título de indenização, pois se mostram razoáveis e proporcionais à extensão do dano e às condições econômicas das partes’ (fl. 226 a 230). Desse modo, para acolher a pretensão do agravante e ultrapassar o entendimento do Tribunal de origem seria necessário o reexame das provas dos autos, o que não é cabível em sede de recurso extraordinário. Incidência da Súmula nº 279 desta Corte. Nesse sentido, anote-se: ‘CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. ART. 37, § 6º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALEGAÇÃO DE CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. SÚMULA 279 do STF. I - A apreciação do recurso extraordinário, no que concerne à alegada ofensa ao art. 37, § 6º, da Constituição, encontra óbice na Súmula 279 do STF. Precedentes do STF. II - Agravo regimental improvido’ (RE nº 484.277/SE-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJ de 7/12/07). ‘RESPONSABILIDADE CIVIL DO PODER PÚBLICO - PRESSUPOSTOS PRIMÁRIOS QUE DETERMINAM A RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO - O NEXO DE CAUSALIDADE MATERIAL COMO REQUISITO INDISPENSÁVEL À CONFIGURAÇÃO DO DEVER ESTATAL DE REPARAR O DANO - NÃOCOMPROVAÇÃO, PELA PARTE RECORRENTE, DO VÍNCULO CAUSAL - RECONHECIMENTO DE SUA INEXISTÊNCIA, NA ESPÉCIE, PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS - SOBERANIA DESSE PRONUNCIAMENTO JURISDICIONAL EM MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA - INVIABILIDADE DA 5 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2885959. Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 13 Relatório ARE 697.802 AGR / CE DISCUSSÃO, EM SEDE RECURSAL EXTRAORDINÁRIA, DA EXISTÊNCIA DO NEXO CAUSAL - IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA (SÚMULA 279/STF) - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - Os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade material entre o 'eventus damni' e o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c) a oficialidade da atividade causal e lesiva imputável a agente do Poder Público que tenha, nessa específica condição, incidido em conduta comissiva ou omissiva, independentemente da licitude, ou não, do comportamento funcional e (d) a ausência de causa excludente da responsabilidade estatal. Precedentes. - O dever de indenizar, mesmo nas hipóteses de responsabilidade civil objetiva do Poder Público, supõe, dentre outros elementos (RTJ 163/1107-1109, v.g.), a comprovada existência do nexo de causalidade material entre o comportamento do agente e o ‘eventus damni’, sem o que se torna inviável, no plano jurídico, o reconhecimento da obrigação de recompor o prejuízo sofrido pelo ofendido. - A comprovação da relação de causalidade - qualquer que seja a teoria que lhe dê suporte doutrinário (teoria da equivalência das condições, teoria da causalidade necessária ou teoria da causalidade adequada) - revela-se essencial ao reconhecimento do dever de indenizar, pois, sem tal demonstração, não há como imputar, ao causador do dano, a responsabilidade civil pelos prejuízos sofridos pelo ofendido. Doutrina. Precedentes. - Não se revela processualmente lícito reexaminar matéria fático-probatória em sede de recurso extraordinário (RTJ 161/992 - RTJ 186/703 - Súmula 279/STF), prevalecendo, nesse domínio, o caráter soberano do pronunciamento jurisdicional dos Tribunais ordinários sobre matéria de fato e de prova. Precedentes. - Ausência, 6 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2885959. Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 13 Relatório ARE 697.802 AGR / CE na espécie, de demonstração inequívoca, mediante prova idônea, da efetiva ocorrência dos prejuízos alegadamente sofridos pela parte recorrente. Não-comprovação do vínculo causal registrada pelas instâncias ordinárias’ (RE nº 481.110/PE, Segunda Turma, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 9/3/07). ‘RE: descabimento: debate relativo à existência de nexo de causalidade a justificar indenização por dano material e moral, que reclama o reexame de fatos e provas: incidência da Súmula 279’ (AI nº 359.016/DF-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 7/5/04). Ante o exposto, conheço do agravo para negar seguimento ao recurso extraordinário.” Aduz o agravante, in verbis, que: “(...) in casu o apelo extremo dispensa a apreciação de provas, pois seus argumentos não dependem de mudança no quadro fático, mas tão somente da adequada apreciação do direito. Não se questiona o acidente automobilístico sofrido pela Agravada. Não se nega a ocorrência do mesmo, nem suas circunstâncias. Questiona-se apenas se os fatos incontroversos levam à conclusão pela responsabilidade da Administração.” É o relatório. 7 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2885959. Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 13 Voto - MIN. DIAS TOFFOLI 25/09/2012 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 697.802 CEARÁ VOTO O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR): O inconformismo não merece prosperar. Colhe-se do voto condutor do acórdão recorrido: “(...) com relação à ação civil de reparação de dano derivada de acidente de trabalho, que é o presente caso, a responsabilidade é subjetiva, exigindo-se do empregado a comprovação da culpa do empregador, (...) (...) no escopo de se responsabilizar civilmente o empregador pelo acidente automobilístico noticiado, equiparando-o a acidente de trabalho, necessário se faz comprovar a relação de causalidade entre o acidente de percurso e o ambiente laboral ou à prestação de serviço. (...) Na espécie, é fato incontroverso que o sinistro ocorreu quando a Autora dirigia-se, em horário de expediente, do Hospital Albert Sabin, onde trabalhava, para a sua residência, com a finalidade de pegar a cópia da chave do ambulatório daquela unidade hospitalar. (...) em caso de acidente de trabalho, ao contrário do que ocorre na responsabilidade por atos de seus agentes perante terceiros (CF, art. 37, § 6º), aplicam-se ao Estado as mesmas regras do empregador particular, ou seja, mister se faz a demonstração, pelo empregado (CPC, art. 333, I), dos pressupostos que autorizam a responsabilidade civil subjetiva, quais sejam a existência do dano, da culpabilidade do agente (ato ilícito) e do nexo de causalidade entre a atitude do agente e o prejuízo sofrido pela vítima. (...) In casu, sobre a culpa do ente público no acidente de trabalho que vitimou a autora, cumpre transcrever trecho do parecer de fls. 191-204, da lavra do i. Representante do Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2885958. Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 13 Voto - MIN. DIAS TOFFOLI ARE 697.802 AGR / CE Ministério Público de Segundo Grau, que ora adoto como parte da fundamentação: ‘(...) visualizamos com facilidadeque houve negligência do Estado no seu dever objetivo de cuidado com a segurança, a vida e a integridade da apelada, na qualidade de servidora pública. (...) conquanto não tenha havido ordem expressa da Administração Pública para que a apelada retornasse à sua cassa quando o sinistro aconteceu, é incontroverso que houve o consentimento do Poder Público nesse sentido, o qual aquiesceu com a iniciativa da servidora de retornar à sua residência para lá apanhar uma chave, tendo incorrido, com tal consentimento, em negligência para com a segurança, a vida e a integridade do agente público. (...) Dessa forma, por tudo o que dissemos até aqui, entendemos encontrar-se claramente configurada a figura da omissão do ente público, que poderia ter tomado algumas providências apontadas acima, ou outras, a fim de zelar pela vida, pela segurança e pela integridade física de sua servidora pública, incorrendo assim, em culpa na modalidade negligência, que gera um dever de indenizar amparado no Código Civil.’” Desse modo, é certo que o Tribunal de origem, no tocante aos fatos ensejadores dos danos morais e estéticos, concluiu pela responsabilidade civil subjetiva da Administração Pública e o consequente dever de indenizar, haja vista a configuração da negligência do Estado pela não observância ao seu dever de cuidado, com fundamento nos elementos fáticos-probatórios constantes dos autos. Assim, para ultrapassar tal entendimento seria necessário o reexame dos fatos e das provas, o que é inviável em recurso extraordinário. Incidência da Súmula nº 279/STF. Nesse sentido, anote-se: “AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2885958. Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 13 Voto - MIN. DIAS TOFFOLI ARE 697.802 AGR / CE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR DANOS CAUSADOS POR INTEGRANTES DO MST. CARACTERIZADA OMISSÃO CULPOSA DAS AUTORIDADES POLICIAIS, QUE NÃO CUMPRIRAM MANDADO JUDICIAL DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE, TAMPOUCO JUSTIFICARAM SUA INÉRCIA. REVISÃO DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO 279 DA SÚMULA/STF. A qualificação do tipo de responsabilidade imputável ao Estado, se objetiva ou subjetiva, constitui circunstância de menor relevo quando as instâncias ordinárias demonstram, com base no acervo probatório, que a inoperância estatal injustificada foi condição decisiva para a produção do resultado danoso. Precedentes: RE 237561, rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ 05.04.2002; RE 283989, rel. min. Ilmar Galvão, Primeira Turma, DJ 13.09.2002. Agravo regimental a que se nega provimento” (AI nº 600.652/PR-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, DJe de 24/10/11). “CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. MORTE POR EXPLOSÃO EM FÁBRICA DE PÓLVORA. OMISSÃO DO ESTADO. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282 DO STF. MATÉRIA DE FATO. SÚMULA 279 DO STF. AGRAVO IMPROVIDO. I – Como tem consignado o Tribunal, por meio da Súmula 282, é inadmissível o recurso extraordinário se a questão constitucional suscitada não tiver sido apreciada no acórdão recorrido. Ademais, a tardia alegação de ofensa ao texto constitucional, apenas deduzida em embargos de declaração, não supre o prequestionamento. II - A análise da questão dos autos demanda o reexame de matéria fática, o que impede o processamento do recurso extraordinário, a teor da Súmula 279 do STF. III - Agravo regimental improvido” (RE nº 603.342/PE-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 1/2/11). 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2885958. Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 13 Voto - MIN. DIAS TOFFOLI ARE 697.802 AGR / CE “DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. ART. 37, § 6º, CF/88. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO ESTADO. OMISSÃO. FALTA DE CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DE ÁREA PÚBLICA. QUEDA DE ÁRVORE. NECESSIDADE DE REEXAME DE FATOS E PROVAS: SÚMULA STF 279. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO ART. 5º, LIV, DA CF/88. OFENSA REFLEXA. 1. O Tribunal a quo, a partir da análise dos fatos e das provas dos autos, concluiu que houve omissão, imputável ao poder público, que detinha o dever de conservação e manutenção de árvore, e concluiu pela responsabilidade subjetiva do agravante pelos danos causados à autora. Incidência, na espécie, da Súmula STF 279. 2. A jurisprudência dessa Corte está sedimentada no sentido de que as alegações de ofensa a incisos do artigo 5º da Constituição Federal – legalidade, prestação jurisdicional, direito adquirido, ato jurídico perfeito, limites da coisa julgada, devido processo legal, contraditório, ampla defesa e juiz natural – podem configurar, quando muito, situações de ofensa meramente reflexa ao texto da Constituição, circunstância essa que impede a utilização do recurso extraordinário. 3. Agravo regimental a que se nega provimento” (AI nº 830.461/PA-AgR, Segunda Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJe de 16/8/11). “1. Recurso extraordinário: descabimento: acórdão recorrido fundado na responsabilidade subjetiva civil do Estado, matéria regida por legislação infraconstitucional: alegada violação ao texto constitucional que, se ocorresse, seria reflexa ou indireta: incidência da Súmula 636. 2. Recurso extraordinário: inviabilidade para o reexame dos fatos da causa, que devem ser considerados na ‘versão do acórdão recorrido’: incidência da Súmula 279: precedentes” (RE nº 294.258/ALAgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 2/3/07). Nego provimento ao agravo regimental. 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2885958. Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 13 Decisão de Julgamento PRIMEIRA TURMA EXTRATO DE ATA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 697.802 PROCED. : CEARÁ RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI AGTE.(S) : ESTADO DO CEARÁ ADV.(A/S) : OTHAVIO CARDOSO DE MELO AGDO.(A/S) : DELMA DA COSTA RODRIGUES ADV.(A/S) : DEODATO JOSÉ RAMALHO NETO Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Unânime. Presidência do Senhor Ministro Dias Toffoli. 1ª Turma, 25.9.2012. Presidência do Senhor Ministro Dias Toffoli. Presentes à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Luiz Fux e Rosa Weber. Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo de Tarso Braz Lucas. Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o número 2895719 Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 13
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