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A Lógica da Linguagem Discursus A filosofia e seus meios

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15/07/2015 A Lógica da Linguagem | Discursus: A filosofia e seus meios
https://forumdediscursus.wordpress.com/contemporanea/a­logica­da­linguagem/ 1/4
A Lógica da Linguagem
O  engenheiro  austríaco Ludwig Wittgenstein  (1889­1951)  começou  a  interessar­se  por
filosofia  depois  de  mudar­se  para  Manchester  (Inglaterra),  em  1908,  para  aperfeiçoar  seus
conhecimentos de aeronáutica. Foi atraído pela filosofia da matemática que o levou a entrar em
contato  com Gottlob Frege  (1848­1925),  em 1911. Frege  indicou­o  a Bertrand A. W. Russell
(1872­1970),  em  Cambridge,  que  prontamente  assumiu  a  orientação  de  sua  tese,  origem  do
Tractatus Logico Philosophicus (1921).
Durante  a  I  Grande  Guerra  (1914­1917),  Wittgenstein  serviu  no  exército  austríaco,
enquanto  trabalhava no manuscrito do Tractatus. Com a publicação da obra, achou que  tinha
resolvido todos os problemas filosóficos solucionáveis e decidiu largar a filosofia, dedicando­se
ao ensino primário em escolas rurais. No Tractatus, Wittgenstein havia desenvolvido a ideia de
que  todas  as  verdades  da  lógica  se  reduziam  a  tautologias,  que  para  ele  não  passavam  de
proposições cuja contradição resulta em proposições auto contraditórias. Seu entendimento sobre
tautológico equivalia ao de analítico, no sentido kantiano, ou seja, sentenças cujas descrições
podem substituir os nomes. Em outras palavras, uma frase analítica é aquela na qual o sujeito
Discursus: A filosofia e seus meios
um sítio de filosofia para quem pensa em português
15/07/2015 A Lógica da Linguagem | Discursus: A filosofia e seus meios
https://forumdediscursus.wordpress.com/contemporanea/a­logica­da­linguagem/ 2/4
pode ser trocado pelo seu predicado, sem perda de significado [1].
A partir do seu interesse pela lógica, e matemática, Wittgenstein dedicou­se a pesquisar
quais  seriam  as  condições  que  uma  linguagem  logicamente  perfeita  teria  de  satisfazer.  Em
particular, no Tractatus, o objetivo era esclarecer a questão em torno de qual relação teria um fato
com  outro,  capaz  de  ser  reproduzida  em  símbolos  lógicos.  Uma  frase  com  notação  perfeita
deveria fazer sentido simbolicamente e produzir um significado único que a vinculasse com a
referência. Assim, sentido e univocidade eram condições básicas para uma linguagem exercer sua
função de afirmar ou negar os fatos. A estrutura da frase deveria ter algo em comum com a do
fato. Essa elucidação lógica dos pensamentos, que são compostos por frases, seria, na visão de
Wittgenstein, o principal fim da filosofia, uma atividade terapêutica e não teórica.
O Tractatus
O único livro que Wittgenstein publicou em vida tem a forma de um código jurídico ou
de suras, dividido que é em sete versículos principais, subdivididos, por sua vez, em vários outros
até  o  esgotamento  do  assunto  de  cada  tópico. No  primeiro  artigo,  o mundo  é  definido  como
“tudo o que é o caso”, sendo o caso tudo que for determinado pelos fatos. Para Wittgenstein, “o
mundo é a totalidade dos fatos, não das coisas” [2]. O mundo é composto de tudo que acontece e
os fatos que o compõem podem, por seu turno, ser constituído por “fatos atômicos”, sem partes.
Através da análise exaustiva, pode­se atribuir nomes simples que são o fundamento da lógica.
Por  conseguinte,  uma  frase  que  corresponda  a  um  fato  atômico  será  também  chamada  de
proposições  atômicas,  cujos  símbolos  são  as  variáveis  “p,  q,  r  …”.  Isoladamente,  nenhuma
proposição atômica implica em outra. Não haveria, portanto, um nexo causal entre proposições
deste tipo. As operações lógicas ou inferências ocorrem não em proposições atômicas, mas em
proposições moleculares formadas por outras mais simples [3].
As  proposições  moleculares  estão  no  cerne  da  teoria  das  funções  de  verdade  de
Wittgenstein.  As  funções  de  verdade  tratam  de  verificar  a  verdade  ou  falsidade  de  uma
proposição ou da relação entre duas ou mais proposições assertivas. Outros tipos de proposições
como crenças ou expressões de gosto e valor não fundamentariam a verdade, nesta primeira fase
dos estudos de Wittgenstein. Com as asserções, o simbolismo da lógica poderia ser resumido em
proposições atômicas [p]; o conjunto destas proposições [ξ]; e a negação de todas proposições
[N(ξ)][4].
De acordo com Bertrand Russell, esses símbolos permitiriam gerar outras proposições a
partir de disjunções e conjunções, as negações destas ou argumentos de uma função de verdade.
Nesse  contexto,  a  identidade  entre  nomes  e  as  suas  respectivas  descrições  garantiriam  a
analiticidade das proposições e a correspondência de cada uma com seu símbolo. Os erros de
notação seriam os responsáveis pelos equívocos conceituais da filosofia. A lógica, mesmo sendo
transcendental, é capaz de apontar os limites do mundo, enquanto outros transcendentais, como a
estética  e  a  ética,  não  poderiam  fazer  a  correspondência  entre  fatos  (incluindo  as  frases)  e  os
objetos [5].
Desse modo, Wittgenstein,  seguindo  a  tradição  inaugurada  por  Immanuel Kant  (1724­
1804), delimitaria o mundo ao sujeito metafísico. A doutrina kantiana dos limites racionais para
o  conhecimento  humano  teria  em Wittgenstein  a  correspondência  aos  limites  cognitivos  da
linguagem [6]. Tudo que estivesse fora dessas fronteiras entraria no campo da mística e “acerca
daquilo de que não se pode falar, tem que se ficar em silêncio” [7].
15/07/2015 A Lógica da Linguagem | Discursus: A filosofia e seus meios
https://forumdediscursus.wordpress.com/contemporanea/a­logica­da­linguagem/ 3/4
Os Pensamentos do Tractatus
O próprio Wittgenstein resumia o tema de seu livro a uma abordagem de tudo que fosse
exprimível claramente. Sua intenção era traçar a fronteira do pensamento, deixando de fora todos
os aspectos místicos. A linguagem foi o mapa no qual a linha demarcatória se desenhou. São sete
os pensamentos principais que norteiam o Tractatus.
O primeiro diz que “o mundo é tudo o que é o caso” e seus desdobramentos definem o que
acontece neste mundo – os fatos – e o espaço lógico da reflexão. A segunda proposição afirma “o
que é o caso, o fato, é a existência de estados de coisas”, para analisar os objetos simples e sua
relação com a figura e sua referência. “A imagem lógica dos fatos é o pensamento” que abre a
terceira etapa, na qual o raciocínio verdadeiro constrói uma figura do mundo. Tal projeção do
mundo é representada precisamente por proposições que simbolizam funções de verdade, tipos, e
definições  linguísticas.  Um  simbolismo  rigoroso  seria  capaz  de  representar  nomes,  frases,  o
sentido e as expressões elucidáveis.
O quarto  lema fala que “o pensamento é a proposição com sentido”,  logo no  início da
descrição da linguagem perfeita, os conjuntos de suas proposições. As dificuldades de se extrair
de  imediato  a  lógica  da  linguagem  são  apontadas.  Cabe  às  ciências  fornecer  as  expressões
verdadeiras e à filosofia esclarecer o pensamento, sua forma lógica e as contradições do que não
podem ser figuras de realidade.
Em quinto lugar, define­se que “a proposição é uma função de verdade das proposições
elementares”, a fim de fundamentar a verdade destas. O significado da dedução e a desvinculação
do nexo causal. Discute­se também a possibilidade, a lógica proposicional e as expressões que
estão além do limite da lógica da linguagem.
A sexta proposição, “a forma geral de uma função de verdade é [p, ξ, N(ξ)]. esta é a forma
geral  da  proposição”,  assim  começa  a  descrever  a  lógica  e  sua  relação  com  a  matemática  e
mecânica.  Tudo  que  ocorre  no  mundo  acontece  independente  da  vontade  e  a  indução  tenta
encontrar as leis mais simples que sejam compatíveis com a experiência. A ética, a estética e as
crenças de um modo geral são místicas e inexpressíveis.
Por fim, o livro termina com o silêncio em torno detudo que não se pode falar, como já foi
citado antes. Wittgenstein considerava que a verdade de seu raciocínio exposto no Tractatus era
definitiva e todos problemas tratados tinham sido resolvidos. Desse modo, pensava ter encerrado
a discussão filosófica sobre esses assuntos, mostrando o pouco alcance das soluções encontradas.
No Tractatus,  ainda  poder­se­ia  intuir  a  identidade  entre  linguagem  fenomenológica  e
física do mundo. Mas,  a partir de 1929,  sobretudo depois das conversas com Frank Plumpton
Ramsey  (1903­1930),  a  fenomenologia  começou  a  se  diferir  do  fisicalismo.  Foi  percebido  o
problema de encarar­se a linguagem como mais um fato no mundo, que, ao mesmo tempo pode
investigar a si mesmo. A visão pragmática de uma física do cotidiano passou a constituir uma
solução  para  o  problema  fenomenológico. O  conceito  de  “jogos  de  linguagem”,  por  sua  vez,
resolveria a dificuldade do estudo da língua no mundo.
Notas
1. Veja RUSSELL, B. História do Pensamento Ocidental, p. 495.
2. WITTGENSTEIN, L. Tractatus Logico Philosophicus, §§ 1 e ss.
15/07/2015 A Lógica da Linguagem | Discursus: A filosofia e seus meios
https://forumdediscursus.wordpress.com/contemporanea/a­logica­da­linguagem/ 4/4
3. Veja RUSSELL, B. Introdução, in WITTGENSTEIN, L. op. cit., pp. 8 e 9.
4. Veja WITTGENSTEIN, L. Idem, §6 e ss.
5. Veja RUSSELL, B. op. cit, pp. 12 a 18.
6. Veja HINTIKKA, M. B. & HINTIKKA, J. Uma Investigação sobre Wittgenstein, pp.24 e
25.
7. WITTGENSTEIN, L. Ibidem, §7.
Referências Bibliográficas
HINTIKKA, M. B. & HINTIKKA, J. Uma Investigação sobre Wittgenstein, trad. Enid A.
Dobránsky. – Campinas: Papirus, 1994.
RUSSELL, B. História do Pensamento Ocidental; trad. Laura Alves e Aurélio Rebello. – Rio de
Janeiro: Ediouro, 2004.
WITTGENSTEIN, L. Tratado Lógico­Filosófico; trad. M.S. Lourenço. – Lisboa: Calouste
Gulbenkian, 1987.
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