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Moderna Resumo aula 10 UNIRIO

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MODERNA – RESUMO AULA 10 – NOVAS ESTRUTURAS POLÍTICAS: CENTRALIZAÇÃO DE PODER E ABSOLUTISMO Contribuições de Perry Anderson para a centralização de poder e absolutismo: A necessidade de articulação entre a teoria (marxista) e os resultados das pesquisas históricas, como duas ordens da realidade: o “geral” e o “particular”; Que existe uma unidade real e subjacente ao processo, mas não é um continuum linear; apresentando temporalidades específicas, múltiplas rupturas e deslocamentos de região para região; Que os estudos deveriam estabelecer uma tipologia regional dos Estados absolutistas que auxiliem no entendimento de suas trajetórias e comparando-as, tanto no ocidente quanto no oriente da Europa; Que a escolha para trabalhar o tema, partindo do conceito de Estado, reafirma seu compromisso “ com um dos axiomas básicos do materialismo histórico: que a luta secular entre as classes resolve -se em última instância no nív el político da sociedade, e não no nível econômico e cultural. Qual o significado dos questionamentos de Perry Anderson? Percebe-se a partir de sua obra que uma ideia generalista e mesmo evolucionista – da Europa moderna foi rompida: até então a Europa Ocidental era apresentada como o foco de uma história linear e homogênea que passou de uma descentralização feudal para um Estado moderno coeso e estruturado ao mesmo tempo e da mesma maneira. Também percebe-se que os modelos explicativos foram desenvolvidos partindo dessa premissa de homogeneidade e linearidade sem estarem articulados às pesquisas das grandes regiões políticas europeias que apontavam especificidades importantes nos processos de centralização. Em segundo lugar, Perry atentou para as temporalidades históricas envolvidas: as sociedades europeias tinham suas próprias temporalidades, ligadas às suas condições históricas concretas, independentes das similitudes que possam aparecer nos processos gerais de centralização de poder. Isso significou uma nova metodologia, fundamentada na organização de tipologias de Estados absolutistas, para que pudessem ser percebidas as trajetórias e os processos de centralização. Pelo seu compromisso com o marxismo reafirma o Estado como “o” lugar do poder, a esfera privilegiada do politico. Hespanha em seu livro As vésperas do Leviathan responde alguns questionamentos levantados por Perry como a necessidade de articulação entre a teoria e os resultados das pesquisas históricas e a de estabelecer uma tipologia regional dos Estados absolutistas que auxiliem no entendimento de suas trajetórias, no caso, Portugal. Ao contrário de uma teoria marxista da história, seu trabalho está calcado no modelo explicativo sobre poder desenvolvido por Michel Foucault: a estratégia política para diversos campo do político-jurisdicional, procurando construir espaços de produção de poder em que sua posição fosse mais favorável, governar neste sentido, é estruturar o campo de ação dos outros. Hespanha marcou a historiografia recente sobre a América portuguesa, isto é, sobre um espaço específico da grande temporalidade moderna. Algumas contribuições de Hespanha : Que a historiografia clássica, até, pelo menos, meados da década de 50 do séc. XX, estava comprometida com uma visão triunfalista do Estado Liberal e, por isso, apresentava os processos de centralização e de absolutismo como uma marcha em direção àquela concepção de Estado; Que “os historiadores tendiam a reduzir a vida política do Antigo Regime aos atos formais do poder” sem desenvolverem a lógica interna do regime; Que era necessário o estudo dos condicionamentos estruturais do poder político, isto é: a estrutura demográfica , a estrutura política/geográfica, as estruturas financeiras e as estruturas político/administrativas; Que era preciso analisar e entender a lógica interna do sistema, isto é: para o mundo moderno, utilizar a teoria corporativa da sociedade para entender a distribuição social do poder político como uma “constelação de poderes”. O significado des ses postulados de Hespanha : Em primeiro lugar significou demonstrar a grande complexidade que envolve os estudos sobre os processos de centralização de poder (Portugal), em segundo lugar, aponta métodos de abordagem da questão, apontando as complicadas relações de força entre os poderes constitutivos da sociedade. Sua principal contribuição foi no sentido de que a constituição de um “ Estado” moderno não criou uma instância única que pairava acima da sociedade, mas que se organizava e era constituído integrando a realidade corporativa da sociedade. Os “corpos” sociais ( ordens da sociedade e suas instituições administrativas, financeiras, espaciais, demográficas), seus interesses, seus direitos, não foram eliminados, mas formavam uma constelação de poderes atuantes que lutavam e tinham parcelas importantes de poder. O processo de centralização de poder e o absolutismo seriam, então, longos e complexos “modos de ação”, mais ou menos refletidos e calculados, todos destinados a agir sobre as possibilidades de ação de outros indivíduos. Governar, neste sentido, é estruturar o campo de ação dos outros. Os elementos gerais no processo eur opeu de centralização de poder O elemento demográfico : o crescimento populacional , entretanto, esse aumento geral de longo prazo não significou nem um crescimento linear nem uma uniforme distribuição espacial. A distribuição da população também podia dificultar ou facilitar os dispositivos de poder acionados nos processos de centralização. As cidades tinham alto índice de concentração populacional. Subordinar população era subordinar espaços territoriais. O elemento bélico : a guerra tinha a função de maximizar a riqueza e o poder pela conquista de territórios produtivos, pelos saques e butins, pelo domínio de regiões e cidades estratégicas para o comércio. A guerra e a conquista deram grande mobilidade a essa ordem da sociedade. Os elementos políticos administrativos : práticas administrativas locais podiam ser mantidas e/ou ampliadas a grandes territórios: concelhos, vereanças e câmaras municipais mantinham o poder local e funcionários também locais ou delegados pela autoridade real. Os cargos administrativos eram distribuídos como benefícios ou podiam ser comprados e arrendados, conforme avançava a monetarização da sociedade. O elemento financeiro : o elemento financeiro dependia da estrutura econômica à medida que ela era formada pelas atividades produtivas e como essas eram organizadas e fiscalizadas. Conforme a sociedade se monetariza , conforme as ordens sociais lutam pelos frutos do poder, conforme, também, o poder se centraliza, a infra-estrutura necessária se amplia e requer recursos constantes. Esses quatro dos principais elementos gerais estruturadores dos Estados modernos europeus eram interligados em ação e importância. Já que poder é ação, exercício. O poder não se instala no vazio nem na abstração . O poder monárquico e estatal começava a se instalar criando espaços de poder, onde podia arbitrar e, com o tempo, impor modelos de conduta. Para isso, usava determinadas estratégias: as guerras, as alianças, a distribuição de favores e benesses, a legislação, consolidando ou inovando critérios para a distinção e hierarquização social e – muito importante –
são essas estratégias que definiram a distribuição das rendas auferidas pelo sistema financeiro, tributário e orçamentário. Era um mecanismo de autoalimentação : quanto mais esses dispositivos de poder ganhavam corpo, maior era a centralização do poder e maiores eram as interferências do Estado. Centralizar não significa tornar-se o poder único e acima da sociedade. É agir e ter grau elevado de controle sobre os corpos e os espaços de poder existentes na sociedade. Normal 0 2 1208 6527 Microsoft Office Word 0 54 15 false Título 1 false 7720 false false 14.0000 adriana Usuario 2 2016-05-09T23:24:00Z 2016-05-09T23:24:00Z

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