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Genética do Câncer CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI CURSO: MEDICINA DISCIPLINA: GENÉTICA MÉDICA PROFESSORA: DANIELA MOURA PARENTE 1 O Câncer não é uma doença única, mas sim um nome usado para descrever as mais virulentas formas de neoplasias; A neoplasia é um processo de doença caracterizado pela proliferação celular descontrolada que leva a uma massa ou tumor. Para que um neoplasma seja um câncer= maligno Ou seja, o seu crescimento não é mais controlado e o tumor pode sofrer metástase 3 tipos de câncer Introdução Sarcomas Carcinomas Neoplasmas hematopoiéticos e linfóides A oncogênese resulta de mutações de arranjos de genes que regulam o crescimento celular e a morte programada. Síndrome de câncer hereditário= mutação inicial causadora é herdada através de linhagem germinativa. Base genética do Câncer Definição de neoplasia: acúmulo anormal de células que ocorre devido a um desequilíbrio entre a proliferação e o desgaste celular. A maioria é esporádica=mutação ocorre em uma única célula somática, que então se divide e prossegue para desenvolver o câncer. O que distingue as mutações oncogênicas é que , por sua natureza, elas permitem que uma célula mutante se desenvolva em uma doença que ameaça a vida. Uma vez iniciado, um câncer progride por acúmulo adicional de danos genéticos através de mutações em genes de manutenção. As lesões nesses genes produzem uma cascata pior de mutações em genes que controlam a proliferação celular e o reparo aos danos do DNA. O clone original de células neoplásicas funcionam como um reservatório de células geneticamente instáveis ( células-tronco do câncer) dando origem a múltiplas linhagens de graus variáveis de malignidade. Os genes nos quais as mutações causam câncer são classificados em duas categorias distintas: ONCOGENES GENES SUPRESSORES TUMORAIS (TSGs) TSGs CONTROLADORES( gatekeepers) TSGs DE MANUTENÇÃO( caretakers) É um alelo mutante de um proto-oncogene: uma classe de genes normais que codificam proteínas que promovem o crescimento e a sobrevivência das células. Eles facilitam a transformação maligna por estimularem a proliferação ou inibição da apoptose. Oncogene Definição: é um gene mutante cuja expressão alterada resulta em estimulação anormal da divisão e proliferação celular A mutação pode ser uma : Mutação ativadora de ganho de função na sequência que codifica o próprio oncogene. Mutação nos seus elementos reguladores Os oncogenes têm um efeito dominante a nível celular. Ou seja, quando ele é ativado ou hiperexpresso, um único alelo mutante é suficiente para iniciar uma mudança do fenótipo de uma célula, de normal para maligno. Os oncogenes ativados vão codificar proteínas: Das vias de sinalização para a proliferação celular Fatores de transcrição que controlam a expressão dos genes promotores de crescimento Inibidoras da maquinaria de morte celular programada. Oncogenes ativados nas Síndromes do Câncer hereditário Adenomatose Endócrina Múltipla, tipo 2 (MEN2) É um distúrbio autossômico dominante caracterizado por alta incidência de carcinoma medular da tireóide. As mutações responsáveis estão no gene RET Elas são mutações de ponto específicas que ativam o receptor fazendo com que ele fosforile a tirosina, mesmo na ausência de ligação pelo ligante. Oncogenes ativados no Câncer esporádico o gene RAS codifica a família das proteínas G Gene RAS mutante sinaliza, continuamente, mesmo na ausência de GTP ligado. Crescimento da linhagem celular Tumor Tem sido mostrado que os genes RAS são o alvo mutacional de carcinógenos conhecidos Ativação de oncogenes por translocação cromossômica proto-oncogene é ativado por uma mutação cromossômica, geralmente por translocação. Leucemia mieloide crônica Linfoma de Burkitt Translocação move o proto-gene ABL de sua posição inicial para a “ região de grupo de ponto de quebra”. O proto-oncogene MYC é translocado da posição normal (8q24) para uma posição distal do locus de cadeia pesada da Imunoglobulina (14q32) Linfoma de Célula B folicular A Telomerase como um oncogene Hiperexpressão de uma proteína antiapoptótica pode resultar na expansão das populações de linfócitos. O gene BCL2 sofre translocação cromossômica do local normal (18q21) para 14q32 A proteína codificada pelo BCL2 possui potente efeitos antiapoptóticos nas células B A expressão da telomerase é persistente e permite as células tumorais se proliferarem indefinidamente Contribuem para a malignidade através da perda de função de ambos os alelos de um gene Altamente heterogêneos Genes supressores de tumor (TSG’s) Controladores De manutenção Regulação do ciclo celular ou inibição do crescimento pelo contato célula-célula. Envolvidos no reparo de danos ao DNA e na manutenção da integridade genômica. Os dois eventos da origem do Câncer CÂNCER 1 Uma célula em uma Pessoa heterozigota para mutação na linhagem germinativa em um gene supressor de tumor Impedir o desenvolvimento de câncer 2 sofre uma segunda mutação 3 Evento somático 4 Célula perde a função de ambos os alelos Inativa o outro alelo TUMOR Retinoblastoma Raro tumor maligno da retina que ocorre em crianças 40% dos casos são da forma hereditária 60% dos casos são esporádicos TSG’s protetores nas Síndromes de câncer autossômicas dominantes A criança recebe um alelo mutante no locus (RB1) através da linhagem germinativa Alteração de uma única célula ou mutação somática levam ao TUMOR Ambos os alelos RB1 em uma única célula da retina foram inativados independentemente Perda da heterozigose: Ocorre quando há perda dos alelos de genes de regulação celular de um dos cromossomos Síndrome de Li-Fraumeni (LFS) Fenótipo altamente variável Mais de 70% das famílias com LFS são portadores da forma mutante do gene TP53 (mutação de linhagem germinativa). Nas formas esporádicas, esse gene está inativado não codificando a proteína p53. Neurofibromatose Tipo 1 Distúrbio autossômico dominante O crescimento anormal observado na NF1 sugere que o gene normal estaria ligado a regulação da divisão celular no tecido nervoso O gene mutante NF1 falha na regulação do crescimento em células normais , a partir das quais se originam os neurofibromas, levando ao tumor. Câncer de Mama Familiar devido a mutações em BRCA1 BRCA2 Câncer comum e possuidor de um forte componente genético; Até 20% de todos os casos de câncer de mama podem ter um componente genético; Risco familiar aumentado Genes de manutenção em Síndromes autossômicas dominantes Parente de 1º grau afetado : aumenta a chance em 3x Mais de um parente de 1º grau afetado: Aumenta a chance em 10x Genes que aumentam a suscetibilidade ao câncer de mama : BRCA1 (cromossomo 17q21) e BRCA2 (cromossomo 13q12.3) Seus produtos são proteínas nucleares contidas num complexo multiprotéico, implicado na resposta celular à quebra do filamento duplo do DNA; Mutações no BRCA1 é responsável por 50% dos casos de câncer de mama familiar; BRCA2 é responsável por 1/3. Juntos correspondem a menos de 5% de todos os cânceres de mama; Penetrância varia de 45-60% até 80% em torno dos 70 anos; Câncer de Cólon Familiar Câncer de colorretal é uma das formas + comuns. Afeta mais de 150 mil pessoas/ano nos EUA; 15% de todos os cancêres Pequena proporção se deve a autossomia dominante para FAP e sua subvariante – Síndrome de Gardner. Polipose adenomatosa familiar (FAP): Vários pólipos de crescimento benigno; Um ou mais se tornam malignos; Gene responsável APC está localizado no cromossomo 5q. Câncer de Cólon Familiar: Síndrome de Gardner Também devida a mutação no APC, portanto, é alélica a FAP; Apresenta pólipos (semelhantes aos da FAP), além disso apresenta osteomas da mandíbula desmóides (tumores no músculo da parece abdominal) Câncer de Cólon Familiar Gene APC Codifica uma proteína que regula a proteína β-catenina; Liga moléculas transmembranares de adesão ao citoesqueleto e é ativador de transcrição. Condição patológica: Perda de APC acúmulo de β-catenina livre que é translocada para o núcleo ativa transcrição de genes de proliferação celular (MYC). Câncer Hereditário Não-polipose de Cólon (HNPCC): 2 a 4% dos casos de câncer de cólon; Herança autossômica dominante; Surgimento do padrão de herança: Alelo mutante + mutação ou inativação do alelo normal; Mutação nos genes responsáveis pela reparação de segmentos do DNA onde o pareamento correto das bases foi violado: Genes MLH, MSH2 e MSH6 – maioria dos casos. Fenótipo erro positivo de replicação (RER+); GENES DE MANUTENÇÃO EM SÍNDROMES Genes defeituosos nas Síndromes de Instabilidade Cromossômica podem ser considerados como TSGs de manutenção. RESULTADOS Alta frequência de mutações Risco aumentado para vários tipos de câncer. Síndromes de Instabilidade Cromossômica constituem em um grupo de pessoas com alto risco de câncer principalmente heterozigotos. Distúrbios Autossômicos Recessivos perda de função de proteínas necessárias para replicação ou o reparo normais do DNA. Câncer Esporádico Perda de função de alelos TP53 ou deleção do segmento 17p - uma das alterações mais comuns em cânceres esporádicos. Câncer de mama, de ovário, de bexiga, cervical, esofagiano, colorretal, de pele e carcinoma pulmonares. O gene RB1 está mutado em muitos cânceres. Em outros cânceres o gene RB1 está intacto e seu mRNA está em níveis normais, porém a proteína p110RB1 é deficiente. RB1 pode ser inibido em associação à hiperexpressão do oncomir miR-106a Câncer de mama familiar mutações em BRCA1 e BRCA2. LOH presente nos tecidos do câncer. Câncer de mama esporádico LOH não está presente. Expressão reduzida de BRCA1 e BRCA2. Expressão reduzida desses TSGs Genes responsáveis pelo câncer de cólon familiar Câncer de cólón esporádico Câncer Esporádico Câncer Esporádico Pólipos adenomatosos dos indivíduos sem FAP 70% dos casos - perda de ambas as cópias de APC no adenoma, mas não nos tecidos normais. 15% dos casos - APC normal e mutações no gene que codifica a β-catenina e que bloqueiam sua fosforilação e degradação. Câncer de Cólon Esporádico 12% - Mutação associada ou silenciamento transcricional de ambos os alelos de um ou mais genes de reparo de mau pareamento. Câncer Esporádico Mutações ativadoras de um membro da família do gene RAS. Perda de ambas as cópias do TP 53. Frequentes em câncer colorretal Câncer Esporádico Câncer de Cólon Esporádico possuem, portanto, mutações cromossômicas e genômicas que refletem defeitos no(a): Reparo da quebra do filamento duplo geram translocações cromossômicas. Manutenção da fidelidade de alinhamento dos cromossomos durante a mitose geram a não disjunção e a aneuploidia. QUESTÕES EM ANÁLISE PARA AS MUTAÇÕES QUE CAUSAM O CÂNCER HEREDITÁRIO Identificação de mutação em BRCA1 e BRCA2 em uma linhagem germinativa importante para o tratamento do portador e controle do risco de câncer entre os parentes. Maior frequência de encontrar mutação na linhagem germinativa: Mulheres com câncer de mama mais jovens que 50 anos de idade. Mulheres com parentes de primeiro e segundo grau com câncer de ovário ou de mama. Análises em BRCA1 e BRCA2 QUESTÕES EM ANÁLISE PARA AS MUTAÇÕES QUE CAUSAM O CÂNCER HEREDITÁRIO Método Diagnóstico Sequenciamento genético impraticável; Utilização de variáveis genéticas e clínicas: Idade no início da doença Histórico familiar de câncer Valores de penetrância dos alelos mutantes de BRCA1 e BRCA2. Cálculo da probabilidade de que a paciente seja portadora de mutação na linhagem germinativa. Biópsia do tecido maligno expressão do receptor de estrogênio e do oncogene HER2. QUESTÕES EM ANÁLISE PARA AS MUTAÇÕES QUE CAUSAM O CÂNCER HEREDITÁRIO Câncer de mama Masculino Mutações na linhagem germinativa em genes do câncer de mama hereditário, particularmente BRCA2. 100 vezes menos comum que o feminino; É sugerido o Sequenciamento Genético. ANÁLISE DA MUTAÇÃO NA LINHAGEM GERMINATIVA EM CÂNCER DE COLÓN Fatores Clínicos aumentam a probabilidade de que um paciente com câncer de cólon seja portador de uma mutação em um gene de reparo de mau pareamento. Idade precoce no início da doença. Localização do tumor em regiões proximais do cólon. Presença de um segundo tumor. História de câncer colorretal. História de câncer endometrial. Marcação de anticorpos no tumor, evidência de fenótipo RER+ ou ausência da proteína MLH1, MSH2 ou MSH6 aumentam a probabilidade de mutação de reparo de mau pareamento. SÍNDROME LINFOPROLIFERATIVA AUTOIMUNE Rara condição autossômica dominante. Intensa linfadenopatia e esplenomegalia. Desenvolvimento de fenômenos autoimunes Anomalia primária no mecanismo e apoptose de linfócito, mediada pelo receptor Fas e seu ligante. Mutações dominantes negativas Perda da função de Fas e Fas-ligantes Deficiência da sinalização apoptótica e intensa expansão de linfócitos T imaturos Alterações citogenéticas defeitos nos genes da manutenção da instabilidade cromossômica e na integridade e segregação mitótica precisa; Aberrações aleatórias; Encontradas repetidamente em cânceres de mesmo tipo histológico, Envolvidas na iniciação ou na progressão de uma neoplasia maligna; Encontradas apenas nas metástases de um câncer, mas não no tumor primário original. MUDANÇAS CITOGENÉTICAS NO CÂNCER Amplificação Gênica Existência de cópias adicionais de um segmento do genoma presente na célula. Os segmentos de DNA são detectados por hibridização genômica comparativa: Diminutos duplos Regiões de coloração homogênea. Comum em neuroblastoma, carcinoma de células escamosas da cabeça e do pescoço, câncer colorretal e glioblastomas malignos do cérebro. PROGRESSÃO TUMORAL Defeito em um único gene; Câncer esporádico X Câncer hereditário; Evolução do câncer ao longo de múltiplas linhagens Alterações genéticas Aneuplodia Não há sincronia das mudanças; Alterações ocorrem ao acaso em algumas células malignas; Predominâncias das linhagens que crescem e sobrevivem; Importância do tecido vizinho normal. 34 PERFIL DE EXPRESSÃO GENÉTICA Técnicas de hibridização comparativa Nível de expressão de RNAm; PERFIL DA EXPRESSÃO GENÉTICA: Análise de centenas de amostras dos genes humanos. Organização e análise dos dados. Agrupamento; Realização de testes nos grupos de expressão genética Se positivo Assinatura de expressão. Perfil de expressão genética e o agrupamento para criar assinaturas Perfil de expressão gênica – medida da expressão de mRNA em uma amostra; Agrupamento – reunião de genes através de seus padrões de expressão entre as amostras; Assinatura de expressão – grupos de genes cuja expressão se correlaciona entre si e com um grupo particular de amostras. APLICAÇÃO DAS ASSINATURAS GENÉTICAS As assinaturas genéticas aumentam a capacidade de distinção dos diferentes tumores; * Comparação de assinaturas As assinaturas podem ser correlacionadas com resultados clínicos; O agrupamento pode revelar previamente conexões desconhecidas. EXPRESSÃO DOS PERFIS GENÉTICOS NO TRATAMENTO DIAGNÓSTICO DE LIFOMAS O linfoma de Burkitt e linfomas difuso de grandes células são diferenciados: Aparência histológica; Expressão de proteínas de superfície celular; Translocação (8;14). Perfil de expressão genética no prognóstico do câncer de mama Recorrência comum e de difícil previsão dificuldade no tratamento; Uma melhor caracterização para cada câncer do paciente poderia ser benéfica para o tipo de procedimento cirúrgico e tratamento utilizado; O Perfil de expressão é uma abertura para uma nova via promissora de tomada de decisão clínica no tratamento do câncer de mama; Espera-se que os estudos permitam que médicos apliquem dados clínicos e de expressão gênica para o fornecimento de estimativas melhores de prognóstico e orientação da terapia. NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R. R., WILLARD, H. F. Thompson & Thompson, genética médica. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. REFERÊNCIAS
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