Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Termoquímica Profª. Lílian Fernandes Introdução O estudo da energia e suas transformações é conhecido como TERMODINÂMICA. Em grego: thérme (calor), dy’namis (energia). A parte da termodinâmica que estuda as relações entre as reações químicas e as variações de energia envolvendo calor é a chamada TERMOQUÍMICA. Se queremos entender a QUÍMICA de forma adequada, temos que entender as variações energéticas que acompanham as mudanças químicas. Sistemas e Vizinhanças Em termodinâmica, um sistema é definido como o objeto ou conjunto de objetos que estão sendo estudados. A vizinhança inclui tudo o que esteja fora do sistema, que possa trocar energia com ele. sistema vizinhança contorno P.E.: Se estamos estudando o calor liberado em uma reação química, o sistema pode ser definido como sendo o frasco da reação e seu conteúdo. A vizinhança seria o ar na sala e qualquer outra coisa em contato com o frasco. Sistema Vizinhança Sistemas e Vizinhanças Energia O que é energia? “Energia é resultado da realização de trabalho ou transferência de calor” 1ª Lei da Termodinâmica Uma das mais importantes observações da ciência afirma: A ENERGIA NÃO PODE SER CRIADA NEM DESTRUÍDA. Ou seja, a ENERGIA É CONSERVADA. Essas afirmações resumem a chamada 1ª LEI DA TERMODINÂMICA. Qualquer energia perdida pelo sistema deve ser aproveitada pela vizinhança e vice-versa. Funções de estado Funções de estado 1ª Lei da Termodinâmica ENERGIA INTERNA Para um dado sistema, a energia interna inclui os deslocamentos dos átomos e moléculas no espaço, suas rotações, deformações e vibrações internas. Inclui as energias do núcleo de cada átomo e dos elétrons constituintes. 1ª Lei da Termodinâmica Portanto, o que é importante é o E (delta E), ou seja, a variação da energia interna que acompanha uma mudança no sistema. Suponhamos um sistema com uma energia inicial qualquer. O sistema sofre uma mudança, que pode envolver trabalho realizado ou calor sendo transferido. Após a mudança podemos definir a variação da energia interna. E = Efinal - Einicial 1ª Lei da Termodinâmica Importante ressaltar que não precisa-se necessariamente sabermos os valores reais de Efinal ou Einicial para o o sistema. Para aplicarmos a 1ª Lei da Termodinâmica, precisamos apenas do valor de E. O E é uma grandeza termodinâmica que possui 3 partes: um número e uma unidade que juntas informam a magnitude da mudança, e um sinal que o informa o sentido. 1ª Lei da Termodinâmica Um valor positivo para E ocorre quando Efinal > Einicial , indicando que o sistema ganhou energia de sua vizinhança. Um valor negativo para E ocorre quando Efinal < Einicial, indicando que o sistema perdeu energia para sua vizinhança. E = Efinal - Einicial sistema vizinhança 1ª Lei da Termodinâmica Como vimos anteriormente, a energia interna de um sistema pode variar quando calor é adicionado ou removido do sistema ou quando trabalho é realizado sobre o sistema ou realizado pelo sistema. Generalizando, quando um sistema sofre qualquer mudança química ou física, a variação obtida em sua energia, E, é dada pelo calor, q, adicionado ou liberado do sistema, mais o trabalho realizado, w, pelo ou no sistema. E = q + w 1ª Lei da Termodinâmica Quando calor é adicionado ao sistema ou trabalho é realizado pela vizinhança no sistema, E aumenta. Quando calor é transferido do sistema para a vizinhança, q tem valor negativo. Quando trabalho é realizado pelo sistema na vizinhança, w tem valor negativo. 1ª Lei da Termodinâmica 1ª Lei da Termodinâmica Processo endotérmico: ocorre com absorção de calor pelo sistema. (Endo = para dentro) P.E.: fusão do gelo Nesse processo o calor flui da vizinhança para dentro do sistema. Se nós como partes da vizinhança, tocarmos o recipiente no qual o gelo está derretendo, ele nos passa a sensação de frio porque o calor passou de nossas mão para o recipiente. 1ª Lei da Termodinâmica Processo exotérmico: ocorre com emissão de calor pelo sistema. (Exo = para fora). Durante um processo exotérmico o calor flui do sistema em direção à sua vizinhança. P.E.: A reação da termita A reação do alumínio em pó com Fe2O3 é altamente exotérmica. A reação ocorre violentamente para formar o Al2O3 e ferro fundido. H2SO4 2 Al(s) + Fe2O3 (s) Al2O3 + 2 Fe(s) Reação da Termita Trabalho PV Como vimos, mudanças químicas podem resultar não só na liberação ou absorção de calor, como também podem provocar a realização de trabalho, tanto no próprio sistema como na vizinhança. Vejamos a importância na relação entre uma mudança química e o trabalho. Normalmente, realiza-se reações em laboratório à pressão constante. Sob essas condições o trabalho mecânico ocorre quando um gás é produzido ou consumido na reação. Por exemplo: A reação em um recipiente fechado, à pressão constante, do zinco metálico com uma solução de ácido clorídrico. Zn(s) + 2H+(aq) Zn2+(aq) + H2(g) Trabalho PV Zn(s) + 2H+(aq) Zn2+(aq) + H2(g) Nesse aparelho, o êmbolo sobe ou desce para manter uma pressão constante no recipiente da reação. Se assumirmos, que o êmbolo não tem peso, a pressão no aparelho é a mesma que a do exterior, ou seja, a pressão atmosférica. Trabalho PV Zn(s) + 2H+(aq) Zn2+(aq) + H2(g) Quando o zinco é adicionado à solução ácida, forma-se gás H2 e o êmbolo sobe, ou seja, o gás dentro do balão está realizando trabalho na vizinhança para levantar o êmbolo contra a força exercida pela pressão atmosférica que o pressiona para baixo. Esse tipo de trabalho é chamado trabalho de pressão x volume ou trabalho PV. Trabalho PV Trabalho PV Portanto, quando a pressão é constante, o trabalho de pressão x volume é dado por: Onde V é a variação no volume. Quando uma variação no volume é positiva, o trabalho realizado pelo sistema é negativo. Isto é, o trabalho é realizado pelo sistema na vizinhança. w = - PV Entalpia A função termodinâmica chamada entalpia (do grego enthalpien = aquecer) mede o fluxo de calor nas mudanças químicas que ocorrem a pressão constante quando é realizado trabalho PV. A entalpia H é igual a energia interna mais PV. A entalpia é uma função de estado pois a energia interna e a pressão e o volume também são. H = E + PV Entalpia A variação de entalpia é dada pela variação da energia interna mais o produto da pressão constante e a variação do volume. Como vimos, o trabalho de expansão de um gás é dado por w = - PV, logo podemos substituir –w por PV na eq. acima. Além disso, podemos substituir E por q + w. Então teremos: H = E + PV H = E + PV = q + w – w = qp H = qp Entalpia H = qp O qp significa calor a pressão constante. A variação de entalpia é, portanto, o calor obtido ou dispendido à pressão constante. Como qp é algo que podemos medir ou calcular rapidamente e uma vez que a maioria das reações químicas de interesse ocorrem à pressão constante, a entalpia é uma função termodinâmica mais útil do que a energia interna. Entalpia Quando H é positivo, ou seja, qp é positivo, o sistema ganhou calor da vizinhança, caracterizando um processo endotérmico. Quando H é negativo, o sistema liberou calor para a vizinhança, caracterizando um processo exotérmico. Entalpias de Reação Como H = Hfinal - Hinicial , a variação de entalpia de uma reação química é dada pela entalpia dos produtos menos a entalpia dos reagentes. A variação de entalpia que acompanha uma reação é também chamada de calor de reação podendo ser algumas vezes escritas como Hr. H = H (produtos)- H (reagentes) Entalpias de Reação A combustão do hidrogênio se dá da seguinte forma: 2H2(g) + O2(g) 2 H2O H = - 483,6 kJ Quando a reação é controlada para que 2 mols de H2(g) se queime para formar 2 mols de H2O, à pressão constante, os sistema libera 483,6 kJ de calor. O H é negativo, portanto essa reação é exotérmica. A reação do hidrogênio com oxigênio é altamente exotérmica e ocorre rapidamente depois de iniciada. Outro exemplo da reação violenta e explosiva do hidrogênio com oxigênio foi a explosão do dirigível alemão Hindenburg em 1937. Essa tragédia levou à interrupção do uso de hidrogênio como gás flutuante. Os dirigíveis passaram usar o gás hélio, que não é inflamável. Entalpias de Reação Foto tirada apenas 32 segundos depois da primeira explosão. Calorimetria O calor transferido em processo químico ou físico é medido por meio da técnica experimental chamada calorimetria. O valor de H pode ser determinado experimentalmente pela medida do fluxo de calor que acompanha uma reação à pressão constante. Quando o calor flui para dentro ou para fora de uma substância, a temperatura da substância varia. Experimentalmente, pode-se então determinar o fluxo de calor associado a uma reação química medindo a variação de temperatura produzida. Capacidade Calorífica e Calor Específico A variação de temperatura ocorrida em um objeto quando ele absorve certa quantidade de energia é determinada por sua capacidade calorífica. A capacidade calorífica de um objeto é a quantidade de calor necessária para aumentar sua temperatura em 1K (ou 1ºC). Quanto maior a capacidade calorífica , maior o calor necessário para produzir determinado aumento de temperatura. Capacidade Calorífica e Calor Específico A capacidade calorífica para 1 mol de substâncias é chamada de capacidade calorífica molar. A capacidade calorífica de 1g de substância é chamada capacidade calorífica específica ou simplesmente calor específico. Capacidade Calorífica e Calor Específico O calor específico de uma substância pode ser determinado experimentalmente medindo-se a variação de temperatura, T, que uma massa, m, da substância sofre ao ganhar ou perder uma certa quantidade específica de calor, q. 𝑪𝒂𝒍𝒐𝒓 𝒆𝒔𝒑𝒆𝒄í𝒇𝒊𝒄𝒐 = (𝒒𝒖𝒂𝒏𝒕𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒆 𝒄𝒂𝒍𝒐𝒓 𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒇𝒆𝒓𝒊𝒅𝒐) 𝒈𝒓𝒂𝒎𝒂𝒔 𝒅𝒂 𝒔𝒖𝒃𝒔𝒕â𝒏𝒄𝒊𝒂 𝐱 (𝒗𝒂𝒓𝒊𝒂çã𝒐 𝒅𝒂 𝒕𝒆𝒎𝒑𝒆𝒓𝒕𝒖𝒓𝒂) 𝑪𝒂𝒍𝒐𝒓 𝒆𝒔𝒑𝒆𝒄í𝒇𝒊𝒄𝒐 = 𝒒 𝒎 𝒙 𝑻 Capacidade Calorífica e Calor Específico Exemplo: são necessários 209 J para aumentar a temperatura de 50,0 g de água em 1,00 K. Logo, o calor específico da água é: Capacidade Calorífica e Calor Específico Os calores específicos de várias substâncias são mostrados na tabela abaixo. Podemos observar que o calor específico da água é maior de todos. Calor Específico Capacidade Calorífica e Calor Específico Podemos calcular a quantidade de calor que uma substância ganhou ou perdeu utilizando seu calor específico junto com sua massa medida e a variação de temperatura. q = (calor específico) x (massa da substância) x T Calorimetria a pressão constante Para muitas reações é fácil controlar a pressão para que H seja medido diretamente. (H = qp ) Um calorímetro bem simples, feito com isopor (adiabático) é muito utilizado para ilustrar os princípios da calorimetria. A reação ocorre sob pressão constante da atmosfera. Calorimetria a pressão constante Se considerarmos que o calorímetro evita perfeitamente o ganho ou perda de calor produzido da solução para sua vizinhança (calorímetro adiabático) então o calor obtido pela solução tem que ser produzido pela reação química dentro do calorímetro. Em outras palavras, o calor produzido pela reação, qr, é inteiramente absorvido pela solução; ele não escapa do calorímetro. qsolução = - qr Calorimetria a pressão constante Para uma reação exotérmica o calor é liberado pela reação e obtido pela solução. QUAL A CONSEQUÊNCIA DISSO NA SOLUÇÃO? A temperatura da solução aumenta!!! Calorimetria a pressão constante Portanto, o calor absorvido pela solução, qsolução, é igual em valor absoluto e de sinal contrário ao calor da reação. O valor de qsolução é facilmente calculado a partir da massa da solução, de seu calor específico e da variação de temperatura. qsolução = - qr qsolução = (calor específico) x (massa da substância) x T = -qr qsolução = (calor específico) x (massa da substância) x T = -qr Calorimetria a pressão constante Para soluções aquosas diluídas, o calor específico da solução será aproximadamente o mesmo da água, 4,18 J/g K. A equação acima possibilita o cálculo de qr a partir da variação de temperatura da solução na qual a reação ocorre. Por exemplo: Um aumento de temperatura (T > 0) significa que a reação é exotérmica (qr < 0). Exercícios Aplicados 1) Considere a seguinte reação: 2Mg(s) + O2(g) 2MgO(s) H = - 1204 KJ (a)A reação é endotérmica ou exotérmica? (b) Calcule a quantidade de calor transferida quando 2,4g de Mg(s) reagem a pressão constante. (c)Quantos gramas de MgO são produzidos durante uma variação de entalpia de -96,0 kJ? 2) O isooctano (C8H18) queima ao ar formado água e gás carbônico. Nesse processo, são liberados 5,45 KJ/mol de calor. Se ocorrer a queima de 1,0L de isooctano, que quantidade de calor deverá ser liberada na reação à pressão constante? Dado: densidade C8H18 = 0,69 g/mL Exercícios de Aplicação 3- Suponha que se misturem 100,0 mL de CsOH com 50,0mL de HCl em um calorímetro adiabático. Ocorre a seguinte reação: CsOH(aq) + HCl(aq) CsCl(aq) + H2O(l) A temperatura de ambas as soluções antes da mistura era de 22,5oC, mas sobe para 24,28oC depois que a reação ácido-base ocorre. Calcule a entalpia da reação. 4- A adição de 5,44g de NH4NO3(s) a 150,0g de água em um calorímetro de copo de café (com agitação para dissolver o sal) resultou em uma diminuição na temperatura de 18,6oC para 16,2oC. Calcule a variação de entalpia por mol de NH4NO3(s) na água. NH4NO3(s) NH4 + (aq) + NO3 - (aq) Obs: Suponha, para ambos exercícios, que as densidades das soluções sejam todas 1,00g/mL e que as capacidades caloríficas das soluções sejam 4,184 J/g.K. As equações químicas balanceadas que mostram a variação de entalpia associada a quantidade de matéria de reagentes e produtos são chamadas equações termoquímicas. Entalpias de Reação A variação de entalpia que acompanha uma reação pode também ser representada em um diagrama de entalpia. Como a combustão do H2(g) é exotérmica, a entalpia dos produtos da reação é mais baixa que entalpia dos reagentes pois após a energia foi liberada na forma de calor para a vizinhança. Entalpias de Reação Propriedades importantes da entalpia de reação. 1) A entalpia é uma propriedade extensiva (a ordem de grandeza do H é diretamente proporcional à quantidade): CH4(g) + 2O2(g) CO2(g) + 2H2O(l) H = - 890 kJ 2CH4(g) + 4O2(g) 2CO2(g) + 4H2O(g) H = 1780 kJ Entalpias de Reação 2) A variação de entalpia de uma reação é igual em valores absolutos, mas oposta em sinais para o H da reação inversa. Quando invertemos uma reação, invertemos os papéis dos produtos e dos reagentes. CH4(g) + 2O2(g) CO2(g) + 2H2O(l) H = - 890 kJ CO2(g) + 2H2O(l) CH4(g) + 2O2(g) H = + 890 kJ 3) A variação de entalpia de uma reação depende do estado dos reagentes e dos produtos. Se o produto da combustão do metano fosse H2O (g) em vez de H2O (l), o H seria - 802 kJ. Para verificar basta imaginarmos que a água líquida deve ser convertida em vapor de água, e a conversão de 2 mols de H2O (l) para 2 mols de H2O (g) é umprocesso endotérmico: CH4 (g) + 2O2 (g) CO2 (g) + 2 H2O (l) H = - 890 kJ CH4 (g) + 2 O2 (g) CO2 (g) + 2 H2O (g) H = - 802 kJ 2 H2O (l) 2 H2O (g) H = + 88 kJ Entalpias de Reação Lei de Hess Lei de Hess Em virtude da entalpia ser uma função de estado, o H associado a qualquer processo químico depende: (1) da quantidade de substância que sofre variação; (2) da natureza do estado inicial dos reagentes e do estado final dos produtos. Isso significa que se uma reação específica pode ser executada em uma etapa ou em uma série de etapas, a soma das variações de entalpia individuais deve ser a mesma da variação de entalpia associada a um processo de etapa única. Lei de Hess Por exemplo: A combustão do gás metano, CH4 (g), para formar CO2 (g) e água líquida pode ser considerada em duas etapas: (1) a combustão do metano CH4 (g), para formar CO2 (g) e água gasosa, H2O (g). (2) a condensação da água gasosa para formar a água líquida, H2O (l). Lei de Hess A variação de entalpia para o processo total é simplesmente a soma das variações de entalpia para essas duas etapas. A equação simplificada é: Lei de Hess Portanto, a Lei de Hess estabelece que se uma reação for executada em uma série de etapas, o H para a reação será igual à soma das variações de entalpia para as etapas individuais. A variação de entalpia total para o processo é independente do número de etapas ou da natureza particular da maneira pela qual a reação é executada. Podemos então calcular o H para qualquer processo, desde que encontremos uma rota pela qual H seja conhecido para cada etapa. Lei de Hess A Lei de Hess fornece um meio útil de se calcular as variações de energia que são difíceis de medir diretamente, por exemplo através de um calorímetro. Em muitos casos, acontecerá de uma dada reação poder ser alcançada por mais de um conjunto gradual de equações. A entalpia é uma função de estado, portanto sempre teremos o mesmo valor de H para um reação total, não importando quantas etapas aplicamos para chegar aos produtos finais. Diagrama de Níveis de Energia Ao usar a Lei de Hess, é freqüentemente útil representar de maneira esquemática os dados de entalpia em um diagrama de níveis de energia. Nesses diagramas, varias substâncias (reagentes e produtos) são colocados em uma escala de energia. A energia relativa de cada uma das substâncias, é dada pela sua posição no eixo vertical, e as diferenças numéricas de energia entre elas são mostradas por setas verticais. Exemplo: Consideremos a reação do metano (CH4) e o oxigênio (O2) para formar CO2 e H2O. Lei de Hess Podemos visualizar a reação formando CO2 diretamente ou com a formação inicial de CO, que sofre combustão para CO2. Como H é uma função de estado, ambos os caminhos produzem o mesmo valor de H. No diagrama de entalpia, isso significa H1 = H2 + H3. Exercício: Lei de Hess 1 - A partir das variações de entalpia para as seguintes reações: H2(g) + F2(g) 2 HF(g) H = -537,0 kJ C(s) + 2 F2(g) CF4(g) H = -680,0 kJ 2 C(s) + 2 H2(g) C2H4(g) H = +52,3 kJ Calcule o H para a reação do etileno com F2: C2H4(g) + 6 F2(g) 2 CF4(g) + 4 HF(g) Hr = ? 2 - A partir das variações de entalpia para as seguintes reações: C(s) + O2(g) CO2(g) H = -393,5 kJ H2(g) + ½ O2(g) H2O(g) H = -285,8 kJ CH4 (g) + 2 O2(g) CO2 (g) + 2 H2O (l) H = -890,3 kJ Calcule o H para a seguinte reação global: C (s) + 2 H2(g) CH4(g) Hr = ? A calorimetria e a aplicação da Lei de Hess tornaram disponível um grande número de valores para reações químicas. Freqüentemente, esses valores são agrupados em tabelas para facilitar a consulta e utilização dos dados. Uma tabela muito útil contém as entalpias de formação ou calor de formação, Hf, onde o subscrito f indica que a substância foi formada a partir de seus elementos. Entalpias de Formação A ordem de grandeza de qualquer variação de entalpia depende das condições de temperatura, pressão e estado (gás, líquido ou sólido) dos reagentes e produtos. Para se comparar entalpias de diferentes reações, temos que definir um conjunto de condições, chamado estado padrão, no qual a maioria das entalpias são tabeladas. O estado padrão de uma substância é sua forma pura à pressão atmosférica (1 atm) e à temperatura de interesse, a qual normalmente é 298 K (25ºC). Entalpias de Formação A entalpia padrão de uma reação é definida como a variação de entalpia quando todos os reagentes e produtos estão em seus estados padrão. Indica-se uma entalpia padrão como Ho , onde o índice superior o indica condições de estado padrão. A entalpia padrão de formação, Hof, é a variação da entalpia para a reação que forma 1 mol de composto a partir de seus elementos, com todas as substâncias em seus estados padrão. Normalmente informamos valor de Hof a 298 K. Entalpias de Formação Entalpias de Formação Se um elemento existir em mais de uma forma sob condições padrão, a forma mais estável do elemento é utilizada para a reação de formação. Por exemplo, a entalpia padrão de formação para o etanol é a variação de entalpia para a seguinte reação: A fonte elementar de oxigênio é O2, e não O ou O3, pois a forma mais estável do oxigênio a 298 K e a 1 atm é O2. Da mesma forma, a fonte elementar de carbono é o carbono grafite C, e não o carbono diamante. Entalpias de Formação A estequiometria de reações de formação sempre indica que 1 mol da substância desejada é produzida. Como resultado, as entalpias de formação são informadas em kJ/mol da substância. Por definição, a entalpia padrão de formação da forma estável de qualquer elemento é zero, pois não existe reação de formação apropriada quando o elemento já está em seu estado padrão. Por exemplo, os valores de Hof para C (grafite), H2 (g), O2 (g) são zero por definição. Entalpias de Formação Os valores de Hof tabeladas tem muitas utilizações importantes. Podemos usar a Lei de Hess para a calcular a variação de entalpia padrão para qualquer reação da qual conhecemos os valores de Hof para todos os reagentes e produtos. Por exemplo: A combustão do propano. Entalpias de Formação Entalpias de Formação Exemplo: combustão do propano Podemos escrever essa equação como a soma de três reações: 3 C(s) + 4 H2(g) C3H8(g) H1 = H o f [C3H8] Entalpias de Formação Exemplo: combustão do propano Pela Lei de Hess, podemos escrever a variação de entalpia padrão da reação total, como a soma das variações de entalpia para os processos. Podemos, portanto, utilizar os valores tabelados para calcular um valor numérico para Hor. Entalpias de Formação Exemplo: combustão do propano Vários aspectos desses cálculos dependem de algumas diretrizes. Vejamos: Entalpias de Formação Exemplo: combustão do propano (1) A primeira equação química é o inverso de formação de C3H8 (g), portanto a variação de entalpia para essa reação é -Hof . (1) A segunda equação é a reação para formação de 3 mols de CO2 (g). Como a entalpia é uma propriedade extensiva, a variação de entalpia é 3 Hof (CO2 (g)). Assim como a equação 3 apresenta 4 Hof (H2O (l)). Entalpias de Formação Exemplo: combustão do propano (3) O valor de Hor representa a variação de entalpia para a a reação de 1 mol de C3H8 e 5 mols de O2 para forma 3 mols de CO2 e 4 mols de H2O. Podemos reescrever qualquer reação na forma de várias reações de formação. Isto pode ser feito, pois o calor padrão da reação é a soma dos calores padrão de formação dos produtosmenos os calores padrão de formação dos reagentes. n e m são os coeficientes estequiométricos da equação química. Entalpias de Formação O primeiro termo da equação representa as reações de formação dos produtos, que são escritos no sentido da direita para esquerda, isto é, os elementos reagindo para formar produtos. O segundo termo representa o inverso das reações de formação dos reagentes. Entalpias de Formação 1. As refeições prontas das Forças Armadas podem ser aquecidas em um aquecedor sem chama. A fonte de calor no aquecedor é: Mg(s) + 2H2O(l) -> Mg(OH)2(s) + H2(g) (a) Calcule a variação de entalpia sob condições padrão em Joule, para esta reação; (b) Que quantidade de calor é necessária para aquecer 25 mL de água (d=1,0 g/mL) de 25°C até 85°C? Exercícios de Aplicação 2() 2() [ ]285,83 / [()]924,54 / f l f s HHO kJmol HMgOH kJmol Exercícios de Aplicação 2- Muitos isqueiros contêm butano líquido, C4H10(l). Usando as entalpias de formação, calcule a quantidade de calor produzida quando 1,0 g de butano sofre combustão completa ao ar. 3- A combustão completa ao ar do naftaleno (C10H8) libera 5.154 KJ/mol de naftaleno. (a) Escreva a equação termoquímica balanceada para essa reação. (b) Calcule a entalpia padrão de formação do naftaleno. Dados: Hof [C4H10(l)] = -147,6 kJ/mol Hof [CO2(g)] = -393,5 kJ/mol Hof [H2O(l)] = -285,83 kJ/mol
Compartilhar