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Características principais das Políticas Urbanas no Brasil

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Trabalho I de Planejamento e Gestão urbana 
Discente: Bruna Gonçalves Aguiar 
Questão 1: Características principais das Políticas Urbanas no Brasil 
 
 Este texto tem como objetivo apresentar diversas características 
estudadas sobre o planejamento urbano em nosso país. Já vimos diversas ações 
tomadas pelo governo e pela arquitetura que compõem os devidos deveres 
(alguns certos, outros não) com a cidadania. Seguem algumas. 
 O primeiro grande período de Expansão de Políticas de desenvolvimento 
urbano e regional foi feito na segunda metade do século XX, de 1950 a 1979 e 
teve o objetivo de auxiliar as cidades em organizar a expansão populacional e o 
desenvolvimento industrial e econômico. Em geral, quem sempre teve o poder 
do canetaço são parcelas da elite do país, então o planejamento se concentra 
em atender às partes “centrais”, “principais” do país e de cidades. 
 Sabemos que as éticas aristocráticas é que definem o planejamento de 
cidades, por conseguinte, os arquitetos e políticos acabaram criando uma 
demanda que não supre a necessidade de todos. Há dois lados: o de que os 
arquitetos geralmente estudaram para obter um melhor salário e não pensam em 
trabalhar para pessoas com baixo poder aquisitivo, os professores também não 
pensaram tanto nisso, pois é muito mais “criativo” e “bonito”, fazer projetos 
elegantes, extravagantes, marcantes para quem passa por eles - isto não 
podemos negar. 
 Os políticos que simplesmente “não enxergavam” a parcela mais 
vulnerável da população por conviver somente com pessoas de mesma classe, 
se acostumando com aquele padrão de “bolha”. Ao mesmo tempo, foi neste 
período que se iniciou uma crítica ao “caos urbano” que as grandes cidades 
estavam enfrentando, com produção acadêmica, críticas e sugestões de 
soluções para uma melhoria na qualidade de vida para todos. Infelizmente, 
mesmo com tantas idéias boas para serem aproveitadas, a teoria continuou 
distante da prática, que não fazia uma boa conexão ou diálogo com quem quis 
ajudar. E atualmente sabemos que com o aumento do acesso à informação, 
notícias, etc., os políticos sabem cada vez mais ignoram, chegando a 
gravemente burlar a legislação. 
 Certa vez quando a autora deste texto residia em Blumenau, a própria 
professora nascida no paraná comentou que infelizmente as pessoas antes de 
vir morar na cidade, só sabem que ela é muito linda pois tem um design de 
iluminação encantador no centro da cidade. Infelizmente, não podemos 
simplesmente migrar para uma cidade por causa disso, não obstante, é o que 
inclusive turistas acham lindo. Quem mora lá sabe que boa parte da cidade mal 
tem calçadas para caminhar, mas pelo menos para compensar, existem 
ciclovias. É a chamada “cidade turística”, quem a visita vai achá-la linda, mas 
basta ficar um tempo para descobrir como a maioria da população vive, também 
sem um bom saneamento básico. E sim, infelizmente várias pessoas que migram 
para lá se frustram ou se acostumam a não poder voltar para sua cidade natal. 
 O planejamento que vem de baixo: segundo dados de 2013 o 
saneamento básico incrivelmente não atingiu 17,5 das residências no Brasil, 
ainda 4 milhões de habitantes não tem acesso a banheiro e apenas 40% dos 
esgotos no Brasil são tratados(!). Em nosso próprio litoral gaúcho, a parte que 
liga resíduos a algum lugar são perto do mar ou em condomínios (e 
vergonhosamente talvez em todo o litoral, a água suja seja simplesmente atirada 
no mar) pois a cidade em si, a população que vive o ano inteiro nela, 
normalmente ainda utiliza um sistema precário de fossa, onde a água não é 
tratada e vai diretamente para o lençol freático, o poluindo e podendo levar até 
doenças a outros lugares. 
 Segundo relato de um próprio engenheiro e ex-funcionário da prefeitura 
de Capão da Canoa, não há um grande investimento nessa área, pois ela 
simplesmente “não aparece”. E sabemos que em diversos países desenvolvidos, 
o tratamento de esgoto tem uma extrema diferença: as pessoas podem jogar o 
papel na privada, não necessitando de lixeira, muito menos lixeiros para esta 
específica função. 
 Como diz o próprio texto a autora Hermínia Maricato: existem “As idéias 
fora do lugar e o lugar fora das idéias”, existem ambas as coisas, mas o quebra-
cabeça não foi encaixado. No caso, a terra que ainda teoricamente “não tem 
dono” na cidade, é ocupada por empresários de imobiliárias que querem obter o 
lucro total em cima de prédios que se localizam nas partes centrais, o valorizando 
cada vez mais e fazendo com que a área fique restrita às populações de alta 
renda, que podem pagar pelo valor de terra estipulado. 
 E isso desencadeia o problema de que quem vem morar na cidade grande 
com um sonho de uma vida melhor, acaba com as “sobras de terra”, que têm 
muitas vezes baixos aluguéis: as partes periféricas. Que ficam geralmente longe 
do centro, do emprego, de boas praças, chegando a carecer até de luz elétrica. 
Pela alta demanda de pessoas querendo viver no centro, não há moradia para 
todos, aumentando o preço de aluguéis e compra de imóveis. 
 A autora direciona inclusive, algumas soluções para estes problemas, 
como um melhor controle do IPTU: quando as pessoas pagam este imposto que 
é definido diretamente à renda, constitucionalmente a cidade não repassa este 
imposto para o governo federal, podendo usar o dinheiro para auxiliar na 
construção de condomínios de baixo custo. E também o município deve 
aumentar a participação dos cidadãos nesta política pública. 
 Por mais que existam diversas leis para serem seguidas no planejamento 
urbano brasileiro, nosso sistema de infraestrutura também peca: na verdade são 
tantas leis criadas em nosso país, que os próprios advogados afirmam que é 
impossível estar atualizado sobre nossa extensa legislação. Uma prova disso, é 
o livro de Legislação Tributária lançado em 2014 por Vinícius Leôncio, advogado 
que investiu 25 anos para finalizar sua obra.1 Como os gestores trocam conforme 
os anos, esta complexidade de regras abre brechas para seu não cumprimento, 
 
1 http://www.comopassarnaoab.com.br/blog/2014/03/26/advogado-lanca-livro-de-sete-toneladas-
sobre-leis-tributarias/ 
e sem diretriz financeira não há planejamento, por conseguinte, não há 
arquitetura. 
 Outro problema de distanciamento do ideal, é que o setor governamental 
brasileiro é altamente complexo, envolvendo 29 ministérios desde 2014. 
Acontece que o setor de cartografia fica no ministério do Planejamento, 
Orçamento e Gestão Fiscal2 - no site há um mapa muito bem estruturado 
demonstrando isto - porém, ele poderia ficar no Ministério das Cidades (Criado 
em 2003) para auxiliar em projetos, leis de arquitetura e urbanismo. 
 Este último ministério repassou aos municípios que cuidem cada um do 
seu plano de mobilidade urbana3 em até 3 anos, à partir do dia 29 de abril de 
2016.4 Pois como diz a autora Jane Jacobs em seu primeiro capítulo do livro 
“Morte e Vida das Grandes Cidades”, não se pode planejar uma cidade grande 
do mesmo modo que se planeja para uma cidade pequena, cada cidade tem 
suas características e diferentes demandas, e cabe aos profissionais antes de 
tudo, identificarem quais são elas. 
 Atualmente também vemos um sistema de transportes precário em 
diversos locais, que acabam dando prioridade para os carros, esquecem de 
transportes em massa. Primeiramente existe um sonho de consumo no Brasil 
onde todos querem ter um carro para não dependerem de outros transportes que 
são lotados, podem ser caros e até perigosos. Acabou-seque infelizmente as 
grandes cidades do Brasil enfrentam altos engarrafamentos. Mas o problema 
não é o excesso de carros se este em si, sem dúvidas traz bem-estar à 
população. 
 O problema é a falta de organização e o excesso populacional que as 
cidades grandes aparentemente não suportam, mesmo os carros pagando 
altíssimos impostos com combustível e IPVA. Se todos os tipos de transportes 
fossem efetivos, as pessoas não perderiam tempo esperando trancadas, não 
teriam este tão sonhado desejo de andar de carro todos os dias podendo 
revezar, andariam mais de bicicleta, afinal, muitas vezes não se pode fazer isso 
em grandes cidades para não se morrer atropelado. Afinal, quando se faz a auto-
escola -se depender do analista de políticas públicas, somente ainda- não há 
instruções para compartilhamento de rua com ciclistas, eles são tratados como 
parasitas. 5Já nas cidades menores, a bicicleta é altamente utilizada. 
 Uma solução altamente ignorada pelo governo foi dada por Ozires Silva6 
-quando este foi Ministro de Infraestrutura nos anos 90: usar Zepelins para 
diminuir o tráfico, pois estes podem ter velocidade e não usam o chão, não 
prejudicando o asfalto. Os ônibus de dois andares, apesar de presentes em 
 
2 http://www.planejamento.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/estrutura-organizacional 
3 A cidade de Santos atualmente está democraticamente querendo ouvir a opinião dos cidadãos que 
podem votar por diretrizes de planejamento na área de infraestrutura e transportes através do link: 
http://www.santos.sp.gov.br/mobilidade/node/2 
4 http://www.cidades.gov.br/component/content/article/138-secretaria-nacional-de-transporte-e-da-
mobilidade/4275-o-plano-de-mobilidade-urbana-deve-ser-aprovado-por-lei 
5 Esta idéia foi repassada por mim para a empresa de ecologia Mãos Verdes que faz projetos para a 
prefeitura de Porto Alegre, onde se crie uma cartilha de leitura obrigatória pelos alunos de Auto-Escola 
para induzir a harmonia entre os tipos de transporte. 
6 Idéia comentada após palestra dele no Encontro Nacional da Área de Públicas em 2013. 
diversas cidades do mundo, tanto em Brasília quanto em Porto Alegre pelo 
menos, são apenas disponibilizados para turistas, o que poderia auxiliar na 
verdade a população local, evitando aglomerados desconfortáveis e 
constrangedores. 
 Por conseguinte, o desenho da cidade acabou tendo uma meta maior em 
ficar mais agradável para os sentidos da visão e da vaidade e esqueceu de 
diversos detalhes, não parecendo encontrar soluções criativas para contornar 
isto, como diversos países fazem. Apenas uma das diversas soluções, foi 
criando casas com impressoras 3D na China, por exemplo.7 
 No Brasil, algo que também encarece um imóvel é o modo como ele é 
feito: por pedreiros de tijolo em tijolo, que estão cada vez mais migrando para 
profissões mais dignas e menos árduas. Não há como em diversos outros 
países, as pré-casas, as paredes prontas, pois estes matériais encarecem muito 
com taxas de importação. 
 
 
 
 
 
Anexo referente à livro escrito pelo advogado Vinícius Leôncio, 2014. 
 
 
7 http://www.forbes.com.br/fotos/2015/08/companhia-chinesa-constroi-casa-com-impressora-3d-por-
menos-de-r-1-640/

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