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UFBA - DIREITO ADMINISTRATIVO
Prof. Durval Carneiro Neto
AGENTES PÚBLICOS
Sumário: 1) Conceito de agente público. 2) Classificação dos agentes públicos: agentes políticos, servidores públicos, agentes particulares em colaboração. 3) Regimes jurídicos dos servidores públicos. 3.1) Regime estatutário. 3.2) Regime trabalhista. 3.3) Regime especial temporário. 4) Organização funcional: cargos, empregos e funções públicas. 5) Normas gerais aplicáveis a todos os servidores públicos. 6) Aspectos gerais do regime estatutário dos servidores públicos civis da União, autarquias e fundações federais de direito público (Lei 8112/90). 6.1) Provimento de cargo público. 6.2) Estabilidade. 6.3) Direitos e vantagens. 6.4) Lotação e relotação do servidor. 6.5) Substituição do servidor. 6.6) Deveres e proibições. 6.7) Responsabilidades e processo disciplinar. 6.7.1) As três instâncias de responsabilidade; 6.7.2) Independência entre instâncias, hipóteses de comunicabilidade e efeitos da condenação penal. 6.7.3) Sanções por ato de improbidade administrativa. 6.7.4) O processo administrativo disciplinar. 6.7.5) A “verdade sabida” e o “termo de declaração”. 6.7.6) A ação regressiva contra o servidor público. 6.8) Desprovimento de cargo público. 6.9) Noções sobre a previdência do servidor público. 7) Noções sobre o regime estatutário militar. 8) Agentes de fato.
1) CONCEITO DE AGENTE PÚBLICO
Os entes estatais e órgãos que os integram são categorias ideais, fictícias, cuja vontade e autoridade são exteriorizadas por pessoas naturais genericamente denominadas de agentes públicos, que movimentam a máquina do Poder Público.
“Então, para que tais atribuições (do Estado) se concretizem e ingressem no mundo natural é necessário o concurso de seres físicos, prepostos à condição de agentes. O querer e o agir destes sujeitos é que são, pelo Direito, diretamente imputados ao Estado (manifestando-se por seus órgãos), de tal sorte que, enquanto atuam nesta qualidade de agentes, seu querer e seu agir são recebidos como o querer e o agir dos órgãos componentes do Estado; logo, do próprio Estado. Em suma, a vontade e a ação do Estado (manifestada por seus órgãos, repita-se) são constituídas na e pela vontade e ação dos agentes; ou seja: Estado e órgãos que o compõem se exprimem através dos agentes, na medida em que ditas pessoas físicas atuam nesta posição de veículos de expressão do Estado”.�
Os entes estatais e os órgãos superiores que os integram estão, em regra, previstos na Constituição Federal (União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Congresso Nacional, Senado Federal, Câmara dos Deputados, Supremo Tribunal Federal, Tribunal de Contas da União, Juízes Federais, Juízes do Trabalho etc.) ou em leis de organização administrativa (empresas públicas, autarquias, fundações estatais, Ministério da Fazenda, etc.).
Além das pessoas vinculadas diretamente ao Estado, existem outras que, apesar de não terem ligação direta com qualquer órgão ou ente integrante do aparelho estatal, também desempenham atividades afetadas ao Poder Público, isto é, funções estatais, e, portanto, também são agentes públicos. Todas essas pessoas que exprimem manifestação estatal, integrando ou não os quadros do Estado, recebem a denominação genérica de agentes públicos, conforme a lição do mestre Celso Antônio Bandeira de Mello:
“Esta expressão - agentes públicos – é a mais ampla que se pode conceber para designar genérica e indistintamente os sujeitos que servem ao Poder Público como instrumentos expressivos de sua vontade ou ação, ainda quando o façam apenas ocasional ou episodicamente. Quem quer que desempenhe funções estatais, enquanto as exercita, é um agente público. (...) alguns integram o aparelho estatal, seja em sua estrutura direta, seja em sua organização indireta (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações governamentais). Outros não integram a constelação de pessoas estatais, isto é, são alheios ao aparelho estatal, permanecem exteriores a ele (concessionários, permissionários, delegados de função ou ofício público, alguns requisitados, gestores de negócios públicos e contratados por locação civil de serviços). Todos eles, entretanto, estão sob um denominador comum que os radicaliza: são, ainda que alguns deles apenas episodicamente, agentes que exprimem manifestação estatal, munidos de uma qualidade que só podem possuir porque o Estado lhes emprestou sua força jurídica e os habilitou a assim agirem ou, quando menos, tem que reconhecer como estatal o uso que hajam feito de certos poderes”.�
No dizer de Maria Sylvia Di Pietro, “agente público é toda pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta”.�
Para o saudoso professor Diógenes Gasparini, são “todas as pessoas físicas que sob qualquer liame jurídico e algumas vezes sem ele prestam serviços à Administração Pública ou realizam atividades que estão sob sua responsabilidade”.�
Assim, são exemplos de agentes públicos: o Presidente da República, os seus Ministros, os Deputados, Vereadores, Juízes e demais ocupantes de cargo público, assim como os concessionários, permissionários de serviço público, as pessoas às quais são delegadas funções públicas, tais como os tabeliães, diretores de faculdades, os mesários eleitorais e até mesmo os contratados em regime de locação civil.
Em suma, “a noção abarca todos os que desempenhem função pública e, por certo, enquanto a desempenham, independentemente da existência de vínculo, e se este existir são irrelevantes a forma de investidura e a natureza da vinculação que os prende à Administração Pública”.�
Daí porque dispõe o art.2o da Lei 8.429/1992 (que trata da ação por improbidade administrativa): “Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior” (qualquer dos poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios).
Esta noção do que seja agente público também se revela importante na prática, pois tem estreita ligação com a figura da “autoridade” para fins de sujeição passiva ao mandado de segurança:
“Bem por isto, é natural que seja impetrável segurança contra diretor de Faculdade particular reconhecida com relação a atos que digam respeito à sua atividade ordenadora ou decisória de ensino. De igual modo, os titulares de serviços notariais ou de registro, conquanto conservem sua qualidade de particulares (art.236 da Constituição), estranhos, pois, ao conceito de funcionário ou de servidor público, podem ser sujeitos passivos de mandado de segurança, posto que agem como delegados de função pública. O dirigente de empresa pública ou sociedade de economia mista (pessoas qualificadas como de Direito Privado), ainda quando sejam elas meramente exploradoras de atividade econômica, também pode ser enquadrado como ‘autoridade’ no que concerne a atos expedidos para cumprimento de normas de Direito Público a que tais entidades estejam obrigadas, como, exempli gratia, os relativos às licitações públicas que promovam”.�
2) CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS
A classificação dos agentes públicos pode ser feita segundo variados aspectos. Levando em conta a pessoa política ao qual está vinculado, o agente público poderá ser federal, estadual, distrital ou municipal. Considerando ainda algumas peculiaridades específicas do regime disciplinar, o agente público poderá ser civil ou militar. 
Todavia, no que concerne a aspectos substanciais da sua vinculação ao Poder Público, a classificação dos agentes públicos costuma ser feita pela doutrina segundo três categorias: i) agentes políticos; ii) servidores estatais e iii) particulares em colaboração com a Administração.
Agentes Políticos são aqueles que ocupam os mais altos cargos da estrutura organizacional do Estado,dispostos na Constituição Federal como instrumentos de exercício do poder político, manifestado na vontade superior do Poder Público. São exemplo, o Presidente da República e seus Ministros, os Governadores, Prefeitos e seus Secretários, os Senadores, Deputados etc.
Existe controvérsia entre os juristas acerca de quais seriam os agentes políticos, sobretudo no que tange à inclusão dos juízes e membros do MP nesta categoria. Hely Lopes Meirelles considera os membros do Judiciário e do Ministério Público como agentes políticos, haja vista a independência funcional que lhes é garantida no exercício das suas funções institucionais:
“Nesta categoria encontram-se os Chefes de Executivo (Presidente da República, Governadores e Prefeitos) e seus auxiliares imediatos (Ministros e Secretários de Estado e de Município); os membros das Corporações Legislativas (Senadores, Deputados e Vereadores); os membros do Poder Judiciário (Magistrados em geral); os membros do Ministério Público (Procuradores da República e da Justiça, Promotores e Curadores Públicos), os membros dos Tribunais de Contas (Ministros e Conselheiros); os representantes diplomáticos e demais autoridades que atuem com independência funcional no desempenho de atribuições governamentais, judiciais ou quase-judiciais, estranhas ao quadro do serviço público”.�
Celso Antônio Bandeira de Mello tem uma concepção mais restrita acerca dos agentes públicos classificados como agentes políticos, considerando como tais somente aqueles que mantêm vínculo de natureza política com o Estado (e não vínculo de natureza profissional), daí porque não inclui nesta categoria os membros do Poder Judiciário e do Ministério Público. Convém conferir as suas palavras:
“Agentes Políticos são os titulares dos cargos estruturais à organização política do País, ou seja, ocupantes dos que integram o arcabouço constitucional do Estado, o esquema fundamental do Poder. Daí que se constituem nos formadores da vontade superior do Estado. São agentes políticos apenas o Presidente da República, os Governadores, Prefeitos e respectivos vices, os auxiliares imediatos do Chefe de Executivo, isto é Ministros e Secretários das diversas Pastas, bem como os Senadores, Deputados federais e estaduais e os Vereadores”.�
Comentando tal divergência existente na doutrina, Maria Sylvia Di Pietro prefere a concepção mais restrita, porquanto “a idéia de agente político liga-se, indissociavelmente, à de governo e à de função política, a primeira dando idéia de órgão (aspecto subjetivo) e, a segunda, de atividade (aspecto objetivo)”, sendo que, “no Brasil, a participação do Judiciário em decisões políticas praticamente inexiste, pois a sua função se restringe, quase exclusivamente, à atividade jurisdicional sem grande poder de influência na atuação política do Governo, a não ser pelo controle a posteriori”.�
“O mesmo se diga com relação aos membros do Ministério Público e do Tribunal de Contas, o primeiro exercendo uma das funções essenciais à justiça, ao lado da Advocacia Geral da União, da Defensoria Pública e da Advocacia, e o segundo a função de auxiliar do Legislativo no controle sobre a Administração. Em suas atribuições constitucionais, nada se encontra que justifique a sua inclusão entre as funções de governo; não participam, direta ou indiretamente, das decisões governamentais. Não basta o exercício de atribuições constitucionais para que se considere como agente político aquele que as exerce. São, portanto, agentes políticos, no direito brasileiro, apenas os Chefes dos Poderes Executivos federal, estadual e municipal, os Ministros e Secretários de Estado, além de Senadores, Deputados e Vereadores”.�
Daí porque a doutrina majoritária prefere entender que “a categoria dos magistrados e a dos membros do Ministério Público fica bem mais alocada entre os servidores estatutários vitalícios”.� Em tópico posterior veremos em que consiste tal categoria.
Servidores Estatais são “todos aqueles que entretêm com o Estado e suas entidades da Administração indireta, independentemente de sua natureza pública ou privada (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista) relação de trabalho de natureza profissional e caráter não eventual sob vínculo de dependência”.�
Na doutrina de Celso Antônio, os servidores estatais subdividem-se em duas categorias: 1) servidores públicos, isto é, das pessoas de Direito Público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios, suas autarquias e fundações estatais de Direito Público); 2) servidores das pessoas governamentais de Direito Privado (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações estatais de Direito Privado).
Nesse prisma, servidores públicos são “todos aqueles que mantêm vínculo de trabalho profissional com as entidades governamentais, integrados em cargos ou empregos da União, Estados, Distrito Federal, Municípios, respectivas autarquias e fundações de Direito Público. Em suma: são os que entretêm com o Estado e com as pessoas de Direito Público da Administração indireta relação de trabalho de natureza profissional e caráter não eventual sob vínculo de dependência”.�
Como se vê, a expressão servidor público, em seu sentido lato, abrange tanto os titulares de cargos públicos quanto os ocupantes de empregos públicos, alcançando ainda os que exercem função pública, como será visto mais adiante em tópico específico.
 
Segundo Maria Sylvia Di Pietro, os servidores públicos compreendem:
“1. os servidores estatutários, sujeitos ao regime estatutário e ocupantes de cargos públicos; 2. os empregados públicos, contratados sob regime da legislação trabalhista e ocupantes de empregos públicos; 3. os servidores temporários, contratados por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público (art.37, IX, da Constituição); eles exercem função, sem estarem vinculados a cargo ou emprego público”.�
Na vigência da Constituição anterior, os servidores estatutários eram chamados de funcionários públicos. A atual Carta ora utiliza termo amplo servidor público, ora faz alusão aos servidores ocupantes de cargos públicos (vide arts.37 a 41).
É preciso fazer uma ressalva em relação aos servidores contratados em regime de emprego público. 
Se prestarem serviços para entes de Direito Público (Administração direta, autarquias e fundações), serão, na esfera federal, regidos pela Lei 9962/2000 naquilo que esta modificar a legislação trabalhista geral. Há, portanto, aí, um regime misto de emprego.
Se prestarem serviços para entes de direito privado (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações de direito privado instituídas pelo Poder Público), estarão integralmente submetidos ao regime trabalhista geral. Para diferenciá-los, alguns doutrinadores os denominam servidores governamentais.
Quanto aos servidores temporários, como dito, são agentes contratados por prazo determinado para que a Administração Pública possa atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (CF, art.37, IX). No âmbito federal, tal contratação é regulamentada pela Lei 8745/93, com alterações dadas pela Lei 9849/99.
Diógenes Gasparini qualifica necessidade temporária aquela “qualificada por sua transitoriedade; a que não é permanente; aquele que se sabe ter um fim próximo. Em suma, a que é passageira. São exemplos de necessidade temporária cujo atendimento pode ser conseguido com esses contratos: a restauração do sistema viário e dos serviços de comunicações destruídos por uma inundação; a continuidade dos serviços de magistério em razão do afastamento súbito e prolongado do professor titular; a vacinação emergencial da população em razão de um surto epidêmico imprevisível; o recenseamento e outros levantamentos estatísticos; a melhoria do serviço público tornado de baixa qualidade pela falta de servidores e a sua continuidade em razão de greve. A necessidade a ser atendida, além de temporária, há de ser de excepcional interesse público”.�Particulares em colaboração com a Administração são aqueles agentes que, apesar de não terem vínculo direto com o aparelho estatal, exercem função pública, ainda que em caráter provisório, tal como acontece com os leiloeiros, tradutores, peritos, concessionários etc. 
Celso Antônio Bandeira de Mello aponta as seguintes espécies de agentes por colaboração:
“a) requisitados para prestação de atividade pública, quais os jurados, membros de Mesa receptora ou apuradora de votos quando das eleições, recrutados para o serviço militar obrigatório etc. Estes agentes exercem um múnus público; b) ao que sponte própria assumem a gestão da coisa pública como ‘gestores de negócios públicos’, perante situações anômalas, para acudir a necessidades públicas prementes; c) contratados por locação civil de serviços (como, por exemplo, um advogado ilustre contratado para sustentação oral perante Tribunais); d) concessionários e permissionários de serviços públicos, bem como os delegados de função ou ofício público, quais os titulares de serventias da Justiça não oficializadas, como é o caso dos notários, ex vi do art.236 da Constituição, e bem assim outros sujeitos que praticam, com o reconhecimento do Poder Público, certos atos dotados de força jurídica oficial, como ocorre com os diretores de Faculdades particulares reconhecidas”.�
No mesmo sentido a lição de Maria Sylvia Di Pietro:
“Nesta categoria entram as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado, sem vínculo empregatício, com ou sem remuneração. Podem fazê-lo sob diversos títulos, que compreendem: 1. delegação do Poder Público, como se dá com os empregados das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, os que exercem serviços notariais e de registro (art.236 da Constituição), os leiloeiros, tradutores e intérpretes públicos; eles exercem função pública, em seu próprio nome, sem vínculo empregatício, porém sob fiscalização do Poder Público. A remuneração que recebem não é paga pelos cofres públicos mas pelos terceiros usuários do serviço; 2. mediante requisição, nomeação ou designação para o exercício de funções públicas relevantes; é o que se dá com os jurados, os convocados para prestação de serviço militar ou eleitoral, os comissários de menores, os integrantes de comissões, grupos de trabalho etc.; também não têm vínculo empregatício e, em geral, não recebem remuneração; 3. como gestores de negócio que, espontaneamente, assumem determinada função pública em momento de emergência, como epidemia, incêndio, enchente etc.”�
Saliente-se que os titulares de serviço notarial e de registro (cartórios) são particulares em colaboração, que agem por delegação do Poder Público, ainda que sejam selecionados por concurso público por força de norma constitucional expressa (art.236, §3º). Conforme já decidiu o STF, esses agentes não estão investidos em cargos, pois exercem suas atribuições em caráter privado (ADI 2.602/MG, DJ de 31/03/2006).
Outra situação sui generis é a dos recrutados para o serviço militar. Eles não estão inseridos no quadro funcional da instituição militar, nem exercem cargos. Apenas são convocados mediante recrutamento para o treinamento militar. Por isso são também considerados particulares em colaboração com a Administração, apesar de manterem certo vínculo funcional com o aparelho estatal durante o período do serviço militar.
Para melhor visualizar o panorama dos agentes públicos no ordenamento jurídico brasileiro, apresentamos o seguinte quadro sinótico:
	
I) AGENTES POLÍTICOS:
- Titulares de cargos estruturais à organização política do país.
- Integram o arcabouço constitucional e formam a vontade superior do Estado nos destinos da sociedade.
- Não há vínculo profissional duradouro, mas, sim, vínculo eventual (circunstâncias históricas) de natureza política.
- Exercem cargos eletivos (Presidente, Governador, Prefeito, Senador, Deputado, Vereador) ou cargos superiores de confiança (Ministros, Secretários).
- São denominados “membros de poder”, porque suas prerrogativas funcionais decorrem diretamente da Constituição.
OBS: A doutrina diverge sobre a inclusão, nesta categoria, dos membros do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas, por serem também “membros de poder”. Alguns preferem inserir estes na categoria dos servidores estatais, dado o seu vínculo profissional e não eventual. Sob essa ótica, seriam servidores especiais, eis que vitalícios.
	
II) SERVIDORES ESTATAIS:
- Vínculo de natureza profissional e caráter não eventual.
	
II.1) SERVIDORES PÚBLICOS:
- Ocupam cargos ou empregos nos entes de Direito Público (União, Estados, DF, Municípios, autarquias e fundações de Direito Público).
II.2) EMPREGADOS GOVERNAMENTAIS:
- Servidores de pessoas governamentais de Direito Privado (empresas estatais e fundações estatais de Direito Privado)
-Regime trabalhista comum (CLT), com algumas peculiaridades previstas na CF/88.
	II.1.1) SERVIDORES ESTATUTÁRIOS:
- Titulares de cargos públicos
- Regime estatutário
- Cada ente político edita a sua legislação
- No âmbito federal há a Lei 8112/90
- Em regra, ingressam por concurso público, salvo os detentores de cargo de confiança.
II.1.2) EMPREGADOS PÚBLICOS:
- Titulares de empregos públicos
- Regime contratual
- Regidos pela CLT e algumas disposições de Direito Público.
- No âmbito federal, além da CLT, aplica-se a Lei 9962/2000. Não pode haver leis estaduais ou municipais tratando de legislação trabalhista.
- Normalmente exercem funções materiais subalternas.
- Em regra, ingressam por concurso público, salvo os que exercem funções superiores de confiança.
II.1.3) CONTRATADOS TEMPORÁRIOS
- Atendem a necessidade temporária de excepcional interesse público (CF/88, art.37, IX).
- Regime de contrato administrativo especial.
- Cada ente político editará legislação sobre a matéria.
- No âmbito federal há a Lei 8745/93.
- Não ingressam por concurso público, mas há casos de processo seletivo simplificado. 
	
III) PARTICULARES EM COLABORAÇÃO
- Não integram o aparelho estatal
- Exercem munus público.
- Vinculam-se por contratos, atos ou fatos administrativos, a depender do caso.
	
III.1) REQUISITADOS, NOMEADOS OU DESIGNADOS:
- jurados, mesários eleitorais, comissários de menores, recrutados etc.
III.2) GESTORES DE NEGÓCIOS PÚBLICOS:
- situações de urgência em que se torne imprescindível a atuação estatal.
III.3) CONCESSIONÁRIOS, PERMISSIONÁRIOS OU DELEGADOS DE FUNÇÕES OU OFÍCIOS PÚBLICOS:
- prestação de serviços públicos ou atividades delegadas pelo Poder Público (ex: diretores de faculdades privadas, notários titulares de cartórios).
3) REGIMES JURÍDICOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS
Conforme já se disse, os servidores públicos (em sentido amplo) são todos aqueles que mantêm vínculo de trabalho profissional com as entidades governamentais da Administração direta e indireta.
Esse vínculo de trabalho profissional, por sua vez, variará conforme o regime jurídico adotado para cada servidor.
Entende-se por regime jurídico o conjunto das regras de direito que ordenam determinada atividade ou relação jurídica.
Sob este aspecto do regime jurídico, existem três categorias de servidores: a) servidores públicos estatutários; b) servidores públicos trabalhistas; c) servidores públicos temporários.
Atualmente não mais prevalece a regra do regime jurídico único, anteriormente previsto no art.39 da Carta Política de 1988, em sua redação original, que tentava, sem sucesso, estabelecer uma isonomia entre os servidores da Administração direta e autárquica. Com o advento da Emenda Constitucional 19/98 (Reforma Administrativa), a norma constitucional passou a admitir que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotassem mais de um regime jurídico para seus servidores, com a instituiçãode conselhos de política de administração e remuneração de pessoal.
A doutrina destaca bem essa modificação ocorrida no serviço público brasileiro:
“O efeito da alteração é de simples inteligência: com a extinção desse regime, a Constituição passou a permitir que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios possam recrutar servidores sob mais de um regime jurídico. Desse modo, será possível, por exemplo, que um Estado tenha grupo de servidores estatutários e outro de servidores trabalhistas, desde que, é claro, seja a organização funcional estabelecida em lei. O mesmo será permitido para as demais pessoas federativas. Aliás, a própria União Federal, como já vimos, já tem a previsão de servidores estatutários (Lei 8112/90) e de servidores trabalhistas (Lei 9962/2000 e legislação trabalhista). Nada impedirá, é claro, que a entidade política adote apenas um regime funcional em seu quadro, mas, se o fizer, não será por imposição constitucional, e sim por opção administrativa, feita em decorrência de avaliação de conveniência, para melhor atender a suas peculiaridades. A qualquer momento, no entanto, poderá modificar a estratégia inicial e instituir regime funcional paralelo, desde que, logicamente, o novo sistema seja previsto em lei.”� 
“A Emenda Constitucional n.19, de 4-6-98, trouxe algumas modificações nessa sistemática, pois excluiu a exigência de regime jurídico único, contida no caput do artigo 39, bem como a regra da isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que constava no §1º do mesmo dispositivo. Com a exclusão da norma constitucional do regime jurídico, ficará cada esfera de governo com a liberdade para adotar regimes jurídicos diversificados, seja o estatutário, seja o contratual, ressalvadas aquelas carreiras institucionalizadas em que a própria Constituição impõe, implicitamente, o regime estatutário, uma vez que exige que seus integrantes ocupem cargos organizados em carreira (Magistratura, Ministério Público, Tribunal de Contas, Advocacia Pública, Defensoria Pública e Polícia), além de outros cargos efetivos, cujos ocupantes exerçam atribuições que o legislador venha a definir como “atividades exclusivas de Estado”, conforme previsto no artigo 247 da Constituição, acrescido pelo artigo 32 da Emenda Constitucional n.19/98”.�
Registre-se que, recentemente, o STF, em decisão liminar na ADIN 2135-4 proferida em agosto/2007, posicionou-se pela inconstitucionalidade formal da EC 19/98 no que concerne à nova redação atribuída ao caput do art.39 da CF/88. Com isso, voltou a prevalecer a aludida redação original que impõe o regime jurídico único.
O fato de haver previsão de um regime jurídico único, segundo entende Celso Antônio Bandeira de Mello, não significa que cada ente político só possa adotar o regime de cargos para seus servidores. Com efeito, a própria Constituição, em outros dispositivos originais, fala também na existência de empregos públicos, admitindo, então, regimes diversificados em certas hipóteses. Para o autor, portanto, o tema comporta uma interpretação sistemática da Carta Magna:
“A Constituição, antes do advento da Emenda Constitucional n. 19, de 4 de junho de 1998, dispunha no art.39, caput, o seguinte: ‘A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas’. A partir disto prosperou, com irrefragável força, a intelecção, que sempre sustentamos ser errônea, de que as pessoas jurídicas de direito público só poderiam adotar um regime, que veio a ser o de cargo público, banido então o regime de emprego. Sobrevindo a Emenda 19, o caput do art.39 foi alterado e não se fez mais qualquer menção a regime único. Desde então surgiu o entendimento de que a lei poderia, se lhe parecesse bem, adotar o regime de emprego para as mais diversas atividades da Administração direta, autárquica e fundacional. Ocorre que, consoante dito, em 2 de agosto do corrente, o Supremo Tribunal Federal, em decisão publicada no dia 14 do mesmo mês, apreciando pedido liminar na ADIn 2.135-4 proposta pelo PT, PDT, PCdoB e PSB houve por bem suspender, até decisão final da ação, a eficácia da nova redação do caput do art.39 introduzida pela referida Emenda, por vício de tramitação, restaurando, então, o art.39 original, embora com efeitos ex nunc, como é próprio das medidas cautelares. (...) Uma vez que se afirmou que podem existir cargos e empregos nas pessoas jurídicas de direito público, mesmo existindo a previsão de regime jurídico único, agora restaurada, cumpre responder a duas questões. A primeira delas é: como se pode promover a convivência do art.39, que prevê regime jurídico único, com disposto nos precitados arts.51, IV, 52, XIII, 61, §1º, II, ‘a’, e 114, que contemplam a existência também de empregos nas pessoas de direito público? A conciliação destes dispositivos é possível desde que se entenda que o pretendido pelo art.39 não foi estabelecer obrigatoriamente um único regime para todos os servidores da Administração direta, autárquicas e fundações públicas, mas impor que a União e suas entidades da Administração indireta, Estados e suas entidades da Administração indireta e Municípios e suas entidades da Administração indireta tenham, nas respectivas esferas, uma uniformidade de regime para seus servidores. Ou seja: inadmite-se que quaisquer destas pessoas adotem para si um dado regime e atribuam à autarquia tal, à autarquia qual ou a fundação tal, diferentes regimes, criando uma pluralidade deles como ocorria antes da Constituição de 1988. Deve haver, isto sim, um ‘regime jurídico único’ na intimidade das diversas ordens de governo. Em outras palavras: é possível (embora afigure-se-nos inconveniente) que as atividades básicas estejam sujeitas ao regime de cargo, isto é, estatutário, enquanto algumas remanescentes, de menor importância, sejam exercidas sob regime de emprego. Inversamente, não é possível haver diversidade de regimes entre Administração direta e as distintas pessoas das respectivas Administrações indiretas. (...) para os servidores da Administração direta, autarquias e fundações de Direito Público (ou seja: servidores das pessoas jurídicas de Direito Público), indubitavelmente, o regime normal, corrente, terá de ser o de cargo público, admitindo-se, entretanto, como ao diante se explicará, casos em que é cabível a adoção do regime de emprego para certas atividades subalternas”.�
Têm-se, assim, três regimes jurídicos, que podem ser concomitantemente adotados pela Administração Pública direta e autárquica.
3.1) REGIME ESTATUTÁRIO
O regime estatutário é aquele adotado em relação aos servidores detentores de cargos públicos. As suas disposições decorrem diretamente da lei, o que significa dizer que o vínculo que une o servidor ao Poder Público não tem natureza contratual. As suas regras estão previstas na Constituição, nas leis e em regulamentos administrativos.
“Regime estatutário é o conjunto de regras que regulam a relação jurídica funcional entre servidor público estatutário e o Estado. Esse conjunto normativo, como vimos acima, se encontra no estatuto funcional da pessoa federativa. As regras estatutárias básicas devem estar contidas na lei; há outras regras, todavia, mais de caráter organizacional, que podem estar previstas em atos administrativos, como decretos, portarias, circulares etc. As regras básicas, entretanto, devem ser de natureza legal. A lei estatutária, como não poderia deixar de ser, deve obedecer aos mandamentos constitucionais sobre servidores. Pode, inclusive, afirmar-se que, para o regime estatutário, há um regime constitucional superior, um regime legal contendo a disciplina básica sobre a matéria e um regime administrativo de caráter organizacional”.�
Além de não ter natureza contratual, como já ressaltado, oregime estatutário apresenta como característica a sua pluralidade normativa, o que significa dizer que pode haver mais de um regimento funcional, conforme o ente político e a categoria do servidor. 
De fato, cada ente político autônomo (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) deverá elaborar o seu estatuto funcional, respeitados, é claro, os ditames constitucionais acerca do tema. 
No caso da União, o Estatuto dos Servidores Públicos Federais é a Lei 8112/90.
Outrossim, ao lado do regime estatutário geral direcionado à grande massa dos servidores de cada ente político, poderão ainda existir regimes estatutários especiais direcionados a determinados servidores que exerçam função cuja peculiaridade demande tratamento diferenciado. 
É o caso, por exemplo, dos advogados e defensores públicos, além de professores, policiais, auditores fiscais que em algumas unidades federativas têm estatuto próprio, diverso do geral.� Sujeitos a regimes estatutários especiais estão também os juízes, os membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contas, valendo lembrar que alguns autores os incluem dentre os servidores públicos em sentido amplo, enquanto outros os incluem na categoria dos agentes políticos.
“Servidores públicos estatutários são aqueles cuja relação jurídica de trabalho é disciplinada por diplomas legais específicos denominados estatutos. Nos estatutos estão inscritas todas as regras que incidem sobre a relação jurídica, razão por que nelas se enumeram os direitos e deveres dos servidores e do Estado. Essa categoria ainda admite uma subdivisão: a dos servidores públicos sujeitos ao estatuto geral da pessoa federativa correspondente, e a dos servidores públicos sujeitos a estatutos especiais. De fato, como regra, ao lado do estatuto geral dos servidores públicos, que disciplina os quadros funcionais em geral, com suas classes e carreiras, vicejam estatutos especiais, que regulam a relação jurídica de trabalho de certas categorias específicas de servidores (...) Cada pessoa da federação, desde que adote o regime estatutário para seus servidores, precisa ter a sua lei estatutária para que possa identificar a disciplina da relação jurídica funcional entre as partes. Há, pois, estatutos funcionais federal, estaduais, distrital e municipais, cada um deles autônomo em relação aos demais, porquanto a autonomia dessas pessoas federativas implica, necessariamente, o poder de organizar seus serviços e seus servidores. Em alguns casos, certos Municípios adotam as regras do estatuto do respectivo Estado. Se assim for, no entanto, a adoção do regime deve ter sido autorizada em lei municipal, considerando-se que esta, em última instância, repetiu todas as normas da lei estatutária do correspondente Estado”.�
O fato de o regime estatutário não ter natureza contratual é de suma importância, pois esta característica implica que possa haver modificação do regime pela simples mudança da lei, a critério do Poder Público, justamente por não haver acordo bilateral de vontades no estabelecimento das normas de regência. 
Contra isso os servidores estatutários não podem se insurgir, o que significa dizer que não há direito adquirido a regime jurídico, entendimento esse já consolidado por inúmeros precedentes jurisprudenciais (v.g. STF, AI-ED 567.722/MG, DJ de 28/09/2007).
José dos Santos Carvalho Filho nos fornece lição esclarecedora sobre o tema:
“O servidor, quando ingressa no serviço público sob regime estatutário, recebe o influxo das normas que compõem o respectivo estatuto. Essas normas, logicamente, não são imutáveis; o Poder Público pode introduzir alterações com vistas à melhoria dos serviços, à concessão ou extinção de vantagens, à melhor organização dos quadros funcionais etc. Como as normas estatutárias são contempladas em lei, segue-se que têm caráter genérico e abstrato, podendo sofrer alterações como ocorre, normalmente, em relação aos demais atos legislativos. O servidor, desse modo, não tem direito adquirido à imutabilidade do estatuto, até porque, se o tivesse, seria ele um obstáculo à própria mutação legislativa. Citemos um exemplo: suponha-se que o estatuto do servidor, quando este foi nomeado para o cargo, contemplasse uma licença para estudar no exterior. Nada impede que o Poder Público extinga a licença posteriormente, por entendê-la inconveniente à Administração. O servidor não tem direito adquirido à manutenção da referida licença no estatuto funcional. Esse é um ponto de grande relevância, não se podendo perder de vista que as leis que traduzem normas gerais e abstratas, como é o caso dos estatutos, são normalmente alteráveis”.�
Deveras, quando se fala em direitos subjetivos tem-se em mira vantagens concretas usufruídas por determinado servidor e não propriamente a permanência da lei abstrata que as contempla. 
Nesse prisma, o servidor público somente terá direito adquirido se já houver reunido os requisitos necessários ao exercício de determinado direito previsto na lei revogada, pelo que a lei revogadora não poderá retroagir. Nesses casos, a mudança do Estatuto não afetará o direito do servidor, se já adquirido ao tempo da lei anterior. 
Vale dizer: o Estatuto muda (não há direito adquirido a sua permanência); mas a vantagem que nele era prevista permanece em relação aquele determinado servidor na medida em que reuniu os requisitos para usufruí-la (direito adquirido ao benefício).
“A lei estatutária contempla vários direitos individuais para o servidor. A aquisição desses direitos, porém, depende sempre de um suporte fático ou, se se preferir, de um fato gerador que a lei expressamente estabelece. Se se consuma o suporte fático previsto na lei e se são preenchidos os requisitos para o seu exercício, o servidor passa a ter direito adquirido ao benefício ou vantagem que o favorece. Aqui, portanto, não se trata do problema da mutabilidade das leis, como antes, mas sim da imutabilidade do direito em virtude da ocorrência do fato que o gerou. Cuida-se nesse caso de direito adquirido do servidor, o qual se configura como intangível mesmo se a norma vier a ser alterada. É que, como sabido, a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, como proclama o art.5o, XXXVI, da Constituição Federal. Vejamos um exemplo: suponha-se que o estatuto funcional do servidor, quando de seu ingresso no serviço público, admitisse adicional por tempo de serviço, conferindo o percentual de cinco por cento dos vencimentos para cada período de cinco anos de efetivo exercício (qüinqüenios). Não tem o servidor direito adquirido à permanência do adicional; em outras palavras, a Administração pode extingui-lo. Se a extinção se der, para exemplificar, quando servidor já tiver onze anos de serviço, a norma terá sofrido alteração, mas terá ele direito adquirido ao percentual de dez por cento, porque a essa altura se terá completado o fato gerador do direito à percepção desse percentual: o exercício das funções pelo período de dois qüinqüenios. Caso a extinção ocorra quando o servidor conte apenas com dois anos de efetivo exercício, nenhum direito terá, porquanto não se terá consumado nem o fato gerador do primeiro percentual, qual seja, o exercício da função por cinco anos. A situação aqui é de mera expectativa, diferente da anterior, em que o fato realmente se consumou, originando a aquisição do direito”.�
Saliente-se, porém, que o direito adquirido somente prevalece em relação às normas infraconstitucionais e às emendas constitucionais (poder constituinte derivado). Não se pode invocar direito adquirido contra a Constituição originária, que consubstancia o próprio nascedouro da ordem jurídica.
Daí porque o art.17 do ADCT estabeleceu expressamente que os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direitoadquirido ou percepção de excesso a qualquer título.
Pela importância de que se reveste o regime estatutário, predominante no âmbito da Administração Pública direta, autárquica e fundacional, estudaremos posteriormente as suas peculiaridades em tópico separado. 
3.2) REGIME TRABALHISTA
Para o exercício de determinadas atividades, a Administração poderá optar em contratar agentes públicos sob regime de emprego (trabalhista), ao invés de cargo (regime estatutário).
Nesses casos, a natureza do vínculo que unirá o servidor ao Estado será contratual (negócio jurídico bilateral, submetido a regras e princípios do Direito Público).
Tratando-se, portanto, de empregado público, deverão ser aplicadas as normas referentes à legislação trabalhista (Constituição, CLT e leis esparsas). “É claro que, sendo, empregador o Estado, incidem algumas normas de direito público na relação trabalhista. Tais normas, porém, não podem desfigurar o regime básico da CLT, que é aquele que deve ser observado e que tem natureza contratual”.�
No âmbito da União Federal, foi editada a Lei 9.962/2000, que trata do regime de emprego público na Administração direta, autarquias e fundações públicas, adaptando, desta forma, o regime trabalhista geral às peculiaridades do Direito Público. O seu artigo 1o estabelece que aos empregados públicos federais será aplicada a legislação trabalhista, em tudo aquilo que não dispuser em contrário. Significa dizer que o regime de emprego público federal obedece às disposições da legislação trabalhista geral, ressalvadas eventuais normas em sentido contrário contidas na Constituição e na Lei 9.962/2000. Assim, por exemplo, o art.3o da Lei 9962/2000 estabelece que a rescisão do contrato de emprego público deverá ser motivada em uma das hipóteses nele contidas (ato vinculado), não se admitindo, portanto, a simples dispensa sem justa causa prevista na CLT.
“Essas regras indicam não só que ficou excluída a hipótese de resilição unilateral do contrato por parte do Estado-empregador, não sendo assim aplicável nesse aspecto o art.479 da CLT, mas também que é vinculada à atividade da União no que tange às hipóteses de desfazimento do vínculo: em nenhuma hipótese a rescisão contratual poderá dar-se ao mero alvedrio da Administração Federal, decorrente da valoração de conveniência e oportunidade. A lei excluiu da observância de tais exigências a extinção de contratos de servidores firmados com base na regra de autonomia de gestão, de que trata o art.37, §8º, da CF. Significa dizer que é mais frágil o vínculo trabalhista nessa hipótese e que, em relação a tais contratações, será viável o exercício do direito à resilição unilateral do contrato pela União, ainda quando o motivo tenha fundamento em razões de natureza discricionária”.�
No âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, os empregados públicos são regidos exclusivamente por regras da legislação trabalhista geral. Isto porque a Lei 9962/2000 é uma lei federal (e não uma lei nacional), além do que tais entes políticos não poderão editar suas leis específicas, porquanto é da competência privativa da União legislar sobre direito do trabalho (CF/88, art.22, I). Não obstante, deverão necessariamente observar as regras constitucionais relativas aos empregos públicos (por exemplo, a necessidade de admissão por concurso público – art.37, II), bem como respeitar os princípios que regem o Direito Público (moralidade, impessoalidade, supremacia do interesse público etc.). Sobre o tema escreve Odete Medauar:
“No regime celetista os servidores têm seus direitos e deveres norteados, nuclearmente, pela Consolidação das Leis do Trabalho. Por isso, recebem a denominação de ‘empregados públicos’, numa analogia com o setor privado, em que se usam os termos empregado-empregador. Assim, emprego público é posto de trabalho de quem é contratado pela CLT. Esse é o regime de todos os que trabalham nas empresas públicas e sociedades de economia mista, conforme determina o art.173, §1º, II, da Constituição Federal. Nos Estados e Municípios que não adotaram regime único estatutário, há servidores contratados pela CLT na Administração direta, nas Autarquias e fundações públicas. No âmbito federal, não mais vigorando o regime jurídico único, abolido pela EC 19/98, a Lei 9962, de 22.02.2000, disciplina o regime de emprego público do pessoal da Administração direta, das autarquias e fundações, sob o regime da CLT e legislação trabalhista correlata. Tendo em vista que o empregador é o ente estatal, alguns preceitos do regime jurídico estatutário estendem-se aos celetistas; por exemplo: limite de remuneração (Constituição Federal, art.37, XI), proibição de acumulação remunerada de outro emprego, função ou cargo (Constituição Federal, art.37, XVII), possibilidade de sofrer sanções por improbidade administrativa (CF, art.37, §4º e Lei 8429/92, art.1o)”.�
Ressalte-se que a mera faculdade de se adotar o regime trabalhista na Administração direta, nas autarquias e fundações públicas, não se estende às sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações privadas. Deveras, por se tratarem de pessoas jurídicas de direito privado, estes entes estatais deverão obrigatoriamente adotar o regime trabalhista de emprego (não se aplica a eles a Lei 9962/2000), razão pela qual alguns autores diferenciam os seus empregados aplicando-lhe a nomenclatura específica de servidores governamentais, para distingui-los dos demais empregados públicos. Confira-se, nesse particular, o escólio de Diógenes Gasparini:
“As pessoas que, sob um regime de dependência, ligam-se contratualmente às sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações privadas, prestadoras ou não de serviços públicos, mediante uma relação de trabalho de natureza profissional e não eventual, constituem a espécie dos agentes públicos chamados servidores governamentais. São caracterizados pela profissionalidade, pela dependência do relacionamento, pela perenidade e pela natureza celetista do vínculo que mantêm com essas entidades. Com tais características podem existir servidores na Administração direta, autárquica e fundacional, sem que possam ser considerados servidores governamentais, dado não se vincularem a qualquer das citadas entidades. Esses são chamados de empregados públicos. Os servidores governamentais são, em suma, os empregados das empresas privadas criadas pela Administração Pública direta de qualquer nível de governo”.�
É importante registrar, ainda, que, mesmo na Administração direta, autarquias e fundações públicas, não é qualquer atividade pública que pode ser submetida a regime de emprego público. Há determinadas atividades típicas de Estado que, por sua natureza, somente poderão ser regidas por normas estatutárias, jamais por normas contratuais, conforme salienta a doutrina, apesar de algumas divergências sobre qual deveria ser o regime predominante na Administração:
“Não há qualquer dúvida de que algumas carreiras realmente não comportam, por sua natureza particular, a incidência do regime de emprego público e devem continuar sujeitas ao regime estatutário, sejam ou não consideradas as respectivas função como ‘atividades exclusivas de Estado’. Citem-se, para exemplificar, as carreiras de diplomacia, fiscalização, polícia, advocacia pública e a carreira militar em geral. Por conseguinte, o regime de emprego público será o adequado para os servidores que executem as funções normais de apoio técnico e administrativo em geral, os quais, verdade seja dita, formam a maioria esmagadora dentro da categoria dos servidores públicos”.�
“O regime normal dos servidores públicos teriam mesmo de ser o estatutário, pois este (ao contrário do regime trabalhista) é o concebido para atender a peculiaridades de um vínculo no qual não estão em causa tão-só interesses empregatícios, mas onde avultam interesses públicos básicos, visto que os servidores públicos são os próprios instrumentos da atuação do Estado. Tal regime, atributivo de proteções peculiares aosprovidos em cargo público, almeja, para benefício de uma ação impessoal do Estado – o que é uma garantia para todos os administrados -, ensejar aos servidores condições propícias a um desempenho técnico isento, imparcial e obediente tão-só a diretrizes político-administrativas inspiradas no interesse público, embargando, destarte, o perigo de que, por falta de segurança, os agentes administrativos possam ser manejados pelos transitórios governantes em proveito de objetivos pessoais, sectários ou político-partidários – que é, notoriamente, a inclinação habitual dos que ocupam a direção superior do País”.� 
3.3) REGIME ESPECIAL TEMPORÁRIO
Além dos servidores estatutários e dos servidores trabalhistas, a Administração Pública poderá ainda contar com a atuação dos servidores temporários a que alude o art.37, IX, da Carta Magna de 1988, que assim dispõe: “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”.
Trata-se de modalidade de contratação excepcional, submetida a três pressupostos inafastáveis:
 
a) a determinabilidade temporal da contratação, “ou seja, os contratos firmados com esses servidores devem ter sempre prazo determinado, contrariamente, aliás, do que ocorre nos regimes estatutário e trabalhista, em que a regra consiste na indeterminação do prazo da relação de trabalho”.�
b) a temporariedade da função, isto é, “a necessidade desses serviços deve ser sempre temporária. Se a necessidade é permanente, o Estado deve processar o recrutamento através dos demais regimes”.�
c) a excepcionalidade do interesse público, eis que “a Constituição deixou claro que situações administrativas comuns não podem ensejar o chamamento desses servidores. Portanto, pode dizer-se que a excepcionalidade do interesse público corresponde à excepcionalidade do próprio regime especial”.� 
A princípio, o regime dos servidores temporários deve seguir as normas referentes à legislação trabalhista geral (CLT e leis esparsas), até porque a mesma contém regra específica que trata do contrato de trabalho por prazo determinado (art.479 da CLT). Poderá ainda haver outras disposições previstas na lei que regulamentar a contratação dos servidores temporários. 
No âmbito da União Federal, a Lei 8745/93 (com alguns acréscimos trazidos pela Lei 9849/99) regulamenta a contratação de servidores temporários, estabelecendo hipóteses de necessidade temporária de excepcional interesse público, dentre as quais os casos de calamidade pública, surtos endêmicos, atividades de recenseamentos a cargo do IBGE, admissão de professor substituto, visitante ou estrangeiro, algumas atividades a cargo da FUNAI do INPI, algumas atividades finalísticas no Hospital das Forças Armadas, atividade desenvolvidas no âmbito do SIVAM etc. 
O rol previsto na lei deve ser tido como meramente exemplificativo, sendo que muitas das hipóteses nele contempladas são de duvidosa constitucionalidade, pois em alguns casos chegam a prever contratação prorrogável por até oito anos, o que não é razoável em se tratando de contratação temporária. Além disso, a Lei 8745/93 prevê a realização de processo seletivo simplificado em alguns casos, o que também tem sido alvo de críticas pela doutrina, já que a excepcionalidade do interesse público e a temporariedade da função seriam incompatíveis com a realização de concurso. 
Diógenes Gasparini entende por necessidade temporária, aquela “qualificada por sua transitoriedade; a que não é permanente; aquela que se sabe ter um fim próximo. Em suma, a que é passageira. São exemplos de necessidades temporárias cujo atendimento pode ser conseguido com esses contratados: a restauração do sistema viário e dos serviços de comunicação destruídos por uma inundação; a continuidade dos serviços de magistério em razão do afastamento súbito e prolongado do professor titular; a vacinação emergencial da população em razão de um surto epidêmico imprevisível; o recenseamento e outros levantamentos estatísticos; a melhoria do serviço público tornado de baixa qualidade pela falta de servidores e a sua continuidade em razão de greve”.� 
E acrescenta:
“Os agentes temporários, contratados pelo regime celetista, nas condições do inciso IX do art.37 da Constituição Federal, salvo o que lhes for atribuído por lei específica, cumprem seus contratos junto à Administração Pública, em termos de direitos e obrigações, consoante dispuser a Consolidação das Leis do Trabalho, e, no que respeita aos direitos previdenciários, o que dispuserem as leis pertinentes. A contratação desses agentes temporários, nas condições e para os fins assinalados no mencionado inciso IX do art.37 da Constituição Federal, não exige concurso. A contratação temporária e essa modalidade de seleção de interessados em ingressar na Administração Pública para prestar seus serviços são absolutamente incompatíveis. Por isso, Celso Antônio Bandeira de Mello (Regime Constitucional, cit., p.61) afirmar ‘tratar-se de hipótese em que a contratação se faz sem concurso, dada a anomalia da situação’ Embora seja assim em termos lógicos e práticos, algumas leis vêm exigindo, como é o caso da referida Lei federal n.8.745, de 9 de dezembro de 1993 (com suas ulteriores alterações), que dispõe sobre a contratação de pessoal por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, a realização de processo seletivo simplificado. Salvam-se desse processo seletivo e, obviamente do concurso público, os casos em que a contratação for destinada a atender necessidades decorrentes de calamidade pública (art.3o, §1º) e a contratação de pessoal enquadrável nos incisos IV, V e VI, alíneas a, c, d e e g, do art.2o, formalizada à vista de notória capacidade técnica ou científica do profissional e análise do curriculum vitae (art.3o, §2º)”.� 
Sobre o tema, escreve também o mestre Celso Antônio Bandeira de Mello:
“A Constituição prevê que a lei (entende-se: federal, estadual, distrital ou municipal, conforme o caso) estabelecerá os casos de contratação para o atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público (art.37, IX). Trata-se, aí, de ensejar suprimento de pessoal perante contingências que desgarrem da normalidade das situações e presumam admissões apenas provisórias, demandadas em circunstâncias incomuns, cujo atendimento reclama satisfação imediata e temporária (incompatível, portanto, com o regime normal de concursos). A razão do dispositivo constitucional em apreço, obviamente, é contemplar situações nas quais ou a própria atividade a ser desempenhada, requerida por razões muitíssimos importantes, é temporária, eventual (não se justificando a criação de cargo ou emprego, pelo quê não haveria cogitar do concurso público), ou a atividade não é temporária, mas o excepcional interesse público demanda que se faça imediato suprimento temporário de uma necessidade (nesse sentido ‘necessidade temporária’), por não haver tempo hábil para realizar concurso, sem que suas delongas deixem insuprido o interesse incomum que se tem de acobertar”.�
4) ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, como entes políticos que são gozam de autonomia que lhes garante dispor sobre a sua organização administrativa, no tocante aos seus serviços e atividades. 
Assim, observadas as normas constitucionais, cabe a cada ente federativo optar pela organização funcional que considere mais adequada à boa prestação dos serviços públicos de que são titulares.
Conforme já se estudou, não mais há a exigência de regime jurídico único para os servidores públicos. Assim, os entes federativos poderão adotar mais de um regime (estatutário ou trabalhista), organizando a sua estrutura de pessoal por meio de cargos, empregos e funções públicas, os quais integram o seu quadro funcional.
“O quadro funcional é o verdadeiro espelho do quantitativo de servidores públicos da Administração. Se houvesse efetiva organizaçãofuncional, o quadro seria o elemento pelo qual o órgão ou a pessoa poderiam nortear-se para inúmeros fins, como a eliminação de excessos, o remanejamento de servidores, o recrutamento de outros, a adequação remuneratória etc., pois que nele se teria o real espectro das carências e demasias observadas nos setores administrativos. Lamentavelmente, porém, reina o caos nesse controle funcional e freqüentemente se tem tido conhecimento do malogro das Administrações em identificar os componentes de seu quadro”.�
Portanto, o quadro funcional é o conjunto dos cargos, empregos e funções públicas existentes em determinada Administração Pública. Como visto, os servidores ocupantes de cargos estão submetidos ao regime estatutário, enquanto os servidores empregados submetem-se às normas trabalhistas. 
Já o conceito de função pública segue outro referencial, pois se relaciona apenas à atividade desempenhada pelo servidor, seja ele estatutário ou empregado público. Na verdade, se utiliza separadamente a expressão função pública porque existem determinadas atribuições que não são próprias dos cargos ou empregos públicos existentes no quadro funcional e, por isso, são desempenhadas por servidores de forma adicional às suas tarefas comuns, mediante remuneração suplementar (funções de confiança). Ou seja, a função nesse caso nada mais é do que um acréscimo de atribuições.
Cargos Públicos, como ensina Celso Antônio Bandeira de Mello, “são as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas por um agente, previstas em número certo, com denominação própria, retribuídas por pessoas jurídicas de Direito Público e criadas por lei, salvo quando concernentes aos serviços auxiliares do Legislativo, caso em se criam por resolução, da Câmara ou do Senado, conforme se trate de serviços de uma ou de outra destas Casas. Os servidores titulares de cargos públicos submetem-se a um regime especificamente concebido para reger esta categoria de agentes. Tal regime é estatutário ou institucional; logo de índole não-contratual”.�
Quanto à sua vocação para retenção dos ocupantes, os cargos públicos podem ser: efetivos, quando “predispostos a receberem ocupantes em caráter definitivo, isto é, com fixidez”�; em comissão, quando “vocacionados para serem ocupados em caráter transitório por pessoa de confiança de autoridade competente para preenchê-los, a qual também pode exonerar ad nutum, isto é, livremente, que os esteja titularizando”�; vitalícios, quando “predispostos à retenção dos ocupantes, mas sua vocação para retê-los é ainda maior. Os que neles hajam sido prepostos, uma vez vitaliciados, só podem ser desligados mediante processo judicial”.�
“Cargos vitalícios são aqueles que oferecem a maior garantia de permanência a seus ocupantes. Somente através de processo judicial, como regra, podem os titulares perder seus cargos (art.95, I, CF). Desse modo, torna-se inviável a extinção do vínculo por exclusivo processo administrativo (salvo no período inicial de até dois anos até a aquisição da prerrogativa). A vitaliciedade configura-se como verdadeira prerrogativa para os titulares dos cargos dessa natureza e se justifica pela circunstância de que é necessária para tornar independente a atuação desses agentes, sem que sejam sujeitos a pressões eventuais impostas por determinados grupos de pessoas. A vitaliciedade tem previsão constitucional. Atualmente são cargos vitalícios os dos magistrados (art.95, I,CF), os dos membros do Ministério Público (art.128, §5º, I, a, CF) e os dos membros dos Tribunais de Contas (art.73, §3º, CF). Cargos efetivos são aqueles que se revestem de caráter de permanência, constituindo a maioria absoluta dos cargos integrantes dos diversos quadros funcionais. Com efeito, se o cargo não é vitalício ou em comissão, terá que ser necessariamente efetivo. Embora em menor grau que nos cargos vitalícios, os cargos efetivos também proporcionam segurança a seus titulares: a perda do cargo, segundo emana do art.41, §1º, da CF, só poderá ocorrer , depois que adquirirem a estabilidade, se houver sentença judicial ou processo administrativo em que se lhes faculte ampla defesa, e agora também em virtude de avaliação negativa de desempenho, como introduzido pela EC 19/98. Os cargos em comissão, ao contrário dos tipos anteriores, são de ocupação transitória. Seus titulares são nomeados em função da relação de confiança que existe entre eles e a autoridade nomeante. Por isso é que na prática alguns os denominam de cargos de confiança. A natureza desses cargos impede que os titulares adquiram estabilidade. Por outro lado, assim como a nomeação para ocupá-los dispensa a aprovação prévia em concurso público, a exoneração do titular é despida de qualquer formalidade especial e fica a exclusivo critério da autoridade nomeante. Por essa razão é que são considerados de livre nomeação e exoneração (art.37, II, CF)”.�
Os cargos de comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração não dependem de concurso público para seu preenchimento (CF/88, art.37, II). Eles são destinados apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento, podendo ser preenchidos por pessoas estranhas ao quadro do ente público, desde que observado um número percentual mínimo previsto em lei para preenchimento por servidores de carreira (CF/88, art.37, V).
Quanto à sua posição no quadro do ente público, os cargos públicos podem ser: de carreira, “quando encartados em uma série de classes escalonada em função do grau de responsabilidade e nível de complexidade das atribuições”�; isolados, “quando previstos sem inserção em carreiras”.�
“(...) leva em consideração a situação dos cargos diante do quadro funcional. Sob esse aspecto, dividem-se em cargos de carreira e cargos isolados. Os primeiros permitem a progressão funcional dos servidores através de diversas classes até chegar à classe mais elevada. Os cargos isolados, ao contrário, têm natureza estanque e inviabilizam a progressão”.�
Empregos Públicos “são núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem preenchidos por agentes contratados para desempenhá-los, sob relação trabalhista. Quando se trate de empregos permanentes na Administração direta ou em autarquia só podem ser criados por lei, como resulta do art.61, §1º, II, ‘a’. Sujeitam-se a uma disciplina jurídica que, embora sofra inevitáveis influências advindas da natureza governamental da contratante, basicamente, é a que se aplica aos contratos trabalhistas em geral; portanto, a prevista na Consolidação das Leis do Trabalho”.�
Observa-se, assim, que a distinção básica entre cargo público e emprego público reside no regime jurídico aplicável aos respectivos titulares, isto é, à natureza do vínculo que os une ao Poder Público. No caso do ocupante de cargo público, a vinculação é de natureza estatutária, ou seja, submete-se a normas previstas em lei. Para os servidores federais, o regime estatutário é o previsto na Lei 8112/90. No caso do ocupante de emprego público, a vinculação é de natureza contratual, ou seja, submetido às normas gerais trabalhistas. No âmbito federal, como já visto, a Lei 9962/2000 disciplina o regime de emprego público do pessoal da Administração direta, autárquica e fundacional, aplicando-se a CLT naquilo em tal legislação específica não dispuser em contrário.
Em relação aos empregados públicos dos entes da Administração indireta, com personalidade jurídica de direito privado (empresas públicas e sociedades de economia mista), aplicam-se, sem exceção, as regras gerais do regime trabalhista. Por isso, já se mencionou que são denominados servidores governamentais.
Destacando as noções de cargo e emprego público, comenta Maria Sylvia Di Pietro:
“Quando se passou a aceitar a possibilidade de contratação de servidores sob o regime da legislação trabalhista, a expressão emprego público passou a ser utilizada, paralelamente a cargo público, também para designar uma unidade de atribuições, distinguindo-se uma da outra pelo tipo de vínculo que liga o servidor aoEstado; o ocupante de emprego público tem um vínculo contratual, sob regência da CLT, enquanto o ocupante do cargo público tem um vínculo estatutário, regido pelo Estatuto dos Funcionários Públicos que, na União, está contido na lei que instituiu o regime jurídico único (Lei n.8112/90)”.�
No tocante às funções públicas, a ilustre autora comenta que “ao lado do cargo e do emprego, que têm uma individualidade própria, definida em lei, existem atribuições também exercidas por servidores públicos, mas sem que lhes corresponda um cargo ou emprego. Fala-se, então, em função dando-se um conceito residual: é o conjunto de atribuições às quais não corresponde um cargo ou emprego”.�
São as funções de confiança aludidas pelo art.37, V, da Lei Maior, as quais, ao lado dos cargos em comissão, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. Para tais atribuições, o ente federativo poderá optar entre criar um cargo em comissão ou uma simples função de confiança a ser desempenhada em caráter adicional por servidores do seu quadro funcional ou até mesmo servidores de outro quadro que venham a ser requisitados.
Portanto, na Administração Pública, os encargos de direção, chefia ou assessoramento poderão ser exercidos por ocupantes de cargos em comissão (observado um percentual mínimo para os servidores de carreira) ou por titulares de cargos efetivos que passem a exercer função de confiança.
Convém não confundir a função de confiança, a que alude o art.37, V, da Carta, com o que a doutrina chama de função temporária exercida na forma do art.37, IX, também da Constituição, nos casos de contratação de servidores por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Tais servidores temporários, como já dito, exercem função, sem estarem vinculados a cargo ou emprego público. Maria Sylvia aponta bem essa distinção:
“Portanto, perante a Constituição atual, quando se fala em função, tem-se que ter em vista dois tipos de situações: 1. a função exercida por servidores contratados temporariamente com base no art.37, IX, para os quais não se exige, necessariamente, concurso público, porque, às vezes, a própria urgência da contratação é incompatível com a demora do procedimento; (...) 2. as funções de natureza permanente, correspondentes a chefia, direção, assessoramento ou outro tipo de atividade para a qual o legislador não crie o cargo respectivo; em geral, são funções de confiança, de livre provimento e exoneração; a elas se refere o art.37, V (...). Com isso, fica explicada a razão de ter o constituinte, no art.37, II, exigido concurso público só para a investidura em cargo ou emprego. Nos casos de função, a exigência não existe porque os que a exercem ou são contratados temporariamente para atender às necessidades emergentes da Administração, ou são ocupantes de funções de confiança, para as quais não se exige concurso público. A discussão quanto aos dois tipos de função atualmente existentes é de fundamental importância, porque há uma série de normas constitucionais que, ao fazerem referência a cargo, emprego ou função, estão-se referindo às funções de confiança e não à função temporária exercida com base no art.37, IX”.� 
5) NORMAS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS A TODOS OS SERVIDORES PÚBLICOS
Ao tratar da Administração Pública, a Constituição Federal contém normas direcionadas a todos os servidores públicos, sejam eles estatutários ou trabalhistas.
De logo, a Carta Magna prevê criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas será da competência do Congresso Nacional, por meio de lei submetida à sanção do Presidente da República (art.48, X). A regra, então, é a existência de lei tratando do tema.
Ocorre que esta regra comporta exceções previstas na própria Carta.
O artigo 84, VI, b (com a redação dada pela EC 32/2001) confere ao Presidente da República a competência privativa para dispor, mediante decreto, sobre extinção das funções ou cargos públicos, quando vagos. Trata-se de uma espécie de regulamento autônomo excepcionalmente admitido no ordenamento brasileiro.
Os artigos 51, IV e 52, XIII (com as redações dadas pela EC 19/1998), conferem à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal a competência privativa para dispor sobre a criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus respectivos serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. Portanto, a organização funcional da Câmara dos Deputados e do Senado Federal não depende de lei, dando-se através de resolução. Já a fixação de vencimentos para tais cargos, empregos e funções depende de lei, conforme adverte Celso Antônio Bandeira de Mello, com vistas à referida Emenda 19:
“A criação de cargos auxiliares do Legislativo, a teor dos arts.51, IV, e 52, XIII, é de competência privativa da Câmara ou do Senado, conforme o caso; isto é, independente de participação do Executivo. Faz-se por resolução, e não por lei, já que na elaboração desta há necessariamente interferência do Executivo, através da ‘sanção’ ou do ‘veto’, conquanto este último seja superável por votação da maioria qualificada do Legislativo. A razão dos dispositivos em questão, pois, seria e era, até o advento do “Emendão”, assegurar a independência do Legislativo, propiciando-lhe que se instrumentasse, conforme lhe parecesse adequado, ao cumprimento de suas funções, já que, a toda evidência, o bom desempenho delas está relacionado com o apoio de seus serviços auxiliares. Pretendia-se, então, evitar interferências do Executivo na matéria, para que este não tivesse forma de tentar amesquinhar os recursos humanos necessários ao Legislativo ou meios de impor ‘barganhas’ quanto a isto. Desde o “Emendão”, contudo, com a mudança da redação dos preceptivos mencionados, estes se tornaram puramente rituais. É que a fixação dos vencimentos de tais cargos, condição para que possam de fato existir e ser preenchidos, depende de lei. Assim, os autores do ‘Emendão’ e os congressistas que docilmente votaram a alteração do art.51, IV e 52, XIII, eliminaram o único sentido dos versículos referidos, em detrimento da autonomia do Poder Legislativo e em favor de sua notória e crescente submissão ao Executivo”.�
Importante destacar, ainda, que a lei que dispuser sobre a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos serviços auxiliares no Poder Judiciário, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juizes, será de iniciativa dos respectivos Tribunais (Supremo Tribunal Federal, Tribunais Superiores e Tribunais de Justiça), conforme previsto no art.96, II, b, da Lei Maior. Essa autonomia na iniciativa das leis também é conferida ao Ministério Público, no tocante à criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares (CF, art.127, §2º).
Outra determinação constitucional refere-se à acessibilidade aos cargos e empregos públicos e à investidura por concurso público. Assim, os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei (art.37, I). E a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração (art.37, II). 
“O que a Lei Magna visou com os princípios da acessibilidade e do concurso público foi, de um lado, ensejar a todos iguais oportunidades de disputar cargos ou empregos na Administração direta, indireta ou fundacional. De outro lado, propôs-se a impedir tanto o ingresso sem concurso, ressalvadas as exceções previstas na Constituição, quanto obstar a que o servidor habilitado por concurso para cargo ou emprego de determinada natureza viesse depois a ser agraciado com cargo ou emprego permanentede outra natureza, pois esta seria uma forma de fraudar a razão de ser do concurso público. Nas regras do concurso não podem ser feitas discriminações entre brasileiros natos ou naturalizados, salvo em relação aos cargos arrolados no art.12, §3º, da Lei Maior, quando então serão obrigatórias, pois nele arrolam-se os que são privativos de brasileiro nato, como exceção à regra geral fixada no §2º deste mesmo artigo, segundo a qual são vedadas distinções entre uns e outros. Em decorrência do disposto no art.7o, XXX, ao qual o art.39, §3º, faz remissão, em princípio não seriam admissíveis restrições discriminatórias por motivo de idade ou sexo para admissão em cargos ou empregos; contudo, a parte final deste último preceptivo ressalva a possibilidade de se instituírem requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir. Assim, tal possibilidade existe, mas apenas em relação a cargos. Isto não apenas pela dicção da regra, mas também e sobretudo pelo fato de que os que se candidatem a emprego (na organização central do Estado ou em pessoa de sua Administração indireta) sujeitar-se-ão basicamente às normas – inclusive as constitucionais – relativas ao Direito do Trabalho. Ora, o art.7o, onde estão arrolados os direitos trabalhistas fundamentais, em seu inciso XXX, não incluiu ressalva alguma em sua dicção”.�
A regulamentação da regra constitucional do concurso público poderá ser feita pela legislação infraconstitucional. Conforme veremos em tópico posterior, muitos aspectos já foram tratados no texto da Lei 8.112/90, que dispõe sobre o regime dos servidores públicos civis federais, existindo ainda outras leis específicas, inclusive em âmbito estadual e municipal. Mas essas normas infraconstitucionais servem apenas para reforçar a regra geral da obrigatoriedade do concurso público, já prevista no art.37, II, da CF/88, que é auto-aplicável. Vale dizer, mesmo que não houvesse lei dispondo sobre a matéria, o prévio concurso seria obrigatório.
Segundo previsto nos arts. 11 e 12 da Lei 8.112/90, o concurso público poderá ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente previstas.
O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande circulação. Tal prazo poderá ser de até 2 (dois) anos, prorrogável uma única vez por igual período. Ou seja, o edital poderá fixar um prazo igual ou menor do que esse, de modo que eventual prorrogação poderá inclusive superar os dois anos. Extrai-se dessa regra que, em havendo prorrogação, o prazo máximo de validade de um concurso será de 4 (quatro) anos. Registre-se que esse prazo de validade é contado a partir da data de homologação do concurso, que só ocorre após o anúncio dos aprovados.
A norma legal diz ainda que não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado. Na verdade, a melhor interpretação é a de que pode até ser aberto um novo concurso, desde que os já aprovados no concurso anterior tenham prioridade em relação aos novos concursados, como se extrai do art. 37, IV, da CF/88.
O art.37, §8, da CF/88, prevê que a lei reservará percentual de vagas para portadores de deficiência, definindo os critérios de sua admissão. Ou seja, certo número de vagas somente serão disputadas por deficientes. No âmbito federal, a Lei 8.112/90 e o Decreto 3.298/99 estabelecem percentual mínimo de 5% e máximo de 20%.
Isso não significa que todo e qualquer concurso deverá ter vagas para deficientes. 
Primeiro há de ser verificado se o cargo objeto do concurso é compatível com a deficiência, conforme ressalva o art.5º, §2º, da Lei 8.112/90. Além disso, dependendo do número de vagas, pode não ser possível fazer reserva para deficientes.
“Em geral, se, com a incidência do percentual legal, o resultado não for um número inteiro, deverá haver aplicação do primeiro número interior subseqüente, obedecido o limite máximo fixado (Decreto 3.298/1999). Assim, segundo já decidiu o STF, em havendo tão somente duas vagas, descabida a pretensão de reserva, vez que violaria o princípio da isonomia, a reserva de 50% das vagas para os candidatos portadores de deficiência (MS 26.310/DF, DJ 31/20/2007)”.�
Logo, “se o edital anunciar menos de cinco vagas a serem preenchidas, fica vedada a reserva de vagas aos portadores de deficiência. Isso porque, havendo somente uma, duas, três ou quatro vagas, a aplicação do percentual de 20% resultará em fração inferior a uma vaga”.�
Para além do que já disposto expressamente na Constituição e na lei, há muitas peculiaridades que vieram sendo enfrentadas pela jurisprudência acerca do concurso público.
Assim, por exemplo, a Súmula 683 do STF orienta que “o limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXV, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido”. Saliente-se que o edital do concurso somente pode estabelecer limite de idade para determinado cargo se houver lei prevendo isso. Essa restrição não pode estar prevista apenas em atos normativos da Administração, conforme também já decidido pelo STF (AI-AgR 589.906/DF, DJ de 23/05/2008).
Da mesma forma, “só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público” (Súmula 686 do STF).
 
“É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público”, consoante reza a Súmula 684 do STF.
E conforme a Súmula 266 do STJ, “o diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público”.
Questão polêmica ainda diz respeito à situação jurídica do candidato aprovado em concurso público, se ele teria direito à nomeação ou uma mera expectativa de direito.
A Súmula 15 do STF há muito considerava que o candidato aprovado somente teria direito à nomeação em caso de preterição da ordem de classificação no concurso, ou seja, se outro candidato pior classificado fosse convocado na sua frente. Fora daí, entendia-se haver apenas expectativa de direito. Essa orientação jurisprudencial, todavia, veio mudando ao longo do tempo, instaurando-se controvérsias sobre o tema.
Com efeito, “a jurisprudência do STF sempre foi no sentido de que ‘a aprovação em concurso público não gera, em princípio, direito à nomeação, constituindo mera expectativa de direito. Esse direito surgirá se houver o preenchimento de vaga sem observância de ordem classificatória’ (STF, RE-AgR 306.938/RS, DJ 11/10/2007). No entanto, há julgado em sentido contrário, proferido pela 1ª Turma, por 3 votos a 2, no bojo do RE 227.480/RJ, DJ 21/08/2009: ‘Os candidatos aprovados em concurso público têm direito subjetivo à nomeação para a posse que vier a ser dada nos cargos vagos existentes ou nos que vierem a vagar no prazo de validade do concurso’. Assim, noutro Recurso Extraordinário, o STF reconheceu a existência de repercussão geral na controvérsia sobre a existência ou não de obrigação da administração pública nomear candidatos aprovados dentro do número de vagas oferecidas no edital do concurso público (RE 598.099/MS, DJ 05/03/2010). De seu turno, no âmbito do STJ, há várias decisões no sentido de existir direito subjetivo do candidato (STJ, RMS 27.311/AM, DJ 08/09/2009). Assim, de pacífico, ainda nada existe”.� 
Há concursos em que se exige certa prática profissional. Nos concursos para a magistratura e Ministério Público, por exemplo, a própria Constituição condiciona que haja três anos de atividade jurídica.
“Os três anos de atividade jurídica contam-se da data da conclusão do curso de Direito e o fraseado ‘atividade jurídica’ é significante de atividade para cujo desempenho

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