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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DISCIPLINA: QUÍMICA E MATERIAIS ELÉTRICOS PROFESSOR: JORGE ANDRÉ C. DOS SANTOS MICROSCOPIA ÓTICA; MICROSCOPIA DE FLUORESCÊNCIA; MICROSCOPIA DE VARREDURA ELETRÔNICA; MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA; MICROSCOPIA DE TUNELAMENTO Jomcy dos Santos Rocha Maio/2016 1. INTRODUÇÃO Este trabalho trata sobres os tipos de microscopias sendo eles: Microscopia ótica; Microscopia de fluorescência; Microscopia de varredura eletrônica; Microscopia de força atômica; Microscopia de tunelamento. E tem por objetivo caracterizar os tipos de microscopias relacionados acima, bem como comparar as vantagens e as desvantagens de suas aplicações. 2. TIPOS DE MICROSCOPIA 2.1. MICROSCOPIA ÓTICA 2.2.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS A microscopia óptica possibilita o aumento de imagens através da luz que, após incidir sobre a amostra, passa por um conjunto de lentes objetivas (que formam e aumentam a imagem) e oculares (que aumentam a imagem). Além de ampliar a imagem de um objeto, o microscópio serve para aumentar o poder de resolução do olho humano (0,1 - 0,2 mm). Poder de resolução é a capacidade de distinguir dois pontos muito próximos um do outro. Os microscópios ópticos têm um limite de resolução da ordem de 0,2 µm, ou seja, as lentes destes microscópios conseguem mostrar dois pontos distintos se estes estiverem separados por distâncias de pelo menos 0,2 µm. É importante lembrar que, para uma estrutura ser observada através de um microscópio óptico, é necessário que ela seja suficientemente fina para deixar que os raios luminosos a atravessem, além de ter índices de refração ou coloração diferentes do meio que a circundam. A observação das estruturas encontradas na natureza utilizando microscopia ótica, como uma extensão natural da observação a olho nu, representou papel importante no surgimento das ciências da natureza, tanto das ciências biológicas, como a histologia, anatomia, etc. assim como em mineralogia, petrografia, gênese de rochas, etc. e continua uma técnica importante hoje em inúmeras áreas da ciência, complementada pelas técnicas de microscopia eletrônica. A partir de 1863, quando Sorby apresentou à Royal Society suas observações sobre as estruturas dos aços, a observação dos materiais por microscopia ótica esteve sempre presente no centro do conjunto das tecnologias e de campos da ciência que viriam a se aglutinar no que é hoje conhecido como “Ciência e Engenharia dos Materiais” 2.1.1. VANTAGENS E DESVANTAGENS As vantagens e desvantagens do microscópio de luz referem-se à luz, ampliação e resolução. Microscópios de luz ampliam a luz visível - uma vantagem óbvia, uma vez que é isto o que os nossos olhos podem ver. Porém, a ampliação (quão grande um objeto aparece) e resolução (a clareza de detalhes) estão limitados ao usar microscópios de luz. Fonte de Luz: Microscópios de luz ou usam um espelho refletor ou uma luz elétrica para iluminação direta através da amostra e para o sistema de lentes. Sistemas de espelhos são menos caros, mas exigem uma adequada iluminação do ambiente e mais paciência para ajustar. Sistemas de luz elétrica são mais caros e exigem uma tomada por perto, mas são mais simples de usar. Intensidade da Luz: Intensidade de luz (brilho) é importante, pois a luz passa através da amostra que você está vendo. Amostra fina, translúcida (claro) é mais bem visualizada com luz de baixa intensidade, enquanto que amostras mais grossas e opacas exigem uma luz de maior intensidade. Uma desvantagem da microscopia de luz é que algumas amostras são muito espessas ou opacas para serem vistas por esse tipo de microscópio. Amostras muito finas ou translúcidas podem ser coradas de modo a aumentar o contraste para melhor visualização. No entanto, este processo irá matar espécimes vivos. Ajustando Intensidade da Luz: O diafragma, localizada acima da fonte de luz e por baixo da platina (plataforma de amostra), ajusta a quantidade de luz que passa através do espécime. Dois tipos de diafragmas estão disponíveis: um seletor fixo de abertura e uma abertura ajustável estilo câmera. A de abertura fixa consiste em vários tamanhos diferentes de aberturas numa placa rotativa. A abertura desejada é selecionada girando o seletor. Diafragmas de abertura fixa são menos caros, mas oferecem menos controle preciso sobre a intensidade da luz. Diafragma de abertura ajustável fornece tamanho de abertura continuamente variável, assim como o f-stop em uma lente de câmera, e, assim, proporciona um controle mais preciso sobre a intensidade da luz. Estes sistemas são mais caros. Ampliação: Maior nem sempre é melhor. Microscópios de luz podem ampliar objetos até 1000x (mil vezes maior que a vida) muito bem. Além de que a imagem se torna cada vez mais distorcida e embaçada. Aumento do tamanho não faz uma imagem melhor, e de fato faz a imagem inutilizável. Usando ampliação até 1000x, todos os tipos de organismos vivos podem ser vistos, até as menores células bacterianas. Isto faz com que a microscopia de luz, uma ferramenta poderosa para o estudo de tipos de células, da água da lagoa, amostras de solo e outros estudos, onde uma visão geral dos microorganismos é desejada. Microscopia de luz, no entanto, são pouco úteis para o estudo das estruturas subcelulares, por causa dos limites de resolução inerente no uso de luz. Resolução: A resolução é uma medida da clareza de um bom detalhe produzido em uma imagem. Imagens de baixa resolução aparecem borradas, ou "indistintas". Imagens de alta resolução são nítidas, claras e detalhadas. A maior desvantagem dos microscópios de luz é o limite de resolução. Além do aumento de 1000x, microscópios de luz rapidamente perdem a capacidade de boa resolução de pequenos detalhes. Isto resulta das propriedades físicas da luz, não da qualidade do instrumento. Para melhor resolução de detalhes de estruturas subcelulares, outras tecnologias, como microscópios eletrônicos devem ser usados. 2.3. MICROSCOPIA DE FLOURESCÊNCIA 2.3.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS Entende-se por fluorescência a propriedade que algumas substâncias possuem, após serem excitadas com radiação de baixo comprimento de onda, resultando na emissão de radiação de maior comprimento de onda. Assim, determinadas substâncias absorvem a energia da luz ultravioleta e emitem depois radiação dentro do espectro de luz visível. A microscopia de fluorescência usa uma lâmpada de mercúrio ou xenônio para produzir luz ultravioleta. A luz vem do microscópio e incide sobre um espelho dicróico - espelho que reflete comprimentos de onda de um determinado intervalo e permite que comprimentos de onda de outro intervalo passem através dele. O espelho dicróico reflete a luz ultravioleta até o espécime. Essa luz excita a fluorescência dentro das moléculas no espécime. A ultravioleta excita a fluorescência dentro das moléculas no espécime. A objetiva coleta a luz de comprimento de onda fluorescente que foi produzida. Esta luz fluorescente passa através do espelho dicróico e de um filtro de barreira (capaz de eliminar outros comprimentos de onda além do fluorescente), levando-a para formar a imagem na ocular. As moléculas fluorescentes dentro do espécime podem ocorrer naturalmente ou ser introduzidas. Por exemplo, é possível colorir células com um corante chamado calceína-AM. Essa tinta, por si mesma, não é fluorescente. A porção AM (acetoximetil) da molécula oculta uma porção da molécula de calceína que liga o cálcio, este sim, fluorescente. Quando se faz a mistura da calceína/AM com a solução quebanha as células, o corante se hibridiza na célula. As células vivas têm umaenzima que remove a porção AM e prende a calceína dentro da célula fazendo com que ela ligue o cálcio tornando-o verde fluorescente sob a luz ultravioleta (células mortas deixam de ter essa enzima). Em seguida, as células vivas ficam verde-fluorescentes, ao passo que as células mortas não ficam fluorescentes. Podem-se ver as células mortas no mesmo espécime misturando-se outro corante chamado iodeto de propídio, que penetra apenas nas células mortas. O iodeto de propídio se liga ao DNA no núcleo e fica com a cor fluorescente vermelha sob a luz ultravioleta. Essa técnica de duplo corante é usada em estudos toxicológicos para determinar a porcentagem da população de células que perece quando tratada por um produto químico de proteção ambiental (como um pesticida, por exemplo). 2.1.2. VANTAGENS E DESVANTAGENS As técnicas de microscopia de fluorescência são úteis para exibir estruturas e mensurar eventos fisiológicos e bioquímicos nas células vivas. Existem vários indicadores fluorescentes para o estudo de muitos produtos químicos fisiologicamente importantes como DNA, cálcio, magnésio, sódio, pH e enzimas. Além disso, os anticorpos específicos de várias moléculas biológicas podem estar quimicamente ligados às moléculas fluorescentes e ser usados para manchar estruturas específicas dentro das células. Permite o estudo e a observação de células vivas Como apenas a luz reflectida é observada, enquanto a transmitida é eliminada do campo de visão, cria maior intensidade e a definição da imagem é superior. Preparações não permanentes, a técnica de fluorescência vai decaindo, ou seja, ao fim de algum tempo de permanência do fluorocromo nas células, o seu efeito desaparece. Observação das preparações tem de ser efectuada em sala escura, devido à fraca adaptação do olho humano ao escuro, poderá ser difícil a observação de amostras durante algum tempo após o escurecimento da sala. 2.4. MICROSCOPIA DE VARREDURA ELETRÔNICA 2.4.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS A microscopia eletrônica de varredura é a técnica de caracterização microestrutural mais versátil hoje disponível, encontrando aplicações em diversos campos do conhecimento, mais particularmente engenharia e ciências de materiais, engenharias metalúrgica e de minas, geociências e ciências biológicas, dentre outros. A interação de um fino feixe de elétrons focalizado sobre a área ou o microvolume a ser analisado gera uma série de sinais que podem ser utilizados para caracterizar propriedades da amostra, tais como composição, superfície topográfica, cristalografia, etc. Na microscopia eletrônica de varredura os sinais de maior interesse referem-se usualmente às imagens de elétrons secundários e de elétrons retroespalhados, ao passo que na microssonda eletrônica o sinal de maior interesse corresponde aos raios X característico, resultante do bombardeamento do feixe de elétrons sobre a amostra, permitindo a definição qualitativa ou quantitativa dos elementos químicos presentes em um microvolume. Historicamente, estas duas técnicas referiam-se a instrumentos algo similares, porém com aplicações e características construtivas bem distintas. Com o passar dos anos estes instrumentais foram convergindo de forma a incorporar as principais vantagens de cada um deles, inclusive com o surgimento de equipamentos híbridos, aliando recursos de imagem com os de microanálise química. Atualmente, toda a configuração de um microscópio eletrônico de varredura destinada a aplicações em materiais, metalurgia, mineração e geociências conta com pelo menos um detetor para microanálises químicas. Comparativamente à microssonda eletrônica, a microscopia eletrônica de varredura é hoje uma técnica mais versátil e operacionalmente mais simples, hoje integralmente operada via computador em ambientes Windows ou Unix, apresentando relação custo/benefício significativamente inferior. Ressalta-se que a microssonda eletrônica, no entanto, continua sendo o instrumental mais indicado para rotinas de microanálises químicas quantitativas, particularmente no caso da determinação de elementos menores ou em situações que requeiram maior resolução espectral. 2.4.2. VANTAGENS E DESVANTAGENS A utilização das imagens eletrônicas de MEV, associadas a dados químicos semi-quantitativos de EDS, possibilitam o aprimoramento de estudos gemológicos, principalmente na caracterização de inclusões nos minerais-gema. A magnificação obtida com as imagens eletrônicas de varredura, proporciona uma observação detalhada da morfologia das inclusões, enquanto as análises de EDS fornecem uma estimativa composicional, conferindo uma precisão que não era possível através de outras técnicas tradicionais. Nos exemplos citados neste trabalho, apesar da utilização de microscopia óptica (microscópio petrográfico, metalográfico e gemológico), a correta identificação de algumas inclusões sólidas só foi possível com o emprego do MEV/EDS. Como toda técnica analítica, o MEV/EDS apresenta suas limitações, como na identificação de polimorfos, uma vez que a análise química é semi-quantitativa. Além disso, elementos com baixo Z (< 4) não são identificados pelo detector EDS, o que pode dificultar a identificação de determinadas fases minerais. Como uma vantagem adicional, pode-se citar a facilidade na seleção e preparação das amostras, uma vez que é possível utilizar-se desde fragmentos de amostras brutas não polidas, até lâminas delgadas e inclusive amostras lapidadas se for necessário. Como é um método não destrutivo, as amostras podem ser arquivadas para estudos posteriores ou direcionadas para outras análises complementares. A facilidade de preparação das amostras para análise e a rapidez na aquisição de dados, confere ainda um baixo custo a este método de análise. Estas técnicas também fornecem informações sobre os efeitos ópticos e agentes cromóforos em gemas. 2.5. MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA 2.5.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS A microscopia de varredura por força, “scanning force microscopy” SFM é uma das técnicas mais recentes no estudo de polímeros. A alta resolução da imagem obtida, a facilidade na preparação de amostras para análise e a disponibilidade de instrumentos comerciais de alta qualidade fazem desta técnica uma poderosa ferramenta para o estudo de materiais. O campo de aplicação do SFM, hoje em dia, envolve técnicas de medidas de diversos tipos de força, tais como: mecânica (topografia), elétrica e magnética as quais abriram campos para a pesquisa e desenvolvimento que até 15 anos atrás eram inimagináveis. O microscópio de força atômica “atomic force microscope” - AFM, o primeiro da linha do SFM, abrange aplicações simples, desde o estudo da morfologia de superfície dos polímeros até o exame das características morfológicas, estruturais e moleculares de propriedades em escala nanométrica. Embora os polímeros tenham uma grande importância tecnológica, muito ainda deve ser feito para o melhor conhecimento da sua morfologia e nanoestrutura. É por isso que o aparecimento da técnica de AFM tem causado um impacto tão grande na pesquisa e desenvolvimento de compostos macromoleculares. O precursor do AFM foi o microscópio de varredura por tunelamento, “scanning tunneling microscope” - STM. A técnica chegou ao conhecimento da comunidade científica em 1982, com a publicação de um artigo, no Physical Review Letters. Em 1986 os pesquisadores da IBM, Gerd Binnig e Henrich Roher, inventores desta técnica, foram laureados com o prêmio Nobel de física. No entanto, o STM ainda apresenta a limitação da necessidadede que a amostra e a agulha sejam semicondutores ou condutores, restringindo o número de materiais na qual a técnica pode ser empregada. Este tipo de problema levou a introdução, em 1986, do microscópio de força atômica. O primeiro AFM para escala comercial, com produção em série, foi apresentado em 1989. Desde então, o número de publicações enfatizando os trabalhos com a técnica tem crescido significativamente, sendo no período de 2,5 anos (1993 a 1996) de cerca de 6000 artigos publicados. Segundo dados de uma das três maiores empresas que produzem e comercializam os microscópio de varredura por sonda, “scanning probe microscopy” - SPM, o mercado mundial, potencial para ano o de 1997, é da ordem de US$ 100 milhões. É importante esclarecer que o microscópio de varredura por sonda é uma família maior que engloba os outros dois tipos de microscópios, o de varredura por tunelamento e o de varredura por força. Em termos de preço unitário o custo de um SPM, está na faixa de US$30.000-US$200.000. Esta varia- ção de preço dependerá basicamente da configura- ção do sistema escolhido em termos de hardware e software e dos acessórios. Devido a recente comercialização do SPM, vale a pena ressaltar que 75% das técnicas utilizadas, para obtenção e análise de imagem, foram desenvolvidas nos últimos cinco anos. 2.5.2. VANTAGENS E DESVANTAGENS A microscopia de força atômica (AFM) e outras técnicas que pertencem a família dos microscópios de varredura por sonda (SPM), têm recebido uma grande quantidade de estudos e investimentos nos últimos anos, devido a sua maior resolução e menor custo comparada às microscopias eletrônicas de varredura (SEM) e de transmissão (TEM). Enquanto os melhores microscópios eletrônicos comerciais possibilitam aumentos de no máximo algumas centenas de milhares de vezes, o AFM pode obter imagens com aumento de várias dezenas de milhões de vezes, com a vantagem de ter esta mesma resolu- ção nas 3 dimensões, o que não ocorre com os primeiros. Além disso, a alta energia do feixe de elétrons dos microscópios SEM danificam as amostras poliméricas limitando a operação do equipamento, na prática, para aumentos abaixo de 50.000 vezes para a maioria dos polímeros. As principais vantagens do AFM, quando comparado ao SEM, para a análise morfológica e estrutural de materiais, em geral, são: maior resolução, imagem em 3 dimensões, não existe necessidade de recobrimento condutivo, não requer métodos especí- ficos de preparação da amostra, permite a quantificação direta da rugosidade da amostra, permite a medida da espessura de filmes ultra-finos sobre substratos, análise por fractal, pode diferenciar fases com diferentes viscoelasticidades, permite a medida de propriedades mecânicas do material analisado em escala nanométrica, análise de amostras imersas em meio líquido e menor custo do que os microscópios eletrônicos. No caso de polímeros, existem ainda algumas limitações desta técnica, devido justamente ao alto grau de complexidade da estrutura, baixo grau de ordenamento e cristalinidade e menor módulo de elasticidade destes materiais. No entanto, estudos ainda estão sendo feitos para melhor expandir a aplicação do AFM em polímeros nos seguintes aspectos: aumentar a resolução até nível atômico, diminuir a interferência em amostras de baixa dureza, melhorar a análise quantitativa morfológica da amostra e, utilizar novas técnicas de obtenção de imagens, tais como gradiente de força elétrica e potencial de superfície, entre outras. 2.6. MICROSCOPIA DE TUNELAMENTO 2.6.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS A microscopia de tunelamento é baseada no efeito túnel, que permite examinar a superfície dos materiais com resolução muito maior que a proporcionada por microscópios ópticos ou mesmo eletrônicos. EFEITO TÚNEL: No reino da Física quântica, há determinadas circunstâncias em que os elétrons encontram uma barreira tão fina que há probabilidade de que eles simplesmente a ignorem e sigam em frente. Em 1982, Gerd Binning e Heinrich Rohrer estrearam sua invenção financiada pela IBM, um novo e poderoso microscópio, o STM (Scanning Tunneling Microscope), ou Microscópio de Tunelamento. Eles não viram os átomos com seus próprios olhos, claro, mas foi como se fosse isso. O STM é capaz de sentir a posição dos átomos e fazer um mapa dessa sondagem, a imagem da superfície de um material com resolução atômica. O invento foi tão importante que rendeu aos pesquisadores o prêmio Nobel de Física de 1986. O princípio de funcionamento é baseado no efeito de tunelamento que ocorre entre a sonda, ou ponta, e a superfície, ambas condutoras. Uma diferença de potencial elétrico da ordem de centenas de milivolts (mV) é aplicada entre elas, enquanto são aproximadas. Quando sua distância é cerca de 10 Å, uma corrente elétrica é estabelecida. Isso mesmo, apesar de ponta e superfície não estarem encostadas, há passagem de corrente elétrica de tunelamento da ordem de nanoampères (nA). A falta de contato físico pode ser entendida como uma barreira de energia alta demais para o elétron vencer, mas pelas explicações do efeito quântico de tunelamento, parte dos elétrons consegue, não pular, mas penetrar esta barreira. A aplicação de potencial viabiliza este efeito, pois ela cria níveis desocupados de energia na superfície compatíveis com a energia dos elétrons da ponta. A corrente de tunelamento depende exponencialmente da distância entre ponta e amostra. Portanto, pequenas variações nessa distância são suficientemente perceptíveis na corrente de tunelamento. Se a ponta varrer uma região da superfície a uma altura constante, o sistema é capaz de registrar a corrente de tunelamento para cada coordenada x,y, a qual depende exponencialmente das posições em z que os átomos ocupam na superfície. Assim foi formada a imagem vista na figura 2 referente à rede de átomos do grafite pirolítico altamente orientado, onde o contraste representa diferenças de correntes de tunelamento, em nanoampères (nA). Nestas imagens, na verdade, estamos vendo apenas metade dos átomos presentes na superfície. As depressões foram formadas quando a ponta passou por átomos de carbono que possuem outro átomo de carbono embaixo, enquanto que as protuberâncias correspondem aos átomos de carbono sem outro átomo logo abaixo. Isto porque a distribuição eletrônica dos átomos é sentida. Sendo assim, as posições dos átomos entre si também influenciam na formação das imagens. 2.6.2. VANTAGENS E DESVANTAGENS Nesta microscopia uma ponta de tungstênio muito fina é posicionada quase tocando a superfície da amostra condutora. Quando a distância d de separação entre ponta-amostra se aproxima de 10Å, os elétrons da superfície da mostra começam a tunelar para a ponta e vice versa, dependendo da polaridade de voltagem aplica entre as mesmas, com isso gerando uma corrente (corrente de tunelamento). Geralmente a imagem não representa necessariamente a topografia pura. Por exemplo, a imagem STM de uma superfície de ouro, representa uma imagem muito próxima de sua topografia, enquanto que uma imagem de uma superfície de um cristal de arseneto de gálio, em geral não, devido às variações na probabilidade de tunelamento de átomo para átomo em sua superfície. Há muitos casos em que a interpretação dos dados do STM (ou STS) não são triviais, as imagens STM, algumas vezes mudam de um modo drástico dependendo da estrutura da ponta. Têm- se desenvolvido explicações teóricas usando modelos simples. No método de análise quantitativa, não se tem discutido muito a maneira de obter informações mais profundas dos dados STM/STS; isto é crucial para acelerar correlações entre o estado da ponta e os dados STM/STS. Estastopologias são, evidentemente, fortemente dependentes da natureza do tunelamento na ponta. Graças aos desenvolvimentos dos primeiros princípios da teoria de estados eletrônicos, usando aproximações da densidade local, tornou possível calcular quantitativamente os estados eletrônicos da superfície varrida e da ponta. Estas teorias permitem explicar os fenômenos das bordas e as anomalias na periodicidade em grande escala relatados.
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