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Cristalização de Polímeros Disciplina COEQ0062 – Química de Polímeros Prof. Dr. Paulo Henrique S. L. Coelho Engenharia Química Centro de Ciências Exatas e Tecnologia Universidade Federal do Maranhão 2 Cristalização Definições O estado cristalino em polímeros é definido como um empacotamento das moléculas onde há um arranjo tridimensional ordenado. Quando há uma disposição desordenada das moléculas (como nos líquidos) se tem um estado amorfo. Estruturas cristalinas podem ser especificadas em termos de células unitárias, o que frequentemente é muito complexo. 3 Cristalização Arranjo molecular de cadeias em uma célula unitária para o polietileno (Adaptado de C. W. Bunn, Oxford, 1945, fonte Callister) 4 Cristalização Cristalização de polímeros A cristalização é um processo onde uma estrutura ordenada é produzida a partir de uma fase desordenada (fundido ou solução diluída). As moléculas poliméricas têm habilidade de cristalizar. A extensão em que isso ocorre varia com o tipo de polímero e sua microestrutura molecular. 5 Cristalização Cristalização de polímeros Polímeros, em geral, são somente semicristalinos. Esta é a principal característica que os distingue dos outros sólidos cristalinos como metais e cerâmicas. Muitos polímeros termoplásticos cristalizam até um certo ponto quando o polímero fundido é resfriado abaixo do ponto de fusão da fase cristalina. 6 Cristalização Grau de cristalinidade em polímeros O grau de cristalinidade, o tamanho e arranjo dos cristalitos em um polímero semicristalino tem forte efeito nas suas propriedades físicas e mecânicas e é de grande importância tecnológica e prática. Polímeros cristalizados a partir do fundido nunca são completamente cristalinos. O grau de cristalinidade pode variar de completamente amorfo a quase totalmente cristalino (~ 95%). 7 Cristalização Grau de cristalinidade em polímeros O aumento da densidade na cristalização é a base de uma das técnicas de determinação da cristalinidade (flotação em coluna de gradiente de densidade). Considera que há uma diferença significativa (até 20%) entre as regiões amorfas e cristalina, o grau de cristalinidade xc é dado por: densidade da amostra densidade componentes cristalinos c e amorfos a xc = (c / ).[( - a / c - a)] 8 Cristalização Grau de cristalinidade em polímeros O grau de cristalinidade de um polímero depende da taxa de resfriamento que ocorre durante a solidificação e também da configuração da cadeia. Durante a cristalização, após resfriamento, as cadeias que estão aleatoriamente emaranhadas no líquido viscoso, devem assumir configuração ordenada. Para isto ocorrer, deve haver um tempo suficiente para que as cadeias se movimentem e se alinhem. 9 Cristalização Etapas da cristalização A cristalização ocorre em duas etapas distintas: Nucleação Baixas T cristalização (cadeias tem baixa energia) Altas taxas de nucleação Crescimento Altas T cristalização (reduzem a viscosidade melt) Altas taxas de crescimento 10 Cristalização Cristais em polímeros Na literatura, existem modelos que tem sido propostos para descrever o arranjo molecular das cadeias (moléculas) em cristais poliméricos Modelo da micela franjada. Modelo da cadeia dobrada (chain foldel model). Estrutura de esferulitos. 11 Cristalização Polímero semicristalino - Modelo da “micela franjada” Modelo aceito por muitos anos, propõem que um polímero semicristalino consiste de pequenas regiões cristalinas chamadas cristalitos (ou micelas) com alinhamento preciso, que são embebidas em regiões amorfas compostas de moléculas aleatoriamente “orientadas”: 12 Cristalização Polímero semicristalino - Modelo da cadeia dobrada Cadeias moleculares se dobram entre cada lamela 13 Cristalização Estrutura de esferulitos Esferulitos são cristais que crescem em forma esférica. O esferulito consiste de cristalitos (semelhantes a cadeias dobradas) com 10 nm de espessura que radiam do centro para fora e que são separados por regiões amorfas. 14 Cristalização Morfologia dos esferulitos Os esferulitos e sua morfologia podem variar de: Tamanho. Tipo. Distribuição. Grau de perfeição. Isso vai depender: Da condição em que são formados: história da Tcristalização, pressão, presença de aditivos e imposição de um campo de fluxo ( processamento). Tratamentos pós-cristalização impostos: aquecimento e deformação. 15 Cristalização Morfologia de baixa Tcristalização É de textura granular, com muitos e pequenos esferulitos, pois a taxa de nucleação é alta, muitos sítios. Tais esferulitos são mecanicamente dúcteis e de baixo módulo (elásticos), devido ao grande número de nós moleculares e regiões amorfas entre esferulitos pequenos e são opticamente uniformes. 16 Cristalização Morfologia de alta Tcristalização Os esferulitos podem crescer bastante, uma vez que existem poucos núcleos e as taxas de crescimento são altas. Tais esferulitos possuem mais cristais perfeitos, altos módulos de elasticidade, são quebradiços e não são opticamente uniformes. 17 Cristalização Esferulitos em polipropileno Esferulitos densamente empacotados com estrutura "cruz de malta“, vista sob luz polarizada. Esferulitos crescem radialmente, de dezenas a centenas de mícrons. É um conjunto radial de lamelas cristalinas estreitas orientadas em diversos planos. Dentro das lamelas as cadeias se dobram para frente e para trás, entre as lamelas surgem regiões amorfas, moléculas desordenadas. 18 Cristalização Estrutura esferulítica em polipropileno modificada sob deformação mecânica A microfotografia sob luz polarizada mostra os esferulitos em uma amostra de polímero não deformada. Após o material ter sido comprimido e simultaneamente expandido cerca de duas vezes e meia, os esferulitos surgem como discos. 19 Cristalização Estrutura esferulítica em polietileno Microscopia eletrônica de transmissão com luz polarizada 20 Cristalização Fatores que influenciam na cristalização A taxa e extensão da cristalização em polímeros é afetada por: variáveis de processo: (taxa de resfriamento, orientação e temperatura do fundido); presença de aditivos (agentes nucleantes); fatores estruturais: taticidade; peso molecular; ramificações da cadeia (quantidade). 21 Cristalização Fatores que influenciam na cristalização A habilidade que um material tem em cristalizar depende da regularidade de sua estrutura molecular. Uma estrutura regular pode apresentar cristalinidade, enquanto uma estrutura irregular tende a originar polímeros menos cristalinos ou amorfos. Irregularidades estruturais surgem na: copolimerização (EPDM); introdução de grupos em modo irregular (CSPE); ramificações na cadeia (LDPE); falta de estereoregularidade (PP atático); diferenças em isomeria (NR cis, gutta-percha trans). 22 Cristalização Fatores que influenciam na cristalização A química molecular bem como a configuração de cadeia influenciam na cristalização do polímero. Cristalização não é favorecida em polímeros compostos de “meros” estruturais complexos (ex. poliisopreno). Há dificuldade em prevenir cristalização em polímeros quimicamente simples como PE, mesmo a taxas de resfriamento muito rápidas. 23 CristalizaçãoPor que e como os polímeros cristalizam? Termodinâmica do processo de cristalização A energia livre de Gibbs DG = DH - T DS mínimo ou D G < 0 sistema em equilíbrio Um polímero fundido consiste de cadeias emaranhadas ao acaso e entrelaçadas A entropia é maior com moléculas emaranhadas do que distendidas, por serem possíveis muito mais conformações em uma molécula emaranhada 24 Cristalização Por que e como os polímeros cristalizam? Alto S baixo G Entretanto, o alto grau de ordem em cristais poliméricos, leva a uma considerável redução de S Entropia é, contudo, mais do que compensada pela grande redução na Entalpia que ocorre durante a cristalização 25 Cristalização Por que e como os polímeros cristalizam? Se o calor latente DHm > Tm x DSm a cristalização será favorecida termodinamicamente pois resultará um baixo valor de G Como em todas as aplicações termodinâmicas, ela somente pode ser aplicada em processos que ocorrem estatisticamente, isto é, muito lentos 26 Cristalização Cinética do processo de cristalização Polímeros são freqüentemente resfriados muito rapidamente a partir do seu estado fundido (processos industriais). Nesta situação a cristalização é controlada pela cinética, e as taxas com que os cristais nucleiam e crescem tornam-se importantes Muitos polímeros cristalizáveis é possível resfriar do fundido tão rapidamente que a cristalização pode ser totalmente ausente e resulta um polímero vítreo amorfo 27 Cristalização Cinética do processo de cristalização Nesses sistemas a cristalização pode normalmente ser induzida pelo recozimento do polímero amorfo a uma temperatura entre Tg e Tm A cristalização de um polímero a partir do seu estado fundido é acompanhada por uma redução no volume específico devido a um aumento da densidade Os cristais apresentam densidade mais alta do que o fundido ou polímero não-cristalino 28 Cristalização Cinética do processo de cristalização Isto porque o crescimento de cristais ocorre pela incorporação e empacotamento de cadeias macromoleculares, que são normalmente lamelares Cargas ou aditivos incorporados na mistura polimérica (TiO2, negro de fumo, ...) podem auxiliar na nucleação e conduzir a altas cristalinidades 29 Cristalização Tratamentos pós-cristalização Recozimento (Annealing): pode aumentar significativamente a cristalinidade e altera as propriedades mecânicas, associadas a materiais mais fortes, mas mais quebradiços. O módulo de rigidez aumenta consideravelmente com a Trecozimento. 30 Cristalização Fusão dos cristais poliméricos A fusão dos cristais do polímero é essencialmente o inverso da cristalização, mas com características muito mais distintas e complexas do que a fusão de cristais de baixa massa molar Não é possível definir uma simples temperatura para a amostra do polímero, geralmente a fusão ocorre numa faixa larga de temperatura O comportamento da fusão depende da história da amostra e em particular da temperatura de cristalização A fusão depende da taxa com que a amostra foi aquecida 31 Cristalização Métodos empregados na determinação da cristalinidade Diversos métodos são empregados na determinação da cristalinidade, nem sempre apresentam os mesmos resultados Dentre esses métodos podem ser citadas microscoscopias eletronicas de transmissão e varredura difração de raios X, espalhamento de raios-X de largo ângulo (WAXS) espalhamento de raios X de baixo ângulo (SAXS) DSC 32 Cristalização MEV 33 Cristalização MEV 34 Cristalização MEV 35 Cristalização MEV 36 Cristalização MEV Análises MEV de amostras de PP injetadas,mostram que próximo à parede do molde os fluxos elongacionais do polímero fundido levam a uma morfologia tipo “shish-kebab”. 37 Cristalização MEV 38 Cristalização MEV 39 Cristalização MET Micrografia eletrônica de um cristal de polietileno (fonte Callister) 40 Cristalização Difração de raios-X Método que revela a cristalinidade da amostra. Os r-X têm comprimentos de onda da ordem das distâncias interatômicas dos cristais, podem ocorrer efeitos de interferências especialmente quando a estrutura é ordenada. 41 Cristalização Espalhamento de raios-X de largo ângulo (WAXS) A intensidade do raio-X espalhado é apresentada em função do ângulo de difração 2 (lei de Bragg). Picos estreitos são devidos às regiões cristalinas enquanto as curvas largas (base) são das regiões amorfas. Método muito poderoso na determinação do grau de cristalinidade . 42 Cristalização Espalhamento de Raios-X de baixo ângulo (SAXS) e DSC SAXS : técnica que mede a variação da espessura das lamelas, em função da temperatura de cristalização DSC: método muito usado, que mede a entalpia ou capacidade de calor específico de polímeros
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