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Trabalho de Levi Strauss antropologia III

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
ANTROPOLOGIA III
PROFESSORA: ELIANA CREADO
ESTUDANTES: PAULO E ALAN
GEMERALIDADE DESIGUAL: DO MITO TUOINAMBÁ SOBRE A ORIGEM DO MUNDO AO MITO DE RÔMULO E REMO. 
VITÓRIA – ES
2015.
Introdução
 Levi-Strauss, no seu último livro, História de Lince, vai relatar os mitos e discorrer sobre as comparações entre os mesmos, selecionando mitos da Columbia Britânica e do Novo Mundo, dando ênfase as semelhanças e diferenças entre os mesmos no intuito de mostrar por meio das figuras de gêmeos, “o dualismo fundamental do pensamento ameríndio” em contraposição ao pensamento europeu, que vê nos gêmeos similaridade e a ideia de identidade. 
 Para efeito de analise vamos tomar como referência os primeiros capítulos do livro “História de Lince” e algumas versões do mito dos irmãos gêmeos, Rômulo e Remo, mito fundador da cidade de Roma. 
 Tomando por base a forma procedimental usada pelo autor no seu livro ao analisar os mitos, iremos tomar três versões dos mitos Rômulo e Remo, disponíveis na internet. Em seguida vamos analisa-las, de forma a ver as suas diferenças e os pontos em que consideraremos importantes para serem comparados com o mito Tupinambá da origem do mundo. 
 O objetivo, ao analisar e fazer as comparações entre os mitos não é somente mostrar as diferenças e semelhanças entre os mesmos, mas também, identificar em histórias passadas em locais e épocas distantes, com uma realidade cultural e social, diferenciadas, pontos que convergem e portanto, são semelhantes; ou também, que são antitéticos, e desiguais, mas se comunicam, no sentido de se tornaram referenciais fundantes de povos pioneiros em suas terras e que orientam caminhos e percursos, servindo de “arquétipos” para as novas gerações. 
 Levi-Strauss defende no livro “História de Lince” a tese da universalidade da estrutura mítica, mas considerando as particularidades de cada povo, na forma de narrar e contar os mitos. E tendo por base o princípio de que “os mitos se comunicam por meio dos homens e sem que estes o saibam” (Octavio Paz), ele vai apresentar uma tese inovadora na antropologia, quando mostra a ideia de gêmeos desiguais, narradas no livro, em que os mitos ameríndios escondem e revelam, na visão de gemeralidade, a importância da diferença, do outro e seu modo de se colocar enquanto alguém diferente, mesmo sendo gêmeos, e é nisso que reside o princípio do pensamento ameríndio e o diferencia do pensamento europeu. 
Mito Tupinambá sobre a origem do mundo. 
Levi-strauss relata no livro “História de Lince”, no capítulo “um mito para voltar no tempo”, o mito que segue abaixo e foi composto a partir de várias versões e mitos semelhantes. Ele é considerado o primeiro mito dos índios do Brasil que tornou conhecido na Europa, conforme diz no livro. E conclui dizendo que “todo mito possui uma estrutura que dirige a atenção e ecoa na memória do ouvinte” e por isso, segundo ele, pode ser transmitido de forma oral. 
“Nos primeiros tempos do mundo, o deus Monan, cujo nome significa “o Antigo”, vivia entre os humanos e distribuía suas benesses. Mas os humanos se mostraram ingratos, e o deus os fez morrer num fogo de origem celeste. Também modelou o relevo, pois, naquele tempo, a terra era continua e plana; não existiam nem o mar nem a chuva. Foi salvo apenas um homem, que Monan levou para o céu. Cedendo as súplicas dos sobreviventes, o deus afogou o incêndio sob uma chuva diluviana, origem do mar e dos rios. Monan criou uma mulher para o homem, para que o casal se reproduzisse. Assim nasceram uma segunda raça e, principalmente, o demiurgo Maíra-Monan, “Antigo Transformador”, senhor de todas as artes e de quem os brancos, - superiores aos índios na cultura – são os “verdadeiros filhos”. Foi Maíra-Monan que atribuiu a todos os seres vivos seu aspecto atual e suas características próprias. 
Descontentes com sua transformação, os contemporâneos de Maíra-Monan liquidaram-no queimando-o numa fogueira. Ele subiu ao céu e tornou-se a tempestade, mas deixou descendentes na terra. Um deles, Sommay (=Sumé), teve dois filhos chamados Tamendonaré e Aricuté. Um era de índole pacífica, o outro tinha um temperamento agressivo. Um conflito entre os dois irmãos resultou num dilúvio, desta vez de origem terrestre. Os dois irmãos e suas esposas se refugiaram no alto de uma montanha; todos os outros humanos e todos os animais pereceram. De um dos irmãos e sua mulher descendem os tupinambá, do outro seus inimigos hereditários. Cada um dos dois irmãos conseguiu acender seu próprio fogo graças ao fogo que Monan tinha tido o cuidado de colocar entre os ombros do Preguiça (Bradypus tridactulus, chamado de Ai-de-Bentinho no Brasil devido à mancha amarela que possui nas costas). 
Na aldeia vivia um certo Maíra-Pochy, “familiar do grande Monan”, embora tivesse o status de servo ou até de escravo. Era feio e deformado, mas possuía poderes mágicos. Certo dia ele trazia um peixe e a filha de seu senhor quis experimentá-lo; imediatamente ela se sentiu gravida e deu a luz um belo menino. Todos os homens da aldeia foram reunidos, para saber de quem o menino aceitaria o arco e as flechas, indicando-o assim como pai; Foi Maíra-Pochy. “Resmungaram contra ele” e o abandonaram com a mulher e filho. Mas “o lugar em que vivia esse Maíra era abundante em todas as coisas, e o lugar em que os outros viviam era estéril e sem nenhum fruto, tanto que os infelizes morriam de fome”. 
Apiedado, Maíra enviou-lhes provisões por intermédio da mulher e os convidou a vir visita-lo. As roças férteis de seu anfitrião encheram-nos de cobiça e eles resolveram pilhá-las, Maíra transformou-os imediatamente em diversos animais. Esse incidente desgostou-o definitivamente da família da mulher e até da própria mulher: “Ele descobriu sua sórdida e feia face, tornando-se o mais belo de todos os humanos, e foi-se embora para o céu para lá viver a vontade.
O filho de Maíra-Pochy, também chamado Maíra e que era um grande feiticeiro como o pai, quis ir junto com ele para o céu. Transformou-se durante algum tempo num rochedo que separava o mar e a terra, para impedir que o seguissem. Depois ele readquiriu a forma humana e permaneceu entre os índios. Entre outras maravilhas, ele fabricou um diadema de chamas, que um companheiro apressado arrancou de suas mãos para experimentar: o imprudente pegou fogo, jogou-se na água e se transformou em saracura. Finalmente esse Maíra foi ao encontro do pai (que Thevet chama aqui de Caroubsouz; compara-se com língua geral coaracy; guarani quaraçi, kuarahy, “sol”; tembé-tenetehara ko`ar-apo-har, “criador do mundo”); deixou na terra um filho chamado Maíra-Ata, que se casou com uma conterrânea. Ela, de índole errante, teve vontade de ver o mundo, apesar de estar gravida. Seu filho, no ventre, conversava com ela e lhe indicava o caminho; mas como ela não quis colher para eles certos “legumes pequenos”, que ele desejava, ele se calou; a mulher se perdeu, chegou à casa de Gambá, que a convidou a entrar e, aproveitando seu sono, engravidou-a de um outro filho, “que, no ventre, fazia companhia no primeiro. 
A mulher deixa Gambá, se perde e acaba dando com índios ferozes, que a maram e, antes de comê-la, jogam fora os filhos tirados de seu ventre. Eles são encontrados por uma mulher, que os cria. Mais tarde vingariam a mãe afogando os assassinos, que se tornam os bichos selvagens de hoje em dia. Depois disso saem em busca de Maíra-Ata, que supõem ser o pai de ambos. Para reconhecê-los, ele lhes impõe provas, no decorrer das quais o filho de Gambá se mostra vulnerável e o filho de Maíra-Ata invulnerável, capaz até de ressuscitar o irmão cada vez que ele morre.” 
Com relação aos gêmeos, o que podemos destacar é que o mito analisado em História de Lince, conforme relata o Levi-strauss no livro, diz respeito às narrativas sobre a gênese do mundo colhidas entre os Tupinambá pelo frade André Thevete analisadas por Alfred Métraux. Em uma dessas narrativas os gêmeos Tamendonaré, o pacífico, e Aricuté, o agressivo, são filhos de Sumé, descendente de Maíra-Monan, grande transformador e senhor de todas as artes. Do primeiro descendem os Tupinambá, e do segundo os seus inimigos, conforme relata o mito. Essa narrativa tem um desdobramento: Maíra-Pochy, feio e deformado, possui poderes mágicos, engravida uma mulher e é abandonado pela comunidade desta; por vingança, o herói transforma os parentes da mulher em animais, fugindo então ao céu, seguido de seu filho Maíra, tornado um grande feiticeiro e que também gera um filho, Maíra-Ata, para quem a história cumprirá passos semelhantes: sua mulher viaja grávida e no caminho encontra Gambá, que a convida para entrar em casa e a engravida novamente, fazendo que a criança que ela já contém no ventre ganhe uma companhia. 
Apesar de serem gêmeos em momento algum, neste relato, encontramos ideia de superioridade em relação aos gêmeos. Diferente do caso dos gêmeos Rômulo e Remo, em que Rômulo, depois de sentir atacado pelo irmão, devido a inveja, conforme relata algumas versões, acaba matando-o e depois se arrepende. Os dois irmãos, os gêmeos Tamendonaré, o pacífico, e Aricuté, o agressivo, são filhos de Sumé, descendente de Maíra-Monan, grande transformador e senhor de todas as artes. Do primeiro descendem os Tupinambá, e do segundo os seus inimigos, conforme relata o mito os dois irmãos gêmeos Tamendonaré, o pacífico, e Aricuté, o agressivo, são netos de Maíra-Monan, grande transformador e senhor de todas as artes. Logo eles são de origem “divina” ou de seres com poderes acima do terreno. Dá para notar a necessidade de destacar a diferença presente em suas personalidades, um “agressivo” e o outro “pacifico”. É o equilíbrio dos contrários. Aí vemos a gemeralidade desigual presente, tanto que um necessita do outro, como se fosse complemento, deve ser por isso também que não há mortes, pois seria a morte de parte de um universo que não existe sem o outro. 
Para entender melhor esta análise a que se propõe o presente trabalho vamos apresentar as versões dos mitos de Rômulo e Remo, sobre a criação de Roma e a partir daí estabelecer uma relação entre as diferenças e semelhanças entre um mito que marca o berço do nascimento do pensamento latino, representado pelo mito dos irmãos gêmeos, que foram criados por uma loba, e que depois fundaram a cidade de Roma e o mito fundante do mundo Tupinambá, que narra a história de como surgiu o povo Tupinambá e seus inimigos hereditários. 
O Mito de Rômulo e Remo, a fundação da cidade de Roma 
“Segundo a mitologia romana Rômulo e Remo são dois irmãos gêmeos, Rômulo, foi o fundador da cidade de Roma e seu primeiro rei. 
Rômulo e Remo, eram filhos do deus grego Ares, ou Marte seu nome latino, e da mortal Réia Sílvia (ou Rhea Silvia), filha de Numitor, rei de Alba Longa.
As crianças foram jogadas no rio Tibre. A correnteza os arremessou à margem do rio e foram encontrados por uma loba, que teria os amamentando e cuidado deles até que estes foram achados pelo pastor Fáustulo, que junto com sua esposa os criou como filhos. 
Quando Remo tornou-se adulto se indispôs com pastores vizinhos, estes o tomaram e levaram a presença do rei Amúlio que o aprisionou, Fáustulo revelou a Rômulo as circunstâncias de seu nascimento, este foi ao palácio e libertou ao irmão, matou Amúlio e libertou seu avô Numitor. Numitor recompensou os netos dando-lhes direito de fundar uma cidade junto ao rio Tibre. Os dois consultaram os presságios e seguiram até a região destinada a construção da cidade. Remo dirigiu-se ao Aventino e viu seis abutres sobrevoando o monte. 
Rômulo indo ao Palatino avistou doze aves, fez então um sulco por volta da colina, demarcando o Pomerium, recinto sagrado da nova cidade. Remo, enciumado por não ser o escolhido, zombou do irmão e, num salto, atravessou o sulco sendo morto por Rômulo, que o enterrou no Aventino.
Rômulo, após a fundação da cidade, preocupou-se em povoá-la. Criou o Capitólio um refúgio para todos os banidos, devedores e assassinos da redondeza. A notícia da nova cidade se espalhou e os primeiros habitantes foram chegando, principalmente Latinos e Sabinos. Rômulo, após longa batalha com os Sabinos, firmou acordo com Tito Tácio, seu rei e com este reinou sob uma só nação na grande cidade de Roma. A Rômulo também é atribuído a instituição do Senado e das Cúrias.”
Outra versão:
“Numa tarde de verão, um pastor ouviu as vozes de crianças. Indo ao local de onde vinha aquele som, deparou-se com duas crianças brincando com uma loba. Ao final do dia, vendo que a loba dormia, levou as crianças consigo pois ele não tinha filhos. Assim, Faustulo e Aca Larência criaram os gêmeos como filhos legítimos e deram-lhe os nomes de Rômulo e Remo. 
Os gêmeos viviam felizes junto ao pastor e seu rebanho até que um vizinho roubou-lhes uma ovelha. Remo foi queixar-se com o Rei Amúlio que ficou muito impressionado com a eloquência e porte guerreiro do jovem. Ao saber que ele tinha um irmão gêmeo, o soberano pressentiu que aquele era um dos filhos de Ares e sua sobrinha Réia Silvia dos quais ele havia usurpado o trono, por isso mandou encarcerar o jovem. 
Rômulo, sendo orientado por Ares - deus da guerra e seu próprio pai, reuniu valentes guerreiros e iniciou uma luta contra o Rei Amulio que foi morto. O fim do reinado do usurpador chegou ao fim. Rômulo libertou seu irmão Remo e sua mãe Réia Silvia das masmorras do palácio e restituiu o trono de Alba longa ao seu avô Numitor. Ao subir ao trono de Alba Longa, Numitor autorizou que os netos construissem uma cidade às margens do Rio Tibre. 
Remo foi para o Monte Aventino e Rômulo para o Monte Palatino. Eles esperavam que os deuses lhes enviassem um sinal mostrando o lugar mais favorável. Quando Rômulo viu que 12 abutres sobrevoavam o Monte Palatino, ele entendeu que ali deveria ser a cidade. Imediatamente ele começou a preparar o terreno onde edificaria o reino, mas ao ver que seu irmão fazia o trabalho sozinho, Remo sentiu-se excluído. 
Provocando o irmão, Remo criticava todas as iniciativas e obras realizadas até que certo dia num acesso de fúria Rômulo atacou o irmão que caiu mortalmente ferido. Ao ver o sangue de Remo, Rômulo deu-se conta do que fizera. Pesaroso e corroído pelo remorso, Rômulo levou o corpo de Remo até o Monte Aventino onde lhe ofereceu as honras fúnebres.
Retornando à sua edificação, Rômulo construiu a cidade com a marca de uma tragédia. Assim nasceu a cidade de Roma, soberana e onipotente ao mundo. Mas após erguer a sua cidade, Rômulo não sabia como povoá-la. Indo até o templo, os ventos sopraram-lhe que deveria abrir a cidade para refugiar todos os marginais da redondeza. Homens vindos de todas as partes começaram a chegar, trazendo suas tristes histórias e a marca dos crimes praticados.
Os desvalidos e criminosos se redimiram formando os primeiros habitantes de Roma, mas a cidade não prosperava porque não havia mulheres e crianças. Nenhuma moça aparecia e nem queria se casar com os ex-condenados, por isso resolveram roubá-las das famílias. Rômulo preparou um grande banquete e convidou os sabinos, um povo que vivia próximo a Roma. Sem suspeitarem do rei romano, os sabinos aceitam o convite levando suas filhas e irmãs. No meio da festa, os romanos agarram as sabinas tomando-as à força. Sem poderem defendê-las, os sabinos fugiram diante da fúria dos romanos.
Os romanos tentavam conquistar as sabinas mas eram repelidos. Diante dos gritos das sabinas, os sabinos resolveram marchar contra os romanos para recuperar as mulheres, no entanto, eles perderam a batalha. Mas Tito Tácio armou uma trama e conseguiu invadir o reino de Roma. Travou-se uma longa batalha até que cansadas da guerra, as mulheres sabinas decidiram por fim às batalhas.
Lideradas por Hersília, única jovem que casou-se com um romano e que fora morto na batalha, 600 sabinas se colocaram frente os homens pedindo que finalizassem a guerra. Comovidos com a súplica das mulheres, Rômulo e TitoTácio abandonaram a luta se unindo numa cidade comum. Juntos eles passaram a reinar sobre a cidade apagando os antigos ódios.
Tempos depois Tito Tácio entrou em conflito com os Laurentinos e foi morto. Rômulo lhe ofereceu todas as honras fúnebres mas não quis vingar sua morte. Rômulo decidiu que Roma deveria viver em paz. Rômulo, o 1º rei de Roma, viveu solitário sem mulher e sem filhos. Certo dia, uma grande tempestade se abateu sobre a cidade, derrubando casas, inundando os campos e ruindo os palácios. Durante a tempestade, Rômulo desapareceu e nunca mais foi encontrado. A lenda de Rômulo deu à Roma uma origem nobre e imortal.”
Outra versão:
“A lenda de Rómulo e Remo é a lenda fundadora de Roma. Quando a sua mãe, uma princesa latina, foi assassinada por um tio malvado, os bebés gémeos, Rómulo e Remo, foram lançados ao Tibre. Salvos por uma loba, que os amamentou e os tratou como se fossem seus filhos, incutiu neles ferocidade e sentido de lealdade. Quando chegaram à idade adulta, resolveram fundar conjuntamente uma cidade, mas acabaram por se defrontar e inclusivamente travaram uma luta de morte. Rómulo, o vencedor fundou a cidade que ficou com o seu nome. A lenda fornece inclusivamente datas precisas: Roma foi fundada, sem margem para dúvidas, em 753 a. C., Rómulo foi o primeiro Rei e foi venerado como uma divindade protectora de Roma.
Assassino de seu irmão, mas ambicioso em seus projectos, Romulus começou a povoar a cidade com pastores, bandidos, escravos fugitivos e aventureiros. Como não havia mulheres, Romulus fez anunciar uma grande festa com jogos extraordinários. Os sabinos dirigiram-se para lá com suas mulheres e filhos. Durante a festa, os companheiros de Romulus raptaram as sabinas. Depois de muita luta, as sabinas concordaram em viver em paz com os romanos. Titus Tacius, rei dos sabinos, dividiu o trono com Romulus. Após a morte de Tacius, Romulus reinou sozinho até sua misteriosa desaparição numa tormenta tendo sido divinizado com o nome de Quirino.
Rômulo e Remo surgem como filhos de um grande ser mitológico, o Deus Marte (Ares na mitologia grega - ambos associados a guerra), com uma mortal, filha de um rei de dinastia heróica(descendente de Enéas - filho da Deusa Afrodite). O que sugere de imediato a linhagem 'real (e mitológica)' deles.
As narrativas dizem que os irmãos gêmeos são jogados no rio e posteriormente encontrados por uma loba, que teria amamentado e cuidado deles até que um certo pastor os encontrassem. 
A loba pode se encaixar em diversos símbolos, sendo o mais comum a ideia de proteção, inteligência, sociabilidade e também a fertilidade.
O pastor traz a ideia de alguém que se preocupa com seu rebanho, filhos, religião e etc.
No caso, o pastor é Fáustulo(empregado de Numitor), ele e sua esposa criam os dois como filhos.
Algumas versões trazem a esposa de Fáustulo como uma visionária.
Ao se tornarem adultos, Remo entra em conflito com povoados vizinhos e é capturado (por alguém que tinha conhecimento de sua origem), sendo levado para o rei Amúlio já com a suspeita de ser um dos filhos da que seria a rainha por direito.
Remo, por vezes, é tido como o gêmeo antagônico. Porém não dotado de maldade. Tanto que o irmão faz de seu túmulo um lugar sagrado, ou dotado de extrema importância para qua a grande cidade possa perpetuar.
A característica de Remo, de tendências raivosas, é alusiva ao temperamento da loba em algumas versões diferentes. Rômulo e Remo podem ter herdado a crueldade de um lobo feroz, sua inteligência, resistência e selvageria. Sem falar na força do Deus da Guerra, seu pai, Marte. 
Entretanto, foi capturado e levado à prisão. Tal observação nos pensar se há então um indício de gêmeos desiguais.
Voltando ao mito em si, Fáustulo então revela a verdade sobre a história dos gêmeos a Rômulo, e este vai ao palácio libertar seu irmão, matando o rei que até então matinha Numitor (seu avô) prisioneiro em seu próprio palácio.
Liberto, Numitor, o verdadeiro rei de Alba Longa, concede terras a seu neto para então fundar sua própria cidade. Aqui, Rômulo e Remo começam a se distanciar, pois Remo não tinha sido o escolhido para criar a nova cidade, e invejava seu irmão. Os gêmeos se desentendem e Remo acaba sendo morto pelo seu próprio irmão.
Rômulo então dá vida a Roma e a preenche com refugiados. Através de um acordo com um reino vizinho, Roma se torna uma grande nação e prospera.
Assim, a composição de Roma então se dá por conflitos desde o nascimento dos gêmeos até o fim do grande império romano. Em algumas versões desse mito, a consolidação de Roma se dá em partes pelas grandes guerras, motivadas pelo sangue de Marte. Não se sabe ao certo se a força da mitologia greco-romana influenciou na supremacia do domínio Romano, mas com certeza fez parte de todo o processo cultural de seu povo. O que até hoje, se estuda como uma verdade histórica. Ao passo que os mitos, se fundem com a realidade, conforme atravessa os novos tempos.”
Análise dos mitos.
Em seu último livro Levi-Strauss, segundo Viveiros de Castro, fala do fim da cultura, pois segundo ele por que o livro se organiza em função do mito do surgimento do homem branco e que para Levi-Strauss, seria concomitantemente o fim da América Indígena. O nascimento da Cultura seria o fim da cultura indígena, na medida mesma em que o homem branco, como não índio, seria aquele que veio como inimigo, segundo o mito Tupinambá, logo, não pacífico. Em decorrência disso, a destruição do mundo índio, seria um prenuncio da destruição do mundo todo consequentemente, pois ao se apropriar da natureza e buscar promover o desenvolvimento, o homem branco, exploraria as riquezas minerais, naturais e na medida que ia enriquecendo, traria a morte para junto de si, com a destruição da vida em sua volta, com a poluição do ar, das águas, frutos da ganância e da exploração. 
Esta reflexão cosmológica apresentada por Levi-Strauss em História de Lince, e nos mostrada por Viveiros de Castro, no artigo, permite fazer uma correlação do mito Tupinambá sobre a origem do mundo e o mito da criação de Roma, sobre os irmãos Rômulo e Remo. Abaixo veremos um quadro comparativo:
	História de Lince (artigo de Viveiros de Castro) Mito Tupinambá sobre a origem do mundo
	Mito: Rômulo e Remo
	Origem divina dos gêmeos
	Origem divina dos gêmeos
	São separados e tem funções diferentes: gemeralidade desigual. 
	Primeiro entram em contato com a natureza: são criados por uma loba. Depois, é como se superassem este estágio: passam a ser criados por um pastor. Por último: são herdeiros do trono e passam a reinar. 
	Um é pacífico e o outro não. 
	A personalidade deles não é revelada no começo, ela se apresenta no contexto. Os dois seguem juntos boa parte da narrativa. 
	O inimigos dos Tupinambás são os brancos e vieram com uma tarefa clara: matar e dominar. Isso já estava previsto. 
	Convivência pacifica: a escolha divina fez com que a inveja trouxesse a morte. 
	Objetivo: ter poder e gloria para isso queriam explorar e precisavam de mão de obra rápido. Criar um povo. Trouxeram de Portugal muitos presos e “desocupados”.
	Objetivo de Rômulo: criar uma cidade e precisava povoar rápido para isso chamou os devedores, assassinos e os banidos
	Os brancos tiveram que matar muitos índios e escravizar outros.
	Rômulo mata Remo para avançar se seu projeto.
	Ideologia indígena do dualismo: “os gêmeos nunca são iguais, a identidade é transitória é ilusória”
	Gêmeos europeus: completa identidade física, vestuário, gostos, pensamentos, às vezes até a mesma paixão. 
Conclusão
Levi-strauss deixa claro em suas analises, principalmente no final do livro História de Lince, que o pensamento ameríndio recusa a noção de que entre os pares de gêmeos exista a ideia de identidade como nos casos dos irmãos Rômulo e Remo. Entre os ameríndios, segundo Levi-strauss, a diferença existe numa cosmologia, numa sociologia e num modus de vida que os diferencia do modus europeu. É tanto que para ele o homem branco,tomando a análise dos mitos ameríndios são aqueles que vieram trazer a destruição a América ameríndia e consequentemente ao mundo todo. 
Referência Bibliográfica
Lévi-Strauss, Claude. História de Lince. [Tradução: Beatriz Perrone-Moíses] São Paulo: Companhia das Letras, 1993. 
LAGROU, Elsje & BELAUNDE, Luisa Elvira. 2011. "Do mito grego ao mito ameríndio: uma entrevista sobre Lévi-Strauss com Eduardo Viveiros de Castro". Sociologia e Antropologia, 1(2):09-33. 
Sobre os mitos sobre Rômulo e Remo:
http://www.historialivre.com/antiga/romalenda.htm acesso em 06/12/15
http://eventosmitologiagrega.blogspot.com.br/2011/06/romulo-e-remo-os-fundadores-de-roma.html acesso em 06/12/15
http://imperioromano-marius70.blogspot.com.br/2005/04/rmulo-e-remo.html acesso em 06/12/15

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