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trabalho direito civil estatuto deficiente

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Universidade Nove de Julho
Direito Civil
Trabalho Direito Civil
Artigo 3º e Artigo 4º Código Civil
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Professor: Francisco Fernandes
Aluno: Rafael Ost Montanaro
 
O Estatuto da Pessoa com Deficiência foi publicado em 6 de julho de 2015, com a ideia de inclusão da pessoa com Deficiência. O Estatuto teve vacatio legis de 180 dias (Artigo 127).
A nova legislação altera e revoga alguns artigos do código civil trazendo grandes mudanças estruturais e funcionais na antiga teoria das incapacidades e relacionado ao Direito de Família, como o casamento, a interdição e a curatela. 
Foram revogados todos os incisos do Artigo 3º do Código Civil; 
“São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
I – Os menores de dezesseis anos; 
II – Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não transitória, não puderem exprimir sua vontade”.
Foi alterado também o caput passando a estabelecer que “são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos” Com a nova lei Artigo 114º, todos os incisos desse artigo foram revogados, exceto o que se refere aos menores de 16 anos. Os mesmos continuam a ser absolutamente incapazes para os atos cíveis.
Não existe mais no termo da lei, “pessoa absolutamente incapaz” que seja maior de idade. Não há ação de interdição absoluta no nosso sistema civil, os menores não são interditados pois já existe um entendimento de absolutamente incapazes. Todas as pessoas com deficiência, das quais tratava antes da nova normativa, passam a ser, em regra, plenamente capazes para o Direito Civil, o que visa a sua plena inclusão social, a favor de sua dignidade. Com isso claramente temos uma plena inclusão das pessoas com deficiência. 
O Artigo. 4º “Determina que são incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II- os ébrios habituais e os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV – os pródigos”. 
Pelo Artigo. 114, são considerados relativamente incapazes os ébrios habituais e os viciados em tóxico e aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
Em casos excepcionais, deficientes podem ser tidos como relativamente incapazes em algum enquadramento do novo Artigo. 4º do Código Civil. Um deficiente que seja viciado em drogas, pode ser tido como incapaz como qualquer outro sujeito.
O inciso II não faz mais referência às pessoas com discernimento reduzido, que não são mais considerados relativamente incapazes. Apenas foram mantidas no diploma as menções aos ébrios habituais e os viciados em drogas, que continuam dependendo de um processo de interdição relativa, com sentença judicial, para que sua incapacidade seja reconhecida.
Portadores de deficiência mental começa a ter plena capacidade civil. 
“Artigo. 6º. A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
Casar-se e constituir união estável;
Exercer direitos sexuais e reprodutivos;
Exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
Conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
Exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
Exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”.
 
Foi também alterado o inciso III do Artigo. 4º do Código Civil, não mencionando mais os excepcionais, sem desenvolvimento completo. O inciso anterior tinha incidência para os portadores de síndrome de down, não considerado mais como incapazes. A nova normativa passa a expor as pessoas que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir vontade, o que antes estava previsto no inciso III do Artigo. 3 do Código Civil como situação típica de incapacidade absoluta. Agora a hipótese é de incapacidade relativa. Podemos nos perguntar até que ponto uma pessoa com síndrome de down poderia ter seus direitos cíveis sem um curador ou um responsável legal, sendo ele, com o estatuto, detentor de seus direitos cíveis podendo por exemplo casar.
“Em verdade, este importante estatuto, pela amplitude do alcance de suas normas, traduz uma verdadeira conquista social. Trata-se, indiscutivelmente, de um sistema normativo inclusivo, que homenageia o princípio da dignidade da pessoa humana em diversos níveis (Pablo Stolze). ”
 Podemos considerar que o Estatuto foi criado para inclusão de pessoas com deficiência, porém não posso desconsiderar algumas situações concretas, como por exemplo os psicopatas, que não serão mais tidos como absolutamente incapazes. Como fazer para enquadra-los no inciso III do Artigo. 4 do Código Civil, pois tratando como relativamente incapazes os psicopatas serão considerados plenamente capazes para o Direito Civil.
Com relação ao casamento como dito anteriormente também podem notar alterações significantes no Estatuto da Pessoa com Deficiência. O Artigo. 1.518 do Código Civil teve sua modificação; não tem mais menção a curatela. Muito menos a nulidade do casamento das pessoas mencionadas no antigo Artigo. 1.548, inciso I que descrevia a nulidade do casamento do enfermo mental. Com a implementação do Estatuto da Pessoa com Deficiência, o casamento do enfermo mental, sem discernimento, passa a ser válido. Já antes essa alteração presumia-se que o casamento seria ruim para o incapaz, vedando-o com a mais dura das invalidações.
O Artigo. 1550 do Código Civil, trata da nulidade do casamento, ganhando assim um novo parágrafo, que denota a pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbil poderá contrair matrimonio. Gerando somente a nulidade do casamento dos ébrios habituais, dos viciados em drogas e das pessoas que, por causa transitória ou definitiva, não puderem exprimir sua vontade; incisos II e III do Artigo. 4º.
Segundo “José Fernando Simão; uma pessoa que tenha deficiência profunda. Tal pessoa, em razão da deficiência, não consegue exprimir sua vontade. Esta pessoa, hoje passa por um processo de interdição e é reconhecida como absolutamente incapaz. Seu representante legal (normalmente um dos pais), na qualidade de curador a representa para os atos da vida civil. Com a mudança trazida pelo estatuto, tal pessoa, apesar da deficiência profunda, passa a ser capaz”.
Podemos analisar por exemplo um menor de idade (inferior há 16 anos) que seja credor, a prescrição ficará impedida até o mesmo completar 16 anos. 
Outra situação está com relação a como será feita a situação pericial; o juiz deve determinar a produção de prova pericial para avaliação da capacidade do interditando para a prática de atos civis. Essa perícia deve ser realizada por médicos com formação multidisciplinar, e o laudo pericial deve conter, especificadamente, os atos para os quais haverá necessidade de curatela.
Após o laudo pericial ser apresentado, todas as provas terem sido produzidas, e todos os interessados ouvidos, o juiz dará a sentença. Na sentença que decretar a interdição, o juiz nomeará curador levando em conta o estado e o desenvolvimento mental do interdito para assim estabelecer os limites da curatela.
A sentença de interdição deve, ainda, tornar-se pública conforme dispõe a lei:
“Art. 755. Na sentença que decretar a interdição, o juiz:
§ 3o A sentença de interdição será inscrita no registro de pessoas naturais e imediatamente publicada na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 6 (seis) meses, na imprensa local, 1 (uma) vez, e no órgão oficial, por 3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição, os limites da curatela e, não sendo total a interdição,os atos que o interdito poderá praticar autonomamente.”
Anexos:
Segue em anexo uma avaliação médica de morte encefálica. E um artigo da AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira).
Referências bibliográficas:
Dr. Juarez Oscar Montanaro – Médico do Imesc de 1988 a 1998, Professor Pós DOC da USP de Criminologia e Diretor do IML de Osasco e Cotia. (Pai)
José Fernando Simão advogado, diretor do conselho consultivo do IBDFAM e professor da Universidade de São Paulo e da escola paulista de Direito.
Flávio Tartuce – Advogado
Miguel Abdalla Filho – Psiquiatra Forense de Porto Alegre: Artmed, 2004
Venosa, Silvio de Salvo. Teoria Geral do Direito Civil. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2004

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