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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 1 AUDITOR FISCAL DO TRABALHO (AFT) Prezados Alunos! Estão firmes para o nosso concurso de AFT-2013? Hoje vamos ter uma ótima oportunidade para aprofundarmos alguns pontos que integram essa novidade que é a matéria Direitos Humanos na prova de AFT. Desejo a todos, mais uma vez, todo sucesso nessa reta final! Bons estudos! Ricardo Gomes MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 2 QUADRO SINÓPTICO DA AULA: • 6 Institucionalização dos direitos e garantias fundamentais. • 7 Política nacional de direitos humanos. • 8 Programas nacionais de direitos humanos. 6. Institucionalização dos direitos e garantias fundamentais. Na aula passada, estudamos os direitos humanos de uma forma mais teórica. Passemos agora para o estudo da institucionalização dos direitos e garantias fundamentais conforme o edital do Concurso. Na aula de hoje, iremos abordar a maneira como a Constituição prevê tais direitos e garantias fundamentais, os órgãos e as entidades públicas que estão voltados para a proteção dos direitos humanos, e, também, as principais políticas públicas nacionais que foram estabelecidas pelo Poder Público brasileiro para garantir a proteção dos direitos humanos. Podemos definir a institucionalização dos direitos e garantias fundamentais como os meios de FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO de POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS para PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS. Portanto, quando se fala na institucionalização dos direitos, estamos querendo se referir aos instrumentos que pretendem concretizar os direitos e garantias fundamentais que a nossa CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 estabeleceu. Esses instrumentos compreendem os programas nacionais de MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 3 direitos humanos (PNDH) e os órgãos competentes para o planejamento e a implementação dessas políticas públicas (SDH/PR, CDDPH, ONDH...). Contudo, para que o(a) futuro(a) Auditor Fiscal do Trabalho tenha um entendimento correto desse conjunto de meios de institucionalização dos direitos e garantias fundamentais, é preciso revisar alguns aspectos jurídicos previstos na Constituição Federal de 1988. A Constituição Federal de 1988 surgiu como consequência de um processo de democratização que atingiu Brasil após o fim do Regime Militar (1964-1985), transição política esta que se beneficiou de um processo de liberalização política ocorrida no final do próprio regime autoritário (ex.: anistia política, pluripartidarismo, eleições diretas para governador e para prefeito das capitais...). É por causa desse passado autoritário que a nossa Constituição Federal de 1988 possui como uma de suas marcas mais importantes um forte compromisso com o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO (art. 1º), princípio que possui como uma de suas dimensões o respeito aos DIREITOS FUNDAMENTAIS. Esse compromisso repercutiu bastante sobre o texto de nossa Constituição, pois os direitos humanos ganharam bastante destaque, chegando ao ponto da Constituição Federal de 1988 se situar como o documento jurídico mais abrangente e detalhado sobre os direitos humanos que o Brasil adotou em sua história. Nesse sentido, Flávia Piovesan afirma que: “A Carta de 1988 institucionaliza a instauração de um regime político democrático no Brasil. Introduz também indiscutível avanço na consolidação legislativa das garantias e direitos fundamentais e na proteção de setores vulneráveis da sociedade brasileira. A partir dela, os direitos humanos ganham relevo extraordinário, situando-se a Carta de 1988 como o documento mais abrangente e pormenorizado sobre os direitos humanos jamais adotado no Brasil.” Como consequência dessa nova realidade, o governo brasileiro necessitou formular uma política pública de direitos humanos coerente MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 4 com a Constituição adotada. Essa política pública necessitaria atender aos fundamentos e objetivos da República Federativa do Brasil, além de compatibilizar-se com as normas previstas nos tratados internacionais de direitos humanos que o Brasil tivesse reconhecido. Sobre esse assunto, novamente afirma Flávia Piovesan: “A consolidação das liberdades fundamentais e das instituições democráticas no País, por sua vez, muda substancialmente a política brasileira de direitos humanos, possibilitando um progresso significativo no reconhecimento de obrigações internacionais nesse âmbito”. ATENÇÃO! NÃO CONFUNDIR OS FUNDAMENTOS COM OS OBJETIVOS... A Constituição Federal de 1988 prevê cinco FUNDAMENTOS da República Federativa do Brasil (art. 1º): • Soberania (inc. I); • CIdadania (inc. II); • DIgnidade da pessoa humana (inc. III); • VAlor social do trabalho e da livre iniciativa (inc. IV); • PLUralismo político (inc. V). Uma dica para memorizar esses fundamentos é a palavra formada pelas sílabas iniciais dos cinco substantivos previstos nos incisos do art. 1º da Constituição: SO-CI-DI-VA-PLU. Já os OBJETIVOS da República Federativa do Brasil (art. 3º) são quatro: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 5 • CONSTRUIR uma sociedade livre, justa e solidária (inc. I); • GARANTIR o desenvolvimento nacional (inc. II); • ERRADICAR a pobreza e a marginalização e REDUZIR as desigualdades sociais e regionais (inc. III); • PROMOVER o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (inc. IV). Uma dica para memorizar esses objetivos é que todos eles começam com um verbo: CONSTRUIR, GARANTIR, ERRADICAR e PROMOVER. Uma observação pertinente à disciplina “Direito Constitucional”, mas que tem relação com esta disciplina é que algumas bancas de concurso gostam de cobrar esses valores constitucionais ao tentar confundir o candidato misturando entre alternativas contendo os objetivos fundamentais uma delas com um dos fundamentos e vice-versa. Voltando à disciplina “Direitos Humanos e Cidadania”, as políticas de direitos humanos devem observar os FUNDAMENTOS da República Federativa do Brasil, principalmente a cidadania e a dignidade da pessoa humana, pois esses fundamentos, na condição de alicerce do Estado Democrático de Direito, têm força normativa suficiente para direcionar a maneira como deve ser concebida (ou seja, formulada) e executada (ou seja, implementada) tais políticas. Ademais, essas mesmas políticas de direitos humanos deverão atender aos OBJETIVOS quando elas tiverem como metas a construção de uma sociedade que tenha respeitada não somente seus direitos individuais de liberdade, de igualdade e de acesso à justiça como também que seja viabilizado o exercício dos direitos sociais, estimulando a solidariedade e a erradicação da pobreza ou a minimização das desigualdades sociais e regionais. Isto mostra que a institucionalização dos direitos e garantiasfundamentais por meio de políticas de direitos humanos deverá estar atenta ao MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 6 fato de que os direitos humanos são indivisíveis e interdependentes, compreendendo tanto os direitos individuais e coletivos (artigo 5º da Constituição Federal de 1988), como também os direitos sociais (artigo 6º da Constituição Federal de 1988), os quais deverão ser protegidos conjuntamente. É obrigação constitucional dos Poderes Públicos conferir eficácia máxima e imediata a todas as normas que definem direitos e garantias fundamentais (art. 5º, § 1º). A partir disso, importa que sejam estudados os órgãos públicos competentes para formular e implementar as políticas públicas que visam proteger os direitos humanos e assim efetivar as normas constitucionais que estabelecem os direitos e garantias fundamentais. Existem órgãos e políticas que tratam dos direitos humanos de forma geral (ex. a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o PNDH-3) e de forma específica1 (ex. o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA – e o Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, órgão e política voltados para os direitos humanos aplicáveis especificamente às crianças e aos adolescentes). Nosso enfoque nesta disciplina serão os instrumentos que buscam proteger os direitos humanos de forma geral. Assim, em relação aos ÓRGÃOS PÚBLICOS que possuem essa tarefa institucional de acordo com o sistema jurídico brasileiro, identificamos os seguintes: • Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – SDH/PR • Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos - ONDH • Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana – CDDPH • Fórum Nacional de Ouvidores de Polícia 1 Outras instituições e políticas públicas de direitos humanos que são específicas são o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Viver sem Limite (pessoas com deficiência), a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo - CONATRAE (combate ao trabalho escravo), o Programa Brasil Sem Homofobia (LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso - CNDI - e o Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa (pessoas idosas), entre outras ações. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 7 SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA (SDH/PR): A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) é o órgão responsável pela articulação interministerial e intersetorial das políticas de promoção e proteção aos Direitos Humanos no Brasil. Criada em 1997 dentro da estrutura do Ministério da Justiça, foi elevada ao status de MINISTÉRIO em 2003, por meio da Lei nº 10.683/2003. Em 2010, esta Secretaria ganhou o atual nome. A SDH/PR possui as seguintes competências (art. 24 da Lei nº 10.683/2003): • Assessorar direta e imediatamente o Presidente da República na formulação de políticas e diretrizes voltadas à promoção dos direitos da cidadania, da criança, do adolescente, do idoso e das minorias e à defesa dos direitos das pessoas com deficiência e promoção da sua integração à vida comunitária; • Coordenar a política nacional de direitos humanos, em conformidade com as diretrizes do Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH; • Articular iniciativas e apoiar projetos voltados para a proteção e promoção dos direitos humanos em âmbito nacional, tanto por organismos governamentais, incluindo os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, quanto por organizações da sociedade; • Exercer as funções de ouvidoria nacional de direitos humanos, da criança, do adolescente, do idoso e das minorias; • Atuar em favor da ressocialização e da proteção dos MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 8 dependentes químicos, sem prejuízo das atribuições dos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD; • Exercer as atribuições de Órgão Executor Federal do Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas (art. 12 da Lei nº 9.807/1999). A SDH/PR tem como estrutura básica (art. 24, § 2º, da Lei nº 10.683/2003): • Gabinete do Ministro • Secretaria-Executiva • Departamento de Ouvidoria Nacional • 4 (quatro) Secretarias Nacionais: - Secretaria de Gestão da Política de Direitos Humanos; - Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos; - Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente; - Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. • Órgãos colegiados: o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana - CDDPH; o Conselho Nacional de Combate à Discriminação - CNCD; o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA; o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - CONADE; o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso - CNDI. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 9 OUVIDORIA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS - ONDH A ONDH é um órgão de assistência direta e imediata da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que tem por competência legal exercer as funções de Ouvidoria Geral: • Da cidadania; • Da criança; • Do adolescente; • Da pessoa com deficiência; • Do idoso; • De LGBT; • E de outros grupos sociais mais vulneráveis. Ela é um órgão de ligação entre a cidadania e o Poder Público, empenhando-se para que cidadãos e agentes públicos compreendam que o respeito e a garantia aos direitos das pessoas é a razão primeira da existência do Estado. A ONDH deve estar sempre atenta às críticas, denúncias, reclamações e sugestões dos cidadãos e dar conseqüência a elas. E também funciona como um instrumento ágil, direto, de conhecimento da realidade de vida das pessoas, como os direitos humanos estão sendo ameaçados, violados ou negligenciados e, sobretudo, do que deve ser feito para garanti-los, preventivamente. A ONDH coordena o Disque Direitos Humanos (Disque 100), serviço de atendimento telefônico gratuito destinado a receber as denúncias e reclamações, garantindo o sigilo da fonte de informações, quando solicitado pelo denunciante. A Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos poderá agir de ofício sempre que tiver conhecimento de atos que violem os direitos humanos individuais ou coletivos e também poderá receber denúncias anônimas. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 10 A SDH/PR possui um Departamento inserido dentro de sua estrutura organizacional somente para fornecer todo o suporte operacional para a ONDH desempenhar suas atribuições. CONSELHO DE DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA HUMANA – CDDPH O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana - CDDPH - é um órgãocolegiado, criado pela Lei nº 4.319/1964, situado na estrutura da SDH/PR, com representantes de setores representativos, ligados aos direitos humanos, e com importância fundamental na promoção e defesa dos direitos humanos no País. Atenção! um cuidado que o candidato ter é que a Lei de criação do CDDPH (1964) previa ser esse Conselho integrante da estrutura do Ministério da Justiça. Ocorre que com a elevação da Secretaria de Direitos Humanos ao nível de ministério, logicamente, o CDDPH foi incorporado à estrutura daquela Secretaria por força do art. 24, § 2º, da Lei nº 10.683/2003. As competências do CDDPH estão previstas na Lei nº 4.319/1964, conforme se observa a seguir: “Art 4º Compete ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana: 1º promover inquéritos, investigações e estudos acêrca da eficácia das normas asseguradoras dos direitos da pessoa humana, inscritos na Constituição Federal, na Declaração Americana dos Direitos e Deveres Fundamentais do Homem (1948) e na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); 2º promover a divulgação do conteúdo e da significação de cada um dos direitos da pessoa humana mediante conferências e debates em universidades, escolas, clubes, associações de classe e sindicatos e por MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 11 meio da imprensa, do rádio, da televisão, do teatro, de livros e folhetos; 3º promover nas áreas que apresentem maiores índices de violação dos direitos humanos: a) a realização de inquéritos para investigar as suas causas e sugerir medidas tendentes a assegurar a plenitude do gôzo daqueles direitos; b) campanha de esclarecimento e divulgação; 4º promover inquéritos e investigações nas áreas onde tenham ocorrido fraudes eleitorais de maiores proporções, para o fim de sugerir as medidas capazes de escoimar de vícios os pleitos futuros; 5º promover a realização de cursos diretos ou por correspondência que concorram, para o aperfeiçoamento dos serviços policiais, no que concerne ao respeito dos direitos da pessoa humana; 6º promover entendimentos com os governos dos Estados e Territórios cujas autoridades administrativas ou policiais se revelem, no todo ou em parte, incapazes de assegurar a proteção dos direitos da pessoa humana para o fim de cooperar com os mesmos na reforma dos respectivos serviços e na melhor preparação profissional e cívica dos elementos que os compõem; 7º promover entendimentos com os governos estaduais e municipais e com a direção de entidades autárquicas e de serviços autônomos, que estejam por motivos políticos, coagindo ou perseguindo seus servidores, por qualquer meio, inclusive transferências, remoções e demissões, a fim de que tais abusos de poder não se consumem ou sejam, afinal, anulados; 8º recomendar ao Govêrno Federal e aos dos Estados e Territórios a eliminação, do quadro dos seus serviços civis e militares, de todos os seus agentes que se revelem reincidentes na prática de atos violadores dos diretos da pessoa humana; 9º recomendar o aperfeiçoamento dos serviços de polícia técnica dos Estados e Territórios de modo a possibilitar a comprovação da autoria dos delitos por meio de provas indiciárias; 10. recomendar ao Govêrno Federal a prestação de ajuda financeira aos Estados que não disponham de recursos para a reorganização de seus serviços policiais, civis e militares, no que concerne à preparação MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 12 profissional e cívica dos seus integrantes, tendo em vista a conciliação entre o exercício daquelas funções e o respeito aos direitos da pessoa humana; 11. (...). 12. estudar o aperfeiçoamento da legislação administrativa, penal, civil, processual e trabalhista, de modo a permitir a eficaz repressão das violações dos direitos da pessoa humana por parte de particulares ou de servidores públicos; 13. receber representações que contenham denúncias de violações dos direitos da pessoa humana, apurar sua procedência e tomar providências capazes de fazer cessar os abusos dos particulares ou das autoridades por êles responsáveis.” De forma resumida, observamos que o Conselho tem por principal atribuição receber denúncias e investigar, em conjunto com as autoridades competentes locais, violações de direitos humanos de especial gravidade com abrangência nacional, como chacinas, extermínio, assassinatos de pessoas ligadas a defesa dos direitos humanos, massacres, abusos praticados por operações das polícias militares, etc. Para tanto, o Conselho constitui comissões especiais de inquérito e atua por meio de resoluções. O CDDPH também promove estudos para aperfeiçoar a defesa e a promoção dos direitos humanos e presta informações a organismos internacionais de defesa dos direitos humanos. O art. 8º da Lei nº 4.319/1964 prevê que “impedir ou tentar impedir, mediante violência, ameaças ou assuadas, o regular funcionamento do C.D.D.P.H. ou de Comissão de Inquérito por êle instituída ou o livre exercício das atribuições de qualquer dos seus membros” constituiu crime, aplicando-se a mesma pena prevista para o crime de resistência (art. 329 do Código Penal). O tipo penal em questão prevê a seguinte norma: “Resistência MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 13 Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá- lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena - detenção, de dois meses a dois anos. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de um a três anos. § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.” O mesmo dispositivo legal também estabelece como crime a conduta de “fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade como testemunha, perito, tradutor ou intérprete perante o C.D.D.P.H. ou Comissão de Inquérito por êle instituída”, aplicando-se a mesma pena prevista para o crime de Falso testemunho ou falsa perícia (art. 342 do Código Penal). O tipo penal em questão prevê a seguinte norma: “Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.” MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 14 Há precedente do STJ que reconhece a competência da Justiça Federal para o julgamento de crimes relacionados à apuração pelo CDDPH de violação dos direitos humanos, por se tratar de direitos humanos que incumbem à União monitorar e proteger. O julgado em questão é o HC 57.189/DF, cujos trechos do resumoda decisão segue abaixo: HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. GRUPO DE EXTERMÍNIO. FORMAÇÃO DA QUADRILHA. CRIME PRATICADO PARA EVITAR QUE A VÍTIMA PRESTASSE DEPOIMENTO A CONSELHO DE DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA HUMANA. (...) 1. Da narrativa contida da denúncia, assim também da decisão que rejeitou a exceção de incompetência do Juízo, o homicídio foi supostamente praticado com o objetivo de evitar que a vítima prestasse depoimento à subcomissão instalada pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, que tinha por objetivo apurar as denúncias a respeito de organização criminosa atuante no Estado do Acre. 2. Não há como negar, nesta sede, pelos elementos de cognição colhidos nos autos, a existência de uma relação teleológica entre o homicídio e o intuito de turbar os trabalhos investigativos, no âmbito da União, realizados pela Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. 3. É cediço que compete à União manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais (art. 21, I, CF). Em tal contexto, como pessoa jurídica de direito público externo e interno, tem o poder-dever de fazer prevalecer os postulados de direitos humanos, comprometendo-se, por meio de seus órgãos e pelo desenvolvimento de políticas públicas, com o combate ao crime organizado, notadamente quando os poderes instituídos locais tornam-se insuficientes nesse mister. 4. Se o crime de homicídio foi praticado, segundo a denúncia, com o objetivo de evitar que a vítima prestasse declarações ao referido Conselho de Defesa dos Direitos Humanos, de forma a impedir que aquele órgão federal descortinasse as práticas da organização criminosa, resta evidente que a infração penal maculou, de forma indelével, serviço e interesse da União. 5. Nessa quadra, MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 15 perde relevância a alegação dos impetrantes de que o crime teria sido cometido antes da instalação da subcomissão responsável pelas investigações. Se assim o foi, tal circunstância não desnatura o escopo subjacente ao homicídio, que foi o de obstruir, de alguma forma, os trabalhos do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, tanto que os réus também foram denunciados pelo crime previsto no art. 8º da Lei nº 4.319/64. A política nacional de direitos humanos permite que nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios sejam criados Conselhos Estaduais, Distrital e Municipais voltados especificamente para a proteção dos direitos humanos. FÓRUM NACIONAL DE OUVIDORES DE POLÍCIA O Fórum Nacional de Ouvidores de Polícia é uma instituição que congrega todas as Ouvidorias de Polícia do Brasil, das esferas federal, estadual e do Distrito Federal. Ele se encontra no âmbito da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), pasta que tem a atribuição de fornecer os serviços administrativos necessários para o funcionamento do Fórum. Mas, o quem é o ouvidor de polícia? De acordo com o art. 3º, § 1º, do Decreto de 3 de maio de 2006, é o dirigente de órgãos do Poder Executivo, sem qualquer vínculo, presente ou passado, com as polícias, encarregados de receber: I - denúncias relativas a atos irregulares, ilegais ou omissões cometidos por agentes; e II - elogios ou sugestões sobre o funcionamento dos serviços dos órgãos de segurança pública e defesa social. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 16 O Fórum Nacional de Ouvidores de Polícia possui como competências: • Oferecer sugestões voltadas para o aperfeiçoamento institucional dos órgãos policiais, no que diz respeito à promoção e à proteção dos direitos humanos; • Criar instrumentos que qualifiquem a fiscalização e o acompanhamento das denúncias sobre a prática de atos ilegais ou arbitrários imputados aos operadores de segurança pública e defesa social; e • Propor medidas de aperfeiçoamento e fortalecimento das ouvidorias de polícia autônomas e independentes, em cada Estado. O Fórum Nacional de Ouvidores de Polícia terá um Coordenador- Executivo e um Coordenador-Adjunto, escolhidos pelos seus pares, encarregados, entre outras atribuições, de preparar as reuniões e de encaminhar suas decisões. Resumindo, foi muito importante observar que a institucionalização dos direitos e garantias fundamentais é definida como os instrumentos de proteção dos direitos humanos, compreendendo os programas nacionais de direitos humanos (PNDH) e os órgãos competentes para o planejamento e a implementação dessas políticas públicas. Os principais órgãos de direitos humanos são: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR); a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH); o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH); e o Fórum Nacional de Ouvidores de Polícia. ÓRGÃOS DE DIREITOS HUMANOS E A FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES DE DIREITOS HUMANOS Um tema que merece consideração é a questão da federalização dos crimes de direitos humanos, referida na Constituição Federal de MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 17 1988 como o “incidente de deslocamento de competência” (art. 109, § 5º, com a redação dada pela EC nº 45/2004). Considerando os órgãos citados, qual a instituição ou autoridade que é competente para suscitar (ou seja, provocar) o referido incidente? A resposta para esse questionamento está na própria norma constitucional que se encontra transcrita no art. 109, § 5º, a seguir citado: Art. 109. (...) § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Portanto, é o Procurador-Geral da República, autoridade máxima do Ministério Público da União a autoridade competente para provocar, perante o STJ, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal, promovendo a federalização de um crime que represente atentado grave aos direitos humanos. A seguir estudaremos os principais caminhos que a República Federativa do Brasil vem adotando para a construção de uma política nacional de direitos humanos e passaremos, posteriormente, a tratar das principais políticas já estabelecidas: os três programas nacionais de direitos humanos (PNDH-1, PNDH-2 e PNDH-3). MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 18 7. Política Nacional de Direitos Humanos. A Política Nacional de Direitos Humanos é uma política pública de abrangência nacional prevista no art. 24 da Lei nº 10.683/2003, com a redação dada pela Lei nº 12.314/2010, conforme se observa no seguinte dispositivo: Art. 24. À Secretaria de Direitos Humanos compete assessorar direta e imediatamente o Presidente da República na formulação de políticase diretrizes voltadas à promoção dos direitos da cidadania, da criança, do adolescente, do idoso e das minorias e à defesa dos direitos das pessoas com deficiência e promoção da sua integração à vida comunitária, bem como coordenar a política nacional de direitos humanos, em conformidade com as diretrizes do Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH, articular iniciativas e apoiar projetos voltados para a proteção e promoção dos direitos humanos em âmbito nacional, tanto por organismos governamentais, incluindo os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, quanto por organizações da sociedade, e exercer as funções de ouvidoria nacional de direitos humanos, da criança, do adolescente, do idoso e das minorias. (Redação dada pela Lei nº 12.314, de 2010) A Política Nacional de Direitos Humanos é coordenada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e todas as ações relacionadas com essa política deverão ser exercidas respeitando as diretrizes do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH). 1ª OBSERVAÇÃO: a sigla PNDH é utilizada pelos documentos oficiais brasileiros para se referir ao Programa Nacional de Direitos Humanos e não à Política Nacional de Direitos Humanos. 2ª OBSERVAÇÃO: não confundir a Política Nacional de MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 19 Direitos Humanos com o Programa Nacional de Direitos Humanos! O PNDH é resultado dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil em relação à temática dos direitos humanos, principalmente após a Conferência Mundial sobre os Direitos do Homem, promovida pela ONU, e realizada em Viena (Áustria), entre 14 a 25 de Junho de 1993, quando esta Conferência aprovou um documento chamado de Declaração de Viena e Programa de Ação. A “Declaração de Viena e Programa de Ação” (1993) estabelecia como uma de suas recomendações para os países membros da ONU visando promover a cooperação, o desenvolvimento e o reforço dos direitos humanos, o seguinte dispositivo: A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem recomenda que cada Estado pondere se será desejável a elaboração de um plano de ação nacional que identifique os passos através dos quais esse Estado poderia melhorar a promoção e a proteção dos direitos humanos. Na época em que foi realizada a Conferência de Viena, o Brasil estava com a imagem internacional bastante desgastada na área de direitos humanos, pois entre 1992 a 1993 ocorreriam vários episódios de violência com responsabilidade do Estado brasileiro: o massacre de Carandiru (outubro de 1992); a chacina da Candelária (julho de 1993); a chacina de Vigário Geral (agosto de 1993). Inicialmente, o Brasil buscou atender às pressões desse contexto criando um Programa Nacional de Combate à Violência (1993) conjunto de medidas visando reformar a legislação referente aos direitos humanos e, em menor medida, reformar as instituições governamentais. Esse programa não obteve sucesso, e nenhuma das suas medidas foi examinada pelo Congresso ou implementada pelo Governo Federal naquele momento. Entretanto, o contexto que levou à sua elaboração permanecia de maneira que havia uma mobilização social para a adoção dos direitos humanos como objeto de políticas públicas. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 20 O “plano de ação nacional” a que se refere a Declaração de Viena somente seria adotado pelo Brasil em maio de 1996 com a criação do 1º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-1). Segundo Marco Antonio Carvalho Natalino: A elaboração do PNDH marca a principal mudança no tratamento do tema pelas políticas públicas federais no período pós-1988. Até a sua promulgação, a ação federal na área era: i) dispersa para cada setor; ii) marcada por políticas de cunho assistencialista e filantrópico em áreas como criança e adolescente, pessoas com deficiência e povos indígenas; iii) voltada principalmente para uma agenda internacional e a repercussão de casos exemplares de violações ocorridos no período; e iv) centrada na aprovação de tratados e na elaboração de normas, em detrimento da implementação de programas por parte do Executivo. Essa situação começa a se alterar a partir do PNDH. A política pública passa a ter um norteador de todas as ações empreendidas, que visam menos casos específicos do que a criação de condições estruturais para a melhoria da situação dos direitos humanos como um todo, compreendendo mudanças legais, inovações institucionais e elaboração de programas e ações com dotação orçamentária. O PNDH-1 foi a primeira política pública da América Latina e a terceira do mundo criada com o fim de concretizar as recomendações da Declaração de Viena de 1993. Ele foi instituído pelo Decreto n° 1.904, de 13 de maio de 1996, e previa uma concepção visando fortalecer os direitos civis e políticos. Em maio de 2002, o Governo Federal por meio do Decreto nº 4.229/2002 instituiu o PNDH-2 que buscou ampliar o catálogo de direitos humanos protegidos pelo PNDH-1, ao incorporar questões relacionadas com os direitos econômicos, sociais e culturais. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 21 Por fim, em 2009, surge o terceiro programa que pretendeu aprofundar as conquistas estabelecidas nas versões anteriores do PNDH. Foi o PNDH-3, previsto no Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009. Portanto, conclui-se que os PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS SÃO OS PROGRAMAS NACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS, estando vigente atualmente o III Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), aprovado pelo Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009. Mas isto não significa que a Política Nacional de Direitos Humanos se esgota nos órgãos e instrumentos mencionados acima, pois existem diversas iniciativas governamentais que pretendem ampliar a defesa dos Direitos Humanos, ao buscar uma maior participação da sociedade civil na promoção de políticas públicas, ou então, tratar de forma específica e setorial determinado aspecto relativo aos Direitos Humanos. Assim, merece destaque as seguintes ações e políticas públicas: • Conferência Nacional de Direitos Humanos • Principais políticas setoriais em Direitos Humanos CONFERÊNCIA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS: A Conferência Nacional de Direitos Humanos é o principal fórum de discussão da sociedade acerca da Política Nacional de Direitos Humanos do Brasil. Esta instância de participação popular foi convocada pela primeira vez no ano de 1996, tendo sido realizada em abril daquele ano por iniciativa da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. A Conferência Nacional dos Direitos Humanos tem sido, desde sua primeira edição em 1996, um espaço solidário, democrático e pluralista de MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 22 definição de estratégias para a promoção e proteção dos Direitos Humanos no Brasil, além de poderoso instrumento de integração nacional e internacional no cumprimento desses objetivos. Parte das propostas da 1ª Conferência foi incorporada pelo I Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-1) e outras seconverteram em referências para seu posterior aperfeiçoamento no âmbito de outros programas (PNDH-2 e PNDH-3). Inicialmente, a organização das Conferências contou com o protagonismo da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e das organizações da sociedade que posteriormente se articularam no Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos (FENDH). A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) começou a participar nas atividades da Conferência como órgão público convidado e gradativamente passou a ser uma instituição parceira na promoção das conferências. A partir da 9ª edição (2004), participou também da convocação. E, na última edição, além de convocá-la, tornou-se membro de sua Coordenação Executiva. Ao longo de dez edições, a Conferência estava se consolidado como um encontro dos variados atores no âmbito dos Direitos Humanos, quer atuantes nas instituições do Estado, quer nas organizações da sociedade civil. Todos os PNDH’s instituídos pelo Governo Federal receberam contribuições das Conferências (ex. o PNDH-3 recebeu grandes contribuições da 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos). Ocorre que, desde 2008, NÃO tem sido convocada. Todos os Programas Nacionais de Direitos Humanos (PNDH) instituídos pelo Governo Federal receberam contribuições das Conferências Nacionais de Direitos Humanos. Considerando que a última edição da Conferência (a 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos) ocorreu em 2008, observa-se que, nos últimos anos, a Conferência Nacional de Direitos Humanos tem perdido importância, no entanto, nada impede que ela venha a ser convocada no futuro, principalmente em caso de revisão do vigente PNDH. PRINCIPAIS POLÍTICAS SETORIAIS DE DIREITOS HUMANOS MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 23 As políticas públicas de Direitos Humanos NÃO se esgotam nas instituições e instrumentos da Política Nacional de Direitos Humanos. Existem políticas específicas que tratam de assuntos pontuais que envolvem algumas das dimensões dos Direitos Humanos. Um exemplo para ajudar a entender: se existe uma política pública de Direitos Humanos de abordagem geral, exemplo um programa nacional de Direitos Humanos, nada impede que se institua uma política nacional de proteção à criança e ao adolescente, a qual estaria destinada a proteger os direitos fundamentais relativos às crianças e adolescentes. Dessa maneira, há órgãos e políticas que tratam dos Direitos Humanos de forma geral (ex. a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o PNDH-3) e de forma específica (ex. o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA – e o Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, órgão e política voltados para os Direitos Humanos aplicáveis especificamente às crianças e aos adolescentes). Portanto: Políticas públicas de direitos humanos: - Gerais - Específicas ou setoriais Principais políticas setoriais de Direitos Humanos que o Governo brasileiro vem implementando: � Educação em Direitos Humanos � Erradicação do trabalho escravo � Profissionais de segurança pública � Criança e adolescente � Pessoas idosas � Pessoas com deficiência � LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 24 � Tolerância religiosa � Igualdade racial � Combate à violência doméstica � Saúde mental Entre essas políticas, considerando o que está previsto no edital do concurso, iremos abordar as políticas específicas voltadas para a educação em direitos humanos e para a erradicação do trabalho escravo. A política setorial de Educação em Direitos Humanos é uma política pública especificamente voltada para a disseminação da informação sobre os Direitos Humanos. Essa disseminação da informação é denominada de Educação em Direitos Humanos. A Educação em Direitos Humanos é compreendida como um processo sistemático e multidimensional que orienta a formação do sujeito de direitos, articulando as seguintes dimensões: � apreensão de conhecimentos historicamente construídos sobre Direitos Humanos e a sua relação com os contextos internacional, nacional e local; � afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos direitos humanos em todos os espaços da sociedade; � formação de uma CONSCIÊNCIA CIDADÃ capaz de se fazer presente nos níveis cognitivo, ético, social e político; � desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens e materiais didáticos orientados à mudança de mentalidades e de práticas individuais e coletivas que possam originar ações e mecanismos em prol da defesa, da promoção e da ampliação dos direitos humanos. Portanto, a Educação em Direitos Humanos é compreendida como a formação de uma cultura de respeito à dignidade humana por meio da promoção dos valores da liberdade, da justiça, da igualdade, da solidariedade MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 25 e da tolerância. A Educação em Direitos Humanos visa constituir uma nova mentalidade coletiva para o exercício da solidariedade, do respeito às diferenças e da tolerância. Ela está focada na difusão e disseminação do conhecimento de modo a combater o preconceito, a discriminação e a violência e, também, promover valores como liberdade, igualdade e justiça. De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU (1948), a Educação em Direitos Humanos encontra-se implicitamente prevista no art. XXVI, segundo item, como podemos observar: (...) 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. (...) Constata-se que o direito à educação previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos pressupõe que essa educação promova o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais. Em 2004, foi proclamado o Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos, pela ONU por meio da Resolução nº 59/113-A, da Assembléia Geral da ONU. Em 2011, a ONU adotou a Declaração sobre Educação e Formação em Direitos Humanos. Este documento internacional apela para que todos os Estados e instituições incluam os direitos humanos, o direito humanitário, a democracia e o princípio do Estado de Direito nos currículos de todos os estabelecimentos de ensino, além de proclamar ainda que todas as pessoas têm o direito de saber, procurar e receber informação sobre todos os direitos humanos e liberdades fundamentais. A ONU tem reconhecido o direito à educação em direitos humanos em diversos documentos internacionais. A institucionalização pelo Brasil da política setorial de Educação em MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 26 Direitos Humanos tem se dado pelos seguintesórgãos: � Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos; � Coordenação Geral de Educação em Direitos Humanos. Já o principal instrumento de implantação dessa política pelo Estado brasileiro é o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. O Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos é instância consultiva e propositiva da SDH/PR para questões relativas à Política Nacional de Educação em Direitos Humanos, tendo sido constituído por meio da Portaria SEDH n° 98, de 09 de julho de 2003. A composição do Comitê é formada por agentes públicos com notório saber e efetiva atuação na Educação em Direitos Humanos, tanto do Poder Público quanto da sociedade civil organizada. A principal atribuição do Comitê é a proposição, monitoramento e avaliação das políticas públicas para o cumprimento do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Este Comitê é o “braço” consultivo nesta política setorial. A Coordenação Geral de Educação em Direitos Humanos (CGEDH), é uma unidade administrativa da SDH/PR que foi criada por meio do Decreto nº. 5.174, de 9 de agosto de 2004, com objetivo de promover e implementar as ações previstas no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Ele é o “braço” operacional nesta área. Atenção! Os órgãos responsáveis pela Educação em Direitos Humanos se encontram na estrutura administrativa da SDH/PR. O instrumento de implantação desta política setorial é o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH). O PNEDH é fruto do compromisso do Estado brasileiro com a concretização dos Direitos Humanos e de demandas históricas geradas pela sociedade civil. Ele aprofunda questões do PNDH e também incorpora aspectos dos principais tratados internacionais de Direitos Humanos que o Brasil faz parte. O PNEDH resulta de uma articulação institucional envolvendo os três Poderes da República, especialmente o Poder Executivo (governos federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal), organismos internacionais, instituições de MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 27 educação superior e a sociedade civil. O PNEDH teve início com a criação do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. O referido Comitê elaborou o documento que compôs o primeiro PNEDH (2004), o qual foi revisado em 2006, formando o segundo PNEDH. O segundo PNEDH (2006) é o que se encontra vigente e apresenta dois sentidos principais: � Consolida os Direitos Humanos como uma proposta de projeto de sociedade baseada nos princípios da democracia, cidadania e justiça social; � Reforça-o como um instrumento de construção de uma cultura de direitos humanos, entendida como um processo a ser apreendido e vivenciado na perspectiva da cidadania ativa. Além de estabelecer concepções, princípios, objetivos, diretrizes e linhas de ação, o vigente PNEDH está estruturado em cinco grandes eixos de atuação: � Educação Básica; � Educação Superior; � Educação Não-Formal; � Educação dos Profissionais dos Sistemas de Justiça e Segurança Pública; e � Educação e Mídia. A Política Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (PNETE), cuja origem remonta ao Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) do Ministério do Trabalho, grupo instituído em 1995 que reunia auditores-fiscais do trabalho entre outros agentes públicos, encontra-se consolidada por meio dos seguintes instrumentos e instituições: � 2º Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo; MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 28 � Cadastro de empresas e pessoas autuadas por exploração do trabalho escravo (“Lista Suja”); � Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE) O Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, cuja primeira edição foi concebida em 2003, estando na atualidade em sua segunda edição, lançada em 2008, constitui-se em um instrumento imprescindível para a política específica de combate ao trabalho escravo. O 2º Plano representa uma ampla atualização do primeiro plano, estando estruturado em 66 ações de enfrentamento do trabalho escravo distribuídas por cinco modalidades: • ações gerais • ações de enfrentamento e repressão • ações de reinserção e prevenção • ações de informação e capacitação • ações específicas de repressão econômica Essas ações contemplam desde medidas de repressão a prevenção. Na área econômica, há a proibição de acesso a créditos aos relacionados no cadastro de empregadores que utilizam mão-de-obra escrava e também a restrição de participar de licitações públicas. Atenção! NÃO confundir o PLANO Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo com o PACTO Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil! O Plano é uma política governamental, enquanto o Pacto é uma iniciativa privada da sociedade civil em parceria com empresários sensibilizados com a questão social envolvendo os trabalhadores escravizados. O Cadastro de empresas e pessoas autuadas por exploração do trabalho escravo, conhecido como “lista suja”, é um banco de dados criado pelo Governo Federal, por meio da Portaria Interministerial nº 2, de 12 de maio de 2011, ato normativo que envolveu o Ministério do Trabalho e Emprego, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 29 CONATRAE. A referida Portaria Interministerial enuncia regras sobre: • Atualização semestral do Cadastro de Empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à de escravo; • Disciplina os meios de inclusão e de exclusão dos nomes dos infratores no Cadastro. A inclusão do nome do infrator no Cadastro ocorrerá após decisão administrativa final relativa ao auto de infração, lavrado em decorrência de ação fiscal, em que tenha havido a identificação de trabalhadores submetidos ao "trabalho escravo. As exclusões derivam do monitoramento, direto ou indireto, pelo período de 2 (dois) anos da data da inclusão do nome do infrator no Cadastro, a fim de verificar a não reincidência na prática do "trabalho escravo" e do pagamento das multas resultantes da ação fiscal. Este instrumento de informações visa impedir que os proprietários incluídos na “Lista Suja” recebam financiamentos públicos. Por fim, há a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE), órgão colegiado vinculado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e criado pelo Decreto de 31 de julho de 2003, cujo objetivo é monitorar a execução do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo. O CONATRAE é formado por representantes de entes públicos e privados não-governamentais, reconhecidos nacionalmente e que possuam atividades relevantes relacionadas ao combate ao trabalho escravo. Esse colegiado tem como estrutura básica: � Plenário � Subcomissões temáticas. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 30 8. Programas nacionais de direitos humanos. O Brasil desenvolveu três programas nacionais de direitos humanos visando consolidar a Política Nacional de Direitos Humanos: • PNDH-1 (1996)• PNDH-2 (2002) • PNDH-3 (2009) A despeito da última versão (PNDH-3) ser a mais importante para o candidato, pois o Decreto nº 7.037/2009 que a aprovou revogou os programas nacionais anteriores, é importante fazer uma apresentação resumida dos dois primeiros PNDH’s para que o candidato compreenda o contexto no qual foi criado o vigente PNDH-3. O PNDH-3 será estudado na próxima aula com mais profundidade. PNDH-1 O PNDH-1 foi instituído pelo Decreto n° 1.904, de 13 de maio de 1996 e tinha como objetivos principais: - a identificação dos principais obstáculos à promoção e defesa dos diretos humanos no País; - a execução, a curto, médio e longo prazos, de medidas de promoção e defesa desses direitos; - a implementação de atos e declarações internacionais, com a adesão brasileira, relacionados com direitos humanos; - a redução de condutas e atos de violência, intolerância e discriminação, com reflexos na diminuição das desigualdades sociais; - a observância dos direitos e deveres previstos na Constituição, especialmente os dispostos em seu art. 5° MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 31 - a plena realização da cidadania. Observa-se que o foco do PNDH-1 eram as garantias e os direitos individuais e coletivos previstos no art. 5º da Constituição Federal de 1988, ou seja, os direitos civis e políticos. Assim, os direitos sociais não foram contemplados pelo PNDH-1. O PNDH-1 contemplava: • Propostas de Ações Governamentais • Políticas públicas para a proteção e promoção dos direitos humanos no Brasil • Proteção do direito a tratamento igualitário perante a lei • Educação e cidadania • Ações internacionais para proteção e promoção dos direitos humanos (ratificação de atos internacionais, implementação e divulgação de atos internacionais, apoio a organizações e operações de defesa dos direitos humanos) O programa foi desenvolvido pelo Governo Federal com o intuito de cumprir com os compromissos assumidos internacionalmente (principalmente após a Declaração de Viena de 1993) e atender à pressão da sociedade diante da necessidade de combate à violência em geral que atingia a população, inclusive a praticada pelo aparato policial. O PNDH-1 é resultante de um longo e, muitas vezes, penoso processo de democratização da sociedade e do Estado brasileiro. A natureza do PNDH-1 é a de plano de ação que tinha ênfase nos direitos civis, ou seja, aqueles que ferem mais diretamente a integridade física e o espaço de cidadania de cada um. Assim, foram abordados nesse programa os entraves à cidadania plena, que levam à violação sistemática dos direitos, visando a proteger o direito à vida e à integridade física; o direito à liberdade; o direito à igualdade perante a lei. Outro diferencial em relação aos outros PNDH’s é que o Ministério da Justiça era o órgão competente para coordenar as ações do PNDH-1, o que MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 32 ele fazia por meio da Secretaria dos Direitos da Cidadania, unidade administrativa que deu origem à Secretaria Nacional de Direitos Humanos, a qual evoluiu para a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos (SEDH), já com status ministerial, até a nomenclatura atual Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). Como reflexos do PNDH-1 na institucionalização das garantias e direitos fundamentais, observam-se as seguintes inovações legislativas: � Lei nº 9.299/1996: transferência da justiça militar para a justiça comum dos crimes dolosos contra a vida praticados por policiais militares; � Lei nº 9.455/1997: tipificação do crime de tortura. PNDH-2 O PNDH-2 foi instituído pelo Decreto n° 4.229, de 13 de maio de 2002 e tinha como objetivos principais: - a promoção da concepção de direitos humanos como um conjunto de direitos universais, indivisíveis e interdependentes, que compreendem direitos civis, políticos, sociais, culturais e econômicos. - a identificação dos principais obstáculos à promoção e defesa dos diretos humanos no País e a proposição de ações governamentais e não- governamentais voltadas para a promoção e defesa desses direitos. - a difusão do conceito de direitos humanos como elemento necessário e indispensável para a formulação, execução e avaliação de políticas públicas. - a implementação de atos, declarações e tratados internacionais dos quais o Brasil é parte. - a redução de condutas e atos de violência, intolerância e discriminação, com reflexos na diminuição das desigualdades sociais. - a observância dos direitos e deveres previstos na Constituição, MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 33 especialmente os inscritos em seu art. 5o. O PNDH-2 promovia a INCLUSÃO DOS DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS, mantendo a coerência com a noção de INDIVISIBILIDADE E INTERDEPENDÊNCIA de todos os direitos humanos expressa na Declaração e Programa de Ação de Viena (1993), orientando-se pelos parâmetros estabelecidos pela própria Constituição Federal de 1988, no Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 e no Protocolo de San Salvador em matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Ratificados pelo Brasil em 1992 e 1996, respectivamente. Nesse sentido, o PNDH-2 incorporou ações específicas visando garantir o direito à educação, à saúde, à previdência e assistência social, ao trabalho, à moradia, a um meio ambiente saudável, à alimentação, à cultura e ao lazer, assim como propostas voltadas para a educação e sensibilização de toda a sociedade brasileira com vistas à construção e consolidação de uma cultura de respeito aos direitos humanos. Foram estabelecidas novas formas de acompanhamento e monitoramento das ações contempladas no PNDH, baseadas na relação estratégica entre a implementação do programa e a elaboração dos orçamentos em nível federal, estadual e municipal. O PNDH-2 deixa de prever as ações em objetivos de curto, médio e longo prazo e passa a adotar como metodologia de execução a implementação por meio de planos de ação anuais, os quais definirão: - as medidas a serem adotadas. - os recursos orçamentários destinados a financiá-las. - os órgãos responsáveis por sua execução. As propostas gerais de ação governamental constantes no PNDH-2 eram: - Apoiar a formulação, a implementação e a avaliação de políticas e ações sociais para a redução das desigualdades econômicas, sociais e culturais existentes no país, visando à plena realização do direito ao desenvolvimento e conferindo prioridade às necessidades dos grupos socialmente vulneráveis. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 34 - Apoiar, na esfera estadual e municipal, a criação de conselhos de direitos dotados de autonomia e com composição paritária de representantes do governo e da sociedade civil. - Apoiar a formulação de programas estaduais e municipais de direitos humanos e a realização de conferências e seminários voltados para a proteção e promoção de direitos humanos. - Apoiar a atuação da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, a criação decomissões de direitos humanos nas assembléias legislativas estaduais e câmaras municipais e o trabalho das comissões parlamentares de inquérito constituídas para a investigação de crimes contra os direitos humanos. - Estimular a criação de bancos de dados com indicadores sociais e econômicos sobre a situação dos direitos humanos nos estados brasileiros, a fim de orientar a definição de políticas públicas destinadas à redução da violência e à inclusão social. - Apoiar, em todas as unidades federativas, a adoção de mecanismos que estimulem a participação dos cidadãos na elaboração dos orçamentos públicos. - Estimular a criação de mecanismos que confiram maior transparência à destinação e ao uso dos recursos públicos, aprimorando os mecanismos de controle social das ações governamentais e de combate à corrupção. - Ampliar, em todas as unidades federativas, as iniciativas voltadas para programas de transferência direta de renda, a exemplo dos programas de renda mínima, e fomentar o envolvimento de organizações locais em seu processo de implementação. - Realizar estudos para que o instrumento de ação direta de inconstitucionalidade possa ser invocado no caso de adoção, por autoridades municipais, estaduais e federais, de políticas públicas contrárias aos direitos humanos. - Garantir o acesso gratuito e universal ao registro civil de nascimento e ao assento de óbito. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 35 - Apoiar a aprovação do Projeto de Lei no 4715/1994, que transformaria o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana - CDDPH em Conselho Nacional dos Direitos Humanos - CNDH, ampliando sua competência e a participação de representantes da sociedade civil. Esse projeto de lei nunca foi aprovado. O órgão competente para acompanhar a implementação do PNDH-2 passou a ser a Secretaria de Estado de Direitos Humanos. PNDH-3 O PNDH-3 é um programa governamental que visa concretizar os Direitos Humanos (DH) e se divide em 6 eixos orientadores que se subdividem em 25 diretrizes, 82 objetivos estratégicos, e 521 ações programáticas. Uma das novidades do PNDH-3 em relação aos outros programas consiste na transversalidade de sua implementação. Assim, o PNDH-3 não é uma política exclusiva de um órgão da Administração Pública, mas envolve uma articulação interinstitucional de diversos órgãos para que possa ser executado. Nesse sentido, foi instituído o Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do PNDH-3, órgão colegiado composto por 21 ministérios. As atribuições do Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do PNDH-3 são as seguintes de acordo com o Decreto nº 7.037, de 2009: Art. 4o Fica instituído o Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do PNDH-3, com a finalidade de: I - promover a articulação entre os órgãos e entidades envolvidos na implementação das suas ações programáticas; II - elaborar os Planos de Ação dos Direitos Humanos; III - estabelecer indicadores para o acompanhamento, monitoramento e avaliação dos Planos de Ação dos Direitos Humanos; IV - acompanhar a implementação das ações e recomendações; MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 36 V - elaborar e aprovar seu regimento interno. Dessa forma, percebe-se no Anexo do Decreto nº 7.037, de 2009 que há uma distribuição de atribuições por ação programática, na qual uma ação programática será exercida por um ou mais órgãos públicos. Outra mudança em relação aos outros PNDH’s se refere à maneira como serão executadas as políticas públicas sobre Direitos Humanos no Brasil, especialmente no que se refere aos Planos de Ação de Direitos Humanos. No PNDH-2, tais Planos de Ação eram anuais. A partir do PNDH-3, esses Planos de Ação passaram a ser bianuais. Também, observou-se uma mudança do ponto de vista do planejamento dessas políticas públicas, visto que elas deixaram de ser propostas de ações orientadas por objetivos abrangentes para incorporar uma racionalidade na execução ao incorporar os conceitos de: � eixos orientadores � diretrizes � objetivos estratégicos � ações programáticas Os seis eixos orientadores do PNDH-3: � Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil � Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos � Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades � Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência � Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 37 � Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade. Pela linguagem utilizada pelo PNDH-3, observa-se que o mesmo utiliza conceitos do planejamento estratégico (eixos orientadores, diretrizes...), com a finalidade de saber o que deve ser executado e de que maneira deve ser executado e, assim, viabilizar o sucesso da Política Nacional de Direitos Humanos. Cada eixo orientador se divide em diretrizes, as quais se desdobram em objetivos estratégicos que, por sua vez, subdividem-se em ações programáticas. Considerando o foco deste concurso, iremos expor de forma geral as diretrizes dos eixos orientadores que compõem o PNDH-3 com a EXCEÇÃO dos eixos orientadores II e III que é o tema de maior interesse para o candidato, no qual iremos aprofundar sobre os objetivos estratégicos e as ações programáticas, em aula posterior. EIXO ORIENTADOR I: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 38 O eixo orientador I chamado de interação democrática entre Estado e Sociedade Civil trata de uma RELAÇÃO entre dois pólos de atuação política: � Estado: as instituições políticas e administrativas de uma nação; � Sociedade Civil: toda a coletividade formada por pessoas, grupos e entidades aptas para o exercício da cidadania. Essa relação deverá estar baseada em uma concepção democrática, visto que, de acordo com J.J. Gomes Canotilho: Os direitos fundamentais têm uma função democrática dado que o exercício democrático do poder significa a contribuição de todos os cidadãos para o seu exercício. Portanto, não é possível falar em democracia sem direitos humanos e vice-versa! O eixo orientador prevê três diretrizes: � Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de fortalecimento da democracia participativa. � Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento transversal das políticas públicas e de interação democrática. Eixo orientador I: Interação democrática entre Estado e Sociedade Civil Diretriz 1: Fortalecimento da democracia participativa Diretriz 2: DH como instrumento transversal Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informações em DH MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 39 � Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informações em Direitos Humanos e construçãode mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação. A diretriz 1 prevê que a relação entre Estado e Sociedade Civil deve promover um fortalecimento da democracia participativa. A democracia participativa é caracterizada pelo exercício direto do PODER PELO POVO através de instrumentos legislativos, administrativos e judiciais. A democracia participativa se caracteriza pela participação direta e pessoal dos cidadãos na formação dos atos governamentais, participação essa que ocorre de maneira coletiva e organizada. Ela aprofunda a experiência democrática semidireta ao buscar ampliar o raio de influência dos cidadãos nos processos de decisão política. Assim, uma autêntica relação democrática entre as instituições políticas e administrativas (Estado) e os cidadãos (Sociedade Civil) pressupõem a participação popular e democrática. A diretriz 2 estabelece que o fortalecimento dos Direitos Humanos envolve uma abordagem transversal entre as diversas políticas públicas implementadas pelo Estado brasileiro. Isto significa que os Direitos Humanos devem estar presentes durante a execução das mais distintas ações governamentais, independentemente da matéria (saúde, educação, trabalho e emprego, infraestrutura, justiça, economia e finanças). Exemplo: uma POLÍTICA PÚBLICA de erradicação do trabalho infantil tem impacto sobre diversos Direitos Humanos: direito à educação das crianças e adolescentes, direito ao desenvolvimento das famílias dependentes do dinheiro oriundo do trabalho infantil, direito à saúde, no caso dos trabalhos insalubres ou perigosos para as crianças e adolescentes, entre outros direitos humanos. A diretriz 3 prevê que para a existência de uma relação democrática entre o Estado e a Sociedade Civil é necessário que haja: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 40 � integração e ampliação dos sistemas de informação sobre Direitos Humanos. � Construção de mecanismos de avaliação e monitoramento da efetivação dos Direitos Humanos. A diretriz quando trata da integração e ampliação dos sistemas de informação sobre Direitos Humanos, na realidade, pretende promover o ACESSO À INFORMAÇÃO sobre os Direitos Humanos, de maneira que essa diretriz se encontra indiretamente ligada com a Diretriz 22 relativa ao eixo orientador V que trata da Educação e Cultura em Direitos Humanos. Já a construção de mecanismos de avaliação e monitoramento da efetivação dos Direitos Humanos pretende criar instrumentos e ações que possibilitem CONTROLAR o cumprimento pelo Governo brasileiro das normas jurídicas internas e estrangeiras que protegem os Direitos Humanos, ao estabelecer indicadores de cumprimento dessas normas. EIXO ORIENTADOR II: O eixo orientador II chamado de Desenvolvimento e Direitos Humanos trata de instrumentos e propostas para políticas públicas de redução das desigualdades sociais concretizadas por meio de ações de transferência de renda, incentivo à economia solidária e ao cooperativismo, à expansão da reforma agrária, ao fomento da aquicultura, da pesca e do extrativismo e da Eixo orientador II: Desenvolvimento e DH Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável Diretriz 5: Pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como DH MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 41 promoção do turismo sustentável. Ele também inova ao incorporar o meio ambiente saudável e as cidades sustentáveis como Direitos Humanos, propondo a inclusão do item "direitos ambientais" nos relatórios de monitoramento sobre Direitos Humanos e do item "Direitos Humanos" nos relatórios ambientais, além de fomentar pesquisas de tecnologias socialmente inclusivas e ecologicamente mais limpas. Este eixo orientador prevê três diretrizes: � Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e econômica, ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente diverso, participativo e não discriminatório. � Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento. � Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de direitos. Alcançar o desenvolvimento com Direitos Humanos é capacitar as pessoas e as comunidades a exercerem a cidadania, com direitos e responsabilidades. Isto significa que a população deve ser incorporada nos projetos governamentais e também que os grandes projetos de desenvolvimento econômico devem ser geridos com transparência. Além do mais, devem ser criadas formas de compensação para as populações diretamente atingidas pelos projetos governamentais (ex. perda de uma propriedade em virtude da construção uma barragem que irá inundar a área da propriedade). EIXO ORIENTADOR III: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 42 O eixo orientador III chamado de Universalizar direitos em um contexto de desigualdades trata de medidas e políticas que visam reconhecer e proteger os indivíduos como iguais na diferença, ou seja, para valorizar a diversidade presente na população brasileira ao estabelecer acesso igualitário aos direitos humanos fundamentais. Trata-se de efetivar os programas de governo, sempre sob o foco dos Direitos Humanos, com a preocupação de assegurar o respeito às diferenças e o combate às desigualdades, para o efetivo acesso aos direitos. Este eixo orientador prevê quatro diretrizes: � Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente, assegurando a cidadania plena. � Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvolvimento integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participação. � Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais. � Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade. As ações programáticas formuladas visam enfrentar o desafio de eliminar as desigualdades, levando em conta as dimensões de gênero e raça nas políticas públicas, desde o planejamento até a sua concretização e Eixo orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades Diretriz 7: Garantia dos DH de forma universal, indivisível e interdependente Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 3 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 43 avaliação. Há, neste sentido, propostas de criação de indicadores que possam mensurar a efetivação progressiva dos direitos. Às desigualdades soma-se a persistência da discriminação, que muitas vezes se manifesta sob a forma de práticas de violência e exclusão contra segmentos sociais marginalizados pelo Estado e a própria sociedade. EIXO ORIENTADOR IV: O eixo orientador IV chamado de Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate
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