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UNIDADE 1 – Introdução – Ligações Químicas 1.1. Introdução A química sempre esteve presente em nossas vidas. Desde as reações nucleares que ocorrem nas estrelas, gerando energia e novos elementos químicos, até as transformações mais simples que ocorrem no nosso dia-a-dia são estudadas e explicadas pela química. A origem da vida se deve, inicialmente a interações entre moléculas simples, e a seguir mais complexas, sendo formadas bases nitrogenadas, e num próximo passo o DNA. Desde os primórios da civilização humana, o homem vem aprendendo e dominando os princípios que regem essa ciência tão presente no Universo. Inicialmente esse conhecimento foi totalmente empírico, baseado em obsevações da natureza. Assim, o homem começou a domar o fogo, produziu os primeiros pigmentos utilizados nas pinturas encontradas em cavernas, e com a experiência adquiriu conhecimento sobre plantas medicinais. Com a evolução, foram descobertos os minerais, e a partir desses, o ferro, cobre, etc. Já na Antiguidade, filósofos gregos propuseram os primeiros conceitos de Átomo. Na Idade Média surgem os alquimistas, em sua busca pela Pedra Filosofal, e o Elixir da Juventude. Esses objetivos não foram alançados, e de certa maneira, são buscados até hoje. Mas essa busca trouxe muitas descobertas que deram origem à química como ciência. No século XVIII, graças ao trabalho de Lavoisier e outros cientistas da época a química é reconhecida como ciência, e a partir de então se desenvolveu. Data desta época a divisão da química entre química Orgânica e Inorgânica. Esta última responsável pelo estudo dos compostos de origem mineral. Acreditava-se originalmente que os compostos orgânicos poderiam ser feitos somente por organismos vivos, pela intervenção de uma “força vital”, esta crença ficou conhecida como Teoria do Vitalismo. Em 1828, Friedrich Wöhler sintetizou o composto orgânico uréia, a partir do sal inorgânico cianato de amônio, por evaporação: Nos anos seguintes vários outros compostos orgânicos foram preparados em laboratório a partir de fontes essencialmente inorgânicas. Em 1850, já não se falava mais em vitalismo. Willian H Perkin, em uma tentativa frustrada de preparação da quinina a partir da anilina, obteve o primeiro corante sintético, Mauveína. Este trabalho abriu caminho para o desenvolvimento da Química Medicinal. Entre 1858 a 1861, August Kekulé, Archibald Scott Couper e Alexander M. Butlerov, trabalhando independentemente, implantaram a base da teoria estrutural, fundamentada em dois critérios centrais: 1) Os átomos dos elementos nos compostos orgânicos podem formar um número de ligações fixas. A medida desta habilidade é chamada valência. Ex.: 2) Um átomo de carbono pode utilizar uma ou mais de suas valências para formar ligações com outros átomos de carbono. A Teoria estrutural permitiu aos químicos orgânicos antigos a solucionar um problema fundamental que os estava incomodando: o problema do isomerismo. Estes químicos encontravam freqüentemente exemplos de compostos diferentes que tinham a mesma fórmula molecular. Tais compostos eram chamados de isômeros. Em 1874, J.H. van't Hoff, J.A. LeBel propõe que o átomo de carbono possui geometria tetraédrica, explicando assim, a existência de isômeros óticos, ou estereoisômeros. SO O O- OH N H N+H2N N Mauveína: primeiro corante sintético 1.2. Química Orgânica: Química dos Compostos de Carbono Atualmente, conceituamos Química Orgânica, como sendo a parte da química que estuda os compostos de carbono. Mas por que o carbono é especial? Por que uma divisão da química dedicada ao seu estudo? Você já se perguntou do que são feitas as roupas que vestimos? E os plásticos e outros polímeros que nos cercam, combustíveis, papel, medicamentos, enfim, a grande maioria objetos ao nosso redor? Ainda, por que não, do que nós (nosso corpo) somos feitos? Ao responder a essas perguntas percebemos a importância dos compostos de carbono, porque estudá-los. Atualmente são conhecidos mais 30 milhões de compostos químicos, dos quais 99% contem carbono [MCMURRY, 2011]. Isso se deve à sua estrutura eletrônica, e posição na Tabela Periódica, no grupo 14. O carbono pode compartilhar 4 elétrons de valência, formando 4 ligações covalentes fortes com outros átomos de carbono ou com átomos de diferentes elementos químicos. Produz assim possibilidades ilimitadas de novos compostos orgânicos, desde o mais simples, metano (CH4) até estruturas extremamente complexas, como proteínas, ou mesmo moléculas de DNA, com bilhões de átomos de carbono. Para entender melhor a química dos compostos de carbono faz-se necessário uma breve revisão a cerca de conceitos fundamentais, de ligações químicas e geometria molecular. 1.3. Ligações Químicas: Regra do Octeto As primeiras explicações para a natureza das ligações químicas basearam-se na satisfação da Regra do Octeto, ou seja, “os átomos são estáveis se tiverem a mesma configuração eletrônica do gás nobre mais próximo”, para a maioria dos átomos, 8 elétrons na última camada. Os átomos que não possuem essa configuração reagem entre si com o objetivo de adquirí-la. Para isso poderão doar, receber ou compartilhar elétrons. Foram propostos dois tipos principais de ligações químicas: Ligações iônicas: quando ocorre transferência de elétrons d eum átomo para outro, e; Ligações covalentes: quando dois átomos compartilham um ou mais pares de elétrons. O principal fator que determinará o tipo de ligação entre dois átomos é a sua diferença de Eletronegatividade (ver quadro abaixo). Átomos com diferença de eletronegatividade muito grande tenderão a realizar ligações iônicas entre si, enquanto que diferenças pequenas levarão à obtenção de ligações covalentes. Eletronegatividade Eletronegatividade é a habilidade de um átomo em atrair elétrons Ela aumenta da esquerda para a direita e de baixo para cima na tabela periódica (exceto gases nobres) O flúor é o elemento mais eletronegativo (Solomons, 8ª Ed.) 1.3.1. Ligações Iônicas Observe as eletronegatividades de alguns elementos químicos. Elementos situados no lado esquerdo da Tabela Periódica possuem uma eletronegatividade muito baixa, e consequentemente um baixo poder para atrair elétrons para si. Se observarmos sua configuração eletrônica percebemos que eles atingem facilmente a configuração de um gás nobre perdendo um ou dois elétrons. No outro extremo da Tabela Periódica, do lado direito, temos os elementos com os maiores valores de eletronegatividade, com alto poer de atração de elétrons. Suas configurações eletrônicas mostram que para atingirem a configuração ideal devem receber elétrons. Quando átomos desses elementos se encontram, formam-se Ligações Iônicas. Os átomos ganham ou perdem elétrons para atingir a configuração eletrônica do gás nobre mais próximo No processo, os átomos tornam-se iônicos, os íons resultantes de cargas opostas atraem-se e formam ligações iônicas Exemplo O lítio perde um elétron (para adquirir a configuração do hélio) e torna-se positivamente carregado O flúor ganha um elétron (para adquirir a configuração do neônio) e torna-se negativamente carregado O lítio positivamente carregado e o flúor negativamente carregado formam uma ligação iônica forte 1.3.2. Ligações Covalentes Quando dois áomos do mesmo elemento, ou de elementos com eltronegatividades semelhantes (próximos um ao outro na tabela periódica) reagem entre si, a diferença de eletronegatividade é insuficiente para que ocorra a transfrência completa de elétrons de um átomo para outro. Para que os átomos possam atingir a configuração eletrônica ideal, atendendo à regra do Octeto, ocorrerá ocompartilhamento dos elétrons de valência. A esse compartilhamento chamamos de Ligação Covalente. Ligações covalentes dão origem à Moléculas. Para representar essas moléculas usamos fórmlas de pontos, indicando os elétrons de valência(estruturas de Lewis), ou fórmulas de traços, onde cada traço representa um par de elétrons. Ex.: Escrevendo Estruturas de Lewis Átomos ligam-se utilizando seus elétrons de valência O número de elétrons de valência de um átomo é igual ao número de sua família na tabela periódica O carbono está no grupo 4A e tem 4 elétrons de valência O hidrogênio está no grupo 1A e tem 1 elétron de valência O oxigênio está no grupo 6A e tem 6 elétrons de valência O nitrogênio está no grupo 5A e tem 5 elétrons de valência Para construir moléculas os átomos são desenhados com o número correto de elétrons de valência Se a molécula é um íon, elétrons são adicionados ou subtraídos para dar a carga correta ao íon A estrutura é escrita de modo a que satisfaça a regra do octeto Se necessário, ligações múltiplas são utilizadas para que todos os átomos satisfaçam a regra do octeto O íon carbonato, com 24 elétrons de valência e duas cargas negativas deve incorporar uma dupla ligação para satisfazer a regra do octeto para cada átomo As moléculas orgânicas eteno (C2H4) e etino (C2H2) devem também utilizar ligações múltiplas para satisfazer a regra do octeto 1.3.3. Exceções à Regra do Octeto A regra do octeto aplica-se somente à átomos do segundo período da tabela periódica (C, O, N, F) os quais estão limitados a elétrons de valência nos orbitais 2s e 2p No segundo período, alguns átomos comportam menos de oito elétrons Exemplo: BF3 Em períodos maiores, os orbitais d estão acessíveis e mais que 8 elétrons são possíveis Exemplo: PCl5 and SF6 1.4. Geometria Molecular 1.4.1. Método VSPER O elétrons distribuem-se ao redor do núcleo aos pares. Os pares de elétrons de mesma energia (de valência) repelem-se uns aos outros. Devido à repulsão entre os pares de elétrons, eles arranjam-se ao redor do núcleo na maior distância possível entre si. Pares de elétrons não ligados possuem força de repulsão maior que pares ligados. 1.4.2. Hibridização Principais hibridizações: sp3, sp2, sp.
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