Buscar

Ensino e aprendizagem

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Universidade Estadual de Feira de Santana 
Departamento de Ciências Exatas 
Licenciatura em Química 
 
Docência em Química: saber científico e saber escolar 
Período 2013.2 
Professor: Fábio Silva 
 
ENSINO E APRENDIZAGEM 
 
INTRODUÇÃO 
 
Na análise do momento histórico da educação brasileira acerca da função básica da educação formal e seus 
procedimentos organizacionais pedagógicos verificamos que o sistema de ensino não se dá num vazio conceitual, 
pelo contrário, está dimensionado por modelo teórico-metodológico, sendo necessário repensar numa escola flexível 
para encontrar alternativas e soluções a serem aplicadas com a finalidade de não só atender a demanda escolar 
provocada pela expansão quantitativa da Educação Básica, como também, pela qualidade dessa escola, que deverá 
oferecer condições favoráveis para evitar o fracasso escolar (repetência, evasão escolar, etc.). 
Dessa forma, é necessário que os professores de ciências devam ter consciência do que e de como ensinar, 
e que tenham consciência de que vivemos numa sociedade de classes antagônicas, isto é, que se apresenta 
constituída por classes sociais com interesses e necessidades heterogêneos que muitas vezes expõem à 
marginalização os menos favorecidos social e economicamente. Convém lembrar, também, que essas relações de 
classes se fazem presentes na educação, articulando-a com a totalidade da sociedade. 
Considerando esses apontamentos, salientamos que os conteúdos dos cursos de Licenciaturas incluem o 
estudo das correntes pedagógicas que giram em torno de teorias de aprendizagem e ensino que objetivam os 
licenciandos a formar um quadro de referência dos conceitos de ensino de aprendizagem para orientá-los em sua 
prática. 
As tendências pedagógicas (teorias de ensino) brasileiras foram classificadas por Libâneo em duas grandes 
tendências: Pedagogia Liberal (Tradicional, Renovada Progressivista, Renovada Não-Diretiva e Tecnicismo) e 
Pedagogia Progressista (Libertadora, Libertária e Crítico-Social dos Conteúdos). 
Uma vez que as teorias de ensino estão vinculadas a diferentes perspectivas do processo de ensino-
aprendizagem e dos objetivos da escola, poderíamos perguntar: O que é ensinar? 
Ensinar, escreve Israel Scheffler, "pode ser caracterizado como uma atividade que visa promover a 
aprendizagem e que é praticada de modo a respeitar a integridade intelectual do aluno e a sua capacidade para 
julgar de modo independente". 
Inúmeras questões estão aqui envolvidas. Algumas delas seriam: Será verdade que o objetivo do ensino é a 
consecução da aprendizagem? Não poderá um ser humano ensinar outro de forma inconsciente, pelo simples 
exemplo? (Ele me ensinou, embora não intencionalmente, que não se deve confiar nas autoridades). Por outro lado, 
será suficiente, para que qualquer atividade possa ser considerada como ensino, que vise a realização da 
aprendizagem? 
A palavra "ensino", como a maioria das palavras de uso diário, não tem limites perfeitamente definidos. Um 
professor pode queixar-se com razão, dizendo: "Estou há seis meses a ensinar matemática a esta turma e os alunos 
ainda não aprenderam nada". Parece que Scheffler tem razão: ensinar é ter como objetivo "promover a 
aprendizagem" mas não, necessariamente, alcançá-la. Contudo, um aluno dessa mesma turma poderia, com igual 
propriedade, descrever a mesma situação nos seguintes termos: "aquele professor não me ensinou nada". O que 
pressupõe que, se o aluno não conseguiu aprender, o professor não estava a ensinar, mas somente a "tentar" 
ensinar. O que quer dizer que ensinar significa algumas vezes "visar promover a aprendizagem" e outras "conseguir 
efetivamente promovê-la", isto é, algumas vezes se refere a uma tentativa, outras vezes, ao seu sucesso. 
No entanto, para falar de forma sensata e clara sobre o ensino, necessitamos de uma definição precisa. E na 
verdade, desde que essa definição seja consistente com algumas das principais formas de uso da palavra "ensino", 
pouco importa que haja variantes idiomáticas ou expressões às quais a definição não se aplique. 
Precisamos também distinguir com cuidado duas proposições: "qualquer um pode ensinar alguma coisa a 
alguém" e "qualquer um pode ensinar qualquer coisa a qualquer pessoa". É porque a segunda proposição é falsa que 
temos escolas e tornamos a sua freqüência obrigatória. 
É porque não conseguimos reconhecer a verdade da primeira proposição que exageramos as virtudes e a 
necessidade da escolaridade. Goethe, ao experimentar, na sua juventude, o impacto do movimento contra a escola 
que se fez sentir no século XVIII - ele que tinha sido fundamentalmente ensinado pelo seu pai - foi levado a rejeitá-la 
como fruto de "diletantismo pedagógico". "O pedantismo e o peso apontado aos mestres das escolas públicas está 
na origem do aparecimento deste mal. Procurou-se algo melhor, mas esqueceu-se até que ponto o ensino pode ser 
defeituoso quando não é ministrado por professores profissionais". 
 
ENSINO E APRENDIZAGEM 
 
Atentos a Teixeira, vemos que freqüentemente o professor, bem como os responsáveis pelo ensino, não tem 
consciência dos princípios e idéias que estão subjacentes nas atividades que desenvolvem. Por outro lado, inúmeras 
pesquisas e relatórios de estudos a respeito do desempenho do professor têm demonstrado de forma definitiva que 
os professores que tenham aumentado de alguma forma o seu grau de consciência quanto as bases teóricas de suas 
práticas educacionais certamente são os que conseguem um ensino mais vívido e mais pleno de possibilidades de 
crescimento. E para tanto, é preciso o domínio das teorias de ensino e aprendizagem, que podem ser divididos em 
três categorias: compreender, predizer e controlar. 
Podemos dizer que temos um bom professor quando este sabe ensinar o faz com adequação e 
desembaraço, mas que não obstante não sabe explicar todo o corpo teórico que embasa a sua ação docente. O bom 
professor não é, ou não é necessariamente, o bom teórico do ensino. Contudo, o bom teórico do ensino seguramente 
será um bom professor, pois tentará constantemente corrigir as falhas a luz dos conceitos, idéias e princípios, 
refinando a prática, num constante jogo de ação e reflexão. 
Deste modo, o primeiro nível do objetivo da teoria, que é compreender, é relativamente fácil e está ao 
alcance de muitos. Já o predizer e o controlar implicam em maior densidade de pesquisa e maior complexidade de 
teorização e nem sempre são alcançados na amplitude desejada. 
Considerando essas observações, pergunta-se: O que é ensino? 
Com efeito, se procurarmos decodificar o significado de “ensinar”, encontraremos verbos como: instruir, fazer 
saber, comunicar conhecimentos ou habilidades, mostrar, guiar, orientar, dirigir – que apontam para o professor como 
agente principal e responsável pelo ensino. As atividades centralizam-se no professor, na sua pessoa, nas suas 
qualidades, nas suas habilidades. 
Apresentando um caráter tríade (quem ensina, a quem se ensina, o que se ensina) se pressupõe que a 
atividade ensino, a priori, tenha uma “intenção”, uma pretensão de que um objetivo almejado (de ordem cognitiva, 
afetiva ou motora) seja atingido por aquele submetido ao processo. 
À intenção ligam-se, ainda: 
a) a necessidade de que aquilo a ser ensinado tenha condições de ser aprendido pelo aluno; 
b) que esse conteúdo seja revelado como objetivo a ser alcançado. 
Duas situações opostas, ou combinação de ambas, também surgem durante o ensino: submissão ou diálogo. 
A submissão aparece quando aquele que ensina assume uma posição de prepotência ou de manipulação daqueles 
que se encontram a aprender, isto é, quando o indivíduo se impõe como pura transmissão de conhecimentos. A outra 
situação decorre quando o ensino é realizado atrásde um verdadeiro diálogo, de um oferecimento da “matéria” em 
estudo. 
Rejeitar a primeira ocorrência, talvez se tomando como base os adjetivos a ela ligados, é atitude prematura, 
pois tal situação poderá ter seu lugar no ensino, analisado o momento. 
É importante ressaltar que aprendizagem é conceito que não pode ser desprezado quando se pretende 
estabelecer uma proposta de definição de ensino. E o ensino torna-se importante quando a idéia de intencionalidade 
de um objetivo a ser atingido perde seu caráter unívoco de verdade, possibilitando a afirmação de que: 
 
 A aprendizagem também ocorre sem intenção de ensino. A própria vida serve como demonstração do 
postulado, pois é fato notório que a aprendizagem se verifica com freqüência fora da escola, adquirindo o 
homem, por possuir inteligência, uma infinidade de conhecimentos através de instrumentos que não tem 
como origem o ensino. 
 A aprendizagem não pressupõe a revelação de um conteúdo como objetivo a ser alcançado. Dessa forma, 
não se pode ensinar algo a alguém, sem que este alguém esteja suficientemente maduro para observar o 
conteúdo pretendido, amadurecimento este conseguido através da passagem por estágios de aprendizagem. 
 
Dessa forma, vemos que ensino é qualquer influência interpessoal cujo propósito é mudar os modos segundo 
os quais as pessoas poderão ou virão a comportar-se, a partir de uma organização do ambiente, onde pessoas se 
inter-influenciam direta ou indiretamente, com o objetivo de atingir, através de atividades variadas, resultados 
previamente determinados, promovendo a aprendizagem. 
E o que seria aprendizagem? 
Quando falamos em “aprender”, entendemos: buscar informações, rever a própria experiência, adquirir 
habilidades, se adaptar às mudanças, descobrir significados nos seres, fatos e acontecimentos, modificar atitudes e 
comportamentos – verbos que apontam para o aluno como agente principal e responsável pela sua aprendizagem. 
As atividades estão centradas no aprendiz (aluno), em suas capacidades, possibilidades, oportunidades, condições 
para que aprenda. 
É importante que entendamos que toda e qualquer instituição de ensino, qualquer que seja seu nível, 
justamente porque existe em função do aluno (pessoa, membro de sua sociedade, profissional) e da sociedade na 
qual se insere, deverá privilegiar a aprendizagem de seus alunos sobre o ensino de seus professores. É preciso que 
entendamos também que aprendizagem e ensino devem estar indissociáveis, mas pensemos também que, 
dependendo da ênfase num ou noutro pólo, as orientações das escolas poderão se diversificar extremamente. 
Considerando essas observações, nos perguntamos: Ensinar o quê? Para quê? 
Aponta-se que há três categorias de aprendizagem com as quais o educador deve se preocupar. Em primeiro 
lugar, o aluno pode aprender de modo cognitivo ou dentro de uma área de conhecimento; aqui se encontram as 
informações de que o aluno dispõe e generalização destas para outras situações diferentes, os conceitos e seus 
inter-relacionamentos, as soluções para problemas em níveis cada vez mais criativos: o que o aprendiz conhece e 
compreende. Há, ainda uma segunda categoria, a das habilidades, quando o aluno aprende a fazer, e lidar com 
alguma coisa. Dentro da terceira categoria, o aluno modifica suas atitudes, isto é, os valores que dá ao que conhece, 
os sentimentos que experimenta diante de fatos e idéias. Essas categorias são apresentadas, respectivamente, como 
aspectos: os aspectos conceituais, os aspectos procedimentais, e os aspectos atitudinais. 
Dessa forma, a pergunta “ensinar para quê?” pode ter sua resposta alicerça no objetivo de favorecer o 
desenvolvimento de competências e habilidades ligadas a esses três aspectos. Aprendizagem seria, então, o 
desenvolvimento por parte dos alunos desses aspectos, promovendo o desenvolvimento mental, afetivo, social, e de 
responsabilidade política. 
Considerando os todos os apontamentos supracitados, vemos que a função da escola e o processo de 
ensino-aprendizagem podem ser organizados em: 
 
ELEMENTO DIDÁTICA TRADICIONAL DIDÁTICA MODERNA 
Professor Fator predominante. Não se preocupava 
com problemas e características do aluno. 
Elemento incentivador, orientador e 
controlador da aprendizagem. 
Aluno Elemento passivo. Cumpria-lhe ouvir, 
decorar e obedecer. 
Fator decisivo, ativo, empreendedor. São 
consideradas suas potencialidades e 
limitações. 
Objetivo Teórico e remoto, não influindo no trabalho 
escolar. 
Dinamiza todo o trabalho escolar, dando-lhe 
sentido, valor e direção. 
Matéria Elemento que escravizava alunos e 
professores; os alunos devem decorá-las 
sem contestá-las. 
Está em função das necessidades e da 
capacidade real do aluno. 
Método Era a maneira de se expor a matéria. Era 
problema do professor e nada tinha a ver 
com os alunos. 
É a melhor maneira do aluno aprender. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Vemos que ensinar vai além de simplesmente transmitir conteúdos, ao ponto que aprender não envolve 
unicamente a memorização dos conteúdos transmitidos. Os atos de ensinar e aprender estão intimamente ligados e, 
atualmente, o ensino e aprendizagem devem ocorrer de forma dinâmica, com participação ativa dos alunos, 
envolvendo a relação de conteúdos, atitudes, valores e procedimentos que considerem, simultaneamente, a 
individualidade dos alunos e a coletividade da sociedade. 
 
REFERÊNCIAS 
 
FERREIRA, Lúcia Helena Bezerra; FROTA, Paulo Rômulo de Oliveira. Ensino e Aprendizagem: Conceitos dos 
Licenciandos da Universidade Federal do Piauí. s/d. 
 
PASSMORE, John. The Philosophy of Teaching. London: Duckworth, 1980, pp. 19-33. Traduzido por Olga Pombo 
com base na primeira versão de Manuel José Seixas Constantino. Texto apresentado com o título de O Conceito de 
Ensino. 
 
TEIXEIRA, Gilberto. Introdução aos Conceitos de Educação, Ensino, Aprendizagem a Didática em Ensino e 
Aprendizagem. 
Disponível em: http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/m%C3%B3dulos/ensino-e-
aprendizagem/introdu%C3%A7%C3%A3o-aos-conceitos-de-educa%C3%A7%C3%A3o-ensino-aprendizagem-
did%C3%A1tica#.UktqatIZpAE. Consultado em 20 de setembro de 2013.

Outros materiais