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Aula 03 - Constitucional

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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL 
PROFESSOR FREDERICO DIAS 
Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 1
Aula 3 –Direitos Fundamentais – parte 1 
Olá! 
Hoje, o assunto é muito interessante: direitos e garantias fundamentais. 
1 - Síntese da teoria geral dos Direitos e Garantias Fundamentais 
2 - Direito à Vida 
3 - Princípio da igualdade 
4 - Direito à liberdade 
4.1 – Liberdade de Expressão e de Pensamento 
4.2 – Liberdade de exercício profissional 
4.3 – Liberdade de consciência e de crença 
4.4 – Liberdade de reunião 
4.5 – Liberdade de associação 
5 - Princípio da legalidade 
5.1 - Princípio da Legalidade e Reserva Legal 
5.2 – Princípio da Legalidade Penal e da retroatividade da lei penal mais 
favorável 
6 - Direito à Intimidade e à Privacidade 
6.1 – Sigilo bancário 
6.2 – Inviolabilidade domiciliar 
6.3 – Inviolabilidade das correspondências e comunicações 
7 - Direito à Propriedade 
8 - Segurança Jurídica 
9 - Direitos de Caráter Judicial e Garantias Constitucionais do Processo 
9.1 – Princípio da inafastabilidade da jurisdição 
9.2 – Devido processo legal e princípio da razoabilidade 
9.3 – Princípios do contraditório e da ampla defesa 
9.4 – Duplo grau de jurisdição 
9.5 – Celeridade processual e Publicidade dos atos processuais 
9.6 – Princípio do juiz natural 
9.7 – Júri popular 
9.8 – Vedação à Prova ilícita 
10 – Direito de informação 
11 – Direito de petição 
12 – Direito de certidão 
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13 – Assistência jurídica gratuita e gratuidade do registro civil de nascimento e 
da certidão de óbito 
14 - Crimes constitucionalizados 
15 - Princípio da individualização das penas; penas admitidas e penas vedadas 
16 - Princípio da presunção da inocência 
17 - Hipóteses constitucionais em que é admitida a prisão 
18 - Excesso de prisão e indenização por erro judiciário 
19 - Prisão civil por dívida 
20 – Extradição 
21 – Ação privada subsidiária da pública 
22 – Defesa do consumidor 
23 – Exercícios de fixação 
Prepare-se, pois são muitos os assuntos... Um mais interessante que o outro! 
Antes de começar, quero dizer que, nesta aula, mais do que nunca, é 
importante que você vá acompanhando com a sua Constituição, aberta 
especificamente nos arts. 1° a 5°. Uma dica: grife os detalhes mais 
importantes na sua Constituição. 
1 – Síntese da teoria geral dos Direitos e Garantias Fundamentais
Não vou fazer você perder seu tempo lendo tudo de novo. Mas dê uma olhada 
no esquema abaixo para relembrar os principais aspectos relacionados à teoria 
dos Direitos e Garantias Fundamentais. 
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Você ainda deve se lembrar de quais são os status que podem ser alcançados 
pelos tratados e convenções internacionais. 
Status que podem assumir os tratados internacionais: 
a) emenda constitucional → tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos incorporados pelo rito especial do § 3º do art. 5º da 
Constituição Federal (CF, art. 5°, §3°); 
b) lei ordinária federal → demais tratados e convenções internacionais que não
tratam de direitos humanos; 
c) supralegalidade → tratados e convenções internacionais sobre direitos 
humanos incorporados pelo rito ordinário. 
Por fim, sobre a teoria dos limites dos limites, lembre-se de que 
I) não existem direitos e garantias fundamentais de natureza absoluta; 
II) compete ao legislador a imposição de limites ao exercício desses direitos e 
garantias; 
III) mas essa possibilidade de impor limites não é ilimitada, tendo em vista 
que se deve preservar o núcleo essencial desses direitos, considerando o 
princípio da proporcionalidade. 
Bem, sobre essa rápida revisão, se você teve alguma dúvida, dê uma olhada 
na aula demonstrativa (preferi não repetir tudo de novo aqui). 
Não deixe ainda de procurar o fórum de dúvidas se for o caso. 
A partir de agora passarei a abordar os direitos e garantias fundamentais em 
espécie. Ou seja, veremos cada um dos direitos e garantias previstos no art. 
5º. 
Antes de entrar na análise de um a um dos direitos em espécie, vale a pena 
observar o teor do caput do art. 5º. 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes (...) 
Embora o caput do art. 5º da Constituição diga textualmente que os direitos e 
garantias fundamentais são garantidos aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no país, a jurisprudência entendeu de forma diversa. 
Assim, a expressão “estrangeiros residentes no País” deve ser entendida como 
“estrangeiros sob as leis brasileiras”. Ou seja, aplica-se a estrangeiros 
residentes ou não-residentes, enquanto estiverem sob o manto do nosso 
ordenamento jurídico. 
Mas, observe, não é que todos os direitos são destinados a estrangeiros. A 
ação popular, por exemplo, é garantia que não poderá ser estendida a 
estrangeiros em geral, pois apenas o cidadão é legitimado ativo. 
Vamos a uma questão. 
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1) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-ES/2009) Considere que o estrangeiro 
Paul, estando de passagem pelo Brasil, tenha sido preso e pretenda 
ingressar com habeas corpus, visando questionar a legalidade da sua 
prisão. Nesse caso, conforme precedente do STF, mesmo sendo 
estrangeiro não residente no Brasil, Paul poderá valer-se dessa garantia 
constitucional. 
A expressão “estrangeiros residentes no País” deve ser entendida como 
“estrangeiros sob as leis brasileiras”. Ou seja, aplica-se a estrangeiros 
residentes ou não-residentes, enquanto estiverem sob o manto do nosso 
ordenamento jurídico. 
Item certo. 
2 - Direito à Vida
O direito à vida está previsto no caput do art. 5° e talvez seja um dos mais 
basilares dos direitos fundamentais. Esse direito deve ser sempre interpretado 
em conjunto com o fundamento da dignidade da pessoa humana. 
É importante mencionar que o direito à vida não se resume à mera 
existência física. Abrange também o direito a uma existência digna, tanto no 
aspecto espiritual quanto no material. 
Ademais, nossa Constituição protege a vida de forma geral, incluindo a vida 
intra-ulterina (e não só a extra-uterina); 
Ainda quanto ao direito à vida, vale mencionar importante jurisprudência 
atualizada. Segundo o STF, não ofende o direito à vida e, portanto, é legítima 
a realização de pesquisas com a utilização de células-tronco 
embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização 
in vitro e não utilizados no respectivo procedimento. 
Por fim, lembre-se sempre de que apesar de sua importância, nem mesmo o 
direito à vida é absoluto, uma vez que sofre restrição autorizada na CF. É o 
caso da autorização para pena de morte no caso de guerra declarada (CF, art. 
5°, XLVII, “a”). 
2) (CESPE/ANALISTA EM CT/INCA/2010) Segundo posição majoritária do 
Supremo Tribunal Federal (STF), a realização de pesquisas em células-
tronco embrionárias ofende o direito à vida, assim como o princípio da 
dignidade da pessoa humana. 
Como comentado, o STF decidiu que não ofende o direito à vida e, portanto, é 
legítima a realização de pesquisas com a utilização de células-tronco
embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro
e não utilizados no respectivo procedimento. 
Item errado. 
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3 - Princípio da igualdade
Expressamente previsto no caput e no inciso I do art. 5º, o princípio da 
igualdade é uma das bases do princípio republicano e da democracia. 
Esse princípio deve ser interpretado de forma que seja dado tratamento 
equivalente aos iguais, mas que sejam desigualmente tratados os desiguais, 
na medida das suas desigualdades. 
Segundo o texto constitucional, homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações (CF, art. 5º, I). Apesar disso, a lei poderá sim criar distinções entre 
homens e mulheres, desde que haja razoabilidade para o critério eleito para a 
discriminação. Por exemplo: determinado concurso público poderá ser restrito 
a mulheres, desde que as atribuições do cargo justifiquem essa discriminação 
(concurso para agente penitenciário em uma delegacia feminina, por exemplo). 
No mesmo sentido vai a Súmula 683 do STF: “O limite de idade para inscrição 
em concurso público só se legitima em face do art. 7º , XXX , da Constituição, 
quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser 
pretendido”. 
Ou seja, pode haver determinadas distinções por critério de idade, desde que 
haja justificativa e razoabilidade. 
Um detalhe importante é que, nesses casos de concursos, essas distinções 
devem estar previstas em lei. Apenas a previsão no edital não é suficiente. 
Também decorre do princípio da igualdade a proibição ao racismo e a qualquer 
forma de discriminação. Lembrando que o STF firmou entendimento de que o 
conceito constitucional de racismo não está adstrito às discriminações 
ligadas propriamente às diferentes raças (branco, negro, amarelo etc.), 
mas também a outras espécies de discriminações (de índole religiosa, por 
exemplo). 
Por fim, cabe mencionar que, segundo orientação do STF, o princípio da 
isonomia não autoriza o Poder Judiciário a estender vantagem a 
indivíduos não contemplados pela lei. 
Por exemplo, uma lei concede certa vantagem a determinada categoria de 
servidores; não poderá o Judiciário estendê-la a outros servidores apenas por 
considerar esse tratamento mais isonômico, ainda que tais servidores estejam 
em isonomia com os da primeira categoria (em termos de regime jurídico, 
funções e cargos). 
3) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJ/RJ/2008) Homens e mulheres são 
iguais em direitos e obrigações, nos termos da CF, não podendo a lei criar 
qualquer forma de distinção. 
De fato, segundo o texto constitucional, homens e mulheres são iguais em 
direitos e obrigações (CF, art. 5º, I). Todavia, a lei poderá sim criar distinções 
entre homens e mulheres, desde que haja razoabilidade para o critério eleito 
para a discriminação. 
Item errado. 
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4) (CESPE/AGENTE DE INTELIGÊNCIA/ABIN/2008) Considere a seguinte 
situação hipotética. Um romancista famoso publicou, no Brasil, um livro no 
qual defende a tese de que as pessoas que seguem determinada religião 
seriam menos evoluídas do que as que seguem outra religião. Nessa 
situação, tal afirmação poderia ser enquadrada como racismo, embora, 
tecnicamente, religião não constitua raça. 
O STF firmou entendimento de que o conceito constitucional de racismo 
não está adstrito às discriminações ligadas propriamente às diferentes 
raças (branco, negro, amarelo etc.), mas inclui também outras espécies de 
discriminações (de índole religiosa, por exemplo). 
Item certo. 
4 - Direito à liberdade
Em sua acepção mais ampla, o direito à liberdade está assegurado no caput 
do art. 5°. Como vimos, representa o cerne da ideologia liberal e do qual 
decorrem diversos direitos fundamentais de primeira geração. 
A liberdade física, de locomoção, é expressamente assegurada no art. 5°, XV 
(“é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo 
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com 
seus bens”). A violação a esse direito poderá ensejar a impetração de habeas 
corpus, remédio constitucional a ser estudado na próxima aula. 
De se observar que abrange não só a liberdade física, mas a de pensamento, 
de crenças e convicções, de expressão, de reunião, de associação etc. Direitos 
fundamentais também assegurados aos indivíduos e que passaremos a 
analisar. 
4.1 – Liberdade de Expressão e de Pensamento
Podemos dizer que também a liberdade de expressão decorre da adoção, 
entre nós, do regime democrático. 
Veja o teor dos incisos constitucionais que asseguram a liberdade de 
expressão: 
É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato (CF, art. 
5º, IV); 
É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença (CF, art. 5º, IX); 
Assim, fica assegurada a manifestação do pensamento e a liberdade de 
expressão. Entretanto, é vedado o anonimato. 
Essa vedação tem por finalidade possibilitar a responsabilização de quem 
cause danos a terceiros. Afinal, a liberdade de expressão não é absoluta, 
pois a Constituição também assegura o direito de resposta, proporcional ao 
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem (CF, art. 
5°, V). 
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Assim, veiculada expressão indevida de juízos e valores é cabível o direito de 
resposta – acumulável com a indenização por danos morais e materiais
– aplicável tanto às pessoas físicas e quanto às jurídicas que sejam ofendidas. 
Ainda sobre o anonimato, essa vedação impede a admissão de denúncias 
anônimas. De se destacar que o STF entende que a instauração de 
persecução criminal por parte do Ministério Público não poderia ser instaurada 
unicamente com base em escritos apócrifos (anônimos). 
Nada impede, entretanto, que, provocado por denúncia anônima, o Poder 
Público passe a adotar medidas investigativas informais visando a apurar os 
fatos e buscar novos elementos que possam, aí sim, possibilitar a instauração 
da persecutio criminis. 
Em suma, em regra, escritos apócrifos não podem ser o único elemento a 
justificar a abertura da persecução criminal. Entretanto, eles podem ser usados 
para que o MP busque outros elementos que confirmem aquela hipótese. 
Outro detalhe que deve ser observado é que a manifestação do pensamento e 
a liberdade de expressão independem de censura. 
É importante você ter em mente que essas garantias não se revestem de 
natureza absoluta. Por conseqüência, por exemplo, a liberdade de expressão 
não pode conduzir ao racismo. 
Por fim, cabe apresentar o inciso XIV do art. 5°, segundo o qual é assegurado 
a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando 
necessário ao exercício profissional. 
Esse dispositivo assegura a todos o acesso às informações de interesse geral, 
mas se direciona principalmente aos profissionais de jornalismo ao possibilitar 
a preservação da fonte, quando necessária ao exercício profissional. 
Ainda sobre o direito de informação, vale lembrar que o STF decidiu que a CF 
não recepcionou o art. 4º, V, do Decreto-lei 972/69, o qual exige o diploma 
de curso superior de jornalismo para o exercício da profissão de jornalista. 
Com essa decisão, nossa Corte Maior posicionou-se no sentido de que, se por 
um lado a liberdade de expressão não é direito absoluto, por outro lado, é 
inadmissível que a legislação crie embaraços à liberdade de 
informação, como poderia ocorrer com a exigência do referido diploma. 
5) (CESPE/AUFC – CLÍNICA MÉDICA/TCU/2009) Ao tratar dos direitos e 
garantias fundamentais, a CF dispõe expressamente que é assegurado a 
todos o acesso àinformação, vedado o sigilo da fonte, mesmo quando 
necessário ao exercício profissional. 
Segundo o inciso XIV do art. 5°, é assegurado o sigilo da fonte, quando 
necessário ao exercício profissional. 
Item errado. 
6) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPU/2010) Conforme entendimento do STF, 
com base no princípio da vedação do anonimato, os escritos apócrifos não 
podem justificar, por si sós, desde que isoladamente considerados, a 
imediata instauração da persecutio criminis, salvo quando forem 
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produzidos pelo acusado, ou, ainda, quando constituírem eles próprios o 
corpo de delito. 
Escritos apócrifos são aqueles de autoria não identificada (anônima). Eles não 
poderão servir de fundamento único e exclusivo para iniciar o processo de 
persecução penal ou a instauração da ação penal, a cargo do Ministério 
Público. A ressalva da questão diz respeito aos documentos ou provas 
produzidas pelo acusado ou ao caso em que aqueles documentos apócrifos são 
o que comprova a existência do crime (por exemplo, o bilhetes de resgate no 
delito de extorsão mediante seqüestro, ou como ocorre com cartas que 
evidenciem a prática de crimes contra a honra, ou que corporifiquem o delito 
de ameaça). 
Item certo. 
4.2 – Liberdade de exercício profissional
O inciso XIII do art. 5° assegura a liberdade de atividade profissional. 
Assim, é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas 
as qualificações profissionais que a lei estabelecer. 
Observe que o direito ao livre exercício profissional é pleno, a princípio. É 
dizer: qualquer pessoa pode exercer, a princípio, qualquer ofício ou profissão, 
antes de ser editada lei regulamentando o assunto. 
Posteriormente, a lei poderá vir a restringir esse direito, caso venha a 
estabelecer requisitos para o desempenho de determinada profissão. A partir 
de então, só poderão exercer uma profissão aqueles que cumprirem aqueles 
requisitos. 
4.3 – Liberdade de consciência e de crença
Desde o advento da República, o Brasil é um país laico (leigo ou não 
confessional), o que significa que aqui não há religião oficial. Assim, o art. 5° 
traz três incisos referentes à liberdade de crença, convicção política e filosófica. 
- É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o 
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos 
locais de culto e a suas liturgias (CF, art. 5º, VI); 
- É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas 
entidades civis e militares de internação coletiva (CF, art. 5º, VII); 
- Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de 
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei (CF, art. 5º, VIII); 
Desses dispositivos, o mais relevante é o último, que consagra a chamada 
escusa de consciência (objeção de consciência ou alegação de imperativo de 
consciência). 
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Nesse sentido, o art. 5°, VIII estabelece dois requisitos para a privação de 
direitos em virtude de crença religiosa ou convicção filosófica ou política: (i) 
não cumprimento de uma obrigação a todos imposta; e (ii) 
descumprimento de prestação alternativa fixada em lei. 
Assim, o indivíduo pode não cumprir obrigação a todos imposta e não ser 
privado de direitos, desde que cumpra prestação alternativa fixada em 
lei. 
Especificamente sobre o direito ao livre exercício de cultos, o Supremo já 
decidiu que a garantia de liberdade de culto seguramente não alcança a 
prática de atos que, sem embargo de sua roupagem mística, são 
tipificados pela lei penal. 
Observe que essa decisão se relaciona com aquela máxima de que, não 
obstante sua relevância, os direitos fundamentais não dispõem de caráter 
absoluto. 
7) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) O Brasil, por ser um país laico, não tem 
religião oficial, sendo assegurada constitucionalmente a inviolabilidade da 
liberdade de consciência e de crença, bem como o livre exercício dos 
cultos religiosos. 
Observe que a questão cobrou o conhecimento do inciso VI do art. 5° da 
CF/88. 
Item certo. 
4.4 – Liberdade de reunião
O direito de reunião (assim como ocorre com o direito de associação, visto a 
seguir) liga-se à liberdade de expressão e ao sistema democrático de governo. 
Podemos dizer que é uma forma coletiva de exercício da liberdade de 
expressão, uma vez que consiste no direito de determinados agrupamentos de 
pessoas reunirem-se temporariamente para a livre manifestação dos 
seus pensamentos (por exemplo, num comício, numa passeata). Ademais, é 
também direito individual, pois assegura a qualquer indivíduo a livre opção 
de participar ou não de determinada reunião. 
Está assegurado no art. 5°, XVI: 
Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao 
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem 
outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas 
exigido prévio aviso à autoridade competente; 
Objetivamente, observe que não é necessária a autorização do Poder 
Público para o exercício do direito de reunião, sendo exigido apenas: (i) aviso 
prévio; (ii) fins pacíficos; (iii) ausência de armas; (iv) locais abertos ao 
público; e (v) não-frustração de outra reunião anteriormente marcada 
para o mesmo local. 
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Assim, o estado tem o dever de assegurar aos indivíduos o livre exercício do 
direito de reunião, protegendo-os, inclusive, contra aqueles que são 
contrários à assembléia. 
Ademais, a liberdade de reunião protege ainda o direito de não se reunir a 
outros. 
Interessante salientar que esse não é um direito absoluto. Assim, a própria 
CF/88 admite a restrição excepcional desse direito nos casos de estado de 
defesa (art. 136, § 1°, I, “a”) e estado de sítio (art. 139, IV). 
Agora a pergunta mais complicada: seria o habeas corpus instrumento jurídico 
adequado para a tutela do direito de reunião? A resposta é não. No caso de 
lesão ou ameaça ao direito de reunião, o indivíduo deve recorrer ao mandado 
de segurança. 
8) (CESPE/AGENTE/PF/2012) O exercício do direito à liberdade de reunião em 
locais abertos ao público, previsto na Constituição Federal, condiciona-se a 
dois requisitos expressos: o encontro não pode frustrar outro 
anteriormente convocado para o mesmo local e a autoridade competente 
deve ser previamente avisada a respeito de sua realização. 
O exercício do direito de reunião exige aviso prévio à autoridade competente 
e não-frustração de outra reunião anteriormente marcada para o mesmo 
local (CF, art. 5°, XVI). 
Item certo. 
9) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIO / SEJUS / ES / 2009) Independentemente de aviso prévio 
ou autorização do poder público, todos podem reunir-se pacificamente, 
sem armas, em locais abertos ao público, desde que não frustrem outra 
reunião anteriormente convocada para o mesmo local. 
Segundo o inciso XVI do art. 5°, não é necessária a autorização do Poder 
Público, mas é exigido aviso prévio. 
Item errado. 
10) (CESPE/JUIZ/TJ/CE/2012) Segundo o STF, o exercício do direito de 
reunião nos espaços públicos abertos demanda consentimento prévio do 
poder público. 
Para o exercício do direito de reunião não é necessária a autorização ou 
consentimento do Poder Público (CF, art. 5°, XVI).Item errado. 
4.5 – Liberdade de associação
A liberdade de associação é plena e também se relaciona ao exercício da 
liberdade de expressão. Diferencia-se, entretanto, do direito de reunião; 
porque a associação reveste-se de caráter de permanência, de continuidade 
(ao contrário da natureza ocasional e temporária da reunião). 
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A Constituição assegura a liberdade de associação para fins lícitos, mas veda 
a associação de caráter paramilitar (CF, art. 5°, XVII). Essa liberdade 
inclui os seguintes aspectos: 
I) para a criação (de associações, bem como de cooperativas) não é 
necessária autorização do Poder público (CF, art. 5°, XVIII); 
II) é vedada a interferência estatal em seu funcionamento (CF, art. 5°, 
XVIII); 
III) além do direito de associar-se, é também assegurado o direito de não 
se associar ou não se manter associado (CF, art. 5°, XX); 
Sobre a liberdade de associação, o dispositivo mais importante (mais cobrado 
em concursos) é o art. 5°, XIX: 
- As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas 
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o 
trânsito em julgado (CF, art. 5°, XIX). 
A suspensão ou dissolução das associações são temas que exigem reserva de 
jurisdição. Ou seja, a Constituição protege o direito de associação contra a 
atuação administrativa ou mesmo a atuação do poder legislativo. 
Assim, a associação poderá ter suas atividades suspensas ou ser dissolvida por 
determinação judicial. Mas, atenção! Como o caso de dissolução é mais 
gravoso, ele (somente a dissolução compulsória) exige trânsito em julgado. 
11) (CESPE/ANALISTA/JUDICIÁRIO/TRE/ES/2011) Uma associação já 
constituída somente poderá ser compulsoriamente dissolvida mediante 
decisão judicial transitada em julgado, na hipótese de ter finalidade ilícita. 
Caso tenha finalidade ilícita, uma associação poderá sim ser compulsoriamente 
dissolvida. Nesse caso, de fato, exige-se uma decisão judicial transitada 
em julgado. Assim, a questão está correta. 
E se fosse a mera “suspensão das atividades” da associação? Poderia ocorrer 
mediante determinação da autoridade administrativa? 
Não, não... Mesmo assim seria exigida determinação judicial. Todavia, no 
caso de suspensão de atividades, não seria necessário o trânsito em 
julgado. 
Item certo. 
12) (CESPE/AUFC – CLÍNICA MÉDICA/TCU/2009) A administração pública, no 
exercício do seu poder de fiscalização, quando estiver diante de uma 
ilegalidade, poderá, independentemente de decisão judicial, dissolver 
compulsoriamente ou suspender as atividades das associações. 
A suspensão ou dissolução das associações são temas que exigem reserva de 
jurisdição. A associação poderá ter suas atividades suspensas ou ser 
dissolvida por determinação judicial. Como a dissolução compulsória é 
mais grave, ela exige trânsito em julgado. 
Item errado. 
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13) (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 17ª 
REGIÃO/2009) A CF veda a interferência do Estado no funcionamento das 
associações e cooperativas. 
A Constituição Federal veda expressamente a interferência estatal no 
funcionamento das associações (CF, art. 5º, XVIII). 
Item certo. 
14) (CESPE/JUIZ/TJ/CE/2012) As atividades das associações só poderão ser 
suspensas mediante decisão judicial transitada em julgado. 
No caso de suspensão de atividades das associações exige-se decisão judicial, 
mas não seria necessário o trânsito em julgado. 
Item errado. 
Representação Judicial e Substituição Processual
Segundo a Constituição Federal, as entidades associativas, quando 
expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados 
judicial ou extrajudicialmente (CF, art. 5º, XXI). 
Trata-se de hipótese de representação judicial, em que é possível que um 
terceiro ajuíze ação em nome de determinada pessoa. 
Ou seja, o indivíduo pode outorgar às associações a função de representá-lo 
judicialmente ou extrajudicialmente. 
Assim, desde que expressamente autorizada, uma associação poderá 
ajuizar ação judicial em nome de um indivíduo, no interesse dele (trata-se de 
ação em nome alheio e na defesa de interesse alheio). Nesse caso, a 
associação é mera representante do indivíduo interessado. 
A representação judicial não se confunde com a substituição processual. A 
substituição processual ocorre na impetração do MS coletivo em nome próprio, 
em defesa de interesse alheio, em que a associação atua como substituta 
processual (CF, art. 5°, LXX). 
De se destacar que, ao regulamentar o mandado de segurança coletivo, a 
Constituição não repetiu aquela exigência de autorização expressa dos 
associados. Assim, nesse caso, é dispensada a autorização expressa e 
específica dos associados, bastando para a impetração as autorizações 
genéricas constantes dos estatutos de constituição da entidade. 
Sintetizando: 
Representação 
Judicial 
(CF, art. 5°, XXI) 
→ 
I) Necessária autorização expressa 
II) Defesa de interesse alheio em ações em geral 
Substituição 
Processual 
(CF, art. 5°, LXX) 
→ 
I) Desnecessária autorização expressa 
II) Defesa de interesse alheio em MS coletivo 
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15) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJ/RJ/2008) As entidades associativas, 
quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar 
seus filiados judicialmente, mas não no contencioso administrativo. 
Segundo a Constituição Federal, as entidades associativas, quando 
expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados 
tanto judicial quanto extrajudicialmente (CF, art. 5º, XXI). 
Item errado. 
5 - Princípio da legalidade
O princípio da legalidade visa a proteger o indivíduo frente a atuação arbitrária 
do Estado. Nesse sentido, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei (CF, art. 5°, II). 
Assim, só por meio das espécies normativas devidamente elaboradas conforme 
a Constituição podem-se criar obrigações para o indivíduo, pois expressam a 
vontade geral. 
Vale apresentar a diferença da força do princípio da legalidade para os 
particulares e para os agentes públicos. 
Aos particulares é lícito fazer tudo aquilo que a lei não proíba. Não é 
necessária uma lei autorizando determinado comportamento, basta que não 
exista uma norma que o proíba. 
Por outro lado, para os agentes públicos, o princípio da legalidade tem outra 
conotação. Com efeito, o agente público somente pode agir conforme o 
estabelecido em lei. Significa dizer que se não houver previsão legal para 
determinada atuação, não há possibilidade de o poder público proceder 
daquela forma. 
5.1 - Princípio da Legalidade e Reserva Legal
O Cespe adora esse assunto! A diferença doutrinária entre os princípios da 
legalidade e da reserva legal. 
Pois bem, embora esses princípios sejam tratados por muitos como sinônimos, 
o fato é que a doutrina estabelece distinção entre o princípio da legalidade 
(mais amplo) e o princípio da reserva legal (mais estrito). 
O princípio da legalidade estabelece que qualquer comando jurídico 
impondo comportamentos forçados há de provir de uma das espécies 
normativas existentes na nossa ordem constitucional. Daí o teor do inciso II do 
art. 5° da CF/88: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei.” 
Ou seja, ele opera de maneira geral, sendo que todos os comportamentos 
humanos estão sujeitos ao princípio da legalidade. 
Aocontrário, a reserva legal restringe-se a determinados campos materiais 
especificados na Constituição, que devem ser disciplinados por lei formal. É 
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dizer: a reserva legal aplica-se a determinadas matérias da 
Constituição. 
Assim, não faça confusão: não é que algumas matérias estão submetidas à 
legalidade e outras à reserva legal. Não é isso! O princípio da legalidade aplica-
se aos comportamentos do Poder Público de forma geral. E a reserva legal, 
sim, aplica-se a algumas matérias para as quais a Constituição expressamente 
estabelece essa relação. 
Perceba ainda que quando a Constituição Federal submete certa matéria ao 
princípio da legalidade, tal matéria poderá ser disciplinada por lei, ou mediante 
atos administrativos expedidos com fundamento na lei (decreto regulamentar, 
por exemplo). 
Assim, quando a Constituição, no inciso II do art. 5º, estabelece que “ninguém 
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, 
tem-se, aí, o princípio da legalidade, pois, nessa expressão, a palavra “lei” está 
empregado no seu sentido amplo, alcançando não somente lei em sentido 
estrito, mas, também, atos administrativos expedidos com fundamento em lei. 
Por isso, se dizer que o princípio da legalidade tem maior alcance (alcança 
um maior número de matérias constitucionais), mas menor densidade (pois 
pode ser satisfeito não só por meio de lei, mas também pela expedição de atos 
administrativos). 
Por outro lado, quando a Constituição submete certa matéria ao princípio da 
reserva legal, está ela a exigir, exclusivamente, lei em sentido estrito ou ato 
normativo com força de lei. 
Assim, quando a Constituição estabelece que a remuneração dos servidores 
públicos somente poderá ser fixada por lei (CF, art. 37, X), temos, aqui, o 
princípio da reserva legal, pois a palavra “lei” está empregado em sentido 
estrito, alcançando somente lei formal (elaborada pelo Legislativo, com a 
participação do chefe do Executivo) ou ato normativo com força de lei. 
Por isso, diz-se que o princípio da reserva legal tem menor alcance (alcança 
um menor número de matérias constitucionais), mas maior densidade (já 
que impõe que tais matérias sejam disciplinadas, necessariamente, por lei 
formal). 
Guarde essas informações. Utilizarei uma questão logo à frente para 
apresentar mais um detalhe. 
Sintetizando: 
I) Princípio da Legalidade 
a) Não só atos com status de lei, mas também atos administrativos 
infralegais editados nos limites destes; 
b) Maior alcance; 
c) Menor densidade de conteúdo; 
II) Reserva Legal 
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a) Tratamento exclusivo por lei formal ou ato hierarquicamente 
equivalente; 
b) Menor alcance; 
c) Maior densidade de conteúdo; 
16) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2008) De acordo com o princípio da 
legalidade, apenas a lei decorrente da atuação exclusiva do Poder 
Legislativo pode originar comandos normativos prevendo comportamentos 
forçados, não havendo a possibilidade, para tanto, da participação 
normativa do Poder Executivo. 
Perceba que quando a Constituição Federal submete certa matéria ao princípio 
da legalidade, tal matéria poderá ser disciplinada por lei, ou mediante atos 
administrativos expedidos com fundamento na lei (decreto regulamentar, por 
exemplo). Daí, errada a questão. 
Item errado. 
17) (CESPE/ANALISTA/TRE/ES/2011) O princípio da legalidade não se 
confunde com o da reserva legal: o primeiro pressupõe a submissão e o 
respeito à lei; o segundo se traduz pela necessidade de a regulamentação 
de determinadas matérias ser feita necessariamente por lei formal. 
Nesta questão (de janeiro de 2011), o Cespe cobrou algo, no mínimo, 
polêmico. Entretanto, estou trazendo a questão para que possamos discuti-la e 
te preparar... 
Considerou que essa assertiva estava correta, apesar de ela atribuir 
necessariamente à lei formal o tratamento de assuntos protegidos por reserva 
legal. 
Segundo José Afonso da Silva, citado por Alexandre de Moraes: 
“tem-se, pois, reserva de lei, quando uma norma constitucional atribui 
determinada matéria exclusivamente à lei formal (ou a atos 
equiparados, na interpretação firmada na praxe), subtraindo-a, com 
isso, à disciplina de outras fontes, àquela subordinada”. 
Conclui-se que os assuntos protegidos por reserva legal podem ser tratados 
por “atos equiparados” à lei formal. Só não podem ser tratados por meio de 
outras fontes, infralegais (subordinadas à lei, como descrito no final da frase). 
Ademais, o próprio Alexandre de Moraes termina o tópico de seu livro 
“Princípios da legalidade e da reserva legal” da seguinte forma: 
“Saliente-se, ainda, que o texto constitucional, apesar de reservar a 
primazia, não concede o monopólio da função normativa ao Poder 
Legislativo, e estabelece outras fontes normativas primárias, tanto no 
Executivo (medidas provisórias, decretos autônomos), quanto no Judiciário 
(poder normativo primário do Conselho Nacional de Justiça).” 
O mais estranho é que, na prática e segundo a lógica, os atos equiparados à lei 
podem tratar dos assuntos reservados à lei, exceto se forem impedidos de 
versar sobre aqueles temas. 
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Ou seja, qualquer tema que deve ser obrigatoriamente tratado por lei pode ser 
tratado, por exemplo, por medida provisória, exceto se constituir algum 
assunto vedado a esta espécie, nos termos do art. 62, § 1° da CF/88. 
Diante disso, entendo que a redação da assertiva não ficou adequada, pois 
afirmou que a reserva legal deve ser tratada necessariamente por lei formal. 
Bem, para seu concurso então, fique atento! Se cair algo semelhante você já 
sabe como o Cespe pensa. 
Item certo 
18) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2008) Segundo a doutrina, a 
aplicação do princípio da reserva legal absoluta é constatada quando a CF 
remete à lei formal apenas a fixação dos parâmetros de atuação para o 
órgão administrativo, permitindo que este promova a correspondente 
complementação por ato infralegal. 
Esta questão é um pouco mais aprofundada. Vou usar ela para apresentar 
mais detalhes sobre esse assunto. 
Para a doutrina, o princípio da reserva legal pode ser absoluto ou relativo. 
Haverá a reserva legal absoluta nos casos em que a Constituição exige do 
legislador o esgotamento do tema, não deixando espaço para a atuação 
discricionária dos agentes públicos. A reserva legal relativa ocorre quando 
houver espaço para a complementação da norma por parte do seu aplicador. 
Ainda há a necessidade de lei, mas esta estabelecerá apenas as bases ou 
parâmetros. Ou seja, nesse último caso (reserva legal relativa), caberá à 
administração esmiuçar e detalhar o alcance da lei, por meio de atos 
infralegais. 
A questão está errada por apresentar a definição de reserva legal relativa. 
Item errado. 
Bem, algumas questões de outras bancas (do Cespe eu ainda não vi) têm 
cobrado ainda a definição de reserva legal qualificada, relacionada com a 
limitação dos direitos fundamentais (já estudada lá atrás). 
Esse assunto é pouco cobrado em concursos, mas vou mencioná-lo aqui. Como 
eu disse, relaciona-se às restrições aos direitos fundamentais. 
Assim, se por um lado há direitos fundamentais não sujeitos expressamente a 
restrição legal (por exemplo, o art. 5°, X, que trata da inviolabilidade da 
imagem), há direitos submetidos à reserva legal simples e há aqueles 
submetidos à reserva legal qualificada. 
A reserva legal simples ocorre quando o constituinte limita-sea autorizar a 
intervenção legislativa sem fazer qualquer exigência quanto ao conteúdo 
ou à finalidade da lei. 
No caso da reserva legal qualificada, eventual restrição deve ser feita tendo 
em vista determinado objetivo ou o atendimento de determinado 
requisito expressamente definido na Constituição. 
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Observe o art. 5°, XV, ao tratar do direito de locomoção: 
“é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer 
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus 
bens.” 
Esse caso a doutrina classifica como sendo de reserva legal simples. Ou seja, a 
Constituição exige apenas que eventuais restrições sejam previstas em lei 
(“nos termos da lei”). 
Situação diferente é estabelecida para a inviolabilidade das comunicações 
telefônicas (CF, art. 5°, XII), por exemplo, em que há condições especiais e 
fins a serem perseguidos para a restrição do direito, observe: 
“é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem 
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal” 
Ou seja, o legislador ordinário não tem plena liberdade para estabelecer os 
casos de restrição da inviolabilidade das comunicações telefônicas. Eventual 
restrição só se concretizará mediante ordem judicial e para fins de investigação 
criminal ou instrução processual penal. 
Assim, na reserva legal qualificada, o dispositivo constitucional exige 
condições especiais para que seja possível a restrição ao direito. 
Sei que são muitos detalhes. Assim, um esquema pode facilitar sua 
memorização dessas classificações. 
Sintetizando: 
5.2 – Princípio da Legalidade Penal e da retroatividade da lei penal 
mais favorável
De acordo com o art. 5°, XXXIX da CF/88, não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação legal. 
Assim, além da exigência de lei formal para tipificar crimes e cominar sanções 
penais, esse princípio exige que a lei tenha sido publicada antes da prática do 
ato para que possa ser aplicável a ele. 
Esse inciso se complementa com o inciso XL do art. 5° da CF/88, segundo o 
qual, a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
Trata-se de um princípio composto de dois mandamentos: 
I) Regra Geral: a irretroatividade da lei penal; 
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II) Regra Específica: a retroatividade da lei penal mais favorável. 
Assim, a lei penal sempre retroagirá se for para beneficiar o réu, mesmo que 
ele já esteja cumprindo pena. A lei benéfica poderá, por exemplo, reduzir a 
pena ou mesmo deixar de considerar crime determinada conduta. 
De outro lado, a lei desfavorável só se aplicará às condutas praticadas após o 
início da sua vigência. 
O STF tem súmula relevante sobre o assunto (Súmula 711): 
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao permanente, 
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.” 
Diferenciar o crime continuado do permanente não tem muita importância para 
o direito constitucional. Mas para os mais curiosos, vale mencionar que: 
I) crime continuado é aquele composto por uma série de atos seguidos de 
mesma espécie, configurando, ao final, um único crime (como seria o caso de 
diversos assaltos a diferentes lojas de um shopping center, na mesma tarde); 
e 
II) crime permanente é um ato único, mas que se prolonga no tempo (como 
um seqüestro, que pode durar dias ou semanas, por exemplo). 
19) (CESPE/137 Exame de Ordem/OAB-SP/2009) É correto afirmar que a lei 
penal 
A não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
B retroagirá, salvo disposição expressa em contrário. 
C não retroagirá, salvo se o fato criminoso ainda não for conhecido. 
D retroagirá, se ainda não houver processo penal instaurado. 
Questão relativamente fácil do Cespe, já que cobrou a literalidade. A lei não 
retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
Gabarito: A 
6 - Direito à Intimidade e à Privacidade
Os direitos à intimidade e à preservação da própria imagem formam a 
proteção constitucional à vida privada, funcionando como salvaguarda de uma 
esfera íntima intransponível por intromissões externas. 
Segundo o art. 5°, X da CF/88, são invioláveis a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua violação. 
Para a reparação por dano moral não é necessário que tenha havido dano 
material. Mas o STF já definiu que essas indenizações podem ser 
concomitantes e que, ademais, a reparação por dano moral não exige 
ofensa à reputação do indivíduo (o mero desconforto causado pela 
publicação de uma foto não autorizada já geraria direito à reparação). 
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Cabe destacar ainda que as pessoas jurídicas também estão protegidas
pela inviolabilidade da honra e da imagem. 
Também relacionada ao direito à intimidade é a decisão do STF no sentido da 
não admissão da coação do possível pai para realizar o exame de DNA em ação 
de investigação de paternidade. Isso porque tal medida implicaria ofensa a 
diversas garantias constitucionais, tais como a preservação da dignidade 
humana, da intimidade e da intangibilidade do corpo humano. 
20) (CESPE/PROFESSOR/IFB/2011) A execução de determinação judicial, 
proferida nos autos de ação de investigação de paternidade, com o 
objetivo de conduzir coercitivamente o réu ao laboratório para coleta do 
material indispensável à feitura do exame DNA não viola o princípio da 
dignidade humana. 
Como vimos, segundo o STF, a condução coercitiva do réu para realizar o 
exame de DNA em ação de investigação de paternidade ofende o princípio da 
dignidade humana, entre outras garantias fundamentais. 
Item errado. 
21) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJ/RJ/2008) O direito fundamental à honra 
se estende às pessoas jurídicas. 
Como comentei, segundo a jurisprudência do STF, o direito à inviolabilidade da 
honra e da imagem, prevista no inciso X do art. 5º da Constituição Federal, é 
extensível às pessoas jurídicas. 
Item certo. 
22) (CESPE/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/ARACAJU/2007) Admite-se a 
condução coercitiva do réu em ação de investigação de paternidade para 
que seja submetido a exame de DNA a fim de saber se é o pai de criança. 
A jurisprudência do STF é no sentido da não admissão da coação do possível 
pai para realizar o exame de DNA em ação de investigação de paternidade. 
Isso porque tal medida implicaria ofensa a diversas garantias constitucionais, 
tais como a preservação da dignidade humana, da intimidade e da 
intangibilidade do corpo humano. 
Item errado. 
6.1 – Sigilo bancário
Integrante do direito à privacidade, o sigilo bancário é assunto bastante 
cobrado em concursos. A propósito, você sabe quem pode quebrar o sigilo 
bancário? Pois é... Vamos resumir isso aí... Essa garantia só pode ser atingida 
(quebra do sigilo) nos seguintes casos: 
I) por determinação judicial; 
II) por determinação do Plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado 
Federal; e 
III) por determinação de CPI. 
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Além dessas autoridades, vale comentar os casos do Ministério Público e dos 
agentes fiscais tributários. 
Quanto ao Ministério Público, a jurisprudência do STF muitasvezes resistiu a 
que o MP pudesse determinar a quebra do sigilo diretamente, por falta de 
autorização específica. Contudo, há precedente do Supremo confirmando a 
possibilidade de acesso do MP aos dados sigilosos em se tratando de requisição 
de informações e documentos para instruir procedimento administrativo 
instaurado em defesa do patrimônio público (MS 21.729, Rel. p/ o ac. 
Min. Néri da Silveira, 5-10-95). 
No que se refere às autoridades e agentes fiscais tributários da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a Lei Complementar 105/2001 
permite o acesso dessas autoridades aos dados sigilosos quando houver 
processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais 
exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa 
competente. 
Entretanto, em dezembro de 2010, no âmbito de um Recurso Extraordinário - 
RE 389808 - o STF negou a possibilidade de quebra de sigilo bancário de 
empresa pelo Fisco sem ordem judicial. 
Assim, por cinco votos a quatro, os ministros da Suprema Corte entenderam 
que não pode haver acesso a esses dados sem ordem do Poder Judiciário. 
Por fim, vale comentar jurisprudência do STF, frequentemente cobrada em 
questões do Cespe: o TCU não dispõe de competência para quebra de 
sigilo bancário de seu investigado. 
23) (CESPE/AUFC/TCU/2009) O STF entende que a atividade de fiscalização do 
TCU não confere a essa corte poderes para eventual quebra de sigilo 
bancário dos dados constantes do Banco Central do Brasil. 
Essa questão versa sobre a garantia de sigilo bancário. Interessante como o 
Cespe vem cobrando os posicionamentos do STF. Conforme jurisprudência da 
Suprema Corte, o TCU não dispõe de competência para quebra de sigilo 
bancário de seu investigado. 
Item certo. 
24) (CESPE/JUIZ/TJ/CE/2012) Segundo o STF, no exercício da função 
fiscalizadora, as CPIs e o TCU podem determinar a quebra do sigilo 
bancário de seus investigados. 
CPI pode, mas o TCU não pode quebrar sigilo bancário. 
Item errado. 
6.2 – Inviolabilidade domiciliar
Lembre-se de que os direitos fundamentais surgem como proteção do 
indivíduo contra o poder estatal. Imagine se o Estado fosse todo poderoso e 
seus agentes pudessem entrar nas casas dos cidadãos a qualquer hora, por 
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sua livre iniciativa. Isso afetaria completamente a nossa liberdade, 
individualidade e tranqüilidade, concorda? 
Pois bem, por isso, a Constituição garante a chamada inviolabilidade 
domiciliar, nos seguintes termos: 
A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, 
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial
(CF, art. 5º, XI). 
Assim, como regra, é inviolável o domicílio, mas a própria CF admite 
exceções: 
1 – Flagrante delito ou desastre; 
2 – Prestação de socorro; 
3 – Durante o dia, por determinação judicial. 
Muita gente faz confusão quanto a isso! Mas, quero que você observe que, 
apenas no caso de determinação judicial, é que se exige que a entrada na 
residência, sem o consentimento do morador, se dê durante o dia. Essa regra 
não vale para os casos de flagrante delito, desastre ou socorro. 
Assim, não deixe guardar o seguinte: 
a) por determinação judicial, só será possível penetrar na residência sem o 
consentimento do morador durante o dia; mas 
b) no caso de flagrante delito ou desastre ou para prestar socorro não é 
necessário que a ação ocorra durante o dia; 
Cabe comentar que, para a doutrina, o conceito de dia corresponde a todas as 
horas compreendidas entre o nascer e o pôr-do-sol. Ou, de forma mais 
poética, entre “a aurora e o crepúsculo”....rsrs 
Segundo o STF, essa inviolabilidade não alcança somente “casa”, residência do 
indivíduo. Alcança, também, qualquer recinto fechado, não aberto ao 
público, ainda que de natureza profissional (escritório do advogado, 
consultório do médico, dependências privativas da empresa, quarto de hotel 
etc.). 
Há novidades na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal quanto a esse 
assunto. O STF considerou válido provimento judicial (oriundo de Ministro do 
próprio STF) que autorizou o ingresso de autoridade policial em recinto 
profissional durante a noite, para o fim de instalar equipamentos de captação 
acústica (escuta ambiental). 
De início, observou-se que tal medida (instalação de equipamentos de escuta 
ambiental) não poderia jamais ser realizada com publicidade, sob pena de sua 
frustração, o que ocorreria caso fosse praticada durante o dia, mediante 
apresentação de mandado judicial. 
Ou seja, ponderou-se, nesse caso concreto, os bens jurídicos em conflito e 
admitiu-se o procedimento, tendo como pano de fundo os valores da proteção 
à intimidade, à privacidade e da dignidade da pessoa humana. Segundo esse 
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entendimento, a instalação de escuta ambiental em escritórios vazios não se 
sujeitaria estritamente aos mesmos limites da busca em domicílios stricto 
sensu (em que haveria pessoas habitando). Diante disso, desde que existente 
a autorização judicial, poderia ser admitida essa atuação do Estado, seja para 
execução durante o dia, seja para execução durante a noite. 
25) (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/TRE/ES/2011) Se um indivíduo, 
depois de assaltar um estabelecimento comercial, for perseguido por 
policiais militares e, na tentativa de fuga, entrar em casa de família para 
se esconder, os policiais estão autorizados a entrar na residência e efetuar 
a prisão, independentemente do consentimento dos moradores. 
De fato, a Constituição autoriza a entrada no domicílio sem o consentimento 
do morador no caso de flagrante delito (CF, art. 5º, XI). 
Item certo. 
26) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 17ª REGIÃO/2009) 
Caso um escritório de advocacia seja invadido, durante a noite, por 
policiais, para nele se instalar escutas ambientais, ordenadas pela justiça, 
já que o advogado que ali trabalha estaria envolvido em organização 
criminosa, a prova obtida será ilícita, já que a referida diligência não foi 
feita durante o dia. 
O Supremo Tribunal Federal considerou válido provimento judicial (oriundo de 
Ministro do próprio STF) que autorizou o ingresso de autoridade policial em 
recinto profissional durante a noite, para o fim de instalar equipamentos de 
captação acústica (escuta ambiental). 
Assim, não caracterizaria invasão de domicílio a escuta ambiental e exploração 
de escritório para instalação de equipamentos de captação de sinais óticos e 
acústicos. Todavia, o ingresso da autoridade policial, no período noturno, para 
instalação de equipamento deve estar autorizado por decisão judicial. 
Item errado. 
27) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) Se um indivíduo, ao se 
desentender com sua mulher, desferir contra ela inúmeros golpes, 
agredindo-a fisicamente, causando lesões graves, as autoridades policiais, 
considerando tratar-se de flagrante delito, poderão penetrar na casa desse 
indivíduo, ainda que à noite e sem determinação judicial, e prendê-lo. 
Tem gente que faz uma confusão danada sobre esse inciso do art. 5° e acha 
que só se pode entrar na casa durante o dia. Não é assim... Vamos a um 
exemplo, digamos, cinematográfico... 
Imaginemos uma situação hipotética em que três Agentes da Polícia Federal – 
Nascimento, Matias e Neto – adentrem na residência de Baiano sem seu 
consentimento no meio da noite, sem mandado judicial, e no momento em que 
ele está vendendo cocaína a várias pessoas. Houve desrespeito à Constituição 
por parte dos agentes? Não! Poisno caso de flagrante delito não é necessário 
que a ação ocorra durante o dia. Guarde esses detalhes. 
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É como o caso dessa questão. Segundo a Constituição Federal, em caso de 
flagrante delito, pode-se entrar no domicílio a qualquer hora do dia ou da 
noite, sem necessidade de autorização judicial (CF, art. 5º, XI). 
Item certo. 
6.3 – Inviolabilidade das correspondências e comunicações
Segundo a Constituição de 1988, art. 5°, XII, é inviolável o sigilo da 
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação 
criminal ou instrução processual penal. 
A literalidade desse inciso dá a entender que somente poderia haver 
interceptação das comunicações telefônicas, o que não é correto. 
Em verdade, como comentado, os direitos fundamentais não dispõem de 
caráter absoluto. Assim, marque errado naquelas questões que afirmem serem 
absolutos quaisquer direitos. 
É que se a inviolabilidade da correspondência tiver sendo utilizada para 
acobertar práticas ilícitas, aquela garantia poderá ser afastada (por exemplo, 
se presidiários estiverem planejando um seqüestro por meio de cartas, o 
direito à proteção da vida irá preponderar, e poderá ser admitida a violação da 
correspondência). 
Assim, é notória a jurisprudência do STF: a administração penitenciária, com 
fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de 
prevenção da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, proceder à 
interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que 
a cláusula da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir 
instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas (HC nº 70.814/SP, rel. 
Min. Celso de Mello, 01.03.1994). 
Ademais, a própria Constituição admite a restrição dessas garantias nas 
situações excepcionais de estado de defesa e estado de sítio. 
Bem, mas no caso das comunicações telefônicas, o próprio dispositivo 
constitucional (CF, art. 5º, XII) estabelece quais seriam os requisitos para a 
violação do sigilo. 
Você sabe bem esses requisitos constitucionais? Não vá para sua prova sem 
memorizar isso... 
Em primeiro lugar, você não pode confundir sigilo telefônico com sigilo das 
comunicações telefônicas. 
Quando se fala em quebra do sigilo telefônico, trata-se de acesso aos dados de 
ligações telefônicas (quem ligou para quem, quando, quanto tempo durou a 
ligação). Quando se fala em interceptação telefônica, trata-se de gravação das 
conversas estabelecidas entre os interlocutores, ou seja, refere-se ao conteúdo 
da conversa. 
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Podemos dizer que a interceptação telefônica só será admitida quando 
preenchidos os seguintes requisitos: 
(i) ordem judicial (reserva de jurisdição, não se admite interceptação 
administrativa ou por ordem de CPI); 
(ii) nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer (estão descritas na Lei 
nº 9.296/1996: quando houver indícios razoáveis da autoria ou participação 
em infração penal; quando a prova não puder ser feita por outros meios 
disponíveis; quando o fato investigado constituir infração penal punida com 
pena de reclusão); e 
(iii) para fins de investigação criminal e instrução processual penal; 
Assim, é errada qualquer questão que afirme ser possível a interceptação 
telefônica para fins de investigação administrativa. A CF/88 exige que esse 
procedimento ocorra no curso de investigação criminal e instrução 
processual penal. Isso significa que não se admite interceptação 
telefônica em processos administrativos ou de natureza cível. 
Mas, me deixe comentar um detalhe importante dessa matéria. 
Está mais do que claro para você que a interceptação só é admitida em 
processos criminais. 
De qualquer forma, o STF entende que os dados colhidos em interceptações 
de comunicações telefônicas, judicialmente autorizadas para produção de 
provas em investigação criminal ou instrução processual penal, podem ser 
utilizados em procedimento administrativo disciplinar, contra as 
mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros 
servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova. 
Não entendeu nada? Bem, não faça confusão quanto a esse último ponto! 
Uma coisa é autorizar a escuta telefônica no âmbito de processo 
administrativo disciplinar, expediente vedado pela nossa Constituição. 
Outra coisa, completamente diferente e admitida pelo STF, é a utilização em 
processo administrativo disciplinar de dados colhidos em 
interceptação telefônica autorizada no âmbito de um processo 
criminal. Esse último caso trata, em verdade, da denominada prova 
emprestada, em que a prova licitamente colhida no processo criminal é 
“emprestada” para a instrução de um processo administrativo. 
Deixe-me comentar outro detalhe sobre a interceptação telefônica. Vimos que 
a Lei nº 9.296/1996 só admite a interceptação telefônica no curso de instrução 
processual ou investigação de crime punível com reclusão. Todavia, o STF 
flexibilizou essa regra e admite a utilização daquele conteúdo (cuja colheita foi 
licitamente autorizada) na investigação de crime punível com detenção se 
houver conexão entre os delitos. 
É dizer, os elementos de prova colhidos a partir de interceptação autorizada 
para a apuração de crimes puníveis com reclusão podem fundamentar 
denúncia para a investigação de crimes apenados com detenção. Entretanto, 
para isso deve existir conexão entre o delito punível com pena de reclusão 
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(que originou a autorização para interceptação) e o crime punível com 
detenção. 
A Lei admite que o juiz autorize a interceptação por um período de até quinze 
dias, comprovada a indispensabilidade do meio de prova. Entretanto, são 
admitidas diversas e sucessivas prorrogações desse prazo. 
Vale comentar ainda que não é exigida a transcrição total da conversa, 
visando a aumentar a celeridade das investigações. 
É impressionante como há detalhes e jurisprudências sobre esse assunto! 
Vejamos mais... 
Falando agora do sigilo de correspondência, você tem de saber também que 
essa garantia tem por fim proteger a comunicação, a correspondência em si, 
enquanto em trânsito e lacrada, e não o conteúdo de uma correspondência 
já aberta, guardada na casa da pessoa. 
Portanto, no caso de ingresso em um escritório para realização de busca e 
apreensão (procedimento realizado com a devida autorização judicial), a 
apreensão de uma carta já aberta seria válida, lícita. 
É o mesmo caso o e-mail. Sabemos que a Lei nº 9.296/1996 também admite a 
interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e 
telemática (email, fax, msn etc.), desde que obedecidos os mesmos requisitos 
constitucionais (citados logo acima). 
Mas o fato de a comunicação por e-mail estar protegida pela inviolabilidade 
das comunicações não impede que, em uma operação da Polícia Federal na 
qual sejam recolhidos computadores, sejam utilizadas informações registradas 
em e-mails arquivados no disco rígido (HD) de um desses computadores. 
Isso porque nos computadores a informação está registrada, armazenada, e 
não mais em trânsito. 
Sei que são muitos aspectos. Objetivamente, o que você tem que saber é: 
I) a Constituição admite expressamente a interceptação telefônica se houver 
(i) ordem judicial; (ii) nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer; e (iii) 
parafins de investigação criminal e instrução processual penal; 
II) o sigilo da correspondência protege a comunicação, a correspondência 
em trânsito, e não o conteúdo de uma correspondência já aberta; 
III) mesmo o sigilo das correspondências poderá ser afastado caso essa 
garantia esteja sendo utilizada para acobertar atividades ilícitas; 
IV) os dados colhidos no âmbito de investigação criminal e instrução 
processual penal poderão ser utilizados em PAD, como prova 
emprestada, contra as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, 
ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita 
dessa prova; 
V) os elementos de prova colhidos a partir de interceptação autorizada para a 
apuração de crimes puníveis com reclusão podem fundamentar denúncia para 
a investigação de crimes apenados com detenção; 
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VI) são admitidas diversas e sucessivas prorrogações do prazo de quinze dias 
da interceptação; e 
VII) não é exigida a transcrição total da conversa. 
Depois de tantos detalhes, vamos descansar fazendo questões... 
28) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/STJ/2012) De acordo com a CF, é 
admitida, mediante ordem judicial, a violação das comunicações 
telefônicas, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer, para fins de 
investigação criminal, instrução processual penal ou em processos político-
administrativos. 
Fique atento a isso! A interceptação telefônica somente pode ocorrer no curso 
de investigação criminal e instrução processual penal, não sendo possível 
a quebra do sigilo das comunicações telefônicas em processos político-
administrativos. 
Item errado. 
29) (CESPE/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/TJ-ACRE/2007) A inviolabilidade 
do sigilo de correspondência, prevista na Constituição Federal, alcança, 
inclusive, a administração penitenciária, a qual não pode proceder à 
interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados. 
Trata-se daquela noção no sentido de que não há direitos e garantias 
fundamentais de natureza absoluta. 
Segundo o STF, a administração penitenciária, com fundamento em razões de 
segurança pública, de disciplina prisional ou de prevenção da ordem jurídica, 
pode, sempre excepcionalmente, proceder à interceptação da correspondência 
remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula da inviolabilidade do sigilo 
epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas 
(HC nº 70.814/SP, rel. Min. Celso de Mello, 01.03.1994). 
Item errado. 
30) (CESPE/TFCE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO/TCU/2009) Admite-se a 
quebra do sigilo das comunicações telefônicas, por decisão judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer, para fins de investigação 
criminal ou administrativa. 
Como vimos, a CF exige que a interceptação telefônica ocorra no curso de 
investigação criminal e instrução processual penal. Não se admite a 
quebra do sigilo das comunicações telefônicas no âmbito de investigação 
administrativa. 
Item errado. 
7 - Direito à Propriedade
A Constituição assegura o direito de propriedade, como um dos direitos 
fundamentais (CF, art. 5°, XXII). Trata-se de um direito fundamental de 
primeira geração típico, reflexo da adoção do regime econômico capitalista 
pelo Brasil. 
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Em verdade, o direito de propriedade é mais um exemplo de que não há 
direitos fundamentais de natureza absoluta. A própria Constituição Federal já 
estabelece algumas limitações ao seu exercício, tais como: a exigência de 
cumprimento da função social da propriedade (CF, art. 5º, XXIII); a 
autorização para a desapropriação nas diversas hipóteses 
constitucionalmente previstas (CF, art. 5º, XXIV); a autorização para 
requisição administrativa (CF, art. 5º, XXV). 
O indivíduo tem garantido seu direito à propriedade, mas ao mesmo tempo é 
exigido dele que a faça atender a sua função social. 
Assim, a propriedade poderá ser desapropriada por necessidade ou utilidade 
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em 
dinheiro, situação na qual o direito de propriedade cede frente ao interesse 
público (CF, art. 5º, XXIV). 
Essa norma trata genericamente da desapropriação. Mas a CF/88 apresenta 
outros artigos (exceções) abordando situações específicas de desapropriação 
(ou expropriação), em que não haverá a indenização em dinheiro, a saber: 
I – art. 182, §4° – desapropriação do solo urbano não aproveitado, nos termos 
do plano diretor do município. O expropriante será o município e o pagamento 
ocorrerá em títulos da dívida pública resgatáveis em 10 anos; 
II – art. 184 – desapropriação rural por interesse social para fins de reforma 
agrária do terreno que não cumpra sua função social. O expropriante será a 
União e o pagamento ocorrerá em títulos da dívida agrária resgatáveis em 20 
anos; 
III – art. 243 – desapropriação confiscatória, sem direito a indenização e 
aplicável a terrenos com cultura ilegal de plantas psicotrópica. 
Vale destacar que foi conferida proteção especial à pequena propriedade 
rural produtiva. De acordo com a Constituição, a pequena propriedade rural, 
assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto 
de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade 
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento 
(CF, art. 5°, XXVI). 
Além da desapropriação, a requisição administrativa é outra limitação ao 
direito de propriedade. Segundo a Constituição, no caso de iminente perigo 
público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, 
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano (CF, 
art. 5°, XXV). 
Diferencia-se do instituto da desapropriação porque no caso da requisição 
administrativa a propriedade do bem continua sendo do indivíduo. Ele só 
“empresta” ao Estado, no caso de iminente perigo público. 
Sobre a requisição administrativa, o mais importante é você saber que é 
assegurada a indenização ao proprietário, mas somente no caso de haver 
dano; ademais, a indenização será ulterior (ora, só após o uso saberemos se 
houve dano ou não). 
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Dentro da esfera de proteção do direito de propriedade, a Constituição garante 
também o direito de herança (CF, art. 5°, XXX). Assim, o proprietário tem a 
segurança de que sua propriedade poderá ser transmitida aos herdeiros, 
conforme sua vontade. 
Ademais, a Constituição protege especificamente os filhos e o cônjuge 
brasileiros ao regular a sucessão de bens de estrangeiros no país. Nesse 
sentido, a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada 
pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, 
sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus” (CF, art. 
5°, XXXI ). 
Em suma, falecido o estrangeiro, a lei aplicável (brasileira ou estrangeira) para 
regular a sucessão de bens situados no país será sempre a que for mais 
favorável ao cônjuge e aos filhos brasileiros. 
Cabe observar que a nossa ordem constitucional protege não só a propriedade 
de bens corpóreos como também dos bens incorpóreos. Assim, vale 
mencionar a proteção à liberdade intelectual, como abrangendo os direitos 
autorais e a propriedade industrial (relacionada às marcas e às patentes). 
No caso da propriedade industrial, a Constituição prevê que a lei assegurará 
aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, 
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos 
nomesde empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse 
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País (CF, art. 5º, 
XXIX). 
Ou seja, poderá ocorrer de a lei restringir o uso da propriedade industrial por 
parte do autor. Observe que se trata de outra limitação ao direito de 
propriedade. 
Já o direito autoral está estabelecido nas seguintes hipóteses: 
I) aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou 
reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a 
lei fixar (CF, art. 5°, XXVII); 
II) são assegurados, nos termos da lei (CF, art. 5°, XXVIII): 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da 
imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que 
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas 
representações sindicais e associativas; 
Observe o seguinte detalhe. Diferentemente da disciplina dos inventos 
industriais, a CF/88 garante aos autores o direito exclusivo de utilização, 
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo 
tempo que a lei fixar (art. 5°, XXVII). 
Você tem de notar a maior proteção conferida ao direito ao autoral, quando 
comparada com a que foi assegurada à liberdade de propriedade industrial. 
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No caso de direito autoral sobre obras literárias, por exemplo, é garantido o 
direito exclusivo permanente, sendo que a lei irá estabelecer o período de 
utilização por parte dos herdeiros. 
Por outro lado, no caso de inventos industriais, a lei poderá limitar o 
período de utilização do próprio autor. 
31) (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO/SEGER/ES/2008) O 
direito de propriedade é limitado. Um exemplo dessa limitação é a 
previsão constitucional da desapropriação por interesse social. 
De fato, é limitado o direito de propriedade. A própria Constituição Federal já 
estabelece algumas limitações ao seu exercício, tais como: a exigência de 
cumprimento da função social da propriedade (CF, art. 5º, XXIII); a 
autorização para a desapropriação nas diversas hipóteses constitucionalmente 
previstas (CF, art. 5º, XXIV); a autorização para requisição administrativa (CF, 
art. 5º, XXV). 
Item certo. 
32) (CESPE/ ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO/DPU/2010) No caso de 
iminente perigo público, a autoridade competente poderá fazer uso de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização, 
independentemente da ocorrência de dano. 
No caso da requisição administrativa, o que gera o direito à indenização é 
exatamente a ocorrência de dano. Objetivamente: 
- Sem dano → não haverá indenização; 
- Com dano → haverá indenização, mas ela será ulterior. 
Item errado. 
33) (CESPE/NÍVEL SUPERIOR/MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA/2008) 
Francisco, italiano, faleceu no Brasil deixando uma esposa e bens no país. 
Nessa situação, não sendo favorável a lei pessoal do de cujus, a sucessão 
de seus bens será regulada pela lei brasileira. 
É o que estabelece a Constituição Federal, nos termos seguintes: “a sucessão 
de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em 
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais 
favorável a lei pessoal do “de cujus” (CF, art. 5º, XXXI). 
Item certo. 
8 - Segurança Jurídica
Em homenagem à segurança jurídica a Constituição dispõe que a lei não 
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada
(CF, art. 5°, XXXVI). 
Nesse sentido, impede-se a incidência retroativa de leis sobre situações 
jurídicas já consolidadas sob leis anteriores. Trata-se da garantia constitucional 
da irretroatividade da lei. 
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Sobre esse assunto, vale conhecer a Súmula 654 do STF, que tem o seguinte 
enunciado: “A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da 
Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha 
editado.” 
Ou seja, a entidade estatal (a União, por exemplo) não pode, hoje, estabelecer 
em lei a aplicação retroativa de certo benefício ao indivíduo e, amanhã, alegar 
a irretroatividade da lei para deixar de efetuar o pagamento de tal benefício. 
Isso porque a garantia constitucional da irretroatividade da lei foi outorgada às 
pessoas frente às entidades estatais (e não contrário). 
Assim, não faz sentido que a entidade estatal que elaborou a lei venha a 
invocar tal garantia para, futuramente, furtar-se ao cumprimento da obrigação 
estabelecida nessa lei. 
Falando em direito adquirido, segundo o Supremo Tribunal Federal, não existe 
direito adquirido em face de: (i) uma nova Constituição (texto originário); 
(ii) mudança do padrão monetário (alteração da moeda); (iii) criação ou 
aumento de tributos; ou (iv) mudança de regime estatutário. 
34) (CESPE/ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – DIREITO/INSS/2008) O princípio 
constitucional segundo o qual a lei nova não prejudicará o ato jurídico 
perfeito não se aplica às normas infraconstitucionais de ordem pública. 
A proteção da irretroatividade da lei, prevista no inciso XXXVI do art. 5º da 
Constituição Federal – “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico 
perfeito e a coisa julgada” – aplica-se tanto às leis de ordem privada quanto às 
leis de ordem pública. 
Item errado. 
9 - Direitos de Caráter Judicial e Garantias Constitucionais do Processo 
Nossa Constituição estabelece uma série de dispositivos que visam a assegurar 
ao indivíduo proteção no âmbito do processo judicial (apesar de que essas 
garantias transcendem a própria esfera judicial). 
Podemos apontar, logo de início, três postulados constitucionais que 
consubstanciam as garantias processuais do indivíduo no nosso Estado 
Democrático de Direito: 
I) O princípio da inafastabilidade da jurisdição (CF, art. 5°, XXXV); 
II) O princípio do devido processo legal (CF, art. 5°, LIV); e 
III) Os princípios do contraditório e da ampla defesa (CF, art. 5°, LV). 
9.1 – Princípio da inafastabilidade da jurisdição
Como um dos mais relevantes princípios constitucionais, podemos apontar o 
chamado princípio da inafastabilidade da jurisdição. Com efeito, 
estabelece a Carta Maior que a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito (CF, art. 5°, XXXV). 
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Esse princípio assegura que qualquer indivíduo (e também determinada pessoa 
jurídica) possa acionar o poder judiciário sempre que entenda estar sofrendo 
lesão ou ameaça a direito. 
De qualquer forma, há certas situações que fogem à apreciação do judiciário 
(um exemplo são os atos interna corporis, de competência das Casas 
legislativas). 
Decorre desse princípio o fato de que, no Brasil, não se exige o 
esgotamento das vias administrativas para que se possa acionar o poder 
judiciário. Ou seja, tendo sofrido lesão a direito por parte do poder público, 
não é condição para a tutela jurisdicional que o indivíduo tenha buscado, 
primeiro, solução nas vias administrativas. 
Todavia, essa regra apresenta algumas exceções, situações nas quais o 
indivíduo deverá a percorrer a instância administrativa antes de acionar o 
Judiciário. 
I) Habeas data: somente após a negativa administrativa é que está 
configurado o interesse de agir do indivíduo para que ele ingresse com a ação 
junto ao Poder Judiciário. 
II) Justiça Desportiva (de acordo com a própria regra constitucional

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