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Aula 04 - Constitucional

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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL 
PROFESSOR FREDERICO DIAS 
 
Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 1
Aula 4 - Direitos Fundamentais – parte 2 
Bom dia! 
Dando continuidade ao estudo dos direitos e garantias fundamentais, veremos 
na nossa aula de hoje os remédios constitucionais e os direitos sociais. 
Antes de começar, vejamos o programa da aula de hoje. 
1 – Remédios Constitucionais 
1.1 – Habeas Corpus 
1.2 – Mandado de Segurança 
1.3 – Mandado de Injunção 
1.4 – Habeas Data 
1.5 – Ação Popular 
2 – Direitos Sociais 
2.1 – Princípio da vedação ao retrocesso 
2.2 – Reserva do financeiramente possível 
2.3 – Participação do Poder Judiciário na implementação de políticas 
públicas 
2.4 – Enumeração dos direitos sociais dos trabalhadores 
2.5 – Direitos sociais coletivos dos trabalhadores 
3 – Nacionalidade 
3.1 – Brasileiros natos 
3.2 – Brasileiros naturalizados 
3.3 – Perda da Nacionalidade 
4 – Direitos Políticos 
4.1 – Perda e suspensão dos direitos políticos 
4.2 – Hipóteses de inelegibilidade 
4.3 – Impugnação do mandato 
4.4 – Disposições constitucionais referentes aos partidos políticos 
5 – Exercícios de fixação 
 
Espero que o curso esteja atendendo às suas expectativas. 
 
1 – Remédios Constitucionais 
Como vimos na aula passada, a Constituição Federal de 1988 consagrou uma 
ampla gama de direitos fundamentais para os indivíduos. Paralelamente, a fim 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL 
PROFESSOR FREDERICO DIAS 
 
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de proteger e assegurar efetividade a esses direitos, a Constituição criou 
garantias fundamentais, como são exemplos os remédios constitucionais. 
Assim, os remédios constitucionais são instrumentos colocados à disposição do 
indivíduo para salvaguardar seus direitos diante de ameaça ou abuso de poder 
por parte do Estado. 
A partir de agora, passamos a tratar de cada um dos remédios constitucionais: 
habeas corpus, mandado de segurança, mandado de injunção, habeas 
data e ação popular. 
Há ainda os remédios administrativos – direito de petição e direito de certidão 
– já estudados na aula passada. 
Antes de começarmos, vale a pena mencionar que, em dois remédios 
constitucionais em especial (habeas corpus e mandado de segurança), 
costuma-se cobrar as súmulas do STF sobre o assunto. Assim, ao final, de 
cada um desses tópicos apresentarei as principais súmulas relacionadas a cada 
um deles. 
 
1.1 – Habeas corpus 
O habeas corpus é o remédio constitucional utilizado contra ilegalidade ou 
abuso de poder relacionado ao direito de locomoção - direito de ir, vir e 
permanecer (CF, art. 5°, LXVIII). 
Portanto, desde já, guarde o seguinte detalhe: o habeas corpus só será cabível 
quando estiver em risco a liberdade de locomoção do indivíduo. 
Apenas com esse detalhe, você acerta várias questões de concurso... 
O HC pode ser: (i) repressivo (liberatório), para reparar ofensa ocorrida ao 
direito de locomoção; e (ii) preventivo (salvo-conduto), para prevenir a 
ofensa, quando há apenas ameaça ao direito de locomoção. 
Ademais, o habeas corpus é cabível não só contra ofensa direta, mas também 
frente à ofensa indireta ao direito de locomoção. A ofensa indireta ocorre 
quando o ato impugnado poderá resultar em procedimento que, no final, 
resulte na reclusão do impetrante. 
Por decorrência desse último aspecto, a jurisprudência do STF considera que 
se trata de instrumento idôneo para impugnar a determinação de quebra 
dos sigilos bancário e fiscal no curso de processo criminal, desde que essa 
medida implique ofensa indireta, potencial ou reflexa ao direito de 
locomoção. 
Ou seja, se aquela investigação (no curso da qual se determinou a quebra do 
sigilo bancário) poderá resultar ulteriormente numa pena de reclusão, 
podemos impugnar essa medida por meio de habeas corpus. Não é o caso de 
uma quebra de sigilo bancário no curso de um processo que resultará apenas 
em pena de multa (ou perda de direitos políticos). 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL 
PROFESSOR FREDERICO DIAS 
 
Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 3
O habeas corpus é ação de natureza penal e, devido à relevância do direito 
protegido (liberdade de locomoção), não se exige formalidades para a 
impetração dessa ação. 
Assim, é universal a legitimação ativa do habeas corpus. Qualquer pessoa 
poderá impetrar essa ação, sem que seja exigido advogado ou alguma 
forma pré-definida (pode ser menor, analfabeto, estrangeiro ou mesmo 
terceiro). Admite-se até que uma pessoa jurídica impetre um habeas corpus a 
fim de proteger o direito de ir e vir de um empregado ou um associado, por 
exemplo. Ademais, deve-se destacar que se trata de ação gratuita. 
Ademais, o habeas corpus pode ser impetrado tanto contra ato de autoridade 
pública, quanto contra ato de particular, para fazer cessar uma coação 
ilegal (por exemplo, admite-se a impetração de HC contra um hospital que 
esteja ferindo o direito de locomoção de um paciente). 
Vale comentar outra jurisprudência relevante. De acordo com a Constituição 
não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares (CF, 
art. 142, § 2º). 
Todavia, o STF firmou entendimento no sentido de que não seria cabível 
habeas corpus para se discutir o mérito das punições militares. Mas, 
segundo essa ideia, a Constituição não impediria que se impetrasse habeas 
corpus para serem examinados os pressupostos de legalidade da medida 
(por exemplo: competência da autoridade militar, cumprimento dos 
procedimentos, pena cabível etc.). 
Bem, para finalizar, como têm sido cobradas diversas questões sobre súmulas 
do STF, seguem abaixo algumas que entendo serem importantes de se 
conhecer. 
Súmula 606 - Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de 
decisão de turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo 
recurso. 
Súmula 693 - Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de 
multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena 
pecuniária seja a única cominada. 
Súmula 691 – Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas 
corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a 
tribunal superior, indefere a liminar. 
Súmula 694 – Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão 
de militar ou de perda de patente ou de função pública. 
Súmula 695 – Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de 
liberdade. 
Vejamos algumas questões sobre habeas corpus. 
1) (CESPE/JUIZ/TJ/2012) A legitimidade para impetrar habeas corpus 
pertence apenas à pessoa natural afetada por qualquer medida que 
restrinja ou ameace restringir a sua liberdade de locomoção. 
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Admite-se habeas corpus em favor de terceiro. Por exemplo, João pode imetrar 
habeas corpus em favor de Antônio, se este último estiver sofrendo ameaça à 
sua liberdade de locomoção. 
Item errado. 
2) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MPS/2010) Sempre que alguém sofrer 
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de 
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, caberá mandado de 
segurança. 
Esta questão ficou fácil... Ainda vamos estudar o mandado de segurança; mas, 
como você acabou de estudar, o habeas corpus (e não o mandado de 
segurança) é o remédio adequado para tutelar a liberdade de locomoção. 
Item errado. 
3) (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO / ADMINISTRATIVA II / TRE / MT / 2010) 
O habeas corpus pode ser impetrado tanto contra ato emanado do poder 
público como contra ato de particular, sempre quealguém sofrer ou se 
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de 
locomoção. 
É importante ter este detalhe em mente: o HC pode ser utilizado também 
contra ato de particular, caso alguém se tenha violada a sua liberdade de 
locomoção. 
Nesse sentido, é cabível habeas corpus contra o ato de dirigente de hospital 
particular, por exemplo? 
Isso seria possível sim. Para exemplificar, imagino a hipótese de um hospital 
que vede a saída de seu paciente enquanto não tenha sido quitada a estadia. 
Item certo. 
4) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) O habeas corpus constitui, segundo o 
STF, medida idônea para impugnar decisão judicial que autoriza a quebra 
de sigilos fiscal e bancário em procedimento criminal. 
Como visto, o habeas corpus é sim instrumento idôneo para impugnar a 
determinação de quebra dos sigilos bancário e fiscal no curso de processo 
criminal, desde que essa medida implique ofensa indireta, potencial ou 
reflexa ao direito de locomoção. 
Item certo. 
5) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) O sujeito passivo do habeas 
corpus será a autoridade pública, pois somente ela tem a prerrogativa de 
restringir a liberdade de locomoção individual em benefício do interesse 
público ou social, razão pela qual não se admite sua impetração contra ato 
de particular. 
Comentei isso. Também pessoas privadas podem figurar no pólo passivo do 
habeas corpus. Um exemplo clássico é o do paciente que pretende impetrar a 
ação contra ato de agente de um hospital que esteja ilegalmente impedindo a 
sua saída. 
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Item errado. 
6) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) De acordo com entendimento do STF, é 
cabível a impetração de habeas corpus, dirigido ao plenário da Suprema 
Corte, contra decisão colegiada proferida por qualquer de suas turmas. 
Bem, de acordo com Alexandre de Moraes, "as decisões de qualquer das 
Turmas do Pretório Excelso são inatacáveis por habeas corpus, uma vez que a 
Turma quando profere julgamento, em matéria de sua competência, 
representa o próprio Supremo Tribunal Federal. Dessa forma, a circunstância 
do objeto impugnado ser decisão emanada da própria corte - órgão fracionário 
ou não - inviabiliza o ajuizamento do writ." 
Qual é o fundamento para essa doutrina? 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, não se admite habeas corpus originário 
para fins de se impugnar decisões de qualquer das turmas do STF, visto que 
esses órgãos, quando decidem, representam o próprio Tribunal. 
O que se utilizou para decidir assim foi a reverência ao princípio da gradação 
judiciária ou da hierarquia, segundo o qual se impetraria a ação em um grau 
contra ato de autoridade de grau inferior. Ou seja, para o Supremo, não seria 
admitido nesse caso que um órgão, ou juiz, ordenasse a si mesmo 
determinada medida ou ação. 
Em suma, se a Turma do STF proferiu a decisão não dá para se impetrar 
habeas corpus para o plenário, pois a decisão da turma é considerada a 
decisão do próprio STF. 
Item errado. 
7) (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/SUPORTE ÀS ATIVIDADES NA 
ÁREA DE DIREITO/PS/MS/2008) A perda de direitos políticos pode ser 
tutelada constitucionalmente mediante a utilização do instrumento do 
habeas corpus. 
Não se esqueça: só cabe habeas corpus se houver ofensa (ou ameaça de 
ofensa) ao direito de locomoção. Assim, perda dos direitos políticos, por não 
ameaçar o chamado direito de ir, vir e permanecer, não pode ser assegurado 
mediante HC. 
Item errado. 
8) (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO – ÁREA DE CONHECIMENTO 
11/ANA/2006) A garantia constitucional do habeas corpus não é cabível 
em relação a punições militares, conforme previsão expressa da Carta de 
1988. 
O Cespe considerou correta a questão, de acordo com o § 2º do art. 142 da 
Constituição Federal, que determina expressamente que “não caberá habeas 
corpus em relação a punições disciplinares militares”. 
A questão cobrou o básico, digamos “conforme previsão expressa na CF/88”.... 
Mas o STF já decidiu que os pressupostos da legalidade de uma 
penalidade militar poderão sim ser discutidos em sede de habeas 
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corpus. O que não se admite é a impetração de HC para discutir o mérito 
dessas decisões. 
Item certo. 
 
1.2 - Mandado de segurança 
Segundo a Constituição, conceder-se-á mandado de segurança para proteger 
direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", 
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade 
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder 
Público (CF, art. 5°, LXIX). 
O mandado de segurança será concedido para proteger direito líquido e 
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, 
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer 
violação (por ação ou por omissão) ou houver justo receio de sofrê-la por 
parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções 
que exerça (Lei 12.016/09). 
Portanto, de acordo com essa definição: 
I) tem natureza subsidiária, na medida em que é cabível apenas quando o 
direito não tiver amparado por outros remédios constitucionais; 
II) o mandado de segurança pode ser repressivo (caso sofra violação) ou 
preventivo (caso haja apenas receio de violação); 
III) são legitimadas a impetrar o mandado de segurança tanto pessoas 
físicas como jurídicas, nacionais ou estrangeiras, independentemente de 
residirem no Brasil ou no exterior; até mesmo órgãos públicos podem impetrar 
essa ação, em defesa de suas prerrogativas e atribuições; 
IV) mesmo a omissão de autoridade pode ensejar impetração de mandado 
de segurança, se violar direito líquido e certo; 
V) as autoridades contra as quais se impetra a ação poderão ser agentes 
públicos ou mesmo qualquer pessoa que esteja exercendo função 
pública (nesse último caso, só no que diz respeito a essa função). 
A lei do mandado de segurança equipara expressamente às autoridades os 
representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de 
entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as 
pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no 
que disser respeito a essas atribuições (Lei 12.016/09, art. 1°, §1°). 
Vale comentar que o mandado de segurança é ação de natureza civil, ainda 
quando impetrado contra ato de juiz criminal, praticado em processo 
penal. 
Lembre-se de um detalhe importante: os atributos de certeza e liquidez 
referem-se à matéria de fato, e não à matéria de direito. É dizer, o direito 
deve resultar de fato certo, com prova inequívoca. Assim, não há óbice para se 
impetrar mandado de segurança em assuntos juridicamente controvertidos. 
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Daí o entendimento de que não há dilação probatória no mandado de 
segurança. 
Atenção! Não caberá mandando de segurança contra (Lei 12.016/09, art. 
5°): 
I - ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, 
independentemente de caução; 
II - decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; 
III - decisão judicial transitada em julgado; 
IV - atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas 
públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço 
público (Lei 12.016/09, art. 1°, §2°). 
É de se observar que os processos de mandado de segurança e os respectivos 
recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus 
(art. 20). 
O direitode requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 
(cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato 
impugnado. Isso é importante! Pois, o STF fixou entendimento de que é 
constitucional esse prazo decadencial de 120 dias. 
A lei admite a concessão de medida liminar em mandado de segurança. 
Entretanto, não será concedida medida liminar que tenha por objeto: (i) a 
compensação de créditos tributários, (ii) a entrega de mercadorias e bens 
provenientes do exterior, (iii) a reclassificação ou equiparação de servidores 
públicos e (iv) a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou 
pagamento de qualquer natureza. 
Segundo o STF, é lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de 
segurança, independentemente de aquiescência da autoridade coatora 
(ou entidade interessada). (MS 26.890-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, 
julgamento em 16-9-09, Plenário). 
Quanto à competência para julgamento do mandado de segurança, ela é 
definida pela categoria da autoridade coatora e sua sede funcional. 
Ou seja, é a partir da autoridade que comete o ato coator, que se estabelece 
quem será competente para o julgamento da ação. Assim, por exemplo, 
compete ao STF processar e julgar, originariamente, o mandado de segurança 
contra ato do Presidente da República ou contra ato do TCU (CF, art. 102, I, 
“d”). 
A Constituição Federal de 1988 prevê ainda a figura do mandado de 
segurança coletivo. É interessante você observar que pela primeira vez essa 
“versão coletiva” do mandado de segurança foi regulamentada em legislação 
infraconstitucional (a “antiga” lei era de 1951 e não tratava disso). 
Assim, o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por (art. 21): 
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I - partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de 
seus interesses legítimos relativos aos seus integrantes ou à finalidade 
partidária; ou 
II - organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente 
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa 
de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou 
associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas 
finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. 
Vamos aos detalhes... Em primeiro lugar, para ter representação no 
Congresso, o partido necessita de apenas um parlamentar, seja Deputado ou 
Senador. 
Em segundo lugar, tenha em mente que esse requisito de um ano de 
constituição e funcionamento destina-se apenas às associações, não se 
aplicando a organizações sindicais ou entidades de classe. 
Cabe observar que para a impetração do MS coletivo não se exige autorização 
especial dos associados, tendo em vista que se trata de substituição 
processual (CF, art. 5°, LXX) e não de representação processual (CF, art. 5°, 
XXI). 
De se destacar que a Súmula 630 do STF estabelece que a entidade de classe 
tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão 
veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, na disciplina constitucional do mandado 
de segurança coletivo, não se tem, quanto à legitimação ativa, a 
exigência de tratar-se de entidade de classe que congregue categoria 
única (RMS 21.514, Rel. Min. Marco Aurélio, 18-6-93). 
Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo dividem-se em 
(art. 21, §1°): 
I - coletivos → 
transindividuais, de natureza indivisível, de que seja 
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si 
ou com a parte contrária por uma relação jurídica 
básica; 
II - individuais 
homogêneos 
→ 
decorrentes de origem comum e da atividade ou 
situação específica da totalidade ou de parte dos 
associados ou membros do impetrante. 
Quanto à liminar no âmbito do MS coletivo, só poderá ser concedida após a 
audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito 
público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas. 
Outro aspecto importante: a legitimação constitucionalmente conferida aos 
partidos políticos para a impetração de mandado de segurança coletivo (CF, 
art. 5º, LXX) não autoriza que esses impetrem essa ação para impugnar 
majoração de tributos, em razão de ser esse interesse dos contribuintes de 
natureza individualizável, e não difuso. 
Vejamos algumas importantes súmulas do STF sobre o mandado de segurança. 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL 
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Súmula 266 - Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. 
Súmula 269 - O mandado de segurança não é substitutivo de ação de 
cobrança. 
Súmula 271 - Concessão de mandado de segurança não produz efeitos 
patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados 
administrativamente ou pela via judicial própria. 
Súmula 304 - Decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo 
coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria. 
Súmula 429 - A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não 
impede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade. 
Súmula 430 - Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o 
prazo para o mandado de segurança. 
Súmula 510 - Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência 
delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial. 
Súmula 512 - Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de 
mandado de segurança. 
Súmula 624 - Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer 
originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais. 
Súmula 625 - Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de 
mandado de segurança. 
9) (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO / ADMINISTRATIVA II / TRE / MT / 2010) 
O mandado de segurança pode ser interposto mesmo contra ato 
administrativo do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, 
independentemente de caução. 
A nova lei do mandado de segurança mantém a regra já existente na lei 
anterior no sentido de se vedar a utilização do mandado de segurança quando 
se tratar de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, 
independentemente de caução (Lei 12.016/09, art. 5°, I). 
Ou seja, se o ato impugnado puder ser suspenso por meio das vias 
administrativas não há que se utilizar do mandado de segurança. 
Entretanto, no caso de omissão ilegal ou abusiva que enseje a impetração do 
mandado de segurança, a existência de recurso administrativo com efeito 
suspensivo não impede o uso desse remédio constitucional. 
Item errado. 
10) (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO / ADMINISTRATIVA II / TRE / MT / 2010) 
O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por pessoas 
jurídicas, públicas ou privadas, como as organizações sindicais e as 
entidades de classe legalmente constituídas, mas não por partidos 
políticos. 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL 
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Os partidos políticos com representação no Congresso Nacional são legitimados 
para a impetração do mandado de segurança coletivo (CF, art. 5°, LXX e art. 
21 da Lei 12.016/09). 
Item errado. 
11) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) O mandado de segurança 
pode ser impetrado por pessoas naturais, mas não por pessoas jurídicas, 
em defesa de direitos individuais. 
As pessoas jurídicas também têm legitimidade ativa para a impetração de 
mandado de segurança. 
Item errado. 
12) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) Tal como ocorre na ADI, não é admitida 
a impetração de mandado de segurança contra lei ou decreto de efeitosconcretos. 
A assertiva afirma o contrário do decidido pela Suprema Corte. Em realidade, 
não cabe mandado de segurança contra lei em tese, salvo quando produtora 
de efeitos concretos (STF, Súmula nº 266). 
Item errado. 
13) (CESPE/JUIZ/TJ/2012) O mandado de segurança coletivo pode ser 
impetrado por organização sindical, entidade de classe ou associação 
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em 
defesa dos interesses de seus membros ou associados, mas não por 
partido político, que não possui representação para a defesa de direitos de 
categorias sociais em particular. 
Vimos que o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado também por 
partido político com representação no Congresso Nacional (CF, art. 5°, LXX, 
“a”). 
Item errado. 
14) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) 
Diferentemente das organizações sindicais, das entidades de classe e das 
associações, os partidos políticos não têm legitimidade para impetrar 
mandado de segurança coletivo. 
Os partidos políticos com representação no Congresso Nacional são legitimados 
para a impetração do mandado de segurança coletivo (CF, art. 5°, LXX e art. 
21 da Lei 12.016/09). 
Item errado. 
15) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) O STF pacificou entendimento no 
sentido de que a desistência, no mandado de segurança, não depende de 
aquiescência do impetrado. No entanto, essa regra não se aplica aos casos 
em que a desistência é parcial. 
Comentei essa jurisprudência do Supremo (a desistência, no mandado de 
segurança, não depende de aquiescência do impetrado). Vale destacar, essa 
mesma regra aplica-se também aos casos em que a desistência é parcial. 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL 
PROFESSOR FREDERICO DIAS 
 
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Item errado. 
16) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) A prática de ato que configure 
abuso de poder por autoridade que exerce competência delegada faz que 
o mandado de segurança interposto contra este ato tenha, no pólo 
passivo, a autoridade que transferiu os poderes por delegação. 
Segundo a Súmula 510, praticado o ato por autoridade, no exercício de 
competência delegada, contra ela (a autoridade delegada e não a autoridade 
delegante) cabe o mandado de segurança ou a medida judicial. 
Item errado. 
17) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/ÁREA:CONTROLE 
EXTERNO/TCU/2008) Considere a seguinte situação hipotética. Embora 
houvesse previsão legal, um ministério demorou três anos para efetuar a 
promoção dos membros de uma categoria de fiscais federais a diversos 
níveis da carreira e a fez sem o pagamento dos atrasados. Entendendo ser 
líquido e certo o seu direito, um grupo de trinta servidores constituiu 
advogado para impetrar mandado de segurança com pedido de liminar 
contra a omissão do secretário de recursos humanos da pasta, visando 
obrigá-lo a efetuar imediatamente o pagamento das parcelas em atraso. 
Nessa situação, o juiz não precisará ouvir a autoridade apontada como 
coatora antes de apreciar o pedido de medida liminar, pois não se trata de 
mandado de segurança coletivo; quanto à medida liminar requestada, 
deverá ser indeferida, pois existe legislação específica que proíbe sua 
concessão para o pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias a 
servidores públicos. 
Questão de altíssimo nível! 
Veja o que dispõe o parágrafo 2° do art. 22 da Lei 12.096/09: “no mandado de 
segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do 
representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá 
se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.” 
Pois bem. O que confunde muita gente é achar que um grupo de servidores 
com interesse comum deve impetrar mandado de segurança coletivo,o que não 
é correto. 
Na situação apresentada, trata-se da impetração de um mandado de 
segurança mediante a formação de litisconsórcio ativo (pluralidade de sujeitos 
no pólo ativo da ação). 
O mandado de segurança coletivo (impetrado por entidades, associações, 
partidos políticos) não se confunde com o mandado de segurança impetrado 
por um grupo de pessoas em litisconsórcio ativo. 
E a necessidade de audiência da autoridade coatora antes da medida liminar se 
restringe ao mandado de segurança coletivo. 
Já o segundo aspecto da questão pode ser respondido com o conhecimento do 
parágrafo 2° do art. 7° da Lei do Mandado de Segurança, segundo o qual, não 
será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de 
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créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, 
a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão 
de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer 
natureza. 
Item certo. 
18) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) Associação com seis 
meses de constituição pode impetrar mandado de segurança coletivo. 
Para a impetração de mandado de segurança coletivo, a associação deverá 
comprovar estar legalmente constituída e em pleno funcionamento há pelo 
menos um ano (CF, art. 5º, LXX). 
Item errado. 
19) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) Julgado procedente o pedido 
encaminhado via mandado de segurança, estarão garantidos ao 
impetrante não só o afastamento do ato ilegal e abusivo, como também os 
efeitos patrimoniais anteriores à própria impetração. 
Ao se afastar o ato ilegal, estão garantidos eventuais valores devidos após a 
impetração da ação. Esses sim estarão resguardados. Ao contrário, valores 
referentes ao período anterior à impetração do mandado de segurança não 
serão assegurados por meio do mandado de segurança, devendo eles 
ser executados pelas vias ordinárias próprias, administrativa ou judicialmente. 
Observe a Súmula 271 do STF: 
“Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em 
relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados 
administrativamente ou pela via judicial própria.” 
Item errado. 
20) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) O pedido de reconsideração na via 
administrativa, desde que protocolado dentro do prazo de 120 dias da 
ciência do ato impugnado, suspende o prazo decadencial para impetração 
do mandado de segurança. 
O pedido de reconsideração na via administrativa não suspende nem 
interrompe o prazo decadencial – de 120 dias - para a impetração do 
mandado de segurança. Esse é o entendimento do STF, exposto na Súmula 
630: 
“Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o 
mandado de segurança.” 
Item errado. 
21) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/STJ/2004) Passeatas, 
comícios, desfiles, cortejos e banquetes de natureza política constituem 
eventos que podem ser elementos do direito de reunião passível de tutela 
jurídica efetiva por meio do mandado de segurança. 
E aí, habeas corpus ou mandado de segurança? Muita gente faz confusão 
nisso... 
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Bem, passeatas, comícios, desfiles, cortejos e banquetes de natureza política 
são manifestações do direito de reunião. Ilegalidades ou arbitrariedades 
contrárias ao exercício do direito constitucional de reunião são reparáveis 
mediante a impetração de mandado de segurança (e não habeas 
corpus). 
Item certo. 
 
1.3 - Mandado de Injunção 
Segundo o inc. LXXI do art. 5° da CF/88: “conceder-se-á mandado de 
injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o 
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes 
à nacionalidade, à soberania e à cidadania.” 
Ou seja, se um indivíduo perceber que omissãogovernamental está 
inviabilizando o exercício de seus direitos e liberdades constitucionais e das 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania poderá 
utilizar-se do mandado de injunção. 
O que quero que você entenda é que o constituinte de 1988 criou essa figura 
como forma de dar efetividade ao texto constitucional. Afinal de contas, não 
adianta criar um direito e não viabilizá-lo posteriormente por omissão 
legislativa, não é verdade? 
Mas é importante você ter em mente que esse é um remédio constitucional a 
ser utilizado para viabilizar o exercício de direito previsto na Constituição 
Federal, mas carente de regulamentação. Se o direito for previsto em 
norma infraconstitucional (lei, medida provisória, tratado internacional com 
força de lei etc.) não cabe o mandado de injunção. 
Assim, entenda quais são pressupostos de cabimento do mandado de injunção: 
I – falta de norma regulamentadora de um preceito constitucional de 
natureza mandatória; 
II – inviabilização do exercício de um direito ou liberdade constitucional; 
III – o transcurso de prazo razoável para a elaboração da norma. 
Estabelecendo então uma relação entre esse assunto e a classificação 
elaborada pelo prof. José Afonso da Silva (quanto à aplicabilidade das normas 
constitucionais), podemos observar que as normas constitucionais cuja 
ausência de regulamentação dará ensejo à impetração de mandado de 
injunção são as de eficácia limitada, salvo aquelas definidoras de princípios 
institutivos de natureza facultativa. 
Antigamente, ao julgar um mandado de injunção, o STF apenas declarava a 
mora legislativa em editar lei que regulamentasse determinado direito. Essa 
posição era classificada como não-concretista e tinha pouca efetividade para 
o impetrante do Mandado de Injunção, pois a norma constitucional permanecia 
não regulamentada e o exercício do seu direito obstado. 
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Mas, posteriormente, o STF passou a adotar a corrente concretista no 
mandado de injunção, em que a própria decisão é capaz de viabilizar o 
exercício do direito e afastar a lesividade da inércia do legislador. 
Com isso, ao julgar procedente o mandado de injunção, o Tribunal passou a 
concretizar, desde logo, o exercício do direito constitucional carente de norma 
regulamentadora. 
Isso já aconteceu. No mandado de injunção em que se discutia o direito de 
greve do servidor público, o STF firmou entendimento de que, até que seja 
elaborada a lei específica reclamada pela Constituição (art. 37, VII), os 
servidores poderão exercer o direito de greve, obedecendo-se ao regramento 
da lei de greve do setor privado (Lei nº 7.783/1989). 
Portanto, guarde isto: atualmente, o STF adota a posição concretista no 
tocante aos efeitos do mandado de injunção. 
Por fim, vale comentar que não existe referência a mandado de injunção 
coletivo na Constituição Federal. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal 
firmou entendimento de que as entidades legitimadas à impetração do 
mandado de segurança coletivo (nos termos da CF/88, art. 5º, LXX) podem, 
também, impetrar mandado de injunção coletivo. 
22) (CESPE/MANUT. ARMAMENTO LEVE/PM/DF/2010) A CF prevê, entre outras 
garantias fundamentais, o mandado de injunção como instrumento para 
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do 
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades 
governamentais ou de caráter público. 
A situação apresentada não tem relação nenhuma com o mandado de 
injunção, cabível contra a omissão do Poder Público em editar norma 
regulamentadora de determinado direito constitucional. 
Na realidade, a questão misturou o mandado de injunção com o habeas data 
(a ser estudado a seguir). Este sim tem por finalidade assegurar o 
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de 
registros ou bancos de dados. 
Item errado. 
23) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT - 9ª 
REGIÃO/2007) Para o STF, decisão proferida nos autos do mandado de 
injunção poderá, desde logo, estabelecer a regra do caso concreto, de 
forma a viabilizar o exercício do direito a liberdades constitucionais, a 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, 
afastando as conseqüências da inércia do legislador. 
Atualmente, o STF adota a chamada posição concretista quanto aos efeitos 
da decisão proferida no mandado de injunção. Portanto, ao julgar procedente a 
ação, o Tribunal passa a concretizar, desde logo, o exercício do direito 
constitucional carente de norma regulamentadora. 
Item certo. 
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24) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2006) O mandado de injunção é 
instrumento a ser utilizado para viabilização de direito assegurado em lei, 
mas sem a regulamentação das autoridades competentes. 
O mandado de injunção deve ser utilizado para se garantir efetividade de 
direito previsto na Constituição Federal, e não de direito previsto apenas 
em normas infraconstitucionais. 
Item errado. 
 
1.4 – Habeas Data 
O habeas data é cabível contra ato de autoridade pública ou de agente de 
pessoa privada que possua registros ou banco de dados de caráter 
público (CF, art. 5º, LXXII). Será concedido para: 
(i) o conhecimento de informações; 
(ii) a retificação de dados; ou 
(iii) a complementação de dados. 
O habeas data é cabível contra ato de autoridade pública ou de agente de 
pessoa privada que possua registros ou banco de dados de caráter 
público (CF, art. 5º, LXXII). Um exemplo seria a impetração de habeas data 
para acesso ao banco de dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). 
Pode ser impetrado por qualquer pessoa física ou jurídica, brasileiro ou 
estrangeiro. Entretanto, tem caráter personalíssimo: não é cabível para o 
conhecimento de informações de terceiros. 
Detalhe importante sobre o habeas data. A jurisprudência do STF firmou-se no 
sentido de que, para a impetração do habeas data, é imprescindível a 
comprovação de negativa administrativa. 
Assim, só é dado ao interessado ajuizar habeas data perante o Poder Judiciário 
após receber uma negativa em seu pedido administrativo. Trata-se de 
interesse de agir do interessado. 
Interessa, por fim, observar que se trata de ação gratuita, como também 
ocorre com o habeas corpus e a ação popular (e não há pagamento de ônus 
de sucumbência – honorários advocatícios). Entretanto, é necessário advogado 
para a impetração. 
25) (CESPE/JUIZ/TJ/2012) O habeas data é ação de natureza mandamental 
que se destina a assegurar o conhecimento de informações pessoais 
constantes de registro de bancos de dados governamentais ou de caráter 
público, mas que não dá ensejo à retificação de dados errôneos deles 
constantes. 
Como vimos, o habeas data pode ser impetrado também para fins de 
retificação de dados (CF, art. 5º, LXXII). 
Item errado. 
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26) (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/STJ/2012) O mandado de injunção garante 
ao impetrante o direito de conhecer as informações relativas a sua pessoa 
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais 
ou de caráter público. 
Questão bem simples. Tentou confundir o candidato misturando os conceitos 
do habeas data e do mandado de injunção. 
Item errado. 
27) (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO / ADMINISTRATIVA II / TRE/MT / 2010) 
O habeas data destina-se a assegurar o conhecimento de informações 
pessoais constantes de registro de bancos de dados de entidades 
governamentaisou de caráter público, desde que geridas por servidores 
do Estado. 
A assertiva está incorreta, pois mesmo banco de dados geridos por pessoas 
privadas poderá ensejar a impetração de habeas data que vise a assegurar o 
conhecimento de informações pessoais do interessado. É o caso do banco de 
dados do SPC, por exemplo. 
Item errado. 
28) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) Habeas data 
é o remédio constitucional adequado para o caso de recusa de 
fornecimento de certidões para defesa de direitos e esclarecimento de 
situações de interesse pessoal, próprio ou de terceiros, assim como para o 
caso de recusa de obtenção de informações de interesse particular, 
coletivo ou geral. 
A questão faz menção ao direito de certidão (CF, art. 5°, XXXIV, “b”) e ao 
direito de informação (CF, art. 5°, XXXIII), assuntos estudados na aula 
anterior. 
Ao contrário do que muita gente pensa, o habeas data não serve como 
instrumento de tutela desses direitos. 
Assim, imagine que, no exercício do meu direito de certidão, eu solicite a 
determinado órgão público a emissão de um documento que declare uma 
situação existente (uma certidão) e isso me seja negado. 
Agora, suponha a hipótese em que eu fracasse na tentativa de ter acesso a 
determinada informação de um órgão público (o valor de um contrato 
administrativo de coleta de lixo, por exemplo, no exercício do meu direito de 
informação). 
Em nenhuma dessas hipóteses será cabível a utilização de habeas data. Na 
verdade, deverei utilizar o mandado de segurança como instrumento de 
combate a essas negativas irregulares. 
Item errado. 
29) (CESPE/AGENTE/PF/2009) Conceder-se-á habeas data para assegurar o 
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante ou à de 
terceiros, constantes de registros ou bancos de dados de entidades 
governamentais ou de caráter público. 
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De se destacar o caráter personalíssimo do habeas data (não é cabível para o 
conhecimento de informações de terceiros). 
Item errado. 
30) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) A CF assegura a todos, 
independentemente do pagamento de taxas, a obtenção de certidões em 
repartições públicas, para a defesa de direitos e esclarecimentos de 
situações de interesse pessoal. Nesse sentido, não sendo atendido o 
pedido de certidão, por ilegalidade ou abuso de poder, o remédio cabível 
será o habeas data. 
Meu caro, não caia nessa... O instrumento para tutela do direito de certidão é 
o mandado de segurança e não o habeas data. O habeas data é cabível 
contra ato de autoridade que possua registros ou banco de dados de 
caráter público e serve: (i) para o conhecimento de informações; (ii) para a 
retificação de dados; ou (iii) para a complementação de dados (CF, art. 5º, 
LXXII). 
Item errado. 
31) (CESPE/NÍVEL SUPERIOR/ANATEL/2008) Qualquer cidadão poderá 
impetrar habeas data no Poder Judiciário para assegurar o conhecimento 
de informações relativas a sua pessoa disponíveis na Agência Nacional de 
Telecomunicações (ANATEL), independentemente de ter formulado o 
pedido diretamente na agência. 
Para a impetração do habeas data, é imprescindível a comprovação de 
negativa administrativa. 
Item errado. 
32) (CESPE/TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA/TJ/RJ/2008) O habeas data 
é o instrumento adequado à garantia do direito à liberdade de locomoção. 
A assertiva trocou habeas data com habeas corpus, tendo em vista que essse 
último é que se destina a garantir o direito à liberdade de locomoção. 
Item errado. 
33) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/STF/2008) A CF exige 
que o habeas data seja cabível apenas contra ato de autoridade pública. 
Como visto, o habeas data também é cabível contra ato de agente de pessoa 
privada que possua registros ou banco de dados de caráter público (CF, 
art. 5º, LXXII), como é o caso do banco de dados do Serviço de Proteção ao 
Crédito (SPC). 
Item errado. 
 
1.5 - Ação Popular 
A ação popular é outro tipo de remédio constitucional, previsto para anular 
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado 
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participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao 
patrimônio histórico e cultural. 
Nos termos do art. 5°, LXXIII da CF/88: “qualquer cidadão é parte legítima 
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou 
de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio 
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo 
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.” 
É de se observar que a ação popular: 
I - destina-se à defesa de direitos coletivos; 
II - é remédio constitucional colocado à disposição de qualquer cidadão, como 
forma de controle da administração pública; 
III - é ação gratuita e de natureza cível; e 
IV – pode ser utilizada de modo preventivo ou repressivo. 
Observe que a AP é ação relacionada ao controle da Administração Pública, 
na medida em que se destina à fiscalização da gestão da coisa pública. Nesse 
sentido, o cidadão pode intentar a anulação de um ato lesivo ao patrimônio 
público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio 
histórico e cultural. Assim, liga-se ao espírito republicano (prestação de 
contas), na medida em que o cidadão não atua na defesa de interesse próprio, 
mas sim da coletividade. 
Chama atenção o âmbito de proteção da ação popular, por ser bastante amplo: 
abrange tanto o patrimônio material, como o moral, o histórico, o ambiental e 
o cultural. 
Ademais, o cabimento da ação popular não exige a comprovação de efetivo 
dano material, pecuniário. Segundo entendimento do Supremo, a própria 
ilegalidade do ato já pressupõe lesividade bastante para a propositura da 
ação. 
Importante! Segundo a jurisprudência do STF, não cabe ação popular 
contra ato de natureza jurisdicional (decisões judiciais) ou, em outras 
palavras, os atos de natureza jurisdicional são imunes à ação popular (não 
podem ser atacados na via da ação popular). 
Mas veja a sutileza do detalhe: alguns atos de magistrados poderão ser 
atacados por ação popular. É que eles também praticam atos 
administrativos (por exemplo, nomeação de um servidor ou realização de 
licitação para aquisição de novos computadores), e esses atos poderão ser 
normalmente atacados por meio de ação popular (afinal, somente os atos 
jurisdicionais não podem ser objeto de ação popular). 
É importante frisar que a legitimidade para impetração da AP é exclusiva 
do cidadão (no pleno gozo de seus direitos políticos). Assim, não pode o 
Ministério Público dar início a esse tipo de ação. Entretanto, o MP tem papel 
importante na ação popular: (i) atua como parte pública autônoma, podendo 
opinar pela procedência ou não da ação; e (ii) poderá atuar como substituto e 
sucessor do autor, caso este abandone a ação ou se omita. 
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Por fim, vale comentar que a ação popular é ação de natureza cível. Assim, 
não é alcançada pela competência do foro especial por prerrogativa de 
função perante o STF. 
É de se destacar que essa ação poderá ser utilizada na fiscalização da 
constitucionalidade das leis, desde que na via incidental, diante de casos 
concretos. 
34) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) Um promotor de justiça, 
no uso de suas atribuições, poderá ingressar com ação popular. 
Somente o cidadão pode impetrar ação popular. Um promotor até poderia, 
mas como um cidadãocomum, e não em sua atuação como membro do 
Ministério Público. 
A propósito, um detalhe importante: um jovem de 16 pode ser legitimado a 
interpor ação popular? E aí? 
Pode sim, pois a cidadania relaciona-se ao gozo de direitos políticos e civis. 
Assim, um jovem de 16 anos, desde que esteja munido de seu título de eleitor, 
é cidadão e, assim, legitimado à proposição de AP. 
Item errado. 
35) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) Se o autor 
da ação popular dela desistir, o MP poderá, entendendo presentes os 
devidos requisitos, dar-lhe prosseguimento. 
Como vimos, a iniciativa da ação popular compete ao cidadão, e não ao 
Ministério Público. 
Apesar disso, o MP pode promover a prosseguimento de ação popular 
impetrada por cidadão e por ele posteriormente abandonada. 
De fato, a lei que regulamenta a Ação Popular estabelece que, se o autor 
desistir da ação, assegura-se ao representante do Ministério Público promover 
o prosseguimento da ação (art. 9° da Lei 4.717/65). 
Item certo. 
36) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) Por serem ambas ações de cunho 
especial voltadas a proteger direitos violados por atos ilegais e lesivos, 
praticados por autoridades públicas, é correto afirmar que o mandado de 
segurança e a ação popular possuem finalidades próximas, sendo, em 
determinadas situações, indiferente que se ajuíze uma ou outra. 
Mandado de segurança e ação popular são instrumentos bastante diferentes. 
Aliás, o STF já até sumulou entendimento de que uma ação não substitui a 
outra: 
“O mandado de segurança não substitui ação popular” (Súmula nº 101). 
Item errado. 
37) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) É vedado ao condenado por 
improbidade administrativa com a perda de direitos políticos, enquanto 
perdurarem os efeitos da decisão judicial, a propositura de ação popular. 
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Só é legitimado à propositura de ação popular o cidadão (no pleno gozo de 
seus direitos políticos). 
Item certo. 
38) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/STF/2008) A ação 
popular contra o presidente da República deve ser julgada pelo STF. 
A ação popular é ação de natureza cível. Assim, não é alcançada pela 
competência do foro especial por prerrogativa de função perante o STF. 
Item errado. 
 
2 – Direitos Sociais 
Os direitos sociais constituem dimensão dos direitos fundamentais que objetiva 
possibilitar melhores condições de vida aos homens e mulheres, assegurando o 
atendimento do princípio da igualdade entre os homens. 
Podemos afirmar que se originam com o surgimento do Estado Social, em 
que se passa a exigir uma atitude comissiva do Estado em favor do bem-estar 
do indivíduo. 
Com isso, naquela classificação em dimensões (ou gerações), os direitos 
sociais figuram na segunda dimensão: direitos ligados aos ideais do Estado 
social, de natureza positiva, com foco na igualdade entre os homens (direitos 
sociais, culturais e econômicos). 
Na Constituição Federal de 1988, os direitos sociais encontram-se catalogados 
entre os arts. 6° e 11. Segundo o art. 6°, são direitos sociais: 
A educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
Veja que destaquei os direitos à moradia e à alimentação no art. 6°. É que são 
inovações promovidas por emendas constitucionais. 
Quanto ao direito à moradia, vale uma ressalva: embora previsto 
expressamente como direito social, o Supremo entende que o bem de família 
de uma pessoa que assume condição de fiador em contrato de aluguel pode 
ser penhorado em caso de inadimplência do locatário. 
Bom, ao contrário dos remédios constitucionais, em que as questões cobram 
diversos entendimentos doutrinários e, principalmente jurisprudenciais, no 
assunto “direitos sociais” não tem jeito: é cobrada quase sempre a literalidade 
da Constituição. Portanto, você vai ter que conhecer esses artigos da CF/88. 
Mas, antes, vamos abordar alguns aspectos da teoria envolvida com os direitos 
sociais. E esses detalhes têm sido cobrados frequentemente nas provas de 
concursos, como veremos... 
 
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2.1 – Princípio da vedação ao retrocesso 
Embora não previsto expressamente, o princípio da proibição do retrocesso em 
direitos sociais encontra acolhida na doutrina pátria, notadamente aquela 
vertente mais próxima à noção de Estado Democrático e Social de Direito. 
Você deve ter percebido que os direitos sociais exigem uma prestação do 
poder público, atuando no sentido de efetivar a sua concretização, 
principalmente por meio de políticas públicas. Pois bem, imagine que o 
legislador infraconstitucional tenha regulamentado determinado direito social 
constitucional de forma a torná-lo efetivo. 
Segundo a doutrina, não seria admitido, a partir de então, um retrocesso na 
aplicação desse direito. Ou seja, não poderia um ato do poder público no 
sentido de afastar, revogar ou prejudicar aquele direito que estava 
concretizado e era plenamente exercitável. 
Nesse sentido, seria inconstitucional uma lei (ou emenda constitucional, por 
exemplo) que prejudicasse direito social já concretizado, exatamente por 
ofensa ao princípio da proibição do retrocesso social. 
 
2.2 - Reserva do financeiramente possível 
A concretização dos direitos sociais exige gastos, dispêndios financeiros por 
parte do Estado. Por exemplo, para que o direito à educação para todos seja 
efetivamente concretizado, o Estado precisa contratar professores, construir 
escolas etc. O mesmo se pode dizer da saúde, moradia e os demais direitos 
sociais. Assim, a concretização dos direitos sociais demanda recursos e, 
portanto, está sujeito à reserva do possível (têm seu atendimento 
condicionado à existência de recursos suficientes). 
Em outros termos, segundo o princípio da reserva do financeiramente possível, 
a concretização dos direitos sociais encontra limites não só na 
razoabilidade da pretensão deduzida em face do Poder Público como 
também na existência de disponibilidade financeira do Estado. 
Daí advém a afirmação de que a concretização dos direitos sociais se sujeita à 
cláusula da reserva do financeiramente possível, segundo a qual o Poder 
Público está obrigado a implementar as políticas públicas que levem à 
concretização dos direitos sociais previstos na Constituição, mas no limite do 
financeiramente possível. 
 
2.3 – Participação do Poder Judiciário na implementação de políticas 
públicas 
Pelo fato de que têm seus agentes eleitos de forma democrática, compete aos 
Poderes Legislativo e Executivo definir e implementar as políticas públicas. 
Afinal, são os legítimos representantes do povo. 
Entretanto, imagine aqueles casos em que os órgãos estatais competentes 
deixam de cumprir suas funções político-jurídicas impostas pela Constituição. 
Se essa inércia injustificada está inviabilizando a concretização de direitos 
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sociais, é cabível a atuação judicial visando reparar essa situação. 
Afinal, está havendo desrespeito à Constituição (descumprimento dos deveres 
impostos pela Carta Maior ao poder público). 
Assim, é possível ao Poder Judiciário, excepcionalmente, determinar a 
implementação de políticas públicas. Isso ocorrerá exatamente nesses 
casos em que o poder público deixa de cumprir os encargos político-jurídicos 
impostos pela Constituição Federal; comprometendo, com sua injustificadainércia, a concretização dos direitos sociais. 
Assim, podemos constatar diversas ocasiões em que, recentemente, o STF tem 
determinado ao Poder Público a adoção de políticas públicas que concretizem 
direitos sociais, especialmente relacionados aos direitos sociais da saúde e 
educação. 
Isso pode ser denominado “ativismo judicial”, em que o controle judicial se dá 
não apenas sobre a atividade do legislador, mas também nos casos de 
inatividade ou omissão do Legislativo. 
Bem, no meu entender, esses são os principais aspectos envolvidos com os 
direitos sociais. 
Sintetizando: 
 
 
Algumas questões podem aprimorar o entendimento desses detalhes. 
39) (CESPE/ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) Os direitos 
sociais são exemplos típicos de direitos de 2.ª geração. 
A assertiva está correta, pois os direitos sociais constituem típicos direitos de 
segunda dimensão, ligados à noção de Estado social. 
Item certo. 
40) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2008) Cabe, 
primariamente, aos Poderes Legislativo e Executivo a prerrogativa de 
formular e executar políticas públicas, no entanto, revela-se possível ao 
Poder Judiciário, excepcionalmente, determinar a implementação de tais 
políticas. 
Reserva do 
financeiramente 
possível 
Poder Judiciário e 
políticas públicas 
O Estado está obrigado a concretizar os direitos 
sociais, mas de forma gradual, na medida do 
financeiramente possível 
Excepcionalmente, pode o Poder Judiciário 
determinar a implementação de políticas públicas 
Normas constitucionais e infraconstitucionais não 
podem retroceder em se tratando de direitos sociais 
já concretizados 
Vedação ao 
retrocesso 
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Esse assunto está na moda!... Bem, por terem seus agentes eleitos de forma 
democrática, compete aos Poderes Executivo e Legislativo definir e 
implementar as políticas públicas. Entretanto, como vimos, o entendimento do 
STF é o de que é possível ao Poder Judiciário, excepcionalmente, determinar a 
implementação de políticas públicas. Isso ocorrerá quando os órgãos estatais 
competentes deixarem de cumprir os deveres impostos pela Constituição 
Federal, comprometendo, com essa inércia, a concretização dos direitos 
sociais. 
Item certo. 
41) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) A educação infantil, por qualificar-se 
como direito fundamental de toda criança, não se expõe, em seu processo 
de concretização, a avaliações meramente discricionárias da administração 
pública, nem se subordina a razões de puro pragmatismo governamental. 
Segundo o STF, a educação infantil representa prerrogativa constitucional 
indisponível deferida às crianças. Assim, assegura-se a elas, como primeira 
etapa do processo de educação básica, o atendimento em creche e o acesso à 
pré-escola (CF, art. 208, IV). 
Essa prerrogativa jurídica, em conseqüência, impõe, ao Estado, por efeito da 
alta significação social de que se reveste a educação infantil, a obrigação 
constitucional de criar condições objetivas que possibilitem, de maneira 
concreta, em favor das “crianças até 5 (cinco) anos de idade” (CF, art. 208, 
IV), o efetivo acesso e atendimento em creches e unidades de pré-escola. 
Ainda segundo o Supremo, por qualificar-se como direito fundamental de toda 
criança, a educação infantil não se expõe, em seu processo de 
concretização, a avaliações meramente discricionárias da 
Administração Pública, nem se subordina a razões de puro 
pragmatismo governamental (AI 677.274/SP, DJ 01/10/2008, Informativo 
520). 
Item certo. 
42) (CESPE/PROCESSO SELETIVO/MS/2008) O direito à saúde, além de 
qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas as pessoas, 
representa conseqüência constitucional indissociável do direito à vida. O 
poder público, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação no 
plano da organização federativa brasileira, não pode mostrar-se 
indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda 
que por censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional. 
Trata-se de entendimento do STF relacionado à obrigação dos diferentes entes 
federados no tocante à efetivação de políticas que concretizem o direito social 
(de segunda dimensão) à saúde, sob pena de incorrerem em 
inconstitucionalidade. 
Item certo. 
43) (CESPE/ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) O cerceamento 
à liberdade de expressão é uma clara afronta aos direitos sociais 
capitulados na CF. 
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Na verdade a inviolabilidade da liberdade de expressão assegura ao indivíduo 
um não-fazer por parte do Estado. Ou seja, trata-se de uma liberdade negativa 
do indivíduo, que o protege frente ao Estado. 
Nesse sentido, não afronta os direitos sociais, mas os direitos individuais. 
Item errado. 
44) (CESPE/ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) Os direitos 
sociais são exemplos de liberdades negativas. 
Os direitos sociais relacionam-se a uma atuação positiva do Estado. Assim, 
errada a assertiva. 
As liberdades negativas estão ligadas a uma necessidade de abstenção estatal 
e constituem direitos de primeira geraão. 
Item errado. 
 
2.4 – Enumeração dos direitos sociais dos trabalhadores 
Além dos direitos sociais genéricos explicitados no art. 6° da Constituição (já 
apresentados aqui), a Constituição enumera outros direitos, do art. 7° ao art. 
11. 
Cabe mencionar que os direitos sociais constituem normas de ordem pública, 
caracterizadas pela imperatividade e não podem ser afastadas por vontade 
das partes. 
Significa dizer que o trabalhador não poderá, por exemplo, renunciar às férias 
anuais ao assinar um contrato de trabalho. Aliás, se isso fosse permitido, 
haveria um tremendo retrocesso na efetividade dos direitos sociais, uma vez 
que, geralmente, o trabalhador encontra-se em posição de inferioridade na 
relação trabalhista (especialmente quando a quantidade de trabalhadores 
disponíveis supera a quantidade de vagas de empregos). 
De qualquer forma, há diversos direitos previstos no art. 7° da CF/88 que 
podem ser parcialmente afastados não pela vontade das partes contratantes 
mas por convenção coletiva, como veremos a seguir. 
Segundo o art. 7° da CF/88: 
“São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à 
melhoria de sua condição social: 
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa 
causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização 
compensatória, dentre outros direitos; 
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; 
III - fundo de garantia do tempo de serviço; 
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender 
a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, 
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e 
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previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder 
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo 
coletivo; 
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem 
remuneração variável; 
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor 
da aposentadoria; 
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retençãodolosa; 
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, 
e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido 
em lei; 
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa 
renda nos termos da lei; 
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e 
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução 
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos 
de revezamento, salvo negociação coletiva; 
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 
cinqüenta por cento à do normal; 
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais 
do que o salário normal; 
 XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a 
duração de cento e vinte dias; 
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos 
específicos, nos termos da lei; 
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de 
trinta dias, nos termos da lei; 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de 
saúde, higiene e segurança; 
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres 
ou perigosas, na forma da lei; 
XXIV - aposentadoria; 
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XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento 
até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; 
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; 
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem 
excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou 
culpa; 
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, 
com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, 
até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; 
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de 
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; 
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios 
de admissão do trabalhador portador de deficiência; 
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou 
entre os profissionais respectivos; 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores 
de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na 
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; 
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício 
permanente e o trabalhador avulso. 
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os 
direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, 
bem como a sua integração à previdência social.” 
Fique atento aos destaques de azul e vermelho, pois são frequentemente 
cobrados em concursos. 
É importante ainda saber que os empregados domésticos têm direito ao salário 
mínimo; ao décimo terceiro; ao repouso semanal remunerado; às férias anuais 
remuneradas; à licença à gestante; ao aviso prévio; à aposentadoria e à 
integração à previdência social. 
 
2.5 – Direitos sociais coletivos dos trabalhadores 
Passamos a abordar os principais aspectos concernentes aos direitos sociais 
enumerados entre os arts. 8° e 11. 
A Constituição garante a liberdade de criação de sindicatos, vedando a 
criação de mais de uma organização sindical representativa na mesma 
base territorial. A definição dessa base compete aos trabalhadores ou 
empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um 
Município (CF, art. 8º, II). 
Ou seja, dentro daquela base territorial só poderá atuar um sindicato. Bem, e 
constatado conflito de representação, no caso da criação indevida de mais de 
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uma entidade sindical na mesma base territorial? Quem representaria a 
categoria? O maior? O mais antigo? 
Segundo o STF, esse conflito será resolvido com base no princípio da 
anterioridade sindical. Assim, a representação da categoria caberá à 
entidade que obteve o registro sindical em primeiro lugar, independentemente 
do número de sindicalizados. 
A assembléia geral fixará a contribuição confederativa, que não terá 
natureza de tributo e será devida apenas aos empregados sindicalizados 
(CF, art. 8°, IV). 
Essa contribuição não se confunde com aquela prevista em lei, essa sim com 
natureza tributária e obrigatória para todos os empregados, 
sindicalizados ou não. 
Portanto, objetivamente: são duas contribuições diferentes. 
- Contribuição confederativa: fixada em assembléia geral e devida 
apenas para os sindicalizados; e 
- Contribuição sindical: fixada em lei e devida para todos os 
trabalhadores (filiados ou não). 
Um aspecto importante: a liberdade sindical inclui a liberdade de não se filiar 
(CF, art. 8°, V), bem como (i) a vedação à interferência estatal e (ii) a não 
exigência de autorização do Estado para a fundação de sindicato. Ressalva-
se, entretanto, a necessidade de registro no órgão competente. 
Ademais, a Constituição garante a participação dos sindicatos nas negociações 
coletivas de trabalho (CF, art. 8°, IV). 
Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da 
categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas (CF, art. 8°, III). 
Sobre isso há relevante jurisprudência. O STF firmou o entendimento segundo 
o qual o sindicato tem legitimidade para atuar como substituto processual 
na defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais homogêneos da 
categoria que representa. Assim, não há necessidade de expressa autorização 
dos sindicalizados (RE 555.720-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, 30-9-2008). 
É importante frisar que o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado 
nas organizações sindicais (CF, art. 8°, VII). 
É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da 
candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda 
que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta 
grave nos termos da lei (CF, art. 8°, VIII). 
É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a 
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele 
defender. Mas a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre 
o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, sujeitando os 
responsáveis por os abusos cometidos às penas da lei (CF, art. 9°). 
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Além disso, é assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores 
nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou 
previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação (CF, art. 10°). 
Por fim, nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a 
eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-
lhes o entendimento direto com os empregadores (CF, art. 11). 
Vamos resolver algumas questões sobre os direitos sociais. 
45) (CESPE/TECNICO/TRE/ES/2011) Os direitos sociais previstos na 
Constituição Federal advêm de normas de ordem pública, que não se 
revestem de imperatividade, podendo ser alteradaspela vontade das 
partes integrantes da relação trabalhista. 
Os direitos sociais não podem se afastados por mera vontade dos contratantes. 
Trata-se de direitos de natureza imperativa, inviolável por vontade das partes 
contraentes da relação trabalhista (Alexandre de Moraes). 
Item errado. 
46) (CESPE/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA: 
ADVOGADO/HEMOBRÁS/2008) De acordo com o posicionamento 
majoritário na doutrina, os direitos sociais integram os denominados 
direitos fundamentais de segunda geração. 
Como vimos, os direitos sociais integram a segunda dimensão (ou geração) 
dos direitos fundamentais, que caracterizam por exigir do Estado prestações 
positivas em respeito ao princípio da igualdade. 
Item certo. 
47) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) É direito social dos trabalhadores 
urbanos e rurais a jornada de sete horas para o trabalho realizado em 
turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva. 
Atenção! As questões que versam sobre direitos sociais, geralmente, se 
limitam a cobrar o conhecimento da literalidade dos incisos do art. 7° da 
CF/88. Portanto, vale a pena conhecer esse artigo. 
De acordo com o art. 7°, XIV: 
Art. 7° - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social: 
(...) 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos 
de revezamento, salvo negociação coletiva; 
Item errado. 
(CESPE/TFCE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO/TCU/2009) No tocante aos direitos 
e às garantias fundamentais previstos na CF, julgue os itens a seguir. 
48) (CESPE/TFCE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO/TCU/2009) A contribuição 
sindical definida em lei é obrigatória, mesmo para os profissionais liberais 
que não sejam filiados a sindicato. 
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Segundo o inciso IV, a assembléia geral fixará a contribuição que, em se 
tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do 
sistema confederativo da representação sindical respectiva, 
independentemente da contribuição prevista em lei. 
A partir desse inciso podemos concluir que são duas as contribuições: (i) uma 
fixada em assembléia geral e (ii) outra fixada por lei. 
O importante é você saber que apenas essa última (fixada em lei) é 
compulsória para todos (filiados ou não) e tem natureza de tributo. A 
primeira seria devida apenas para aqueles trabalhadores filiados. 
A questão trata da contribuição fixada por lei e está correta. Esta tem natureza 
de tributo, sendo compulsória mesmo para os profissionais liberais não filiados. 
Item certo. 
49) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE/MT/2010) Pelo princípio da 
irredutibilidade salarial, a CF veda a redução de salários, mesmo que por 
decisão judicial, convenção ou acordo coletivo de trabalho. 
A Constituição assegura a garantia de irredutibilidade de salários, salvo o 
disposto em convenção ou acordo coletivo (CF, art. 7°, VI). 
Item errado. 
50) (CESPE/ADMINISTRADOR/AGU/2010) Ao sindicato cabe a defesa dos 
direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, até mesmo em 
questões judiciais ou administrativas, sendo permitida a criação, na 
mesma base territorial, de mais de uma organização sindical, em qualquer 
grau, representativa de categoria profissional ou econômica, as quais 
serão definidas pelos trabalhadores ou empregadores interessados. 
De fato, ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou 
individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas 
(CF, art. 8°, III). 
Entretanto, a assertiva está incorreta, pois é vedada a criação de mais de uma 
organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria 
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos 
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área 
de um Município (CF, art. 8°, II). 
Item errado. 
51) (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/RR/2010) Nas empresas com 
mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um 
representante dos empregados com a finalidade exclusiva de promover o 
entendimento direto entre eles e os empregadores. 
Nos termos do art. 11 da CF/88, nas empresas de mais de duzentos 
empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a 
finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os 
empregadores. 
Item certo. 
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52) (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/RR/2010) Tanto o trabalhador 
urbano quanto o trabalhador rural têm direito a assistência gratuita para 
seus filhos e dependentes, em creches e pré-escolas até determinada 
idade. 
No âmbito dos direitos sociais, a Constituição de 1988 equiparou trabalhadores 
urbanos e rurais. Nesse sentido, a eles é assegurado o direito à assistência 
gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de 
idade em creches e pré-escolas (CF, art. 7°, XXV). 
Item certo. 
53) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) Os 
sindicatos não têm legitimidade processual para atuar na defesa de 
direitos individuais da categoria que representem, mas são parte legítima 
para defender direitos e interesses coletivos, tanto na via judicial quanto 
na administrativa. 
Os sindicatos têm legitimidade para defender os direitos e interesses coletivos 
ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou 
administrativas (CF, art. 8°, III). 
Item errado. 
54) (CESPE/ADVOGADO/SEAD/CEHAP/PB/2008) Há 60 anos, no dia 
10/12/1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi assinada 
pela 3.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. A 
Declaração Universal dos Direitos Humanos nasceu como um estandarte 
comum a ser alcançado por todos os povos e nações e em um mundo que 
ainda trazia as marcas da destruição e das violações a direitos humanos 
perpetradas durante a Segunda Guerra. Base do que se tornaria a 
legislação internacional sobre direitos e liberdades fundamentais, foi a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos que primeiro reconheceu o 
que hoje se tornou valor comum. Direitos humanos são direitos a todos e 
concernem a toda comunidade internacional. Ministro Gilmar Mendes, 
Presidente do Supremo Tribunal Federal, sessão plenária de 10/12/2008 
do STF. Internet: <www.stf.jus.br/portal> (com adaptações). 
Com referência ao tema acima tratado, assinale a opção correta. 
a) A evolução cronológica do reconhecimento dos direitos fundamentais 
pelas sociedades modernas é comumente apresentada em gerações. 
Nessa evolução, o direito à moradia está inserido nos direitos 
fundamentais de terceira geração, que são os direitos econômicos, sociais 
e culturais, surgidos no início do século XX. 
b) Apesar de ser um direito social reconhecido, o direito à moradia não 
encontra previsão expressa no taxativo rol que enumera os direitos sociais 
protegidos pela Constituição Federal de 1988 (CF). 
c) A implementação de políticas públicas que objetivem concretizar os 
direitos sociais, pelo poder público, encontra limites que compreendem, de 
um lado, a razoabilidade da pretensão individual/social deduzida em face 
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do poder público e, de outro, a existência de disponibilidade financeira do 
Estado para tornar efetivas as prestações positivas dele reclamadas. 
d) A CF prevê que as normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata. Com amparo nesse dispositivo, o 
Supremo Tribunal Federal (STF) já declarou a inconstitucionalidade

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