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RESUMO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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• RESUMO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
CONCEITO – Conjunto de normas jurídicas e administrativas que regem as
relações existentes entre o Estado e seus nacionais, com fins de preservação,
efetividade e proteção do interesse público. Tem como função essencial
disciplinar as relações existentes entre os órgãos públicos e suas atividades
junto aos interesses coletivos. 
ÓRGÃO PÚBLICO – É uma espécie de célula do ente estatal, por onde se
manifesta sua vontade, por meio de atos disciplinados devidamente praticados
por agentes públicos legítimos. 
AGENTES – São os representantes do estado no desempenho de suas funções
por meio dos órgãos estatais constituídos. 
FONTES - O direito administrativo se manifesta e efetiva por meio das leis e
seus princípios legais.
• PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
São orientações essenciais e paradigmas de efetivação da função administrativa
do Estado, os quais direcionam a elaboração normativa pertinente ao direito
administrativo. 
Princípios Expressos – São os princípios ditados pela Constituição Federal de
88, em seu artigo 37. 
Princípio da Legalidade - Toda a atividade pública tem como base a lei, para sua
efetiva aplicabilidade. Atos administrativos ilegais são passíveis de nulidade e
responsabilização.
Princípio da Impessoalidade – Tem as mesmas características da isonomia,
segundo a qual os administrados devem ser tratados de forma igualitária frente
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ao interesse público. 
Princípio da Moralidade – A conduta do administrador público deve estar
pautada na moral e na ética, para que os administrados e administradores não
sejam vítimas de atos desonestos e antijurídicos. 
Princípio da Publicidade – Os atos administrativos devem ser amplamente
divulgados, para que os administrados possam, de forma direta, controlar a
efetividade das condutas dos órgãos e dos agentes públicos. 
Princípio da Eficiência – Este princípio visa impedir a ineficiência dos serviços
prestados pela administração pública em favor de seus administrados. 
Princípio da Supremacia do Interesse Público – Os interesses coletivos têm
supremacia sobre os interesses individuais, devendo o Estado preservar por
meio de seus atos o bem estar de toda a sociedade. 
Princípio da Autotutela – A administração pública, de ofício ou mediante
provocação direta, pode rever seus atos que, inoportunamente, se encontrem
em vício de formação e/ou aplicação. 
Princípio da Indisponibilidade – Os bens públicos são indisponíveis, devendo ser
preservados em favor da coletividade, evitando-se seu perecimento e perda por
mau uso. 
Princípio da Razoabilidade – Os atos administrativos devem guardar
consonância e aceitabilidade mínima em relação às normas administrativas
publicadas, a fim de se evitar a ocorrência de vício descrito no próprio ato
administrativo que está sendo executado (aplica-se sobre a legislação). 
Princípio da Proporcionalidade – Visa evitar a prática de excessos pela
administração pública, quando da execução e aplicabilidade de seus atos junto à
coletividade por ela administrada (aplica-se ao exercício do poder). 
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Princípio da Motivação – Todos os atos administrativos devem ser motivados,
isto é, devem indicar os fundamentos de sua formação, a fim de permitir o seu
controle de validade. 
• ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Estrutura física e pessoal de manifestação do Estado na execução de seus fins.
É formada por agentes, entidades e órgãos estatais, capacitados dentro de uma
sistemática legal, para atender às expectativas do conjunto social e coletivo
administrado. 
Entidades Estatais – A União, os Estados e os Municípios são entidades
estatais, também consideradas pessoas jurídicas de direito público. 
Entidades Autárquicas – Autarquias são desmembramentos das entidades
estatais, que se manifestam de forma meramente administrativa, depois da
devida criação por meio de lei específica (pessoa jurídica de direito público). 
Entidades Fundacionais – Pessoa jurídica de direito público, criada mediante lei,
com os fins e atuação definidos na própria lei que as instituiu. 
Entidades Paraestatais – São autorizadas por lei a prestarem serviços e
atividades de interesse público ou coletivo, sob a supervisão das entidades
estatais, na forma de cooperação. 
Entidades Privadas – Pessoa jurídica de direito privado, ligada ou não às
entidades estatais, e que tem por finalidade o exercício de atividade econômica
de interesse coletivo. 
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Poder Discricionário – É o poder que tem o agente público, quando no exercício
de uma conduta administrativa, de, após avaliar sua conveniência e
oportunidade, optar pela que melhor atenda ao interesse público. Poder
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discricionário é a valoração pessoal e legal aplicada pelo agente publico às
várias possibilidades de sua conduta, buscando escolher a que melhor atenda ao
fim almejado. 
Poder Regulamentar – Poder que tem a administração pública de regulamentar e
disciplinar a aplicação de leis editadas que sejam de seu interesse. Os atos de
regulamentação não podem alterar a legislação existente sobre a matéria. 
Poder de Polícia – Cabe à administração pública restringir os atos individuais,
preservando o interesse coletivo. Essa restrição é a base do poder de polícia,
que não se confunde com a função estatal exercida por meio de órgãos policiais
e suas corporações. 
Administração Pública Direta e Indireta – Direta é a administração pública
exercida pelos órgãos das entidades estatais, com direcionamento, organização
e funcionamento firmado no direito positivo. Indireta é a forma de exteriorização
do poder público por intermédio de pessoas jurídicas distintas das entidades
estatais. 
ATO ADMINISTRATIVO 
Também chamados de atos jurídicos, os atos administrativos são os atos em
que a administração pública atende aos interesses de caráter coletivo, por meio
do simples exercício da vontade administrativa (sujeito a controle). 
Requisitos - O ato administrativo possui os seguintes requisitos para sua eficácia
e aplicabilidade: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. 
Competência – Poder legal e hierárquico que o gente da administração possui
para a prática do ato administrativo (é o mesmo que atribuições). 
Finalidade – Objetivo de interesse coletivo a ser atingido pelo ato administrativo,
sem o qual sua validade se torna anulável. 
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Forma – Exteriorização do ato administrativo, que deve guardar respeito à
legalidade, para implemento e efetivação de sua validade. 
Motivo – Os atos administrativos devem ser motivados, isto é, devem respeitar a
existência de um fato ou situação de direito que autorize a sua realização. O
motivo é a causa de sua realização como ato administrativo. 
Objeto – A manifestação da vontade da Administração pública se manifesta
através do objeto contido no ato administrativo, ou seja, o conteúdo do ato. 
Mérito Administrativo – É um procedimento ligado à avaliação de conduta
(conveniência e oportunidade), feita pelo agente devidamente autorizado para a
execução de um ato administrativo. Está ligado à avaliação das conseqüências e
vantagens de um ato. 
Atributos – O ato administrativo, que não se confunde com o ato jurídico, tem
como características intrínsecas: a presunção de legitimidade (os atos nascem
com uma certificação de legitimidade que só é contestada através de oposição e
argüição de vício); a imperatividade (poder de coerção do ato administrativo que
só pode ser afastado pela revogação ou anulação) e a auto-executoriedade (por
urgência ou previsão legal, alguns atos podem ser executados pela
administração sem a necessidade de intervenção judicial). 
Classificação dos atos administrativos 
Quanto aos destinatários: São: gerais – regulam um númeroindeterminado de
pessoas; ou individuais – mesmo que coletivamente, regulam um número
determinado de pessoas. 
Quanto ao alcance: São: internos – incidem sobre os órgãos e agentes públicos;
ou externos – têm alcance sobre os administrados e contratantes, determinando
condutas frente à Administração Pública. 
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Quanto ao regramento: São: vinculados – estabelecem regras para a sua
execução, as quais não podem sofrer mudanças em seus requisitos e
condições; ou discricionários – a Administração tem certa liberdade na sua
prática, a qual se vincula ao conteúdo, ao destinatário, à conveniência e à
oportunidade. 
Quanto à formação – São simples – quando externados por um único órgão;
complexos – quando externados por mais de um órgão público; ou compostos –
quando externados por um único órgão público com fiscalização de outro. 
Espécies: Atos normativos (são da alçada do poder executivo, e têm a finalidade
de regulamentar a correta aplicação da lei) - são os decretos, os regulamentos,
as instruções normativas, os regimentos, as resoluções e as deliberações. Atos
regulamentares (disciplinam o funcionamento da administração e de seus
agentes) – são as instruções, as circulares, os avisos, as portarias, as ordens de
serviço, os provimentos, ofícios e despachos. 
Invalidação – Os atos administrativos podem ser invalidados, por sua
inconveniência e ilegitimidade, por intermédio do judiciário ou pela própria
administração. Essa invalidação se opera da seguinte forma: pela revogação
(efeito ex nunc - o ato é invalidado por não mais atender ao interesse público); e
pela anulação (efeito ex tunc - invalidação do ato pelo judiciário ou pela
administração, em virtude da ocorrência de ilegitimidade ou ilegalidade). 
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 
Contrato – É a criação de direitos e obrigações por meio da exteriorização da
vontade das partes contratantes. 
Contrato Administrativo – Acordo de vontade celebrado pela Administração
Pública com particulares ou entidades administrativas, com finalidade de
atendimento ao interesse público. O contrato administrativo é sempre formal,
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oneroso, comutativo e pessoal. Atualmente os contratos administrativos são
regidos pela Lei 8.666/93, também conhecida como Lei de Licitações. 
Principais Contratos Administrativos – Obra pública, serviço, fornecimento,
concessão, gerenciamento, gestão, programa, parceria e consórcio público. 
Formalização – Os contratos administrativos formalizam-se mediante lavratura
própria em livro da administração ou por escritura pública, nos casos exigidos
por lei. 
Conteúdo – Exteriorização da vontade das partes, expressa na formação do
contrato. 
Garantias – São exigências impostas pela administração pública ao contratar. A
garantia deve ser devolvida após a execução do contrato, ou pode se perdida
em favor do contratante por falta cometida pelo contratado (caução, seguro
garantia, dinheiro). 
Execução do Contrato 
Direitos e Obrigações – A Administração tem direito à execução do contrato,
sendo-lhe garantido o exercício de suas prerrogativas em igualdade com o
contratado. A Administração não necessita de intervenção do judiciário para o
exercício de suas atribuições. Basicamente, a Administração, além de fiscalizar,
tem a obrigação de pagar o preço ajustado e o direito de receber o objeto
contratado. 
Extinção, Prorrogação e Renovação – O contrato pode ser extinto após o
termino das obrigações pactuadas, ou por meio de rescisão ou anulação pelo
descumprimento de cláusulas. A prorrogação ocorre mediante termo aditivo
ajustado entre as partes para dilação de seu prazo. A renovação ocorre com a
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manutenção do contratado na continuidade do serviço. 
Inexecução, Revisão e Rescisão – A inexecução é a inadimplência ou
descumprimento total ou parcial das cláusulas contratuais. A rescisão é a
ocorrência oriunda da inexecução, a qual desfaz a eficácia do contrato. Pode ser
judicial, amigável, administrativa ou de pleno direito. A revisão é o ato de
reapreciação do contrato, provocado por uma das partes sempre que ocorrer um
evento fortuito ou de força maior que traga prejuízo à continuidade de sua
execução. 
Inexecução culposa – Decorre da imperícia, da imprudência e da negligência da
parte em face das obrigações contidas em contrato. Suas repercussões legais
podem ser: as multas, a rescisão, a suspensão e a responsabilidade civil por
danos. 
Inexecução sem culpa – São os eventos externos e inerentes à vontade das
partes contratantes, que obstam a execução do contrato, sem trazer a
obrigatoriedade da indenização para a reparação de danos. 
Justificativas para Inexecução do Contrato 
Força maior – Evento humano, imprevisível e inevitável que impossibilita a
execução do contrato. 
Caso fortuito – Evento natural que cria obstáculo imprevisível e inevitável à fiel
execução do contrato. 
Ato do príncipe – Determinação que parte da Administração Pública, que onera
em demasia a continuidade de execução do contrato. 
Fato da administração – Falta, por omissão da Administração, em face do
contrato, o que vem a retardar ou impedir a sua efetiva execução. 
Estado de perigo – Constante no novo Código Civil. É a obrigação excessiva
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suportada por quem se salva ou salva alguém da família, e, por conseguinte,
tem dificuldades em executar o contrato. 
Lesão – Conforme o novo Código Civil, ocorre quando pessoa, obrigada por
contrato administrativo, assume prestação desproporcional à sua capacidade. 
Conseqüências - 
A inexecução gera conseqüências civís e administrativas, dentre as quais
podemos citar: a reparação por responsabilidade civil ou administrativa, a
suspensão provisória e a declaração de inidoneidade. 
LICITAÇÃO 
Procedimento administrativo que precede a celebração do contrato
administrativo, sendo sua efetivação obrigatória, com exceção dos casos
previstos em lei (Lei 8.666/93). Sua principal função é destacar as propostas que
melhor atendam ao interesse público. Seus princípios de formação são:
procedimentos formais, publicidade, isonomia de tratamento dos licitantes, sigilo
na apresentação de propostas, vinculação de edital ou convites, julgamento,
adjudicação compulsória ao vencedor e probidade administrativa. 
Procedimento Formal – Respeito às exigências legais contidas em lei específica,
regulamentos, caderno de obrigações, edital e carta convite. Não se confunde
com formalismo legal, possuindo certa flexibilidade. 
Publicidade: Todos os atos pertinentes à licitação têm que ser públicos,
devidamente publicados e divulgados nos meios cabíveis. 
Isonomia de tratamento – As cláusulas contidas nos editais e convites não
podem conter qualquer tipo de discriminação aos participantes da licitação. 
Sigilo na Apresentação das Propostas – Ato pelo o qual se preserva a proposta
apresentada pelo licitante do prévio conhecimento das propostas dos outros
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licitantes. 
Vinculação de Editais e Convites – Obrigação da Administração Pública de editar
a forma e o modo de participação dos licitantes. 
Julgamento – Critério utilizado pela administração para a escolha da melhor
proposta apresentada na licitação, em concordância com os critérios
preestabelecidos pela Administração Pública. 
Adjudicação Compulsória do Vencedor – Legitimação do vencedor da licitação. 
Probidade Administrativa – Dever do administrador público para com a
honestidade na condução das licitações. 
Dispensa e Inexigibilidade – Dispensa calcada em lei, que leva em conta fatores
como o valor de obras e serviços de engenharia e de compras, os casos de
guerra ou grave perturbação da ordem, bem como de emergência ou calamidade
pública; a inexistência de interessados na licitação; a necessidade de 
intervenção da União no domínio econômico;a apresentação de propostas com
preços excessivos; a possibilidade de comprometimento da segurança nacional;
a necessidade de compra ou locação de imóvel pela administração pública; de
compra de gêneros alimentícios perecíveis; a contratação de instituição
brasileira de pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional; a recuperação
social de presos, e outros casos previstos nos arts. 17 e 24 da Lei de Licitações. 
Fases da Licitação – interna – inicia-se com o procedimento licitatório
propriamente dito. A autoridade competente delimita as regras de realização, os
objetos a serem licitados, as fases, as datas e os recursos cabíveis; e externa –
audiência pública, edital ou convite, recebimento de documentação e
propostas, habilitação de licitantes, julgamento das propostas, adjudicação e
homologação. 
Anulação – Segundo artigo 49 da Lei de Licitações, toda licitação é passível de
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anulação, calcada na prática de ato ilegal ou ilegítimo, podendo a anulação ser
efetivada pela própria Administração ou pelo Judiciário. 
Revogação – Diferente da anulação, a revogação se opera sem prejudicar os
atos válidos. Sua aplicação obriga o poder público a indenizar, e seus efeitos
surgem após a decisão revogatória. Não se revoga um simples ato, mas todo o
procedimento, por conveniência da Administração. 
Modalidades de Licitação 
Concorrência – Utilizada nos contratos de obras, serviços e compras de grande
valor, admite a participação de quaisquer interessados que satisfaçam às
condições estabelecidas em edital. 
Tomada de Preços – Sua característica principal é a necessidade de existência
de habilitação prévia dos licitantes, por meio dos registros cadastrais. No mais,
possui as mesmas características da concorrência. 
Convite – Chamada, sem a necessidade de publicação de edital, de pelo menos
três interessados, para que, por meio dessa simples licitação, possam ser
selecionados para contratações de pequeno valor. 
Concurso – Licitação destinada à escolha de trabalho técnico ou artístico,
predominantemente de criação intelectual. Dispensa a formalidade específica da
concorrência, podendo ser premiada ou remunerada. 
Leilão – Licitação para venda de bens móveis, semoventes (isto é, animais), e
produtos apreendidos ou penhorados; podendo ser utilizado também, em casos
especiais, para a venda de imóveis. 
Pregão – Licitação feita por lances públicos para a aquisição de bens e serviços
comuns, qualquer que seja o valor estimado da contratação (A Lei 10.520/02
disciplina sua regulamentação). 
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SERVIÇOS PÚBLICOS 
Prestação de serviços oriunda dos órgãos e agentes públicos, com base em
normas e diretrizes legais, com o fim de atendimento eficaz das necessidades
coletivas. 
Classificação – Públicos – todos os serviços prestados diretamente pela
Administração; de utilidade pública – são os serviços prestados diretamente pela
Administração ou indiretamente por terceiros, com o fim de facilitar e dar
melhores condições de sobrevivência à coletividade; próprios – são os de
exclusividade da Administração Pública, que não podem ser delegados a
particulares; impróprios – são aqueles que não afetam substancialmente as
necessidades da comunidade, mas são fornecidos para que atendam aos
interesses comuns de seus membros; administrativos – são os serviços que
atendem às necessidades internas da Administração; industriais – os que podem
ser prestadas pela Administração, ou por terceiros sob seu controle, com efetiva
produção de renda para quem os executa; gerais (ou uti universi) – são os
mantidos por impostos ou taxas, de competência exclusiva da Administração,
para atendimento da sociedade como um todo (ex.: polícia e iluminação pública);
e individuais (ou uti singuli) – são os mantidos por taxas e impostos, e que têm
como destinatário os usuários determinados (como o fornecimento de água e
energia elétrica). 
Competência – Os artigos 21 e 23 da Constituição Federal enumeram as
competências exclusivas da União e as que permitem a atuação paralela do
Estados e dos Municípios, no que se refere aos serviços públicos por ela
prestados. De acordo com o art. 25 da Constituição Federal, aos Estados cabe a
exploração, diretamente ou mediante concessão, dos serviços locais de gás
canalizado, e aos Municípios, de acordo com o art. 30, atribui-se a competência
básica de legislar sobre assuntos de serviços locais. 
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Controle e Regulamentação do Serviço Público – São de competência do poder
público, mesmo tratando-se de serviços delegados a terceiros. As faltas
cometidas durante a vigência dos contratos permitem a intervenção direta da
Administração Pública. 
Requisitos – Permanência (obrigação de se dar continuidade aos serviços
prestados). Generalidade (igualdade na execução dos serviços em favor da
sociedade). Eficiência (os serviços devem ser prestados de forma
aperfeiçoada). Cortesia (respeito ao público beneficiado pelos serviços
prestados). E modicidade (serviços prestados a custos aceitáveis). 
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA 
Autarquia (art. 37, inciso XIX, da Constituição Federal) – Pessoa jurídica de
direito público, criada por lei com autonomia interna e controle externo (exercido
pela entidade estatal a que pertencem). É uma forma de descentralização
administrativa para a prática de um serviço público, que não esteja ligado a
atividades industriais e econômicas (de interesse coletivo – como saúde, cultura
e meio ambiente). Suas principais características são: criação por lei;
personalidade jurídica de direito público; patrimônio próprio; auto-administração; 
e controle estatal com função basilar pública. Por serem extensões do poder
público, sua criação tem as seguintes características: seu patrimônio inicial é
formado por bens móveis e imóveis da entidade estatal a que pertencem; seus
bens e rendas são considerados públicos; seus contratos estão sujeitos à Lei de
Licitação; têm controle externo; e seus funcionários são considerados servidores
públicos, com todos os direitos e deveres do cargo. Existem autarquias de
regime especial, cujas função e criação devem ser especificadas por lei. 
Fundações – São, essencialmente, pessoas jurídicas de direito privado,
excluídas as fundações públicas. Sua função basilar é a realização de funções
não-lucrativas e atípicas da Administração Pública, mas de interesse coletivo.
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Sua criação depende de lei específica; precisam de licitação para contratar; seu
orçamento é idêntico ao das entidades estatais; seus funcionários são
contratados pelo regime da CLT- Consolidação das Leis do Trabalho. 
Empresas Governamentais ou Estatais – Todas as empresas que estão sob
controle do governo, dentre essas, as empresas públicas e as sociedades de
economia mista. 
Empresas Públicas – Empresas com capital público, personalidade jurídica de 
direito privado, autorizadas por lei, que atuam em favor da Administração 
Pública. Estão sujeitas aos ordenamentos de empresas privadas com liberdade 
de organização. 
Sociedade de Economia Mista – Pessoa jurídica de direito privado, cujo capital e
administração pertencem em parte ao poder público. Sua atuação está vinculada
ao interesse coletivo, podendo auferir lucros. Tem imposições legais a serem
cumpridas, regendo-se pelas normas das sociedades mercantis. 
Agências – Forma de regulação e fiscalização da administração pública, que se
manifesta por meio de órgãos destinados a esse fim, com função administrativa
regulada em lei. Exemplo: Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 
São de duas espécies: as agências executivas têm previsão legal nos decretos
2.487 e 2.488, de fevereiro de 98, e sua função basilar é a reestruturação e o
desenvolvimento institucional dos ministérios a que estão ligadas. Asagências
reguladoras têm como função basilar regular os contratos de concessão e
permissão de serviços públicos. 
SERVIDOR PÚBLICO 
São todos os agentes que, de forma permanente ou temporária, exerçam uma
função pública, com fornecimento de trabalho aos órgãos da União, dos Estados
e dos Municípios. O servidor público difere-se dos demais agentes públicos, pela
efetividade da prestação de serviços, a qual tem caráter definitivo. 
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Classificação 
Os servidores públicos são classificados como: civis e militares; comuns e
especiais; estatutários (os funcionários cuja relação jurídica é regida por
estatutos), trabalhistas (os regidos pela CLT – Consolidação das Leis do
Trabalho) e temporários (os servidores especiais contratados por tempo
limitado). 
Acesso ao Serviço Público – Geralmente é feito por concurso público, para
cargos de exercício definitivo, mas existem outras modalidades de aceso ao
serviço público, por meio de nomeação e contratação, as quais podem ter
caráter temporário. 
Cargos, Empregos e Função Pública – Cargos públicos são os de caráter
permanente, ocupados por servidor dentro da administração direta. Empregos
são atividades laborais exercidas em cargo público. Função pública é o exercício
de atividade ou tarefa idêntica às prestadas pelos servidores públicos. 
Acumulação – É vedada pela Constituição de 1988 (art. 37, incisos XVI e XVII),
a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicos, na
administração direta, nas sociedades de economia mista e nas empresas
controladas pelo poder público. 
Estabilidade – Garantia constitucional de permanência do servidor público em
suas funções, após o cumprimento de tempo em estagio probatório (de três
anos). 
Perda do Cargo – Só ocorre mediante sentença judicial transitada em julgado,
processo administrativo que assegure ampla defesa, ou insuficiência de
desempenho (esta última instituída pela Emenda 19/98). 
Os cargos públicos podem ser extintos, ficando o servidor em disponibilidade até
seu reaproveitamento, com direito aos vencimentos do cargo. No caso de
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demissão injusta, pode o servidor, mediante intervenção do judiciário, ter direito
à reintegração no serviço público. 
Aposentadoria – Direito que os servidores têm após cumprimento do lapso de
tempo previsto em legislação pertinente. A aposentadoria será proporcional ao
tempo de contribuição, quando ocorrer por invalidez. Será compulsória, quando
o servidor completar setenta anos, e voluntária, quando requerida pelo servidor. 
Direitos, Deveres e Responsabilidades dos Servidores Públicos – Direitos:
garantia de salário, 13º salário, remuneração noturna, salário família, jornada de
oito horas, repouso semanal enumerado, férias, licença maternidade e outros
legalmente previstos. Deveres: lealdade, obediência e conduta ética. No que se
refere às responsabilidades, os servidores podem responder por seus atos,
administrativa ou judicialmente; por atos de responsabilidade administrativa
(violação de normas internas), de responsabilidade civil (obrigação de reparar a
administração por dano causado) e de responsabilidade criminal (crimes
funcionais). 
BENS PÚBLICOS (DOMÍNIO PÚBLICO) 
Bens que compõem todo o patrimônio da Administração Pública, podendo ser
públicos ou privados. Os bens públicos podem pertencer à União, aos Estados
ou aos Municípios, e classificam-se em três categorias: os de uso comum
(mares, rios estradas...); os de uso especial (edifícios e terrenos da
administração pública) e os dominicais (bens pertencentes ao direito público,
com estrutura de direito privado, como as terras devolutas e os prédios públicos
desativados). Os Bens públicos podem ser utilizados da seguinte forma: por
autorização de uso (autorização da administração para que o particular, de forma
graciosa ou não, use o bem público com exclusividade); por permissão de uso (a
administração faculta ao particular a utilização individual); por concessão de uso
(celebração mediante contrato, com atribuição de utilização exclusiva do bem);
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por concessão de direito real (transferência de uso visando o interesse social); e
por cessão de uso (nesse caso, há transferência gratuita da posse de um para
outro órgão). 
Intervenção do Estado na Propriedade Privada 
Ocorre sempre que o interesse público sobrepõe o particular, para, de forma
compulsória, retirar ou restringir direitos sobre a propriedade privada, por
necessidade pública, utilidade pública ou interesse social. 
Desapropriação – Transferência compulsória da propriedade para a
Administração Pública, devido a interesse de cunho coletivo. Principais
características: não aceita reivindicação, haja vista a inexistência de título
anterior; tem marco com publicação de decreto de desapropriação (na fase
declaratória), e devida indenização com transferência da propriedade (na fase
executória); necessita ser precedida de declaração expropriatória (com indicação
do bem e sua destinação); é aplicável a todos os bens e direitos patrimoniais,
com exclusão dos direitos personalíssimos; incide sobre a posse legítima ou de
boa-fé, e sobre ações, quotas e direitos. Além disso, cabe ressaltar que a
desapropriação pode ocorrer de forma amigável, mediante acordo entre as
partes (pela via administrativa), ou por processo judicial, no caso de desacordo
sobre o valor da indenização. A desapropriação pode ainda vir precedida de
imissão na posse, em caso de urgência, e o bem expropriado pode ser utilizado
para outros fins (sempre tendo em vista o interesse coletivo). A expropriação
pode ser anulada pelo poder judiciário, assim como o bem pode ser reavido,
mediante retrocessão, quando o expropriante não der ao imóvel a destinação
pública mencionada no ato de expropriação. 
Servidão – Ato pelo qual a Administração Pública usa um imóvel particular sem a
transferência do domínio ou da posse. 
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Requisição – Utilização coercitiva de bem particular pelo poder público. 
Ocupação temporária – Utilização de bens particulares, com ou sem ônus, para
execução de serviços ou atividades públicas. 
Tombamento – Ato declaratório, editado pelo poder público sobre bem imóvel,
com interesse em sua preservação. 
Limitação administrativa – Intervenção na propriedade particular, com o fim de
obrigar o proprietário a fazer, não fazer ou deixar de fazer imposição editada
pela administração. 
RESPONSABILIDADE CIVIL ESTATAL 
É a obrigação de reparar danos patrimoniais, mediante devida indenização, por
parte do Estado. Tal reparação tem base doutrinária em três teses: a teoria da
culpa administrativa – independente da culpa subjetiva, responde a
administração por sua falta em relação ao serviço que deveria prestar; a teoria
do risco administrativo – basta a comprovação da lesão praticada pela
administração; e a teoria do risco integral - segundo a qual a responsabilidade de
indenizar é integralmente da administração, independente de o dano ser
resultante de culpa ou dolo do agente passivo. 
Responsabilidade Civil e Direito Pátria – No Brasil a teoria aceita é a da
responsabilidade objetiva, segundo a qual é afastada a responsabilidade do
servidor e imposta a responsabilidade à Administração Pública. Entende-se que
o servidor, ao prestar serviços à administração, tem cobertura de seus atos, pelo
fato de a administração assumir o risco proveniente de sua execução. 
Não obstante, deve ser aferida, quando do evento danoso, a ocorrência dos
requisitos da responsabilidade civil, ou seja, imprudência, imperícia e/ou
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negligência. Resta por afastado o direito à indenização, a ser paga pelo poder
público, no evento natural e no ato danoso provocados por terceiros sob sua
responsabilidade territorial. Exemplo: o dano oriundo de greve(salvo
demonstração de responsabilidade). No que diz respeito aos atos administrativos
e judiciais, estes só serão indenizados se comprovada a culpa manifesta em sua
expedição. Reparado o dano pela Administração Pública, pela via judicial ou
mediante acordo amigável, tem esta o direito de reaver os valores pagos, por
meio de ação de regresso a ser proposta contra o servidor causador dos danos.

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