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25/04/2016 Fertilização http://www.ufrgs.br/gametaembriao/interacao.htm 1/3 Fertilização Interação OócitoEspermatozóide Uma vez no trato reprodutor feminino, o espermatozóide deve encontrar e interagir com o oócito e, para que tal interação ocorra, o gameta masculino deve primeiro sofrer o processo de capacitação. O termo capacitação foi empregado pela primeira vez por Bunny Austin em 1952, para descrever as alterações fisiológicas que o espermatozóide deve sofrer de maneira a adquirir capacidade fertilizadora. O que exatamente envolve o processo de capacitação espermática continua a ser motivo de pesquisa que está gradativamente procurando esclarecer o fenômeno. A capacitação envolve alterações biológicas e moleculares dos domínios da membrana plasmática dos espermatozóides. O primeiro passo para que ocorra a capacitação é a remoção do fluído seminal. Após, alterações progressivas ocorrem na membrana plasmática incluindo a perda ou diminuição do peso molecular de proteínas, metilação de fosfolipídios diminuição da proporção de esteróis/fosfolipídios e migração de proteínas e lipídios para a formação de domínios sobre a região acrossomal (FournierDelpech & Thibault, 1993). A capacitação parece ser necessária a todas espécies mamíferas, mas o tempo necessário para que o processo se consuma varia muito entre elas. Por exemplo, para espermatozóides ejaculados de coelho, touro e carneiro, estimase um período de 5 a 8 horas, enquanto que para o humano este processo leva cerca de 1 a 2 horas in vitro. A primeira evidência de que o espermatozóide está capacitado é a sua hiperatividade (Yanaguimashi, 1970; Vídeo 1), um movimento rápido linear e progressivo. Vídeo 1: espermatozóides hiperativados póscapacitação em câmara de Makler. Uma vez capacitado, o espermatozóide deve sofrer o fenômeno da reação acrossômica (RA) a fim de completar a fertilização. Somente espermatozóides capacitados podem sofrer a RA, a qual habilita o espermatozóide a penetrar através da zona pelúcida e a fundirse com a membrana plasmática do oócito (Barros et al., 1967). A RA depende do influxo de Ca sendo basicamente um fenômeno de fusão de membranas entre a membrana acrossomal externa e a membrana plasmática da cabeça do espermatozóide de forma a liberar os conteúdos do acrossômo através das fenestras. Uma das enzimas mais abundantes liberadas do acrossômo é a hialuronidase, a qual auxiliaria na passagem através da matriz extracelular do cumulus oophorus para atingir a zona pelúcida (Figura 1). Deve ser mencionado, entretanto, que todos estes fenômenos podem ser ignorados, quando do emprego da técnica de fertilização assistida de injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI), onde um espermatozóide obtido do ejaculado, do epidídimo ou mesmo diretamente dos testículos, sem ter sofrido os processos de capacitação e /ou reação acrossômica, é capaz de fertilizar e produzir um novo ser. As técnicas de reprodução assitida serão alvo de um próximo objeto de aprendizado a distância. 2+ 25/04/2016 Fertilização http://www.ufrgs.br/gametaembriao/interacao.htm 2/3 Dois mecanismos, a termotaxia e a quimiotaxia parecem atuar na orientação dos espermatozóides até o oócito. O primeiro fenômeno atuaria a longa distância, sendo possível pela diferença de temperatura entre o local de deposição do ejaculado e o local da fertilização. Esta diferença em temperaturas seria causada no momento da ovulação e levaria a uma queda de temperatura no primeiro. Somente espermatozóides capacitados são termoresponsivos. O segundo fenômeno, da quimiotaxia, agiria a curtadistância e provavelmente dentro do cumulus oophorus bem próximo ao oócito (Bahat & Eisenbach, 2006). A penetração através da zona pelúcida ocorre a partir da ligação do gameta masculino à proteína ZP3 da zona pelúcida (Bleil & Wassarman, 1980). Como mencionado anteriormente, esta proteína é responsável pela RA do espermatozóide fertilizador. Espermatozóides que sofreram a RA anteriormente à ligação à zona pelúcida, não podem se ligar à ZP3, porque Vídeo 2: Fertilização. a enzima Galtransferase, liberada durante RA fica relocalizada em uma posição na membrana do espermatozóide que o incapacita de ligarse à ZP3. Estudos em murinos relatam que a Gal transferase e ZP3 são receptores complementares que especificamente permitem a ligação do espermatozóide fertilizador ao envoltório glicoproteico do gameta feminino mamífero (Miller et al., 1992), de forma semelhante ao fenômeno envolvendo a proteína ligadora “bindina” no ouriço do mar (Vacquier & Moy, 1977). Dados recentes descrevem ainda a existência de um receptor de ligação secundário na ZP, o qual se liga especificamente a uma proteína da membrana acrossomal interna do espermatozóide exposta após a reação acrossômica (Yu et al., 2006), além da proteína ARP de origem epididimária envolvida na fusão do espermatozóide com o oolema descrita anteriormente (Cohen et al., 2001). Em mamíferos, o ponto de fusão entre os gametas ocorre entre a membrana plasmática cobrindo o segmento equatorial do espermatozóide e a membrana plasmática do oócito (Bedford et al., 1979). Na maioria das espécies mamíferas, a cauda e a membrana acrossomal interna são incorporadas juntamente com o núcleo do espermatozóide no citoplasma do oócito (Crozet, 1993), enquanto que a membrana plasmática do espermatozóide passa a constituir parte do ooplasma após consumada a fertilização (Vídeo 2). A elevação do Ca intracelular na fertilização, mecanismo pelo qual o espermatozóide aciona a verdadeira “explosão“ de Ca intracelular no oócito foi recentemente desvendado com a descoberta da molécula mediadora deste fenômeno, fosfolipase específica do espermatozóide PLCzeta (Saunders et al., 2002). Em mamíferos, PLCz gera uma primeira grande onda de Ca liberado do retículo endoplasmático e subseqüentes picos menos proeminentes, que são fundamentais para a ativação do oócito que se encontrava bloqueado em MII. As ondas de Ca intracelulares são essenciais para que se inicie o processo de ativação e subseqüentemente o desenvolvimento embrionário (Klein & Klein, 1992). Um modelo de ativação do oócito, a partir da PLCz foi proposto recentemente por Jones (2005). Segundo este modelo, a PLCz geraria ondas de Ca que iriam ativar a proteína quinase II dependente da calmodulina acionando assim, o complexo promotor da anáfase, o qual levaria a degradação da securina e da ciclina B1, permitindo a descondensação e segregação das cromátides irmãs para a finalização da meiose II. Dentre os eventos mais evidentes que ocorrem assim que o oócito foi ativado na fertilização é a 2+ 2+ 2+ 2+ 2+ 25/04/2016 Fertilização http://www.ufrgs.br/gametaembriao/interacao.htm 3/3 exocitose dos grânulos corticais , a descondensação da cabeça do espermatozóide, a finalização da meiose com a expulsão do segundo corpúsculo polar e a formação do pronúcleo masculino e feminino. A exocitose dos grânulos corticais (GC)(Figura 2), que são estruturas semelhantes a lisossomos encontrados no córtex do oócito maduro durante a reação cortical leva ao bloqueio da polispermia em mamíferos. A alteração das características físicas e químicas que ocorre na ZP causada pelos conteúdos dos GC é chamada reação da zona. Este fenômeno envolve a transformação da ZP2 em ZP2f e torna a ZP refratária a penetração espermática (Bleil et al., 1981). Figura 2: Exocitose dos grânulos corticais visualizada pela técnica de isotiocianato de fluoresceína. Copyright© 2008 por Adriana BosMikich. Todos os direitos reservados.
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