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Leis de Newton – Força de Atrito ISSN: 2316-2317 Revista Eletrônica Multidisciplinar - FACEAR 1 Evandro de Souza; Heryk do Prado de Andrade; Leandro Decolin; Reginaldo Wilceki Portela Faculdade Educacional Araucária - FACEAR RESUMO O experimento tem como objetivo mostrar a existência de uma força que resulta da interação entre dois corpos. Esta força, chamada de força de atrito, pode ser vista tanto em objetos parados quanto em objetos em movimento. No decorrer deste trabalho pode-se verificar isso através de experimentos práticos confrontados com os cálculos que regem este braço da Física. Além disso também pode-se verificar, através de cálculos e análises experimentais, que existem várias componentes de forças atuando sobre um objeto. Estando este apoiado sobre um plano horizontal ou sobre um plano inclinado em relação ao solo. Palavras chave: Força de atrito, decomposição de forças, experimento 1. INTRODUÇÃO Foi realizado um experimento prático em laboratório com o objetivo de comprovar, através da coleta e posterior análise de dados, toda a teoria que rege a força de atrito e a decomposição de forças que atuam sobre um objeto. Ao longo deste estudo observa-se toda a metodologia utilizada para o desenvolvimento do experimento e como se chegou aos resultados em cada etapa da atividade. Divido em três partes o experimento se iniciará pela demonstração prática da existência da força de atrito estático, posteriormente se fará o mesmo para os conceitos da força de atrito cinético e por fim demonstrará, através do confronto entre a teoria e a prática, a existência de diversas componentes de uma mesma força. Espera-se ao final desta prática obter-se os valores dos coeficientes de atrito estático e cinético através das medições realizadas, assim como também espera-se comprovar, através de alguns cálculos, a veracidade das medições das componentes de força que atuam sobre um objeto. Ao se analisar as situações mais cotidianas do dia a dia sob a ótica da Física, percebe-se que que existem forças atuando em tudo e a todo momento. Existe uma força “invisível” que prende todas as coisas ao solo, chamada Gravidade. Também percebe-se, com uma maior análise, que não existe somente a força da gravidade atuando sobre as ISSN: 2316-2317 Revista Eletrônica Multidisciplinar - FACEAR 2 coisas, mas outra força que, em sua atuação, não permite o deslizamento por completo de um objeto quando este é empurrado ou puxado. Esta força que impede o movimento, denomina-se Força de Atrito (HALLIDAY, 2006). A força de atrito ( ⃗⃗⃗⃗ ⃗) é uma força que se opõe ao movimento de objetos que estão sob a ação de uma força de deslocamento ( ). Ela age paralelamente à superfície de contato e em sentido contrário à força aplicada sobre este. O atrito deve-se à existência de rugosidades na superfície de contato do objeto com o plano do movimento por mais polida que ela seja. Essas rugosidades são observadas microscopicamente e estão representadas no detalhe da Figura 1, assim como também estão representadas as forças peso ( ⃗ ) e normal ( ⃗⃗ ) que atuam sobre um objeto apoiado em um plano qualquer (YOUNG, 2008). FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO DAS FORÇAS SOBRE UM OBJETO FONTE: OS AUTORES, 2016 Componente importante para se determinar a força de atrito ( ⃗⃗⃗⃗ ⃗), a força normal ( ⃗⃗ ), que está relacionada à massa do objeto, faz a componente vertical de contato. A força normal é representada sempre perpendicularmente à superfície, ou seja, a força normal é perpendicular à força de atrito. Quanto maior a força normal maior será à força de atrito. A força de atrito não depende da área de contato entre as superfícies, apenas da natureza da superfície e da força normal. Quando um objeto está em repouso e aplica-se uma força ( ) paralela à superfície de contato, nota-se que o mesmo continua parado até que essa força seja grande o suficiente para retirá-lo do repouso. Esta força que impede o objeto de iniciar o movimento é chamada de força de atrito estático ( ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗), e pode ser determinada pela seguinte equação: ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗ ⃗⃗ (1) Onde, (µe) representa o coeficiente de atrito estático e ( ⃗⃗ é o módulo da força normal que a superfície exerce sobre o objeto. ISSN: 2316-2317 Revista Eletrônica Multidisciplinar - FACEAR 3 Ao continuar a análise, percebe-se que assim que a força de atrito estático é vencida o objeto sofre uma aceleração repentina e passa a se mover em com velocidade constante. Nota-se ainda que, para manter o objeto em movimento, a força ( é menor do que a exigida para retirar o objeto do repouso. Mas ainda existe uma força que o impede de se deslocar mais rápido. Esta oposição ao movimento é chamada de força de atrito cinético ( ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗ ⃗) e é dada pela seguinte equação: ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗ ⃗ ⃗⃗ (2) Em que, (µc) representa o coeficiente de atrito cinético e ( ⃗⃗ é o módulo da força normal que a superfície exerce sobre o objeto. Na Figura 2 tem-se a análise gráfica destes dois momentos descritos anteriormente. Nota-se que no momento em que o objeto está em repouso existe um acréscimo constante de força até que esta supere a força de atrito estática ( ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗) e inicie o movimento. Assim que isso ocorre, nota-se que a força para manter o objeto em movimento permanece constante ou longo do tempo, e esta é menor que a força de atrito estático. FIGURA 2 – GRÁFICO DAS FORÇAS DE ATRITO EM FUNÇÃO DO TEMPO FONTE: OS AUTORES, 2016 Com a análise do gráfico da Figura 2 pode-se definir que: ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗ ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗ ⃗ (3) Sendo assim, pode-se definir que os coeficientes de atrito estático (µe) e cinético (µc) possuem a seguinte relação: ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗ (4) ISSN: 2316-2317 Revista Eletrônica Multidisciplinar - FACEAR 4 Os coeficientes de atrito estático (µe) e cinético (µc) são adimensionais e devem ser determinados experimentalmente. Seus valores dependem das propriedades tanto do objeto como da superfície em que este está apoiado. 2. DESENVOLVIMENTO Para a realização do experimento prático foi utilizado um kit didático de estudo da força de atrito e plano inclinado semelhante ao mostrado na Figura 3. O sistema é composto de dois blocos de madeira, sendo um deles com uma das faces revestida de borracha. Que em conjunto com dois dinamômetros de 2N e 5N, são utilizados para determinar experimentalmente as forças de atrito estático e cinético através do deslocamento dos blocos sobre uma superfície horizontal. Outro componente do sistema é uma rampa que pode ser posicionada e fixada em uma haste. O ângulo de inclinação desta rampa com a superfície é lido através de um transferidor fixado na própria rampa. Em uma das extremidades da rampa é fixado um dinamômetro, que é preso em um carrinho de massa conhecida, que determina de forma experimental as componentes das forças de um objeto apoiado em um plano inclinado. FIGURA 3: KIT DE ESTUDO DAS FORÇAS DE ATRITO E PLANO INCLINADO FONTE: http://www.cienciamao.usp.br/dados/azed/_planoinclinado.zoom.jpg Com o bloco de madeira em repouso e apoiado sobre a bancada do laboratório, prendeu-se o dinamômetro em uma de suas extremidades. Através da decomposição das forças atuantes no sistema, que podem ser vistas na Figura 1, constatou-se a necessidadede saber o valor da força normal ( ⃗⃗ ) atuando sobre o bloco para se poder realizar os cálculos posteriores. A 3ª Lei de Newton descreve: “Quando dois corpos interagem, as forças que cada corpo exerce sobre o outro são sempre iguais em módulo e têm sentidos opostos” ISSN: 2316-2317 Revista Eletrônica Multidisciplinar - FACEAR 5 (HALLIDAY, 2006. p107). Assim, pode-se determinar que a força normal ( ⃗⃗ ) possui o mesmo módulo da força peso ( ⃗ ). Ou seja, neste caso: ⃗⃗ ⃗ (5) Analogamente à aplicação da equação acima, pôde-se determinar o peso do bloco prendendo-o ao dinamômetro e suspendendo-o no ar. Determinou-se, através da leitura no dinamômetro, que o peso do bloco é de 3,15 N. E aplicando-se a equação 5 chegou-se a massa do bloco de madeira de aproximadamente 321 g, utilizando a aceleração da gravidade ( ) como 9,8 m/s2. Iniciou-se então a aplicação de uma força de tração puxando o dinamômetro até o momento em que o bloco de madeira iniciou o movimento, conforme visto na Figura 4. Neste momento registrou-se o valor da força indicada no dinamômetro. Como visto anteriormente, esta força aplicada no bloco pode ser definida como a força de atrito estático ( ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗). FIGURA 4 – MÉTODO UTILIZADO PARA MEDIR A FORÇA DE ATRITO ESTÁTICO FONTE: OS AUTORES, 2016. Este procedimento foi realizado em várias situações envolvendo as superfícies de contato do bloco, área de contato e massa do conjunto. Foram testadas as seguintes situações: Bloco com a superfície maior de madeira apoiada sobre a bancada; Bloco com a superfície menor de madeira apoiada sobre a bancada; Bloco com a superfície de borracha apoiada sobre a bancada; Um bloco sobre o outro com a superfície maior de madeira apoiada sobre a bancada. ISSN: 2316-2317 Revista Eletrônica Multidisciplinar - FACEAR 6 Com a média de três leituras da força de atrito feitas em cada situação, e conhecendo-se o peso do conjunto. Conseguiu-se, através da aplicação da equação 1, determinar o coeficiente de atrito estático (µe) para cada caso. Os dados com as informações coletadas durante a realização dos testes estão consolidados na Tabela 1. Tabela 1 – DADOS DOS TESTES DA FORÇA DE ATRITO ESTÁTICO Superfície de contato com a bancada Força de Atrito Estático (N) Peso (N) Coeficiente de Atrito Estático (µe) Leitura 1 Leitura 2 Leitura 3 Média Lado maior de madeira 1,04 0,92 1,10 1,02 3,15 0,324 Lado menor de madeira 0,94 1,04 0,96 0,98 3,15 0,311 Lado de borracha 2,20 2,00 1,98 2,06 3,15 0,654 Dois blocos juntos 2,15 2,05 2,25 2,15 6,30 0,341 FONTE: OS AUTORES (2016) Através da mesma estrutura utilizada para realização dos testes anteriores, agora realizou-se os mesmos testes para outra situação, que é a segunda parte do experimento. Agora, com o dinamômetro preso no bloco de madeira iniciou-se o movimento do mesmo e foi mantido este o mais constante possível (Movimento Retilíneo Uniforme). Neste momento foi realizada a leitura da força indicada no dinamômetro. Como visto anteriormente, esta força que mantém o bloco em movimento constante, pode ser considerada como sendo a força de atrito cinético ( ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗ ⃗). Ela foi determinada para as mesmas situações do experimento anterior. Agora, com a média de três leituras da força de atrito cinético feitas em cada situação, e conhecendo-se o peso do conjunto. Conseguiu-se, através da aplicação da equação 2, determinar o coeficiente de atrito cinético (µc) para cada caso. Os dados com as informações coletadas durante a realização dos testes estão consolidados na Tabela 2. Tabela 2 – DADOS DOS TESTES DA FORÇA ATRITO CINÉTICO Superfície de contato com a bancada Força de Atrito Cinético (N) Peso (N) Coeficiente de Atrito Cinético (µc) Leitura 1 Leitura 2 Leitura 3 Média Lado maior de madeira 0,96 0,94 1,00 0,97 3,15 0,307 Lado menor de madeira 1,02 0,98 1,04 1,01 3,15 0,322 Lado de borracha 1,50 1,70 1,70 1,66 3,15 0,526 Dois blocos juntos 1,74 1,72 1,76 1,74 6,30 0,276 FONTE: OS AUTORES (2016) A divergência entre as leituras tanto para o experimento da força de atrito estático quanto para o experimento da força de atrito cinético, se deu principalmente por ISSN: 2316-2317 Revista Eletrônica Multidisciplinar - FACEAR 7 imperfeições existentes na bancada e também pela dificuldade de estabilizar a velocidade manualmente na segunda parte do experimento. Para a terceira parte deste experimento, foi montado a estrutura mostrada na Figura 5. Os dados do componentes do sistema são: Massa do carrinho = 135,2 g (medida em balança de precisão) Ângulo da rampa = 30° (verificado no transferidor da rampa) Leitura do dinamômetro = 0,64 N FIGURA 5 – MONTAGEM EXPERIMENTO DE PLANO INCLINADO FONTE: OS AUTORES (2016) Analogamente à montagem acima, chegou-se ao diagrama do corpo livre mostrado na Figura 6. Onde tem-se as forças atuantes sobre o carrinho representadas da seguinte maneira: ⃗⃗ – Força normal da superfície sobre o carrinho; ⃗ – Força peso do carrinho em relação ao solo; ⃗⃗⃗⃗ ⃗ – Força peso do carrinho em relação ao eixo da rampa; ⃗⃗⃗⃗ ⃗ – Força peso do carrinho em relação ao eixo da rampa; ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗ – Força de atrito estático em relação à rampa. FIGURA 6 – DECOMPOSIÇÃO DAS FORÇAS ATUANTES NO CARRINHO FONTE: OS AUTORES (2016) ISSN: 2316-2317 Revista Eletrônica Multidisciplinar - FACEAR 8 Ao analisar-se todas as forças do sistema pode-se dizer que, conforme visto nos experimentos anteriores, a força de atrito estático e a componente do peso do carrinho, projetada no mesmo plano da rampa, possuem o mesmo valor. Podendo-se representar esta relação através da seguinte equação: ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗ ⃗⃗⃗⃗ ⃗ (6) Através de relações trigonométricas e pode-se extrair um triângulo retângulo, visto na Figura 7, formado pelas componentes da força peso do carrinho. FIGURA 7 – TRIANGULO FORMADO PELAS COMPONETES DA FORÇA PESO FONTE: OS AUTORES (2016) Na Figura 7, o ângulo de 30°, é o mesmo ângulo de inclinação da rampa sobre a qual o carrinho está apoiado. Assim, aplicando-se as relações trigonométricas, tem-se: ⃗⃗⃗⃗ ⃗ ⃗ ⃗⃗⃗⃗ ⃗ ⃗ (7) ⃗⃗⃗⃗ ⃗ ⃗ ⃗⃗⃗⃗ ⃗ ⃗ (8) Aplicando-se a equação (7) e (5) em (6), pode-se determinar a força de atrito estática como: ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗ (9) Em que (m) é a massa do carrinho e (g) é a aceleração da gravidade. E substituindo-se estas variáveis pelos valores dados anteriormente na equação (9), tem-se que: ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗ (10) Nota-se que a força de atrito estático obtida através da equação (10) possui aproximadamente o mesmo valor da força lida no dinamômetro (0,64 N). ISSN: 2316-2317 Revista Eletrônica Multidisciplinar - FACEAR 9 3. CONCLUSÃO Ao término deste experimento pode-se afirmar que a força de atrito estático é maior que a força de atrito cinético e que ambas não dependem da área de contato que o objeto tem em relação à superfície na qual está apoiado. Constata-se isso ao analisar a proximidade que estes valores apresentaram ao longo do experimento. Observa-senitidamente a relação entre a força de atrito e a força normal. Quanto maior ⃗⃗ , maior será a ⃗⃗⃗⃗ ⃗. Em contrapartida conseguiu-se observar também que mesmo elevando-se o peso do objeto, o coeficiente de atrito mantém-se o mesmo. Ou seja, comprova-se na prática que o atrito se dá em função das superfícies de contato. Por fim conseguiu-se observar na prática que a força de atrito estático e a componente do peso do objeto projetado sobre o mesmo plano de inclinação possuem o mesmo valor. Isso foi feito através da decomposição das forças atuantes sobre o objeto e a obtenção destes valores através das equações deduzidas neste sistema. Sendo assim pode-se concluir que as forças de atrito atuam sobre qualquer objeto apoiado sobre um plano. Estando este objeto em movimento ou não, estas forças são determinantes para ajudar nos cálculos de rendimento do sistema e também são fundamentais para ações com a finalidade de aumento de eficiência. 4. REFERÊNCIAS HALLIDAY, DAVID; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física, v.1: Mecânica. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006 YOUNG, HUGH D.; FREEDMAN, Roger A. Física I. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008
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