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Direito Penal resumo

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Aplicação da Lei Penal 
Princípio da legalidade (CF, 5º, XXXIX): tem por finalidade servir como garantia política ao cidadão; garantia contentora do poder político estatal, contra a arbitrariedade. Compreende dois princípios: princípio da reserva legal e princípio da anterioridade. 
O princípio da reserva legal ratifica os textos constitucionais, no sentido de que só será considerado crime o tipo penal que estiver determinado em lei, bem como só haverá pena havendo prévia cominação legal. Tal princípio compreende dois aspectos: Formais e Matérias.
No aspecto formal teremos a reserva absoluta da lei que consiste em, segundo a doutrina, somente a lei, em sua concepção formal e estrita, pode criar tipos e impor penas. A Taxatividade que seria a necessidade de a lei descrever o crime em todos os seus pormenores e pôr fim a Proibição da Analogia, ou seja, em normas incriminadoras não é admitida a analogia, somente em normas não incriminadoras são admitidas, desde que seja para beneficiar o agente.
No aspecto material, tudo é representado pela lei penal, que define as condutas típicas e estabelece sanções.
Obs: com relação aos princípios inerentes à reserva legal temos: adequação social que consiste em que fatos socialmente adequados não podem ser considerados criminosos, ou seja, condutas aceitas pela coletividade não podem ser consideradas criminosas pelo legislador; insignificância que assenta-se no princípio de minimis non curat pretor (o pretor não cuida de crimes insignificantes). O tipo penal cuida do bem jurídico e da proteção do cidadão, portanto, se o delito for incapaz de ofender o bem jurídico, não haverá como enquadrá-lo no tipo e Alteridade, ou seja, não podem ser punidas condutas puramente internas, que pertencem ao foro íntimo do infrator, que não são externalizadas.
Agora, quanto ao princípio da Anterioridade, este estabelece que, não há crime sem lei “anterior” que o defina. Enquanto não houver texto legal discriminando a conduta cometida pelo agente, esta não será considerada crime.
Irretroatividade da lei
Art. 2º, caput, do CP: ninguém pode ser punido pelo fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
Abolitio Criminis
Lei que revoga um tipo incriminador extingue o direito de punir, como consequência, ocorre à extinção da punibilidade do agente. O Abolitio Criminis, serve para beneficiar o agente, ou seja, para tal fato, alcança fatos anteriores e serão aplicados pelo juiz do processo, podendo ser usado antes do final do processo, levando ao afastamento de quaisquer efeitos da sentença, ou após a condenação transitada em julgado. A competência para a aplicação do Abolitio Criminis após o transito em julgado é do juízo da execução (Súmula n. 611 do STF). 
Vale lembrar que a lei nova, que favorecer o agente da conduta criminosa, retroage em seu favor (art. 2º, § único, do CP).
Extra Atividade
É o fenômeno no qual a lei produz efeitos fora de seu período de vigência. Dividem – se em duas modalidades: retroatividade e ultratividade.
Na retroatividade, a lei retroage aos fatos anteriores à sua entrada em vigor, se houver benefício para o agente; enquanto que na ultratividade, a lei produz efeitos mesmo após o término de sua vigência.
Leis auto – revogáveis (art. 3º do CP)
Subdividem-se em duas espécies: leis temporárias e leis excepcionais.
Leis temporárias são aquelas que já trazem no seu próprio texto a data da cessação de sua vigência, ou seja, a data do término de vigência já se encontra explicito no texto da lei. Leis excepcionais são aquelas feitas para um período excepcional de anormalidade. São leis criadas para regular um período de instabilidade. Neste caso, a data do término de vigência depende do término do fato para o qual ela foi elaborada.
Estas duas espécies de leis são ultrativas, ainda que prejudiquem o agente (Ex: num surto de febre amarela é criado um crime de omissão de notificação de febre amarela; caso alguém cometa o crime e logo em seguida o surto seja controlado, cessando a vigência da lei, o agente responderá mesmo assim pelo crime). Se não fosse assim, a lei perderia sua força coercitiva, visto que o agente, sabendo qual seria o termino da vigência da lei, poderia retardar o processo para que não fosse apenado pelo crime.
Teorias sobre o tempo do crime (art. 4º do CP)
Existem três teorias sobre o tempo do crime: teoria da atividade, teoria do resultado, teoria mista ou da ubiquidade.
Teoria da atividade condiz com: o tempo do crime é o tempo da ação, ou seja, é o tempo que se realiza ação ou a omissão que vão configurar o crime. Teoria do resultado é o tempo que se produz o resultado, ou seja, neste caso, o tempo da ação se torna irrelevante. E por último, teoria mista ou da ubiquidade na qual, o tempo do crime será tanto o tempo da ação quanto o tempo do resultado.
Obs: a teoria utilizada pelo CP é a teoria da atividade. Em tal teoria, seja o crime permanente ou continuado, o agente, em caso de lei nova, responderá sempre de acordo com a última lei vigente, seja ela mais benéfica ou não.
Conflito aparente de normas
O conflito ocorre quando existir: pluralidade de normas, unidade de fato, aparente aplicação de todas as normas ao mesmo fato e efetiva aplicação de somente uma das normas. Vale lembrar que o conflito não é real, mas sim aparente. Existem quatro meios de se solucionar tais conflitos: especialidade, subsidiariedade, consunção, alternatividade.
No princípio da especialidade (lei especial derroga a geral) neste caso, se houver um conflito entre uma norma especial e uma norma geral, aplica - se a norma especial, tendo em vista que, a norma especial contém todos os requisitos da norma geral mais alguns elementos denominados especializantes. Princípio da Subsidiariedade, quando existir um conflito entre uma norma mais ampla e uma menos ampla, aplica – se à norma mais ampla em vista que a norma subsidiária é “englobada” pela norma primaria. Existem duas formas de subsidiariedade: implícita e explícita. A implícita não vem expressa no tipo (Ex: constrangimento ilegal é subsidiário do sequestro). 
Princípio da consunção significa consumir, absorver. Um fato mais grave absorve um fato menos grave. Aqui temos um conflito no fato e não entre normas, tendo em vista ser um mais grave que o outro. São espécies de consunção; progressão criminosa; antefactum não punível; postfactum não punível; crime progressivo e crime complexo. Progressão criminosa consiste na pluralidade de fatos e elementos subjetivos um mais grave que o outro (Ex: um sujeito tem o dolo de causar uma lesão leve na vítima; após consumado o crime o agente decide causar lesões graves na vítima; logo em seguida o agente decide matar a vítima consumando o crime). Antefactum não punível é um fato anterior imprescindível para a execução do fato principal (Ex: um sujeito acha uma folha de cheques, falsifica a assinatura e a utiliza para fazer uma compra). Postfactum não punível configura fato posterior irrelevante (Ex: um sujeito furta um objeto e o vende). Crime progressivo, existe um elemento subjetivo e uma pluralidade de fatos, ou seja, o crime é composto de vários atos, mas existe sempre a mesma vontade desde o início (Ex: um sujeito tem o dolo de matar a vítima; para isso utiliza-se de um instrumento qualquer que vai causando lesões, desde as leves até as gravíssimas, chegando, assim, à consumação do crime). Crime complexo, resulta da fusão de dois ou mais crimes (Ex: extorsão mediante sequestro, estupro qualificado pela morte etc.).
Princípio da alternatividade: ocorre quando houver uma só norma contendo várias condutas, ou seja, várias formas de realização de um crime.
Lugar do crime (art. 6º do CP)
Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Para os crimes no espaço máximo ou à distância (crimes executados em um país, ou seja, que começaram aser praticados em um país, e consumados em outro, atingindo o resultado pretendido) foi adotada a teoria da ubiquidade, ou seja, a competência para o julgamento do fato será de ambos os países. Para os chamados delitos plurilocais (ação que se dá em um lugar e o resultado em outro dentro de um mesmo país), foi adotada a teoria do resultado, ou seja, o foro competente é o foro do local do resultado. Nas infrações de competência dos juizados especiais criminais, seguiu a teoria da atividade, ou seja, o foro competente é o da ação.
Tipos de prazo (art. 10° e 107 – IV do CP)
Prazos de direito processual: não se computa o dia do começo; o primeiro dia será o primeiro dia útil subsequente ao dia do começo e prorroga-se até o dia útil seguinte quando terminar em domingo ou feriado. São prazos sujeitos à suspensão e interrupção. Prazos de direito material: na sua contagem, computa-se o dia do começo como o primeiro dia, excluindo-se por consequência o dia do final; não se prorroga quando termina em domingo ou feriado (são prazos considerados fatais, não sujeitos a interrupção ou suspensão). Prazo decadencial: decurso do prazo de seis meses. Após esse período, ocorrerá o perecimento do direito da ação penal. Prazo prescricional: afirmação da perda da pretensão do Estado de punir o infrator e de executar a sanção imposta devido a sua inércia dentro do prazo legal; sendo justa causa extintiva da punibilidade do agente. Perempção: é uma sanção processual, ou seja, é uma sanção ao querelante que não dá andamento ao processo. O prazo de 30 dias para dar andamento ao processo é considerado prazo de direito penal, visto que o seu decurso acarreta a extinção do processo e, consequentemente a extinção da punibilidade.
Teoria geral do crime
Crime: existem 2 sistemas para conceituação de crime: formal e material.
Material: é a ação ou omissão, imputável a pessoa (pode ser utilizada para alcançar o comportamento do agente/acusar alguém) lesiva ou perigosa a interesse penalmente protegido (bens jurídicos), constituída de determinados elementos e acompanhada de determinadas circunstâncias previstas em lei. Nada mais é que a violação de um bem jurídico penalmente protegido. Formal: crime é um fato típico e antijurídico. A culpabilidade constitui pressuposto da pena.
Obs: conceituamos o crime como sendo a junção do fato típico mais a antijuricidade. Só se pode conceituar crime, se tivermos os dois elementos citados.
Fato típico: é o comportamento humano (positivo ou negativo) que provoca um resultado (em regra) e é previsto na lei penal como infração. Os elementos que constituem o fato típico são: conduta humana dolosa ou culposa; resultado, salvo nos crimes de mera conduta; nexo causal, salvo nos crimes de mera conduta; enquadramento do fato material a uma norma penal.
Antijuricidade: é a relação de contrariedade entre o fato e o ordenamento jurídico. 
Culpabilidade: é a reprovação da ordem jurídica, em face de estar ligado o agente ao fato típico e antijurídico. Não se trata de requisito de crime, funciona como condição de imposição da pena.
Punibilidade: é a consequência jurídica do crime e não seu elemento constitutivo. Nada mais é que a aplicabilidade da função.
Requisitos elementares e circunstâncias do crime
Os requisitos do crime são o fato típico e a antijuricidade. Faltando um destes não há figura deleitosa. Tais requisitos são chamados de requisitos genéricos. Mas existe os requisitos específicos que, são os elementos, as várias formas em que os requisitos genéricos se manifestam nas diversas figuras deleitosas. 
Circunstâncias: são determinados dados que, agregados à figura típica fundamental, tem a função de aumentar ou diminuir a pena. A falta de uma circunstância não faz com que desapareça o crime.
Diferença entre elementar e circunstância: quando se trata de distinguir o crime de um comportamento lícito ou de outro delito é elementar. Quando agrava ou atenua a sua gravidade objetiva, aumentando ou atenuando a pena, se trata de circunstância.
Quando estamos diante da ausência de um elementar, como consequência, teremos dois efeitos: atipicidade absoluta ocorre quando excluída algum elementar, o sujeito fica sem responder por infração alguma e atipicidade relativa: ocorre quando, excluída a elementar, não subsiste o crime do que se cuida, havendo a desclassificação para outro delito.
Crime e ilícito civil: não há diferença substancial entre eles. O ilícito penal é sancionado por pena, enquanto o civil produz sanções civis (indenização etc.).
Crime e ilícito administrativo: não existe diferença essencial. É a espécie de sanção que permite diferenciação (entre ambos).
O crime na teoria geral do direito: o crime é um fato. Dentre os fatos, crime constitui um fato jurídico, pois produz efeitos jurídicos. Como elemento jurídico, crime é uma ação (ou omissão) de efeitos jurídicos involuntários.
Do sujeito ativo do crime: sujeito ativo é quem pratica o fato descrito na norma penal incriminadora.
Da capacidade penal das pessoas jurídicas: duas teorias tentam explicar esse assunto: teoria da ficção e teoria da realidade. Na teoria da ficção a pessoa justifica não ter consciência e vontade própria. É uma ficção legal. Assim, não tem capacidade penal e não pode cometer crime, sendo responsáveis os seus dirigentes; teoria da realidade vê na pessoa jurídica um ser geral, tendo vontade própria. Assim, pode ela delinquir.
Da capacidade especial do sujeito ativo: existem dois tipos: crimes próprios e crimes de mão-própria. Nos crimes próprios, o sujeito ativo pode determinar a outrem a sua execução (autor), embora possam ser cometidos apenas por um número limitado de pessoas; nos crimes de mão própria, ninguém os comete por intermédio de outrem. 
Obs: Em alguns casos de exclusão da pena ou do crime, a lei penal exige capacidade especial do agente.
Do sujeito passivo do crime: é o titular interesse cuja ofensa constitui a essência do crime. Existem duas espécies de sujeito passivo: sujeito passivo geral, constante ou formal e sujeito passivo eventual, particular, acidental ou material. A primeira refere-se ao titular do mandamento proibitivo não observado pelo sujeito ativo – é o Estado. E a segunda refere-se a aquele que sofre a lesão do bem jurídico, do qual é titular – é o homem, o Estado, a pessoa jurídica e a coletividade.
Obs: o Estado pode configurar as seguintes posições: sujeito passivo formal; sujeito passivo material; sujeito passivo único; sujeito passivo junto a outro sujeito passivo.
Do objeto do delito: é aquilo contra ao que se dirige a conduta humana que constitui o delito. Pode ser: objeto jurídico: é o bem ou interesse tutelado pela norma penal; e objeto material: é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta do sujeito ativo.
Do título do delito: é denominação jurídica do crime, que pressupõe todos os seus elementos. Pode ser: genérico: quando a incriminação se refere a um gênero de fato, o qual recebe título particular (Ex: crime contra a vida); específico: quando trata apenas de um assunto, algo específico, por exemplo, o artigo 30, in fine, do CP, que trata da comunicabilidade das elementares da natureza subjetiva, só se aplica ao título de crime, não incidindo os tipos privilegiados e qualificados.
Consumação e tentativa
Do crime consumado: iter criminis é o itinerário do crime, ou seja, as etapas percorridas pelo agente para a prática de um fato previsto em lei como crime. São elas: cogitação: trata-se de uma fase interna, onde o agente somente está pensando, pretendendo a prática do crime. Acha-se em um claustro psíquico. Não existe fato típico; preparação: o indivíduo começa a esterilizar os procedimentos para a empreitada criminosa. É a prática de todos os atos antecedentes necessários ao início da execução. Trata-se de uma fase externa e não existe fato típico; execução: começa a agressão do bem jurídico. Nesse momento passa a existir o fato típico; consumação: quando todos os elementos do fato típico são realizados, atingindo assim onúcleo da figura delitiva descrito na lei.
Ato idôneo: é o capaz de produzir o ato.
Ato inequívoco: é o que, fora de qualquer dúvida, induz ao resultado.
Do crime tentado: é a não consumação de um crime. Tendo sido iniciada sua execução, não se consumou por circunstâncias alheias a vontade do agente.
Aplicação da pena: a tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado, reduzida de 1/3 a 2/3. O critério para essa redução é a proximidade do momento consumativo, ou seja, quando mais próximo chegar da consumação, maior será a pena.
Espécies de tentativa 
Tentativa imperfeita ou inacabada: ocorre quando a execução do crime é interrompida por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Tentativa perfeita ou acabada: mais conhecida como “crime falho”. Ocorre quando a execução do crime se encerra, o agente executa o crime até o final, mas o resultado não se produz por circunstâncias alheias à sua vontade.
Tentativa branca: classificação para os crimes contra a pessoa, ocorre quando a vítima não é atingida.
Tentativa cruenta: classificação para os crimes contra a pessoa, ocorre quando a vítima é atingida.
Infrações que não admitem tentativa
Crimes culposos e crimes preterdolosos: se o sujeito não quer o resultado, não há que se falar em tentativa.
Crimes omissos próprios: este tipo de crime se perfaz pela simples abstenção do agente, independentemente de um resultado posterior. No caso omite-se ou não, não havendo que se falar em tentativa.
Contravenção penal: conforme texto expresso da Lei de Contravenções penais (Lei 3.688/41).
Delitos de atentado: são os crimes em que a lei pune a tentativa como se fosse consumado o delito.
Crimes habituais: tais crimes exigem, para configuração do resultado, o cometimento de conduta típica anterior; logo, com a realização da segunda conduta, já se caracteriza o delito.
Tentativa abandonada ou qualificada: ocorre quando, iniciada a execução, o resultado não se produz por interferência da vontade do próprio agente. Comporta duas espécies: desistência voluntária: o agente desiste de prosseguir na execução, ou seja, ele mesmo, voluntariamente, interrompe a execução; arrependimento eficaz: o agente executa o crime até o último ato, esgotando-os, e logo após se arrepende, impedindo o resultado.
Obs: a desistência ou arrependimento não precisam ser espontâneos, devendo ser voluntários, ou seja, desde que sejam voluntários, poderão ser provocados por terceiros e terão plena validade. A tentativa abandonada exclui a aplicação da pena por tentativa, ou seja, o agente responderá somente pelos atos até então praticados.
Tentativa inidônea ou inadequada: também chamada de quase crime ou crime impossível, ocorre quando a consumação é desde o início, impossível, portanto, o fato é atípico. A impossibilidade da consumação pode derivar de ineficácia absoluta do meio ou impropriedade absoluta do objeto. A consequência do crime impossível é o fato ser atípico. A teoria utilizada no crime impossível é a teoria objetiva temperada, ou seja, o agente não responde porque o bem jurídico não ficou exposto ao perigo. 
Ineficácia absoluta do meio: O meio empregado jamais poderá levar à consumação do crime. A ineficácia do meio deve ser absoluta, não podendo ser relativa (ex.: arma totalmente inapta a produzir disparos utilizada num homicídio). Deve-se lembrar, entretanto, que essa ineficácia pode ser considerada para um crime e para outro não (ex.: num crime de roubo, uma arma totalmente inapta a produzir disparos pode ser utilizada para intimidar a vítima).
Impropriedade absoluta do objeto: a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta jamais poderia ser alvo do crime (Ex: matar alguém que já está morto).
Arrependimento posterior: ocorre após a consumação do crime. É uma causa obrigatória de redução de pena. O crime já está consumado e o agente responderá pelo crime consumado com uma diminuição de pena de 1/3 a 2/3. Só cabe crime cometido sem violência ou grave ameaça contra a pessoa. Nestes casos, visa o legislador dar uma segunda chance ao agente que, pratica crime contra o patrimônio sem violência ou grave ameaça, de reparar o dano ou restituir a coisa. O arrependimento posterior só pode ocorrer até o recebimento da denúncia ou queixa. Após o recebimento da denúncia ou queixa, a reparação do dano será somente atenuante genérica.
Critérios para aplicação da redução da pena: são dois critérios para se aplicar a redução da pena: espontaneidade e celeridade. O arrependimento posterior não precisa ser espontâneo, mas se for, a pena será diminuída. Também, quanto mais rápido se repara o dano, maior será a diminuição.
Casos em que o sujeito repara o dano, mas não ocorre a diminuição da pena:
Cheque sem fundos;
Crime contra a ordem tributária;
Peculato culposo;
Crime de ação penal pública condicionado à representação da lei nº 9.099/95
Tipo Penal
Conceito: primeiramente, vale ressaltar que a teoria do tipo, concebida no ano de 1907, realiza e garante o princípio da reserva legal. Consiste na descrição abstrata da conduta humana feita, pormenorizadamente, pela lei penal e corresponde a um fato criminoso – também chamado de tipo incriminador. É então um molde criado pela lei, em que está descrito o crime com todos os seus elementos. Assim, argumenta o professor Fernando Capez: o modelo descritivo das condutas humanas criminosas, criado pela lei penal, com a função de garantia do direito de liberdade.
Da adequação típica e suas formas: adequação típica é o enquadramento do fato ocorrido concretamente ao tipo legal, ou seja, implica um exame mais aprofundado do que a simples correspondência objetiva, investigando se houve vontade. Existem duas formas de adequação: adequação típica de subordinação imediata e adequação típica de subordinação mediata ampliada ou por extensão. A primeira corresponde ao ajuste integral perfeito entre a conduta e o tipo legal, sem que para a sua subsunção se exija o concurso de qualquer outra norma. Com relação à segunda, o fato se enquadra imediatamente na norma penal incriminadora, exige para isto o concurso de outra disposição. Vale lembrar que à necessidade de se combinar norma contida na parte geral com o dispositivo contido na parte especial para que ocorra a exata modelagem da conduta à norma. As normas que ampliam o tipo penal funcionam como um elo, evitando que o fato fique sem enquadramento típico – são conhecidas também como norma de extensão ou ampliação da figura típica.
Norma de extensão ou ampliação temporal da figura típica: quando a extensão ocorre no tempo (nos casos da tentativa), o modelo descritivo alcança o fato momentos antes de sua consumação, pois norma que trata da tentativa faz com que retroceda no tempo e alcance o fato antes de sua realização completa.
Norma de extensão ou ampliação espacial da figura típica: aqui trata-se da participação. Neste caso não ocorre correspondência entre o fato e o tipo, pois o partícipe é aquele que não pratica o núcleo descrito na norma, decorrendo daí a impossibilidade de adequação direta. A extensão opera-se de uma pessoa (autor principal) para outra (partícipe).
Elementos do tipo: 
Núcleo: designado por um verbo, p. ex., matar, subtrair, constranger,
expor etc.
Sujeito ativo: em alguns casos: mãe, funcionário público etc.
Sujeito passivo: alguém, recém-nascido etc.
Objeto material: coisa alheia móvel, documento etc. No homicídio,
confunde-se com o próprio sujeito passivo (“alguém” é objeto
material e sujeito passivo).
Referências ao lugar, tempo, ocasião, modo de execução, meios
empregados e, em alguns casos, ao fim especial visado pelo agente:
durante o repouso noturno, com emprego de veneno, para obter
vantagem ilícita etc.
Dolo: existem três teorias que falam sobre o conceito de dolo. São elas: teoria da vontade: dolo é a consequência e a vontade de praticar a conduta e atingir o resultado, é quando o agente quer o resultado; teoria do assentimento ou da aceitação: dolo é à vontade de praticar a conduta com a aceitação dosriscos de produzir o resultado. O agente não quer, mas não se importa com o resultado.
Espécies de dolo
Dolo natural: Para os finalistas, dolo é simplesmente “querer”; é à vontade, não importando a consciência da ilicitude. É uma manifestação psicológica, não havendo juízo de valor.
Dolo normativo: É aquele formado pela consciência da ilicitude do ato. Para os clássicos, o dolo depende de um juízo de valor. Integra a culpabilidade e tem como elemento à vontade e a consciência da ilicitude (componente normativo).
Dolo genérico: É à vontade de realizar o verbo do tipo sem qualquer finalidade especial.
Dolo específico: É à vontade de realizar o verbo do tipo com uma finalidade especial. Sempre que o tipo tiver um elemento subjetivo, haverá a necessidade do dolo específico. 
Dolo de perigo: É à vontade de expor o bem a uma situação de perigo de dano. O perigo pode ser concreto ou abstrato. Quando for concreto, é necessária a efetiva comprovação de que o bem jurídico ficou exposto a uma real situação de perigo. Já quando for abstrato, também conhecido como presumido, é aquele em que basta a prática da conduta para que a lei presuma o perigo.
Dolo de dano: existe quando a vontade é de produzir uma efetiva lesão ao bem jurídico. Quase todos os crimes são de dolo de dano.
Dolo direto: Existe quando o agente quer produzir o resultado, é o dolo da teoria do resultado.
Dolo indireto: É aquele que existe quando o agente não quer produzir diretamente o resultado. Subdivide-se em:
Eventual: quando o agente não quer produzir o resultado, mas aceita o risco de produzi-lo;
Alternativo: quando o agente quer produzir um ou outro resultado.
Dolo geral ou erro sucessivo: Conhecido como erro sobre o nexo causal ou aberratio causae; ocorre quando o agente, na suposição de já ter consumado o crime, reinicia a sua atividade criminosa, e só então atinge a consumação (ex.: “A” quer matar “B” por envenenamento; após o envenenamento, supondo que “B” já estava morto, “A” joga o que imagina ser um suposto cadáver no rio e “B” acaba morrendo por afogamento; nesse caso, o erro é irrelevante, o que vale é a intenção do agente, que responderá por homicídio doloso por envenenamento).
Culpa
Compara-se a conduta do agente, no caso concreto, com a conduta de uma pessoa de prudência mediana. Se a conduta do agente se afastar dessa prudência, haverá a culpa. Nestes casos será feita uma valoração para verificar a existência de culpa. Vale ressaltar que só há culpa quando há previsão expressa em lei, ou seja, se a lei omitir, presume-se que não se poderá punir a título de culpa. Destaca-se que não existe compensação de culpas. O fato de a vítima ter agido parcialmente com a culpa do crime, não impede que o agente responda pela sua conduta culposa. Somente no caos em que existir culpa exclusiva da vítima haverá exclusão da culpa do agente. Na pena abstrata, não a diferença. Na dosagem da pena, na primeira fase de sua extinção, é levado em conta o grau de culpa. São três: grave, leve e levíssima. Com relação à participação no crime culposo, é adotada a teoria que defende a impossibilidade de participação no crime culposo, visto que é uma conduta acessória e no crime culposo não há descrição da conduta, portanto não se sabe distinguir a conduta principal da conduta acessória.
Espécies de culpa:
Culpa inconsciente ou sem previsão: é aquela em que o agente não prevê o resultado previsível.
Culpa consciente ou com previsão: quando o agente prevê o resultado, que era previsível.
Culpa indireta ou mediata: ocorre quando o agente produz um resultado e em virtude deste produz um segundo resultado (Ex: o assaltante aponta uma arma a um motorista que está parado no sinal; o motorista, assustado, foge do carro e acaba sendo atropelado).
Elementos do Fato Típico Culposo: São elementos do fato típico culposo:
Conduta voluntária;
Resultado naturalístico involuntário;
Nexo causal;
Tipicidade;
Previsibilidade objetiva: é a possibilidade de qualquer pessoa ter
previsto o resultado; o que se leva em conta é se o resultado era ou
não previsível para uma pessoa de prudência mediana, e não a
capacidade do agente de prever o resultado;
Ausência de previsão: não prever o previsível. Só haverá na culpa
inconsciente, visto que na culpa consciente há previsão;
Quebra do dever objetivo de cuidado: é o dever de cuidar imposto a
todos. Existem três maneiras de violar o dever objetivo de cuidar. São as três modalidades de culpa.
Modalidades de culpa:
Imprudência: prática de um fato criminoso. É a culpa de quem age (Ex; passar no farol fechado). Ocorre durante a ação.
Negligência: é a culpa de quem se omite. É a falta de cuidado antes de começar a agir. Ocorre sempre antes da ação (Ex: não verificar os freios do automóvel antes de colocá-lo em movimento).
Imperícia: é a falta de habilidade no exercício de uma profissão ou atividade. 
Ilicitude e antijuricidade
Todo fato típico, em princípio, também é ilícito. O fato típico cria uma presunção de ilicitude. É o caráter indiciário da ilicitude. Se não estiver presente nenhuma causa de exclusão da ilicitude, o fato também será ilícito, confirmando-se a presunção da ilicitude. A antijuricidade é sempre objetiva porque independe da culpabilidade do agente.
A ilicitude pode ser: contradição do fato comum com a norma: é o fato típico não acobertado pelas causas de exclusão da ilicitude; material: segundo o critério material, a antijuricidade ocorre quando fato contraria a norma e causa uma lesão ou um perigo concreto de lesão ao bem jurídico. É uma conduta que não somente está contraria a lei, mas também é injusta contrariando o sentimento de justiça da sociedade.
CAUSAS LEGAIS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE
São duas as classificações das causas de exclusão da ilicitude (exclusão da antijuricidade, causas justificantes ou descriminantes).
Causas legais: são as quatro previstas em lei:
Estado de necessidade
Legítima defesa
Estrito cumprimento do dever legal
E o exercício regular do direito);
Causas supralegais: são aquelas não previstas em lei, mas que excluem a ilicitude (ex.: furar a orelha).
Estado de necessidade: é uma causa de exclusão de ilicitude que se encontra tipificado no art. 24 do CP. Consiste em uma conduta lesiva praticada para afastar o perigo. No estado de necessidade, há um conflito entre dois ou mais bens jurídicos diante de uma situação de perigo (Ex: naufrágio). Existem duas teorias sobre o estado de necessidade: teoria unitária: o estado de necessidade sempre exclui a antijuricidade (teoria acolhida pelo CP); teoria diferenciada: para esta, é necessário fazer uma diferenciação: quando os bens jurídicos são desiguais, há exclusão da antijuridicidade, portanto, tem-se estado de necessidade justificante; quando os bens jurídicos são iguais, há exclusão apenas da culpabilidade, tem-se, neste caso, estado de necessidade exculpante.
Requisitos para a existência do estado de necessidade:
Perigo deve ser atual ou iminente, ou seja, deve estar acontecendo naquele momento ou prestes a acontecer.
Perigo deve ameaçar um direito próprio ou um direito alheio. Necessário se faz que o bem esteja protegido pelo ordenamento jurídico.
Perigo não pode ter sido criado voluntariamente.
Quem possui o dever legal de enfrentar o perigo não pode invocar o estado de necessidade.
Inevitabilidade do comportamento lesivo, ou seja, somente deverá ser sacrificado outro bem se não houver outra maneira de afastar a situação de perigo.
É necessário existir proporcionalidade entre a gravidade do perigo que ameaça o bem jurídico do agente ou alheio e a gravidade da lesão causada pelo fato necessitado, pois o CP brasileiro adotou a Teoria Unitária, qual seja, “o estado de necessidade é causa de exclusão da ilicitude”.
Requisito subjetivo: os finalistas colocam mais um requisito do estado de necessidade: o conhecimento da situação justificante.
Espécies do estado de necessidade: 
Próprio ou de terceiro: é próprio quando há o sacrifício de um bem jurídico para salvaroutro que é do próprio agente. É de terceiro quando o sacrifício é para salvar bem jurídico de terceiro.
Real ou putativo: é real quando se verificam todos os requisitos da situação de necessidade. É putativo quando não subsistem, de fato, todos os requisitos legais da situação de necessidade, mas o agente os julga presentes.
Defensivo ou agressivo: é defensivo quando há o sacrifício de bem jurídico da própria pessoa que criou a situação de perigo. É agressivo quando há o sacrifício de bem jurídico de terceira pessoa inocente.
Legítima defesa: existem sete requisitos: agressão: é todo ato praticado por pessoa humana. A agressão pode ser: ativa: quando o sujeito ataca injustamente; passiva: quando o ato de agredir é uma omissão (Ex: carcereiro que, mesmo com alvará de soltura, não liberta o preso); injusta: no sentido de ilícita, ou seja, só cabe legítima defesa contra agressão não acobertada por causa de exclusão da ilicitude; atual ou iminente: atual é a agressão que está acontecendo e iminente é a que está prestes a acontecer; a direito próprio ou de terceiro: é legítima defesa própria quando o sujeito está se defendendo e legítima defesa alheia quando o sujeito defende terceiro; meio necessário: é o meio menos lesivo colocado à disposição do agente no momento da agressão; moderação: é o emprego do meio necessário dentro dos limites para conter a agressão; excesso: é uma intensificação desnecessária, ou seja, quando se utiliza um meio que não é necessário ou quando se utiliza meio necessário sem moderação.
Espécies de legítima defesa:
Legitima defesa putativa: é a legitima defesa imaginaria. É aquela erroneamente suposta.
Legitima defesa subjetiva: é o excesso cometido por um erro plenamente justificável.
Legitima defesa sucessiva: é a repulsa contra o excesso.
Ofendículos e defesa mecânica predisposta: ofendículos são aparatos visíveis destinados à defesa da propriedade ou de qualquer outro bem jurídico, caracterizados pela visibilidade, devendo ser detectados por qualquer pessoa (Ex: lança no portão de casa, caco de vidro no muro, etc.). Existem duas posições sobre o que o uso de ofendículos deveria caracterizar:
Legítima defesa preordenada: visto que só atuará no momento em que ocorre a efetiva agressão;
Exercício regular do direito;
Defesa mecânica predisposta: é aparato destinado à defesa da propriedade ou de qualquer outro bem jurídico, no entanto estão ocultos. Excepcionalmente caracterizará exercício regular do direito. Em regra, o sujeito que se utiliza de defesa mecânica preordenada responde por crime.
Estrito cumprimento do dever legal: é o dever emanado da lei ou de respectivo regulamento.
Exercício regular do direito: quando, se a pretexto de exercer um direito, houver intuito de prejudicar terceiro, haverá crime.
Lesões esportivas: a violência desportiva é exercício regular do direito, desde que a violência seja praticada nos limites do esporte. Mesmo violências que acabam em alguma lesão, se isso for previsível para a prática do esporte, serão exercício regular do direito (ex.: numa luta de boxe, poderá haver, inclusive, a morte de um dos lutadores).
Intervenções cirúrgicas: Amputações, extração de órgão etc., constituem exercício regular da profissão do médico. Se a intervenção for realizada em caso de emergência por alguém que não é médico, será considerada estado de necessidade.
Consentimento do ofendido: o consentimento do ofendido exclui o fato típico quando existe o consentimento da vítima, ou seja, por exemplo quando o sujeito vai saltar de paraquedas e assina um documento aceitando o risco, ele está aceitando o risco antes e durante o consentimento do fato. Assim são necessários os seguintes requisitos: ser o bem jurídico disponível; que a vítima tenha 18 anos completos ou mais; o consentimento deve ser dado antes e depois do fato; a consciência do agente de que houve consentimento.
Erro de Tipo
O erro de tipo é aquele que incide sobre um dado da realidade, descrito em um tipo penal como: 
“O agente pratica o crime com culpa e depois acrescenta ao crime um resultado doloso (Ex: o agente atropela a vítima culposamente e, após, foge, omitindo-se de socorrer a vítima) ”. 
“O agente pratica o crime com dolo e depois acrescenta ao crime um resultado culposo (Ex: o agente desfere um soco na vítima, que cai, batendo a cabeça e vindo a falecer)“.
O erro de tipo recai sobre: 
Elementar de um tipo incriminador;
Circunstância de um tipo incriminador;
Elementar de um tipo permissivo;
Dado irrelevante da figura típica.
Erro sobre elementar de tipo incriminador
O sujeito se equivoca com uma situação de fato. Nesse caso, o erro de tipo sempre exclui o dolo e, se inevitável, também exclui a culpa, tornando o fato atípico. Caso o erro seja evitável, haverá a forma culposa. Por exemplo, um sujeito pega uma caneta, idêntica à sua, que, entretanto, era de outra pessoa. Há um equívoco sobre a realidade impedindo que o sujeito tenha consciência de que está praticando um crime (furto).
Erro sobre circunstância 
O sujeito se equivoca com uma circunstância. Por exemplo, furta um relógio pensando ser de ouro; quando chega ao receptador, percebe que o relógio não tinha valor. Nesse caso, o sujeito responde por furto simples, não tendo sua pena diminuída visto que furtou o relógio pensando que este tinha valor.
Erro sobre elementar de tipo permissivo
É um erro sobre descriminante. O erro de tipo, nesse caso, é uma descriminante putativa ou imaginária. É causa da exclusão da ilicitude imaginada por erro. Sempre que um erro incidir sobre a realidade, haverá erro sobre elementar de tipo permissivo. Por exemplo, um sujeito percebe seu inimigo mexendo no bolso e acredita que ele tem uma arma; o sujeito mata o inimigo, que somente portava um lenço (erro de apreciação dos fatos da realidade).
Consequências do erro de tipo
O erro de tipo sempre exclui o dolo. Se o erro for inevitável, a culpa também será excluída. Se o erro é evitável, o agente responde por crime culposo. Quando o crime não admite a forma culposa, o erro de tipo, excluindo o dolo, torna o fato atípico, não havendo necessidade de se indagar se o erro era inevitável ou não.
Erro de tipo acidental
É aquele que incide sobre dados irrelevantes da figura típica, portanto não traz nenhuma consequência para o fato típico. São modalidades de erro de tipo acidental:
Erro sobre o objeto ou coisa:
Por exemplo: o sujeito quer furtar um saco de feijão e, por engano, furta um saco de arroz. O crime continua sendo de furto, não havendo consequências.
Erro sobre a pessoa:
Por exemplo: o sujeito deseja matar “A” e, por uma confusão mental, acaba matando “B” (olhou “B” achando que era “A”). O crime continua sendo de homicídio. O sujeito responderá pelo crime como se a vítima efetiva “B” fosse a vítima virtual “A”, ou seja, responderá pelo crime como se tivesse matado “A”.
 c) Erro na execução do crime (aberratio ictus)
Neste caso, o agente, em virtude de um erro na execução do crime, atinge pessoa diversa da pretendida. Não há erro na representação mental e sim na execução do crime (ex.: o agente quer matar “A”, mira nele, entretanto erra o tiro, acertando “B”). Existem duas espécies de aberratio ictus:
Aberratio ictus com resultado único ou com unidade simples: somente o terceiro é atingido (terceiro inocente ou vítima efetiva). Nesse caso, o agente responderá pelo crime como se tivesse matado a vítima virtual;
Aberratio ictus com resultado duplo ou com unidade complexa: nesse caso, o agente atinge o alvo querido, mas também o não querido, ou seja, são atingidos a vítima pretendida e o terceiro inocente. Aplica-se a regra do concurso formal perfeito. O agente responderá, quanto à vítima pretendida, por homicídio doloso e, quanto ao terceiro, por homicídio culposo.
d) Erro na execução com resultado diverso do pretendido (aberratio delicti)
Nesse caso, varia o bem jurídico pretendido, ou seja, o sujeito quer atingir um bem jurídico e atinge outro. Há duas espécies de aberratio delicti:Aberratio delicti com unidade simples (resultado único): só é produzido o crime diverso. O agente somente responde pelo crime diverso a título de culpa.
Aberratio delicti com unidade complexa (resultado duplo): atinge o bem pretendido e o bem diverso. O agente responde por concurso formal (dolo no pretendido e culpa no diverso).
 Dolo geral ou erro sucessivo ou erro sobre o nexo causal (aberratio causae)
Ocorre quando o agente, na suposição de já ter consumado o crime, pratica o que imagina ser mero exaurimento e nesse instante atinge a consumação.

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