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Teorema da Divergência Dizemos que um sólido E é um sólido simples se E é um sólido simultaneamente do tipo 1, do tipo 2 e do tipo 3. Ou seja, E é um sólido simples se existem funções v1, v2, u1, u2, w1 e w2 tais que o sólido E pode ser descrito como E = {(x, y, z) ∈ R3 | (x, y) ∈ D1, v1(x, y) ≤ z ≤ v2(x, y)} = {(x, y, z) ∈ R3 | (y, z) ∈ D2, u1(y, z) ≤ x ≤ u2(y, z)} = {(x, y, z) ∈ R3 | (x, z) ∈ D3, w1(x, z) ≤ y ≤ w2(x, z)} onde D1, D2 e D3 são regiões dos planos xy, yz e xz, respectivamente. Teorema 1. (Teorema da divergência) Seja E um sólido simples limitado do R3 se seja S a superfície de fronteira de E, orientada de forma que os vetores normais de S apontem para fora do sólido E. Se −→ F é um campo vetorial do R3 cujas funções componentes têm derivadas parciais contínuas em uma região aberta que contenha E, então∫∫ S −→ F • d−→S = ∫∫∫ E div −→ F dV Exemplo 1. Determine o fluxo do campo vetorial −→ F (x, y, z) = z −→ i + y −→ j + x −→ k através da esfera unitária x2 + y2 + z2 = 1. Sabemos que a esfera x2 + y2 + z2 = 1 pode ser descrita pela função vetorial −→r (θ, φ) = sen φ cos θ−→i + sen φsen θ−→j + cosφ−→k , (θ, φ) ∈ [0, 2pi]× [0, pi] Entretanto, essa parametrização não condiz com a orientação exigida no Teorema da Divergên- cia, pois a orientação induzida por essa parametrização é dada pelos vetores normais apontando para dentro da esfera. Mas, ao invertermos a orientação de uma superfície, o que acontece é que o resultado da integral de superfície troca de sinal. Logo, com a nossa parametrização,∫∫ S −→ F • d−→S = − ∫∫∫ E div −→ F dV onde E é a bola dada por x2 + y2 + z2 ≤ 1. Como div −→ F = ∂P ∂x + ∂Q ∂y + ∂R ∂z e as funções componentes do campo vetorial do exercício são P (x, y, z) = z, Q(x, y, z) = y e R(x, y, z) = x, então div −→ F = 1 Portanto, ∫∫∫ E div −→ F dV = ∫∫∫ E 1 dV = V (E) = 4pi 3 e concluímos que ∫∫ S −→ F • d−→S = −4pi 3 1 Exemplo 2. Calcule ∫∫ S −→ F • d−→S , onde −→F (x, y, z) = xy−→i + (y2 + exz2)−→j + sen (xy)−→k e S é a superfície do sólido E limitado pelo cilindro parabólico z = 1− x2 e pelos planos z = 0, y = 0 e y + z = 2. Como as funções componentes do campo vetorial do exercício são P (x, y, z) = xy, Q(x, y, z) = y2 + exz 2 e R(x, y, z) = sen (xy), então div −→ F = ∂P ∂x + ∂Q ∂y + ∂R ∂z = y + 2y = 3y Pelo teorema da Divergência, se orientarmos S de forma que os vetores normais de S apontem para fora do sólido E, então∫∫ S −→ F • d−→S = ∫∫∫ E div −→ F dV = ∫∫∫ E 3y dV onde E = {(x, y, z) ∈ R3 | − 1 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ 2− z, 0 ≤ z ≤ 1− x2} Logo, ∫∫ S −→ F • d−→S = ∫ 1 −1 ∫ 1−x2 0 ∫ 2−z 0 3y dy dz dx Calculando a integral em y:∫ 2−z 0 3y dy = [ 3y2 2 ]y=2−z y=0 = 3 2 (2− z)2 Calculando a integral do resultado em z:∫ 1−x2 0 3 2 (2− z)2 dz = 3 2 [ −(2− z) 3 3 ]z=1−x2 z=0 = −1 2 [ (1 + x2)3 − 8] = −1 2 [ 1 + 3x4 + 3x2 + x6 − 8] = −1 2 [ 3x4 + 3x2 + x6 − 7] 2 Calculando a integral do resultado com relação à x:∫ 1 −1 −1 2 [ 3x4 + 3x2 + x6 − 7] dx = −1 2 [ 3x5 5 + x3 + x7 7 − 7x ]x=1 x=−1 = 184 35 Concluímos assim que ∫∫ S −→ F • d−→S = 184 35 Observação 1. Se calculássemos a integral de superfície direto da definição no exemplo acima teríamos muito trabalho, uma vez que teríamos que dividir a superfície S em 4 superfícies, parametrizar cada uma delas e calcular 4 integrais de superfície distintas. Exemplo 3. Calcule ∫∫ S −→ F • d−→S , onde −→F (x, y, z) = z arctan(y2)−→i + z3 ln(x2 + 1)−→j + z−→k e S é a parte do parabolóide x2 + y2 + z = 2 acima do plano z = 1 orientada para baixo. Observamos que a superfície em questão não é a fronteira de um sólido simples. Entretanto, se S1 for a superfície S1 = {(x, y, z) ∈ R3 | x2 + y2 ≤ 1, z = 1} orientada para cima, então S1 ∪ S é a fronteira do sólido simples E = {(x, y, z) ∈ R3 | x2 + y2 ≤ 1, 1 ≤ z ≤ 2− x2 − y2} Logo, ∫∫ S −→ F • d−→S + ∫∫ S1 −→ F • d−→S = ∫∫ S∪S1 −→ F • d−→S = − ∫∫∫ E div −→ F dV Como as funções componentes do campo vetorial do exercício são P (x, y, z) = z arctan(y2), Q(x, y, z) = z3 ln(x2 + 1) e R(x, y, z) = z, então div −→ F = ∂P ∂x + ∂Q ∂y + ∂R ∂z = 1 e, portanto, ∫∫∫ E div −→ F dV = ∫∫∫ E 1 dV = ∫ 2pi 0 ∫ 1 0 ∫ 2−r2 1 r dz dr dθ Calculando a integral em z:∫ 2−r2 0 r dz = r [ z2 2 ]z=2−r2 z=1 = 1 2 [ r(2− r2)− r] = 1 2 [ r − r3] Calculando a integral do resultado em r:∫ 1 0 1 2 [ r − r3] dr = 1 2 [ r2 2 − r 4 4 ]r=1 r=0 = 1 4 Calculando a integral do resultado com relação à θ:∫ 2pi 0 1 4 dθ = pi 2 Logo, 3 ∫∫∫ E div −→ F dV = pi 2 A superfície S1 pode ser parametrizada por −→r (x, y) = x−→i + y−→j + z−→k , (x, y) ∈ D = {(x, y) | x2 + y2 ≤ 1} Temos que −→r x = −→i , −→r y = −→j o que implica que −→r x × −→r y = −→k (observe que esse vetor normal à S1 é compatível com a orientação que queríamos). Logo, −→ F (−→r (x, y)) • (−→r x ×−→r y)) = 1 e temos que ∫∫ S1 −→ F • d−→S = ∫∫ D 1 dA = A(D) = pi Logo, ∫∫ S −→ F • d−→S = − ∫∫∫ E div −→ F dV − ∫∫ S1 −→ F • d−→S = −pi 2 − pi = −3pi 2 De forma semelhante ao que foi feito no teorema de Green, podemos estender o teorema da divergência para sólidos E cuja fronteira seja composta de duas superfícies disjuntas S1 ∪ S2. As superfícies tem que ser orientadas de forma que o vetor normal sempre esteja apontando para fora de E e, portanto, neste caso, as superfícies tem orientações opostas. Por exemplo, se E é o sólido entre as esferas x2 + y2 + z2 = 1 e x2 + y2 + z2 = 4, então a esfera x2 + y2 + z2 = 1 tem que ser orientada de forma que seus vetores normais apontem para dentro dela e a esfera x2+ y2+ z2 = 1 tem que ser orientada de forma que seus vetores normais apontem para dentro dela. 4
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