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Principais vertentes da sociologia.

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AS PRINCIPAIS VERTENTES TEÓRICAS DA SOCIOLOGIA
Prof. Me. Marcos Macedo
AUGUSTO COMTE
(1798-1857)
Nascido em Montpellier, França, Auguste Comte foi o criador da filosofia positivista, por meio da qual buscou realizar um projeto de física social, ou, como ele mesmo chamou, um projeto de Sociologia.
 O QUE É O POSITIVISMO
Positivismo é a designação da doutrina criada por Comte, fundada na extrema valorização do método científico das ciências positivas (baseado nos fatos e na experiência) e na recusa das discussões metafísicas.
Comte utiliza o termo física social para designar um campo de estudo que tem a sociedade por objeto. 
Ele aplica o termo física social para conceituar o que denominou leis fundamentais dos fenômenos sociais.
O Positivismo visava a aplicação da metodologia das ciências naturais na confecção das ciências sociais. 
Acreditava, também, na constante evolução do homem, e pensava que a Sociologia deveria solucionar a questão social decorrente da Revolução Industrial.
A LEI DOS TRÊS ESTADO DE EVOLUÇÃO
A lei dos três estados resume o pensamento de Comte sobre a evolução histórica e cultural da humanidade.
Segundo Comte, a humanidade passa por três estágios de evolução social:
Estado Teológico: momento no qual os homens explicam os fenômenos diversos através dos deuses;
Estado Metafísico: explicações pela filosofia, através de ideias gerais, onde se estabelecem os valores sociais;
Estado Positivo ou Científico: no qual as explicações devem decorrer do método científico, que seria o momento das sociedades industriais.
OBJETIVO
O objetivo do método positivo de investigação é a pesquisa das leis gerais que regem os fenômenos naturais. Assim o positivismo diferencia-se do empirismo puro porque não reduz o conhecimento científico apenas aos fatos observados. É na elaboração das leis gerais que reside o grande ideal das ciências.
Com base nessas leis, o ser humano torna-se capaz de prever os fenômenos naturais, podendo agir sobre a realidade. Ver para prever é o lema da ciência positiva.
O conhecimento científico torna-se, desse modo, um instrumento de transformação da realidade, de domínio do ser humano sobre a natureza.
As transformações impulsionadas pelas ciências visam o progresso; este, porém, deve estar subordinado à ordem. Temos, então, um novo lema positivista, aplicado à sociedade: Ordem e progresso.
CARACTERÍSTICAS
Na obra “Discurso sobre o espírito positivo”, Comte aponta as características fundamentais que distinguem o Positivismo das demais filosofias. Seriam o seu compromisso com a:
 realidade – pesquisa de fatos concretos, acessíveis à nossa inteligência, deixando de lado a preocupação com mistérios impenetráveis referentes às causas primeiras e ultima dos seres.
utilidade – busca do conhecimentos destinados ao aperfeiçoamento individual e coletivo do indivíduo, desprezando as especulações ociosas, vazias e estéreis;
certeza – obtenção de conhecimentos capazes de estabelecer a harmonia lógica na mente do próprio indivíduo e a comunhão em toda a espécie humana, abandonando as dúvidas indefinidas os intermináveis debates metafísicos;
precisão – estabelecimento de conhecimentos que se opõe ao vago, baseados nos enunciados rigorosos, sem ambiguidades;
organização – tendência a organizar, construir metodicamente, sistematizar o conhecimento humano;
relatividade – aceitação de conhecimentos científicos relativos. Se não fossem relativos, não poderia ser admitida a continuidade de novas pesquisas, capazes de trazer teorias com teses opostas ao conhecimento estabelecido. Assim, a ciência positiva é relativa porque admite o aperfeiçoamento e a ampliação dos conhecimentos humanos.
COMO AVALIAR AS MUDANÇAS SOCIAIS
Por meio de 02 caminhos, onde um levaria à evolução transformando as sociedades, segundo a lei universal, da mais simples à mais complexa, da menos avançada à mais evoluída; e o outro procuraria ajustar todos os indivíduos às condições estabelecidas, garantindo o melhor funcionamento da sociedade, o bem comum e os anseios da maioria da população. 
Esses dois movimentos revelariam ser a ordem, o princípio que rege as transformações sociais, princípio necessário para evolução social ou o progresso/ajustamento e integração dos componentes da sociedade a um objetivo comum.
Os movimentos reivindicatórios, os conflitos, as revoltas deveriam ser contidos sempre que pusessem em risco a ordem estabelecida ou o funcionamento da sociedade, ou ainda quando inibissem o progresso.
Auguste Comte: identificou na sociedade esses dois movimentos vitais: 
dinâmico o que representava a passagem para formas mais complexas de existência, como a industrialização; 
estático o responsável pela preservação dos elementos permanentes de toda organização social. 
Comte relacionava os dois movimentos vitais de modo a privilegiar o estático sobre o dinâmico, a conservação sobre a mudança.
 
Assim, para ele, o progresso deveria aperfeiçoar os elementos da ordem e não destruí-los. 
Essa era a justificava para a intervenção na sociedade sempre que fosse necessário assegurar a ordem ou promover o progresso. 
As instituições que mantêm a coesão e garantem o funcionamento da sociedade, por exemplo, família, religião, propriedade, linguagem, direito etc. seriam responsáveis pelo movimento estável da sociedade. 
A RELIGIÃO DA HUMANIDADE
Comte criou o que chamou de “religião da humanidade”. Culto não-teísta, no qual Deus seria substituído por uma humanidade racional e evoluída que atingiria esse estágio “mais elevado” conduzida por “homens mais esclarecidos”.
LEMA FUNDAMENTAL: "O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim". 
Suas regras básicas são "Viver para outrem" e "Viver às claras". Como divisa política, abrangente e sociológica, aconselha "Ordem e Progresso".
Ser positivista é amar, conhecer e servir à família, à pátria, à humanidade.
A MELHOR FORMA DE GOVERNO
A proposta que apresenta: A SOCIOCRACIA – Governo da Sociedade – pois nem a aristocracia retrógrada que propõe uma volta ao passado, nem a democracia anárquica tem propostas claras.
A ditadura republicana seria um “governo de salvação nacional exercido no interesse do povo”.
QUEM DEVE ASSUMIR O PODER
A grande missão é dada aos cientistas e industriais que devem assumir o poder do Estado com energia, prudência e perseverança, tornando o Positivismo realmente popular.
A missão regeneradora da “crise moral” é atribuída ao Ocidente, porque desenvolveu o espírito positivo, racional-científico.
DA FILOSOFIA SOCIAL À SOCIOLOGIA
O positivismo foi o pensamento que glorificou a sociedade europeia do século XIX, em franca expansão. 
Procurava resolver os conflitos sociais por meio da exaltação à coesão, à harmonia natural entre indivíduos, ao bem estar do todo social.
Representou um esforço concreto de análise científica da sociedade.
Foram teorias que abriram as portas para uma nova concepção de realidade social com suas especificidades e regras. 
O Positivismo exaltava a coesão social e a harmonia dos indivíduos em sociedade. Procedimentos de natureza científica, análises sociológicas baseadas em fatos observados com maior critério só serão introduzidos por Émile Durkheim. 
Émile Durkheim nasceu em 15 de abril de 1858, na cidade de Épinal, na região francesa da Alsácia-Lorena. Formou-se na Escola Normal Superior de Paris em 1882. Lecionou filosofia nos liceus de Sens, Saint-Quentin e Troyes entre 1882 e 1885. Em 1887, aos 29 anos de idade, tornou-se responsável pela cátedra de Sociologia na Universidade de Bordéus, onde começou a escrever algumas de suas obras. Em 1902, de volta a Paris, foi nomeado assistente na cadeira de Ciência da Educação, e, em 1910, transformou-a em cadeira de Sociologia.
ÉMILE DURKHEIM
1858 - 1917
A sociedade é entendida por Durkheim como um organismo vivo, isto é, composta de órgãos, ou seja, instituições que exercem a partir de suas estruturas específicas funções determinadas.
Portanto, por ser considerado um organismo
vivo, cada um dos órgãos sociais especializa-se e torna-se interdependente dos outros.
A divisão do trabalho, isto é, a divisão de funções profissionais, não gera conflitos, mas possibilita a solidariedade social.
O sociólogo francês também buscou elaborar uma classificação das sociedades, cujo critério era baseado na solidariedade humana, dividida em dois tipos: a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica. 
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
OS DOIS TIPOS DE SOLIDARIEDADE
As sociedades passam por processos de evolução, caracterizados pela diferenciação social.
SOLIDARIEDADE MECÂNICA
Também chamada de sociedade mecânica, a solidariedade que ocorre nas sociedades simples é proveniente da divisão do trabalho a partir do biológico, ou mais precisamente, do sexo, isto é, trabalho feminino e trabalho masculino.
A configuração social mecânica, os indivíduos se identificam com a sociedade em que convivem através dos mesmos usos, costumes, tradições, enfim, as mesmas práticas sociais.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
A sociedade orgânica é aquela em que a divisão do trabalho social não ocorre mais pela distinção de gênero, mas pela divisão profissional. O critério, portanto é saber fazer.
Desse modo, a sociedade orgânica é aquela que se verifica nas sociedades mais complexas ou industriais e a organização social é a expressão não só por usos e costumes, mas, também, por normas jurídicas.
A solidariedade orgânica é comum entre as sociedades modernas ou capitalistas, e está calcada na divisão do trabalho, pois Durkheim afirmava que esta divisão é básica em qualquer sociedade, porém, nas sociedades capitalistas, ela praticamente é a mais importante para a manutenção da coesão social.
No caso particular da solidariedade orgânica, o efeito mais importante da divisão do trabalho social, de acordo com Durkheim, não é o aumento da produtividade, mas a solidariedade gerada entre os homens.
A coesão social é proveniente da solidariedade presente nos diversos exercícios profissionais para o funcionamento normal da sociedade.
O FATO SOCIAL
“é um fato social toda maneira de agir, fixa ou não, capaz de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, ou ainda, que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente de suas manifestações individuais.”
Durkheim, Emile. Da Divisão do Trabalho Social.
 São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2010.
Segundo Durkheim, o fato social é tudo aquilo que pode ser considerado como coisa, elementos exteriores ao ser humano e que não pertencem a ele, sendo na verdade, plenamente independentes de sua vontade, ou seja, tudo o que existe nas sociedades humanas que exercem pressão e controle sobre os indivíduos, forçando-os a posicionar-se dentro do todo social.
03 CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS
EXTERIORIDADE
A exterioridade é entendida como toda manifestação exterior ao indivíduo, portanto, o primeiro traço que permite identificar o objeto da Sociologia é a condição de exterioridade. Isso significa que a sociedade é formada antes do indivíduo e apresenta-se a este como coisa.
COERCITIVIDADE
É a qualidade de imposição que todo fato social deve exercer sobre os indivíduos. a coerção social seria a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a se conformarem e a aceitarem as regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha, se não as acatamos, somos passíveis das respectivas punições.
A existência da coerção social, segundo Durkheim, é de importância essencial, porque afirma o papel de regulamento da moral para promover a integração social.
Sem os vários aspectos da moral, traduzidos por leis, regras e convenções, as sociedades não podem viver e conviver em harmonia.
GENERALIDADE
Generalidade tem como referência, evidentemente, o coletivo, pois está presente nos indivíduos em decorrência de estar presente na sociedade.
Isso significa que é considerado fato social de generalidade tudo o que é repetido em todos os indivíduos e sociedades, ou, ao menos, na maioria deles. 
EXEMPLO
Exterioridade: Independente do nosso pensamento e da nossa vontade, sempre na sociedade vai existir o casamento, pois a maioria das pessoas em geral acreditam que é necessário o casamento para poder ter uma vida a dois e gerar uma família.
Coercitividade: Na sociedade, o nosso círculo de parentes e de igual maneira amigos, nos cercam de forma direta ou indireta impondo que, o cidadão deve se casar e de igual maneira constituir uma família.
Generalidade: é comum na nossa sociedade atual o casamento, nos deparamos a todo momento com esse fato social.
CONSCIÊNCIA COLETIVA
A consciência coletiva, é a força coletiva exercida sobre um indivíduo, que faz com que este aja e viva de acordo com as normas da sociedade na qual está inserido.
Pode-se definir consciência coletiva como a forma moral que vigora na sociedade, apresentando-se como um conjunto de regras fortemente estabelecido, que atribui valor e controla os atos individuais. 
Em uma sociedade, a definição de atitudes, comportamentos e pensamentos considerados imorais, reprovados ou inadequados, é realizada pela consciência coletiva.
INSTITUIÇÃO SOCIAL
Instituição social são procedimentos aceitos e sancionados pela sociedade, destinados a manter a coesão do grupo e atender às necessidades de seus integrantes. 
A família, a escola, a religião e o Estado estariam entre essas instituições sociais, essencialmente conservadoras que cumprem a função de reforçar a coesão social.
A NATUREZA DOS FATOS SOCIAIS
Para Durkheim, a Sociologia deveria desempenhar duas funções básicas: explicar a sociedade e seu funcionamento e encontrar soluções para a vida social. Segundo ele, a sociedade apresentaria estados normais e patológicos; saudáveis e doentios.
Dessa forma, ele revela que o fato social pode apresentar duas características: fato social normal ou fato social patológico.
Um fato social é considerado normal quando se encontra generalizado na sociedade e nos grupos sociais ou quando desempenha alguma tarefa importante para a adaptação e a evolução daquela sociedade. 
Normal é a sociedade que oferece atendimento às demandas individuais.
Por outro lado, um fato social é considerado patológico quando estabelece perigo ao consenso social, à vontade coletiva, ao acordo, à evolução e à adaptação da sociedade. 
A patologia social decorre da impossibilidade de acomodação de todos os indivíduos às normas de conduta preestabelecidas.
MAX WEBER
(1864 – 1920)
Nascido em 21 de abril de 1864, na cidade de Erfurt, Alemanha, Max Weber foi o primogênito de oito filhos. Teve uma forte criação protestante por parte de sua mãe. O pai foi jurista e político. Mudou-se para Berlim, com a família, em 1869. Entrou na Faculdade de Direito de Heidelberg em 1882, mas, no ano de 1883, interrompeu os estudos para prestar um ano de serviço militar em Estrasburgo, retomando a atividade estudantil no ano seguinte. Formou-se em 1888. Weber faleceu em 1920. Dentre seus livros, destacam-se: A ética protestante e o espírito do capitalismo, Economia e sociedade e Ciência e política: duas vocações.
Max Weber acreditava que o conhecimento vinha da experiência, mas era inevitavelmente fragmentado e só poderia abordar um dos aspectos daquilo que chamamos de realidade.
Assim, Weber raciocinava que as ciências humanas, no caso específico a sociologia, não poderiam ser estudadas ou ser comprovadas como a física, a química ou mesmo a matemática. 
Essas ciências conseguem demonstrar uma relação de causa e efeito, quando estudam os seus respectivos objetos de estudo. 
O verbo mais correto para o ofício do sociólogo não é estabelecer uma relação de causa e efeito, e sim compreender.
A concepção sociológica de Max Weber é denominada sociologia compreensiva. Trata-se, então, de compreender o sentido das ações sociais. A compreensão dos motivos que sustentam o próprio sentido das ações sociais é que define o objeto da Sociologia como o estudo da conexão de sentido das ações.
AÇÃO SOCIAL
A ação social para Weber é a conduta humana, pública ou não.
As motivações surgem a partir das relações sociais 
Segundo Max Weber, toda ação executada pelo indivíduo é uma reação à ação de outros indivíduos, e esta inter-relação entre indivíduos e sociedades é que seria a “ação social”. 
Assim, a ação social sempre está associada a algum motivo. Do mesmo modo, o conteúdo dessas ações sociais se relaciona e é determinado pela motivação dos indivíduos. Essa motivação ou estímulo surge a partir das relações sociais.
A ação social pode ser entendida como resposta individual ou coletiva a uma outra ação. Só existirá ação social quando o indivíduo tentar estabelecer algum tipo de comunicação, por meio de suas ações, com outros indivíduos. 
Portanto, a ação social é estabelecida a partir das relações interpessoais. 
RELAÇÃO SOCIAL
A Sociologia de Weber permite a passagem para o coletivo na caracterização da relação social.
As relações sociais são marcadas por condutas coletivas, que se sustentam por sentido compartilhado entre muitos indivíduos.
A ação social, segundo Weber, pode ser determinada de três modos: racional, quando as ações referentes a fins ou referentes a valores; afetivo, quando a esfera das ações contém sentimentos; tradicional, quando as ações são estabelecidas por costumes cristalizados no interior da sociedade. 
Nesse sentido, as regras e as normas sociais, segundo as análises de Max Weber, são produtos do conjunto das ações individuais e somente existem porque os indivíduos orientaram, simultaneamente, suas ações em um sentido determinado.
Portanto, todas as formas de organização social, o Estado e as religiões, por exemplo, existem porque são estabelecidas relações sociais que, por sua vez, são mantidas pelas ações individuais.
Max Weber, em seus estudos, atribuiu ao cientista social a tarefa de descobrir os possíveis sentidos da ação humana. No entanto, o pensador alertava que, em suas análises e pesquisas, o cientista, como indivíduo em ação, também é influenciado por seus interesses e sua cultura e tradição. 
Isso quer dizer que não há análise e compreensão imparciais de aspectos sociais, pois essas carregam o ponto de vista do pesquisador. Dessa forma, existem várias maneiras de se compreender e se analisar os aspectos de uma mesma sociedade.
TIPO SOCIAL
O tipo ideal é um instrumento de análise que o cientista social usa como recurso para investigar metodologicamente a variedade de fenômenos que compõe a realidade social. O tipo ideal exige a observação e a apreensão das características mais marcantes do fenômeno; em seguida, é necessária a elaboração, a mais ideal possível, das ações tanto do indivíduo quanto da instituição social em que este está inserido.
O caso mais famoso de uso do conceito de tipo ideal foi o do capitalismo, no qual Weber estabeleceu que os países de religião protestante seriam mais adiantados que os católicos porque os primeiros valorizaram o trabalho e a parcimônia, elementos imprescindíveis no capitalismo, e os segundos preferiram o ócio e o desapego material.
No livro A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber procura mostrar que sem a Reforma Protestante, em especial o Calvinismo, não seria possível acontecer o avanço do capitalismo da maneira como aconteceu, já que tal Reforma foi um dos alicerces para a criação e formação da sociedade industrial e capitalista, quando foi inserida a ideia de que não é pecado trabalhar e ganhar dinheiro (poupar, negociar, cobrar juros), anteriormente abominada pelo catolicismo tradicional.
As desigualdades sociais: Weber e a estratificação social
Segundo Weber, a sociedade se assenta sobre três dimensões distintas: a econômica, a social e a política. (...)
A dimensão econômica estratifica a sociedade através dos critérios pautados na riqueza, na posse a na renda. (...)
A dimensão social funda uma maneira de estratificação baseada no status. O seu elemento definidor é a honra e o prestígio que as pessoas e/ou grupos desfrutam, ou não desfrutam, a posição que ocupam na sua profissão, em seu estilo de vida etc.
A dimensão política funda um modo de estratificação baseado no poder. Quanto mais poder os indivíduos e/ou grupos ostentarem, melhor eles se posicionarão na escala de reconhecimento no interior dessas relações de poder e de dominação. 
A abordagem multidimensional de Max Weber parte do pressuposto de que os indivíduos podem se situar na escala de estratificação de modo diferente nessas três dimensões.
REZENDE, M. J. de. “As desigualdades sociais”. In TOMAZI, N. D. Iniciação à Sociologia. 2. ed. São Paulo: Atual, 2000.
KARL MARX
(1818-1883)
Foi um intelectual alemão considerado um dos fundadores da Sociologia. Também podemos encontrar a influência de Marx em várias outras áreas (tais como filosofia, economia, história) já que o conhecimento humano, em sua época, não estava fragmentado em diversas especialidades da forma como se encontra hoje. Seu pensamento foi fruto de três grandes teorias: a filosofia alemã (especificamente de Hegel), o socialismo francês e a economia política inglesa.
Karl Marx procurou compreender a história real dos homens em sociedade a partir das condições materiais nas quais eles vivem. 
Essa visão histórica foi chamada posteriormente, por seu companheiro de estudos Friedrich Engels, de materialismo histórico.
MATERIALISMO HISTÓRICO
Teoria segundo a qual a sociedade e os acontecimentos históricos deve ser explicados a partir das condições materiais de produção e distribuição das riquezas produzidas pela sociedade, isto é, para compreender uma sociedade e os acontecimentos históricos de determinada época é necessário investigar os fatores econômicos dessa sociedade.
MATERIALISMO DIALÉTICO
O materialismo histórico é sobretudo dialético, isto é, Marx defendia que a realidade social é dinâmica, está em transformação permanente, evoluindo por meio de contradições. Segundo o pensamento de Karl Marx, as contradições do modo de produção feudal produziram o embrião do capitalismo, as contradições do capitalismo levariam a uma nova sociedade. A dialética é a lei de desenvolvimento da realidade histórica.
IDEOLOGIA
As ideias da classe dominante se tornam universais
A ilusão ou o engano de que as ideias ou a consciência são algo independente da realidade social concreta do homem propiciou o que Marx chamou de ideologia.
De acordo com Karl Marx, ideologia era um conjunto de ideias, representação, valores teorias que legitimavam e ajudavam a sustentar a sociedade e as relações sociais.
Em outras palavras, segundo Marx, a classe social dominante agia para que suas ideias e valores se transformassem universais, ela transformava suas representações em ideias abstratas válidas para o conjunto da sociedade, ocultando ou dissimulando as desigualdades sociais e as condições que as sustentavam.
A ideologia seria, então um instrumento de dominação social.
TRABALHO
	A principal atividade do homem
Segundo Marx, é necessária a existência do homem para que este possa pensar, ou seja, primeiro o homem tem que produzir suas condições materiais e concretas de vida, pelo trabalho, que são os bens necessários à sua existência e à sua sobrevivência. A esse processo Marx deu o nome de infraestrutura.
Existe uma base econômica na sociedade que está relacionada às formas de produção de bens necessários para a sobrevivência. 
A própria sociedade cria necessidades sempre superiores em quantidade e sem qualidade e são essas necessidades crescentes que incentivam o desenvolvimento constante das forças produtivas.
Esse é um ponto fundamental da sociologia de Marx. Ao falar da produção material da vida, ele não se refere apenas à produção das inúmeras coisas necessárias à manutenção física dos indivíduos. Ele está considerando também o fato de que, ao produzirem todas essas coisas, os homens constroem a si mesmos como indivíduos.
Assim, o trabalho para o homem é ontológico, quer dizer, é indissociável da existência humana –
não é uma opção.
É por isso que o modo de produção consiste nas forças produtivas e nas relações sociais de produção que, juntas, criam a existência numa determinada sociedade.
TRABALHO CAPITALISTA
Valor e alienação
Marx reconhece o trabalho como atividade fundamental do ser humano e analisa os fatores que o tornaram uma atividade massacrante e alienada no capitalismo.
Com a propriedade privada dos meios de produção e o emprego da força de trabalho, o trabalho deixa de ser uma atividade social que humaniza o trabalhador para se transformar em algo alheio a ele. O produto de sua atividade não lhe pertence mais. A riqueza que produz passa a ser propriedade de outros.
“O que constitui a alienação do trabalho? Primeiramente, ser o trabalho externo ao trabalhador, não fazer parte de sua natureza, e por conseguinte, ele não se realizar em seu trabalho mas negar a si mesmo (...) O trabalhador, portanto, só se sente à vontade em seu tempo de folga, enquanto no trabalho se sente contrafeito. Seu trabalho não é voluntário, porém imposto, é trabalho forçado. Ele não é a satisfação de uma necessidade, mas apenas um meio para satisfazer outras necessidades. Seu caráter alienado é claramente atestado pelo fato, de logo que não haja compulsão física ou outra qualquer, ser evitado como uma praga. O trabalho exteriorizado, trabalho em que o homem se aliena a si mesmo, é um trabalho de sacrifício próprio, de mortificação”. (Karl Marx – Manuscritos econômicos e filosóficos: primeiro manuscrito, XXIII, 7§.)
ALIENAÇÃO NA PRODUÇÃO
No novo contexto capitalista, ao vender sua força de trabalho mediante salário, o operário também se transforma em mercadoria. Ocorre então o que Marx chama de fetichismo da mercadoria e reificação do trabalhador.
O fetichismo é o processo pelo qual a mercadoria, um ser inanimado, adquire “vida” porque os valores de troca tornam-se superiores aos valores de uso e passam a determinar as relações humanas, ao contrário do que deveria acontecer. 
Desse modo, a relação entre produtores não se faz entre eles próprios, mas entre os produtos do seu trabalho.
A reificação (do latim res, “coisa”) é a transformação dos seres humanos em coisas. 
Em consequência, a “humanização” da mercadoria leva à desumanização da pessoa, à sua coisificação, isto é, o indivíduo é transformado em mercadoria.
MAIS VALIA
O trabalho excedente não pago
É obtida pela exploração do trabalhador. O capitalista contrata o operário para trabalhar num certo período de hora a fim de alcançar determinada produtividade. Mas, o trabalhador estando disponível todo o tempo pode produzir o excedente que foi calculado, e o trabalho excedente não é pago ao operário, ficando assim como lucro ao capitalista.
LUTA DE CLASSES
É a contradição entre as diferentes classes: “proletariado x burguesia”. Isso acontece quando há a divisão da propriedade privada e a exploração trabalhista. Assim, surge a luta de classes, pois cada classe luta pelos próprios interesses.
Marx sintetiza que a luta de classes é o motor da história, isto é, a luta de classes faz a história se mover.
Existe um conflito constante de interesses opostos. 
A dominação, portanto, é mascarada, mas está presente. Existe e sempre existiu a luta constante entre interesses opostos

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