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caderno de 
REsUMOs
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 2
JORNAL ESCOLAR 
E LETRAMENTO 
MIDIÁTICO CRÍTICO
ADAIR BONINI (UFSC)
Resumo de Paper
O trabalho ideológico da mídia tem sido um dos principais 
sustentáculos do neoliberalismo e da globalização desigual, 
à medida que, via práticas e discurso midiático (principal‑
mente do jornalismo), naturalizam‑se representações do 
mundo segundo as quais, por exemplo, o Estado deve ser 
mínimo, pois o setor público seria menos eficaz que o em‑
presarial. Nesse contexto, o trabalho escolar com o letra‑
mento midiático crítico envolve não apenas a entrada nas 
práticas da mídia, mas a entrada de forma questionadora. 
O ensino de produção textual de notícias, por exemplo, que 
se centra apenas nas ações necessárias para que se produza 
um texto como notícia pode favorecer, muitas vezes, que a 
escola reproduza as pautas dos meios de comunicação de 
massa e se torne, desse modo, mais um propagador da ide‑
ologia hegemônica. O enfoque proposto pelos PCNs para o 
ensino e a aprendizagem da linguagem ganhou espaço no 
material didático e em muitas escolas desde a época da pu‑
blicação deste documento. Nessa trilha e, mais recentemen‑
te impulsionado por projetos governamentais (como o Mais 
Educação), ampliou‑se também o trabalho de construção de 
mídias escolares, principalmente o jornal e a rádio escolar. 
Torna‑se pertinente, desse modo, pensar como estão sen‑
do construídas essas mídias, e quais caminhos se colocam 
para que elas se desenvolvam e auxiliem na aprendizagem 
de linguagem como parte da formação do cidadão crítico. 
Neste trabalho, são analisadas quatro dessas experiências 
realizadas na rede de escolas públicas municipais da cidade 
de Florianópolis. São considerados os jornais produzidos e 
entrevistas realizadas com os/as professores/as envolvidos 
na condução dos projetos. O objetivo é levantar o discurso 
dos/as professores/as quanto ao letramento midiático e o 
modo como esses jornais se configuram como resultado das 
práticas de letramento postas marcha. Procede‑se, assim, a 
uma reflexão sobre os caminhos percorridos e sobre as tri‑
lhas que se abrem.
A (RE) ESCRITA MEDIADA PELA 
WEB 2.0 NA FORMAÇÃO INICIAL 
DE PROFESSORES
ADAIR VIEIRA GONÇALVES (UFGD)
Resumo de Pôster
Partimos da premissa de que é possível o ensino/aprendi‑
zagem da (re) escrita, mais especificamente do letramento 
acadêmico com a utilização de plataformas digitais. Nosso 
objetivo é investigar se os procedimentos de reescrita do 
modelo grafocêntrico tradicional e das pesquisas em pla‑
taformas digitais representadas por trabalhos asiáticos 
(BRAINE 1997, 2001; CHANG, 2012; SONG & USAKA, 2009) e 
Europeu (SCHULTZ, 2000) são produtivos quando a ferra‑
menta utilizada é o Correio Eletrônico (CE). Os procedimen‑
tos grafocêntricos são intitulados por Signorini (2006) de 
gêneros catalisadores quando funcionam como ferramentas 
de intervenção docente no texto do estudante, tais como: 
Correção Indicativa, Resolutiva e Classificatória (SERAFINI, 
1995), Correção Textual‑Interativa (RUIZ, 2001), e Listas de 
Controle/Constatações (GONÇALVES, 2009). Decorrentes 
desse objetivo, analisamos: i) os procedimentos de reescrita 
incorporados nas plataformas digitais a partir da transposi‑
ção didática do gênero artigo de opinião; II) as estratégias 
utilizadas pelos estudantes que serão orientadas pelas re‑
gularidades obtidas nas interações típicas das Tecnologias 
da Informação e da Comunicação (TIC) e nas relações mo‑
ventes entre os polos da investigação; e, por fim, III) os pro‑
cedimentos utilizados na reescrita de forma longitudinal. 
Situamos a pesquisa no âmbito da Linguística Aplicada, de 
natureza transdisciplinar e adotamos como aparato meto‑
dológico: i) a Pesquisa–Ação Integrada e Sistêmica –PAIS‑ 
(MORIN, 2004); ii) a abordagem etnográfica (LILLIS, 2003; 
FLOWERDEW, 2006; MARINHO, 2010; FIAD, 2011), porque favo‑
rece a análise de textos, falados ou escritos, focalizando‑ os 
etnograficamente como “um traço de uma situação social 
que inclui igualmente os valores, regras, significados e ati‑
tudes, e modelos de comportamentos dos participantes, ou 
produtores e recebedores de texto” (MARINHO, 2010, p.375).
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 3
AS REPRESENTAÇÕES 
DO PROCESSO AVALIATIVO 
PRESENTE NOS DOCENTES 
EGRESSOS DA UNIVERSIDADE 
FEDERAL DE UBERLÂNDIA
ADRIANA CÉLIA ALVES (UFU)
Resumo de Paper
Este estudo pretende analisar como os discentes egressos 
do Curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia 
veem o processo avaliativo. Buscaremos problematizar 
como os professores de Línguas em exercício, formados 
na Universidade Federal de Uberlândia, trabalham com o 
processo avaliativo: o que aprenderam durante o curso de 
graduação, como avaliam seus alunos, quais suas repre‑
sentações sobre a avaliação e as possíveis influências des‑
ses processos para o ensino‑aprendizagem. Na  conjuntura 
educacional, a avaliação é parte integrante e indissociável 
do ensino‑aprendizagem, pois ela não está presente apenas 
para diagnosticar, mas tem a função de reorientar, refletir e 
regular o processo de ensino‑aprendizagem. Por isso, pro‑
põe‑se um estudo que investigue de que maneira os discen‑
tes de um curso de Letras aprendem a avaliar e a influência 
desse processo na prática profissional, no intuito de levar o 
tema “avaliação” a ser discutido e repensado de forma me‑
nos estereotipada. Buscaremos verificar se o processo ava‑
liativo sofreu transformações na prática dos docentes para 
atender às mudanças propostas nos PCN’s e na LDB. Para 
compreendermos esse processo, a fizemos entrevistas com 
quatro alunos egressos do curso de Letras da Universidade 
Federal de Uberlândia, atuantes em contextos diversos de 
ensino. Para a interpretação dos dados utilizaremos a me‑
todologia qualitativa interpretativista. Ainda, os enunciados 
proferidos pelos discentes são analisados por meio da con‑
cepção de representações de Bronckart (1997), objetivando 
problematizar as representações dos professores de Línguas 
egressos da Universidade Federal de Uberlândia e sua in‑
fluência para o ensino‑aprendizagem, bem como, verificar 
como acontece a formação dos alunos do curso de Letras da 
UFU, referente ao processo avaliativo.
PERSPECTIVISMO CRÍTICO, 
INTERPRETAÇÃO DISCURSIVA 
E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA: 
SUBSÍDIOS PARA UMA PROPOSTA 
DE LEITURA CRÍTICA A PARTIR 
DO LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS 
COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
ADRIANA CRISTINA SAMBUGARO DE MATTOS BRAHIM (CENTRO 
UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER)
Resumo de Pôster
Esta comunicação tem como o bjetivo apresentar alguns as‑
pectos de análise e os resultados de uma pesquisa realizada 
durante o programa de doutoramento no IEL/UNICAMP. A in‑
vestigação foi realizada através da abordagem qualitativa de 
pesquisa, orientada por reflexões teóricas sobre concepções 
de discurso (FAIRCLOUGH, 2001, 2003; WIDDOWSON, 2004) 
leitura crítica (WALLACE, 2003) e tipos de interação pedagó‑
gica (VAN LIER, 1997). O objetivo foi avaliar – através de aná‑
lises de eventos pedagógicos selecionados de aulas – uma 
proposta de intervenção pedagógica nas aulas de inglês do 
Curso de Letras. Essa proposta foi guiada pelo “perspectivis‑
mo crítico” a partir do qual sugerimos uma prática de leitura 
que contemplasse, por um lado, os textos e o tema (“o mun‑
do do trabalho”) presentes no livro didático de inglês, e, por 
outro, textos externos, de mesmo tema, que apresentassem 
perspectivas discursivo‑ideológicas diferentes. Sendo assim, 
nossa análise teve como corpus as análises pré‑pedagógicas 
e cinco aulas registradas em que atuamos como professo‑
ra‑formadora/pesquisadora, a partir das quais investiga‑
mos os efeitos de vários tipos de interação pedagógica que 
ocorrem no processo de leitura crítica que parte de uma in‑
terpretação textual,para então chegar a uma interpretação 
do discurso que leva a um posicionamento de aliança ou de 
resistência. As análises nos mostraram que uma aula de lei‑
tura que se quer crítica pode acontecer através de diferentes 
tipos de interação pedagógica, sendo em alguns momentos 
mais e, em outros, menos contingentes. Como professo‑
ra‑formadora tivemos, em alguns momentos, um papel im‑
portante de apoio nas interpretações textuais e discursivas e, 
em outros momentos, os alunos mostraram autonomia nas 
interpretações discursivo‑ideológicas. As  conclusões apon‑
taram caminhos interessantes para um planejamento em 
contextos de exigência pela adoção de um material didático.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 4
CRENÇAS SOBRE O ENSINO 
DE INGLÊS NAS ESCOLAS 
PÚBLICAS EM MATO GROSSO 
DO SUL
ADRIANA LÚCIA DE ESCOBAR CHAVES DE BARROS (UEMS)
Resumo de Paper
Esta pesquisa tem como objetivo refletir sobre fatos e mitos 
a respeito do ensino de Inglês nas escolas públicas dos mu‑
nicípios de Jardim, Guia Lopes, Bela Vista e Campo Grande, 
em MS, a partir das crenças de uma aluna de graduação 
em Letras Português–Inglês da UEMS, sua professora de 
Formação Pedagógica e duas professoras da Secretaria de 
Educação, uma do Estado de Mato Grosso do Sul e outra do 
Município de Campo Grande. Pesquisas sobre as crenças dos 
professores de Inglês vêm acontecendo há mais de 30 anos. 
No entanto, ainda há muito sobre o que se investigar e me‑
lhorar. Os  cursos de formação universitária encontram‑se 
bastante aquém das expectativas dos alunos de Letras, no 
que diz respeito à capacitação de língua inglesa. Esse é um 
forte motivo para que esses aprendizes se sintam desmo‑
tivados, desestimulados, desassistidos, despreparados e 
malformados. Dessa maneira, permeada de reflexões, esta 
pesquisa sugere a necessidade de se ouvir mais sobre as 
expectativas, os medos e os receios de professores, alunos 
dos cursos de Letras, alunos das escolas e todos os atores 
envolvidos no processo de ensino‑aprendizagem de Língua 
Inglesa nas escolas públicas, para que se possa, em outro 
momento, (re) significar os seus (pré) conceitos, adequan‑
do‑os às diversas realidades.
DO IMPRESSO AO DIGITAL: 
A LEITURA NO ENSINO SUPERIOR
ADRIANE BELLUCI BELÓRIO DE CASTRO (FATEC–BT)
Resumo de Paper
Paralelamente ao crescente surgimento de novas tecnolo‑
gias de informação e de comunicação, ocorre a mudança 
no perfil do leitor. Acompanhando a transformação tecno‑
lógica, a possibilidade de leitura passa a ser mais ampla e 
a atingir maior número de leitores. Entretanto, com essas 
mudanças tecnológicas, surgem leitores de diferentes per‑
fis. Santaella (2005) define três tipos de leitor associados a 
mudanças dos meios de comunicação. O primeiro, chamado 
leitor contemplativo, é o meditativo da idade pré‑industrial, 
o leitor da era do livro impresso e da imagem expositiva, fixa. 
Um segundo tipo, o leitor movente é o leitor do mundo em 
movimento, dinâmico, mundo híbrido, de misturas sígni‑
cas. Um terceiro tipo, o leitor imersivo é aquele que começa 
a emergir nos novos espaços incorpóreos da virtualidade; o 
navegador é também um leitor, na medida em que desen‑
volve determinadas disposições e competências que o habi‑
litam a navegar através de fluxos informacionais – sonoros, 
visuais e textuais – que são próprios da hipermídia. A partir 
desses pressupostos, pretende‑se, com este trabalho, discu‑
tir como a leitura ocorre na sociedade do conhecimento em 
que se tem a convivência e a possível transição do impresso 
para o digital, a alteração do perfil do leitor e, consequente‑
mente, o reflexo dessa alteração sobre o ensino‑aprendiza‑
gem da leitura, especificamente para alunos ingressantes do 
ensino superior. Por meio de confrontos teóricos e metodo‑
lógicos, a fim de selecionar aspectos que sejam pertinentes e 
complementares para o desenvolvimento de estratégias de 
ensino‑aprendizagem da leitura, deseja‑se, também, apre‑
sentar uma proposta de trabalho didático‑pedagógico que 
proporcione a prática da leitura reflexiva, crítica e prazerosa.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 5
CONTRIBUIÇÃO DOS GÊNEROS 
NO ENSINO‑APRENDIZAGEM 
DA LITERATURA NO 1º ANO 
DO ENSINO MÉDIO
AELISSANDRA FERREIRA DA SILVA (UFAC)
Resumo de Pôster
Tendo como base teórica os estudos sobre os gêneros discur‑
sivos e concebendo‑os não apenas como instrumentos de 
comunicação, mas também como objeto de ensino‑apren‑
dizagem, este trabalho aborda questões relativas à expla‑
nação da obra Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, em 
diversos gêneros. Primeiramente foi feita uma contextuali‑
zação da obra e do autor pela professora regente. Depois, foi 
feita a leitura dramatizada da obra em sala de aula. Em se‑
guida, foi feita a divisão da apresentação do trabalho em 
gêneros diversos. Cada grupo teve a orientação e o acompa‑
nhamento da professora durante três semanas para a exe‑
cução do trabalho. Terminado o prazo, os grupos fizeram a 
apresentação e no final foi entregue um questionário aos 
alunos avaliando o trabalho realizado. A análise visa enfocar 
se antes os alunos tinham utilizado diversos gêneros em um 
único trabalho, bem como se a forma como o trabalho foi 
estruturado contribuiu para uma melhor compreensão da 
obra analisada. Assim, por meio dos trabalhos apresenta‑
dos e do questionário aplicado, tornou‑se possível explorar 
as habilidades propostas tanto para a fala quanto para a es‑
crita, contemplando, dessa forma, a variedade da interação 
verbal e, consequentemente, uma melhor compreensão da 
obra analisada.
IMPLEMENTAÇÃO 
DE UM PROJETO DE ENSINO 
DE LÍNGUA INGLESA 
INSTRUMENTAL ON‑LINE 
NO IFAL: ANÁLISE 
DE EXPECTATIVAS 
E EXPERIÊNCIAS 
DO SUJEITOS ALUNOS
AGNALDO PEDRO SANTOS FILHO (IFAL)
NIEDJA BALBINO DO EGITO (IFAL)
GISELE FERNANDES LOURES DOMITH (UFMG)
Resumo de Paper
O  Governo Federal nos últimos anos vem investindo na in‑
ternacionalização da educação brasileira devido à neces‑
sidade e aos benefícios obtidos com tal ferramenta. Prova 
desse fato são os convênios firmados entre o Brasil e as ins‑
tituições de ensino no exterior, além do desenvolvimento de 
iniciativas como o Ciências Sem Fronteiras que estimula o 
compartilhamento do conhecimento entre instituições de 
países diferentes. Uma das condições primordiais para se 
aproveitar tais oportunidades é a compreensão e uso da 
Língua Inglesa, por ser essa o idioma mais usado nos âmbi‑
tos acadêmicos internacionais e de propagação da ciência. 
Dentro desse contexto, o Instituto Federal de Alagoas – IFAL 
tem buscado parcerias com Instituições que têm programas 
de desenvolvimento dentro dessa área. Faremos um relato 
da institucionalização do programa IngRede no IFAL. O pro‑
jeto está sendo implantado em convênio com a Universidade 
Federal de Minas Gerais – UFMG e tem o objetivo de promo‑
ver o aprendizado de língua inglesa através do uso de Novas 
tecnologias da Informação e Comunicação – TICs. Estamos 
vivendo no período da sociedade da informação, na qual o 
uso das novas tecnologias implica em uma mudança no 
modo de se fazer a educação, acompanhando o desenvolvi‑
mento da era digital onde o aprendizado não ocorre apenas 
dentro da sala de aula. A  educação à distância (EAD), tem 
representado um importante papel na mudança dos parâ‑
metros educacionais, uma vez que possibilita novas formas 
de aprender, rompendo barreiras de espaço e tempo. Através 
do uso das TICs são desenvolvidas plataformas de ensino de 
inglês à distância com o objetivo de facilitar e democratizar 
o ao aprendizado de inglês, propiciando ao aprendiz uma 
maior autonomia na organização e no gerenciamento do 
tempo de seus estudos. Nesta comunicação, vamos apre‑
sentar as tomadas de posição dos sujeitos participantes 
desse projeto no IFAL quanto à participação no projeto e a 
aprendizagem delínguas estrangeiras através das TICs.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 6
O DEBATE SOBRE POLÍTICAS 
LINGUÍSTICAS E EDUCACIONAIS 
EM TIMOR‑LESTE: PROBLEMAS 
HISTÓRICOS E QUESTÕES 
CONTEMPORÂNEAS 
NA INTERPRETAÇÃO 
DE PROFESSORES 
DE LÍNGUA PORTUGUESA
ALAN SILVIO RIBEIRO CARNEIRO (UNICAMP)
Resumo de Paper
O  território de Timor‑Leste tem 14.919 quilômetros quadra‑
dos e uma população de 1.066.409 habitantes, sendo que 
41,4% desta tem de 0 a 14 anos (TIMOR‑LESTE, 2011). O país 
apresenta ainda um alto índice de crescimento populacional 
(BANCO MUNDIAL, 2008), o que coloca uma série de desafios 
para o planejamento de suas políticas públicas, principal‑
mente na área de educação. Timor‑Leste tem como línguas 
oficiais: o português e o tétum. O  país ainda tem duas lín‑
guas de trabalho, o inglês e o indonésio e, ao menos, outras 
15 línguas nacionais (ENGELENHOVEN, 2006). Para a reintro‑
dução da língua portuguesa no sistema escolar, após muitos 
anos de proibição do uso dessa língua durante o regime in‑
donésio, os timorenses estabeleceram convênios, principal‑
mente entre os anos de 2001 e 2002, com Portugal e Brasil 
para o desenvolvimento de projetos de cooperação na área 
educacional, dentre esses projetos, destaca‑se a criação 
do curso de Licenciatura em Língua Portuguesa e Culturas 
Lusófonas, da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (BOLINA, 
2005). O  objetivo desta comunicação é apresentar a histó‑
ria desse curso e a perspectiva dos professores formados e 
de alunos em formação acerca de suas vivências, bem como 
identificar as suas visões sobre o rumo atual das políticas lin‑
guísticas e educacionais, procurando evidenciar o seu papel 
em processos sócio‑políticos mais amplos que ainda estão 
em andamento no território. Os  dados apresentados aqui 
são resultado de uma pesquisa etnográfica realizada entre 
janeiro e junho de 2012, que incuiu entrevistas centradas nas 
histórias de vida desses professores e desses alunos. O  en‑
foque nas análises esteve centrado nas entrevistas como 
evento interacional, com particular destaque para o funcio‑
namento das ideologias linguísticas na interação, que apon‑
ta para a compreensão das políticas linguísticas como uma 
prática situada, na qual os agentes evidenciam os seus posi‑
cionamentos, negociando as suas identidades sociais.
A CANÇÃO/ LETRA 
DE CANÇÃO COMO 
ATIVIDADE SOCIAL PARA 
O DESENVOLVIMENTO 
DE LEITURA E ESCRITA 
EM SALA DE AULA
ALBA VALERIA ALVES IGNACIO (PUC–SP)
Resumo de Paper
Este estudo visa compreender criticamente o ensino‑apren‑
dizagem de leitura e escrita no contexto escolar por meio 
de uma atividade social do gênero canção/letra de canção. 
A  compreensão de forma crítica e reconhecimento do gê‑
nero canção quanto a sua função social, seu contexto de 
produção e seu estilo, avaliação da sua temática, atentan‑
do para as mensagens trazidas nas letras de canção anali‑
sadas, pelo fato de se tratar de um gênero que está sempre 
circulando em diversas esferas e por ser um grande instru‑
mento de conscientização e de socialização dos alunos é o 
foco central. Desse modo, a compreensão de leitura e de 
escrita, neste estudo, será apoiada, respectivamente, nos 
pressupostos referentes à capacidade de leitura de Rojo 
(2009), nos gêneros discursivos (Bakhtin, 1952–53/2003) e 
no trabalho com gêneros orais e escritos na escola proposto 
por Dolz e Schneuwly, 1998), bem como nos aportes teóri‑
cos sobre performance de Holzman(2002) e aos construtos 
de ZPDs  mútuas (John‑Steiner, 2000). “Como definido por 
Vygotsky e explicitado pelas definições de Engeström (2007), 
para Holzman (2002) a ZPD é a relação entre ‘ser e tornar‑se’.” 
(Magalhães, 2009). Este estudo se constitui como uma 
pesquisa crítica de colaboração (PCcol), visto que concebe 
a linguagem como papel central e busca a transformação 
dos participantes. A pesquisa crítica de colaboração está in‑
serida no paradigma crítico que tem por objetivo intervir e 
transformar contextos (Magalhães, 2009). Essa metodolo‑
gia possibilita a formação dos educadores e alunos com foco 
no desenvolvimento e na formação de um profissional refle‑
xivo‑crítico. Tem como base teórica as discussões da Teoria 
da Atividade Sócio‑histórico cultural (TASCH), concebida por 
Vygotsky (1930, 1934), Leontiev (1977), E
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 7
REPRESENTAÇÕES DO AGIR 
DOCENTE EM MATERIAIS 
DIDÁTICOS DESTINADOS 
À FORMAÇÃO CONTINUADA 
DE PROFESSORES
ALCIONE DA SILVA SANTOS (UFCG)
Resumo de Paper
Este trabalho é parte dos resultados obtidos em uma 
pesquisa realizada com professores do 4º ciclo do Ensino 
Fundamental em um curso de formação continuada cujo 
objetivo foi orientar docentes da Educação Básica acerca dos 
tópicos e descritores que guiam a formulação de questões 
da Prova Brasil. O objetivo desse artigo é investigar as repre‑
sentações observáveis do agir docente no Caderno PDE 2009, 
material didático produzido pelo Ministério da Educação e 
Cultura (MEC) para embasar o curso em referência. A  base 
teórica que serviu para a análise de dados está constituída 
de estudos sobre representações sociais (MOSCOVICI, [1976] 
2010), o agir humano (HABERMAS 2002; REESE‑SCHÄFER, 
2009), o agir docente (MACHADO, 2009), bem como so‑
bre os extratos textuais para análise dos textos/discursos 
(BRONCKART, 2008; 1999; BRONCKART E  MACHADO, 2005 e 
2004). Os  resultados da análise dos dados mostraram que, 
no instrumento da instância oficial, são observadas duas 
representações sobre o agir docente: o agir cognitivo, re‑
lacionado à aquisição de conhecimentos específicos sobre 
competências de leitura; e o agir especifico em sala de aula, 
relacionado às alternativas metodológicas a serem desen‑
volvidas pelo professor por meio do uso de ferramentas/ 
instrumentos para a formação do leitor proficiente. Esses 
dois tipos de representações sugerem que a instância oficial, 
através do Caderno PDE 2009, age praxiologicamente, orien‑
tando o professor para que este execute tarefas.
VISÕES DE LEITURA 
DE ALUNOS‑PROFESSORES 
DE INGLÊS: PRAGMATISMO 
E CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS
ALCIONE GONÇALVES CAMPOS (UEL)
Resumo de Paper
Há  diferentes formas de ler e de entender a leitura. 
Decodificação, julgamento de validade, leitura compensató‑
ria, leitura de ideologias são algumas posições adotas. Todas 
as quais pressupõem diferentes visões de língua(gem), texto. 
Nesta comunicação, o objetivo é relatar resultados prelimi‑
nares de análise de dados do projeto pesquisa Pensamento 
Crítico para Ação Transformadora, cujo contexto de coleta 
de dados é naturalístico – disciplina de Leitura em Língua 
Inglesa, da segunda série da graduação em Letras/Inglês 
da Universidade Estadual de Londrina. O  qual tem como 
objetivo geral mapear o desenvolvimento dos licenciandos 
em língua inglesa enquanto professores e leitores nesta lín‑
gua adotando‑se modelo longitudinal de coleta de dados 
por meio de instrumentos ecológicos. Partindo de visão de 
linguagem enquanto expressão de pensamento e discurso, 
o projeto, situado no campo do Letramento crítico, adota 
epistemologia construcionista social e ontologia subjeti‑
vista, crítica e dialógica. A disciplina, contexto de coleta de 
dados, busca, por um lado, oferecer amplo leque de visões 
de leitura, concepções de língua(gem) e texto, e por outro, 
incentivar que a leitura seja instrumento para consciência 
crítica. Portanto, analiso dados oriundos de um exercício 
aplicado na disciplina de Leitura em Língua Inglesa no qual 
os alunos‑professores precisam se colocar como professo‑
res e preparar atividades de leitura voltada ao Letramento 
Crítico. Uma das questões que os alunos‑professores res‑
pondem pede que estabeleçam objetivos para uma aula de 
leitura com base em dois textos multimodais. A  partir da 
análise das respostas dos alunos procurei identificarsuas 
concepções de leitura. Os resultados apontam para concep‑
ções diferenciadas e relacionadas principalmente a questões 
pragmáticas, por um lado, e filosóficas, por outro.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 8
INCLUSÃO SOCIAL NAS AULAS 
DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: 
PERCEPÇÕES E CONFLITOS
ALESSANDRA CORACINI ZANELLO MACHADO (UTFPR)
MIRIAM SESTER RETORTA (UTFPR)
Resumo de Pôster
O  objetivo deste trabalho é relatar resultados preliminares 
de uma pesquisa de campo que originalmente foi conce‑
bida no ENFOPLI (Grupo de Formadores de Professores de 
Língua Inglesa de Instituições de Ensino Superior Públicas e 
Particulares do Estado do Paraná) e posteriormente, condu‑
zida e desenvolvida na Universidade Tecnológica Federal do 
Paraná por alunos do curso de Licenciatura Letras Português/
Inglês. A pesquisa teve como questionamento quais eram as 
percepções e sentimentos dos stakeholders (indivíduos en‑
volvidos direta ou indiretamente com o fenômeno ou pro‑
blemática) sobre a inclusão de alunos com necessidades es‑
peciais nas aulas de língua inglesa. As teorias que embasam 
a investigação são as de crenças e percepções de Barcelos 
(2000,2001, 2004), Coelho (2005), Trajano (2005), Silva 
(2007), Madeira (2008). Para coletarmos os dados, foram 
utilizados sete questionários: um para os alunos regulares, 
um para alunos com necessidades especiais, um para os pais, 
um para os professores, um para os gestores da escola, um 
para os coordenadores/orientadores da escola e um para os 
funcionários das escolas. A coleta foi feita por alunos de es‑
tágio obrigatório de língua inglesa em escolas públicas no 
ano de 2011. Os resultados estão sendo analisados e discuti‑
dos por uma das alunas, a qual decidiu transformar o projeto 
em um Trabalho de Conclusão de Curso. Alguns resultados 
preliminares mostram que há uma descrença e desânimo 
em relação à inclusão escolar da maneira que tradicional‑
mente está sendo conduzida. Os alunos com necessidades 
especiais dizem ser bem recebidos pelos colegas e professo‑
res e se sentem parte do grupo, porém têm consciência de 
que não conseguem desenvolver suas competências e habi‑
lidades acadêmicas a contento. Sentimento também com‑
partilhado pelos pais, professores e alunos regulares.
DIFERENÇAS CULTURAIS 
PERCEBIDAS POR BRASILEIROS 
NO EXTERIOR VERSUS 
ABORDAGEM CULTURAL NOS 
LIVROS DIDÁTICOS DE INGLÊS
ALESSANDRA SARTORI NOGUEIRA (UNICAMP)
Resumo de Paper
Apostando na inseparabilidade entre língua e cultura, este 
estudo tem por objetivo explorar um recorte dessa relação 
a partir de relatos sobre conflitos culturais vividos por bra‑
sileiros no exterior. São explorados sete relatos, quatro dos 
quais relacionam cultura com questões linguísticas, como 
pronúncia, entonação, gramática e vocabulário, algo que 
era inesperado. Os outros três relatos envolvem diferenças 
comportamentais, como horário de chegada às festas, di‑
ficuldades encontradas no processo de instalação de tele‑
fone e modo de oferecer um lanche ao amigo. Em seguida, 
selecionamos em alguns livros didáticos (LDs) as categorias 
abordadas pelos respondentes, a fim de verificar que tipo 
de tratamento cultural é dado a essas questões (tanto lin‑
guísticas, como comportamentais). Os resultados sugerem 
que os LDs veiculam a ideia segundo a qual língua e cultura 
são por vezes entidades distintas: apresentam, por um lado, 
como fatos culturais textos sobre filmes, música, persona‑
lidades e história relacionados a outros países e, por outro 
lado, atividades gramaticais ignorando‑se os aspectos cul‑
turais que lhe são intrínsecos. Além disso, os dados lançam 
luz sobre algumas questões. Primeiro, constituem exemplos 
concretos da inseparabilidade entre língua e cultura, con‑
ceito bastante repetido, mas talvez pouco compreendido 
na prática. Segundo, demonstram como os aprendizes são 
subestimados em relação à noção de língua e cultura que já 
carregam consigo. A riqueza de seus conhecimentos prévios 
nunca pode ser desprezada. Terceiro, as histórias demons‑
tram de que maneira a fluência não é fator determinante 
para livrar o aprendiz dos equívocos. Propomos, por fim, que 
o professor amplie a concepção de cultura veiculada pelas 
atividades dos LDs, permitindo que o aprendiz passe a movi‑
mentar‑se entre as culturas, movimento este que acontece 
no espaço discursivo chamado terceiro lugar, terceiro espa‑
ço ou entrelugar.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 9
PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES 
EM AULAS DE LÍNGUA MATERNA 
E ESTRANGEIRA: DIÁLOGOS 
NOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO 
E COMPREENSÃO DE TEXTOS
ALEX BEZERRIL TOLEDO (UFRJ)
Resumo de Pôster
Este pôster tem como foco a análise de projetos interdisci‑
plinares voltados para compreensão e produção de textos 
desenvolvidos em aulas de língua materna e estrangeira por 
professores‑participantes do projeto “Práticas de Linguagem 
em diferentes áreas do conhecimento na escola pública” 
(PLIEP), o qual integra universidade e escola. O  PLIEP par‑
te dos pressupostos de que a linguagem ocupa papel cen‑
tral na construção e reconstrução de significados e de que 
a transposição didática de gêneros em práticas letradas é 
fundamental em todas as áreas do conhecimento. Partindo 
dessas concepções, tem‑se por objetivo entender como a 
interdisciplinaridade é enfocada em aulas de LM  e LE  das 
escolas participantes; que gêneros circulam nos projetos 
interdisciplinares; e como se dá a interação entre os partici‑
pantes e atividades propostas no processo de co‑construção 
do conhecimento. Para alcançar tal objetivo haverá coleta 
de dados no ambiente escolar através da filmagem de aulas 
e constantes diálogos com os envolvidos no processo de en‑
sino‑aprendizagem através de questionários e entrevistas. 
Espera‑se que as práticas interdisciplinares co‑construídas 
ao longo da pesquisa gerem reflexões sobre a centralidade 
da linguagem em práticas pedagógicas de diferentes áreas 
do conhecimento. Por fim, objetiva‑se discutir a importân‑
cia de atividades de produção e compreensão de textos em 
todas as áreas do conhecimento.
A POLÍTICA LINGUISTICA 
EM MOÇAMBIQUE 
E AS CONTROVÉRSIAS 
NA EDUCAÇÃO FORMAL
ALEXANDRE ANTÓNIO TIMBANE (UNESP)
Resumo de Paper
A história do Português em Moçambique está intimamente 
ligada à colonização, pois foi este processo que implantou no 
séc. XIX. A política lingüística do sistema colonial classificava 
as mais de vinte línguas bantu faladas no território como 
dialetos, fato que contraria estudos, pois estas línguas são 
completas, com estrutura gramatical, sintática, morfológi‑
ca, fonética‑fonológica e lexical própria. A presente pesquisa 
visa analisar e explicar a situação linguística de Moçambique 
bem como o impacto da política linguística na escolariza‑
ção e na vida dos moçambicanos. Da  pesquisa se conclui 
que o número de cidadãos com língua bantu como língua 
materna tende a baixar, ascendendo assim a variante mo‑
çambicana que Dias (2009), Vilela (1995), Gonçalves (1996), 
Timbane (2012), Lindegaard (2009) designam por Português 
Moçambicano. Esta variante hoje atinge cerca de 50.4% 
(GONÇALVES, 2012, p.4); a educação bilingue pode ajudar a 
reduzir o número de reprovações principalmente nas zonas 
rurais, tal como sustentam Ngunga, Nhongo, Langa et alli 
(2010); a literatura em línguas bantu iria aumentar, até por‑
que já foi feita padronização das línguas bantu em 2008; o 
preconceito ou desprezo com relação às línguas bantu pode 
reduzir com políticas que encorajam e valorizam as línguas 
bantu. A experiência da África do Sul (cujas as línguas oficiais 
de origem africana são usadas nas escolas, nas instituições 
públicas) serve de lição para se entender que Moçambique 
perdeu muito pelo fato de não ter oficializado as línguas ban‑
tu. Hoje, os sul‑africanos investiram na pesquisa das línguas 
locais, fato que resultouna criação de dicionários, de gramá‑
ticas e de muita literatura. Em Moçambique falta a “vontade 
política” para que as línguas bantu faladas por 85,2% dos mo‑
çambicanos (GONÇALVES, 2011, p.4) sejam legalmente presti‑
giadas e que algumas delas não caiam na extinção.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 10
O MATERIAL DIDÁTICO 
DE LÍNGUA INGLESA 
E O LETRAMENTO CRITICO
ALICE HELEN GRIGOLO (UFPR)
Resumo de Paper
O  presente trabalho vem propor uma abordagem focada 
no Letramento Crítico para o material didático utilizado em 
uma franquia de ensino de Inglês como L2. Esse material 
já apresenta atividades que inserem a reflexão, o debate e 
a discussão de diferentes pontos de vista, mas percebemos 
que essas discussões podem avançar em direção a aquilo 
que o Letramento Crítico propõe (JORDÃO, 2007; SOUZA, 2011). 
Desta forma, utilizando os mesmos tópicos do material di‑
dático incluiremos atividades que promovam a percepção 
das diferentes perspectivas, levando o aluno a refletir sobre 
suas implicações. Essas atividades serão elaboradas a par‑
tir da metodologia OSDE ‑ Open Spaces for Dialogue and 
Enquiry (ANDREOTTI, 2006) tendo como princípio que todo 
conhecimento é válido, legítimo, parcial, incompleto, possí‑
vel de ser questionado e construído a partir de nossas expe‑
riências de vida. É através do diálogo, da investigação e do 
envolvimento crítico dos participantes que buscamos uma 
percepção das diferentes realidades construídas discursiva‑
mente. Também se pretende problematizar os temas abor‑
dados pelo material didático, orientando o debate para uma 
perspectiva crítica, desestabilizando as crenças dos alunos 
e fazendo‑os questionar as diferentes formas de vermos o 
mundo. Dentro desse contexto apresentado, o papel do pro‑
fessor será problematizar os temas e facilitar a criação e ma‑
nutenção de um ambiente aberto para discussão. Espera‑se 
que os alunos possam desenvolver novos procedimentos in‑
terpretativos, tornando‑se produtores de conhecimento, e, 
portanto, agentes de transformação social.
O PAPEL DE INTENSIFICADORES 
LEXICAIS NA ANÁLISE 
DE SENTIMENTOS VIA TWITTER
ALINE AVER VANIN (PUCRS)
LARISSA ASTROGILDO DE FREITAS (PUCRS)
Resumo de Paper
A  comunicação por meio de redes sociais tornou‑se am‑
plamente difundida para todos os setores da vida cotidia‑
na. Com o advento da era da informação, computadores 
fazem a mediação entre pessoas, instituições e empresas. 
Além disso, muitas vezes, relações virtuais se consolidam 
pelo uso constante e cada vez mais frenético dessas redes. 
Nesse contexto, é possível observar que opiniões coletadas 
em redes sociais, acerca de qualquer assunto, podem refle‑
tir no comportamento das próprias entidades referenciadas. 
Ou  seja, tendo em vista um determinado assunto em pau‑
ta (e.g., um novo produto no mercado), indícios da opinião 
do público podem refletir na sua comercialização. O Twitter 
pode ser considerado uma ferramenta de divulgação de in‑
formações, de interação e de compartilhamento de opiniões. 
Em um limite de 140 caracteres, verifica‑se um conteúdo ex‑
presso por uma linguagem sintética e dinâmica que licencia 
o uso de elementos que se aproximam daqueles utilizados 
em diálogos orais. Assim, neste estudo são utilizadas ferra‑
mentas de Processamento de Linguagem Natural (PLN) na 
análise de sentimentos, isto é, na verificação da atitude, da 
opinião e do estado emocional presentes nos tweets com 
relação a entidades de domínios específicos. A  partir disso, 
pretende‑se observar os elementos lexicais envolvidos no 
fenômeno da intensificação, haja vista que a intensificação 
pelo uso de adjetivos e de advérbios relacionados, especial‑
mente pela repetição lexical (“muito, muito”) e de caracteres 
(“muuuuito”), pode provocar mudanças substanciais na aná‑
lise de sentimento.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 11
FILHOS DE OFICIAIS E PRAÇAS 
DE CARREIRA DO EXÉRCITO 
BRASILEIRO – ALUNOS 
MULTICULTURAIS E SUA 
ADAPTAÇÃO EM UMA 
NOVA ESCOLA NAS AULAS 
DE LÍNGUA INGLESA
ALINE CARNEIRO DOS SANTOS COSTA (UFRJ)
Resumo de Pôster
O  presente trabalho destina‑se a apresentar o pré‑projeto 
de mestrado que trata da multiculturalidade dos filhos de 
militar, que mudam de cidade, estado e até mesmo de país 
constantemente devido às transferências obrigatórias exi‑
gidas pela profissão dos pais. Tais mudanças acarretam não 
somente uma adaptação no âmbito familiar, como tam‑
bém inserção em uma nova cultura, novo ambiente escolar 
e novo círculo social, entre outros. Sem opção de escolha, 
crianças e adolescentes são obrigados a deixar amigos, o 
ambiente escolar conhecido e o ritmo a que estavam ha‑
bituados para encarar os novos desafios impostos por um 
novo ambiente. Como resultado das constantes mudanças, 
temos crianças multiculturais, com experiências diversas 
convivendo com outras que, em sua maioria, só conhecem 
a cidade onde moram ou redondezas. O projeto que venho 
desenvolvendo tem o intuito de observar os filhos de militar 
no ambiente escolar, mais especificamente na faixa do sexto 
ao nono ano, dependendo da demanda desses alunos nessas 
séries. A ideia inicial é acompanhar de 10 a 15 adolescentes e 
verificar como se dá sua adaptação nas aulas de língua ingle‑
sa e como o seu conhecimento de mundo influencia ou não 
de forma diferenciada no novo ambiente. Em paralelo, pre‑
tendo explorar a postura da escola e dos professores diante 
dos novos alunos, bem como a expectativa dos pais perante 
a nova escola. Partindo de uma triangulação de dados, bus‑
carei desvendar um pouco do universo desses adolescentes 
e contribuir para a divulgação desta realidade até agora não 
explorada no Brasil. Para tanto, lançarei mão dos estudos de 
Oxford (2003), Kramsch (1998), Freire (1996), Benson (1997), 
entre outros autores que tratam da autonomia em sala de 
aula, organização da sala de aula, língua e cultura.
ENSINO, APRENDIZAGEM 
E AVALIAÇÃO DA MODALIDADE 
ESCRITA EM PORTUGUÊS 
PARA ESTRANGEIROS 
EM CONTEXTO TELETANDEM
ALINE DE SOUZA BROCCO (UNESP ‑ IBILCE)
DOUGLAS ALTAMIRO CONSOLO (UNESP)
Resumo de Paper
O  objetivo desta apresentação é divulgar apontamentos 
sobre o ensino e a aprendizagem de português para es‑
trangeiros em contexto teletandem durante a vigência e 
desdobramentos do projeto Teletandem Brasil: línguas es‑
trangeiras para todos, por meio de resultados de pesquisas 
desenvolvidas neste contexto. O teletandem é um contexto 
virtual que propicia o ensino e aprendizagem por intermédio 
de computadores, valendo‑se concomitantemente da pro‑
dução e compreensão oral, da escrita e de imagens. Nesse 
contexto, duas pessoas, cada uma proficiente em uma lín‑
gua, encontram‑se regularmente para aprender a língua um 
do outro. Essas pessoas buscam, então, de forma autônoma 
e colaborativa, aprender a língua e a cultura do outro em in‑
terações autênticas, sendo que o parceiro mais proficiente 
ajuda o menos proficiente na língua e vice‑versa. As pesqui‑
sas evidenciam que o contexto em questão funciona como 
um complemento para a sala de aula; desenvolve as com‑
petências intercultural, linguístico‑comunicativa e peda‑
gógica; contribui para a formação de professores; propicia 
substancial insumo para a aprendizagem; e proporciona o 
ensino da forma com fins comunicativos, entre outros bene‑
fícios. Enquanto um contexto de ensino e aprendizagem de 
português como língua estrangeira (PLE), o teletandem pro‑
porciona a difusão da língua e da cultura portuguesa e facili‑
ta o contato com o Brasil por meio da comunicação on‑line. 
Em etapa mais recente, de implementação de parcerias de 
teletandem integradas a disciplinas de língua estrangeira na 
universidade, os interagentes foram incumbidos de produzir 
textos na língua‑alvo e corrigir textos elaborados pelos es‑
trangeiros em língua portuguesa. Esta prática de produçãoescrita suscitou questionamentos a respeito do feedback re‑
alizado pelos interagentes brasileiros sobre a produção tex‑
tual de seu parceiro, e nesta apresentação ilustra‑se a dis‑
cussão com produções textuais em PLE para discussão sobre 
como se caracteriza a correção desses textos.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 12
PERSPECTIVAS DE ENSINO 
E A FORMAÇÃO DE SUJEITOS 
CRÍTICOS: REFLEXÕES 
SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA 
ESTRANGEIRA MODERNA
ALINE DEOSTI (UFPR)
ANDERSON NALEVAIKO MARQUES (IFPR)
KATIA BRUGINSKI MULIK (UFPR)
Resumo de Paper
O  ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras na edu‑
cação básica vem sendo fortemente afetado pela complexi‑
dade das transformações sociais e culturais e do desenvol‑
vimento tecnológico oriundas do processo de globalização. 
Assim, ensinar uma língua estrangeira não se resume no 
repasse de informações linguísticas e no trabalho com ha‑
bilidades comunicativas, mas na formação de um indivíduo 
capaz de compreender as relações complexas do mundo que 
vive e que saiba pensar e agir criticamente a partir delas. 
Nesse sentido, propomos neste artigo a discussão de algu‑
mas perspectivas de ensino que enfatizam a formação do 
aluno crítico – pedagogia crítica, leitura crítica e letramen‑
to crítico e multiletramentos – buscando identificar em que 
sentido(s) essas perspectivas se diferem e se aproximam e 
que aspectos as constituem, bem como a forma como con‑
ceituam o termo crítico. Após a discussão das perspectivas 
apresentamos alguns elementos propostos por Pennycook 
(2003) que sintetizam o trabalho crítico (pensamento críti‑
co, relevância social, modernismo emancipatório e prática 
problematizadora) buscando associá‑los a discussão das 
perspectivas debatidas. Finalmente, nas considerações fi‑
nais, sintetizamos os elementos recorrentes nas três pers‑
pectivas de ensino e traçamos nossa conclusão no que tan‑
ge ao ensino de línguas estrangeiras na educação básica em 
uma perspectiva crítica.
O LIVRO DIDÁTICO 
E A ENSINAGEM DE INGLÊS: 
AS VOZES BAKHTINIANAS 
E VYGOTSKYANAS NO PNLD
ALINE L DE A V DOS S VIEIRA (UFRJ)
Resumo de Pôster
O  livro didático de inglês pode atuar na promoção da heu‑
rística, conduzindo o aluno à compreensão de sua função 
no mundo, facultada pelos valores recebidos em casa, for‑
talecidos na escola e praticados na sociedade. Este trabalho 
tem o objetivo de entender como o livro didático de inglês 
pode influenciar a ensinagem, repensando os papéis do pro‑
fessor, enquanto agente co‑construtor do conhecimento, e 
dos alunos, enquanto agentes críticos e transformadores. 
Serão analisadas as vozes bakhtinianas e vygotskyanas do 
Programa Nacional do Livro Didático, que tem como princi‑
pal objetivo subsidiar o trabalho pedagógico dos professores 
por meio da distribuição de coleções de livros didáticos aos 
alunos da educação básica, mas prima não somente pela 
qualidade do material didático, como também, traça metas 
a serem alcançadas pelo professor através de sua prática 
docente. A fundamentação teórica deste trabalho baseia‑se 
em Vygotsky e a teoria sociointeracional e nos princípios 
bakhtinianos de dialogismo, alteridade e estudos quanto 
aos gêneros do discurso.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 13
UM ESTUDO SOBRE 
A FORMAÇÃO LINGUÍSTICA 
DE FUTUROS PROFESSORES 
DE INGLÊS COMO 
LÍNGUA ESTRANGEIRA
ALINE MARA FERNANDES (UNESP)
Resumo de Paper
Esta comunicação tem o objetivo de mostrar os resulta‑
dos preliminares de um estudo sobre a proficiência oral 
em língua inglesa de alunos‑formandos de um curso de 
Licenciatura em Letras de uma universidade pública do in‑
terior do estado de São Paulo. Os dados que compõem o es‑
tudo foram coletados no ano de 2012 e obtidos a partir de 
(1) gravações em áudio do desempenho de oito alunos no 
teste oral do EPPLE (Exame de Proficiência para Professores 
de Línguas Estrangeiras), (2) gravações em áudio e vídeo de 
seminários apresentados por esses alunos nas aulas de lín‑
gua inglesa na universidade, (3) observações de aulas e (4) 
questionários aplicados a alunos e professores da disciplina 
de inglês. O foco da análise dos dados está no uso da meta‑
linguagem. Busca‑se estabelecer possíveis relações entre a 
qualidade das aulas de inglês do 4º ano do curso de Letras da 
universidade em questão e a qualidade da produção oral dos 
alunos‑formandos no que concerne à proficiência oral dos 
futuros professores para lidar com a língua‑alvo para fins de 
ensino. Este estudo é parte de uma pesquisa de doutorado 
em andamento que objetiva o levantamento de uma tipolo‑
gia de tarefas pedagógicas que favoreçam o desenvolvimen‑
to da competência metalinguística dos alunos‑formandos, 
ou seja, o conhecimento sobre o funcionamento da língua e 
a capacidade dos futuros professores de falar sobre a língua‑
‑alvo, utilizando‑se de taxonomia adequada. A  motivação 
para tal pesquisa está na necessidade de se traçar parâme‑
tros mais específicos para a formação linguística e pedagó‑
gica do professor de línguas estrangeiras no Brasil. Sendo as‑
sim, acredita‑se que a avaliação da proficiência do professor 
de LE é necessária para o estabelecimento de níveis de com‑
petência linguístico‑comunicativa desejados e, consequen‑
temente, para melhoras nas condições de ensino do inglês 
principalmente nas escolas regulares no país.
NECESSIDADES FORMATIVAS 
DO PROFESSOR DE INGLÊS 
DO OESTE BAIANO
ALINE RIBEIRO PESSÔA (UFBA)
Resumo de Paper
Diversos estudos sobre formação de professor de língua es‑
trangeira chamam a atenção para a importância da forma‑
ção continuada, especialmente para a formação de um do‑
cente reflexivo e crítico. A discussão (Celani, 2002; Gimenez, 
2005; Vieira‑Abrahão, 2004, entre outros) tem considerado 
a reflexão da prática pedagógica como um caminho promis‑
sor para o docente se perceber como transformador por ser 
conhecedor do cenário que o cerca. Entretanto, uma signi‑
ficativa parcela de professores de língua inglesa ainda não 
compreende o sentido de um fazer docente reflexivo e crí‑
tico, principalmente em virtude de sua formação inicial ser 
incompleta. Deve‑se, portanto, pensar em formação conti‑
nuada que considere as reais necessidades do professor de 
línguas, em seu cenário de atuação, e busque um diálogo de 
modo que lhe seja possível gerar reflexão que funcione para 
reorganizar seu conhecimento prático e, assim, fomentar a 
formação e um profissional reflexivo e crítico. Nesse senti‑
do, esta pesquisa objetiva identificar o perfil do professor de 
inglês do oeste baiano, conhecer suas condições de traba‑
lho e diagnosticar suas necessidades, com a principal finali‑
dade de subsidiar ações que visam contribuir com a forma‑
ção continuada desses profissionais. Os  informantes desta 
pesquisa exploratória, qualitativa que apresenta algumas 
quantificações, são os professores de inglês de escolas pú‑
blicas, municipais e estaduais, de nove municípios do oeste 
baiano. Os dados foram coletados por meio de questionário 
semi‑estruturado e autoavaliação de proficiência linguísti‑
ca que considerou a matriz do Quadro Comum Europeu de 
Referência para as Línguas. Os  resultados demonstram as 
lacunas da formação inicial desses professores com nível 
elementar de proficiência, e a disposição em participar de 
oficinas e grupos de pesquisa colaborativa.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 14
IDENTIDADE NACIONAL 
VERSUS IDENTIDADE RACIAL: 
PERFORMATIVIDADE E INJÚRIA 
RACIAL NO BRASIL
ALINE RUIZ MENEZES (UFOP)
Resumo de Pôster
Este trabalho é parte da pesquisa de Iniciação Científica, 
que está sendo desenvolvida dentro do Departamento de 
Letras da UFOP, intitulada “Mídia e intolerância racial: aná‑
lise de uma prática”, que tem como objetivo principal ana‑
lisar o discurso da mídia em relação aos casos de intolerân‑
cia racial protagonizadospor grupos ou indivíduos no país. 
Realizamos uma pesquisa de cunho qualitativo e quantita‑
tivo, baseada primeiramente no levantamento bibliográfico, 
na leitura e produção textual acerca do material pesquisado. 
O corpus foi formado por (i) Leis que criaram as Delegacias 
de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI); (ii) 
Boletins de ocorrência de crimes de ódio, de cunho racial, 
obtidos na DECRADI de São Paulo, a pioneira nesta questão; 
(iii) notícias veiculadas eletronicamente por cinco grandes 
jornais brasileiros e a análise da nomeação dos grupos cata‑
logados pela DECRADI. Tendo em vista a perspectiva teórica 
da Pragmática e dos Estudos Culturais, bem como da Análise 
do Discurso Crítica, temos como objetivo principal, neste 
trabalho, apresentar como os recorrentes casos de injúria 
racial, observados nos boletins de ocorrência, nos ajudam a 
compreender a construção da identidade nacional a partir da 
questão racial. Partimos da concepção de Fairclough (2001) 
de que o discurso é uma forma de agir sobre o mundo e sobre 
o Outro, sendo assim, é a partir do discurso que a sociedade 
se estrutura, se reflete e se modifica. Salientamos que para 
esta pesquisa, raça é visto como um conceito sociológico, e 
não biológico, o que auxilia na explicação de termos crimes 
baseados em questões raciais em nosso país. O que está em 
jogo não é que todos façamos parte da mesma raça huma‑
na, mas que nossas relações sociais são racializadas hierar‑
quicamente (Munanga, 2004). Dessa forma, encontramos a 
necessidade de compreender essas construções identitárias 
a partir da questão racial e perceber a forma como discurso 
produz ações, no caso das injúrias raciais.
O ENSINO DA FONÉTICA 
E FONOLOGIA NO CURSO 
DE LETRAS/ESPANHOL DA UNEB: 
RELATO DE EXPERIÊNCIAS
ALINE SILVA GOMES (UNEB)
Resumo de Paper
A formação docente no Brasil tem sido um dos temas mais 
discutidos e explorados no âmbito educacional nas últimas 
décadas e, no que se refere à formação de professores de 
língua espanhola, esta seja talvez uma das maiores dívidas 
do governo brasileiro junto a nossa sociedade, como afirma 
Moreno (2005). Com a finalidade de contribuir de alguma 
maneira nessas discussões, e no contexto em que estamos 
inseridos, esta apresentação visa compartilhar os resulta‑
dos das práticas de ensino desenvolvidas entre os discen‑
tes do curso de Licenciatura em Letras – Língua Espanhola 
e Literaturas de Língua Espanhola –, da Universidade do 
Estado da Bahia (UNEB – Campus I), na disciplina Estudos 
Contrastivos em Fonética e Fonologia da Língua Materna e 
Língua Espanhola, no primeiro semestre de 2012. O objetivo 
geral do curso é estudo contrastivo das estruturas fonéticas 
e fonológicas da língua portuguesa e da língua espanhola. 
A  comunicação está estruturada em três seções: primeiro, 
explica‑se o componente curricular em questão; em seguida, 
mencionam‑se os materiais e métodos utilizados durante as 
aulas ministradas; logo, apresentam‑se os resultados sobre 
algumas atividades realizadas pelos discentes. Por último, 
nas considerações finais, discorre‑se sobre a importância 
dos conteúdos fonético‑fonológicos na formação dos futu‑
ros professores de espanhol. Adotam‑se como referência os 
trabalhos de Poch Olivé (2001) e Llisterri (2003).
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 15
DISCURSOS E IDENTIDADES 
EM XEQUE NA SALA DE I/LE
ALVARO MONTEIRO CARVALHO (UFRJ)
Resumo de Paper
Apesar de o tema sexualidade estar abarcado em um dos te‑
mas transversais propostos pelos Parâmetros Curriculares 
Nacionais (1997), a orientação sexual, Louro (1997) assevera 
que tal temática não é discutida de forma aberta na escola 
por ser considerada uma responsabilidade da família. Em ra‑
zão disso, as práticas escolares parecem corroborar para a 
reprodução e solidificação de significados que são produzi‑
dos por uma matriz de inteligibilidade de ordem heterosse‑
xual (BUTLER, 1990). O  efeito dessas práticas é a aparente 
constante contribuição da educação para a naturalização 
de certas formas de ser, conhecer e pensar sobre o corpo e 
o desejo, desconsiderando outras formas de experiência e 
de construção de significados. Refletindo sobre esse cenário, 
este trabalho tem dois objetivos: 1) apresentar um projeto 
pedagógico – desenvolvido com alunos/as de uma turma 
de 9º ano de inglês como língua estrangeira – que discute 
questões relacionadas a identidades estigmatizadas como 
a sexualidade, por exemplo; e 2) discutir alguns dos efeitos 
da implementação de tal projeto. A  partir de teorizações 
advindas da Teoria Queer (SULLIVAN, 2003; BUTLER, 2004) 
e da perspectiva socioconstrucionista (MOITA LOPES, 2003), 
esse estudo procura problematizar processos tradicionais 
de construção de conhecimento, buscando também a de‑
sestabilização de conceitos fundamentalistas acerca das 
masculinidades. Os  dados, gerados por meio de procedi‑
mentos de teor etnográfico e abordados de acordo com 
princípios da Sociolinguística Interacional (GOFFMAN, 1974 e 
1981; GUMPERZ, 1982; BLOOMMAERT, 2009), não indicam total 
desestabilização e/ou renegociação, mas sim movimentos 
ainda tímidos de desestabilização. Entretanto, pode‑se dizer 
que, tais movimentos sutis constituem passos significativos 
em direção à agência e à mudança.
COMPARANDO A PRODUÇÃO 
DE BRASILEIROS E ANGLÓFONOS 
DE CLUSTERS INICIADOS POR /S/
AMANDA DO NASCIMENTO BURGO (UFRJ)
Resumo de Pôster
Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa: “Análise do 
Processo de Ensino/Aprendizagem de Línguas Estrangeiras a 
Brasileiros – Problemas de Sotaque e de Pronúncia”, que está, 
de certa maneira, relacionado à temática da inclusão ou ex‑
clusão social por meio da linguagem. O projeto mencionado 
serve como base da nossa pesquisa que é a realização dos 
clusters por falantes de Português Brasileiro (PB) ao falarem 
inglês. Denomina‑se clusters as “seqüências de duas ou mais 
consoantes dentro de uma sílaba” (Prator & Robinett: 1985, 
174). Um  brasileiro, na fase de aprendizado do inglês como 
língua estrangeira (LE), insere /i/ antes de /s/, o que leva a 
um processo de ressilabação – quebra os constituintes do 
cluster. Essa inserção acontece por influência da língua ma‑
terna, o português (que não tem esse cluster), constituin‑
do‑se, então, em marca de sotaque. Sabe‑se, também, que 
algumas dessas marcas podem levar a estereótipos sociais, 
atitudes negativas voltadas contra o falante que se esforça 
para aprender o novo idioma. Mostraremos alguns de nos‑
sos dados gravados provenientes de alunos de Inglês de sex‑
to período da Faculdade de Letras (UFRJ), comparando‑os 
com os dados de falantes nativos e analisando‑os por inter‑
médio do programa computacional PRAAT. Desse modo, ten‑
taremos dar algumas explicações para o problema da inser‑
ção vocálica em clusters, apontando que o suposto nível de 
gravidade da pronúncia inadequada ainda é menor do que 
a possível atitude de exclusão social sofrida pelo aprendiz 
de inglês.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 16
O PROCESSO DE ELABORAÇÃO 
DE SEQUÊNCIAS 
DIDÁTICAS EM LÍNGUA 
INGLESA NO CONTEXTO 
DE UM SUBPROJETO DE PIBID
ANA CAROLINA DE LAURENTIIS BRANDÃO (UNEMAT)
Resumo de Paper
Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir ex‑
periências de elaboração de material de língua inglesa, vi‑
venciadas por alunos de um curso de Letras e uma profes‑
sora de inglês da rede pública em um subprojeto de PIBID. 
O PIBID (Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação à 
Docência) é uma iniciativa da CAPES no sentido de melhorar 
a Educação Básica no país, oferecendo bolsas de estudos a 
professores universitários (coordenadores institucionais e de 
área), professores da rede pública (supervisores) e discentes 
de cursos de Licenciatura. O subprojeto em questão é parte 
de um projeto de PIBID de uma universidade doMato Grosso, 
e tem o intuito de contribuir para a formação inicial e conti‑
nuada de profissionais da área de ensino de língua inglesa, 
por meio do desenvolvimento de uma proposta de ensino 
com base em gêneros textuais. As atividades envolvendo os 
gêneros seguem o modelo de sequência didática, segundo 
Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), e serão aplicadas no 
primeiro semestre de 2013. O aporte teórico‑metodológico 
deste trabalho é a Pesquisa Narrativa (CLANDININ; CONNELLY, 
2000). Os  textos de campo envolvem excertos de relatos 
escritos por mim, coordenadora de área, e pelos bolsistas, 
bem como as sequências didáticas elaboradas. A  análise 
desse material é feita com base na Composição de Sentidos, 
segundo Ely, Vinz, Downing e Anzul (2001). Até o momento, 
foi possível perceber dificuldades relacionadas à articula‑
ção da teoria envolvendo os gêneros, estudada na primeira 
fase do subprojeto, e a prática de elaborar as sequências, e 
à contemplação de outros conhecimentos além do sistêmi‑
co, sugeridos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de 
Língua Estrangeira.
A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES 
DE PROFESSORES NA MÍDIA: 
QUEM PODE ENSINAR INGLÊS 
NO BRASIL?
ANA CASTELLO (UNB)
MARIANA R. MASTRELLA‑DE‑ANDRADE (UNB)
Resumo de Pôster
Este trabalho tem com objetivo apresentar os resultados de 
uma investigação sobre a maneira como a mídia tem parti‑
cipado na construção de identidades de quem ensina inglês 
no Brasil. Teoricamente, entende‑se aqui que as investiga‑
ções com foco em identidades implicam em deslocar a ênfa‑
se sobre a descrição de sujeitos, voltando‑a sobre a ideia de 
tornar‑se, uma concepção que envolve movimento e trans‑
formação a partir de uma noção de linguagem que opera e 
realiza o que se diz (BUTLER, 1997). Assim, enfocar a maneira 
como a identidade de professores é construída significa, so‑
bretudo, entender as relações sociais, discursivas e de poder 
que a propiciam, já que, como ressaltam Norton (2000) e 
Mastrella (2007), as identidades não são algo simplesmente 
abstrato ou neutro, mas são todas políticas, engendradas 
em relações desiguais de poder. Tendo então essa perspec‑
tiva teórica, esta pesquisa buscou analisar, a partir da co‑
leta e seleção de reportagens e anúncios de instituições de 
ensino de inglês no Brasil, como os discursos constroem as 
identidades de quem ensina inglês, considerando, segundo 
Bourdieu ( 1997), que a mídia tem o poder de formar opiniões 
e atitudes em massa, tornando‑se especialista ou guardiã de 
valores coletivos. A análise foi conduzida com base na teoria 
dos Atos de Fala de Austin (1976) e conforme os trabalhos de 
Pinto (2002), que entendem língua como performativida‑
de. Os resultados mostram indícios de que os discursos que 
sustentam as informações sobre ensinar inglês no Brasil es‑
tabelecem quem é o “bom professor” e o que ele representa, 
aproximando‑o, de modo geral, a um estereótipo marcado 
por aparência física e sotaque bastante aproximados aos 
dos de falantes anglo‑saxônicos, ressaltando, em prima‑
zia, questões exclusivas do falar inglês em detrimento de 
outras habilidades.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 17
O CERTIFICADO DE PROFICIÊNCIA 
EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA 
ESTRANGEIROS (CELPE–BRAS): 
UM INSTRUMENTO DE AÇÃO 
POLÍTICO‑LINGUÍSTICA
ANA CATARINA MORAES RAMOS NOBRE DE MELLO (UFRJ)
Resumo de Paper
Dentre os diversos instrumentos de ação político‑linguís‑
tica implementados pelo Governo brasileiro que visam à 
internacionalização da Língua Portuguesa (LP) e da cultura 
brasileira, destaca‑se a criação do Certificado de Proficiência 
em Língua Portuguesa para Estrangeiros (CELPE–Bras). 
Observa‑se, ao longo dos 15 anos de sua vigência, um au‑
mento expressivo no quantitativo de candidatos participan‑
tes do Exame para sua obtenção: em 1998, 127 participaram 
do exame realizado em 5 universidades brasileiras e nos 3 pa‑
íses que compunham o MERCOSUL; em 2012, segundo dados 
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira (INEP), foram 8044 inscritos em 26 postos 
aplicadores no Brasil e outros 48 em diversos países de to‑
dos os continentes. Evidencia‑se, portanto, uma iniciativa 
bem‑sucedida, decorrente, principalmente, do momento 
político e econômico relevante vivenciado pelo Brasil, por 
intermédio dos diversos intercâmbios econômicos, culturais 
e científicos firmados com outros países. No tocante à área 
linguística, vem sendo subsidiado pela “criação e manuten‑
ção de políticas de língua protagonizadas pelo Estado e por 
outros atores sociais que apontam para uma maior circula‑
ção e valorização” da LP (Carvalho, 2012). Diante dessa reali‑
dade, considera‑se este Exame, via os textos apresentados 
tanto na prova oral quanto na escrita, configurações oficiais 
das diferentes representações sociais e culturais do Brasil e 
de brasileiros ali mostradas. Objetiva‑se, com este trabalho, 
traçar um paralelo entre algumas representações depreen‑
didas no material (elementos provocadores) utilizado na 
prova oral (Lima, 2008) e em alguns vídeos que compõem 
parte dos textos de partida para a realização de tarefas co‑
municativas propostas na prova escrita.
ONDE E COMO SE APRENDE 
A LER INFOGRAFIA?
ANA ELISA FERREIRA RIBEIRO (CEFET MG)
Resumo de Paper
Este trabalho tem como objeto de estudo a leitura de info‑
grafia e o letramento visual de estudantes de ensino médio 
de duas escolas públicas mineiras. O  infográfico em foco é 
aquele que circula no âmbito do jornalismo, tanto em mídia 
impressa quanto eletrônica, mas especialmente naquela, 
em suportes como revistas e jornais. Cada vez mais presente 
nesses produtos editoriais, o infográfico, texto multimodal 
por excelência, demanda do leitor habilidades que envol‑
vem noções de língua, imagem, matemática, entre outras. 
Os projetos gráficos de jornais, por exemplo, têm, cada vez 
mais, há algumas décadas, proposto ao leitor páginas em 
que imagens e palavras aparecem de forma interpolada, op‑
tando por desenhar o que não se pode ou não se prefere des‑
crever ou narrar. Fundamentam este trabalho concepções 
de infográfico como a de Teixeira (2010), aspectos da pro‑
dução editorial e dos projetos gráficos (Ribeiro, 2009; 2010), 
uma concepção de letramento visual (Dondis, 2007), assim 
como noções de letramentos e de multimodalidade pro‑
postas pelos estudos de Kress (2010) e Kress e Van Leeuwen 
(1996; 2001). O método de pesquisa empregado foi o grupo 
focal, conduzido com jovens estudantes de terceiro ano do 
ensino médio, sendo um primeiro em uma escola pública fe‑
deral e outro em uma escola pública estadual. As questões 
abordadas nos grupos eram relativas ao reconhecimento 
de infográficos, à leitura desses textos, aos letramentos en‑
volvidos nessa ação e às agências desse letramento. Os da‑
dos gerados foram analisados tomando‑se como referência 
resultados do Enem que apontam problemas no desenvol‑
vimento de habilidades de leitura e matemáticas. Os  resul‑
tados da pesquisa apontam para a escola como uma impor‑
tante agência de letramento visual, embora isso quase nun‑
ca seja ou pareça sistematizado ao longo do período escolar. 
Também é importante corroborar pesquisas anteriores que 
apontam o pouco espaço que as aulas de língua materna de‑
dicam ao letramento visual.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 18
GLOBALIZAÇÃO E CULTURA: 
PENSANDO A TRADUÇÃO 
DE NOVELAS
ANA ELISA TOLEDO LIMA NASCIMENTO (UNICAMP)
Resumo de Paper
Vivemos em um mundo caracterizado por mudanças cons‑
tantes e fluxo global e contínuo de bens, recursos, informa‑
ções e imagens. O  mundo está interconectado. A  existên‑
cia de um sistema global de comunicação, composto por 
Internet, satélites, computadores, celulares e demais apara‑
tos tecnológicos que proporciona a atualização de noticias 
minuto a minuto, o deslocamento geográfico semo deslocar 
físico e o contato com diferentes comunidades lingüísticas é 
apenas uma das muitas evidências. Contudo, ainda que haja 
uma conotação de unicidade fortemente relacionada à idéia 
de globalização, especialmente quando se abordam temas 
como economia global e globalização de mercado, essa não 
pode ser aplicada à esfera cultural. Segundo Renato Ortiz 
(2011), uma cultura mundializada não implica o aniquila‑
mento de outras manifestações culturais, ela co‑habita e se 
alimenta delas. Para o autor, o universo das “comunicações” 
contém uma dimensão que extravasa os quadros nacionais: 
ele implica técnicas e práticas transnacionais, assim como a 
elaboração de formatos narrativos que transcendem as fron‑
teiras. Diante desse cenário e somado ao fato do Brasil ser 
um dos principais países exportadores de novela, o presen‑
te trabalho tem como objetivo estudar a relação globaliza‑
ção‑tradução, abordando o modo como o fenômeno global 
vem interferindo nos estudos de tradução, em especial em 
seu funcionamento no ambiente midiático; com destaque 
para a exportação de novelas brasileiras e o processo neces‑
sário para sua comercialização. Para a realização de nossa 
pesquisa, faremos uso de autores de diversas áreas entre as 
quais, sociologia, cinema e comunicação. O estudo das tra‑
duções será realizado com base em conceitos formulados 
por teóricos das linhas pós‑estruturalista como Rosemary 
Arrojo (1993, 1998, 2000 e outros), Lawrence Venuti (1995, 
1998, 2000, 2002, 2008) e Susan Bassnett (2009).
A INSERÇÃO DOS QUILOMBOS 
NOS MATERIAIS DIDÁTICOS 
DE LÍNGUA PORTUGUESA
ANA FÁTIMA CRUZ DOS SANTOS (UNIJORGE)
Resumo de Paper
A produção de materiais didáticos com conteúdos de Língua 
Portuguesa ainda expressam uma deficiência quanto ao 
assunto quilombos e sua relevância na formação linguísti‑
ca brasileira ao longo dos séculos XIX e XX. A  presente pes‑
quisa, educação quilombola em sala de aula, analisou livros 
didáticos da Editora FTD, três volumes do Ensino Médio do 
ano de 2008, a fim de observar estes possíveis elementos de 
educação de quilombos na aquisição de linguagem sob a in‑
fluência dessas comunidades que envolvia diferentes povos/
cor/posição política e que ainda são referência da formação 
identitária, cultural e de linguagem presentes na contem‑
poraneidade. Sob o método qualitativo‑interpretativista, 
expõe‑se critérios de análise desse material verificando fi‑
guras, discursos e citações utilizadas. Sugere‑se pontos de 
discussão em sala de aula a serem utilizados pelo docente 
de acordo com críticas paradidáticas de outros autores so‑
bre o tema. Conclui‑se a ausência de citações ou referências 
construtivas sobre uma formação educacional quilombola 
nesses livros didáticos analisados.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 19
FORMAÇÃO CONTINUADA 
DE PROFESSORES DE LÍNGUA 
INGLESA: NOVOS/VELHOS 
DISCURSOS E PRÁTICAS?
ANA KARINA DE OLIVEIRA NASCIMENTO (UFS)
Resumo de Paper
Pensar em formação continuada de professores de uma 
maneira mais ampla e naquela direcionada a professores de 
língua inglesa de maneira mais particular perpassa por va‑
riadas questões que abrangem diversificadas formas de en‑
tender o ensino, a aprendizagem, a relação professor‑aluno, 
a formação crítica do discente, as diferentes metodologias 
de ensino, enfim, várias questões envolvidas no fazer peda‑
gógico. É  levando em conta essa diversidade de temáticas, 
que este trabalho, cuja base de análise centra‑se na teoria 
dos novos letramentos, propõe‑se a discutir uma experiên‑
cia de formação continuada direcionada a professores de 
língua inglesa da rede pública de educação básica de Sergipe. 
Trata‑se da análise de três dos instrumentos utilizados du‑
rante o processo (questionário, entrevista e gravação de 
aula), a qual busca entender os novos/velhos discursos e 
práticas dos professores envolvidos. Nesse percurso, diver‑
sas interpretações e interlocuções foram possíveis, as quais 
se mostraram ricos elementos para uma análise acerca do 
processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa.
A LÍNGUA PORTUGUESA 
COMO UNIDADE ABSTRATA 
E IMAGINÁRIA: UMA 
LEITURA DO NOVO 
ACORDO ORTOGRÁFICO
ANA LUCIA CHELOTI PROCHNOW (UFSM)
SILVANA SCHWAB DO NASCIMENTO (UFSM)
ADRIANA SILVEIRA BONUMÁ (UFSM)
Resumo de Paper
O  novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), 
que passou a ser adotado em janeiro de 2009 e visa a unifi‑
car as duas ortografias oficiais do português, a do Brasil e a 
de Portugal, efetivamente, deverá ser utilizado a partir de ja‑
neiro de 2013 por toda lusofonia. Em virtude desse momen‑
to de transição, este trabalho se propõe a analisar como os 
conceitos que permeiam as questões de política de línguas, 
tais como nação, estado, língua nacional, língua oficial, lín‑
gua materna, língua imaginária e língua fluida, são aborda‑
dos nesse documento. Para tanto, em um primeiro momen‑
to, serão discutidos alguns textos de autores que tratam a 
respeito da política linguística no Brasil. Depois, serão discu‑
tidos de que forma determinados aspectos do novo acordo 
estão relacionados com as políticas de língua. A partir disso, 
pretende‑se mostrar em que medida o novo Acordo conce‑
be a língua portuguesa como unidade abstrata e imaginá‑
ria. Para tanto, o suporte teórico está embasado em autores 
como Hobsbawm (1990), Orlandi (1988) e Guimarães (2007), 
que abordam questões propriamente de política linguística; 
e em Fiorin (2009) e Silva Sobrinho (2009), que discutem o 
Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa relacionado 
com a política linguística no Brasil.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 20
HISTÓRIAS DE LETRAMENTO 
E PERFIL SOCIOCULTURAL 
DE PROFESSORES 
EM FORMAÇÃO
ANA LÚCIA DE CAMPOS ALMEIDA (UEL)
Resumo de Paper
Nesta comunicação pretendo discorrer sobre um projeto 
de pesquisa em etapa inicial de desenvolvimento coordena‑
do por mim junto ao Departamento de Letras Vernáculas e 
Clássicas da Universidade Estadual de Londrina – PR. O  ob‑
jetivo deste projeto é investigar as práticas de letramentos 
vernaculares, locais e situados a partir do levantamento 
e análise de um corpus constituído por produções escritas, 
histórias de letramento, de alunos do Curso de Licenciatura 
em Língua Portuguesa – professores em formação. A pesqui‑
sa empreendida pretende ainda construir um perfil sociocul‑
tural de letramento dos futuros professores com intuito de 
compreender os modos de apropriação pertinentes à aqui‑
sição do modelo da cultura escrita denominado letramento 
dominante. A  fundamentação teórica provém dos Novos 
Estudos de Letramento, que incentivam a produção de inves‑
tigações voltadas para as práticas socioculturais de usos de 
escrita em comunidades locais, situadas em esferas distintas 
da hegemônica e/ou acadêmica, Esta vertente de estudos 
vem sendo representada pelos autores: Heath (1982,1983,); 
Barton (1998); Barton e Hamilton (1994); Barton, Hamilton e 
Ivanic (2000); Street (1984, 1993, 1995, 2003, 2010), Kleiman 
(1995, 2001, 2006), Marinho e Carvalho (2010), Soares (1998, 
2008, 2010), entre outros. As observações preliminares rea‑
lizadas na etapa exploratória da pesquisa permitem afirmar 
que a maior parte dos sujeitos pesquisados demonstra não 
ser possuidora dos letramentos de prestígio e não ter tido 
acesso aos modelos de escrita da esfera acadêmica; antes 
apresentam contato intenso com as práticas comunicati‑
vas e interacionais da cultura oral e com o desenvolvimen‑
to de práticas de letramento próprias das esferas religiosas, 
do cotidiano e de locais de trabalho vinculadas a camadas 
sociais populares.
MUITO ALÉM DE APRENDIZ: 
O PAPEL DA TAREFA PARA 
PROMOVER MÚLTIPLAS 
CATEGORIAS DE PARTICIPANTES
ANA LUIZA PIRES DE FREITAS (UNISINOS)
Resumo de Paper
O objetivo deste trabalho é o de examinar a relação entre o 
leque de ações construídaspelos participantes de uma sala 
de aula de língua adicional com a atividade pedagógica que 
é levada a cabo. Para tanto, analisamos três segmentos de 
fala‑em‑interação a partir dos pressupostos da ACE. O  pri‑
meiro segmento (Mondada, Doehler, 2004) se passa em 
uma sala de aula de francês e mostra os participantes rea‑
lizando a atividade pedagógica de prover verbos derivados 
dos substantivos. Assim, a ação a ser realizada por quem 
executava a atividade pedagógica se restringia a produzir 
um turno que apresentasse um verbo, em resposta ao subs‑
tantivo apresentado no turno. O segundo segmento (Mori, 
Hasegawa, 2009) se passa em uma sala de aula de japonês 
e mostra os participantes realizando a atividade pedagógi‑
ca de, a partir de figuras, elaborar frases. Em tal segmento, 
observamos que as ações levadas a cabo pelos participan‑
tes se restringiam à produção de enunciados soltos. Nesses 
dois primeiros segmentos, as ações desempenhadas pelos 
participantes eram bastantes restritas, na medida em que 
são balizadas por atividades pedagógicas que delimitam a 
participação à produção de enunciados e verbos. Já o tercei‑
ro segmento (Freitas, 2006 e Salimen, 2009) acontece em 
uma sala de aula de inglês e mostra os participantes reali‑
zando uma atividade pedagógica de encenação em grupos. 
Nesse segmento, os participantes realizaram diversas ações, 
como: discordar, levantar hipóteses, responder a uma hipó‑
tese levantada, entre outras. Em contraste aos dois outros 
segmentos, nesse último, o leque de ações a serem realiza‑
das para cumprir a atividade pedagógica não só é mais am‑
plo, mas também é mais relacionado com a realização de 
ações no mundo. A  partir de tais resultados, este trabalho 
contribui para os estudos de ACE que estudam a aprendiza‑
gem de línguas, por apontar que, apesar de as tarefas peda‑
gógicas poderem ser re‑configuradas pelos participantes, 
elas balizam as possibilidades de ação desempenhadas.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 21
O ESTUDO DAS EMOÇÕES 
DE PROFESSORES DE LÍNGUAS: 
DE ONDE VIEMOS, ONDE 
ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS?
ANA MARIA FERREIRA BARCELOS (UFV)
Resumo de Paper
Sabemos que as emoções fazem parte do conhecimento do 
professor e que podem influenciar suas ações muito mais do 
que as crenças (Borg, 2006). Apesar disso, o fator afetivo, de 
acordo com Borg (2006), é um dos menos compreendidos e 
mencionados na pesquisa de cognição de professores de lín‑
guas. Borg acredita que pesquisas futuras precisam tentar 
“compreender como os fatores cognitivos e afetivos intera‑
gem em moldar o que os professores fazem” (p. 272). A neces‑
sidade de melhor compreensão sobre emoções já foi mencio‑
nada por vários outros autores (NESPOR, 1987; ROSIEK, 2003; 
FRIJDA, MANSTEAD E BEM, 2000) que afirmam que “emoção 
e afeto tem implicações importantes em como os profes‑
sores aprendem e usam o que aprendem” (Nespor, p. 324). 
Embora os trabalhos sobre emoções de professores na área 
de educação estejam bem avançados no exterior, no Brasil, 
na Linguística Aplicada (LA), a pesquisa sobre emoções de 
professores ainda se encontra na sua infância, com poucos 
trabalhos sobre esse tópico. Nesta apresentação, faço um 
apanhado histórico do estudo de emoções de professores na 
LA no Brasil e no exterior, trazendo desenvolvimentos recen‑
tes no exterior e os desdobramentos desses resultados na 
pesquisa de ensino de línguas no Brasil. Os objetivos desta 
apresentação são: a) traçar as origens do interesse pelo es‑
tudo de emoções de professores (de línguas); b) apresentar 
o panorama atual dessa investigação expondo brevemente 
resultados de trabalhos realizados no Brasil e no exterior; c) 
propor encaminhamentos futuros para a pesquisa de emo‑
ções de professores de línguas. Isso será feito primeiramente 
em termos dos trabalhos realizados no exterior, e em segun‑
do lugar, a respeito dos poucos trabalhos existentes no Brasil, 
concluindo com sugestões e uma agenda de pesquisa sobre 
emoções no contexto brasileiro da Linguística Aplicada.
LINGUAGEM E IDENTIDADE: 
AS REPRESENTAÇÕES 
CULTURAIS DO “SER 
BRASILEIRO” DISCURSIVAMENTE 
CONSTRUÍDAS EM LIVROS 
DE PORTUGUÊS 
PARA ESTRANGEIROS
ANA PAULA DE ARAUJO LOPEZ (UFSJ)
Resumo de Pôster
Atuamos sócio‑politicamente pela linguagem e, a cada afi‑
liação discursiva, identidades sociais emergem, contribuin‑
do para que o sistema identitário seja múltiplo, dinâmico 
e reconstruído cotidianamente nas práticas sociais. Nessa 
direção, a língua não pode ser definida como um sistema 
abstrato de categorias gramaticais, mas sim como uma vi‑
são de mundo, saturada de ideologia. No contexto de ensi‑
no de línguas estrangeiras, o livro didático é um facilitador 
do processo de ensino/aprendizagem e figura como um dos 
principais meios de contato do aprendiz com a cultura do 
país cuja língua está aprendendo. Pressupondo que qualquer 
livro didático enuncie a visão de seus autores e que essas re‑
fletem determinados sistemas ideológicos, o presente tra‑
balho buscou averiguar quais identidades sociais associadas 
ao “ser brasileiro” são construídas discursivamente em livros 
didáticos de Português para Estrangeiros, nos seus varia‑
dos textos e imagens. Para tanto, tomou‑se como referen‑
cial teórico‑metodológico a proposta de Análise Crítica do 
Discurso de Paul Gee (1999), principalmente seu conceito de 
Modelos Culturais e as reflexões acerca da questão da identi‑
dade social. A análise desenvolvida oferece um entendimen‑
to mais profundo das representações da vida dos brasileiros 
construídas discursivamente nesses livros e como essas 
representações, ao mesmo tempo em que refletem as prá‑
ticas de alguns grupos sociais, simultaneamente, excluem 
as práticas de outros, estabelecendo processos e inclusão 
e exclusão via linguagem. Esses processos são constituídos 
pela construção de modelos culturais hegemônicos, vincula‑
dos a determinadas identidades sociais estereotipadas, que 
são veiculadas no discurso dos livros. O não reconhecimen‑
to dessas questões pode levar os usuários dos livros didáti‑
cos – professores, principalmente – a reproduzirem e conso‑
lidarem práticas hegemônicas, que desconsideram o caráter 
múltiplo e dinâmico do sistema identitário e a diversidade 
presente na cultura brasileira.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 22
ANÁLISE DE ATIVIDADES 
DO CADERNO DE INGLÊS 
DA REDE PÚBLICA DO ESTADO 
DE SÃO PAULO E SUA RELAÇÃO 
COM AS ORIENTAÇÕES 
CURRICULARES: CORRELAÇÕES 
ENTRE TEORIA E PRÁTICA
ANA PAULA DE LIMA (UNICAMP)
GUILHERME JOTTO KAWACHI (UNICAMP)
Resumo de Paper
Entre 1980 e 1990, o Brasil passou por um processo de re‑
formulação curricular, entretanto, considerando os resulta‑
dos insatisfatórios obtidos em avaliações como o Sistema 
de Avaliação da Educação Básica, a Prova Brasil e o Exame 
Nacional de Ensino Médio, o governo reconhece que seus es‑
forços foram insuficientes para garantir a aprendizagem dos 
alunos nos níveis almejados. Nesse sentido, a Secretaria da 
Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP) propõe‑se a coor‑
denar e avaliar o desenvolvimento dos currículos do Ensino 
Fundamental e Médio, elaborando propostas que maximi‑
zem e garantam a gestão do currículo na sala de aula, dispo‑
nibilizando sugestões de atividades, materiais complemen‑
tares, avaliações e projetos de recuperação paralela. Como 
parte dessas reconfigurações, a SEE/SP publicou a Proposta 
Curricular (BRASIL, 2008), visando mudanças políticas, ide‑
ológicas, metodológicas e especialmente curriculares em 
face do impacto da globalização na educação. Essas orienta‑
ções estão pautadas em concepções de língua e linguagem 
consideradas mais adequadas ao momento sócio‑histórico 
pós‑moderno, distanciando‑se de ênfase comunicativas, 
estruturalistas e apoiando‑se nos estudos dos letramentos. 
Portanto, a fim de verificar se as orientaçõescurriculares 
são, de fato, traduzidas em práticas fundamentadas em 
epistemologias críticas e plurilíngues, propomo‑nos a ana‑
lisar algumas atividades do caderno de Língua Inglesa volta‑
do para alunos do 5º ano do Ensino Fundamental II. Nosso 
objetivo é avaliar se as atividades do material didático são 
condizentes às premissas dos letramentos, especialmente 
considerando os estudos sobre multiletramentos (COPE & 
KALANTZIS, 2000) e letramentos múltiplos, críticos e multis‑
semióticos (ROJO, 2009; MOITA LOPES, 2006). Interessa‑nos, 
também, verificar se as propostas práticas do material têm 
potencial para estimular a sensibilidade intercultural dos 
estudantes, fundamental para sua atuação sob bases éticas, 
críticas e protagonistas (ROCHA, 2012).
ASPECTOS HISTÓRICOS 
DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
DE LÍNGUA PORTUGUESA 
NO BRASIL
ANA PAULA KUCZMYNDA DA SILVEIRA (UFSC ‑ IFSC)
Resumo de Paper
Esta comunicação tem por objetivo discutir, sob uma pers‑
pectiva bakhtiniana e com base nos estudos de letramen‑
to, a constituição sócio‑histórica do professor de Língua 
Portuguesa ao longo da história da escola no Brasil, com 
foco especialmente voltado aos séculos XIX e XX. Para fazê‑
‑lo apoiamo‑nos em dados obtidos a partir de pesquisa do‑
cumental de cunho qualitativo, desenvolvida com base na 
consulta a textos‑enunciados produzidos na esfera escolar e 
em esferas que a tangenciam, os quais materializam discur‑
sos acerca da formação inicial e continuada do professor e a 
respeito de seu papel na escola e na sociedade em diferentes 
momentos da história. Nesse percurso histórico, parece‑nos 
relevante pensar que a constituição do professor de língua 
portuguesa nunca se efetivou alijada de influências que 
ultrapassam a microcultura escolar e que se alinharam/ali‑
nham a um projeto de cidadão útil ao Estado, a um projeto 
de sociedade, de sujeito e de escola que se desejou materia‑
lizar. Do professor catequisador ao professor reflexivo, traça‑
mos um percurso que revela a maneira como o ethos do pro‑
fessor se constitui pela alteridade, atravessado por relações 
de poder, por instabilidades, pelo discurso da salvação, do 
descrédito, e por novas e frequentes demandas de formação.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 23
PRESCRIÇÕES OFICIAIS PARA 
O ENSINO‑APRENDIZAGEM 
DE LÍNGUAS PARA FINS 
ESPECÍFICOS E O TRABALHO 
COM GÊNEROS TEXTUAIS
ANA PAULA MARQUES BEATO CANATO (UFRJ)
Resumo de Paper
O trabalho com línguas para fins específicos (ESP) tem se am‑
pliado gradativamente no Brasil. Tratando especificamente 
da rede pública de ensino, tal expansão se deve ao aumento 
significativo de instituições técnicas federais (IFs). Em uma 
tentativa de direcionar o ensino‑aprendizagem nesse con‑
texto, o governo federal lançou em 2012 diretrizes oficiais. 
Tendo atuado nesse contexto, temos a intenção de avaliar 
as convergências e divergências entre o trabalho que vinha 
sendo realizado e as prescrições oficiais. Para isso, retoma‑
mos alguns conceitos do ESP e fazemos uma breve análise 
dos documentos. Em  seguida, nos debruçamos sobre uma 
sequência didática (DOLZ; SCHNEUWLY, 2004), que procura 
contribuir para o desenvolvimento de capacidades de lin‑
guagem em torno do gênero ficha de segurança de laborató‑
rio. Finalmente, estabelecemos as relações entre a proposta 
oficial e o material utilizado. Concluímos que o trabalho com 
base no interacionismo sociodiscursivo, conforme defende‑
mos (BEATO‑CANATO, 2011; CRISTOVÃO; BEATO‑CANATO, prelo) 
está em consonância com a proposta oficial, cujos objetivos 
ultrapassam o ensino de estratégias de leitura e o aprofun‑
damento em vocabulário, como o ESP é conhecido no Brasil, 
especialmente por leigos.
ÉTICA, RESPOSTA E CRÍTICA 
NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR 
DE LÍNGUAS: (PERTURB)AÇÕES 
EM CURSO
ANA PAULA MARTINEZ DUBOC (USP)
Resumo de Paper
Propostas curriculares contemporâneas nos âmbitos nacio‑
nal e internacional vêm sinalizando a importância de repen‑
sar a educação sob a ótica da multiplicidade, complexidade 
e instabilidade, rompendo, assim, com saberes unos, homo‑
gêneos e estáveis predominantes no paradigma moderno. 
No  campo do ensino de línguas estrangeiras, isso implica 
abordar temas e linguagens de forma mais plural e inclu‑
siva, na medida em que passamos a legitimar saberes até 
então apagados pelo currículo escolar. A tarefa, no entanto, 
nos coloca novos desafios, pois não estamos habituados a 
lidar com a diferença e o dissenso na sala de aula. Esta apre‑
sentação tem como objetivo compartilhar algumas ações 
pedagógicas discutidas e/ou implementadas em contextos 
de formação docente as quais visam formar professores 
éticos, responsáveis e críticos como pré‑condição para que 
possam desenhar suas ações docentes futuras pautando‑se 
na diferença. Tais ações se fundamentam nos debates sobre 
letramentos críticos (GREEN, 1997; MENEZES DE SOUZA, 2011; 
MONTE MÓR, 2011, 2012) e em propostas contemporâneas de 
educação, dentre as quais a noção de pedagogia da pertur‑
bação (BIESTA, 2006, 2010) e seu entendimento de aprendi‑
zagem como resposta. Além do compartilhamento de algu‑
mas dessas ações, serão apresentadas algumas impressões 
de alunos de um curso de Letras diante dessas novas teorias 
como importante dado para direcionamentos futuros em 
pesquisas da área.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 24
CARTA DE RECLAMAÇÃO 
COMO PRÁTICA SOCIAL 
NO CONTEXTO ESCOLAR
ANA PAULA MARTINS ALVES (UFC)
Resumo de Paper
Estudos sobre o letramento têm sido desenvolvidos des‑
de a década de 1980, apresentando um variado quadro te‑
órico sobre as habilidades de leitura e escrita na sociedade 
contemporânea. Fundamentando‑se nos pressupostos de 
Street (1981, 1984), Heath (1983, 1984) e Barton & Hall (2000), 
o presente estudo teve por escopo analisar cartas de re‑
clamação de alunos do 4º ano do EF de uma escola pública 
municipal de Fortaleza, observando aspectos socioculturais 
do letramento expressos na escrita dos estudantes. Para 
os propósitos desta pesquisa analisamos 39 produções de 
alunos do 4º ano do Ensino Fundamental participantes de 
uma sequência didática, desenvolvida ao longo de dois me‑
ses. Na análise, observamos aspectos estruturais do gênero 
carta de reclamação, bem como os aspectos destacados por 
Barton & Hall (2000), a saber: a dêixis presente nas cartas, a 
força dos atos de fala e os papéis e identidades assumidas pe‑
los escritores. Ao analisarmos tais aspectos intencionamos 
perceber os valores culturais e o contexto social de produção 
das cartas como prática social. Com este estudo, discutimos 
os aspectos estruturais da carta, analisamos os valores cul‑
turais, tais como noções de limpeza e boa qualidade de edu‑
cação, bem como o contexto social dos alunos presentes na 
produção das cartas, isto é, foi possível perceber a situação 
atual da escola e através dela algumas pistas que descrevem 
a comunidade em que a escola está situada. Identificamos 
ainda o papel e a identidade assumida pelos escritores das 
cartas, e os posicionamentos destes em suas produções.
REVISTAS PARA MULHERES: 
PARA QUÊ?
ANA PAULA RABELO E SILVA (UFC)
Resumo de Paper
A  presente pesquisa analisou a relação entre os textos ver‑
bais e não verbais das revistas impressas femininas de cir‑
culação nacional e a concepção de identidade do feminino 
consolidada pelas mulheres leitoras da cidade de Fortaleza. 
Entendemos que as práticas sociais em diversas esferas 
da atividade humana interferem para a consolidação de 
uma concepção histórica que trata a mulher como obje‑
to, colocando‑a em segundo plano no mundo dos homens. 
Recuperamos essas representações de poder, mas optamos 
pela por uma definição mais próxima dos conceitos que fun‑
damentam a Análise do Discurso Crítica. Como afirma Del 
Priori (1988), mesmo com benefícios no que diz respeito àgarantia de direitos, ela se sujeitou ao acúmulo de trabalhos, 
à obrigação de estar (e ser) bela, à ampliação das esferas de 
atuação em situações precárias. Para tanto, fizemos um le‑
vantamento da leitura das revistas mais lidas pelas mulheres 
de oito bairros da capital do Ceará. Durante o mês de julho 
de 2012, foram visitados mais de setenta salões de beleza. 
Verificamos que, ao contrário do esperado, não são revistas 
como Cláudia, Nova, Marie Clarie ou Elle as mais lidas nos 
salões investigados. Independentemente do poder aquisi‑
tivo, há preferência pelas revistas Caras e Quem. A  função 
da leitura de revistas de salão é entretenimento e busca por 
representações. Um  aspecto relevante de comportamento 
social é que a construção das representações de feminino 
pelas mulheres dos bairros de maior poder aquisitivo passa 
por uma elaboração com filtro na identidade individual. Elas 
desejam ser únicas e optam por uma montagem de caracte‑
rísticas das artistas diferentes (a cor do cabelo de uma atriz e 
o corte da outra, por exemplo). Em bairros de classes sociais 
com menor poder, ainda há duas concorrentes: as revistas: 
Una e Cabelos e Cia. Cabe um estudo posterior em clínicas 
de estética para avaliar que revistas são lidas e como se dá o 
processo de espelhamento das mulheres.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 25
IMPLEMENTAÇÃO DE CURRÍCULO 
COM BASE EM TEMÁTICAS 
E PROJETOS NA DISCIPLINA 
DE INGLÊS II DO CURSO 
DE LETRAS DA UFRGS
ANA PAULA SEIXAS VIAL (UFRGS)
ANAMARIA KURTZ DE SOUZA WELP (UFRGS)
Resumo de Pôster
A discussão a respeito do currículo baseado em projetos na 
escola vem ganhando força desde o início dos anos 2000. 
Porém, o debate parece estar apenas começando quanto ao 
ensino de línguas no ensino superior. Conforme Duboc (2011), 
a reconceituação de língua e de conhecimento suscita um 
maior questionamento: o de pensar um currículo de línguas 
adicionais que responda às novas configurações no proces‑
so de significação dos sujeitos da era digital. Assim, o proje‑
to “Construção de Programa de disciplina de Língua Inglesa 
para o Curso de Graduação em Letras” tem por objetivo 
elaborar cadernos com projetos e tarefas pedagógicas para 
cada disciplina de língua inglesa dos cursos de licenciatura 
e bacharelado em Inglês. Dessa maneira, propomos uma 
abordagem curricular alinhada às teorias dos novos letra‑
mentos, cuja progressão curricular é organizada em temá‑
ticas relevantes para a formação dos alunos e toma o lugar 
de uma lista de conteúdos prescritivos sugerida nos currícu‑
los mais tradicionais. Para isso, realizaram‑se reuniões com 
o corpo docente do Setor de Inglês do Instituto de Letras a 
fim de discutir a manutenção das temáticas existentes, dis‑
cutiram‑se as propostas com alunos da graduação e, então, 
construíram‑se os novos programas das disciplinas. Neste 
trabalho, apresentamos os resultados obtidos da imple‑
mentação dessa nova proposta de currículo na disciplina de 
Inglês II, cuja temática é “Como outros países veem o Brasil”. 
São propostos 2 projetos a serem realizados durante o se‑
mestre: Brazil in the eyes of the other e What’s on the news. 
Esperamos, portanto, oferecer contribuições por organizar 
um currículo voltado ao crescimento do aluno enquanto 
profissional, além de disponibilizar um material que poderá 
servir como referência para trabalho semelhante em currícu‑
los de outras línguas. Através das reuniões com os professo‑
res, buscamos também propiciar um trabalho colaborativo 
que favorece a integração dos professores em busca de um 
trabalho interdisciplinar.
APLICABILIDADE DAS 
FERRAMENTAS COGNITIVAS 
PROPOSTAS POR KIERAN EGAN 
NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA 
PARA PRÉ‑ADOLESCENTES
ANA RAQUEL FIALHO FERREIRA CAMPOS (UFPR)
Resumo de Paper
Esta pesquisa teve como objetivo confirmar a real aplicabi‑
lidade dos estudos de Kieran Egan sobre ferramentas cog‑
nitivas baseados nos estudos de Vygotsky, e através destes 
estudos, tornar o ensino mais efetivo, engajando a imagina‑
ção dos alunos e produzindo um maior resultado de aprendi‑
zagem. O contexto de pesquisa foi um curso de línguas com 
clientela de classe média / média alta, no qual foram selecio‑
nadas 4 turmas de diferentes professoras com aproximada‑
mente 10 alunos de 9 a 12 anos cada turma. A ferramenta de 
pesquisa escolhida foi a Prática Exploratória. As reflexões fei‑
tas pelas professoras e pesquisadora ocorreram em reuniões 
pedagógicas semanais, essas reuniões já fazem parte do cro‑
nograma das professoras e portanto não houve um acrésci‑
mo de trabalho, possibilitando que a pesquisa seja susten‑
tável, um dos princípios da Prática Exploratória. As  ferra‑
mentas cognitivas de Kieran Egan usadas nessa pesquisa 
foram: EXTREMOS E LIMITES DA REALIDADE, ASSOCIAÇÃO COM 
O  HERÓICO, HUMANIZAÇÃO DO  CONHECIMENTO, COLEÇÕES 
E HOBBIES, e REVOLTA E IDEALISMO. As aulas foram prepara‑
das juntamente com a pesquisadora e aplicadas pelas qua‑
tro professoras escolhidas. Através de reuniões gravadas 
semanalmente e questionários quinzenais, que também já 
existem na instituição, foram analisadas as percepções des‑
tas quatro professoras de língua inglesa quanto à motivação 
e ao engajamento dos alunos em sala de aula. Os resultados 
obtidos revelam que as ferramentas cognitivas propostas 
por Kieran Egan são favoráveis e fazem a diferença na busca 
por um maior engajamento, uma maior motivação, e con‑
sequentemente, um maior resultado de aprendizagem dos 
alunos em sala.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 26
A CONSTRUÇÃO 
DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS 
NO ENSINO‑APRENDIZAGEM 
DE GÊNEROS TEXTUAIS: 
UMA EXPERIÊNCIA 
DO PIBID NA FORMAÇÃO 
DO ALUNO DE PEDAGOGIA 
DA UNIVERSIDADE MUNICIPAL 
DE SÃO CAETANO DO SUL (USCS)
ANA SILVIA MOÇO APARICIO (USCS)
MARIA DE FÁTIMA RAMOS DE ANDRADE (USCS)
Resumo de Paper
Neste trabalho, apresentamos os resultados da análise de 
uma experiência de formação de alunos de Pedagogia, ten‑
do como foco o processo de construção de sequências didáti‑
cas no ensino‑aprendizagem de gêneros textuais, no âmbito 
do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência 
(PIBID) na Universidade Municipal de São Caetano do Sul. 
Esse projeto tem como eixo principal a realização de ações 
orientadas pela metodologia da “Engenharia Didática”, foca‑
lizando o ensino da Língua Portuguesa, seguindo a aborda‑
gem do trabalho com gêneros textuais do grupo de didática 
de línguas de Genebra. Inseridos nesse processo, os alunos 
bolsistas e professores regentes de séries iniciais do ensino 
fundamental do município de São Bernardo do Campo (SP), 
colaborativamente, planejam, elaboram e realizam sequ‑
ências didáticas para o ensino‑aprendizagem de gêneros 
textuais. Os  dados gerados nesse processo (registros de 
encontros de formação, registros de aula, produções das 
crianças, entre outros), gravados em áudio e/ou vídeo, com‑
põem o corpus da pesquisa. A  metodologia utilizada para 
a análise dos dados é de base qualitativo‑interpretativista, 
orientada pelos princípios da pesquisa‑ação. Os  resultados 
apontam principalmente para as dificuldades de analisar 
as produções textuais das crianças de modo formativo, que 
permite ao professor avaliar as capacidades dos alunos já 
apreendidas e ajustar as atividades da sequência didática às 
dificuldades e possibilidades reais da turma. Por outro lado, 
o envolvimento dos bolsistas e dos professores no processo 
propiciado pelo PIBID é, de fato, um fator determinante para 
a (re)construção do fazer docente, aliando teoria e prática, 
contribuindo para a transformação de suas crenças, hábitos, 
atitudes, habilidades e tornando‑os melhor preparados para 
a docência.
GÊNERO TEXTUAL ABSTRACT: 
O TRABALHO DE ESCRITA 
NA FORMAÇÃO DOS 
FUTUROS PROFESSORES 
DE LÍNGUA INGLESA
ANA VALÉRIA BISETTO BORK (UTFPR)
MIRIAM SESTER RETORTA (UTFPR)Resumo de Paper
Nas últimas décadas, a língua inglesa alcançou um status de 
língua franca e, no meio acadêmico, todo pesquisador que 
deseja compartilhar sua pesquisa com um número maior 
de interessados na área em que atua deve publicar seu tex‑
to em inglês. Esta comunicação objetiva apresentar alguns 
resultados e reflexões sobre um trabalho realizado com alu‑
nos do curso de licenciatura em Letras (Português/Inglês) 
da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) do 
Campus Curitiba. A  pesquisa foi desenvolvida na disciplina 
de Laboratório de Escrita IV  no primeiro semestre de 2012 
cujo objetivo principal foi organizar um artigo acadêmico 
em língua inglesa sobre o Trabalho de Conclusão de Curso 
(TCC) dos alunos formandos. Porém, para o propósito desta 
comunicação, nossa exposição versará sobre a elaboração 
do gênero textual abstract, o qual também fez parte do 
planejamento e desenvolvimento da disciplina. O  estudo 
com gêneros textuais (Marcuschi, 2008) possibilita aos es‑
tudantes em formação reconhecer os gêneros peculiares ao 
contexto educacional e acadêmico e analisar seus aspectos 
linguísticos e discursivos. Para a realização desta proposta 
utilizamo‑nos da abordagem teórico‑metodológica calcada 
no Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) de Bronckart (1999) 
e, para a construção e produção do gênero textual propos‑
to, tomamos como base os trabalhos de Dolz e Schneuwly 
(2004), no que se refere ao procedimento de sequências di‑
dáticas (SDs). Também foram observadas questões referen‑
tes às capacidades de linguagem. Para ilustrar o trabalho 
serão apresentadas partes dos textos produzidos pelos alu‑
nos, seguida de uma avaliação da disciplina realizada pelos 
discentes e pelo professor da turma.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 27
LETRAMENTO ACADÊMICO: UMA 
PROPOSTA DE CURRÍCULO COM 
BASE EM PROJETOS
ANAMARIA KURTZ DE SOUZA WELP (UFRGS)
ANA PAULA SEIXAS VIAL (UFRGS)
JONATHAN ZOTTI DA SILVA (UFRGS)
Resumo de Paper
O projeto de pesquisa “Construção de Programa de disciplina 
de Língua Inglesa para o Curso de Graduação em Letras”, em 
andamento no Instituto de Letras (IL) da UFRGS, visa refor‑
mular os programas das disciplinas de língua inglesa para 
posteriormente elaborar cadernos com projetos e tarefas 
pedagógicas para cada disciplina com base nas noções de le‑
tramento dos Referenciais Curriculares do Rio Grande do Sul 
(2009). De acordo com nossa proposta, o currículo consiste 
em uma orientação para o desenvolvimento de competên‑
cias e habilidades em língua adicional. Através de uma prá‑
tica pedagógica que parte do texto, não como um pretexto 
a ser explorado para ensinar pontos gramaticais, mas como 
uma prática social, o aprendizado da língua adicional é con‑
textualizado e permite produzir a transparência da constru‑
ção de sentido orientada pela textualidade em todos os ní‑
veis do sistema linguístico. O ensino com base em projetos 
promove a construção conjunta do conhecimento, propor‑
cionando um ambiente de colaboração entre professores e 
alunos, conduzindo à constante reflexão e ao pensamento 
crítico e criativo. O aluno se apropria do conhecimento, ex‑
perimentando, planejando, analisando, resolvendo proble‑
mas, interagindo e usando a língua dentro e fora da sala de 
aula. Para chegarmos aos resultados desejados, a pesquisa 
foi organizada da seguinte forma: em um primeiro momen‑
to, foram realizados encontros com o corpo docente respon‑
sável pelas disciplinas de inglês com o propósito de se obter 
um levantamento das temáticas e dos gêneros do discurso 
ministrados; em um segundo momento, foi efetuada uma 
enquete com os alunos da graduação; e, na sequência, fo‑
ram feitas reuniões com representantes discentes de cada 
etapa do curso para se discutir a respeito da relevância dos 
conteúdos oferecidos nas disciplinas. Neste trabalho, apre‑
sentaremos os resultados alcançados até o momento: os 
programas de algumas das disciplinas e as produções finais 
de alguns dos projetos desenvolvidos pelos alunos.
LETRAMENTO DIGITAL 
E PRÁTICAS SOCIAIS 
DE FÃS BRASILEIRAS 
EM AMBIENTES VIRTUAIS
ANAMARIA PANTOJA MASSUNAGA (UFRJ)
Resumo de Paper
Este trabalho tem como objetivo investigar as práticas de 
fãs brasileiras nos diversos ambientes online nos quais cir‑
culam. A motivação desse trabalho partiu da minha própria 
experiência como fã que vem interagindo nesses espaços, 
que considero extremamente ricos e instigantes, há mais 
de uma década. Pesquisas sobre fãs e seu universo são no‑
vas no Brasil (Vargas, 2005; Barros, 2009; Valarini, 2010), e 
concentram‑se no fenômeno das fanfictions e nas fãs ado‑
lescentes que as escrevem, buscando entender quem são 
essas fãs, quais são as suas motivações para escrever e de 
que forma essa atividade pode contribuir para suas práticas 
de letramento escolares. Embora considere esses objetivos 
interessantes, ao trabalhar somente com as escritoras, dei‑
xa‑se de considerar a enorme quantidade de leitores “invisí‑
veis” que estão interagindo nesses ambientes virtuais, assim 
como outras formas de participação. É essa lacuna que este 
trabalho pretende preencher. Através de uma abordagem de 
cunho etnográfico, busco investigar as diversas formas de 
participação das três fãs‑participantes e os impactos dessas 
em suas vidas a partir de entrevistas e observações de cam‑
po. Entendo o ambiente virtual onde as fãs circulam como 
um artefato cultural e uma forma de cultura (Hine, 2000), 
onde são criadas e mantidas diversas comunidades virtuais, 
que podem ser entendidas como espaços de afinidade (Gee, 
2004). Nesses locais, as fãs se engajam em práticas de letra‑
mento, entendido com práticas sociais situadas (Lanksheare 
& Knobel, 2010). O desenvolvimento das novas tecnologias 
digitais possibilitou o surgimento de novas formas de ver 
e interagir com o mundo social; novas formas de ser a agir. 
(Lanksheare & Knobel, 2008). A partir do relato das fãs e da 
observação de suas práticas locais, apresento e discuto algu‑
mas dessas novas formas de ser e agir: construções identi‑
tárias (online e offline), produções artísticas e colaborativas, 
investimento emocional e sentimento de pertencimento.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 28
PONTUAÇÃO: ESTUDO CRÍTICO 
SOBRE PROPOSTAS DE ENSINO
ANDERSON CRISTIANO DA SILVA (PUC–SP)
Resumo de Paper
Esta pesquisa objetiva analisar as propostas de ensino sobre 
a pontuação nos volumes do 6º ao 9º ano de duas coleções 
didáticas: Português: uma proposta para o letramento, de 
Magda Soares, e também a coleção Português: linguagens 
de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães. 
O trabalho justifica‑se pela necessidade de refletirmos a res‑
peito do assunto com vistas ao aprimoramento das práticas 
de ensino, revelando‑se uma forma de questionar as pro‑
postas em uso, permitindo também novos olhares sobre o 
conteúdo da pontuação, cujos resultados possam contribuir 
para expansão do assunto no campo da Linguística Aplicada 
e Estudos da Linguagem. Assim sendo, temos como princi‑
pal questão de pesquisa a seguinte pergunta: As propostas 
de ensino sobre a pontuação encontradas nas coleções de 
livros didáticos distribuídas nas escolas públicas conseguem 
suprir as lacunas que a perspectiva normativo‑prescritiva 
não consegue abarcar? Para responder a essa pergunta, nos‑
sa hipótese é a de que abordagens de ensino baseadas unica‑
mente na perspectiva prescritivo‑normativa não dão conta 
de sanar tal deficiência. Para alicerçar nossa investigação, a 
pesquisa tem como arcabouço teórico as contribuições da 
Análise Dialógica do Discurso, tendo como aporte alguns 
conceitos‑chave desenvolvidos por Bakhtin e os membros do 
Círculo. Da perspectiva metodológica, seguimos o seguinte 
percurso: (a) analisar as duas coleções didáticas elencadas a 
partir das características que cada uma apresentasobre as 
propostas de ensino da pontuação; (b) levantar a tradição 
prescritivo‑normativa sobre os sinais de pontuação em gra‑
máticas normativas contemporâneas, tendo como critério 
uma visão sincrônica contrastiva, além disso, faremos uma 
busca diacrônica em uma gramática normativa vislumbran‑
do estabelecer parâmetros críticos para análise do nosso 
corpus. Em nossas considerações preliminares, percebemos 
discrepâncias consideráveis na maneira de propor o ensino 
da pontuação nas coleções elencadas.
PERSPECTIVAS DE ENSINO 
E A FORMAÇÃO DE SUJEITOS 
CRÍTICOS: REFLEXÕES 
SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA 
ESTRANGEIRA MODERNA
ANDERSON NALEVAIKO MARQUES (IFPR)
Resumo de Pôster
O  ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras na edu‑
cação básica vem sendo fortemente afetado pela complexi‑
dade das transformações sociais e culturais e do desenvol‑
vimento tecnológico oriundas do processo de globalização. 
Assim, ensinar uma língua estrangeira não se resume no 
repasse de informações linguísticas ou no trabalho com ha‑
bilidades comunicativas, mas na formação de um indivíduo 
capaz de compreender as relações complexas do mundo 
que vive e que saiba pensar e agir criticamente a partir de 
tais relações. Nesse sentido, propomos neste artigo a dis‑
cussão de algumas perspectivas de ensino que enfatizam a 
formação do aluno crítico – pedagogia crítica, leitura crítica 
e letramento crítico e multiletramentos – buscando iden‑
tificar em que sentido(s) essas perspectivas se diferem e se 
aproximam e que aspectos as constituem, bem como a for‑
ma como conceituam o termo crítico. Após a discussão das 
perspectivas apresentamos alguns elementos propostos por 
Pennycook (2003) que sintetizam o trabalho crítico (pensa‑
mento crítico, relevância social, modernismo emancipatório 
e prática problematizadora) buscando associá‑los à discus‑
são das perspectivas debatidas. Finalmente, nas considera‑
ções finais, sintetizamos os elementos recorrentes nas três 
perspectivas de ensino e traçamos nossa conclusão no que 
tange ao ensino de línguas estrangeiras na educação básica 
em uma perspectiva crítica.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 29
O USO DE REDES SOCIAIS COMO 
COMUNIDADES DE PRÁTICA 
PARA A ENSINAGEM DE LÍNGUAS
ANDERSON SILVA MATOS (UFRJ)
Resumo de Pôster
A autonomia “é a capacidade de responsabilizar‑se pelo pró‑
prio aprendizado” (Holec, 1981:3). Para Oxford, a autonomia 
é obtida através da interação social com uma pessoa mais 
capaz em um ambiente particular (OXFORD, 2003). Com 
a internet, a noção de ambiente ganha uma dimensão 
não‑geográfica enquanto “estas tecnologias possibilitam o 
desenvolvimento de novas formas de interacção[...]” (PONTE, 
2002:20). Uma das maiores representações dessa transposi‑
ção de espaços está na popularização das Redes Sociais que 
“[...] permitem que usuários se apresentem, articulem suas 
redes de contatos, e estabeleçam e mantenham conexões 
uns com os outros.” (ELLISON, STEINFIELD & LAMPE, 2007). 
Em tais espaços, usuários podem utilizar diversas ferramen‑
tas para expor conteúdos de sua vida social e interagir com 
usuários, mantendo contato com pessoas já conhecidas 
off‑line e interagindo com outros usuários, criando novos 
padrões de relacionamento socio‑virtual. Tendo em vista 
o crescente uso das Redes Sociais na sociedade, o presen‑
te trabalho procura observar se e de quais formas o uso de 
uma rede social pode tornar‑se uma comunidade virtual de 
prática e encaminhar seus usuários para o desenvolvimento 
de um aprendizado autônomo. Procura ainda entender de 
que forma o uso de uma rede social pode se relacionar com 
o aprendizado em “sala de aula”. Para isso, uma rede social 
foi criada e alguns alunos foram convidados a utilizá‑la li‑
vremente. A  partir deste uso, foram observadas a geração 
de material na rede social e a interação entre os usuários 
gerados espontaneamente. A  pesquisa conta com diários 
de classe do professor, com a análise da página de perfil e 
das atividades dos usuários da rede social e com narrativas 
semi‑estruturadas baseadas em questionários respondidos 
pelos mesmos alunos a respeito da rede social. Os  resulta‑
dos indicam que os usuários utilizaram a rede social de for‑
ma autônoma e conseguiram interagir livremente na língua 
adicional, tornando‑a uma comunidade de prática.
ALTERNATIVAS PARA 
A DESCOLONIZAÇÃO 
DE PRÁTICAS COMUNICATIVAS: 
A APROPRIAÇÃO DO HIP HOP 
E DAS REDES SOCIAIS PARA 
RESISTÊNCIAS INDÍGENAS
ANDRÉ MARQUES DO NASCIMENTO (UFG)
Resumo de Paper
O propósito deste trabalho é apresentar uma análise de prá‑
ticas comunicativas contemporâneas produzidas por indiví‑
duos indígenas no Brasil, sob o pano de fundo dos estudos 
decoloniais, pós‑coloniais e interculturais latino‑america‑
nos. Nesta direção, são enfocados usos transidiomáticos em 
contextos de multilinguismo que se emergem na composi‑
ção de Rap e em mensagens postadas em redes sociais, nas 
quais observa‑se o uso das línguas minorizadas juntamen‑
te com o uso da língua politicamente hegemônica no país. 
A  principal linha argumentativa desta análise postula que 
tais práticas comunicativas híbridas são mais bem compre‑
endidas como formas de apropriação e resistências locais a 
projetos globais, cujas origens remontam ao colonialismo 
europeu, como os são as ideologias subjacentes à relação 
entre línguas, territórios, povos e identidades, assim como 
o estágio atual da chamada globalização. A  partir de uma 
lógica outra que coloca em relevo a agência intercultural in‑
dígena, os usos de práticas transidiomáticas são concebidos 
como eventos que, para além de indiciarem e performarem 
novas e complexas configurações identitárias, desafiam a 
subalternidade indígena, ao mesmo tempo em que dela se 
origina, realçando, por exemplo, como estas pessoas his‑
toricamente marginalizadas têm operado no sentido de se 
apropriarem de aparatos culturais não‑indigenas, como prá‑
ticas comunicativas em língua portuguesa, a cultura hip hop 
e a internet, para resistirem às diversas formas de opressão 
e silenciamentos.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 30
A INFLUÊNCIA DOS EXAMES 
EXTERNOS NO ENSINO 
DE LÍNGUA INGLESA: O ENEM 
EM FOCO
ANDREA BARROS CARVALHO DE OLIVEIRA (UNICAMP)
Resumo de Paper
O objetivo deste trabalho é investigar o efeito retroativo do 
Enem nas práticas educacionais que o precedem, especifica‑
mente no ensino de língua inglesa. O efeito retroativo é um 
fenômeno complexo cuja “natureza e abrangência são con‑
troladas por uma ampla gama de fatores educacionais, in‑
dividuais e sociais” (Chapelle e Brindley, 2002). Desta forma, 
procederemos a uma pesquisa de cunho etnográfico que 
envolve a aplicação de questionários e entrevistas com pro‑
fessores e estudantes participantes do ProFis–Unicamp, um 
programa destinado à alunos de escol as públicas que utiliza 
a nota do Enem como forma de acesso à Unicamp. Também 
procederemos a uma análise: a) do conteúdo das questões 
de língua inglesa do Enem e de sua matriz de referência para 
inferir o construto teórico que a orienta, e b) dos escores do 
Enem, para saber se podem ser usados para compor um ar‑
gumento de validade desse exame. Adotamos a noção de 
validade como um argumento que se constrói acerca de um 
exame com base na interpretação e no uso, ou seja, o grau 
em que as interpretações e os usos de um exame podem ser 
justificados. (Scaramucci, 2009)
A FORMAÇÃO INICIAL 
DE PROFESSORES 
DE PORTUGUÊS EM QUESTÃO: 
O QUE DIZEM PROFESSORES 
FORMADORES DA UFRN
ANDRÉA JANE DA SILVA (UERN)
Resumo de Paper
Nosso objetivo neste artigo é o de buscar compreender o 
que significa ser professor de Português por meio da análise 
dos enunciados de professores formadores da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte. Tomamos como base os es‑
tudos de Garcia (1999), Tardif (2002) e de outros estudiosospara as leituras das questões que envolvem os processos 
formativos. Os  dados foram construídos através de entre‑
vista semi‑estrutura e individual com quatro professores de 
áreas de atuação diferentes (Literatura, Linguística, Língua 
Portuguesa, Leitura e Produção Textual), no ano de 2009. 
Todos os interactantes são professores dessa instituição 
há mais de dez anos. A análise dos enunciados releva a pro‑
blemática complexa que cerca a formação de professores 
de Língua Portuguesa. Os  entrevistados trazem à tona o 
problema da pouca proficiência dos alunos, futuros profes‑
sores, quanto às habilidades de leitura e escrita, ao mesmo 
tempo que colocam como essencial ao professor de Língua 
Portuguesa ensinar seus alunos a lerem e a escreverem. Por 
outro lado, a análise curricular do Curso nos mostra uma ên‑
fase numa formação mais característica de um bacharelado 
e com poucas discussões sobre o ensino e sobre a didatiza‑
ção de certos saberes vistos na graduação. Por fim, devemos 
ressaltar que perceber que esses formadores reconhecem o 
contexto complexo que o ensino de Português e a formação 
de professores dessa área. Ademais, entendem as dificul‑
dades por que passa o ensino universitário, e têm buscado, 
cada uma a seu modo, fazer e/ou sugerir modificações para 
promoverem melhorias.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 31
“EU TIVE UM PROFESSOR QUE 
ME INSPIROU”: PROMOVENDO 
ESPERANÇA NAS EXPERIÊNCIAS 
DE APRENDIZAGEM 
DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
ANDRÉA SANTANA SILVA E SOUZA (FACULDADE SABERES)
Resumo de Paper
Pesquisas revelam que ensinar línguas deve levar em consi‑
deração a realidade dos alunos (PRABHU, 2003), sua cultura 
(BRUNER, 1996), contexto (ROGERS, 1983), e, em alguns casos, 
os propósitos específicos da aprendizagem (HUTCHINSON & 
WATERS, 1987); e que aprender línguas deve ser uma tarefa 
orientada por estratégias e estilos de aprendizagem (BROWN, 
2000), fluida na afetividade (ARNOLD, 1999) e na interação 
social (VYGOTSKY, 1978 apud LIGHTBOWN & SPADA, 1999). 
Investigar a influência da esperança (FREIRE, 1992; SNYDER et 
al, 2002; 2005; HALPIN, 2003; MURPHY & CARPENTER, 2008) 
nas experiências vivenciadas dentro e fora da sala de aula 
(MICCOLI, 1996; 1997; 2000; 2001a; 2001b; 2006; 2007a; 
2007b; 2007c; 2007d), por sua vez, parece iluminar a com‑
preensão de fatores que propiciam o engajamento dos alu‑
nos no processo de aprendizagem de segunda língua, poten‑
cializando‑o (SNYDER & LOPEZ, 2007; LARSEN, 2009). Neste 
trabalho, tenho como objetivo apresentar o mapeamento 
de 50 narrativas de aprendizagem de alunos do curso de 
Letras na Universidade Federal de Minas Gerais, responden‑
do a seguinte pergunta: o que/quem nutre a esperança de 
um aluno em processo de aquisição de língua estrangeira? 
O  resultado da triangulação das análises descritiva quanti‑
tativa e qualitativa e interpretativista fenomenológica evi‑
dencia que a esperança é mobilizada essencialmente por 
meio do agenciamento da carreira estudantil e nutrida nos 
relacionamentos. Isso implica na relevância de uma atitude 
(cri)ativa, propositada e aberta (em relação às possibilida‑
des) do aprendiz, destacando a amplitude da influência do 
educador que promove empoderamento. Uma pedagogia 
orientada pela esperança cultiva aquilo que se tem de mais 
singular e vital: visões e sonhos para o futuro.
A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO 
DE TRADUÇÃO PARA 
AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTO 
EM INGLÊS TÉCNICO 
NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
ANDRÉIA DELLANO MENDES NUNES (UNIVERSIDADE FEDERAL 
DO MARANHÃO)
Resumo de Pôster
O  presente trabalho teve como objetivo principal investi‑
gar a importância e a eficiência do método de tradução no 
ensino de inglês técnico para os estudantes de ensino téc‑
nico profissionalizante na área da Metalmecânica. Informa 
quais os fatores motivacionais ocasionados por este ensino 
para que tais alunos despertem para a aquisição de uma 
segunda língua, o inglês. Com essa intenção, buscou‑se 
fundamentação nas teorias sobre técnicas utilizadas para 
o aprendizado da língua inglesa ao longo do tempo, assim 
como acervo de termos técnicos, específicos da área a ser 
trabalhada. A metodologia foi desenvolvida a partir de uma 
pesquisa de campo, e como instrumento de coleta de dados 
foram aplicados questionários a alunos e professores do 
Ensino Profissionalizante Técnico da área da Metalmecânica 
do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, na 
escola CEPT, localizada na BR 135, Km 05, Bairro Tibiri, no mu‑
nicípio de São Luís/MA. Diante dos dados obtidos, parte‑se 
para a verificação das expectativas do trabalho efetivamen‑
te desenvolvido e dos resultados obtidos.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 32
PROJETO BRASILEIRINHOS: 
PORTUGUÊS COMO LÍNGUA 
DE HERANÇA NA COMUNIDADE 
BRASILEIRA DE BARCELONA, 
ESPANHA
ANDREIA SANCHEZ MORONI (UAB ‑ UN. AUTÔN. DE BARCE)
Resumo de Paper
Dentro do contexto das novas migrações internacionais, o 
presente trabalho pretende enfocar a situação dos filhos 
de brasileiros residentes no exterior e iniciativas possíveis 
para transmissão da língua portuguesa brasileira como 
língua de herança da família. Tais iniciativas se configuram 
hoje como políticas linguísticas familiares, criadas pelas fa‑
mílias e direcionadas a elas. Concretamente, o artigo apre‑
sentará a iniciativa da Associação de Pais de Brasileirinhos 
da Catalunha, associação civil sem fins lucrativos formada 
por um grupo de famílias que organiza aulas de português 
para crianças filhas de brasileiros de 2 a 12 anos e encontros 
culturais em Barcelona, Espanha. Estas aulas foram bati‑
zadas de Projeto Brasileirinhos. Atualmente, a Espanha é 
o terceiro país que mais recebe brasileiros, atrás somente 
dos EUA e de Portugal. Assim, a iniciativa da APBC se insere 
num marco de políticas linguísticas voltadas para as famí‑
lias, tendo importante papel inclusive na reivindicação des‑
te espaço e direito dos brasileiros nascidos no exterior ante 
órgãos como Consulados Gerais ou o Ministério de Relações 
Exteriores do Brasil. O artigo pretende fazer um retrato do 
Projeto Brasileirinhos, apresentando a proposta pedagógica 
e dados como idade dos participantes, perfil das famílias e 
alguns resultados observados.
A IMPORTÂNCIA DOS PACOTES 
LEXICAIS NO PROCESSO 
DE APRENDIZAGEM AUTÔNOMA
ANDRESSA RODRIGUES GOMIDE (UFMG)
Resumo de Pôster
A  aprendizagem autônoma de uma língua permite que o 
aprendiz selecione seus próprios métodos, monitore seu 
processo de aquisição e determine, desta forma, seus ob‑
jetivos (Holec, 1981). Entretanto, a aplicação destas habili‑
dades na produção de textos acadêmicos enfrenta alguns 
obstáculos, uma vez que a auto‑avaliação das atividades e 
a estipulação de parâmetros para a correção é limitada pelo 
próprio caráter da produção criativa. Desta forma, podemos 
encontrar na Linguística de Corpus uma forma de suprir esta 
limitação através do trabalho feito com sequências de pala‑
vras que comumente co‑ocorrem em discurso natural (Biber 
et al., 1999), também conhecido como pacotes lexicais. Para 
auxiliar a aprendizagem autônoma, estes grupos de pala‑
vras podem ser identificados na escrita de falantes nativos 
e servir de referência ao aprendiz de uma língua estrangeira. 
O presente trabalho tem como objetivo identificar quais são 
os erros mais recorrentes na escrita de aprendizes e verificar 
a razão entre o mau uso de expressões do ponto de vista léxi‑
co‑gramatical (i.e. expressões recorrentes em que estrutura 
e léxico estão em um mesmo nível de igualdade) e os demais 
erros. Cinco fragmentos compostos por excertos contendo 
de 35 a 78 palavras presentes no BrICLE – um corpus com‑
posto de 160.000 palavras e ainda em fase de compila‑
ção – foram selecionados e submetidos à avaliação feita por 
professores de inglês e por falantes nativos da língua, que 
identificaram oserros cometidos pelos aprendizes. Por erros 
entende‑se aspectos gramaticais, lexicais, relacionados a 
grafia e inadequação à escrita acadêmica. Ao  final da cole‑
ta, observou‑se que uma grande parte das marcações – um 
valor que variou entre 62% e 85% em cada fragmento – es‑
tava relacionada ao uso incorreto dos pacotes lexicais. Este 
uso inadequado dos pacotes lexicais ressaltou a relevância 
dos estudos que focam na linguagem formulaica através da 
Linguística de Corpus e sua inclusão no processo de aprendi‑
zagem autônoma, no qual
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 33
CONSIDERAÇÕES SOBRE 
A HOMOGENEIZAÇÃO DAS 
IDENTIDADES NO CONTEXTO 
DA SURDEZ
ANDREZA BARBOZA NORA (UNICAMP)
Resumo de Paper
Atualmente, em parte pela Lei de Libras (Lei nº 10.436/2002) 
e de todos os temas afeitos a ela (organização de classes 
bilíngues, obrigatoriedade da inclusão da disciplina Libras 
nos cursos de Licenciatura, processo de regulamentação 
da profissão de intérprete etc.), parece que se invisibilizou 
o fato de que há uma grande parcela de surdos que não se 
identifica com a língua de sinais e utiliza apenas o português 
em suas práticas discursivas e interacionais. Ou, como em 
tantos outros casos, faz uso da língua de sinais, mas de‑
monstra maior identificação com a linguagem oral, a língua 
portuguesa. A referência no singular – o surdo – a um grupo 
que não é uno, mas sim heterogêneo, ora fruto de um falar 
“descompromissado” ora fruto de uma tentativa homogenei‑
zante de quem referencia, não encobre apenas questões de 
classe, gênero, faixa etária. A referência a um grupo contida 
na determinação de um substantivo, o surdo, encobre tam‑
bém outra questão fundamental no contexto político da sur‑
dez: a questão linguística, que se colocou em pauta princi‑
palmente após as determinações legais. Tendo em vista esse 
panorama, o presente trabalho pretende discutir a negação 
ou a invisibilização da existência de uma heterogeneidade 
linguística e identitária no contexto da surdez e da educação 
de surdos, problematizando, para tanto, à luz dos Estudos 
Culturais (Hall, 2000; Silva, 2009; Woodward, 2009), o con‑
ceito de identidade surda, oriundo dos Estudos Surdos.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
PARA TRABALHAR COM 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
EM ESCOLAS BILÍNGUES
ANGELA B. CAVENAGHI T. LESSA (PUC/SP)
Resumo de Paper
Considerando que o Surdo e sua Comunidade (a) necessitam 
de uma língua que proporcione a formação social da mente 
e que, neste caso específico é uma língua sinalizada; (b) an‑
seiam passar de geração para geração sua língua e cultura 
e (b) têm obtido desempenho insatisfatório no processo de 
escolarização nas escolas ditas inclusivas, estabelecemos 
como objetivo desta apresentação refletir sobre a formação 
de professores de língua portuguesa que trabalham com o 
processo de alfabetização e letramento de crianças surdas 
que possuem LIBRAS como primeira Língua. Os  dados que 
serão analisados foram coletados por integrantes do Grupo 
de Pesquisa Inclusão Linguística em Cenários de Atividades 
Educacionais (ILCAE) e compreendem gravações de aulas, 
diários de campo e sessões reflexivas. O Grupo apoia‑se nas 
concepções de linguagem de Bakhtin e Vygotsky e tem nos 
conceitos de defectologia e ensino‑aprendizagem de crian‑
ças com Necessidades Educativas Especiais (NEEs) vigot‑
skianos suporte teórico que permite argumentar a favor im‑
portância de se trabalhar tendo como meta linhas de desen‑
volvimento e aprendizagem únicas, isto é, que não podem 
ser comparadas com a das crianças ditas normais uma vez 
que, a partir das possibilidades biológicas que cada criança 
apresenta é possível criara novas linhas de desenvolvimento. 
A análise dos conteúdos curriculares e das interações entre 
alunos surdos, ouvintes, professora ouvinte e intérpretes de 
LIBRAS revelam que há ainda um enorme abismo nas esco‑
las consideradas bilíngues e inclusivas e que tanto alunos 
como professores e intérpretes sentem‑se à margem das 
ações educacionais.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 34
A ESCRITA ACADÊMICA NOS 
DOCUMENTOS OFICIAIS
ÂNGELA FRANCINE FUZA (UNICAMP/CNPQ)
Resumo de Paper
Esta pesquisa está vinculada aos Grupos de Pesquisa: “Escrita: 
ensino, práticas, representações e concepções” (Unicamp) e 
“Interação e Escrita” (www.escrita.uem.br), fundamenta‑se 
em discussões recentes sobre o letramento acadêmico feitas 
por estudiosos dos Novos Estudos do Letramento (STREET, 
1984; GEE, 1996; LEA E STREET, 1998; LILLIS, 1999, entre outros) 
e na concepção dialógica de linguagem segundo os princí‑
pios teóricos do círculo de Bakhtin. Como objetivo, busca 
analisar os principais documentos oficiais brasileiros que 
fundamentam a prática da escrita acadêmica, a fim de ve‑
rificar como tal prática é concebida. Assim, são destacados, 
primeiramente, os pressupostos sobre escrita apresentados 
pela Constituição Federal de 1988, pela LDB – aprovada em 20 
de dezembro de 1996 (Lei nº 9.394/96) –, pelo Plano Nacional 
de Educação (PNE) de 2000, entre outras leis e instrumentos 
legais (medidas provisórias, decretos, portarias, resoluções 
etc.). Tais instrumentos legais foram selecionados, tendo 
em vista sua influência na organização das universidades. 
Os resultados das análises mostram a falta de clareza e flu‑
tuações no trato com a escrita, uma vez que esta prática não 
recebe um espaço de discussão específico.
UMA REFLEXÃO SOBRE 
UMA ATIVIDADE DE LEITURA 
NO FÓRUM, PLATAFORMA 
MOODLE, PELO VIÉS 
DA COMPLEXIDADE
ANGÉLICA MIYUKI FARIAS (GEALIN – GPEAHF FECAP – UNIFAI)
Resumo do Paper
Este trabalho objetiva apresentar uma reflexão à luz do 
Pensamento Complexo (Morin, 2008) sobre uma atividade 
desenvolvida por alunos do segundo semestre do curso de 
comunicação social em ambiente presencial numa institui‑
ção privada na cidade de São Paulo. Embora não seja uma 
graduação a distância, a instituição incentiva a utilização 
da plataforma Moodle em todos cursos que oferece. Entre 
os recursos que tal plataforma possui, selecionamos o fó‑
rum para desenvolver uma das etapas da atividade em que, 
após a apresentação dos capítulos do livro intitulado “A me‑
nina que roubava livros”, os alunos postaram sua reflexão a 
respeito da leitura. O título deste trabalho foi originalmente 
a proposta do fórum mencionado. Ressaltamos ainda que 
inseridos em um contexto educacional cuja referência é o 
paradigma newtoniano‑cartesiano, a tentativa de superar 
uma visão linear e fragmentadora serviu‑nos como principal 
motivação para a realização de cada etapa da atividade, pois 
acreditamos que o aprendiz deva desenvolver uma compre‑
ensão crítica, tornando‑se cidadão participativo e trans‑
formador. Ao  utilizarmos a ferramenta de fórum de discus‑
são, nossa perspectiva pedagógica foi ampliar a interação 
entre professora, alunos e conteúdo. Além disso, fazemos 
os seguintes questionamentos: é possível considerarmos a 
etapa da atividade como um momento de diálogo dos opos‑
tos, percebemos a quebra de linearidade e a instauração 
de um movimento circular aberto, finalmente, verificamos 
o aspecto hologramático do todo/partes? Palavras‑chave: 
fórum, complexidade, interface digital Temas abordados: 
Complexidade, interfaces, ensino‑aprendizagem de línguas
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 35
A CONTEXTUALIZAÇÃO 
DO CONTEÚDO GRAMATICAL 
E EXERCÍCIOS PROPOSTOS 
NO LIVRO “SÍNTESIS”
ANNY THAIS DE MENEZES SANTOS (UFS)
JULIMAR ALVES NASCIMENTO (UFS)
Resumo de Pôster
A ideia de contextualizar o ensino da gramática e dos exer‑
cícios propostos sobre ela vincula‑se à nova tendência de 
educação brasileira de como ensinar língua desde uma 
perspectiva do funcionamento para aquisição gramatical. 
Percebeu‑se a importância de deixar de lado a aprendizagem 
voltada para a memorização de regras, conhecimentofrag‑
mentado sem representar sentido de uso real para o aluno, 
bem como exercícios com propostas descontextualizadas 
que buscavam o preenchimento de lacunas e organização de 
frases soltas. Assim, a substituição do conteúdo meramente 
normativo por propostas onde o ensino da língua estran‑
geira acontece de forma contextualizada e interdisciplinar 
se faz latente inclusive na documentação que rege a educa‑
ção nacional LDB (1996), PCN (1998), OCN (2006) e guia PNLD 
(2012). A proposta de contextualização vem com o intuito de 
permitir uma formação mais consciente e reflexiva sobre de‑
terminado conteúdo que se aprende. Além disso, nesse tipo 
de aprendizagem o aluno passa a ter um papel mais ativo na 
construção do conhecimento, pois ele poderá fazer cone‑
xões entre os conhecimentos. Esse trabalho tem como ob‑
jetivo refletir sobre o ensino da gramática contextualizada 
bem como os exercícios que estão sendo apresentados no 
livro didático “Síntesis” de Ivan Martin da editora Ática, que é 
utilizado para o ensino do espanhol nas escolas públicas do 
estado de Sergipe. A escolha do material em análise se deve 
ao fato de ter sido selecionado para o ensino de espanhol 
nos ensino médio pelo Programa Nacional do Livro Didático 
(PNLD) 2012 para a implementação do espanhol nas escolas 
públicas do Brasil. Nesse breve estudo, propomos analisar 
a seção de “Gramática Básica” para fomentar discussões de 
como o conteúdo gramatical está sendo abordado e também 
como se manifestam os exercícios propostos nessa seção e 
esperamos que o conteúdo gramatical e os exercícios pro‑
postos sigam as orientações de perspectiva contextualizada.
LETRAMENTO VISUAL: 
INVESTIGANDO RELAÇÕES 
ENTRE LINGUAGEM VERBAL 
E VISUAL EM WEBSITES 
EM LÍNGUA INGLESA
ANTONIA DILAMAR ARAÚJO (UECE)
Resumo de Paper
Na era da tecnologia da informação, texto e imagens estão 
crescentemente integrados criando os textos multimodais 
para representar o conhecimento e a experiência. Os  tex‑
tos multimodais estão presentes na internet, na mídia, nos 
materiais didáticos, incluindo os online e que agora se apre‑
sentam pleno de cores, formas, imagens, sons e movimen‑
tos. Neste trabalho, utilizamos os pressupostos teóricos da 
gramática visual de Kress e van Leeuwen (1996, 2006) e a 
categorização das relações entre texto e imagem propostos 
por Martinec e Salway (2005), com o objetivo de investigar e 
categorizar como os significados são construídos na intera‑
ção da linguagem verbal com a linguagem visual em textos 
multimodais presentes em websites educacionais para o 
ensino de língua inglesa. Utilizando‑se de uma metodologia 
exploratória‑descritiva e com um corpus constituído de ati‑
vidades de leitura de textos multimodais em 15 websites ins‑
trucionais de livre acesso, examinamos se e como a percep‑
ção das relações entre linguagem verbal e visual é explorada 
nas atividades para ajudar a desenvolver habilidades de lei‑
tura crítica nos aprendizes. Os resultados preliminares apon‑
tam para a diversidade de relações entre as duas linguagens 
nos textos das atividades de leitura, porém pouca atenção é 
dada para a compreensão dos sentidos veiculados aos textos 
visuais e para a percepção da relação entre linguagem verbal 
e visual.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 36
CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA 
EM COMUNIDADES 
QUILOMBOLAS DO RIO GRANDE 
DO SUL
ANTONIO CARLOS SANTANA DE SOUZA (UEMS)
Resumo de Paper
Esta comunicação traz um levantamento acerca da consci‑
ência linguística entre os afrodescendentes de Comunidades 
Quilombolas do Rio Grande do Sul (RS). É uma parte de mi‑
nha pesquisa de doutoramento onde buscamos descrever a 
modalidade da língua portuguesa existente nessas comuni‑
dades onde se concentram os descendentes de escravizados 
trazidos para o Brasil. Nesse sentido, delimitamos para esta 
análise cinco comunidades do RS. Dentre nossas indagações 
destacaram‑se: Como ocorre a Educação na Comunidades 
Negras Quilombolas? Quais os principais desafios educacio‑
nais nessas comunidades? Quem são os responsáveis pela 
educação? Quais as iniciativas governamentais relaciona‑
das à Educação em comunidades negras? Nessa perspecti‑
va, lançamos mão de pesquisa de campo, envolvendo me‑
todologia de História Oral e da Sociolinguística. Verifiquei 
o que sabem sobre língua e memória, por meio de histórias 
dos quilombos, histórias do povo negro, da escravidão e da 
libertação, histórias do mundo social do interior e, histórias 
de crianças e adultos. Alguns dados sobre as comunidades 
sul rio‑grandenses contidos neste estudo encontram‑se em 
fontes históricas e bibliográficas. Com esta pesquisa pre‑
tende‑se despertar o olhar de todos os envolvidos com as 
questões educacionais à valorização das diferenças étnicas, 
à necessidade do reconhecimento e respeito aos povos qui‑
lombolas, povos que tiveram e ainda tem papel fundamen‑
tal na formação e desenvolvimento de nosso país.
PRÁTICAS E EVENTOS 
DE LETRAMENTO NO CURSO 
DE LETRAS À DISTÂNCIA 
DO IFAL: PERSPECTIVAS, LIMITES 
E POSSIBILIDADES
ANTONIO CARLOS SANTOS DE LIMA (IFAL)
Resumo de Paper
O presente trabalho é o relatório de uma pesquisa empreen‑
dida no Instituto Federal de Alagoas cujo objetivo foi analisar 
as implicações da presença ou ausência de práticas e even‑
tos de letramento na formação de professores agentes de 
letramento em cursos de Letras à distância do IFAL. Isso por 
considerar que esse formato de educação tem se consolida‑
do, sobretudo, pela ampla possibilidade de interação de que 
os indivíduos dispõem graças ao desenvolvimento tecnoló‑
gico; diferentemente do espaço presencial, essa modalida‑
de de educação utiliza o Ambiente Virtual de Aprendizagem 
(AVA). Assim, o diálogo entre professores e alunos se dá, em 
muitas das vezes, através do uso de ferramentas desse am‑
biente. Nessa interação, o uso da leitura e da escrita é indis‑
pensável, principalmente se considerarmos que elas detêm 
a capacidade também de encurtar distâncias. Diante disso, 
o papel do letramento ganha terreno por ser um “conjunto 
de práticas socioculturais, histórica e socialmente variáveis, 
que possui uma forte relação com os processos de aprendi‑
zagem formal da leitura e da escrita, transmissão de conhe‑
cimentos e (re)apropriação de discursos” (Buzen, 2010, p. 
101). Em cursos de formação de professores, esse letramento 
deve proporcionar ao futuro professor uma gama de conhe‑
cimentos que vão desde a escolha teórico‑metodológica 
até os processos de avaliação, devendo configurá‑lo como 
um agente de letramento. Nessa perspectiva, e para aten‑
der ao objetivo proposto, este estudo articulou pesquisa de 
campo e documental. A pesquisa de campo realizou‑se atra‑
vés da observação participante, que permitiram acesso às 
mais diversas formas de interação tanto no ambiente virtual 
quanto em momentos presenciais. A análise documental se 
deu através da análise de produções de alunos e professores. 
Os  resultados nos possibilitaram refletir sobre as propos‑
tas do curso de licenciatura em Letras à distância do IFAL 
para, assim, contribuir para uma mais eficiente formação 
de professores.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 37
O TRABALHO DOS PROFESSORES 
FORMADORES DOS CURSOS 
DE LICENCIATURA EM ESPANHOL 
DOS INSTITUTOS FEDERAIS: 
COMPOSIÇÃO DE SENTIDOS 
MEDIANTE NARRATIVAS DE VIDA
ANTONIO FERREIRA DA SILVA JÚNIOR (CEFET/RJ)
Resumo de Paper
Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia são 
instituições equiparadas às universidades federais brasileiras 
a partir do ano de 2008 e passam a ser vistas como institutos 
de “educação superior, básica e profissional, pluricurriculares 
e multicampi” (BRASIL, 2008). Sua lei de criação determina a 
necessidade de oferta de pelo menos 20% do total de suas 
vagas em cursos de licenciatura, bem como programas es‑
peciais de formaçãopedagógica, com vista à formação de 
professores para a Educação Básica. Diante de tal realida‑
de, interessa‑nos pesquisar a inserção dos Cursos de Letras/
Espanhol no cenário da Rede Federal. Atualmente, os cursos 
de licenciatura em Espanhol existentes na Rede são três: 
na Região Nordeste (no IFRN, no campus Natal), na Região 
Norte (no IFRR, no campus Boa Vista) e na Região Sudeste 
(no IFSUDESTE MG, no campus São João del Rei). A proposta 
desta comunicação pretende apresentar e discutir os resul‑
tados alcançados em nossa pesquisa de Pós‑Doutoramento 
em Linguística Aplicada, cujo objetivo central estava em 
estudar as concepções de ensino de língua por meio de nar‑
rativas de professores formadores que idealizaram e atuam 
nos respectivos cursos. Para esta comunicação, resolvemos 
direcionar nosso olhar para as narrativas docentes de qua‑
tro professores, que narram sobre seu fazer docente. Como 
estratégia de análise das narrativas, adotamos a composi‑
ção de sentidos (MELLO, 2004), a partir da interpretação do 
material coletado, da intervenção de minhas experiências 
pessoais e profissionais e da confrontação com os discursos 
prescritos nos Projetos Pedagógicos de cada curso. O  inte‑
racionismo sócio‑discursivo, as concepções de trabalho do‑
cente propostas pelas Ciências do Trabalho e as teorias so‑
bre o professor reflexivo fundamentam teoricamente nossa 
investigação. Para alcançar tais objetivos, recorremos, prin‑
cipalmente, aos estudos teóricos de CELANI (2001), TELLES 
(2002), MELLO (2004), PAIVA (2005), DAHER (2006), DAHER e 
SANT’ANNA (2010).
“COLORLESS GREEN IDEAS SLEEP 
FURIOUSLY”: USO DE SINTAXE 
PARA COMPREENSÃO LEITORA 
DE TEXTOS ACADÊMICOS 
EM LÍNGUA INGLESA
ANTONIO JOSÉ MARIA CODINA BOBIA (UESB)
Resumo de Paper
Embora o ensino de “Inglês com Fins Específicos” (IFE) – tam‑
bém chamado de “Inglês Instrumental” – já seja uma área 
reconhecida e amplamente difundida no Brasil, não se pode 
deixar de perceber que a maioria dos materiais didáticos para 
compreensão leitora produzidos no país quase não abordam 
a questão das estruturas sintáticas. Isto, logicamente, se 
reflete na metodologia usada pelos professores de IFE. Esta 
problemática também ocorre na leitura de textos acadêmi‑
cos em língua inglesa, onde os aprendizes têm claras dificul‑
dades em identificar a estrutura frasal e os vários sintagmas 
que a formam quando lidam com períodos mais longos. Este 
trabalho pretende, em um primeiro momento, fazer um le‑
vantamento de alguns livros didáticos de IFE para mostrar a 
carência do estudo de sintaxe funcional que é sintomática 
na área de IFE no Brasil. Para tanto, utilizar‑se‑á como re‑
ferencial teórico um dos poucos estudos que relacionam o 
conhecimento de sintaxe à compreensão leitora, The Role 
of Syntax in Reading Comprehension: A  Study of Bilingual 
Readers (MARTOHARDJONO et al., 2005). Finalmente, pro‑
por‑se‑á uma metodologia de trabalho que inclua, não so‑
mente técnicas de skimming, scanning, etc., mas também 
formas de ensino que ajudem o aprendiz a reconhecer me‑
lhor as estruturas frasais em língua inglesa.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 38
DOCÊNCIA DA LÍNGUA 
PORTUGUESA NO ENSINO 
SUPERIOR: RELATO 
DE EXPERIÊNCIA
ARIÁDNE CASTILHO DE FREITAS (UNITAU)
Resumo de Paper
Este resumo relata o processo de ensino/aprendizagem da 
disciplina Língua Portuguesa na Universidade de Taubaté – 
SP. Pesquisou‑se nas portarias e deliberações da Instituição 
e nas atas de reuniões dos professores dessa disciplina dos 
anos de 1987 a 2012. Os  resultados revelam que a discipli‑
na, denominada atualmente Português Instrumental, está 
sob a responsabilidade do Grupo de Estudos de Língua 
Portuguesa, GELP, implantado em outubro de 1987 e em 
atividade até hoje. A  disciplina é obrigatória nas séries ini‑
ciais dos 42 cursos e trabalha a leitura e a produção de gê‑
neros discursivos acadêmicos e profissionais. Os professores 
conscientizam os alunos sobre a importância do estudo da 
língua materna e dão oportunidade para que eles se tor‑
nem linguisticamente competentes. Para tanto, a prática 
pedagógica do docente é importante para interagir com o 
aluno e construir o conhecimento linguístico do acadêmico 
e futuro profissional. O  material didático é construído de 
forma conjunta pelos componentes do GELP; seu conteúdo 
passa por revisões, alterações e atualizações, após pesquisa 
do perfil do aluno, feita no início de cada ano letivo. Os do‑
centes do grupo têm horas de pesquisa e realizam diversas 
ações, como oferecimento de aulas de reforço, correção das 
provas do vestibular da Universidade, participação em cur‑
sos, palestras e congressos e publicação das pesquisas em 
revistas e livros. Desde 2011, integram o grupo de pesquisa 
Docência da Língua Portuguesa no Ensino Superior, creden‑
ciado junto ao CNPq, com o objetivo principal de discutir e 
desenvolver estratégias didáticas para aprimoramento da 
prática docente em sala de aula. Ressalta‑se que o diferen‑
cial dos professores do Grupo é preparar os acadêmicos para 
o uso que farão da língua em sua futura atuação profissional. 
Por tudo isso, o trabalho desenvolvido durante 25 anos pe‑
los professores do GELP tem sido avaliado de forma positiva 
pelos alunos, diretores de departamentos e administração 
superior da Universidade.
RELAÇÕES DE PODER NAS 
RELAÇÕES DE GÊNERO 
REPRESENTADAS EM LIVROS 
DIDÁTICOS DE LE
ARIOVALDO LOPES PEREIRA (UEG)
Resumo de Paper
Esta comunicação é o relato de investigação sobre as formas 
de representação das relações de poder nas relações entre gê‑
neros, em livros didáticos de língua estrangeira (LE) – inglês. 
Trata‑se de uma pesquisa qualitativa cujo objeto são as duas 
coleções de livros didáticos para o ensino de língua inglesa 
no ensino fundamental indicadas no Guia do Livro Didático 
do Programa Nacional de Livro Didático – PNLD/LE/2011. 
Como parte da fundamentação teórica, são discutidos os 
conceitos de gênero (Sunderland, 1995; 1994; 1992; Coates, 
1993; Louro, 1999; Moita Lopes, 2002; Cameron, 1999), dis‑
curso (Howarth, 2000; Mills, 1997; Gee, 1996; Foucault, 1972; 
1998), ideologia (Eagleton, 1997; Crespigny e Cronin, 1999; 
Thompson, 2009) e poder (Kaplan e Lasswell, 1998; Bobbio, 
1999; Fairclough, 1989; Foucault, 2004). Num primeiro mo‑
mento, procedeu‑se à análise de textos escritos e imagéticos 
(ilustrações) que retratam relações entre gêneros (homem e 
mulher), na busca de se identificar possíveis discursos ideo‑
lógicos que reforcem ou contestem as relações de poder pre‑
sentes nas práticas sociais. A  base para esta análise foram 
os princípios da Análise de Discurso Crítica – ADC (Fairclough 
1992; 1995; 1997; 2001; 2003; Fairclough e Wodak, 1996; 
Pennycook, 2001). A segunda etapa da pesquisa foi realizada 
em campo e nela buscou‑se conhecer o posicionamento de 
alunos(as) e professores(as) sobre os livros didáticos analisa‑
dos e sua percepção dos discursos ideológicos que subjazem 
os textos desses materiais. A  análise dos dados é realizada 
através da triangulação dos resultados das duas etapas e 
evidencia uma incongruência entre ambas.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 39
A FORMAÇÃO DISCURSIVA 
DOCENTE EM COMUNIDADES 
DE APRENDIZAGEM: 
NOVOS OLHARES SOBRE 
O LETRAMENTO DIGITAL
ARLINDA CANTERO DORSA (UCDB–MS)
Resumo de Paper
Este artigo é fruto de uma pesquisa desenvolvida junto ao 
Grupo de Pesquisas e Estudos em Tecnologia Educacional e 
Educação a Distância (GETED), da Universidade Católica Dom 
Bosco (UCDB, Mato Grosso do Sul), que desde 2007 pesquisa 
a questão da formação continuada no âmbito presencial e a 
distância, além de estudar a linguagem, as interrelações e as 
ferramentas de tecnologias de informação e comunicação. 
A temática volta‑se à análise da formação discursiva docente 
em uma comunidade indígena na Escola GeneralRondon na 
Aldeia Bananal, localizada em Taunay‑ MS e tem como foco 
o uso de tecnologias de informação e comunicação com um 
duplo objetivo: (i) investigar como tem ocorrido a formação 
continuada de cada professor participante da comunidade; 
(ii) analisar as estratégias de leitura, produção e comunica‑
ção nas práticas discursivas dos docentes voltadas ao letra‑
mento digital. Quanto à formação continuada docente, foi 
utilizado inicialmente o ambiente virtual NING e posterior‑
mente a rede social Facebook. Com relação ao letramento 
digital, pode‑se afirmar ainda que parcialmente, que há ne‑
cessidade da capacitação continuada para que os docentes 
tenham condições de serem mediadores no uso das novas 
tecnologias em suas práticas pedagógicas. Conclui‑se que 
as variadas culturas indígenas sofrem modificações e reela‑
borações constantes com o passar do tempo. Integram‑se 
ao avanço tecnológico e multicultural presente na socieda‑
de como sujeitos ativos e passivos, simultaneamente, em 
relação às tecnologias e a multiculturalidade.
O PROFESSOR DE LÍNGUAS 
EM TEMPOS DE REFLEXÃO: 
INSTANTÂNEOS 
DA FORMAÇÃO DOCENTE
AUGUSTO CÉSAR LUITGARDS MOURA FILHO (UNIVERSIDADE 
DE BRASÍLIA)
Resumo de Paper
Esta comunicação relata uma pesquisa em andamento 
que é iluminada pelo construto teórico Professor Reflexivo 
(SCHÖN, 1992; PIMENTA, 2003 e MOURA FILHO, 2011) e confi‑
gura‑se como um estudo de caso, mais especificamente na 
modalidade história de vida. O objetivo da investigação que 
relato é revelar o papel das narrativas pessoais na formação 
de docentes de línguas estrangeiras. Tal perspectiva se justi‑
fica por indicar como esses docentes superaram as históricas 
inadequações da formação em Letras (MOITA LOPES, 1996 e 
PAIVA, 2004, inter alios), que envolvem o acesso restrito a ex‑
periências acadêmicas significativas, o desconhecimento da 
importância da formação continuada e, não raro, uma for‑
mação profissional alienada, a qual ignora as reais deman‑
das da sociedade ao formar profissionais que agem mais re‑
ativamente do que proativamente. Diante de um quadro ad‑
verso de formação de professores, inclusive dos de línguas, a 
formação reflexiva de docentes, que emergiu com a mudan‑
ça do paradigma da concepção do próprio papel a ser desem‑
penhado por esses profissionais, apresenta‑se como uma 
alternativa de transformação de concepções equivocadas 
que se cristalizaram ao longo dos anos. Tal formação guarda 
identidade com várias propostas de formação de docentes 
que surgiram no princípio da década de 80 do século passa‑
do, tais como as que preveem a figura do professor‑pesqui‑
sador e a pedagogia crítica, por exemplo. O estudo de caso 
interpretativista mostrou‑se a metodologia mais adequada 
para a condução da pesquisa relatada. Segundo Merriam 
(2001, p. 28), pesquisas realizadas com o apoio desse cons‑
truto viabilizam a revelação de fatores capazes de promover 
uma compreensão profunda do fenômeno investigado.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 40
TRADIÇÕ EES DISCURSIVAS 
EM PROCESSOS‑CRIMES: 
UMA ANÁLISE 
EM TEXTOS INTRODUTÓRIOS
AUREA SUELY ZAVAM (UFC)
Resumo de Paper
Dando continuidade aos estudos sobre gêneros numa pers‑
pectiva histórica que vêm se desenvolvendo no âmbito do 
grupo de pesquisa Tradice, este trabalho tem como objeti‑
vo maior investigar a constituição/reelaboração do proces‑
so‑crime, um gênero do domínio jurídico. A concepção que 
norteia a proposta deste estudo é a de tradição discursiva, 
utilizada na descrição histórica das línguas. Dentro dessa 
concepção, proposta por romanistas alemães (KOCH, 1997; 
KOCH & OESTERREICHER, 2001; KABATEK, 2003, 2004), os es‑
tudos sempre consideram o contexto social e histórico ao 
descrever os propósitos e os elementos formais e linguísti‑
cas dos textos, entendidos como práticas discursivas que 
se repetem continuamente até se fixarem plenamente, a 
ponto de serem identificados como tais na comunidade em 
que circulam, isto é, como tradições discursivas. Como par‑
te da investigação maior, este estudo procura responder as 
questões: Quais são as fórmulas textuais típicas que carac‑
terizam os elementos constitutivos dos processos‑crimes? 
Quais desses elementos se conservaram e quais sofreram 
mudanças? Que traços permitem estabelecer limites entre 
suas partes constitutivas? Em  relação à parte introdutória 
do processos‑crimes, este estudo analisa as funções que 
desempenham os elementos dêiticos tão recorrentes e tão 
característicos desta parte do todo enunciativo. Ao desven‑
dar as estratégias empregadas na introdução desses textos, 
reveladas pelas marcas linguísticas investigadas, não só se 
desvela o contexto social e histórico no qual se desenvolveu 
esse gênero, como também se descobre a relação entre tra‑
dições discursivas e expressões dêiticas. Acreditamos que 
os resultados obtidos podem assim nos ajudar a compreen‑
der melhor o uso de elementos dêiticos como modo de di‑
zer constitutivo da introdução dos processos‑crimes, como 
também nos ajudam a lançar mais luzes às pesquisas que se 
dedicam a investigar a história da língua vinculada à história 
dos textos.
A (DES)CONSTRUÇÃO DA FACE: 
(IM)POLIDEZ LINGUÍSTICA 
NA INTERLÍNGUA
AURÉLIA LEAL LIMA LYRIO (UFES)
Resumo de Paper
As pesquisas, tanto em língua estrangeira como em língua 
materna, demonstram que os aprendizes não se utilizam 
das normas de polidez linguística adequadamente, ou, mes‑
mo, não a utilizam (PIIRAINEN‑MARSH, 1995, NIKULA, T., 1996). 
Dessa forma, empregam atos de fala altamente ameaçado‑
res tanto da face positiva como da negativa do interlocutor 
e da própria, o que vai culminar com o insucesso da intera‑
ção. A  competência pragmática, atualmente, é vista como 
altamente necessária tanto para os falantes nativos de uma 
língua como para aqueles de LE (BARDOVI‑HARLIG, HARTFORD, 
MAHAN‑TAYLOR, MORGAN, AND REYNOLDS, 1991; KASPER, 1997). 
Em vista disso, o presente trabalho analisa a utilização/não 
utilização de estratégias de polidez por aprendizes de in‑
glês como língua estrangeira (LE) no decurso da interação, 
para construir, manter, ou resgatar a própria face e a do 
seu interlocutor. A  pesquisa se baseia na Teoria da Polidez 
de Brown e Levinson (1978, 1987), de Lakoff (1972) e de Leech 
(1983). Almejamos empregar os resultados na conscientiza‑
ção desses aprendizes, bem como no ensino de estratégias 
de polidez condizentes com as normas de um convívio mais 
harmônico em sociedade.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 41
ASPECTOS COGNITIVOS 
NA AQUISIÇÃO DE L2/LE: 
ENTENDENDO A RELAÇÃO 
ENTRE AS ESTRATÉGIAS 
DE APRENDIZAGEM 
E A MOTIVAÇÃO
BÁRBARA CAROLINE DE OLIVEIRA (UNB)
BÁRBARA CAROLINE DE OLIVEIRA (UNB)
Resumo de Paper
Este trabalho tem por objetivo compreender a relação entre 
o uso de estratégias e a motivação no processo de aprendiza‑
gem de uma segunda língua – L2 ou língua estrangeira – LE, 
com vistas a contribuir para a construção do conhecimento 
relacionado ao processo ensino‑aprendizagem. Trata‑se de 
um estudo bibliográfico, que primeiramente, faz caracteri‑
zação da aprendizagem assente na compreensão da plurali‑
dade de teorias. Em segundo lugar, são apresentados fatores 
que melhor explicam as diferentes estratégias de aprendiza‑
gem. E  em seguida, elucida fatores influenciadores da mo‑
tivação que podem conduzir os alunos no estudo de L2/LE. 
Por fim, relaciona as estratégias e a motivação observando 
como estas convergem para a ASL. O processo de aquisição e/
ou aprendizagem de uma L2/LE é complexo e pode ser carac‑
terizado por um número significativo de variáveis. Diversos 
modelos de aprendizagem e pesquisas em aquisição de uma 
L2/LE  têm buscado explicar dos fatores que interagem nes‑
se processo, tais como questões relativas ao contexto de 
aprendizagem, características do professor, diferenças indi‑viduais do aprendiz, como aptidão, autonomia, estratégias 
de aprendizagem e a motivação, por exemplo. Visto isso, o 
conhecimento mais acurado sobre o processo de aquisição 
pode contribuir para que os pares, envolvidos nas tarefas de 
ensinar e aprender línguas, professores e aprendizes, aper‑
feiçoem seu desempenho na tarefa de ensinar e aprender LE. 
Cabe ressaltar, que no cenário atual, o processo de ensino e 
aprendizagem de uma L2/LE é entendido como uma constru‑
ção que inclui um papel ativo por parte do aprendiz. Nessa 
perspectiva, torna‑se relevante que o aluno desenvolva a 
capacidade de estabelecer as próprias metas, planejar e mo‑
nitorar seus esforços, com vistas a direcionar sua aprendiza‑
gem e ter mais sucesso no uso da língua.
COMO EXPERIÊNCIAS 
VIVENCIADAS NO PIBID 
E NO INÍCIO DA CARREIRA 
DOCENTE PODEM MODIFICAR 
AS CRENÇAS DE PROFESSORES 
DE ESCOLAS PÚBLICAS
BÁRBARA COTTA PADULA (UFV)
Resumo de Pôster
Estudiosos (COELHO 2005; BERNARDO, 2007) entendem a 
relevância de estudos relacionados à realidade das escolas 
públicas e, portanto, às experiências vivenciadas no PIBID, 
já que neste projeto o professor em formação tem a opor‑
tunidade de vivenciar a realidade de um profissional atuan‑
te nessas escolas e assim direcionar sua formação. Assim, 
percebe‑se que estudos que averiguem experiências nesses 
contextos podem auxiliar na modificação das crenças dos 
professores em pré‑ serviço ou em carreira inicial, já que 
segundo Miccoli (2010) através da investigação de experiên‑
cias pode‑se compreender partes importantes do processo 
de ensino e aprendizagem. Além disso, faz‑se necessário 
ressaltar que de acordo com BARCELOS (2006) as crenças são 
dinâmicas, portanto estão suscetíveis a mudanças. Assim, 
este trabalho tem o objetivo de verificar se as experiências 
vivenciadas no PIBID e, posteriormente, como professora de 
escola publica, modificaram ou não as crenças de uma pro‑
fessora recém‑formada e atuante neste contexto em relação 
à docência e decisão de continuar ou não ensinando. É inte‑
ressante lembrar que antes de ingressar no curso de Letras 
ela tinha a intenção de lecionar nessas escolas e tinha a cren‑
ça de que poderia ser uma agente modificadora do ensino. 
Neste estudo, para a coleta de dados, foi solicitada a profes‑
sora, que é ex‑bolsista do PIBID, uma narrativa na qual ela 
teve a oportunidade de fazer uma reflexão sobre as crenças 
que tinha antes de ingressar no curso de Letras em relação 
ao ensino, sobre suas experiências vivenciadas na partici‑
pação no projeto supracitado e, por fim, sobre suas crenças 
atuais em relação à docência e, consequentemente, suas 
expectativas profissionais. Dessa forma, serão apresentados 
os resultados da análise dos dados observando a contribui‑
ção da experiência no PIBID para a modificação ou não das 
crenças da participante e sobre seus anseios profissionais.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 42
DISCURSO E CONSTRUÇÃO 
DE IDENTIDADE E NA WEB: 
PRÁTICAS ‘NÃO ESCOLARES’ 
NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR 
DE LÍNGUAS
BÁRBARA CRISTINA GALLARDO (UNEMAT)
Resumo de Paper
Este estudo é um recorte da minha pesquisa de doutorado 
desenvolvida na Unicamp e que teve como objeto de estu‑
do a Comunicação Transnacional Mediada por Computador. 
A ideia inicial surgiu do fato das Tecnologias de Informação 
e Comunicação (TICs) serem atualmente parte inerente do 
cotidiano das pessoas nos níveis pessoal e profissional. Isto 
torna a inclusão dos letramentos digitais na formação esco‑
lar um assunto primordial no mundo todo. Nessa perspec‑
tiva, o objetivo deste estudo é investigar a construção de 
identidades nacionais de futuros professores no Facebook 
na interação com estrangeiros. A representação multimodal 
em páginas de Redes Sociais Virtuais é um recurso expressi‑
vo de construção discursiva do Self que exige o entrelace de 
letramentos e sensibilidade adquiridos no trânsito entre os 
meios on e offline. Entendo que o estudo dessa construção 
pode auxiliar na reflexão, tanto na formação pessoal e pro‑
fissional do público‑alvo como na minha própria, de como 
os discursos locais/globais são reproduzidos nas vozes de 
futuros formadores. A  metodologia utilizada neste estudo 
é de natureza quanti‑qualitativa e exploratória. A  base te‑
ória está fundamentada em trabalhos que discorrem sobre 
o impacto da globalização na identidade cultural e nacional 
das pessoas e em estudos que analisam o comportamento 
dos usuários da internet. A  linguagem utilizada nas inte‑
rações é abordada através da metafunção ideacional da 
Linguística Sistêmico‑ Funcional (LSF). Os  pressupostos da 
Análise Crítica do Discurso (ACD) são usados na observação 
da construção de identidades pelo discurso multimodal 
no espaço virtual do Facebook. Os  resultados mostram a 
construção de imagens globais como condição para o esta‑
belecimento de relações interpessoais transnacionais. Este 
resultado aponta para a proposição de projetos nos Cursos 
de Licenciatura em Letras que promovam práticas digitais 
transnacionais como autoconhecimento em uma perspecti‑
va global e reflexões sobre o poder dos discursos.
PROJETO RIO CRIANÇA GLOBAL: 
INVESTIGANDO PROPOSTAS 
E PRÁTICAS
BEATRIZ DE SOUZA ANDRADE MACIEL (UFRJ)
Resumo de Paper
Entendendo‑se a centralidade do conhecimento de inglês 
em um mundo cada vez mais globalizado (MOITA LOPES, 
2005), objetiva‑se neste trabalho investigar o contexto de 
ensino de inglês no Projeto Rio Criança Global, implantado 
pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro a 
fim de ampliar o número de cariocas falantes de inglês até as 
Olimpíadas de 2016 (SME/RJ, 2010). O interesse pelo projeto 
surge da percepção do contraste entre a proposta de abran‑
ger estratégias que desenvolvam a compreensão/produção 
escrita e oral da língua estrangeira (LE) desde as primeiras 
séries do Ensino Fundamental (Orientações Curriculares/
SME, 2012) e a fala corrente entre professores quanto à in‑
viabilidade da prática oral de LE em escolas (MICCOLI, 2010), 
bem como entre a proposta de ensino de LE  para crianças 
(LEC) e a ausência de cursos de Letras que contemplem a 
especificidade deste ensino (ROCHA, 2008). Tendo‑se em 
vista, portanto, que o projeto aponta para práticas diferen‑
ciadas das que antes guiavam o professor de LE em escolas 
públicas, busca‑se investigar a relação entre a proposta do 
projeto e o modo como ela é percebida e efetivada por pro‑
fessores envolvidos, e como se processam estratégias para o 
desenvolvimento profissional voltado à eficiência no desem‑
penho docente. Sob uma perspectiva interpretativista, esta 
pesquisa utiliza a) análise da documentação que norteia o 
projeto, para entender a identidade pedagógica e os concei‑
tos de linguagem que descrevem/delineiam a proposta, b) 
entrevistas semiestruturadas com professores do projeto, a 
fim de compreender a forma de atuação e postura adotada, 
orientações e instigações à reflexão sobre a prática docen‑
te, e dificuldades/conflitos na realização daquilo que o pro‑
fessor entende ser o seu papel na perspectiva da proposta. 
Ao problematizar a relação entre a proposta teórica do pro‑
jeto e sua efetivação segundo a percepção dos professores, 
pretende‑se traçar contribuições para os resultados a serem 
alcançados com o projeto.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 43
REPRESENTAÇÕES DE DOCENTES 
DA FL/UFRJ EM UM PROJETO 
INTERDISCIPLINAR
BERNARDO PUGA NUÑEZ LOPES (UFRJ)
Resumo de Pôster
O presente estudo tem como objetivo analisar as represen‑
tações de docentes da Faculdade de Letras da UFRJ evol‑
vidos em um contexto de projeto de pesquisa acadêmico. 
O referido projeto, denominado Práticas de Linguagem em 
Diferentes Áreas do Conhecimento na Escola Pública (PLIEP), 
tem como pressuposto central a ideia de que a transposição 
didática de gêneros (BRONCKART,2010) para inserção em 
práticas letradas é fundamental em todas as áreas do conhe‑
cimento. Suas bases teóricas giram em torno da perspecti‑
va sociointeracionista, defendendo que as ações sociais são 
mediadas pela linguagem e o conhecimento é transdiscipli‑
nar (ABREU JÚNIOR, 1996). Neste sentido, reúne professores 
e pesquisadores de diversas áreas que atuam em diferentes 
instituições, o que permite o estreitamento, através de um 
viés interdisciplinar, do diálogo entre universidade/escola e 
entre graduação/pós‑graduação. A  investigação desenvol‑
vida durante a execução do PLIEP analisa os motivos que 
levaram os docentes da FL/UFRJ a se engajarem no projeto, 
o porquê do tema escolhido ter lhes interessado, suas ex‑
pectativas quanto a ele para formação de professores, bem 
como o papel que pretendem desempenhar junto aos outros 
participantes envolvidos. A coleta de dados foi realizada por 
meio de e‑mails e entrevistas gravadas no decorrer do pro‑
jeto, buscando verificar possíveis modificações das expec‑
tativas e conflitos dos participantes em foco. Os resultados 
foram analisados a partir das concepções de ideologia do 
círculo de Bakhtin (Voloshinov, 1929; Bakhtin, 1953) e do con‑
ceito de Zona Proximal de Desenvolvimento (Vygotsky, 1930, 
1934). Procura‑se, assim, promover uma reflexão crítica so‑
bre o projeto e contribuir para a atuação e a formação con‑
tinuada de professores em uma perspectiva interdisciplinar.
ROBINSON CRUSOE: O LUGAR 
DO ROMANCE NO DISCURSO 
DO NOVO MUNDO
BIANCA DOROTHÉA BATISTA (UFRJ)
Resumo de Paper
Num contexto de expansão marítima, os relatos de viagens 
publicados expandem‑se através da Imprensa dando acessi‑
bilidade ao Novo Mundo. Desta forma, surgem exigências de 
historicidade e mecanismos de controle, como afirma Costa 
Lima (2009) para que estes relatos sejam considerados reais. 
Em  virtude disso, muitas narrativas eram escritas em pri‑
meira pessoa, possuiam uma linguagem simples e descrição 
detalhada para que o leitor fosse persuadido de que o texto 
diante dos seus olhos era verdadeiro. No romance de Daniel 
Defoe, Robinson Crusoe (1719), o editor afirma que a vida 
de Crusoe é uma história de fatos e por isso suas aventuras 
são dignas de serem tornadas púbicas além de servirem de 
instrução para os leitores. A exaltação da veracidade e o re‑
púdio à ficção correspondem ao que Michael Mckeon (1985) 
denomina de “questions of truth”, uma crise epistemológica 
sobre como expressar a verdade numa narrativa. A  afirma‑
ção do novo gênero literário, o romance, fez com que sur‑
gisse a distinção entre “novel” (romance) e “romance” (relato 
ficcional/ romance de cavalaria). Para negar a ficcionalidade 
da obra, era necessário utilizar‑se dos mesmos artifícios dis‑
cursivos, e até mesmo paratextuais, dos documentos acerca 
de viagens circundantes nos séculos XVII e XVIII. O presente 
trabalho propõe analisar o discurso do personagem e narra‑
dor Robinson Crusoe e os mecanismos utilizados na narrati‑
va para ofuscar sua ficcionalidade, convertendo assim a um 
status de veracidade. Neste cenário, as fronteiras entre o ro‑
mance e relatos de viagem, ou seja, entre ficção e literatura 
tornam‑se indefinidas.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 44
O LETRAMENTO CRÍTICO 
E OS MULTILETRAMENTOS 
NA LEITURA DE UM READER 
EM UMA TURMA DE PIBID
BRUNA CARREIRA DA SILVA E SILVA (UFRJ)
Resumo de Pôster
Devido à carga horária reduzida, turmas lotadas e hete‑
rogêneas, o ensino de língua inglesa nas escolas públicas 
atualmente tem, muitas vezes, focado na habilidade de 
leitura dos alunos (cf. Parâmetros Curriculares Nacionais 
de Línguas Estrangeiras, Reorientação Curricular de Língua 
Estrangeira do estado do RJ), já que esta seria essencial em 
outras etapas da vida daqueles indivíduos, como por exem‑
plo, o acesso destes à universidade (ENEM, Vestibular, exa‑
me instrumental de acesso à pós‑graduação). Seguindo essa 
linha de raciocínio, o estímulo aos multiletramentos (COPE 
& KALANTZIS, 2000) e ao letramento crítico (BRASIL, 2006) 
em si não deveriam parecer distantes da realidade de sala de 
aula dos alunos, uma vez que observa‑se uma cobrança no 
setor de línguas estrangeiras quanto a formação do cidadão 
multicultural. Dessa forma, através de um questionário a 
ser aplicado para alunos que participam do projeto PIBID em 
uma escola da rede pública na cidade do Rio de Janeiro, este 
trabalho busca analisar a reação dos estudantes quanto aos 
temas e gêneros apresentados tanto quanto observar a ca‑
pacidade dos mesmos de utilizar seus multiletramentos na 
leitura de um reader – um livro paradidático criado ou adap‑
tado para diferentes níveis de estudantes de inglês. O reader 
“L.A. Detective” apresenta um mistério no qual um detetive 
precisa procurar a filha de um senhor rico. A partir desta lei‑
tura, será observado como os alunos entendem a posição da 
mulher na história e constatar se estes observam os aconte‑
cimentos violentos recorrentes na história como presentes 
na sociedade em que vivem. Além disso, o trabalho também 
busca saber a opinião dos alunos em relação ao ato da leitu‑
ra e se há um interesse – ou mesmo acesso – por parte deles 
à literatura em geral. Assim, os resultados obtidos poderão 
abrir espaço para uma reflexão quanto ao papel da leitura 
no ensino de língua inglesa e servir de base para uma discus‑
são sobre a exclusividade do ensino desta habilidade na aula 
de LE.
PROPOSTAS PEDAGÓGICAS 
DE LEITURA E ESCRITA 
ACADÊMICA PARA ESTUDANTES 
INDÍGENAS: O LETRAMENTO 
ACADÊMICO ORIENTANDO 
AÇÕES DA POLÍTICA 
DE PERMANÊNCIA NA UFRGS
BRUNA MORELO (UFRGS)
CAMILA DILLI NUNES (UFRGS)
Resumo de Paper
O  projeto de extensão Curso de Inglês para Estudantes 
Indígenas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
(UFRGS) foi criado no segundo semestre de 2008. O curso em 
desenvolvimento desde então está em sua 8ª edição. O obje‑
tivo deste trabalho é apresentar esse projeto como parte da 
política de permanência desenvolvida pela UFRGS com os es‑
tudantes indígenas, bem como apresentar contribuições en‑
volvendo o uso da linguagem quanto a diretrizes para orien‑
tar novas ações para a permanência de grupos étnicos mi‑
noritários, partindo de dois projetos de mestrado (MORELO, 
2011; DILLI, 2011) voltados ao estudo das práticas sociais de 
leitura e escrita na universidade gerados no contexto deste 
curso. O curso se destinou originalmente a oportunizar aos 
alunos indígenas o desenvolvimento de leitura em língua 
inglesa com vistas à maior participação deles em sua vida 
acadêmica, nas suas próprias comunidades e na sociedade, 
tendo como meta principal o desenvolvimento de letra‑
mento acadêmico (LEA & STREET, 1998, 2006). Com base na 
análise do projeto em seus quatro anos de trajetória, apon‑
tamos para novos objetivos do curso e a estruturação de um 
currículo mais amplo, que abranja letramentos comuns aos 
estudantes, tanto fora como dentro da universidade. É  im‑
portante destacar que o curso possibilita uma sala de aula 
exclusivamente indígena, na qual todos os estudantes indí‑
genas da UFRGS podem ser colegas, tornando‑se, assim, um 
contexto distinto de todos os outros na Universidade. A par‑
tir dos resultados alcançados, apontamos novas pesquisas 
na área que poderiam contribuir para redimensionar o curso 
como parte da construção de uma política de permanência 
dos estudantes indígenas na UFRGS.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 45
DESENVOLVIMENTO 
DE UMA DISCIPLINA 
SEMI‑PRESENCIAL: CONFLITOS 
COMO POSSIBILIDADES 
DE RECONSTRUÇÃO 
DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
BRUNA SCHEINER GOMES PIMENTA (UFRJ)
Resumo de Paper
A presente pesquisa é motivada pelo estudo que realizo no 
Programa de Pós‑Graduação em Linguística Aplicada em ní‑
vel de Mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro 
(UFRJ) e corrobora com minha experiênciadocente nesta 
instituição. Este trabalho objetiva compartilhar algumas re‑
flexões sobre a importância do conflito (conceito trazido da 
Teoria da Atividade) para a reconstrução (ou não) da prática 
pedagógica do professor universitário na modalidade semi‑
‑presencial de ensino. A  pesquisa desenvolvida é uma pes‑
quisa‑ação de cunho etnográfico que teve como contexto de 
investigação uma turma de Inglês Instrumental cuja carga 
horária contava com um Ambiente Virtual de Aprendizagem. 
Três questões constituíram‑se como fios condutores para a 
investigação. Sendo elas: Que conflitos foram identificados 
pela professora, ao longo e ao final do curso, como oportuni‑
dades de mudança e reconstrução de sua prática pedagógi‑
ca (seja no curso em foco ou em próximos cursos)? A que ele‑
mentos do sistema de atividade (no caso, o curso investiga‑
do) os conflitos estavam relacionados? O que foi feito diante 
das oportunidades de mudança e reconstrução da prática 
percebidas pela professora? Questionários, diários e regis‑
tros em fórum foram usados como instrumentos para a ge‑
ração de dados. O arcabouço teórico da pesquisa fundamen‑
tou‑se em três pilares: Formação de professores (LIBERALLI, 
2009), Ensino a distância e semi‑presencialidade (MORAN, 
2004) e Teoria da Atividade (ENGESTRÖM, 1987, 1999).
A ESCRITA ESCOLARIZADA 
EM REDAÇÕES DE VESTIBULAR: 
UM ESTUDO DISCURSIVO
BRUNO ARAUJO DE OLIVEIRA (UERJ)
Resumo de Pôster
Este trabalho visa a apresentar algumas reflexões a respeito 
do gênero redação de vestibular, sob a perspectiva discur‑
siva, com fundamentação em Bakhtin e em estudos volta‑
dos para a análise da construção do discurso. A redação de 
vestibular se configura como um gênero discursivo híbrido 
(Wilson, 2012), no qual diversas linguagens se articulam jun‑
to aos diversos tipos de conhecimento, a saber, o escolar, o 
científico e o cotidiano. Dessa forma, pretende‑se compre‑
ender os fatores que intervêm no processo de produção des‑
se gênero, em especial no que toca à tentativa de os escre‑
ventes se apropriarem da escrita escolar(rizada), buscando, 
assim, reconhecer os fenômenos associados ao uso dessa 
escrita em contextos específicos tais como o evento vesti‑
bular. Assumimos, para tanto, a concepção de que a escola 
constitui um espaço onde diversos conhecimentos se fazem 
presentes, tendo como eixo principal os saberes escolares, 
em que a escrita (associada à leitura) representa um tipo 
de conhecimento que os alunos aprendem ainda quando 
não se esteja ensinando a ler ou a escrever explicitamente 
(Rockwell, 1985). Assim, também consideramos as políticas 
linguísticas envolvidas no ensino da língua escrita, porque 
entendemos com Corrêa (2004) a natureza heterogenea‑
mente constitutiva da escrita, pois nela atuam forças cen‑
trípetas e centrífugas da língua (Bakhtin, 1993), associam‑se, 
fundem‑se linguagens sociais (Goulart, 2007) nos diferentes 
modos de apropriação da palavra alheia e da palavra própria 
(Bakhtin, 2003), mesmo em textos em que se exige o chama‑
do padrão culto da língua em seu registro formal.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 46
“O NOVO PERFIL 
DO PROFESSOR”: 
REPRESENTAÇÕES DOCENTES 
EM UMA REPORTAGEM 
DE NOVA ESCOLA
CAINARA RODRIGUES DOS SANTOS SILVA (UFSJ)
Resumo de Paper
Esta pesquisa foi desenvolvida com o intuito de identificar e 
analisar as representações docentes apresentadas pela re‑
vista Nova Escola na reportagem intitulada “O novo perfil do 
professor”. Com um breve histórico da representação docen‑
te no Brasil e um estudo sobre o discurso informativo, mais 
especificamente a revista Nova Escola, chegamos ao estu‑
do das representações docentes trazidas pela reportagem 
analisada. Através de uma análise visual fundamentada nos 
Estudos Culturais e na Gramática do Design Visual (LISTER e 
WELLS, 2001; HALL, 1997; KRESS; VAN LEEUVEN, 1996) e de um 
análise verbal baseada nas heterogeneidades enunciativas 
(AUTHIER‑REVUZ, 1990, 1998, 2004) e dos ditos e não‑ditos 
propostos por Ducrot (1987), conseguimos fazer um levan‑
tamento das diversas vozes que compõem o discurso sobre 
“O novo perfil do professor”, assim como alguns aspectos que 
a reportagem também silencia, como os direitos dos do‑
centes e as consequências que o excesso de trabalho pode 
causar. Identificamos que as diversas representações que 
são construídas sobre esse profissional o torna o principal 
responsável pelo sucesso e/ou fracasso escolar. São tantas 
as representações atribuídas a ele, que ficou difícil definir 
um único perfil. Assim, chegamos a conclusão de que há 
uma tentativa fracassada da revista Nova Escola em traçar 
o novo perfil docente, pois através das representações trazi‑
das, o professor não se situa em UM perfil. Vários são os per‑
fis definidos, no qual há uma mistura de vozes que o não o 
levam para o novo e nem tampouco o deixam no velho, mas 
o situa em um entre‑lugar.
A CONSTITUIÇÃO DE UMA 
AÇÃO DE POLÍTICA LINGUÍSTICA 
COM BASE EM UM ESTUDO 
DE LETRAMENTO ACADÊMICO: 
ORIENTAÇÕES PARA UMA 
PROPOSTA PEDAGÓGICA 
DE LEITURA E ESCRITA PARA 
UNIVERSITÁRIOS INDÍGENAS
CAMILA DILLI NUNES (UFRGS)
BRUNA MORELO (UFRGS)
Resumo de Paper
O  objetivo deste trabalho é, sob o viés de estudos de letra‑
mento acadêmico (Lea e Street, 1998, 2006), discutir leitura 
e escrita em disciplinas de primeiro semestre da faculdade 
de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
(UFRGS) e elaborar como essas práticas sociais de leitura e 
escrita podem ou devem orientar propostas pedagógicas 
para calouros no Projeto de Extensão Leitura e Escrita na 
Universidade para Estudantes Indígenas da UFRGS. Esse 
projeto é parte das políticas de permanência adotadas para 
esses estudantes no âmbito das Ações Afirmativas da UFRGS 
desde o segundo semestre de 2008 e constitui‑se como uma 
política linguística (Ricento, 2006; Hornberger, 2006; Wiley, 
2006). A discussão será feita sobre dados gerados por traba‑
lho de campo etnográfico nos dois períodos letivos de 2012, 
incluindo 67 horas de observação em duas disciplinas do cur‑
so de Medicina, coleta de textos escritos e entrevistas em áu‑
dio (Dilli, 2013). Pretende‑se analisar usos sociais da escrita: 
eventos de letramento neste contexto, textos envolvidos e 
tarefas de leitura e escrita, incluindo de avaliação, e como 
esse levantamento pode corroborar com um projeto de po‑
lítica linguística que visa a uma permanência de qualidade 
para os estudantes indígenas desde o primeiro semestre, em 
seus cursos de graduação.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 47
ESCRITA COLABORATIVA 
EM LÍNGUA INGLESA EM UMA 
PÁGINA WIKI.
CAMILA MARIA DA COSTA KAMI (IBILCE/UNESP/SJ RIO PRETO)
Resumo de Paper
As novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs), 
a Internet, as conexões de banda larga e a web 2.0 criaram 
novas oportunidades para o ensino e o aprendizado de lín‑
guas. Entretanto, cabe ao professor a seleção de recursos 
tecnológicos que propiciem a autonomia e a colaboração 
no processo de ensino e aprendizagem de língua estrangei‑
ra (LE). Apesar de os alunos estarem em constante contato 
com as NTICs, eles as utilizam para atividades sociais e re‑
creativas. É  preciso lembrar que as habilidades necessárias 
para tais atividades nem sempre são aquelas desejáveis em 
contextos virtuais de aprendizagem de LEs, os quais podem 
exigir o uso de um registro formal, competência intercultu‑
ral e um conhecimento mais aprofundado da L‑alvo (O’DOWD, 
2007). O presente trabalho teve o objetivo de conduzir uma 
experiência sobre o uso da tecnologia wiki em uma faculda‑
de de tecnologia do interior do estado de São Paulo, mais 
especificamente no curso de Gestão Empresarial. O ambien‑
te selecionado foi o Wikispaces, o qual permite a criação de 
páginas na web, upload de arquivos e figuras, a comunica‑
ção por meio de e‑mailentre os colaboradores dentre outros 
recursos (MANTOVANI; VIANNA, 2008). A proposta foi engajar 
alunos do quinto termo em ema escrita colaborativa com o 
intuito de que as estruturas e os conteúdos desenvolvidos 
durante os dois anos de estudo da Língua Inglesa (LI) fos‑
sem colocado em prática. Portanto, foi selecionada uma 
unidade do livro didático cujo tema era a competitividade 
de empresas e focava o uso dos comparativos em inglês. 
Os alunos foram divididos em grupos e cada grupo pensou 
em um restaurante, desenvolvendo uma página no ambien‑
te Wikispaces para apresentar sua empresa. Os  grupos de‑
veriam pensar sobre o nome do restaurante, sua missão, o 
menu e os preços. Trata‑se, portanto, de um trabalho qua‑
litativo e de natureza etnográfica. Foi uma experiência en‑
riquecedora, uma vez que eles praticaram a escrita em LI de 
uma forma dinâmica e colaborativa.
A COESÃO TEXTUAL 
EM TEXTOS DE ESTUDANTES 
DE LÍNGUA INGLESA DO NÍVEL 
INTERMEDIÁRIO AVANÇADO
CAMILA NATHÁLIA DE OLIVEIRA BRAGA (UFPB)
Resumo de Paper
Este trabalho apresenta um estudo longitudinal com dura‑
ção de um semestre no qual foram analisadas três redações 
(uma no início, uma no meio e uma no final do semestre leti‑
vo) produzidas em língua inglesa por alunos do curso Inglês 
para Fins Acadêmicos da UFMG. Os sujeitos, alunos de diver‑
sos cursos de graduação da universidade, no momento da 
coleta de dados cursavam a disciplina IFA I, equivalente ao 
nível intermediário avançado (B1+ de acordo com o Common 
European Framework of Reference). O  curso IFA, em sua 
totalidade (cinco semestres, finalizando no nível C1), visa 
preparar os alunos para atingirem a pontuação necessária 
no TOEFL (IFA IV) e para a vivência em uma universidade es‑
trangeira (IFA V) em programas de intercâmbio acadêmico 
no nível da graduação. O  foco específico deste estudo são 
as produções escritas dos alunos, pois, ao trabalhar a habi‑
lidade escrita, o aluno é motivado a pensar, organizar ideias, 
desenvolver a habilidade de resumir, analisar e criticar. Além 
disso, essa habilidade fortalece o aprendizado, o pensamen‑
to e a reflexão dos estudantes de língua estrangeira, além de 
ser uma das competências de produção (juntamente com a 
fala), o que possibilita uma avaliação mais completa do nível 
linguístico do aluno. Uma vez que a habilidade escrita re‑
presenta um escopo de pesquisa muito amplo, foi feita uma 
opção por enfocar aspectos coesivos nos textos dos alunos. 
A opção pela coesão foi feita devido ao fato de muitos pes‑
quisadores (HALLIDAY; HASAN, 1976; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 
2004) apontarem sua importância para a sustentação de 
um texto. As redações produzidas pelos sujeitos foram anali‑
sadas e anotadas de acordo com os tipos de coesão propos‑
tos por Halliday e Hasan (1976) e em relação à propriedade e 
impropriedade de seu uso. Além deste estudo com duração 
de um semestre, pretende‑se acompanhar os mesmos sujei‑
tos ao longo dos dois próximos semestres a fim de fazermos 
um mapeamento mais completo do desenvolvimento da co‑
esão em sua habilidade escrita.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 48
EFEITOS DA INSTRUÇÃO FORMAL 
DE PRONÚNCIA NA PRODUÇÃO 
DOS PADRÕES DE VOICE ONSET 
TIME DAS PLOSIVAS SURDAS 
E SONORAS INICIAIS POR 
BRASILEIROS APRENDIZES 
DE INGLÊS (L2)
CAMILA SAVICZKI MOTTA (UFRGS)
Resumo de Pôster
O escopo deste trabalho consiste em verificar e analisar os 
padrões de Voice Onset Time (VOT) a partir de coletas de 
produção feitas com brasileiros aprendizes de inglês como 
língua adicional em diversos níveis de proficiência, bem 
como os possíveis efeitos de instrução formal nessa produ‑
ção. Para a verificação dos efeitos da instrução na aquisição 
deste aspecto fonético‑fonológico no campo da produção, 
contou‑se com três grupos de aprendizes: (a) um grupo de 
controle, que não recebeu instrução alguma acerca do as‑
pecto da L2 investigado; (b) um primeiro experimental (E1), 
que recebeu instrução explícita com caráter comunicativo 
(seguindo‑se Celce‑Murcia et al., 2010); (c) um segundo 
grupo experimental (E2), que recebeu instrução explícita de 
caráter não‑comunicativo e descontextualizado acerca da 
aspiração dos segmentos plosivos surdos iniciais. A  estes 
participantes foram aplicados um pré‑teste, um pós‑teste e 
um pós‑teste postergado, consistindo na leitura em voz alta 
de palavras do inglês. As palavras‑alvo eram monossilábicas, 
iniciadas pelas plosivas sonoras /b/, /d/ e /g/ ou surdas /p/ /t/ 
e /k/, seguidas de uma vogal alta, contexto esse que possi‑
bilita valores mais acentuados de VOT (YAVAS, 2007). As pro‑
duções foram gravadas e posteriormente analisadas no 
software Praat (BOERSMA & WEENINK, 2012 – version 5.3.04) 
e o valor de VOT de cada uma das dezoito palavras‑alvo foi 
medido, num total de trinta e seis tokens por participante. 
Espera‑se, com o presente trabalho, verificar a efetiva neces‑
sidade de um ensino de pronúncia de caráter efetivamente 
comunicativo, em oposição a abordagens de ensino do com‑
ponente fonético‑fonológico que se voltem apenas a uma 
tradicional descrição dos aspectos da forma‑alvo.
LETRAMENTO DIGITAL: 
CONCEPÇÕES DOS 
PARTICIPANTES DE UM CURSO 
DE PRÁTICA ESCRITA 1
CARLA ALMEIDA DE LIMA (UFRJ)
Resumo de Paper
O processo de letramento é entendido como o domínio de 
práticas sociais de leitura e escrita necessárias para a parti‑
cipação efetiva e competente em diversos contextos e ati‑
vidades sociais (Rojo, 2009; Soares, 2004). Com o advento 
das novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs), 
uma nova dimensão é adicionada a esse conceito, fazendo 
surgir a concepção de letramento eletrônico para represen‑
tar o conjunto de conhecimentos que permite a participação 
do indivíduo em práticas letradas da era digital. A aquisição 
desse tipo de letramento, dito eletrônico ou digital, depen‑
de, dentre outros fatores, da exposição do indivíduo a prá‑
ticas de linguagem coletivas em que a escrita mediada por 
computador seja significativa (Buzatto, 2001). O ensino de 
produção escrita em língua estrangeira, por sua vez, deve 
envolver atividades de aprendizagem direcionadas a propó‑
sitos comunicativos específicos, que reflitam usos reais do 
idioma em práticas comunicativas do cotidiano. O presente 
trabalho é o relato de uma pesquisa exploratória, conduzida 
no âmbito do projeto Letras 2.0, desenvolvido pelo núcleo de 
pesquisas em Linguagem, Educação e Tecnologia – LingNet/
UFRJ para apoio à oferta de cursos e disciplinas na modali‑
dade on‑line ou semipresencial na Faculdade de Letras da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo com‑
preende a discussão de resultados iniciais de uma pesquisa 
cujo objetivo é descrever e analisar práticas de produção 
escrita em língua estrangeira propostas no contexto da dis‑
ciplina de Prática Escrita 1, ministrada a alunos do curso de 
graduação em Letras (Português–Inglês). Busca‑se valorizar 
as perspectivas da professora e de estudantes envolvidos 
nos processos abordados – cujas percepções procurou‑se 
conhecer a partir da análise de posts na plataforma Moodle 
e de entrevistas semiestruturadas. Discutem‑se as contri‑
buições dessas práticas para a aprendizagem da expressão 
escrita em LE  em contextos educacionais mediados pelas 
novas tecnologias.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 49
HEBE POR HEBE: UM ESTUDO 
DAS CONSTRUÇÕES 
IDENTITÁRIAS 
NO DISCURSO DE SI
CARLA CARVALHO SILVA (UFSJ)
TATIANA NATHÁLIA DE PAULA (UFSJ)
Resumo de Paper
O  ano de 2012 ficará marcado como aquele em que o país 
se despediu de uma das personagens mais emblemáticas 
da TV  brasileira: Hebe Camargo. A  apresentadora, que des‑
de 2010 lutava contra um câncer, veio a falecer no dia 29 
de setembro. Nos dias posteriores à sua morte, foi possível 
vislumbrar como o fato repercutiu na mídia. Nesse cenário, 
chamou‑nosa atenção a matéria veiculada na revista Caras 
(05 de outubro de 2012, edição nº 987), que homenageou a 
artista ao trazer na edição supracitada não somente as ima‑
gens de todas as capas as quais ela protagonizou para a re‑
vista, mas também a primeira e a ultima matéria realizada 
com Hebe. Nessas matérias a apresentadora fala de si, deli‑
neando um perfil de cunho “autobiográfico”. De acordo com 
Amossy, “todo ato de tomar a palavra implica a construção 
de uma imagem de si” (2005, p.09), imagens estas construí‑
das não apenas na autodescrição, mas também pela veicula‑
ção de crenças implícitas, estilo, competências linguísticas e 
enciclopédicas do sujeito. Nesse sentido, propomos analisar 
como a apresentadora se autorrepresenta nas matérias vei‑
culadas em Caras e que imagem constrói de si. Será realizada 
uma articulação entre este material e a entrevista concedi‑
da pela apresentadora ao programa De frente com Gabi, que 
foi ao ar no dia 06/06/2010 pelo SBT. Pela ampla temática 
abordada nessa entrevista – TV, amor, saúde – a apreensão 
da autoimagem que Hebe constrói fica igualmente eviden‑
ciada. Para cumprir os objetivos propostos, após o levanta‑
mento dos dados, será feita uma análise discursiva dos dois 
materiais a partir da Análise do Discurso, mais precisamente 
da teoria Semiolinguística, proposta por Patrick Charaudeau 
(2009), no que se refere ao modo de organização discursivo 
descritivo. Na  problematização dos conceitos referentes à 
identidade, o aparato teórico foi composto por Hall (2006) 
e Rajagopalan (2010). Já com relação à construção das ima‑
gens de si no discurso, será utilizado o que propõe Amossy 
(2005).
A FORMAÇÃO DE PROFESSOR 
DE INGLÊS PARA CRIANÇAS 
E A INTERAÇÃO ENTRE 
UNIVERSIDADE E COMUNIDADE
CARLA CONTI DE FREITAS (UEG)
Resumo de Paper
Há, hoje, uma crescente oferta do ensino de inglês para 
crianças nas escolas regulares públicas e particulares, es‑
colas de idiomas e escolas bilíngues. Concomitantemente a 
esta demanda, surge a necessidade da formação do profis‑
sional para atuar nessa área, destacando a necessidade de 
se repensar o currículo do curso de Letras, tendo em vista 
possíveis reformulações no que tange à formação desse pro‑
fissional. Neste contexto, busca‑se discutir em que medida 
as reais oportunidades de trabalho têm sido consideradas 
ao longo da formação inicial de professores de língua, com 
vistas a contribuir para a melhoria dos cursos de formação 
inicial de professores de inglês e, a partir disso, destacar a 
importância da interação entre universidade e comunida‑
de para que suas ações gerem novas possibilidades para o 
ensino e para a aprendizagem de línguas para crianças, con‑
tribuindo para a formulação de políticas de visem a atender 
a esta necessidade. Para isso, desenvolvemos uma pesquisa 
em Linguística Aplicada, considerando‑a como um campo 
transdisciplinar que, buscando tratar das questões da lin‑
guagem, compreende também as questões sociais, culturais 
e políticas em que elas estão envolvidas. Como abordagem 
metodológica, utilizamos a pesquisa de cunho transdis‑
ciplinar, uma vez que ela propõe uma visão mais ampla da 
realidade, levando o pesquisador a não somente descrever 
o ambiente pesquisado, mas problematizá‑lo, com vistas 
a provocar mudanças. Assim, em se tratando da formação 
para o ensino de inglês para crianças, defendemos que é pre‑
ciso ter uma visão da língua estrangeira como instrumento 
para contribuir também para a formação do ser humano, 
contribuindo, desse modo, para a formação de indivíduos 
sensíveis às diferenças, mas ao mesmo tempo, com identi‑
dades e discursos próprios.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 50
A TASHC NA ELABORAÇÃO 
DE MATERIAL DIDÁTICO PARA 
O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA 
NA UNIVERSIDADE: UMA UNIÃO 
NA POLÍTICA LINGUÍSTICA PELA 
VIDA IN POTENTIA
CARLA LIMA RICHTER (UFPE)
Resumo de Paper
Esta pesquisa está inserida no campo da Linguística 
Aplicada ( LA ), por ser um estudo da linguagem em um con‑
texto acadêmico que promove mudanças de papéis sociais 
(DAMIANOVIC, 2012). No  caso focal, o reposicionamento so‑
cial do discente na graduação das engenharias, que sai da 
posição de aluno de língua inglesa para a de pesquisador 
que desenvolve e divulga seus estudos em eventos inter‑
nacionais. Fundamenta‑se na TASHC, Teoria da Atividade 
Sócio‑Histórico‑Cultural (VYGOTSKY, 1934/2007; LEONTIEV, 
1977/1997; ENGESTRÖM, 1987/1999), um lócus no qual o sujei‑
to está em constante interação com o outro, em um con‑
texto histórico e culturalmente construído (LIBERALI,2009).
Segundo Mateus (2007), em se tratando de língua estran‑
geira, a elaboração, implementação e avaliação de mate‑
rial didático além de suprir necessidades prementes pouco 
contempladas nas politicas educacionais vigentes, possi‑
bilitam o desenvolvimento de professores de línguas como 
profissionais engajados com uma reestruturação curricular 
dos conteúdos.O  material didático constitui‑se como um 
poderoso artefato de mediação que oferece ao sujeito opor‑
tunidades de reconstrução do agir linguístico em um mundo 
social‑histórico‑culturalmente determinado ( DAMIANOVIC, 
2007). Nesse panorama, esta comunicação discute a elabo‑
ração, avaliação e implementação de um material didático 
(RICHTER, a, b,c) nas aulas de língua inglesa, na graduação 
de Engenharia de uma universidade federal do nordeste do 
Brasil. O  procedimento metodológico está alicerçado na 
Pesquisa Crítica de Colaboração (PCCOL) (MAGALHÃES, 2006) 
e a discussão dos dados construídos será à luz das catego‑
rias enunciativas, discursivas e linguísticas (LIBERALI, 2012). 
Os resultados preliminares revelam que o material didático 
elaborado pode contribuir para os alunos agirem amplian‑
do sua envergadura in potentia por meio da linguagem na 
atividade social “submissão de resumo para apresentação de 
pôster em eventos científicos internacionais”.
SUBJETIVIDADE DO TRADUTOR: 
A SINGULARIDADE 
DE UMA ESCRITA
CARLA MARIA DOS SANTOS FERRAZ ORRÚ (UNICAMP)
Resumo de Paper
Este trabalho tem como objetivo rastrear os traços da sub‑
jetividade do tradutor no texto traduzido, levando em consi‑
deração os pressupostos teóricos da Psicanálise, a existência 
do inconsciente e a inextricabilidade entre o escritor e sua 
escrita. A subjetividade do tradutor é forjada entre a “sua” lín‑
gua e a do outro, nos entre‑lugares, nos entre mundos, nas 
diversas línguas que habita e que por elas se deixa habitar. 
Uma das preocupações dos tradutores é com a fidelidade 
que devem ao texto original. Na  tradição da atividade de 
tradução, o texto original parece ocupar um lugar “sagrado”, 
intocável e o trabalho do tradutor parece representar algo 
de menor importância. Trazemos a análise sobre o conto de 
Clarice Lispector, “Viagem a Petrópolis” e a tradução do mes‑
mo conto para o inglês “Journey to Petropolis”. Esse conto e 
sua tradução constitui parte do corpus de nossa tese de dou‑
torado sobre escritas singulares e/ou “sinthomaticas” (LACAN, 
2007) como as de Clarice Lispector, Virginia Woolf, James 
Joyce, que busca refletir sobre as implicações para o traba‑
lho de tradução de produzir sentidos a partir de escritas tão 
peculiares. Os resultados da análise apontaram para o fato 
de que o tradutor, apesar de ter como valor de sua ativida‑
de, a fidelidade ao texto original, deixa marcas de sua “pas‑
sagem” pelo texto, constituindo‑se como autor de um novo 
texto, diferente e, ao mesmo tempo, semelhante ao original. 
Para além do reprodutor de sentido, aparece um criador de 
sentidos novos, ilusão permitida pela adição de significantes 
novos provenientes do sujeito tradutor.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 51
A BIBLIOTECA PÚBLICA E SEU 
PÚBLICO NA FORMAÇÃO 
DE LEITURA
CARLA MARIA FRANÇA DO NASCIMENTO (UFBA)
Resumo de Paper
O engajamento do profissional daLinguística Aplicada (LA) 
em diversas outras áreas de trabalho, de domínios discur‑
sivos outros, é cada vez mais visível na atual economia do 
mercado de trabalho do Brasil. Refletir sobre estratégias 
políticas que viabilizem a sua atuação nas várias instân‑
cias discursivas nas quais estão inseridos, tem sido agenda 
do dia para esses profissionais no que tange à formação de 
leitores,formação de professores, ensino e aprendizagem 
de línguas, políticas linguísticas, entre outras demandas da 
LA. Este trabalho visa a apresentar e analisar atividades ob‑
servadas e experienciadas em uma biblioteca pública, num 
cotejo entre o Manifesto da IFLA/UNESCO para as Bibliotecas 
públicas (1994) e as discussões sobre formação de leitores no 
seio da Linguística Aplicada. Numa Biblioteca Pública volta‑
da primeiramente para o público infantojuvenil na cidade 
do Salvador, saraus de leitura, oficinas de leitura, “contação” 
de histórias infantojuvenis, peças de teatro, dramatizações, 
uma diversidade de gêneros num mesmo ambiente de cir‑
culação de cultura são ofertados à comunidade escolar que 
lá busca formação e informação. A  biblioteca, vista como 
“centro local de informação, tornando prontamente acessí‑
veis aos seus utilizadores o conhecimento e a informação de 
todos os gêneros” (UNESCO, 1994) é vista nesse cotejo como 
ambiente possível onde manifestações multi‑interacionais 
e as semioses possuem lugar em ousadas e efetivas inicia‑
tivas de formação de leitura. Quem é esse público leitor que 
adentra a biblioteca? Quem são os agentes de leitura que 
mediam, promovem essas atividades? O que pensam sobre 
a política que contorna suas ações? Quais recursos utiliza‑
dos para atingir os fins desejados? O cenário da observação 
foi uma Biblioteca Pública do Governo do Estado da Bahia, 
localizada no centro da cidade do Salvador, tendo como par‑
ticipantes a diretora da unidade, funcionários‑agentes de 
leitura e estudantes visitantes.
PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: 
LINGUAGEM, IDENTIDADE 
E EXCLUSÃO
CARLOS ALBERTO CASALINHO (UNICAMP)
Resumo de Paper
Hoje, a população de rua não se restringe mais à figura tra‑
dicional do mendigo pois seu perfil é cada vez mais diverso: 
homens e mulheres desempregados, doentes mentais, mi‑
grantes, portadores de HIV, dependentes químicos e outros 
marginalizados que, pelo fato de a maioria estar em con‑
dições de vida precária, vêem na rua uma alternativa de 
vida e o medo da sociedade faz com que sejam encaradas 
como alguém que não deve ser olhadas. São vistas como 
uma ameaça por quem está dentro do sistema e, dada sua 
aparência, roupas e corpos sujos e maltratados, provocam 
medo e, também, por não terem domicílio fixo são conside‑
rados como seres invisíveis. Fazem parte do cenário urbano 
e passam despercebidos por grande parte da população, 
mesclando‑se ao meio da paisagem; pessoas passam por 
eles, agem com indiferença, como se eles não existissem. 
Quando conversamos com eles, manifestam e constroem 
sua heterogeneidade como evidência de um discurso silen‑
ciado por um sistema que não permite que se configurem 
como seres com identidade legitimada pelo discurso domi‑
nante. Partindo de entrevistas realizadas com essa popula‑
ção, propomos problematizar – através da análise em uma 
abordagem discursiva‑desconstrutivista, perpassada pelo 
olhar derrideriano, pela psicanálise freudo‑lacaniana, en‑
trecruzando‑se, sem conflitos, com a filosofia foucaultia‑
na – em suas falas, a relação entre a linguagem, identidade e 
exclusão que caracterizam esse grupo social. Considerando 
que a identidade resulta das representações que cada um faz 
cde si e do outro e que essas representações partem sempre 
do outro, nosso corpus constitui‑se dos dizeres dos passan‑
tes de rua em situação de albergue; uma vez que temos, na 
modernidade, a política social de abrigagem como forma de 
solucionar os problemas de abandono, violência e miséria. 
O abrigo torna‑se naturalizado como o lugar de uma possí‑
vel igualdade que, na experiência de abrigo, nega e silencia 
a linguagem que traduz a identidade dos passantes de rua.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 52
O TRABALHO DOCENTE 
ENTRE O PRESCRITO 
E O RENORMALIZADO: E AGORA, 
O QUE FAZER?
CARLOS HÉRIC SILVA OLIVEIRA (PUC–SP)
Resumo de Paper
No  contexto da Linguística Aplicada, os estudos sobre o 
trabalho tornam‑se cada vez mais atraentes. Assim, este 
artigo objetiva apresentar uma reflexão sobre o trabalho 
docente. Visto o ensino como trabalho, os aportes ergológi‑
cos propõem analisar a atividade humana como desenvolvi‑
mento social composta de normas antecedentes à realiza‑
ção da atividade. Todavia, no trabalho docente, o prescrito 
torna‑se antecedente da renormalização que humaniza a 
atividade docente. O  distanciamento entre prescrição e re‑
normalização aparece tanto quanto entrecruzada focando 
a situação do trabalho do professor como desenvolvimento 
humano em situação educacional. A prescrição é vista como 
antecipação do trabalho e a renormalização é o possível 
realizável da atividade do trabalho docente. Desta feita, o 
quadro epistemológico a ser abordado direciona o estudo 
à Ciência do Trabalho (DANIELLOU, 2004), (NOUROUDINE, 
2002) e Ergologia (SCHWARTZ, 1997, 2002, 2007, 2008), 
(SOUZA‑e‑SILVA, 2002, 2004). Pretende‑se, com o olhar er‑
gológico mostrar a relação precisada entre a prescrição e a 
renormalização nas atividades do contexto educacional em 
situação do trabalho docente, justificando sua relevância 
na complexa atividade do trabalho como instrumento in‑
trínseco entre o prescrito/planejado e a atividade provável 
renormalizadora do trabalho do professor. Sendo assim, a 
atividade humana quando desenvolvida através do prescrito 
revelar‑se aliada à atividade de renormalização do trabalho 
docente recriado.
O PERFIL DO APRENDIZ 
DE INGLÊS ATRAVÉS 
DE UMA ANÁLISE FOCADA 
EM PACOTES LEXICAIS
CAROLINA BOHÓRQUEZ GRONDONA (UFMG)
Resumo de Paper
A  área de Ensino e Aprendizagem de Inglês como Língua 
Adicional pode ser favorecida pelas descobertas da 
Linguística de Corpus por esse campo reforçar uma visão de 
língua que integra o léxico e a gramática, permitindo ofere‑
cer aos aprendizes uma perspectiva da língua em uso. Neste 
trabalho focamos nos pacotes lexicais – sequências de pala‑
vras que comumente co‑ocorrem em discurso natural (Biber 
et al. 1999) – por se destacarem como importantes unidades 
de significado. Anteriormente, estudamos a correlação das 
variáveis ‘proficiência’ e ‘uso de pacotes lexicais’ (Bohórquez 
et al. 2012), partindo de pesquisas de corpora de aprendizes 
brasileiros (Shepherd 2009; Dutra, Orfano & Berber‑Sardinha 
2012; Dutra & Berber‑Sardinha no prelo). O  presente traba‑
lho analisa os tipos de pacotes lexicais usados por aprendi‑
zes menos e mais proficientes, comparando sua produção 
à de nativos no contexto da escrita acadêmica. Para tanto, 
investigou‑se a lista de pacotes lexicais de dois subcorpora 
do International Corpus of Learner of English (ICLE), repre‑
sentantes dos níveis menos e mais proficientes, e a lista de 
pacotes lexicais do Louvain Corpus of Native English Essays 
(LOCNESS). Os pacotes foram classificados de acordo com a 
Lista de Fórmulas Acadêmicas (Simpson‑Vlach & Ellis 2010) 
e os testes estatísticos utilizados para comparar os corpo‑
ra foram o Chi‑quadrado, ANOVA e Análise de Aglomerados. 
Resultados preliminares mostram que a produção de pa‑
cotes lexicais dos aprendizes menos proficientes, em algu‑
mas situações, se aproxima do discurso oral, demonstra uso 
excessivo de determinadas subcategorias e apresenta um 
número menor de tipos e quantidades de pacotes lexicais 
quando comparada à produção de nativos. A  comparação 
que apresentamos busca estabelecer traços de similaridade 
e discrepância entre a produção do continuum aprendiz‑na‑
tivo, para que futuramenteseja possível propor intervenções 
para o desenvolvimento da fluência e acuidade de alunos de 
inglês na escrita acadêmica.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 53
FRAMEWORK DE EXPERIÊNCIAS: 
CAPTURANDO A COMPLEXIDADE 
NO ENSINO E APRENDIZAGEM 
DE LE
CAROLINA VIANINI AMARAL LIMA (UFMG)
LAURA STELLA MICCOLI (UFMG)
Resumo de Paper
Experiências podem ser consideradas sistemas adaptativos 
complexos, por encapsularem processos, cuja compreensão 
exige desenrolar o emaranhado de eventos conectados à 
experiência, pelos quais a experiência se constitui. Por sua 
emergência natural em depoimentos de professores e estu‑
dantes sobre o que vivenciam em sala de aula, defendemos 
compreendê‑la como construto para documentar a com‑
plexidade do ensino e aprendizagem de LE. O ‘framework de 
experiências de estudantes e professores’ detalha a natureza 
de experiências narradas, evidenciando que ensino e apren‑
dizagem extrapolam a exclusividade do pedagógico e cogni‑
tivo na sala de aula. Integram‑se a eles, domínios de experi‑
ências sociais, afetivas, contextuais, conceptuais, pessoais e 
futuras, confirmando ensino e aprendizagem como proces‑
sos dinâmicos, não‑lineares e, portanto, abertos a imprevisi‑
bilidades. Neste trabalho, argumentamos pela utilização do 
framework como instrumento metodológico capaz de cap‑
turar tal complexidade e apresentamos depoimentos de alu‑
nos (Miccoli 1997, 2000, 2003; Bambirra, 2009) e professoras 
(Miccoli 2006,2010, Zolnier, 2011, Vianini, 2012) que a eviden‑
ciam empiricamente. A experiência, como construto, tem se 
mostrado profícua, na medida em que fomenta e possibilita 
estudos sobre várias questões que perpassam dinâmicas en‑
tre participantes dentro e fora de salas de aula de LE, propor‑
cionando visão holística desses processos e compreensão do 
seu sentido maior.
BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO 
INTERCULTURAL ONLINE: 
ANÁLISE DA CONVERSA 
INTERCULTURAL EM BLOGS 
DE PLA.
CAROLINE CAPUTO PIRES (UFV)
Resumo de Paper
Visando a analisar os aspectos de interação intercultural 
relacionados ao ensino de português como língua adicional, 
o presente artigo apresentará uma análise das barreiras en‑
frentadas por alunos na comunicação intercultural online 
em blogs de PLA. O artigo mostra como o aspecto da comu‑
nicação intercultural, no qual consiste nas atividades produ‑
zidas pelos alunos intercambistas da Universidade Federal 
de Viçosa na participação de um blog, enfatiza as barreiras 
linguísticas na interação linguística. Os blogs de PLA são lu‑
gares de uma comunicação intercultural entre vários alunos 
intercambistas de nacionalidades variadas e com diferentes 
visões do mundo. Percebe‑se que a questão da cultura é cla‑
ramente analisada em blogs de comunicação intercultural, 
então se observa a necessidade de observar as barreiras que 
os alunos de PLA enfrentam ao participarem e inserir obser‑
vações que auxiliem na identificação de aspectos intercul‑
turais associados à nova língua e a interação online. Para 
subsidiar esse trabalho nos apoiamos na experiência de en‑
sino de línguas e de ensino PLA e em teóricos como GUMPERZ 
1998, GOFFMAN 1980, 1988, GARCEZ 2006, SCHRÖDER 2008, 
MARCUSCHI 1998. Os  resultados do estudo mostraram que 
as barreiras enfrentadas pelos alunos na comunicação onli‑
ne juntamente com impedimentos linguísticos dificultam o 
aprendizado da nova língua, aumentando os obstáculos que 
possam ter na aquisição da língua estrangeira, o que limita‑
rá o processo de ensino e aprendizagem.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 54
O GÊNERO BIOGRAFIA 
NO ENSINO DE LÍNGUA 
INGLESA E O DESPERTAR 
DO PENSAMENTO CRÍTICO 
E DA AUTOPERCEPÇÃO EM SALA 
DE AULA: DA AULA REAL PARA 
O VIRTUAL
CASSIANA BITTENCOURT MUSHASHE (UTFPR)
GISELE DOS SANTOS DA SILVA (UTFPR)
Resumo de Pôster
Nesse trabalho apresentaremos o resultado de uma ativida‑
de realizada com uma turma de Ensino Médio de um colégio 
estadual da periferia de Curitiba, envolvendo os gêneros bio‑
grafia e blog. Após observação e convívio ao longo de um se‑
mestre enquanto bolsistas do PIBID (Programa Institucional 
de Bolsa de Iniciação à Docência) com uma turma de 1º ano, 
notamos que não havia muita interação e união entre os 
membros do grupo. Sendo assim, decidimos desenvolver um 
exercício que além de ensinar a língua inglesa, também per‑
mitisse que os alunos se conhecessem melhor e trocassem 
algumas experiências. Posto isso, tendo em vista a perspec‑
tiva de ensino de língua a partir de gêneros textuais como 
propõe as DCEs de Língua estrangeira e, segundo a proposi‑
ção de Marcuschi (2002) de que toda interação verbal acon‑
tece por meio de gêneros, sendo a língua entendida como 
prática social, histórica e cognitiva que privilegia sua nature‑
za funcionalista e interacionista, optamos por trabalhar, pri‑
meiramente, com o gênero biografia. Este gênero, aplicado 
sob a visão do letramento crítico, além de possibilitar a abor‑
dagem de aspectos linguísticos do inglês, ainda foi uma for‑
ma eficaz de levar os alunos a refletirem criticamente sobre 
suas histórias de vida e perceberem seus papéis enquanto 
sujeitos participantes em determinado contexto social, his‑
tórico e cultural. Em conseguinte, após notarmos o quanto 
os alunos estavam envolvidos com a tecnologia – estavam 
sempre usando celulares, comentando sobre redes sociais e 
jogos – decidimos utilizar o gênero digital “blog” para que os 
alunos publicassem suas biografias e pudessem comparti‑
lhar suas histórias com os demais colegas de classe. O uso do 
blog também foi a maneira que encontramos para trabalhar 
o letramento digital com aquele grupo. Em suma, podemos 
dizer que o resultado alcançado com esse trabalho foi posi‑
tivo e ressignificante tanto para os alunos quanto para nós 
enquanto professoras.
AS CONSEQUÊNCIAS 
DA REFLEXÃO COLABORATIVA 
SOBRE UMA PESQUISADORA
CHARLENE STEPLANY MARYLIN MENESES DE PAULA (UFG)
Resumo de Paper
Nesta comunicação, apresento as consequências que o 
processo de reflexão colaborativa (SMYTH, 1991; IBIAPINA, 
2008; MATEUS, 2009; MOITA LOPES, 2006; PESSOA; BORELLI, 
2011) – base de sustentação da pesquisa colaborativa que 
realizei em 2011 no meu curso de mestrado – desempenhou 
sobre mim. Tal processo, realizado ao longo de quatro me‑
ses em nove sessões reflexivas, foi permeado por micropo‑
deres (FOUCAULT, 2008), que acarretaram inúmeros confli‑
tos (IBIAPINA, 2008; PAULA, 2010) e diferentes resistências 
(FOUCAULT, 2008), advindos tanto do professor (Henrique) e 
da professora (Sílvia) participantes quanto da pesquisadora. 
As minhas resistências apoiavam tipos específicos de verda‑
des: aquelas que rompiam com o socialmente instituído e 
naturalizado. Entretanto, essas resistências, de certa forma, 
acabaram sendo vistas por Henrique e Sílvia como imposi‑
ções derivadas de minhas posições ideológicas legitima‑
das em minha autoridade teórica de pesquisadora, ou seja, 
tornaram‑se veículos de repressão (ELLSWORTH, 1989). Isso 
me levou a reconsiderar a posição social que eu e também 
os participantes ocupávamos naquele momento e a pro‑
blematizar minhas narrativas, minha relação com o saber 
acadêmico e a suposta completude e imparcialidade de todo 
conhecimento (ELLSWORTH, 1989). Dessa forma, os resulta‑
dos mostram a existência de verdades “para além daquelas 
que o indivíduo faz ressurgir no seu discurso e na sua prática” 
(IBIAPINA, 2008, p. 27). Além disso, revelam o levantamento 
de questionamentos existenciais: os fundamentos científi‑
cos que eu considero estarem me libertando, não estariam, 
na verdade, me oprimindo? Que tipo de saberes e que rela‑
ções de poder nos produzem? Por que temos a necessidade 
de acreditar em dogmatismos? A  meu ver, essas mudan‑
ças simbolizam o fortalecimento e o amadurecimento de 
uma pesquisadora.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada55
LETRAMENTO DIGITAL 
E APRENDIZAGEM 
NAS ORGANIZAÇÕES
CHRISTIANE HEEMANN (UFSC/UAB)
Resumo de Paper
O cenário mundial vem sofrendo inúmeras mudanças decor‑
rentes do processo de globalização e surgimento sucessivo 
de novas tecnologias de informação e comunicação. Para 
as organizações, tal mudança contínua faz com que elas 
busquem a necessidade de investir no seu capital intelectu‑
al e uma resposta para essas transformações é a Educação 
Corporativa por meio da Educação a Distância, onde as or‑
ganizações encontraram espaço para atender um grande 
número de pessoas. Esta expansão se justifica pelos custos 
elevados da educação presencial, limitações geográficas 
e de tempo. Nas organizações a aprendizagem também 
ocorre, e o engajamento em atividades online e as diversas 
interações levam a diferentes tipos de aprendizagem que 
requerem a apropriação das tecnologias de informação e 
comunicação pelos participantes. Tal aprendizagem está li‑
gada ao letramento digital que demanda uma nova maneira 
de ser no mundo e de se relacionar. O domínio perfeito para 
se refletir sobre a aliança do conhecimento, aprendizagem 
e prática no local de trabalho é a ideia central de uma co‑
munidade de prática (LAVE e WENGER, 2006). Este trabalho 
almeja apresentar questões relacionadas à aprendizagem 
no local de trabalho e comunidades de prática, vislumbran‑
do possibilidades futuras de ensino e aprendizagem em 
contextos diferenciados.
A IDENTIDADE 
DO PROFESSORADO DE LÍNGUA 
INGLESA DE UMA REDE PÚBLICA 
MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO 
E SEUS MAIORES DESAFIOS 
NA SALA DE AULA DE UMA 
CAPITAL BRASILEIRA
CHRISTINE SANT ANNA DE ALMEIDA (PUC–SP)
Resumo de Paper
Esta proposta de comunicação tem por objetivo apresentar 
parte de uma pesquisa de doutorado em andamento. Tal 
pesquisa tem como objetivo maior elaborar uma proposta 
de educação continuada para o grupo de professores de lín‑
gua inglesa de uma rede pública municipal de educação bá‑
sica em um estado da região sudeste da federação brasileira. 
O específico foco desta apresentação está na identidade do 
professor de língua inglesa de uma rede pública municipal de 
educação em uma capital do sudeste brasileiro, bem como 
na visão desses ao elencarem seus maiores desafios dentro 
de sala de aula. Esses dados foram obtidos por meio de ques‑
tionários (FOWLER, 1990, e GILLHAM, 2000) na coleta de da‑
dos realizada entre maio e setembro de 2012, que continham 
questões que versavam quanto ao perfil do profissional da 
educação, quanto a seus maiores desafios no seu fazer pe‑
dagógico, bem como quanto suas aspirações e desejos em 
relação a um programa de educação continuada, que real‑
mente vise suas necessidades e trilhe sólidos caminhos para 
seu desenvolvimento profissional.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 56
POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ONLINE
CHRISTOPHER DANE SHULBY (USP)
Resumo de Paper
O  objetivo deste artigo é mostrar a necessidade de prepa‑
ração adequada dos docentes e as normas especificamente 
para o ambiente online e examina a literatura atual utilizan‑
do o método de síntese agregadora. Diversas instituições de 
educação e governo foram analisados em uma abordagem 
temática. Os  temas explorados são: 1) moderna geração 
“nativo digital” de alunos; 2) nuances da sala de aula online; 
3) ensino online eficaz; 4) tecnologia hoje; 5) programas de 
formação de professores. Os  observações foram sintetiza‑
dos para fazer recomendações objetivas para o futuro da 
aprendizagem online. Verificou‑se que que a web traz novas 
possibilidades, bem como limitações e deve ser avaliada por 
padrões diferentes de qualidade sem excesso de degradação, 
nem valorização. No  papel novo de facilitador, o professor 
deve ser orientador dos alunos numa abordagem centrada 
no estudante. Isto requer uma mudança também no papel 
do aluno de passivo para ativo. O facilitador deve criar prá‑
ticas eficazes orientadas para o aluno que assistem a aquisi‑
ção de novos conceitos. As práticas eficazes começam com 
uma melhor filosofia pedagógica organizada, que é melho‑
rada por usos inovadores de tecnologia. Com a abundância 
atual de opções, é importante para os programas online 
planejar bem. Não há falta de ferramentas, mas sim de pro‑
fissionais com formação adequada na área. A educação no 
ensino online no estado atual é verde e muito pouco desen‑
volvida. As universidades e agências governamentais devem 
desenvolver um padrão de qualidade para os professores e 
os componentes da sala de aula virtual. A sala de aula virtual 
é diferente, mas ela deve oferecer aos estudantes resultados 
comparáveis aos da sala de aula tradicionais.
INTERAÇÃO E APRENDIZAGEM 
EM SITES DE REDES SOCIAIS: 
UMA ANÁLISE A PARTIR DAS 
CONCEPÇÕES SÓCIO‑HISTÓRICAS 
DE VYGOTSKY E BAKTHIN.
CÍNTIA REGINA LACERDA RABELLO (UFRJ)
Resumo de Paper
A  forte inserção das Tecnologias da Informação e da 
Comunicação (TICs) no contexto educacional no século XXI 
apresenta grandes desafios para a educação. Por outro lado, 
se abrem também inúmeras oportunidades de transforma‑
ção nos contextos de ensino e aprendizagem onde profes‑
sores e alunos dispõem de diversas ferramentas online que 
ampliam as possibilidades de interação e construção colabo‑
rativa de conhecimento para além do ambiente da sala de 
aula como é o caso da utilização de Sites de Redes Sociais 
(SRSs). Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a con‑
tribuições das concepções sócio‑históricas de Vygotsky e de 
Bakhtin na aprendizagem mediada pelas TICs a partir de uma 
experiência de utilização de Site de Rede Social no ensino de 
língua inglesa no ensino superior. O trabalho relata um estu‑
do exploratório de um grupo formado no SRS Facebook com 
o objetivo de expandir as interações realizadas na sala de 
aula. A pesquisa, de caráter interpretativista com elementos 
de etnografia virtual, buscou identificar como as interações 
realizadas no SRS contribuíram para a criação de áreas de 
desenvolvimento potencial que conduzem à aprendizagem.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 57
A INTERAÇÃO EM UM PROJETO 
DE MULTILETRAMENTOS 
NA UNIVERSIDADE: HIBRIDISMO 
DE COMPETÊNCIAS
CLARA DORNELLES (UNIPAMPA)
ANTONIA NILDA DE SOUZA (UNIPAMPA)
Resumo de Paper
As  tecnologias que nos circundam favorecem a reorgani‑
zação dos papéis desempenhados pelos sujeitos em suas 
práticas sociais (SANTAELLA, 2007) e esse processo se desen‑
volve pela articulação entre letramentos escolares e multi‑
‑hipermidiáticos (SIGNORINI, 2012). Para verificar como essas 
dinâmicas ocorrem em contextos específicos de ensino‑
‑aprendizagem, este trabalho tem o propósito de analisar os 
papéis assumidos pelos editores do Jornal Universitário do 
Pampa (JUNIPAMPA), ao interagirem para co‑construírem o 
jornal. O JUNIPAMPA, uma ação do Laboratório de Leitura e 
Produção Textual (LAB), integra em sua equipe professores, 
alunos e técnicos de uma universidade federal no sul do país, 
além de membros da comunidade não acadêmica, e visa pro‑
porcionar o uso da linguagem em diferentes práticas sociais, 
contribuindo para a expressão informativa, crítica e artística, 
na perspectiva dos multiletramentos (ROJO, 2012; SIGNORINI, 
2012). Neste trabalho, analisamos a interação co‑construída 
pela equipe editorial do JUNIPAMPA, em momentos conside‑
rados “chaves” para o (re)direcionamento das ações em curso. 
Buscamos na etnografia virtual (MONTEIRO, 2012; ESTALELLA, 
ARDÈVOL, 2007) os elementos que nos permitiram fazer al‑
gumas escolhas metodológicas e de análise, e na socio‑
linguística interacional o conceito de ‘footing’ (GOFFMAN, 
2002), que possibilitou verificar “o que está acontecendo” na 
interação focalizada e quais papéis os interagentes estão as‑
sumindo. Os dados foram gerados no período de abril a no‑
vembro de 2012, e incluem interações realizadas pela equipe 
editorialno Facebook, por e‑mail e em reuniões registradas 
em vídeo, além de anotações de campo. Os resultados apon‑
tam para a simetria de papéis e hibridismo de competências 
entre os participantes, em que o ensino‑aprendizagem se 
dá de forma transdisciplinar, orientado para a resolução de 
problemas. (Projetos CNPq  no. 475305/2010–8 /FAPESP no. 
2010/41497–9 /PIBIC e PROEXT MEC)
O USO DE TECNOLOGIAS 
DE INFORMAÇÃO 
E COMUNICAÇÃO (TIC) EM SALA 
DE AULA NO ENSINO DE INGLÊS
CLARA VIANNA PRADO (PUC–SP)
Resumo de Paper
O  presente trabalho visa apresentar contribuições acerca 
do uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) 
em sala de aula no ensino de inglês. Pretende, ainda, con‑
tribuir para (1) um melhor entendimento de como se tem 
usado a tecnologia (2) como os alunos adolescentes fazem 
uso destes equipamentos em seu dia a dia (3) discutir as pos‑
sibilidades de aplicação destas tecnologias na sala de aula 
do ensino de inglês. As  bases teóricas que sustentam o es‑
tudo são a Teoria Sócio Histórica e Cultural que tem foco no 
desenvolvimento e aprendizagem e na Teoria da Tecnologia 
da Informação. Este projeto se configura em uma pesquisa 
qualitativa interpretativista de natureza etnográfica e os 
instrumentos de coleta serão questionários e filmagens de 
entrevistas conduzidas com alunos adolescentes de diversos 
contexto durante um período de 6 meses a contar de novem‑
bro de 2012. A realidade atual e a necessidade de estudos so‑
bre o uso de tecnologia na escola é revelada pela existência 
de diversas pesquisas nacionais e internacionais como por 
exemplo o projeto interinstitucional “Perspectivas globais 
no ensino e desenvolvimento através de mídias de edição de 
vídeo digitais: Um estudo qualitativo no dia a dia de adoles‑
centes marginalizados” que já vêm sendo desenvolvidas pelo 
programada de Pós Graduação em Linguística Aplicada e 
Estudos da Linguagem da PUC–SP em conjunto com universi‑
dades estrangeiras ao qual esta pesquisa está ligada; por pu‑
blicações sobre o tema, como Novas Tecnologias, Pressões 
e Oportunidades por Demo (2009) ou Tecnologias para 
Transformar a Educação por Sanchos e Hernandez (2006).
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 58
A INTEGRAÇÃO DE CALL 
– COMPUTER ASSISTED 
LANGUAGE LEARNING – NOS 
CURSOS DE LETRAS DO ESTADO 
DO PARANÁ
CLAUDIA BEATRIZ MONTE JORGE MARTINS (UTFPR)
Resumo de Paper
A relevância da tecnologia no ensino de línguas estrangeiras 
(LE) é inegável. Entretanto, assim como em outras áreas, a 
integração não tem ocorrido como se esperava. O ensino de 
LE é uma das únicas áreas de estudos que possui um campo 
com nome específico para estudar a sua relação com a tec‑
nologia: CALL ‑ Computer Assisted Language Learning. Esse 
acrônimo, apesar das críticas, é sigla consolidada em pes‑
quisas e organizações que focam LE e tecnologia. CALL é um 
ramo jovem da Linguística Aplicada e é por natureza inter‑
disciplinar. Apesar das inúmeras pesquisas sobre CALL, ainda 
existem lacunas significativas, especialmente no tocante à 
sua integração em sala. Nesta comunicação serão apresen‑
tados e discutidos os resultados de um estudo que analisou 
a integração de CALL nos cursos de Letras do Paraná, a partir 
da perspectiva dos professores de LE. O  referencial teórico 
usado foi o Modelo Esférico de Integração de CALL de Hong 
(2009). Esse modelo sintetiza descobertas anteriores e mos‑
tra que são três os conjuntos de fatores que representam 
a essência dessa integração: formação de professores em 
CALL/tecnologia, fatores individuais e fatores contextuais. 
A pesquisa foi do tipo levantamento quantitativo. O instru‑
mento de coleta de dados foi um questionário fechado (seis 
seções / escalas Likert), distribuído para todos os professo‑
res de LE de Letras do Paraná. O uso da tecnologia não foi 
considerado um construto unitário, mas sim multifacetado. 
Buscou‑se evitar as limitações analíticas em casos onde os 
professores usam a tecnologia para diferentes propósitos. 
Os resultados obtidos mostram como os três conjuntos de 
fatores do modelo se relacionam com esses usos multiface‑
tados e quais são determinantes para a integração de CALL. 
A  partir desses resultados, professores, formadores de pro‑
fessores, administradores, etc. podem tomar decisões in‑
formadas sobre CALL e são mostrados caminhos para que a 
integração deixe de ser um problema sem solução.
LETRAMENTOS 
TRANSNACIONAIS E FORMAÇÃO 
PLURILÍNGUE: IMPLICAÇÕES 
PARA PESQUISA EM ENSINO 
DE LÍNGUA E FORMAÇÃO 
DE PROFESSORES
CLÁUDIA HILSDORF ROCHA (CEL/UNICAMP)
RUBERVAL FRANCO MACIEL (UEMS)
Resumo de Paper
Se  ler e escrever são meios pelos quais as pessoas alcan‑
çam e são alcançadas por outros contextos, então há mais 
questões acontecendo localmente do que a prática social 
(WARRIER, 2009). O estudo dos letramentos no âmbito das 
línguas estrangeiras como prática social tem pouco teori‑
zado o letramento também como uma prática que envolve 
a habilidade de se manter, viajar, integrar e, neste sentido, 
Brandt e Clinton (2002) sugerem que as pesquisas nesta 
temática considerem os potenciais transcontextualizados 
e transcontextualizantes do que são frequentemente des‑
critos como práticas sociais locais. Nessa direção e com 
foco mais específico no ensino de línguas adicionais, al‑
guns pesquisadores têm buscado aproximar as filosofias 
dos Multiltramentos (COPE; KALANTZIS, 2000) e dos Novos 
Letramentos (GEE, 2010) das teorizações bakhtinianas, com 
vistas à formação plurilíngue (ROCHA, 2010; 2012). Assim 
sendo, esta comunicação tem por objetivo apresentar algu‑
mas considerações iniciais sobre o conceito de letramentos 
transnacionais (SPIVAK, 1992; BRYDON, 2012; BLOMMAERT, 
2010; PRINSLOO, 2009; MACIEL, 2012; MOHANTY, 2009) e sua 
interface com o ensino de língua de base crítica (PENNYCOOK, 
2012), ecológica (NUNES, 2005) e participatória (JENKINS, 
2009). Além disso, pretende‑se brevemente relatar as pes‑
quisas desenvolvidas em contextos internacionais sobre le‑
tramentos transnacionais, visando à discussão acerca de fu‑
turas direções e de suas possíveis implicações para o ensino 
de línguas em um mundo globalizado. Por fim, será relatado 
um diálogo de pesquisa envolvendo universidades brasilei‑
ras e canadenses – Brazil–Canada knowledge Exchange: de‑
veloping transnational literacies (BRYDON et al, 2010).
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 59
A CONSTRUÇÃO DIALOGICA DOS 
SABERES NO CURSO TÉCNICO 
DE MECÂNICA
CLAUDIA MARIA VASCONCELOS LOPES (CEFET/RJ)
Resumo de Paper
Há  muito tempo a sala de inglês para fins específicos tem 
sido palco para o ensino‑aprendizagem de leitura de textos 
em áreas específicas. Porém, novas demandas educacionais 
fazem com que nós, professores de língua inglesa,inaugu‑
remos novas práticas na sala de ESP. Tendo em vista a lei‑
tura como prática social,a educação como um fenômeno 
interdisciplinar (Cf. Fazenda 2011),e a tendência contem‑
porânea de transpor barreiras disciplinares através da con‑
traposição e articulação de conhecimentos (BASTOS; MOITA 
LOPES, 2010) percebo a necessidade de visitar práticas que 
coadunem com as essas novas demandas (Cf. Lopes, 2007). 
Assim sendo, esta comunicação tem como objetivo princi‑
pal discutir a leitura em língua estrangeira como fonte de 
conhecimento no viés da interdisciplinaridade. Dessa forma, 
desenvolvo uma investigação de base etnográfica, seguindo 
o paradigma interpretativista, a fim de melhor compreender 
a sala de aula de inglês inserida no contexto do curso técnico 
de Mecânica com objetivo de buscar novos caminhos para a 
construção do conhecimento.
AS MARCAS EVIDENCIAIS 
NA FALA DOS ACADÊMICOS 
ANGOLANOS: UMA REFLEXÃO 
SOBRE O ESTATUTO DA LÍNGUA 
PORTUGUESA FUNDAMENTADA 
NO CORPUS DO PROFALA
CLÁUDIA RAMOS CARIOCA (UFC)
Resumo de Paper
Na  linha de pesquisa sobre as políticaslinguísticas, o pre‑
sente estudo explicita o quadro sociolinguístico de Angola, 
particularizando a política linguística e o estatuto da língua 
portuguesa, como também mostra as representações que 
os acadêmicos guineenses constroem em seu dizer de língua 
materna (LM), língua segunda (L2) – língua oficial (LO) e lín‑
gua nacional (LN) – e língua estrangeira (LE) (GROSSO, 2005). 
A  metodologia adotada far‑se‑á em duas etapas: a primei‑
ra diz respeito ao levantamento bibliográfico acerca do es‑
tatuto linguístico de Angola, tendo como foco a situação 
de oficialidade da língua portuguesa neste país; a segunda 
apresenta uma análise linguístico‑discursiva das falas de dez 
dos acadêmicos angolanos, constituídas a partir do corpus 
do projeto Variação e Processamento da Fala e do Discurso: 
análises e aplicações (PROFALA) que utiliza o questionário 
do Atlas Linguístico Brasileiro (ALIB) para realização das 
entrevistas. O questionário é constituído por questões que 
focalizam aspectos fonético‑fonológicos, semântico‑lexi‑
cais, morfossintáticos, pragmáticos e metalinguísticos. Este 
trabalho faz um recorte do questionário e analisa três das 
perguntas metalinguísticas que foram reformuladas para o 
contexto africano. Nas falas dos angolanos, a análise focali‑
zará as marcas evidenciais (DIK, 1989; HENGEVELD, 1989), que 
revelam o nível de comprometimento dos acadêmicos com 
as várias línguas que coexistem no território angolano.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 60
NARRATIVAS DE APRENDIZAGEM 
DE INGLÊS COMO LINGUA 
ESTRANGEIRA NA FORMAÇÃO 
DE ALUNOS‑PROFESSORES 
DE AÇU/RN
CLEITON CONSTANTINO OLIVEIRA (UFSC)
Resumo de Paper
Considerando pesquisas recentes que se preocupam com 
o estudo do indivíduo, este artigo apresenta um recorte de 
uma investigação biográfica realizada com quatro alunos 
universitários de Inglês do estado do Rio Grande do Norte/
Brasil. O estudo objetiva capturar as especificidades e com‑
plexidades nos processos desenvolvimentais de dois grupos 
de alunos de Inglês como língua estrangeira: dois alunos de 
graduação e dois de especialização. Assim, a pesquisa tem 
o intuito de compreender (a) como esses alunos concebem 
suas próprias aprendizagens de Inglês e (b) como eles veem 
a si próprios enquanto alunos de Inglês. Os dois grupos de 
alunos verbalizaram, por meio de entrevistas semi‑estrutu‑
radas, suas experiências passadas com a aprendizagem de 
Inglês em diferentes contextos. A  biografia dos alunos foi 
organizada em histórias de aprendizagem e analisadas sob 
uma abordagem narrativa. Essas biografias revelaram que 
as abordagens de aprendizagem adotadas pelos alunos são 
particularmente influenciadas pelo impacto dos diferentes 
contextos de aprendizagem sob os quais eles estiveram 
expostos durante o processo educacional. Os  resultados 
da pesquisa indicam que os dois grupos de abordagens pa‑
recem estar altamente vinculados ao interesse por cursos 
de Inglês no grupo da graduação; e auto‑esforço no grupo 
da especialização. Os  resultados também sugerem que es‑
sas abordagens são flexíveis, fluidas e sujeitas a mudanças 
constantes, e que, portanto, são capazes de se entrelaçarem 
uma com as outras.
DESAFIANDO O PARADIGMA 
DE QUE NÃO SE APRENDE INGLÊS 
NA ESCOLA
CLIMENE F. B. ARRUDA (UFMG)
Resumo de Paper
A  literatura retrata problemas e desafios (BARCELOS 
E  COELHO, 2007), em relação ao processo de ensino/apren‑
dizagem de língua estrangeira, que poderiam justificar o 
paradigma da ‘escola como lugar da não aprendizagem do 
inglês’, em especial, as da rede pública de ensino. Vários 
estudos revelam um quadro desfavorável ao ensino de in‑
glês na escola pública, como, por exemplo, os descritos em 
Gimenez et al. (2003), Gasparini (2005), Uechi (2006), den‑
tre outros. No entanto, é preciso alimentar a esperança na 
possibilidade da aprendizagem de inglês na escola regular e 
buscar evidências de experiências de sucesso nesse contexto. 
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é mostrar algumas 
histórias de sucesso na aprendizagem, na escola pública e 
particular, narradas pelos aprendizes e por seus respectivos 
professores, a fim de discutir como se explicam essas expe‑
riências bem‑sucedidas, bem como, quais experiências se 
relacionam ao sucesso na aprendizagem, buscando, assim, 
desconstruir o paradigma de que é impossível aprender nes‑
te contexto. Para tanto, a investigação narrativa foi adota‑
da como método de estudo. Desse modo, foram coletadas 
narrativas estudantes –da rede pública e da rede privada de 
ensino, bem como, narrativas de seus professores. No  ma‑
peamento e categorização das experiências bem‑sucedidas, 
vivenciadas pelos estudantes participantes, utilizou‑se o 
marco de referência de experiências de Miccoli & Bambirra 
(2009). Os  resultados demonstram que o agenciamento 
(AHEARN, 2001) dos aprendizes, relacionado à motivação, 
tem efeitos significativos na aprendizagem da língua. As im‑
plicações desses resultados evidenciam que tratar de ques‑
tões relacionadas a experiências de aprendizagem, na sala 
de aula de língua, pode fazer diferença no aprendizado dos 
estudantes de língua inglesa da escola regular.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 61
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS 
E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: 
(DES)ARTICULAÇÕES DOS 
DISCURSOS FORMADORES
CLORIS PORTO TORQUATO (UEPG)
Resumo de Paper
Neste trabalho, que é parte de uma pesquisa mais ampla, 
discuto diferentes ações de políticas linguísticas desenvol‑
vidas pelo Estado voltadas, sobretudo, para formação de 
professores. Essas políticas, enunciadas em documentos 
oficiais que se pretendem orientadores do ensino, tratam do 
ensino de língua portuguesa, de línguas indígenas, de LIBRAS 
e de línguas adicionais. No presente recorte da pesquisa, a 
metodologia utilizada é caracterizada como análise docu‑
mental, com especial enfoque para a produção dos textos 
analisados. Com base no arcabouço teórico‑metodológico 
bakhtiniano, são conceitos fundamentais para análise: sig‑
no ideológico, gêneros do discurso e dialogismo. Neste tra‑
balho, são analisados diferentes volumes dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais relativos ao ensino de línguas (por‑
tuguesa e adicionais), documentos relativos ao ensino de 
LIBRAS ou de língua portuguesa para surdos e documentos 
relativos à educação escolar indígena. Uma análise prévia 
destes documentos mostra, dentre outros aspectos, que, 
embora tenham sido produzidos no âmbito do Ministério 
da Educação, parece não haver articulação entre os textos, 
como se a realidade linguística de cada grupo sociolinguís‑
tico (como surdos e indígenas) em foco no documento não 
estivesse articulada ao contexto sociolinguístico mais am‑
plo. Essa ausência de articulação pode afetar a formação dos 
professores no sentido de estes não desenvolverem ações 
pedagógicas adequadas à complexidade sociolinguística 
mais ampla em que estão inseridos.
LETRAMENTO 
E ETNOLEXICOGRAFIA 
NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
COSME BATISTA DOS SANTOS (UNEB)
Resumo de Paper
No mês de março de 2012, em um curso de sociolinguística re‑
alizado no curso de Licenciatura Intercultural em Educação 
Escolar Indígena – LICEEI ‑ UNEB, foi apresentada como uma 
das demandas de formação, o estudo lexicográfico das va‑
riantes linguísticas em uso nas comunidades indígenas en‑
volvidas no curso. O objetivo deste artigo é analisar a produ‑
ção de verbetes dos professores indígenas em conflito com 
os verbetes sugeridos nos dicionários tradicionais de língua 
Portuguesa. O pressuposto metodológico se filia à pesquisa 
qualitativa, do tipo pesquisa‑ação‑formação, e o pressupos‑
to teórico é da Linguística Aplicada, de base interdisciplinar, 
envolve um quadro conceitual configurado pelos estudos do 
letramento intercultural, da sociolinguística e pelos estudos 
etnolexicográficos. A  produção dos professoreslevou em 
conta o respeito pelo dialeto em uso, como uma demanda 
da sociolinguística e da cultura, e, ao mesmo tempo, o regis‑
tro escrito dos verbetes, como uma demanda da formação 
do professor da educação escolar indígena
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 62
O QUE É APRENDER INGLÊS 
A DISTÂNCIA? CRENÇAS 
DE ALUNOS E A MOTIVAÇÃO
CRISTIANE MANZAN PERINE (UFU)
Resumo de Paper
Considerando a Linguística Aplicada com ciência responsiva 
à vida social contemporânea (MOITA LOPES, 2006) e, posto 
que, o contexto social contemporâneo é mediado por tec‑
nologias digitais, neste trabalho, focalizamos como se con‑
figuram construtos afetivo‑cognitivos em ambientes virtu‑
ais de aprendizagem. Propomos, então, discutir os resulta‑
dos parciais de uma pesquisa de mestrado que investiga as 
crenças de alunos acerca da aprendizagem de língua inglesa 
a distância e sua conexão com a motivação para aprender. 
Entendemos crenças como ideias, opiniões e pressupostos 
que alunos têm a respeito dos processos de ensino/aprendi‑
zagem de línguas formulados a partir de suas experiências 
(BARCELOS, 2001) e motivação algo que nos leva a iniciar e 
sustentar uma ação (DÖRNYEI, 2005). Essa investigação 
contou com a participação de 10 alunos de diferentes cur‑
sos de graduação de uma universidade federal no interior 
de Minas Gerais, inscritos na disciplina “Inglês Instrumental 
a Distância” (IngRede). Nesta pesquisa de cunho qualita‑
tivo, os dados foram coletados por meio de questionários, 
diários reflexivos, entrevistas virtuais e observação da par‑
ticipação dos alunos na plataforma Moodle. Na análise dos 
dados, fez‑se útil o WordSmith Tools. Os dados indicam que 
os alunos possuem diversas crenças sobre aprender inglês a 
distância, o uso do computador e os papéis de professores 
e alunos nesse contexto. Apontam ainda para uma perspec‑
tiva dinâmica da motivação, a qual parece ser intensificada 
em um contexto a distância, e as múltiplas influências entre 
o contexto formal de aprendizagem e crenças de aprendizes. 
Esperamos que este trabalho venha a contribuir com estu‑
dos sobre crenças e motivação buscando apontar implica‑
ções para o processo de ensino/aprendizagem de línguas a 
distância, visto que tais construtos têm sido pouco explo‑
rados nesse contexto, bem como fomentar discussões e de‑
safios no campo acadêmico referente à disponibilização de 
disciplinas de línguas em ambientes virtuais.
A GENRE‑BASED METHODOLY 
FOR TEACHING ENGLISH 
AS FOREIGN LANGUAGE 
IN A PUBLIC SCHOOL IN BRAZIL
CRISTIANE MARIA MARTINS GALVÃO (IFG)
Resumo de Pôster
This presentation describes a genre‑based methodolo‑
gy of teaching English as a foreign language in a public 
high‑school in Brazil. The purpose of the chosen method‑
ology was involving students with the process of learning 
English as a foreign language and encouraging them to 
construct meaning through different modalities of texts. 
All activities were proposed and based on a theoretical re‑
search on genres, motivating the students through written 
and oral production with the focus on purposeful commu‑
nicative situations that were appropriate to their age and 
needs. Through this methodology the participants learned 
vocabulary, text types, grammar, pronunciation, intonation 
according to different contexts, themes or topics. The activ‑
ities were all developed in groups in order to maximise lan‑
guage interaction encouraging risk taking. The texts types 
used were: music through lyrics and karaoke, telephone 
conversation, biographies, directions and many others. The 
findings of this experience are particularly suitable for edu‑
cational contexts where the students are low in proficiency 
of English as a foreign language (EFL).
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 63
COCONSTRUINDO 
NARRATIVAS E NEGOCIANDO 
AUTORIDADE: A FABRICAÇÃO 
DA ESTRUTURA FORMAL 
DA NARRATIVA EM INTERAÇÕES 
COTIDIANAS FAMILIARES 
NA FALA‑EM‑INTERAÇÃO
CRISTIANE MARIA SCHNACK (UNISINOS)
Resumo de Paper
Narrativas materializam o mundo, e são o espaço intera‑
cional no qual nos posicionamos em relação às experiências 
que tivemos (OCHS; CAPPS, 2001). Ao  propor que narrativas 
orais sejam tornadas objeto legítimo de pesquisa, Labov e 
Walestky (1967) possibilitam que tais narrativas sejam es‑
crutinadas em sua estrutura formal (LABOV; WALESTKY, 1967) 
e interacional (SACKS, 1992). Narrar possibilita que narra‑
dor e endereçados tornem‑se conarradores da existência 
(C.GOODWIN, 1984). Para além de sua estrutura formal inter‑
na, uma narrativa sustenta‑se e organiza‑se em função de 
seus propósitos interacionais (M.GOODWIN, 1990; DE  FINA, 
2009), que norteiam a posição a ser adotada pelos conarra‑
dores. Calcado na etnografia (O´REILLY, 2009), este estudo 
analisa narrativas familiares sobre a experiência escolar de 
uma criança valendo‑se do arcabouço teórico‑analítico da 
análise da fala‑em‑interação (SACKS, 1992). Participar e en‑
volver‑se em narrativas constitui‑se a “cola” social (OCHS; 
CAPPS, 2001) que cria e mantém laços familiares. Contudo, 
as análises demonstram que participar e envolver‑se estão 
intrinsecamente relacionados à atividade realizada através 
da narrativa, como a negociação de autoridade familiar, por 
exemplo. A  pesquisa contribui para os estudos de narrati‑
vas, no âmbito da Linguística Aplicada, ao evidenciar que a 
estrutura formal da narrativa não se sustenta senão na in‑
teração, sendo fruto da atividade na qual os interlocutores 
se engajam.
O TRABALHO COM O GÊNERO 
CARTA DE SOLICITAÇÃO 
A PARTIR DE SEQUÊNCIAS 
DIDÁTICAS: POTENCIALIDADES 
DE UMA ABORDAGEM.
CRISTIANE NORDI (UFSCAR)
Resumo de Paper
Esta pesquisa tem o objetivo de problematizar o trabalho 
com gêneros na escola, a partir de uma proposta de interven‑
ção, junto a uma turma de sexto ano do Ensino Fundamental 
de uma escola pública do interior de São Paulo. O referencial 
teórico está pautado nos estudos do Interacionismo Social 
(BAKTHIN, 2000, 2002; VYGOTSKY, 1989) e especificamente 
nos estudos advindos do Interacionismo Sócio discursivo, 
em sua vertente didática sobre a utilização dos gêneros 
textuais em sala de aula (BRONCKART; DOLZ, NOVERRAZ e 
SCHNEWULY, 2004, 2005, 2006, 2007). A  fim de desenvol‑
ver um trabalho que integrasse as práticas lingüísticas, que 
favorecesse o uso situado da língua e que contribuísse com 
o desenvolvimento efetivo dos alunos, optou‑se metodo‑
logicamente pelo desenvolvimento de uma seqüência di‑
dática (SD), enquanto instrumento de trabalho docente e 
de coleta de dados para a investigação. Assim, adotamos a 
perspectiva da Pesquisa–Ação, encontrando no paradigma 
qualitativo o caminho natural, já que esta pesquisa é uma 
forma orientada para a resolução de problemas e/ou a trans‑
formação de uma dada situação. Os resultados alcançados 
com a pesquisa demonstraram algumas potencialidades da 
SD enquanto metodologia de trabalho com a língua. Esta é 
um excelente método para identificar as capacidades e difi‑
culdades dos alunos e de melhor adaptar o trabalho do pro‑
fessor na aula. Dessa maneira, os resultados demonstraram 
que o desenvolvimento da Sequência Didática é produtivo e 
viável, porque torna possível ao professor trabalhar conteú‑
dos formais (ortografia, flexão verbal) e a produção textual 
ao mesmo tempo, além, do mais importante, que é a função 
social do gênero. Por fim, não menos importante, a elabo‑
ração do modelo didático e da própria SD  fez com que me 
apropriasse de teorias importantes para a minha formação, 
o que me fez perceber que só mudamos a prática quando en‑
tendemos e nos apropriamos de teorias adequadas à natu‑
reza da linguagem.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 64
FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
DE LÍNGUA INGLESA: ESTUDOS 
ACERCA DA COGNIÇÃO 
INFORMADA E COGNIÇÃO 
REPRESENTADA NA PRÁTICA
CRISTIANEOLIVEIRA CAMPOS GONELLA (UFSCAR)
CLAUDIA JOTTO KAWACHI‑FURLAN (UFSCAR)
ELIANE HERCULES AUGUSTO‑NAVARRO (UFSCAR)
Resumo de Paper
Nesta comunicação, apresentaremos dados obtidos em 
duas pesquisas de pós‑graduação que buscaram investigar 
a cognição do professor de língua inglesa pré‑serviço e em 
serviço. De acordo com Borg (2006), a prática de professores 
é influenciada por uma gama de cognições pré‑ativas, inte‑
rativas e pós‑ativas. Nesse sentido, o ensino de línguas pode 
ser visto como um processo que é definido por interações 
dinâmicas entre cognição, contexto e experiência. Em  um 
dos trabalhos, buscamos investigar a cognição do professor 
recém formado com relação ao ensino‑aprendizagem de 
gramática, tendo em vista que a formação teórica desses 
participantes foi pautada nos estudos de Batstone (1994) e 
Larsen‑Freeman (2003) que defendem a visão de gramática 
fundamentada na possibilidade de desenvolvê‑la como ha‑
bilidade (grammar as a skill / grammaring). Em outro estudo, 
analisamos a cognição de professores em formação acerca 
da utilização de gêneros discursivos na produção de material 
didático para o ensino de inglês. Investigamos tanto a cog‑
nição informada como a cognição representada na prática, 
ambas discutidas por Borg (2006), sendo que a análise da 
última revelou grande empenho por parte dos participantes 
no sentido de integrar o conhecimento teórico à atividade 
prática (JOHNSON, 2006). Os  resultados de ambos os estu‑
dos sugerem que as oportunidades de prática assistida du‑
rante a formação docente contribuíram para a articulação 
teoria e prática. Desse modo, verificamos que quando o foco 
da formação deixa de ser o que os futuros professores devem 
saber para recair sobre quem são eles e como eles aprendem 
a ensinar (GRAVES, 2009), a formação se estabelece como 
um processo de desenvolvimento, com impactos mais signi‑
ficativos e melhor compreendidos.
RELAÇÕES ÉTNICO‑RACIAIS 
NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO 
DE LÍNGUA INGLESA
CRISTIANE ROSA LOPES (UEG)
Resumo de Paper
Apesar de vários documentos oficiais, como, por exemplo, 
os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, 2000) e 
a Lei Federal 10.639/03 (BRASIL, 2003), tornarem obrigatória 
a educação das relações étnico‑raciais nas escolas públicas 
e privadas de Ensino Fundamental e Médio, pesquisas indi‑
cam que muitos cursos de formação de professores/as ain‑
da não integraram a diversidade étnico‑racial às suas pau‑
tas (FERREIRA, 2006, 2008, 2009; GONÇALVES, MENEZES & 
TEODORO, 2011; MOITA LOPES, 2002; SILVA, 2011). Diante disso, 
as universidades estão sendo formalmente instruídas para a 
inclusão de discussões sobre diversidade em seus currículos 
(BRASIL, 2002, 2005). Esta comunicação visa discutir resul‑
tados iniciais de uma pesquisa, que tem como objetivo ca‑
pacitar alunos/as da graduação em Letras: Português/Inglês, 
de uma universidade pública no interior de Goiás, para a in‑
corporação de atividades críticas, focando o tema raça/et‑
nia, nas aulas de língua inglesa do Estágio Supervisionado. 
A discussão tem como embasamento teórico: a Linguística 
Aplicada Crítica (MOITA LOPES, 1999, 2002, 2006; PENNYCOOK, 
2001, 2006); a formação crítica de professores/as (FERREIRA, 
2006, 2009; GIROUX, 1997, PESSOA & BORELLI, 2011); racismo e 
educação (CAVALLEIRO, 2001, FERREIRA, 2011).
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 65
USO DE CORPORA PARA 
O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA 
PARA PROFISSIONAIS 
DE PUBLICIDADE
CRISTINA MAYER ACUNZO (PUC–SP)
Resumo de Paper
Esta pesquisa objetivou o desenvolvimento de atividades 
de ensino de inglês como Língua Estrangeira com o uso de 
corpora para profissionais da área de Publicidade. O ensino 
Línguas Estrangeiras para profissionais de áreas específi‑
cas é um desafio, por existir pouco material disponível no 
mercado que atenda às necessidades dos alunos de comu‑
nicar‑se em seu meio profissional. Além disso, o uso de cor‑
pora na preparação de materiais e sua aplicação na sala de 
aula ainda são incipientes. Baseamo‑nos na Linguística de 
Corpus, que proporciona a pesquisa, o estudo e a explora‑
ção da língua em uso (BERBER SARDINHA, 2004) por meio da 
análise de um corpus e de ferramentas computacionais que 
nos permitem extrair os padrões lexicogramaticais distinti‑
vos da área estudada. Coletamos e analisamos um corpus 
de 1 milhão de palavras da área de Publicidade e desenvolve‑
mos dois tipos de atividades, que envolveram pressupostos 
de ensino variados, de forma a mostrar que atividades com 
corpora podem ser utilizadas independentemente da abor‑
dagem de ensino usada pelo professor. Alguns dos padrões 
estudados e usados nas atividades são: ad spending, ad 
network(s), ad revenue, ad campaign(s), run an ad, launch 
an ad, place an ad e do an ad. As atividades proporcionam 
aos alunos a exploração dos padrões por meio de textos, 
bem como das ferramentas WordSmith Tools, AntConc e do 
concordanciador COCA (Corpus of Contemporary American 
English). Com o uso da Linguística de Corpus em sala de aula, 
objetivamos levar o aluno à reflexão sobre a linguagem e ao 
uso da língua com eficiência, dando‑lhe voz, de forma que o 
ensino possa partir de seus questionamentos sobre esse uso 
e o professor possa agir como um guia e facilitador, ajudan‑
do‑o a encontrar suas respostas e customizando o ensino às 
suas necessidades.
CONTRIBUIÇÕES 
FOUCAULTIANAS PARA 
A POLÍTICA LINGUÍSTICA: PODER 
E DISCURSO EM TELA
CRISTINE GORSKI SEVERO (UFSC)
Resumo de Paper
O  presente trabalho visa explorar, apresentar e discutir as 
possíveis contribuições dos trabalhos de Michel Foucault, 
em especial de sua fase genealógica dedicada ao estudo da 
relação entre poder, discurso e subjetividade, para as refle‑
xões do campo de saber intitulado “Política Linguística”. Para 
tanto, inicialmente, procede‑se a um levantamento dos 
conceitos de política, poder e língua, bem como das meto‑
dologias, que constituem este saber. Na sequência, apresen‑
tam‑se os conceitos foucaultianos de relações de poder e de 
discurso, considerando suas contribuições para o campo a 
partir de uma questão comum a todas as concepções de po‑
líticas linguísticas: Quem planeja o que para quem e como? 
(Cooper, 1989). Com isso, desmembram‑se as reflexões sobre 
as “Políticas Linguísticas” considerando, a partir de um olhar 
foucaultiano, os participantes e instâncias reguladoras dos 
discursos e práticas, o objeto e os sujeitos‑alvos do planeja‑
mento, e as diferentes formas de atuação/intervenção das 
políticas linguísticas. Para tanto, ilustra‑se a discussão com 
dois casos: (i) o multilinguismo na rede digital e (ii) o multi‑
linguismo em contextos pós‑coloniais, em especial na África 
do Sul. Tais casos permitirão refletir sobre a complexidade 
da relação entre línguas, discursos e poder em que estão em 
jogo, respectivamente, (i) a dimensão tecnológica cuja en‑
grenagem de funcionamento é política e opera como instân‑
cia reguladora de discursos e práticas, (ii) a dimensão local de 
uso da língua em que as avaliações e apreciações dos sujei‑
tos envolvidos são basilares para o planejamento linguístico.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 66
OS GÊNEROS POÉTICOS 
NA SALA DE AULA: UM LUGAR 
DE TRAVESSIA E POIÉSIS.
CYNTHIA AGRA DE BRITO NEVES (UNICAMP)
Resumo de Paper
Este trabalho é parte de uma pesquisa de campo realizada 
em salas de aula em dois “lycées” de Grenoble, na França, ao 
longo de 2011. Acompanhei, como pesquisadora‑observado‑
ra, atividades que envolviam a circulação dos gêneros poéti‑
cos em classes do ensino secundário francês, contrastando 
essas dinâmicas com as observadas aqui no Brasil, em dois 
colégios de São Paulo, durante 2010 e 2012. Sob essa pers‑
pectiva, constatei semelhanças e diferenças didáticas no 
ensino de literatura lá e cá, bem como observei heranças e 
influências da pedagogiafrancesa em nosso ensino/aprendi‑
zagem de poesias no Ensino Médio – foco da minha tese de 
doutorado, ainda em andamento. Destaco, contudo, neste 
trabalho, a dificuldade dos professores franceses e brasilei‑
ros em “transpor didaticamente” (Chevallard, 1991) os gêne‑
ros poéticos para a sala de aula, distanciando os alunos do 
“prazer do texto” (Barthes, 2006). Na França, os docentes co‑
bram de seus alunos a “lecture expressive”, isto é, a leitura de 
poesias em voz alta e direcionam essas leituras muitas vezes 
visando à composição do “commentaire composé” – ambas 
exigências do “baccalauréat” (o “bac”). No Brasil, os gêneros 
poéticos são lidos no Ensino Médio em função dos vestibu‑
lares e do ENEM. Tanto em território francês como em terri‑
tório nacional, os gêneros poéticos se encontram fragmen‑
tados em materiais didáticos, engessados em questionários 
estereotipados, cuja atenção se dirige ao aspecto formal do 
poema e à busca pelas figuras de estilo; na classificação de 
Gebara (2002), um tipo de leitura de decodificação ou “leitu‑
ra eferente”. De acordo com a crítica de Petit (2002) e Rouxel 
(2004), o Ensino Médio transformou a leitura em uma práti‑
ca formal, dissecante, longe de desenvolver a sensibilidade 
e/ou a criatividade dos alunos. Acredito, no entanto, que a 
sala de aula deva ser o espaço – e por que não? – da “poié‑
sis”; defendo ainda, um ensino/aprendizagem de poesias 
menos preocupado com a transposição e mais inspirado 
na travessia.
AVALIAÇÃO DE DUAS 
DISCIPLINASDE UM CURSO 
ON‑LINE DE FORMAÇÃO 
DE PROFESSORES
CYNTHIA REGINA FISCHER (IFSP/GEALIN–PUC–SP)
MARIA APARECIDA GAZOTTI VALLIM (FATEC–ZL; FOC)
Resumo de Paper
De acordo com Filatro (2008), como acontece na educação 
presencial, o modelo de aprendizado eletrônico adotado em 
um curso de educação a distância tem “importantes implica‑
ções para os processos de desenho instrucional”. O  motivo 
dessas implicações é a influência da opção por uma deter‑
minada abordagem pedagógica e/ou andragógica que nor‑
teará o design instrucional do curso. Este trabalho tem por 
objetivo analisar o design instrucional de duas disciplinas de 
um curso de Formação Pedagógica para Docentes de Ensino 
Profissional de Nível Médio na modalidade à distancia em 
ambiente digital para quatro polos de educação a distân‑
cia no estado de São Paulo. As disciplinas Fundamentos da 
Didática e Metodologia de Ensino I  e Escola e Currículo fo‑
ram avaliadas com o intuito de criar subsídios para sua re‑
‑elaboração e reaplicação. O  design instrucional em foco é 
analisado à luz das tecnologias adotadas, modelos de apren‑
dizado eletrônico e modelos de design instrucional (FILATRO, 
2008). As  disciplinas foram oferecidas para o segundo mo‑
dulo da primeira turma do curso, com cerca de 200 alunos.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 67
O TRABALHO DE ENSINO 
COM TEXTOS E A IDENTIDADE 
DO PROFESSOR: REFLEXÕES 
SOBRE AS PEDRAS DO CAMINHO
DAIANE DA COSTA BARBOSA (UFAL)
JOSÉ ADAILTON CORTEZ FREIRE (UFAL)
Resumo de Paper
Este trabalho tem por objetivo refletir sobre a visão do pro‑
fessor acerca do processo de leitura, procurando analisar 
como seu trabalho de ensino contribui para a formação da 
identidade profissional. Configura‑se como um ensaio teóri‑
co, qualitativo‑descritivo, motivado pela experiência docen‑
te dos autores, sustentando‑se nos postulados de Geraldi 
(1997), quando afirma que, ao longo da história da educação 
brasileira, foram construindo‑se diferentes identidades so‑
bre a ação de ensinar, a partir da relação entre o conteúdo de 
ensino e o produto da pesquisa científica. São elas: o profes‑
sor enquanto mestre, como transmissor de conhecimentos 
e enquanto controlador da aprendizagem. Observou‑se que 
esta última identidade ainda é muito presente e disputa o 
espaço com a segunda identidade. Entretanto, a primeira, 
o professor enquanto mestre, distancia‑se cada vez mais 
do perfil docente atual. Geraldi sustenta que a presença do 
texto na sala de aula pode desconstruir essa realidade, per‑
mitindo que o trabalho do professor volte a ser o de produtor 
de conhecimentos, configurando‑o como mestre. Contudo, 
tem se percebido que, apesar da presença do texto na sala 
de aula, há muitos casos em que a identidade do professor 
não apresenta mudança significativa, revelando a existên‑
cia de outros aspectos e suas implicações para o proble‑
ma. Os  apontamentos aqui traçados discutem ainda o pa‑
pel do livro didático, enquanto intermediador do trabalho 
de ensino.
GÊNERO E FORMAÇÃO 
DE PROFESSORES DE LÍNGUA 
ESTRANGEIRA MEDIADO 
PELO COMPUTADOR
DANIE MARCELO DE JESUS (UFMT)
Resumo de Paper
O objetivo deste trabalho é investigar as representações de 
alunos do curso de Letras/língua inglesa em um blog educa‑
cional de uma Universidade Federal brasileira. O propósito é 
entender como o tema sobre gênero é apresentado no dis‑
curso dos participantes. O  estudo se insere numa perspec‑
tiva crítica do discurso, apoiado nos estudos sobre gênero e 
sexualidade. A  metodologia de pesquisa é de caráter inter‑
pretativo, e a análise buscou apreender as representações 
discursivas que se materializam nas escolhas linguísticas dos 
usuários do blog. A metodologia de pesquisa é de caráter in‑
terpretativo, e a análise buscou apreender as representações 
discursivas que se materializam nas escolhas linguísticas 
dos usuários do blog. As conclusões apontam que a reflexão 
crítica pode ser uma excelente ferramenta para questionar o 
discurso hegemônico heteronormativo na formação de pro‑
fessores. As conclusões apontam que a reflexão crítica pode 
ser uma excelente ferramenta para questionar o discurso 
hegemônico heteronormativo na formação de professores. 
Esta investigação faz parte de uma série de trabalhos de ca‑
ráter interpretativo a respeito do ensino e da aprendizagem 
de língua no espaço virtual. O enfoque pretendido é enten‑
der com as práticas ciberespaciais podem alterar o dizer e o 
fazer de docentes em serviço e em pré‑serviço envolvidos em 
experiências educativas sob a égide de interações mediadas 
pelo computador. Dos resultados, espera‑se colher subsídios 
que possam auxiliar na discussão da formação de educado‑
res na seara digital.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 68
ENGLISH LANGUAGE TEACHING 
IN VOCATIONAL EDUCATION: 
SOME PEDAGOGICAL PRACTICES
DANIEL DE MELLO FERRAZ (USP)
Resumo de Paper
Vocational (technical/technology) education has been 
emphasized and valued by government´s discourses and 
practices. São Paulo´s Etecs and Fatecs, for example, have 
more than tripled in terms of schools and of students in the 
past decade. According to Fartes, Santos and Gonçalves 
(2010), educational reforms have pointed to recognition 
of vocational education, and the teacher´s professional 
knowledge assumes an important role within this context. 
My  interest is the debate between the technical and the 
critical education which, according to Martins (2000), is 
the great challenge of technical education. I believe this de‑
bate should also be incentivized in contexts other than vo‑
cational education. For this presenation, I briefly introduce 
some theoretical grounding of this work. Then, I  discuss 
some activities that were done in my classes at FATEC as 
attempts to focus on both linguistic enhancement and crit‑
ical awareness (Menezes de Souza and Monte Mór, OCEM, 
2006). In the end I suggest some other activities and some 
articles through a handout.
GÊNEROS DO DISCURSO 
ORAL PÚBLICO: UMA 
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO 
DE UM PROJETO PEDAGÓGICO 
DE APRESENTAÇÕES ORAIS
DANIELA DONEDA MITTELSTADT (UFRGS)
CAROLINE SCHEUER NEVES (PPE ‑ UFRGS)
Resumo de Paper
Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir a pro‑
posta de avaliação de um projeto pedagógico desenvolvido 
em uma turma de português como línguaadicional. O proje‑
to foi desenvolvido na disciplina de Práticas do Discurso Oral, 
cujo foco é a aprendizagem de gêneros do discurso orais pú‑
blicos. Para o desenvolvimento do curso e da sua posterior 
análise, partimos das concepções de projeto pedagógico 
como plano de ação com abertura para possibilidades de en‑
caminhamento e de resolução (BARBOSA, 2004) e de avalia‑
ção como processo contínuo e coerente com o trabalho em 
sala de aula (SCHLATTER; GARCEZ, 2012). O  projeto em foco 
tinha como objetivo o desenvolvimento de uma apresen‑
tação oral com PowerPoint sobre variação linguística para 
ser apresentada para uma turma de uma escola destinada 
à Educação de Jovens e Adultos de Porto Alegre. A avaliação 
mostrou‑se como uma forma de dar aos alunos mais oportu‑
nidades para refletir sobre o seu desempenho, bem como de 
fomentar a discussão sobre quais critérios são importantes 
no planejamento e na realização de uma apresentação oral 
com PowerPoint. Com este trabalho, pretendemos contri‑
buir para a discussão sobre o desenvolvimento de projetos 
envolvendo gêneros orais e o seu processo de avaliação em 
aulas de língua adicional.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 69
O ENSINO DA GRAMÁTICA 
NA SALA DE AULA DE ITALIANO 
COMO LÍNGUA ADICIONAL
DANIELA NORCI SCHROEDER (UFRGS)
Resumo de Paper
O ensino da gramática é um tema fundamental para a didá‑
tica do ensino de línguas. A proposta desta comunicação é 
refletir sobre o modo como trabalhamos as questões gra‑
maticais na sala de aula de italiano como língua adicional 
em contexto brasileiro. A revisão teórica deste estudo parte 
dos conceitos de ensino com foco na forma como propostos 
por Long (1991), Long & Robinson (1997) e Spada (1997, 1999, 
2004). Spada (1997) definiu o tratamento com foco na forma 
como “a ação pedagógica utilizada para chamar a atenção 
dos aprendizes para uma determinada forma linguística de 
modo implícito ou explícito”. Levo em consideração tam‑
bém os documentos oficiais que balizam o ensino de línguas 
em contexto brasileiro, como os Parâmetros Curriculares 
Nacionais – Língua estrangeira (1998) e, mais recentemen‑
te, os Referenciais Curriculares da Secretaria de Educação/
RS: Língua Portuguesa e Literatura, Línguas Estrangeiras 
Modernas – Espanhol e Inglês (2009). A reflexão que propo‑
nho procura questionar os seguintes aspectos: abordagem 
da gramática em sala de aula, maneiras como o profes‑
sor pode inserir o ensino com foco na forma na sua prática 
docente e em que momentos estas ações podem ser mais 
eficientes. Não há como aprender uma língua sem apren‑
der a estrutura desta língua. A  discussão é quando, como 
e porque aprofundar questões gramaticais aos alunos de 
língua adicional.
CENTROS DE AUTOACESSO: UMA 
PROPOSTA PARA CURRÍCULO 
BILÍNGUE A FUNÇÃO DOS 
CENTROS DE AUTOACESSO 
NA APRENDIZAGEM 
DE LÍNGUA INGLESA 
E NO DESENVOLVIMENTO 
DA AUTONOMIA DO APRENDIZ
DANIELE BLOS BOLZAN (UFRGS)
Resumo de Paper
Este trabalho de pesquisa analisa o processo do desen‑
volvimento da autonomia de três alunos da 4ª série do 
Ensino Fundamental de uma escola com currículo bilíngue 
Português / Inglês. Baseando‑se em princípios etnográficos, 
os dados foram gerados durante um trimestre letivo em que 
os alunos participantes frequentaram, semanalmente, nas 
aulas de língua inglesa, centros de autoacesso. O  objeti‑
vo dos centros de autoacesso era proporcionar a interação 
entre os alunos para a co‑construção de diálogos, com ou 
sem a intervenção da professora, tendo em vista os concei‑
tos de teoria sociocultural (Vygotsky, 1984) como mediação, 
internalização, Zona de Desenvolvimento Proximal e scaf‑
folding, a partir da crença de que aprendizagem ocorre na 
performance (Swain & Lapkin, 1998) e princípios das perspec‑
tivas sociocultural I e II de autonomia propostas por Oxford 
(2003). Relato na análise quais foram os critérios utilizados 
por cada participante na escolha do centro a ser trabalhado 
e descrevo sua atuação dentro dos diferentes moldes de ta‑
refas propostas em diferentes etapas, assim como seu papel 
no grupo durante a atividade. Por fim, trago dados acerca 
do background familiar e personalidade dentro e fora dos 
centros, obtidos nas entrevistas com os familiares. Os resul‑
tados mostraram que a partir de um objetivo comum na sala 
de aula, que é a aprendizagem de língua inglesa e mais espe‑
cificamente a construção de diálogos, existe uma negocia‑
ção de papéis (Lantolf, 2000). Há momentos em que aquele 
aluno mais experiente, através da interação, colaboração, 
imitação, experiência compartilhada e pistas, auxilia outros 
menos experientes e momentos em que ele é o auxiliado a 
fim de que aquilo que ele consegue fazer com o auxílio do ou‑
tro em determinada etapa da atividade, consiga fazer com 
maior autonomia no futuro, levando‑o a tornar‑se um usuá‑
rio mais autônomo de segunda língua e a tornar‑se cada vez 
mais responsável pela busca de seu conhecimento.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 70
LA LITERACIDAD CRÍTICA 
EN EL AULA DE E/LE: LA LECTURA 
LITERARIA AUXILIANDO 
EN ESE PROCESO
DANIELE MENDONÇA DE PAULA CHAVES (UFPA)
Resumo de Pôster
Comprendemos que el proceso de aprendizaje de una len‑
gua involucra más que solamente el estudio de las reglas 
estructurales de ese idioma. Así, para el efectivo aprendiza‑
je de un idioma, el individuo no puede ignorar la sociedad 
a que esta lengua esta sometida, ni tampoco sus ideolo‑
gías y estructuración de poder, contribuyendo así para que 
esta persona reflexione sobre la lengua y la sociedad en la 
que esta se presenta. De este modo, la persona es capaz de 
desarrollar también una reflexión crítica en relación a la so‑
ciedad en que esta insertada. En este sentido, la literacidad 
crítica viene contribuir para la construcción de una compre‑
sión e interpretación de la realidad, de uno mismo en cuanto 
miembro de una sociedad y de las prácticas sociales a desa‑
rrollar. Esto nos lleva a plantear las Orientações Curriculares 
(2006) cuando resalta la función social de la enseñanza de 
lenguas extranjeras y la formación y cambio de actitudes 
proporcionadas por el contacto con el otro. Dentro de este 
abordaje, esta investigación propone el uso de la literatura 
en las clases de ELE, principalmente con obras relacionadas a 
la Amazonia, como una manera de desarrollar la literacidad 
crítica en el aprendiente de E/LE en Brasil. Para tanto el basa‑
mento teórico de esta investigación se plasma en el estudio 
de temas como literacidad crítica, lectura literaria, metodo‑
logía de enseñanza, además de análisis de procedimientos 
de comprensión lectora en una lengua extranjera.
POLÍTICAS E PLANEJAMENTO 
DO ENSINO MÉDIO (INTEGRADO 
AO TÉCNICO) E DA LÍNGUA 
ESTRANGEIRA (INGLÊS): 
NA MIRA(GEM) DA POLITECNIA 
E DA INTEGRAÇÃO
DANIELLA DE SOUZA BEZERRA (IFG)
Resumo de Paper
Partindo da hipótese de que a proposta de integração cir‑
cunscrita ao Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
Técnica (EMIEPT) devia implicar de alguma forma em uma 
constituição idiossincrática das dimensões do ensino de 
seus componentes curriculares, recorre‑se à história, aos 
construtos teóricos e às políticas curriculares com vistas 
a apreender como o que é historicizado, almejado e pres‑
crito (deveria) impacta(r) a materialização desse conjunto 
na elaboração da dimensão do planejamento de ensino do 
Componente Curricular Língua Estrangeira–Inglês (CCLEI). 
Para tanto, este estudo se caracteriza como exploratório e 
descritivo (GIL, 1996) e faz uso das pesquisas bibliográfica e 
documental (CELLARD, 2008). No total, são analisados, qua‑
li‑quantitavamente (FLICK, 2009), sessenta e duas matrizes 
curriculares, vinte e dois planos de cursos e quatorze emen‑
tários, os quais foram catalogados nos sítios eletrônicos de 
IFs. Os resultados da análise bibliográficaevidenciam que o 
EMIEPT 1) se singulariza pelos fundamentos oriundos da con‑
cepção de educação omnilateral e politécnica e de escola uni‑
tária baseado no programa de educação de Marx (e Engels) e 
de Gramsci, pelos fundamentos de currículo integrado e pela 
missão de escamotear a dualidade de classes brasileira via 
superação da dualidade histórica entre formação geral e for‑
mação profissional; 2) tem seus fundamentos hibridizados 
no âmbito das recentes políticas curriculares de modo que 
o horizonte da politecnia acaba ficando a cargo das próprias 
instituições que o adotarem e 3) e o CCLEI podem se sincro‑
nizar caso os objetivos linguísticos e instrumentais se con‑
juguem com os objetivos educacionais (específicos) o que 
pode ser feito à luz abordagem de letramento crítico (BRASIL, 
2006) integrada (ou não) às outras abordagens de ensino he‑
gemônicas no Brasil. Já os resultados da análise documental 
mostram que o que é almejado e prescrito para o CCLEI não 
está sendo incorporado pelos planejamentos de ensino.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 71
ABORDAGEM SOCIOLÓGICA 
E COMUNICACIONAL 
DE CURRÍCULOS LATTES: UMA 
AMOSTRA DA CONSTITUIÇÃO 
DAS IDENTIDADES COLETIVAS.
DANIELLE BRITO DA CUNHA (UFRN)
JOÃO PAULO LIMA CUNHA (UFRN)
Resumo de Paper
Os  estudos em ciências humanas, de modo geral, tem se 
pautado em apresentar as múltiplas facetas das identida‑
des em tempos líquidos. Nesse pensamento, a Linguística 
Aplicada (LA) tem se posicionado de forma indisciplinar 
(MOITA LOPES, 2006), frente às identidades, sejam elas indi‑
viduais ou retratos dessa individualidade em identidades co‑
letivas (sociais). Este estudo está inserido nessa problemati‑
zação, mais especificamente, sobre as identidades coletivas 
de sujeitos pesquisadores da linguagem, com alguma for‑
mação em literatura. O  presente trabalho se propõe ao le‑
vantamento e análise dos usos linguísticos na constituição 
das identidades valorizadas e suas implicações para enten‑
der a prática social que reveste o currículo como um discurso 
acadêmico. Ratificando uma LA  autônoma, esta pesquisa 
tem como base teórico‑metodológica a Análise Crítica do 
Discurso (ACD). Contudo, sabendo que essa corrente possui 
diversas abordagens, utilizaremos a Abordagem Sociológica 
e Comunicacional do Discurso (ASCD) dado ao seu foco 
abrangente quanto ao estudo do sujeito e das identidades 
individuais e coletivas. A ASCD utiliza como suporte teórico, 
dentre outros, os estudos sociológicos de Guy Bajoit (2008) 
e os estudos da Linguística Sistêmico‑Funcional. Em nosso 
enfoque, analisamos 10 (dez) currículos lattes de estudiosos 
da literatura de 2 (duas) Instituições Federais – Universidade 
Federal de Sergipe (UFS) e Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte (UFRN). A escolha de apenas um campo do 
saber da linguagem visou, exclusivamente, o cumprimento 
do objetivo do trabalho, sendo assim, não há uma pretensão 
quantitativa, mas um método qualitativo‑interpretativo 
que não se responsabiliza por cálculos em forma de porcen‑
tagem ou probabilidade sobre os textos apurados. Acima 
de tudo, nossa análise demonstrou que é possível conferir 
a presença dessa identidade fragmentada, fluída, mutante 
mesmo em um gênero considerado cristalizado.
ESTUDO SOBRE AULAS 
DE HISTÓRIA COM FOCO NO USO 
DA LÍNGUA ESCRITA
DANUSE PEREIRA VIEIRA (UFRJ)
Resumo de Paper
Nas escolas, costuma‑se atribuir a baixa proficiência em lín‑
gua escrita como responsabilidade do professor de Língua 
Portuguesa. Com base no quadro teórico proposto por 
Bakhtin, Vygotsky, Wittgenstein e Fairclough, que aponta 
para a linguagem como prática social e para o uso socioin‑
teracional do discurso e do ensino, refleti, durante minha 
pesquisa de mestrado, o papel e o uso da leitura e escrita 
em duas diferentes classes de História de uma escola pú‑
blica. Certamente, ao optar por esse campo de pesquisa, 
deparei‑me com questões que nos levam a pensar sobre o 
letramento do aprendiz, em como tornar o ensino mais sig‑
nificativo, para que este possibilite o aluno atuar no meio 
social de forma mais crítica e reflexiva. Colocando‑me como 
pesquisadora, não quis indicar modelos a serem seguidos, 
nem tampouco uma forma correta ou errada de atuação do‑
cente, não trabalhei sobre esta dicotomia, nem quis provar 
hipóteses. No entanto, o estudo possibilitou‑me sublinhar a 
necessidade de se colocar a linguagem como elemento cen‑
tral no processo educacional. O objetivo nesta comunicação 
é dividir o resultado de minha pesquisa e refletir o uso do par 
leitura–escrita operando como ferramenta de (re)constru‑
ção do mundo e de letramento escolar.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 72
IRONIA: DOU MINHA PALAVRA!
DARCILIA MARINDIR PINTO SIMOES (UERJ /CNPQ)
Resumo de Paper
Entende‑se que o trabalho com o léxico não tem sido pres‑
tigiado suficientemente nas classes de língua portugue‑
sa. Por isso vimos desenvolvendo uma pesquisa destinada 
a demonstrar a importância da seleção lexical adequada, 
como garantia para a consecução do projeto comunicati‑
vo subjacente ao texto. Para demonstrar sumariamente o 
processo de investigação, esta comunicação se constituirá 
da seguinte forma: 1) Explanação da meta da pesquisa que 
é um estudo do semântico‑estilístico do léxico na produção 
de efeitos irônicos nos textos. 2) Base teórica na iconicidade 
verbal e na perspectiva lexicogramatical, com apoio digital. 
3) Articulação entre a base teórica e a constituição técnica 
da ironia. 4) Demonstração da proposta de análise em pe‑
ças textuais. 5) Considerações finais sobre a possibilidade 
de aplicação das respostas obtidas na orientação discente 
de leitura e produção textual. Partindo da premissa de que 
a base representativo‑expressional dos textos tem no plano 
lexicogramatical seu arcabouço semântico‑estilístico, vi‑
mos fazendo levantamentos auxiliados pela ferramenta do 
WordSmith Tools que, em seguida, são discutidos com su‑
porte na ferramenta de em que seus cotextos são observa‑
dos, para identificar valores e funções semântico‑estilísticas 
orientadas para a construção da ironia. Essa pesquisa o obje‑
tivo de subsidiar estratégias didático‑pedagógicas relativas 
à leitura e à produção de textos, inicialmente, no ensino su‑
perior, mas com vista a sua expansão para os outros níveis 
de ensino.
OS CURSOS DE LETRAS APÓS 
A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA 
DA “ERA LULA”: MAPEAMENTO 
E RUMOS
DAVID JOSÉ DE ANDRADE SILVA (UFPR)
Resumo de Paper
A  política expansionista universitária iniciada na primeira 
gestão do ex‑presidente Luís Inácio Lula da Silva com o pro‑
jeto “Expandir” e o programa de Reestruturação e Expansão 
Universitária – REUNI marcou um salto de ampliação de va‑
gas federais no ensino superior e o sonhado acesso das po‑
pulações interioranas à universidade. Contudo, a deflagra‑
ção de greves nas Instituições Federais de Ensino Superior – 
IFES desde de 2011 tem exposto pontos frágeis na política do 
Ministério da Educação no que concerne à qualidade do tra‑
balho docente e, consequentemente, à atividades de ensi‑
no, pesquisa e extensão que propiciem aos estudantes uma 
educação plena. Relacionado à este cenário macro, as ins‑
tâncias deliberativas das IFES também possuem grande par‑
cela de responsabilidade no processo decisório de apoio às 
políticas do MEC e na execução dos projetos que submetem 
para receber os recursos e implantar as metas pactuadas. 
O presente trabalho objetiva centrar as discussões sobre o 
eixo ensino nesse processo de expansão, considerando que 
é a primeira representação do ensino universitário para a so‑
ciedade pela idealização profissional almejada nos cursos de 
graduação. Assim, serão apresentados dados relativos aos 
cursos de Letras criados a partir de 2003 nas IFES, incluindo 
perfil, condições de oferta, corpo docente e vagas discentes. 
Será dadaênfase aos cursos de formação de professores, em 
especial os de Língua Inglesa. A metodologia apoiar‑se‑á na 
busca virtual de documentos fornecidos pelas instituições 
e outros canais oficiais do MEC que produzem dados para o 
tema em pauta. A fundamentação teórica se embasará nas 
discussões sobre: política linguística, de Rajagopalan (2003, 
2005, 2006); formação de professores, de Saviani (2009); for‑
mação de professores de línguas, de Celani (2008), Almeida 
Filho (2008) e Paiva (2003, 2004, 2005).
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 73
CRENÇAS NO PROCESSO 
DE ENSINO‑APRENDIZAGEM 
DE ESPANHOL COMO 
LÍNGUA ESTRANGEIRA 
(ELE) A BRASILEIROS: UMA 
ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA 
DA FONOLOGIA DE USO
DAVIDSON MARTINS VIANA ALVES (UFRJ)
Resumo de Pôster
O presente trabalho faz parte do projeto de pesquisa deno‑
minado: Análise do Processo de Ensino/Aprendizagem de 
Línguas Estrangeiras a Brasileiros – Problemas de Sotaque e 
de Pronúncia, que, de certo modo, tangencia o tema da in‑
clusão/exclusão social por meio da linguagem e objetiva dis‑
cutir o ensino de Espanhol como língua estrangeira (ELE) sob 
aspectos fonético‑fonológicos. Nesse processo, os conceitos 
de prestígio e de estigma, variantes padrão e não‑padrão, 
pronúncia popular e standard são fortemente evidenciados. 
Parte‑se do ponto de vista preconizado por Labov (2008) 
(trad. BAGNO, M. apud CALVET (2002) [trad. MARCIONILO, M.]) 
de que o objeto de estudo da linguística não é apenas uma 
língua em particular ou várias línguas, mas a comunidade 
social vista também sob seu aspecto linguístico. No que tan‑
ge à evolução fonética das consoantes espanholas sabe‑se 
que durante o século XV  já eram perceptíveis notáveis mu‑
danças fonéticas relacionadas ao uso e a significativos ele‑
mentos extralinguísticos. Entretanto, como a língua nun‑
ca interrompe seu fluxo de funções e nem deixa de evoluir, 
outros fatos linguísticos também atuaram diretamente no 
sistema e seus efeitos se fizeram sentir, como o que ocorreu 
com as três sibilantes do espanhol do século XVI que se con‑
centravam em um espaço articulatório reduzido, pelo seu 
contraste fonético ser pequeno. Nessa perspectiva cita‑se 
Bybee (2001a), que relaciona a produtividade de um padrão 
a sua frequência de tipo e de ocorrência, vinculando‑a aos 
propósitos comunicativos do falante e a sua competência 
pragmática. Por fim, busca‑se entender a sistematização 
de determinados modos de falar, bem como a construção 
de uma imagem identitária dos falantes de Espanhol como 
Língua Estrangeira.
CYBER LOVE: A REPRESENTAÇÃO 
DE IDENTIDADES MASCULINAS 
EM SITES BRASILEIROS 
DE RELACIONAMENTO
DEBORA DE CARVALHO FIGUEIREDO (UFSC)
Resumo de Paper
Segundo van Leeuwen (2008), todas as representações do 
mundo e do que nele ocorre, sejam elas mais ou menos abs‑
tratas, devem ser interpretadas como representações (ou 
recontextualizações) de práticas sociais. Nessa linha, utilizo 
o marco analítico para a análise do discurso de viés crítico 
proposto por esse autor, assim como os preceitos da Análise 
Crítica de Discurso e da Linguística Sistêmico‑Funcional, 
para discutir a recontextualização midiática de elementos 
chave de uma prática social particular, a busca de uma par‑
ceira amorosa – seus atores, seus papeis e identidades; as 
ações das quais participam e com que estilos performáticos; 
os cenários de atuação, as relações de tempo‑espaço, etc. 
Minha análise também explora, a partir de uma perspecti‑
va das ciências sociais críticas, as conexões entre identida‑
de e consumo, ou o que Bauman (2008) chama de fetichis‑
mo da subjetividade: a representação dos sujeitos sociais 
como produtos que estabelecem relações comerciais entre 
si. Mais especificamente, investigo como homens usuários 
de sites de relacionamento recontextualizam a prática so‑
cial da “busca amorosa” em um gênero discursivo particular: 
os perfis construídos por usuários de três sites de relacio‑
namento disponíveis no Brasil – Badoo, Par Perfeito e POF 
(Plenty of Fish). Como esse trabalho faz parte de um projeto 
de pesquisa em andamento, ainda não há resultados finais a 
serem apresentados.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 74
CRÍTICA TEXTUAL, LIVRO 
DIDÁTICO E ENSINO: UMA 
ABORDAGEM FILOLÓGICA
DÉBORA DE SOUZA (UFBA)
WILLIANE SILVA COROA (UFBA)
Resumo de Paper
A Crítica Textual, atividade de restituição dos textos, é uma 
vertente da prática filológica. Entre uma das preocupações 
da Crítica Textual está a elaboração de normas editoriais que 
devem ser utilizadas em transcrições de textos (principal‑
mente literários) para espaços outros (incluindo‑se os livros 
didáticos). Observando‑se que, em geral, as casas publica‑
doras brasileiras geralmente não preservam a integridade 
do texto e que os textos transcritos para os livros didáticos 
apresentam problemas como supressão de trechos, por 
exemplo, propõe‑se, neste trabalho, observar como tex‑
tos literários aparecem em livros didáticos, de modo geral, 
adotando como fundamentação teórico‑metodológica os 
pressupostos da Crítica Textual em que se tem como objeti‑
vo principal a edição e a interpretação de textos. Nessa pers‑
pectiva, observa‑se a importância de uma prática editorial 
voltada, sobretudo, para o estabelecimento de textos em li‑
vros didáticos, a partir de critérios filológicos, levando‑se em 
consideração, por um lado, a necessidade de preservação e 
de transmissão daqueles, e por outro, a responsabilidade e o 
compromisso da escola na formação de cidadãos competen‑
tes. Nesse sentido, desenvolve‑se uma análise do processo 
de transmissão de alguns textos literários apresentados em 
livros didáticos, o que permite fazer uma leitura de que tex‑
tos são oferecidos aos alunos, e de que maneira os mesmos 
estão expostos.
O CAMPO PROFISSIONAL DOS 
EGRESSOS DE LICENCIATURA 
EM LÍNGUA INGLESA NA CIDADE 
DE BELO HORIZONTE – UMA 
DESCRIÇÃO POSSÍVEL
DÉBORA FERNANDES DE MIRANDA (UFMG)
Resumo de Paper
O  objetivo desta comunicação é apresentar os resultados 
parciais de uma pesquisa de doutorado sobre o valor do 
diploma de licenciatura em inglês no contexto contempo‑
râneo, marcado pela massificação do ensino e pela desva‑
lorização da profissão docente (DURU‑BELLAT, 2006; GATTI, 
BARRETO, 2009). Para o desenvolvimento da pesquisa, foi 
necessário traçar um cenário do principal campo profissio‑
nal dos professores de inglês em Belo Horizonte: escolas 
públicas, escolas particulares e cursos de idiomas. Para isso, 
quatro diretores de cada um desses campos escolares foram 
entrevistados e questionados sobre os seguintes assuntos: 
a) o valor do ensino de inglês nas instituições; b) o trabalho 
do professor de inglês; e c) o perfil do professor de língua in‑
glesa. O que se evidencia nos depoimentos dos diretores das 
escolas públicas é a distância entre o que seria ideal e o que 
de fato ocorre nas aulas não somente de língua inglesa, mas 
também de todas as disciplinas. Fatores como indisciplina e 
desinteresse por parte dos alunos tornam o ambiente bas‑
tante desafiador para os docentes, que têm adoecido e se 
ausentado mais. Nas escolas particulares, os depoimentos 
indicam que o valor e a eficiência da disciplina estão dire‑
tamente relacionados aos objetivos do ensino de inglês na 
escola pesquisada. Quanto mais difusos, menor o valor da 
disciplina, mais difícil o trabalho e maior rotatividade de 
professores. Quanto mais bem definidos, melhor o ensino, 
melhor o desempenho dos alunos, maior valorização da 
matéria e permanência prolongada do mesmo professor na 
escola. Por meio do depoimento dos coordenadores, é possí‑
vel afirmar que a licenciatura em inglês possui importância 
apenas relativa quando a questão é a seleção de professores 
para cursos livres. O requisito imprescindível continua sendo 
a proficiência no idioma. Porém, a tendência nessecampo é 
o surgimento de mais professores não só fluentes no idioma, 
mas também formados ou cursando Letras.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 75
O PROFISSIONAL DO ENSINO 
DE LÍNGUA INGLESA E O SEU 
OBJETO DE ENSINO: “DO YOU 
KNOW WHAT I MEAN?”
DEBORA I. BALSEMÃO OSS (UNISINOS)
Resumo de Paper
Este estudo qualitativo interpretativista tem por referência a 
pesquisa na área da formação de professores de segunda lín‑
gua (L2) e aspira à melhoria da qualidade de ensino como um 
todo. De  natureza reivindicatória / participatória (Creswell, 
2010), os procedimentos investigativos comtemplam a voz 
do professor de língua inglesa que atua no ensino médio 
da educação básica brasileira, através das suas narrativas 
autobiográficas (Paiva, 2009; Kalaja, Menezes e Barcelos, 
2008; Bruner, 2004; Johnson e Golombek, 2002; Connelly e 
Clandinin, 1990) e das relações possíveis de serem depreen‑
didas a partir da análise dos dados gerados por estes profis‑
sionais, pelo pesquisador (Borg, 2006; Clandinin e Connelly, 
2000; Freeman, 1998; Moen, 2006; Pavlenko, 2007; Rabelo, 
2011). O  estudo abraça elementos especificamente relacio‑
nados à cognição dos professores (Borg, 2009, 2006 e 2003) 
para proporcionar a elevação da consciência dos participan‑
tes do estudo – inclusive a do próprio pesquisador – com vis‑
tas a uma formação coerente com o papel que o professor 
de L2 do ensino médio pode desempenhar na formação dos 
jovens. Idealmente, uma formação que vislumbre coerência 
com as necessidades intelectuais e técnicas da formação de 
nossos jovens e que abra espaços educacionais que contem‑
plem a diversidade de interesses da parcela jovem da popu‑
lação brasileira, pode contribuir com a promoção de ações 
sociopolíticas necessárias para a ampliação de opções dos 
jovens egressos deste nível escolar (Schwartzman, 2010; 
Castro, Barros, Ito‑Adler e Schwartzman, 2012).
A TRADUÇÃO REPRESENTADA: 
UMA ANÁLISE DE QUESTÕES 
TRADUTÓRIAS A PARTIR 
DA RELAÇÃO ENTRE 
REPRESENTAÇÕES COGNITIVAS, 
SOCIAIS E PÚBLICAS 
DE TRADUTORES EM FORMAÇÃO
DÉBORA MENDES NETO (UFOP)
Resumo de Paper
Este estudo apresenta os resultados parciais de uma pesqui‑
sa em andamento que objetiva realizar uma análise acerca 
de questões tradutórias – definição de tradução, competên‑
cias necessárias à atividade tradutória, papel e status do tra‑
dutor e da tradução na sociedade – a partir da identificação 
e análise das representações dessas questões por tradutores 
em formação. Baseando‑se nos conceitos apresentados pela 
Teoria da Relevância (Sperber& Wilson, 1986/1995), procu‑
ra‑se verificar até que ponto as representações enunciadas 
por tradutores em formação são observadas nas práticas 
tradutórias e o nível de consciência desses aprendizes sobre 
o papel de tais representações na formação de representa‑
ções públicas e no reforço de determinados estereótipos 
culturais sobre o tradutor e a tradução. A  pesquisa tem 
como outros referenciais teóricos Alves (1996), Gutt (2000), 
Sperber (2001) e Gonçalves (2006) que, utilizando a Teoria 
da Relevância, trazem valiosas contribuições para o entendi‑
mento de questões cognitivas pertinentes à tradução; além 
do aporte de Moscovisci (2000) e Charaudeau (2006), que 
nos permitirão uma reflexão sob o ponto de vista sociodis‑
cursivo das representações analisadas. A metodologia cons‑
ta de: a) aplicação de um questionário prospectivo, para pa‑
dronização do perfil dos informantes; b) realização de uma 
atividade tradutória com auxílio dos programas Translog e 
Camtasia, que possibilitam a documentação das ações dos 
tradutores; e c) uso de protocolos retrospectivos que, por 
meio dos comentários sobre as ações documentadas, nos 
permitirão a análise de possíveis relações entre representa‑
ções explícitas e as tomadas de decisão em determinadas 
passagens da tarefa de tradução. Espera‑se encontrar atra‑
vés das análises dos registros, marcas implícitas e explícitas 
de representações mentais que refletirão representações so‑
ciais a respeito da problemática da tradução, que contribui‑
rão para aprofundar questões teóricas e didático‑pedagógi‑
cas na formação do tradutor.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 76
O POTENCIAL DA PLATAFORMA 
GALANET PARA PRÁTICAS 
ESCOLARES DE LÍNGUA 
ESTRANGEIRA E MATERNA
DÉBORA SECOLIM COSER (UNICAMP)
Resumo de Paper
O  objetivo dessa comunicação é discutir o papel da inter‑
compreensão entre línguas próximas como potencial ideal 
para a aprendizagem tanto de língua estrangeira como de 
língua materna. A partir de postulados correntes sobre mul‑
tiletramentos na literatura pertinente à linguística aplica‑
da, parte‑se para a análise de um contexto específico que 
fomentaria essas práticas na escola: o uso da plataforma 
Galanet. Essa plataforma emprega a heterogeneidade e a 
pluralidade das práticas sociais contemporâneas de leitura 
e escrita por meio da multiplicidade de linguagens, semioses 
e mídias nos textos multimodais que nela circulam, e tam‑
bém pela pluralidade e diversidade cultural experenciadas 
pelos usuários nas interações plurilíngues. O  estudo dos 
ambientes de comunicação mediada por computador da 
plataforma busca demonstrar que nos encontros intercultu‑
rais promovidos pelo Galanet o ato de aprender e/ou ensinar 
uma língua no contato com o outro torna‑se um exercício 
reflexivo, despertando interesses metalinguísticos nos inte‑
ractantes. Destaca‑se, ainda, o refinamento de capacidades 
discursivas necessárias para o sucesso em eventos interati‑
vos, tais como as de detectar mal‑entendidos e colocar‑se hi‑
poteticamente no lugar do outro durante a interaçãO, capa‑
cidades essas que o processo educional tradicional busca de‑
senvolver nos alunos por meios ultrapassados. Defende‑se 
que o uso de plataformas que visam a intercompreensão em 
contextos plurilíngues, como é o caso da Galanet, pode ser 
pensado tambem como caminho para um novo letramen‑
to que teria impactos qualitativos no ensino de português 
nas escolas brasileiras, levando‑se em conta contextos reais 
de aprendizagem e práticas transculturais que os alunos já 
desenvolvem no seu cotidiano às margens do conteúdo que 
lhes é passado na escola.
O CORPO DIFERENTE 
EM NARRATIVAS DE SUPERAÇÃO
DEBORA SOARES PESSOA (UFV)
Resumo de Pôster
O  corpo concebido como um constructo histórico, social e 
cultural, meio pelo qual a sociedade se expressa e se cons‑
titui no mundo (BUTLER,2008), muitas vezes acaba sendo 
docilizado, controlado, disciplinado pelas estruturas e insti‑
tuições (FOUCAULT,1987). O culto ao corpo perfeito se tornou 
quase uma obrigação, e o corpo que é marcado, de algum 
modo, pela deficiência ou diferença (o corpo diferente) é, 
muitas vezes, marginalizado, silenciado e ocultado pelas mí‑
dias. O  discurso como modo de ação e interação é o meio 
pelo qual os indivíduos podem agir e se posicionar sócio‑
‑historicamente no mundo (FAIRCLOUGH,2003). As  práticas 
discursivas, ao contribuírem para a construção, reprodução, 
contestação e reestruturação das identidades sociais e po‑
sições do sujeito (FAIRCLOUGH,2001), por um lado, reprodu‑
zem a sociedade, mas por outro, possibilitam o indivíduo a 
transformá‑la socialmente. Assim, as pessoas que passaram 
por uma situação, acidente ou doença, que modificou em 
algum aspecto o seu corpo, ao relatarem suas experiências, 
resignificam e reconstroem suas identidades e crenças por 
meio do discurso. O presente trabalho tem por objetivo prin‑
cipal promover reflexões acerca de como o corpo diferente é 
representado no gênero situacional narrativa de superação à 
luz da Análise do Discurso Crítica. O corpus é constituído por 
dez narrativas midiáticas, extraídas do Portal da Superação, 
produzido para a novela Viver a Vida, da emissora de tele‑
visão Rede Globo. Para a análise das narrativas, utilizou‑se 
o Sistema de Transitividade(HALLIDY & MATHIESSEN,2004). 
A  análise discursivo‑crítica nos permite compreender me‑
lhor o diferente, além de possibilitar‑nos analisar as relações 
de poder que são mantidas ou desafiadas, as ideologias evi‑
denciadas no texto e as mudanças sociais que podem resul‑
tar do poder constitutivo e ideológico do discurso.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 77
PARCERIA DA EDUCAÇÃO 
CONTINUADA E A INICIAL: 
ENSINO E APRENDIZAGEM
DEISE PRINA DUTRA (UFMG)
MATEUS EMERSON DE SOUZA MIRANDA (UFMG)
Resumo de Pôster
O  ensino de línguas requer um profissional crítico e reflexi‑
vo e, para isso, é preciso que a formação inicial contribua de 
forma significativa, preparando os futuros profissionais com 
autonomia e atitude investigativa (Gimenez e Cristóvão, 
2004). Nesse sentido, o projeto de educação continuada que 
participamos também oferece aos alunos da graduação, a 
oportunidade de contato com os professores‑alunos (pro‑
fessores de inglês da rede pública de ensino), envolvendo‑os 
com a realidade educacional dos participantes e, assim, pre‑
parando‑os para o exercício da docência. Para os alunos de 
graduação este é um momento para serem expostos às dis‑
cussões metodológicas e à prática reflexiva (Dutra e Mello, 
2004). Desta forma, o objetivo desta pesquisa é investigar 
a) o papel do projeto de formação continuada na formação 
inicial dos alunos do curso de Letras em seus processos de 
desenvolvimento da identidade como professores, e b) como 
os professores‑alunos entendem sua colaboração na forma‑
ção inicial dos monitores. Os dados foram coletados através 
de narrativas escritas pelos alunos da graduação, atuais e 
ex‑monitores, e questionários respondidos pelos profes‑
sores‑alunos do projeto. Inicialmente, verificamos que o 
Projeto proporciona aos graduandos maior segurança para 
atuação em sala e conhecimento de novas técnicas de ensi‑
no baseadas nos textos teóricos indicados pelo projeto, des‑
tacando‑se a importância de basear a prática nas reflexões 
propostas pela Linguística Aplicada. Os  professores‑alunos 
consideram o contato com os graduandos fundamental, e 
acreditam colaborar para a construção do perfil profissional 
dos alunos em formação inicial. A experiência em um progra‑
ma de educação continuada proporciona a reflexão sobre os 
processos de ensinar e aprender línguas e colabora com o 
desenvolvimento profissional durante o curso de graduação, 
envolvendo os alunos de graduação com a realidade educa‑
cional fora da universidade.
MÉTODOS RECONSTRUTIVOS 
NA PESQUISA EM ENSINO 
DE LÍNGUAS: MÉTODO 
DOCUMENTÁRIO E ANÁLISE 
DA CONVERSA
DENISE GISELE DE BRITTO DAMASCO (UNB)
Resumo de Paper
Essa comunicação apresenta o referencial teórico‑meto‑
dológico de uma pesquisa de doutorado da Faculdade de 
Educação da Universidade de Brasília que aborda dois eixos: 
juventude e língua estrangeira. Aproxima‑se do campo da 
linguagem, pois tratar de língua estrangeira significa tratar 
de linguagem e língua. Pretende‑se conhecer o/a jovem es‑
tudante e a/o jovem professor/a da rede pública do Distrito 
Federal que se encontra em escolas específicas de idiomas 
e entender suas visões de mundo e seu universo. Como 
percurso metodológico utilizou‑se métodos reconstruti‑
vos de análise de dados qualitativos, a saber: a) o Método 
Documentário de Ralf Bohnsack na análise de entrevistas 
em grupos de discussão com jovens estudantes e jovens 
professores/as de língua estrangeira, cujas bases estão na 
Sociologia do Conhecimento de Karl Mannheim e b) Análise 
da Conversa, que se encontra ancorada na Etnometodologia 
e na Sociolinguística Interacional, a partir de Garfinkel, 
Traverso e Marcuschi. O Método Documentário e a Análise 
da Conversa oferecem aportes teórico‑metodológicos para 
realizar pesquisas no âmbito dos estudos das práticas so‑
ciais, dentre as quais pesquisas educacionais. Pretende‑se 
apresentar como instrumento de coletas de dados o grupo 
de discussão a partir de Bohnsack e Weller. Mesmo ciente de 
que no Brasil, há uma tendência para utilizar o grupo focal 
em pesquisas qualitativas educacionais, optou‑se pelo gru‑
po de discussão, pois o mesmo favorece a interação entre os/
as participantes e a compreensão das orientações coletivas 
que surgem dessa interação. Pretende‑se apresentar um 
exercício metodológico realizado com jovens estudantes de 
línguas do Distrito Federal durante esta pesquisa doutoral.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 78
OBJETO(S) DE ENSINO 
DE LÍNGUA PORTUGUESA 
NOS DOCUMENTOS 
PARAMETRIZADORES DE ENSINO 
MÉDIO E SUA FILIAÇÃO TEÓRICA: 
DEFINIÇÕES E IMPLICAÇÕES 
PARA A FORMAÇÃO DOCENTE
DENISE LINO DE ARAÚJO (UFCG)
Resumo de Paper
A  expressão objeto(s) de ensino tem sido usada recorren‑
temente na área de Linguística Aplicada, todavia carece 
ainda de uma revisão sistemática capaz de apontar os sen‑
tidos que lhe tem sido imputados. Este trabalho se vincula 
a uma pesquisa mais ampla na qual se buscou realizar um 
esboço do estado da arte sobre essa expressão, tendo como 
escopo os documentos nacionais parametrizadores do en‑
sino médio. Para este trabalho especificamente, apresen‑
tamos a noção de objeto de ensino tal como aparece nas 
Orientações Curriculares para o Ensino Médio (Brasil, 2006) 
e nos Fundamentos Teóricos Metodológicos do ENEM e cor‑
relacionamos um dos objetos – escrita – à filiação teórica es‑
boçada, tendo em vista realizar uma reflexão sobre o efeito 
retroativo desses documentos na formação de professores 
de português como língua materna. Este trabalho se funda‑
menta no paradigma interpretativo, apoiando‑se na teoria 
da complexidade, que nos permite realizar uma (re)leitura 
da noção de objeto de ensino, tal como proposta pela escola 
de Genebra (Dolz, Gagnon e Decândio, 2010). Trabalhamos 
na pesquisa como com dados bibliográficos entendidos 
como documentos/monumentos (Le  Goff 1997), recolhidos 
dos documentos parametrizadores citados. Os  resultados 
ainda em andamento apontam que não há definição do 
conceito objeto de ensino nos documentos, muito embora 
vários objetos sejam apresentados, nem sempre os mesmos. 
A  filiação teórica ora faz apagar determinados objetos ora 
faz surgir outros. Este quadro nos parece potencialmente 
crítico pelo efeito retroativo (SCARAMUCCI 2004) causado 
no ensino médio e na formação docente. As principais con‑
tribuições deste trabalho situam‑se na articulação de uma 
proposta, em fase de construção, de leitura crítica dos do‑
cumentos parametrizadores na formação de professores de 
português como língua materna.
LÍNGUA E CULTURA 
NO ENSINO‑APRENDIZAGEM 
DE PORTUGUÊS 
LÍNGUA ESTRANGEIRA
DENISE MARIA OLIVEIRA ZOGHBI (UFBA)
Resumo de Paper
A partir da década de sessenta, o ensino de língua estrangei‑
ra ou segunda língua direcionou‑se para uma visão comu‑
nicativa (HYMES, 1994). Neste tipo de abordagem, o aluno 
passa a ser treinado para usar estratégias de comunicação 
e analisar o seu próprio discurso, familiarizando‑se com a 
realidade cultural a qual está sendo exposto. A  aprendiza‑
gem de uma língua estrangeira/segunda língua implica na 
assimilação de uma nova cultura, segundo Ferreira (1998) ou 
como defende Brown(1987, p.128): “a aprendizagem de uma 
segunda língua, em alguns aspectos, envolve a aquisição de 
uma segunda identidade”. Acredita‑se que, trabalhando de 
modo mais enfático o envolvimento entre língua e cultura 
dentro e fora da sala de aula, é possível que o aluno venha 
a produzir uma forma mais eficiente de comunicação em 
circunstâncias reais de uso, favorecendo a construção do 
significado, de identidades sociais e o desenvolvimento de 
um conhecimento compartilhado, procurando ajudar o 
aprendiz de LE a desenvolver um senso crítico sobre língua 
e cultura e a se comunicar apropriadamente na língua‑alvo. 
Em  uma perspectiva interculturalista, argumenta‑se afa‑
vor da valorização do saber cultural do aprendiz através da 
aquisição da cultura estrangeira, a partir do conhecimento 
da língua e da cultura maternas. Legitimando esta posição, 
Kramsch (2000) afirma que o entendimento de uma cultura 
estrangeira requer a colocação desta em relação com a nati‑
va, apresentando uma maneira de pensar mais cuidada so‑
bre a cultura alvo e a de origem. O professor que adota uma 
posição interculturalista passa a ser definido como um edu‑
cador consciente que constrói o conhecimento junto com o 
aluno, despertando o seu senso crítico e contribuindo para o 
seu crescimento como pessoa.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 79
LETRAMENTOS NA SOCIEDADE 
CONTEMPORÂNEA: 
DIVERSIDADES E ALTERIDADES 
NO ENSINO E APRENDIZAGEM 
DE LEM ENTRE ALUNOS DE EJA
DENISE SILVA PAES LANDIM (USP)
Resumo de Paper
A finalidade do trabalho é apresentar a investigação realiza‑
da como pesquisa de mestrado sobre as relações de diversi‑
dade e alteridade no processo de ensino e aprendizagem de 
Língua Inglesa entre alunos de Ensino de Jovens e Adultos. 
A  pesquisa qualitativa de cunho etnográfico adotou como 
procedimento a observação de aulas de língua inglesa de 
duas professoras em duas escolas municipais em bairros 
da periferia da cidade de São Paulo. Além da observação de 
aulas, ocorrida entre os meses de setembro a novembro de 
2012, as duas professoras e alguns alunos participaram de 
entrevistas semi‑abertas e aplicaram‑se questionários im‑
pressos e online. Com a fundamentação teórica dos estu‑
dos de novos letramentos e multiletramentos (Lankshear, 
Knobel, Gee, Freebody, Luke, Cope, Kalantzis, Lemke, entre 
outros) preconizam‑se ensinos e aprendizagens de letra‑
mentos no contexto das transformações sociais, linguísticas 
e cognitivas advindas do desenvolvimento da sociedade glo‑
balizada e em rede (Castells). Entende‑se que os letramen‑
tos apropriados para o mundo contemporâneo contemplem 
a variedade e a diversidade de linguagens, discursos, repre‑
sentações e culturas que as novas tecnologias e a globaliza‑
ção têm proporcionado às pessoas. Nessa variedade e diver‑
sidade, encontram‑se múltiplas possibilidades de alteridade, 
elemento constitutivo de identidades. Nesse sentido, acre‑
dita‑se que o emprego dos multiletramentos pode capacitar 
os alunos a alcançar os objetivos da educação contemporâ‑
nea: criar acesso à linguagem – sempre em mudança – do 
trabalho, ao poder e à comunidade, apoiando o engajamen‑
to crítico para que se planejem futuros sociais. O  tema se 
mostra relevante por proporcionar a reflexão diante da cons‑
tatação de que os alunos investigados compõem um grupo 
de indivíduos a que diversos bens simbólicos, econômicos e 
culturais, como a própria escolarização, foram restritos. Tal 
situação se torna ainda mais complexa no contexto das de‑
mandas da sociedade em rede e globalizada.
CRENÇAS E EMOÇÕES 
DE PROFESSORES DE INGLÊS 
EM SERVIÇO
DENIZE DINAMARQUE DA SILVA (UFV)
Resumo de Pôster
Há cada vez mais trabalhos sendo realizados no Brasil sobre 
crenças e emoções no ensino e aprendizagem de línguas 
(Barcelos e Coelho, 2010; Aragão, 2005, 2008; Mastrella, 
2002; Mastrella‑de Andrade 2012). Sabe‑se que as crenças 
são co‑construídas e resultantes das nossas experiências 
e da interação social (Barcelos, 2006), estando intrinsica‑
mente relacionadas de maneira complexa com a agência do 
aprendiz, e do professor e com ações que ora facilitam ou di‑
ficultam aprendizagem ou ensino de uma língua estrangeira. 
Da mesma forma, a emoção está presente na sala de aula de 
línguas (Wright, 2006; Aragão, 2005, 2008), já que a motiva‑
ção está ligada ao domínio emocional. O presente trabalho 
busca estabelecer uma correlação entre crenças e emoções 
de professores. Utilizando questionários semiabertos e en‑
trevistas narrativas gravadas, este estudo, em andamento, 
procura identificar as crenças e emoções de professores de 
inglês em serviço e compreender a relação dessas com sua 
prática, bem como investigar o que esses professores de in‑
glês acreditam e sentem sobre suas práticas atuais de ensi‑
no da língua e como essas crenças e emoções se relacionam. 
Trata‑se de um estudo qualitativo de cunho exploratório e 
descritivo que conta com a participação de 12 professores de 
inglês em serviço de escolas públicas de uma cidade da Zona 
da Mata de Minas Gerais.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 80
NAVEGANDO CONTRA A MARÉ: 
UMA ANÁLISE DISCURSIVA 
DE DIZERES SOBRE A (NÃO)
ADESÃO ÀS REDES SOCIAIS
DEUSA MARIA DE SOUZA PINHEIRO PASSOS (USP)
Resumo de Paper
A  popularidade das redes sociais, no Brasil, medida, princi‑
palmente, pelo crescimento acelerado do número de inter‑
nautas adeptos dos vários sites disponíveis, em especial, o 
Facebook, reflete o alcance desses meios de comunicação e 
sua pertinência para a configuração das formas de interação 
humana. Os  brasileiros, em especial, ocupam um dos pri‑
meiros lugares no rol dos usuários mais integrados e fami‑
liarizados com o meio, no qual celebram diariamente uma 
existência “faceboqueana”, alimentando, com disciplina 
quase inabalável, essa dimensão da sua identidade, afetada, 
em sua constituição, pelos efeitos discursivos de sua relação 
com a sociedade na qual se inserem e dos modos de circula‑
ção de seus dizeres. O grande número de adeptos das ditas 
novas práticas do ciberespaço tende a tornar estranha qual‑
quer manifestação contrária ao reconhecimento da rede so‑
cial como lugar onde se deve estar. Recorrendo à noção de 
ética como responsabilidade, este trabalho busca investigar, 
a partir da análise de um corpus composto por entrevistas 
com alunos de graduação de inglês de uma universidade pú‑
blica de São Paulo, como se enuncia a não‑adesão às mídias 
sociais. Interessa‑nos, sobretudo, o modo como, no gesto 
de recusa do pertencimento ao meio, se constrói discursi‑
vamente a exclusão voluntária como alternativa para a ex‑
pressão de singularidades, por meio de uma voz localizada 
na direção oposta ao imaginário pró‑redes sociais.
MULTICULTURALISMO: UMA 
ANÁLISE DO(S) DISCURSO(S) 
MULTICULTURAL(IS) DO CANADÁ 
E DA AUSTRÁLIA
DIEGO BARBOSA DA SILVA (UERJ)
Resumo de Paper
Nestas últimas décadas observamos o crescimento da mi‑
gração e a intensificação da globalização que, favorecendo 
o contato entre culturas, trouxe e traz uma série de ques‑
tões e desafios de convivência e de reformulação de con‑
ceitos como nacionalismo, cidadania, direitos humanos e 
sujeito universal. Nossa pesquisa de doutorado visa justa‑
mente pensar estas questões por meio da análise discursiva 
(PÊCHEUX, 2009 [1975]; ORLANDI, 2007) do multiculturalismo, 
sobretudo o discurso multicultural da Unesco (Organização 
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). 
Para esta apresentação analisamos, a partir da noção de 
acontecimento discursivo de Pêcheux (1997; 1999), o surgi‑
mento do termo multiculturalismo no Canadá e na Austrália, 
os primeiros países onde foi utilizado nos anos 1960 e 1970. 
O  que está em jogo e o que não está quando se diz multi‑
culturalismo? O que esses sentidos silenciam? Há paráfrases 
e deslizamentos em torno desses sentidos? No Canadá, um 
dos poucos países colonizados por duas metrópoles euro‑
peias, observamos que seu surgimento está relacionado 
à reivindicação de direitos pela minoria francófona, com a 
adoção de uma política baseada na ideia de “uma nação mul‑
ticultural, mas bilíngue”. Ambas as histórias desses países, 
no entanto, estão marcadas pela imigração e povoamento 
de vasto território, primeiramente feita com europeus e só 
mais recentemente de maneira significativa com povos de 
outros continentes. Analisando, pudemos perceber que o 
surgimento do multiculturalismo nesses países, enquanto 
acontecimento, está relacionado à colonização e à emigra‑
ção europeiase a uma formação discursiva liberal‑capitalis‑
ta, e não à ideia de aceitação da diferença, sendo seu sentido, 
portanto, um deslocamento do assimilacionismo cultural.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 81
ATIVIDADES METACOGNITIVAS 
DE LEITURA EM ESPANHOL 
‑ LÍNGUA ADICIONAL 
EM CONTEXTO ESCOLAR
DIEGO DA SILVA VARGAS (UFRJ)
Resumo de Paper
Esta pesquisa tem como objetivo refletir sobre as leituras 
realizadas por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental 
da rede pública do município de Niterói/RJ  em aulas de 
Espanhol, por meio de sua interação com propostas de ativi‑
dades focadas no desenvolvimento de habilidades metacog‑
nitivas. Os  principais referenciais curriculares nacionais in‑
dicam que a principal tarefa do ensino de línguas adicionais 
na Educação Básica é se unir ao ensino de língua materna 
em busca da ampliação do letramento do aluno. Entretanto, 
diversos trabalhos já revelaram que o trabalho com a lei‑
tura na escola ainda ensina prioritariamente ao aluno que, 
enquanto aprendiz, ele deve se comportar como sujeito‑re‑
produtor, por meio da seleção de informação explicitamen‑
te apresentada na linearidade do texto. Acreditamos que os 
Estudos em Metacognição possam, então, contribuir para a 
alteração dessa situação, trazendo critérios metodológicos 
para a elaboração de atividades de leitura que visem colo‑
car o aluno como sujeito de seu processo de construção de 
significados. Entende‑se como metacognição a capacidade 
do ser humano de pensar e refletir sobre seus processos cog‑
nitivos, monitorando‑os, regulando‑os e reformulando‑os 
quando necessário, em função de um determinado objetivo. 
Em  uma atividade escolar de leitura, a metacognição atua 
principalmente no que se refere à elaboração e flexibilização 
de hipóteses de leitura e ao estabelecimento de objetivos de 
leitura. Neste trabalho, então buscamos analisar as respos‑
tas dos alunos dadas a atividades pensadas para o desen‑
volvimento dessas atividades, com o objetivo de entender, 
por um lado, o processo de leitura desenvolvido na mente 
do aluno‑leitor, e, por outro, (re)pensar as atividades de lei‑
tura desenvolvidas hoje nos ambientes de educação formal, 
visando a estruturar novos objetivos para que se possa levar 
o aluno ao entendimento e à realização de leituras de quali‑
dade de um texto, dentro e fora da escola.
“O QUE SIGNIFICA APRENDER 
INGLÊS PARA VOCÊ?” 
LICENCIANDOS REFLETINDO 
SOBRE AFETO E CONSTRUÇÃO 
DE IDENTIDADES
DIEGO FERNANDES COELHO NUNES (FFP/UERJ)
Resumo de Pôster
Neste trabalho, através de narrativas geradas em ‘conversas 
exploratórias’ (MILLER, 2001; MORAES BEZERRA, 2007) por 
meus colegas e por mim, licenciandos em Letras (Português/
Inglês) de uma universidade pública no estado do Rio de 
Janeiro, apresento reflexões acerca da influencia que o afeto 
parece exercer no processo de aquisição de uma língua es‑
trangeira e de que forma tal influência interfere no aprendi‑
zado, aproximando ou afastando pessoas, integrando‑as ou 
causando conflitos (KUSCHNIR, 2003). Além disso, também 
apresento reflexões sobre a constante construção e recons‑
trução de identidades desses praticantes no decorrer do pro‑
cesso de reflexão sobre o ensino‑aprendizagem de línguas no 
momento em que contamos estórias (BASTOS, 2004, 2005; 
MOITA LOPES, 2003). Baseando‑me nos princípios da Prática 
Exploratória (MILLER, 2001; ALLWRIGHT e HANKS, 2009, inter 
alia), a busca por entendimentos sobre as questões aponta‑
das é conduzida de forma inclusiva no sentido de envolver 
todos os praticantes nesse processo. Fundamento‑me, ain‑
da, na teoria sociocultural (VYGOTSKY, 1987, 1994), segundo a 
qual todo aprendizado acontece situado no social e na histó‑
ria, que permeiam as interações construídas pelo aprendiz e 
por seu par mais competente.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 82
A IMAGEM MIDIÁTICA: 
DO PICTÓRICO 
À REPRESENTAÇÃO 
SOCIOCULTURAL
DINA MARIA MARTINS FERREIRA (UECE)
FERNANDO HENRIQUE RODRIGUES DE LIMA (UECE)
Resumo de Paper
A linguagem imagética se organiza por múltiplos caminhos, 
muitas vezes entrelaçados por nós, que ora se harmonizam, 
ora se apertam, ora se desatam. E pela multifacetada rede 
conceitual, nossa primeira preocupação é delimitar os sen‑
tidos que vamos adotar de imagem, ou seja, figura, visual, 
pictórico, simbólico e afins desse campo semântico. E, como 
um campo semântico, seus signos compósitos vão com‑
partilhar a característica “traço delineado”. Esse eixo sêmi‑
co, sem dúvida, não divide a imagem abstrato‑mental da 
imagem concreto‑externa, já que, ao se pensar em imagem, 
não se pode separar a percepção mental das figuras exter‑
nas que rodeiam os nossos corredores sociais. Nosso estudo 
parte do visual midiático, mais especificamente da charge 
jornalística, cuja natureza figurativa cruza o simbólico para 
alcançar à imagem‑representação social – representação 
do mundo exterior constituída pela manifestação simbó‑
lica, alimentada pela charge que, por sua própria natureza, 
critica e denuncia situações político‑sociais. E é pela análise 
da imagem charge se alcança a crítica à normatização da di‑
ferença. Enquanto o desenho da charge selecionada – sob a 
temática da camada de ozônio e seu calor cabonizante mais 
a relação entre elite e não‑privilegiados – delineia traços grá‑
ficos – imagem figurativo‑pictórica –, vão se construindo 
imagens simbólicas que se tornam imagens representativas 
de valores sociais em um espaço político‑histórico.
A TRADUÇÃO COMO SISTEMA 
COMPLEXO ADAPTATIVO
DIOGO NEVES DA COSTA (UFRJ)
Resumo de Paper
Se  traduzir é uma realidade póstuma ao mito de Babel, re‑
montando a séculos, seu registro como item pela Modern 
Language Association Bibliography se faz somente a partir 
de 1983 sob o nome de “Teoria da Tradução” (GENTZLER. 2009 
p.21). E, tendo o campo da tradução um caráter interdisci‑
plinar, pensadores e pesquisadores se apoiaram em diferen‑
tes alicerces teóricos para sua análise, além de abordarem 
o fenômeno “tradução” de acordo com suas necessidades e 
interesses. E, ao lado de toda reflexão e produção intelec‑
tual, temos a prática tradutória, muitas vezes observada 
como independente de toda teoria. Pretende‑se, então, de‑
fender a tradução dentro do paradigma da complexidade, 
este que observa o mundo organizado como um arquipéla‑
go de sistemas no oceano da desordem (MORIN, 2001, p. 57). 
Acreditamos que através do paradigma da complexidade po‑
deríamos observar a tradução sem reduzi‑la às suas partes 
(sistema reducionista) e nem vê‑la de forma excessivamente 
abrangente (sistema holístico). E, através de exemplos pro‑
venientes tanto da história da tradução quanto de estudos 
sobre o fenômeno da tradução, defenderemos que sua com‑
posição é feita tanto por circuitos fechados quanto circuitos 
“caóticos” e imprevisíveis, de forma que estaríamos diante de 
um sistema complexo adaptativo. Destacaremos ao longo 
da apresentação, com base em Holland (1995) e Nussenzveig 
(1999), nove características dos sistemas complexos adapta‑
tivos que nos parecem suficiente para a definição de siste‑
mas dessa natureza e demonstrar que a tradução as possui. 
Entretanto, não basta apenas defender a tradução como um 
sistema complexo adaptativo, pretendemos apresentar um 
uma possibilidade para sua análise com base em Palazzo 
(1999) que sugerirá a análise por “redes”. Ao final, concluire‑
mos que, a princípio, a tradução corresponde às caracterís‑
ticas dos sistemas complexos adaptativos, sendo este um 
caminho promissor para a análise desse fenômeno.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 83
POLÍTICA LINGUÍSTICA 
E O PROFESSOR EM FORMAÇÃO: 
IMPLICAÇÕES E APLICAÇÕES
DJANE ANTONUCCI CORREA (UEPG)
Resumo de Paper
Este trabalho abaliza‑se nas perdas causadas pela ausência 
de uma autonomia maior por parte dos professoresmedian‑
te as descrições de situações sociolinguisticamente comple‑
xas e também nas consequentes aplicações e implicações 
dessas visões no âmbito didático e pedagógico. Trata‑se de 
um recorte de um estudo maior, em andamento, que discu‑
te a estreita relação que se estabelece entre políticas linguís‑
ticas (RAJAGOPALAN, 2004, 2008, 2009; PENNYKOOK, 2006; 
MAKONI, MEINHOF, 2006; CALVET, 2007; OLIVEIRA, 2007, 
2009) e escrita (BRITTO, 2008; CORREA, 2009a, 2009b, 2011a; 
2011b). Utilizando o viés da pragmática (PINTO, 2005, 2009; 
RAJAGOPALAN, 2010). O objetivo geral do estudo é fazer um 
levantamento sobre a compreensão atual que os professo‑
res de Língua Portuguesa, em formação na UEPG/PR, têm 
de língua(gem) atualmente para subsidiar discussões sobre 
ensino de língua. Os objetivos específicos são: discutir polí‑
ticas linguísticas e averiguar se tais discussões os auxilia a 
compreender os mecanismos que definem o(s) uso(s) da lín‑
gua(gem); retomar com os professores em formação o fato 
de que as práticas linguísticas heterogêneas acompanham 
a evolução sociocultural de todas as línguas do mundo e 
que os movimentos em direção da homogeneidade linguís‑
tica são determinados por fatos sociais, políticos e históri‑
cos. A  hipótese de pesquisa é “a constante discussão sobre 
os processos históricos, socioculturais, linguísticos e de po‑
líticas linguísticas que envolvem a constituição das línguas 
propicia maior autonomia para propor estudos, discussões 
e encaminhamentos pedagógicos, seja sob a égide de uma 
posição científica, seja de uma proposta intervencionista no 
campo social e educacional”. Utilizando métodos qualitati‑
vos (TRIVIÑOS, 2009; THIOLLENT, 2009) os resultados até o 
momento apontam maior visibilidade às indagações, difi‑
culdades e experiências de professores em formação oriun‑
das de situações sociolinguisticamente complexas.
POR QUE OLHAR A HISTÓRIA 
DO ENSINO DE LÍNGUAS?
DÖRTHE UPHOFF (USP)
Resumo de Paper
A  comunicação propõe uma reflexão sobre as formas e 
os possíveis sentidos de se estudar a história dos méto‑
dos de ensino de línguas estrangeiras na formação inicial 
e continuada de professores da área. Parte‑se, com Hüllen 
(2000), da observação que o ensino de línguas cultiva uma 
memória relativamente curta, compreendendo sobretu‑
do o período desde o advento da abordagem comunicativa. 
Características da prática de ensino anterior a essa marca 
costumam ser relembradas de maneira bastante esquema‑
tizada, em forma de princípios didáticos como a repetição 
mecânica de frases isoladas ou a concepção de língua como 
mero sistema gramatical, que hoje são considerados ultra‑
passados. Constrói‑se, assim, uma visão do passado como 
uma época de equívocos e enganos metodológicos, à qual 
é preciso se contrapor para desenvolver uma prática peda‑
gógica competente e eficaz. Na comunicação aqui proposta, 
sugere‑se um deslocamento desse olhar para a história e a 
adoção de um enfoque que põe em evidência as condições 
de produção do ensino, ou seja, o conjunto, sempre variável, 
de conceitos teóricos, recursos materiais e fatores sociopo‑
líticos, com os quais os professores se defrontam quando 
articulam o seu ensino. Advoga‑se, dessa forma, uma visão 
da história que não procura identificar o certo e o errado nas 
práticas pedagógicas, mas que entende o desenvolvimen‑
to dos diferentes métodos de ensino como tentativas de 
equacionar os desafios inerentes ao ensino/aprendizagem 
de um idioma estrangeiro. Para dar subsídio à discussão, se‑
rão analisados os enfoques adotados em diversas obras de 
referência que apresentam um retrospecto dos métodos de 
ensino de línguas.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 84
A PROFICIÊNCIA LINGUÍSTICO‑
COMUNICATIVA‑PEDAGÓGICA 
DO PROFESSOR DE LÍNGUA 
ESTRANGEIRA: ALINHAVANDO 
PESQUISAS EM AVALIAÇÃO PARA 
NOVAS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS 
NO BRASIL
DOUGLAS ALTAMIRO CONSOLO (UNESP)
VERA LUCIA TEIXERIA DA SILVA (UERJ)
Resumo de Paper
A  proficiência linguística do professor de língua estrangei‑
ra, entendida na perspectiva da manifestação de um con‑
junto de competências e habilidades e do conhecimento 
sobre e de uso da linguagem para as finalidades específi‑
cas de ensino e de apoio à aprendizagem, constitui ques‑
tão pertinente para investigações em Linguística Aplicada. 
Resultados de pesquisas sobre essa proficiência, no âmbito 
de projetos individuais e coletivos, embasados em dados de 
contextos de ensino‑aprendizagem de línguas no Brasil e 
no exterior, e balizados por processos de elaboração e utili‑
zação de três instrumentos de avaliação, a saber, o TECOLI 
(Teste de Compreensão Oral em Língua Italiana), o TEPOLI 
(Teste de Proficiência Oral em Língua Inglesa) e finalmente 
o EPPLE (Exame de Proficiência para Professores de Línguas 
Estrangeiras), nos permitem relatar, nesta comunicação, 
um percurso em pesquisas na área de avaliação, com visíveis 
desdobramentos e implicações para políticas linguísticas 
no contexto educacional brasileiro. Apontamos, a partir de 
um acervo de artigos científicos, dissertações de mestrado 
e teses de doutorado, questões sobre a validade do EPPLE 
enquanto um exame de proficiência para professores de 
línguas, tais como a manifestação do construto em faixas 
de proficiência, e a viabilidade da avaliação dessa proficiên‑
cia, nas modalidades escrita e oral, e preferencialmente por 
meio do computador. Tratam‑se de recortes de uma profici‑
ência de caráter complexo, alinhavados em contribuições de 
um projeto que retoma aspectos de caráter terminológico, 
teórico e metodológico para a implementação do EPPLE no 
cenário nacional, contando‑se com um instrumento válido 
e confiável que atenda aos objetivos de uma avaliação de 
proficiência linguístico‑comunicativa‑pedagógica de pro‑
fessores embasada em resultados de pesquisas iluminando 
o construto do exame, bem como as maneiras de utilizá‑lo, 
tanto em formato presencial como em formato eletrônico.
SOBRE A MULHER E AS (DES)
IDENTIFICAÇÕES: O FEMINISMO 
E AS VOZES DE RESISTÊNCIA 
NA CONTEMPORANEIDADE
ÉDERSON LUÍS DA SILVEIRA (FURG)
Resumo de Pôster
Através de uma análise baseada nos estudos discursivos per‑
cebe‑se que estes não se voltam meramente para o conteú‑
do informacional dos enunciados, mas para o modo como 
esse conteúdo é enunciado: importa menos o que foi dito, 
importando mais como foi dito. Assim, o foco no modo de 
enunciar permite ao analista identificar momentos de ten‑
são, contradição dos dizeres do sujeito. Logo, o questiona‑
mento deve existir através da reflexão que surge a partir da 
confrontação dos enunciados com as ideologias em circula‑
ção na sociedade. Em relação a estas constatações procura‑
mos exemplificá‑las a partir das formas de discursivização e 
subjetivação postas em circulação na contemporaneidade 
pelos discursos feministas. Procuramos também analisar 
pelo viés dos estudos culturais, principalmente nos estudos 
como os de Santos (2011), Silva (2000) e Charthier (1990), no 
que tange ao fenômeno das (des)construções de identida‑
des para analisar como estas noções podem ser percebidas 
nos discursos feministas enquanto discursos de oposição e 
resistência aos discursos que tentam se apoderar do corpo 
da mulher (a partir das regras sociais que se lhe impõem 
os discursos machistas, por exemplo). Também procura‑
mos atentar para noção de gênero tal como percebida por 
Schienbinger (2001), que aponta para relações de poder e 
hierarquia entre os sexos. Finalmente, em todas as áreas de 
contribuições, seja a AD, sejam os estudos culturais ou os 
estudos de gênero, podemos perceber a noção de ideologia 
que atuam na AD dentro das Formações Discursivas e para os 
estudos culturais e os estudos de gênero como funcionando 
de diversas maneiras, prescrevendo características e com‑
portamentos aceitáveis para homens e mulheres. Ambos osestudos problematizam essa questão de ideal masculino ou 
feminino, em que aparecem (nos atos de construção iden‑
titária) situações de afirmação /diferença, de acordo com a 
(des)identificação com as atribuições de gênero empresta‑
das pela sociedade em discursos de dominação.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 85
PERSPECTIVAS SOBRE 
A IMPORTÂNCIA DA LINGUÍSTICA 
APLICADA (LA) NA FORMAÇÃO 
INICIAL DOS PROFESSORES 
DE LÍNGUA INGLESA (LI)
ÉDINA APARECIDA CABRAL BÜHRER (UNICENTRO)
Resumo de Paper
O  objetivo deste trabalho é provocar uma discussão em 
torno dos problemas e desafios na formação inicial de pro‑
fessores de língua inglesa (LI) no processo de construção 
identitária propiciada pela Linguística Aplicada (LA). A base 
da argumentação é parte constitutiva da pesquisa de dou‑
torado na qual enfatizo a importância da linha de pesquisa 
de formação de professores de línguas, principalmente da LI, 
como uma linha de investigação que viabiliza que novos es‑
tudos direcionados a melhoria profissional do professor de 
línguas sejam realizados. No desenvolvimento da pesquisa 
focalizo a formação do professor de língua inglesa no con‑
texto do Estágio Curricular Supervisionado fazendo uma 
breve trajetória da linha de pesquisa de formação de profes‑
sores que deslocou o objeto de pesquisa direcionado à sala 
de aula para o professor. Não se trata aqui de uma discussão 
que busca pelas raízes ou pelas minúcias do início da linha 
de pesquisa no Brasil, mas apresentar perspectivas da LA que 
posicionam a linha de pesquisa de formação de professores 
e possibilitam a abertura de oportunidades nos cursos de 
pós‑graduação em Letras para que tópicos como o que dis‑
cuto na tese possam ser tratados no âmbito dos Estudos da 
Linguagem e não apenas na área da Educação. Essa aber‑
tura da LA considera o envolvimento do professor formador 
dos cursos de Letras tanto com aspectos linguísticos quan‑
to com questões pedagógicas, didáticas, sociais, políticas e 
culturais. Na  pesquisa, faço um mapeamento dos estudos 
sobre a formação de professores de LI no Brasil baseado em 
Gil (2005), na sequência enfatizo os desafios contemporâ‑
neos dos professores de línguas na sua formação (GIMEMEZ, 
2005) a partir das contribuições da Linguística Aplicada (LA) 
e finalizo com as lacunas e os avanços nos estudos da LA que 
tratam da formação de professores de LI no Brasil (ORTENZI, 
2007). A  discussão sobre a linha de pesquisa, formação de 
professores de LI, traz inúmeras contribuições para que se 
possa repensar os cursos de graduação e também a própria 
formação do professor formador.
OS DOCENTES DO CURSO 
DE LETRAS E AS TESES ACERCA 
DO ENSINO DE GRAMÁTICA
EDMAR PEIXOTO DE LIMA (UERN)
Resumo de Paper
Os  discursos que permeiam a sociedade se configuram de 
modo geral como discurso argumentativo. Essa argumen‑
tação torna‑se mais preponderante quando as discussões 
abordam a gramática como objeto de ensino da Língua 
Portuguesa. Portanto, este artigo se propõe a discutir 
qual(is) a(s) tese(s) que os docentes do curso de Letras de‑
fendem quando discutem o ensino de gramática e, conse‑
quentemente, qual a concepção de gramática a que eles se 
filiam em suas ações pedagógicas. Esse trabalho está vincu‑
lado ao Programa de Pós‑graduação (PPGL) da Universidade 
do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), haja vista ter‑
mos participado do Projeto de Cooperação Acadêmica: 
Disciplinas voltadas às Metodologias de Ensino de Língua 
Portuguesa (PROCAD). O  nosso corpus faz parte das entre‑
vistas realizadas com os docentes do curso de Letras das 
três IES participantes do referido projeto. Utilizamos como 
aporte teórico os estudos que envolvem a argumentação 
(PERELMAN E  TYTECA, 2005), as pesquisas realizadas por 
Neves (2007), Antunes (2003 e 2007) e Geraldi (2006), entre 
outros autores que nortearão nossas reflexões. Assim, os 
docentes entrevistados demonstram em seus discursos as 
teses de que: (i) o professor necessita formar alunos cons‑
cientes de sua posição social e a gramática contribui para o 
acesso à produção e compreensão dos discursos que circu‑
lam nas práticas sociais; (ii) o domínio da linguagem se con‑
figura como elemento de acesso ao conhecimento, já que 
orador e auditório influenciam‑se mutuamente nas defesas 
das teses. Com relação ao que os docentes dizem acerca da 
concepção de gramática que norteia o ensino na graduação: 
(i) o ensino de gramática está pautado na norma padrão; (ii) 
a necessidade do aluno saber manipular os conhecimentos 
linguísticos na produção de texto; e (iii) a preferência pela 
gramática descritiva. Acreditamos que com essas discussões 
podemos ampliar o debate acerca da gramática como obje‑
to de ensino de língua portuguesa na universidade.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 86
A CONSTRUÇÃO DE UM PPC 
DE LETRAS NA MODALIDADE 
DE EAD: DESAFIOS 
E PERSPECTIVAS
EDNA MARTA OLIVEIRA DA SILVA (UNINTER)
ADRIANA CRISTINA SAMBUGARO DE MATTOS BRAHIM (CENTRO 
UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER)
Resumo de Paper
Em  meados dos anos 90, com a disseminação das tecno‑
logias de informação e de comunicação, começam a surgir 
programas oficiais e formais de EaD por parte das Secretarias 
de Educação municipais e estaduais, isoladas ou em parce‑
ria com as universidades, com as iniciativas de Formação 
Continuada de professores da rede pública, dada a deman‑
da da necessidade de formação de professores. Em  2001 o 
Ministério da educação publica as Diretrizes Curriculares 
para os cursos de Licenciatura, a partir dos quais as IES pu‑
deram organizar seus projetos pedagógicos e ter um me‑
lhor direcionamento em relação às exigências de formação. 
Conforme aponta Pinto (2002), a busca por uma nova iden‑
tidade profissional requer esforço conjunto das instâncias 
institucionais bem como do colegiado dos professores, di‑
recionado para a construção de uma identidade dos cursos 
de licenciaturas, a partir de uma nova proposta de forma‑
ção docente, fundada na práxis, como lugar de produção da 
consciência crítica e da ação qualificada. Apoiando‑nos em 
trabalhos de pesquisadores da área de EaD (BELLONI, 2008; 
SILVA, 2010; MORAN, MASETTO e BEHRENS, 2000; LÉVY, 1999; 
OLIANI e MOURA, 2012, entre outros) fomos procurar subsí‑
dios para a construção do Projeto Pedagógico de um curso 
de Licenciatura em Letras na modalidade a distância que 
atenda as Diretrizes Curriculares e aspectos da formação 
inicial de professores, e que também proponha uma pers‑
pectiva contemporânea de EaD, diferente de atuais mode‑
los fordistas (MATTAR, 2012). Assim, este trabalho tem como 
objetivo apresentar aspectos do processo de elaboração e 
implementação de um PPC de Letras, mostrando os princi‑
pais desafios encontrados, bem como as perspectivas que se 
apresentaram no decorrer do processo de construção deste 
projeto na modalidade de EaD.
A AQUISIÇÃO DOS PRONOMES 
CLÍTICOS DE 3ª PESSOA 
NA PRODUÇÃO ESCRITA 
DE BRASILEIROS APRENDIZES 
DE ESPANHOL: INSTRUÇÃO COM 
FOCO NA FORMA
EDUARDO DE OLIVEIRA DUTRA (UNIPAMPA)
Resumo de Paper
Neste trabalho investigamos a aquisição dos pronomes clíti‑
cos de 3ª‑ pessoa como forma simples por brasileiros apren‑
dizes de espanhol como língua adicional. Em  virtude do 
caráter predominantemente descritivo das pesquisas exis‑
tentes a respeito da aprendizagem desse aspecto linguísti‑
co (González, 1994; Villalba, 1995; Cruz, 2001 Semino, 2001; 
Simões, 2010) e dos resultados das pesquisas que caracteri‑
zam essa forma‑alvo de difícil aquisição por brasileiros, op‑
tamos pela investigação do objeto desse objeto de estudo. 
O contexto de pesquisa é um curso livre de uma universidade 
pública do sul do Brasil, localizada no interior do Rio Grande 
do Sul. Os participantes desta investigação foram cinco es‑
tudantes do primeiro semestre de um curso livre. Este estu‑
do éuma pesquisa mista, isto é, uma investigação quanti‑
tativa e qualitativa, na qual a análise dos dados linguísticos 
é complementada por dados não‑linguísticos. Os  dados 
linguísticos serão gerados a partir de três testes (pré‑tes‑
te, pós‑teste e teste postergado) e apontados por meio de 
índices numéricos. A  coleta desses dados ocorreu através 
de produções escritas: controladas e livres. Com o propósi‑
to de obtermos os dados não‑linguísticos, faremos uso de 
informações provenientes de ficha social em que constam 
informações pessoais e experiências escolares a respeito do 
processo de ensino/aprendizagem da língua‑alvo. Após o 
período de coleta dos dados não‑linguísticos, serão obede‑
cidas quatro etapas, a saber: a) leitura das fichas sociais; b) 
categorização das informações; c) sistematização dos dados 
não‑linguísticos; d) elaboração de tabelas. Adotamos uma 
abordagem transversal com a intenção de averiguarmos os 
efeitos da Instrução com o Foco na Forma (IFF) no que tange 
à aquisição dos pronomes clíticos do espanhol como forma 
simples por aprendizes brasileiros, na perspectiva da pesqui‑
sadora canadense Nina Spada (1997, 1999, 2000, 2005, 2010). 
Os dados estão em processo de análise.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 87
GÊNERO DEBATE NA ESCOLA
ELAINE CRISTINA FORTE‑FERREIRA (UFC)
Resumo de Paper
O  gênero debate como objeto de ensino na escola consti‑
tui o centro de nossa atenção nesta pesquisa. Este traba‑
lho, como recorte de nossa tese em andamento, objetiva 
investigar a maneira como os alunos de ensino fundamen‑
tal constroem o tópico discursivo, ou o desviam, em gêne‑
ros orais, como o debate. Para embasar teoricamente esta 
pesquisa, apoiamo‑nos nos conceitos de gênero do discurso 
(BAKHTIN, 1997), no de gêneros escolarizados (SCHNEUWLY 
E  DOLZ, 2004); nos estudos da modalidade oral da língua 
(MARCUSCHI, 2001; 2003; ANTUNES, 2003; FÁVERO, ANDRADE 
E  AQUINO, 2003; BUENO, 2009); na proposta de sequência 
didática (DOLZ, NOVERRAZ E  SCHNEUWLY, 2004; SWIDERSKI 
E  COSTA‑HUBES, 2009); no de tópico discursivo (BROWN 
E  YULE, 1983; JUBRAN, 1993; 2006; PINHEIRO, 2006). Nosso 
estudo, que é uma pesquisa‑ação de natureza qualitativa, 
conta com a participação de uma turma de alunos do 7º ano 
do ensino fundamental. O processo de coleta de dados apre‑
sentou os seguintes procedimentos: visita à escola e intera‑
ção com os alunos a partir da elaboração de atividades para 
a produção do gênero debate. Os  dados foram registrados 
em áudio e vídeo. As  produções são constituídas de textos 
orais, elaborados por alunos, a partir da apresentação de te‑
máticas que suscitam discussão por terem a característica 
de serem polêmicas, o que, no nosso entender, pode ser a 
base para dar início à produção textual dos alunos, no caso, 
o debate. A  partir desses procedimentos, construímos um 
corpus em 12 aulas que aconteceram durante o segundo se‑
mestre de 2012. Para este trabalho, entretanto, recortamos 
apenas duas aulas do corpus para explicitar como aconteceu 
o desvio de tópico na construção da argumentação durante 
a produção textual.
CRIAÇÃO E UTILIZAÇÃO 
DE MATERIAL DIDÁTICO 
E PROPOSTAS OFICIAIS PARA 
O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: 
UMA ANÁLISE DA PRÁTICA 
DOCENTE NO CONTEXTO 
DA EDUCAÇÃO BÁSICA
ELAINE CRISTINA MEDEIROS FROSSARD (UESC)
Resumo de Paper
Este trabalho teve como finalidade analisar se a utilização 
de materiais didáticos e a criação de atividades e material de 
apoio ao ensino‑aprendizagem de língua inglesa atende aos 
objetivos estabelecidos pelos documentos oficiais de con‑
cretização curricular para o ensino de língua estrangeira (LE) 
no Brasil. Tendo como embasamento teórico documentos 
como os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino 
Médio (PCNEM, 1998), as Orientações Curriculares para o 
Ensino Médio (OCEM, 2006) e os pressupostos da Linguística 
Aplicada (LA) e da Linguística Aplicada Crítica (LAC), por meio 
dos trabalhos de Moita Lopes (1996), Almeida Filho (2002; 
2005), Pennycook (1994; 2001), dentre outros, buscou‑se es‑
tabelecer uma relação entre o objeto de estudo e questões 
da linguagem inseridas na prática social real. Além disso, 
as contribuições de Bakhtin (1929/1999; 1929/2005; 1979) e 
Authier‑Revuz (1982/2004; 1990; 1998) também serviram 
de apoio a este estudo no que tange à análise dos discursos 
dos professores entrevistados quanto a suas concepções de 
língua, linguagem e propósitos do ensino de língua inglesa, 
o que constituiu fator de grande importância para a com‑
preensão dos resultados. A  pesquisa foi desenvolvida em 3 
escolas públicas de Ensino Médio selecionadas na cidade de 
Itabuna, estado da Bahia, e propôs‑se uma análise interpre‑
tativa e qualitativa dos dados, que foram obtidos junto aos 
docentes participantes da pesquisa por meio de questioná‑
rios, entrevistas e análise autorizada de seu planejamento e 
prática em sala de aula.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 88
(DIS)POSICIONAMENTOS 
DE PROFESSORES/AS E POLÍTICAS 
PÚBLICAS DE FORMAÇÃO 
PARA A DOCÊNCIA: UMA 
ANÁLISE CRÍTICO‑DISCURSIVA 
DE SUBPROJETOS PIBID
ELAINE FERNANDES MATEUS (UEL)
Resumo de Paper
O campo educacional tem sido marcado por transformações 
que incorporam práticas sociais próprias do neoliberalismo. 
Assim como na economia global, também políticas educa‑
cionais têm se fundamentado nos ideais de parcerias e redes 
colaborativas de trabalho como formas de gerenciamento 
das práticas de ensino. Nessa direção, o MEC lançou em 2007 
o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e, como 
parte dele, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação 
à Docência (Pibid). A  alegação de base que se encontra na 
proposição do Pibid é a de que há um quadro atual na forma‑
ção de professores/as que deve ser alterado – indicando que 
aquilo que existe não corresponde ao que se deseja – e que a 
alteração do quadro se faz por meio da relação permanente 
entre universidades e escolas, isto é, por meio de parcerias. 
Nesse cenário, as normativas do Pibid reformulam o siste‑
ma posição‑prática associado à formação de professores/as, 
possibilitando, por um lado, a criação de espaços híbridos 
com potencial transformador e, por outro, projetanto (dis)
posições artificiais, não previstas e não objetivadas nas prá‑
ticas de muitas das instituições de ensino envolvidas e, por 
esta razão, com potencial regulador. Partindo disso, investi‑
ga‑se, por meio de estudo crítico do discurso, subprojetos na 
área de Letras/Inglês de cinco Instituições de Ensino Superior, 
contemplados por Editais Pibid entre 2009 e 2012. O objetivo 
é explorar princípios de recontextualização ligados a atores 
sociais, seus papéis e (dis)posições nestas práticas específi‑
cas de formação de professores/as. Os resultados sinalizam 
(i) posições objetivas flutuantes; (ii) maior flutuação nas po‑
sições dos/as licenciandos/as; (iii) rejeições/apagamentos 
de (dis)posicionamentos de professores/as da universidade; 
(iv) (re)posicionamentos vazios para professores/as da edu‑
cação básica. As  implicações deste estudo dizem respeito 
aos modos como diferentes (dis)posicionamentos reprodu‑
zem‑transformam relações institucionalizadas de poder.
ENTREVISTAS DA PARTE ORAL 
DO EXAME CELPE–BRAS: 
UM ENFOQUE NAS ATITUDES 
E REAÇÕES DO ENTREVISTADOR
ELEONORA BAMBOZZI BOTTURA (UFSCAR)
Resumo de Pôster
A  tendência mercadológica tem impulsionado o interesse 
pela língua/cultura brasileira intensificando a procura por 
aprender a língua portuguesa aumentando, consequen‑
temente, o número de instituições públicas e privadas que 
têm oferecido cursos de português como língua estrangeira 
(PLE) no mundo.Nesse contexto, é válido ressaltar a crescen‑
te procura de estrangeiros para a obtenção do Certificado 
de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros 
(Celpe–Bras), oficialmente instituído peloMinistério da 
Educação em 1994 tendo as inscrições para a obtenção do 
mesmo aumentado consideravelmente nos últimos anos.
Esses elementos propulsores do ensino de PLE e a busca de 
muitos estrangeiros para se tornarem proficientes em por‑
tuguês, instigam diversos pesquisadores a trabalhar com di‑
ferentes processos que envolvem o ensino‑aprendizagem‑a‑
valiação de línguas estrangeiras.Esta pesquisa busca inves‑
tigar as entrevistas orais da Parte Oral do exame Celpe–Bras. 
Pretende‑se analisar as entrevistas do segundo semestre de 
2012 de um Posto Aplicador de uma universidade do interior 
paulista, dando enfoque na questão do comportamento do 
entrevistador e qual impacto este possui no desempenho do 
candidato. Pesquisas seminais da área estudam tal relação 
e elucidam a necessidade de realizar estudo detalhado e sis‑
tematizado das variáveis envolvidas na relação entrevista‑
dor/ candidato.Neste trabalho, objetiva‑se analisar a papéis, 
atitudes e comportamentos dos entrevistadores em intera‑
ção face‑a‑face no exame elucidando possíveis elementos, 
presentes no discurso do entrevistador, que favoreçam ou 
prejudiquem o desempenho do candidato. Perguntamo‑nos 
acerca de qual é a relação que se estabelece na interação, 
uma vez que a atuação do entrevistador como interlocutor 
pode implicar no resultado do desempenho e, também, da 
proficiência do candidato.Pretende‑se, assim, buscar enca‑
minhamentos sobre a validade da avaliação oral em exames 
de proficiência.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 89
FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
COORDENADORES E GESTORES 
PARTICIPANTES DA FORMAÇÃO: 
GRUPO DE REFERÊNCIA
ELIANA APARECIDA OLIVEIRA BURIAN (PUC–SP)
Resumo de Paper
O  presente estudo pretende descrever e interpretar o fenô‑
meno da Formação de Professores Coordenadores e Gestores 
participantes da Formação: Grupo de Referência desenvolvi‑
do em uma Diretoria de Ensino da Capital do Estado de São 
Paulo durante o ano de 2012. O objetivo é revelar o significado 
da experiência vivenciada pelos Professores Coordenadores 
do Ensino Fundamental I e II e do Ensino Médio, atuantes em 
Escolas da Rede Pública do Estado de São Paulo, participan‑
tes do grupo de Referência da referida Diretoria de Ensino. 
Os textos para interpretação serão produzidos por meio do 
relato de experiência dos participantes. O propósito é ofere‑
cer insights sobre como se constitui o fenômeno da forma‑
ção dos Professores Coordenadores e Gestores participantes 
do Grupo de Referência da diretoria em questão, do ponto 
de vista dos participantes, e da pesquisadora observado‑
ra. O estudo é embasado na teoria do desenvolvimento de 
base Vygotskiana, e a metodologia de pesquisa adotada é 
a Abordagem Hermenêutico‑Fenomenológica, por ser uma 
abordagem que representa a possibilidade de entrar em 
contato, descrever e compreender as representações que 
os participantes fazem sobre a experiência e por favorecer 
o entendimento da complexidade que o fenômeno da for‑
mação de Professores Coordenadores representa. O estudo 
Hermenêutico – Fenomenológico (vAN MANEN,1990 e FREIRE, 
2006) se dará por meio da interpretação dos relatos de expe‑
riência dos participantes procurando revelar a natureza do 
fenômeno da formação dos Professores Coordenadores e 
Gestores participantes do Grupo de Referência desta direto‑
ria possibilitando oferecer contribuições para os interessa‑
dos na área.
AVALIAÇÃO EM LÍNGUA 
INGLESA: ESTUDO DE CASO 
EM UMA EMPRESA
ELIANA KOBAYASHI (UNICAMP)
Resumo de Paper
Apresentamos os resultados de uma pesquisa realizada em 
uma empresa na área de avaliação em língua inglesa rela‑
cionada ao processo seletivo e ao curso de inglês subsidiado 
aos funcionários. Para tanto, foram utilizados instrumentos, 
como entrevista com o diretor responsável pela avaliação de 
língua inglesa dos candidatos a emprego na empresa, ques‑
tionários junto aos funcionários e análise dos testes usados. 
Os  resultados revelam como ocorre a seleção profissional 
e o acompanhamento dos funcionários que participam do 
curso, identificando descompassos entre a concepção de 
linguagem inferida pela entrevista com o diretor e a opera‑
cionalizada nos testes utilizados, assim como entre a esco‑
la que ministra o curso e a empresa. Neste estudo, defen‑
demos que a avaliação de desempenho seria a forma mais 
adequada para analisar a capacidade de uso da língua nesse 
contexto empresarial, visto que possibilita avaliar o parti‑
cipante desempenhando atividades que simulam ou repre‑
sentam uma amostra do critério, ou seja, o desempenho 
alvo subsequente ao teste (Scaramucci, 2004; Clark, 1996; 
Hamayan, 1995; McNamara, 1996,1997; 2000). Discutimos 
também que devido às características específicas do uso da 
língua, a avaliação deveria ser em inglês para propósitos es‑
pecíficos (Douglas 2000; Sullivan, 2006), neste caso, inglês 
para negócios.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 90
PROGREDIR NA APRENDIZAGEM 
DE LE NA ESCOLA PÚBLICA: 
O QUE ALUNOS DO ENSINO 
FUNDAMENTAL II PERCEBEM 
SOBRE ESSE DESAFIO
ELIANE FERNANDES AZZARI (IEL/ UNICAMP)
Resumo de Paper
Em um contexto educacional que privilegia o paradigma cur‑
ricular, cresce a preocupação em dar voz aos protagonistas 
da aprendizagem, de modo a compreender suas opiniões e 
percepções, valorizando o que eles já conhecem e como po‑
dem contribuir para sua tarefa de aprender. De acordo com 
os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira 
(PCNs de LE) publicados em 1998, a aprendizagem de uma lín‑
gua estrangeira (LE) é um direito do cidadão. Segundo ainda 
os PCNs de LE é função da escola garantir, a todo cidadão, o 
ensino de uma língua adicional de modo que os alunos se‑
jam capazes de atuar na sociedade por meio da criação de 
significados através do uso dessa LE. Mas de que maneira a 
visão de ensino de LE na escola pretendida nos PCNs atende 
às necessidades e expectativas do alunado de hoje? O que é 
e como é aprender uma LE na escola pública, sob o ponto de 
vista do aprendiz? Que resultados esses aprendizes esperam 
atingir após sete anos de aulas de LE? Como esses apren‑
dizes percebem que estão (ou não) progredindo? Estas são 
questões que motivam nossa pesquisa. Realizando grupos 
focais e entrevistas individuais com alunos da rede pública 
em Valinhos, no interior do estado de SP e pesquisando na 
literatura (Leffa,1991; William e Burden, 1999), levantamos 
49 afirmativas que expressam opiniões sobre a ideia cen‑
tral que norteia a pesquisa. Na  etapa seguinte, usando o 
instrumento de pesquisa oferecido pela Metodologia Q, 26 
aprendizes do 8º e 9º anos formaram 4 perfis diferentes, de 
acordo com as opiniões que compartilham/os diferem entre 
si.Adotando uma visão meta‑cognitivista e sócio‑construti‑
vista da aprendizagem (Williams e Burden,1997), colocamos 
a perspectiva do aprendiz em pauta esperando que, ao ouvi‑
‑lo, possamos repensar nossas práticas e currículos escola‑
res entendendo ainda que seja papel da escola fornecer uma 
educação linguística que contemple os diferentes perfis de 
alunos, de modo a capacitá‑los para atuar em uma socieda‑
de cada vez mais multiletrada.
GÊNEROS TEXTUAIS 
E APRENDIZAGEM DO TRABALHO 
DE ENSINAR
ELIANE GOUVÊA LOUSADA (USP)
Resumo de Paper
Nesta comunicação, apresentaremos um recorte de um 
projeto de pesquisa que visa a estudar a formação dos pro‑
fessores iniciantes de línguas estrangeiras pela perspectiva 
de algumas das Ciências do Trabalho. Mais especificamente, 
procuraremos mostrar como o jovem professor se apropria 
do trabalho de ensinar e constroi sua identidade profissional 
por meio dos textos que produz em sua situação de trabalho. 
Nesse sentido, discutiremos, também, o papel que podem 
exercer os gêneros textuais na aprendizagem da atividade 
docente. Para tanto, apoiar‑nos‑emos em duas vertentes te‑
óricas que compartilhamos pressupostos do Interacionismo 
social (Vigotski, 1997, 2009): i) por um lado, o Interacionismo 
sociodiscursivo (Bronckart, 1999, 2006, 2008; Machado, 
2007, 2009), no que diz respeito ao agir profissional e à aná‑
lise das práticas linguageiras em situação de trabalho; ii) por 
outro lado, a Clínica da atividade (Clot, 1999, 2001, 2008) e a 
Ergonomia da atividade dos profissionais da educação (Faïta, 
2004, 2011; Amigues, 2004; Saujat, 2004), no que diz respei‑
to à formação pelo trabalho e ao trabalho de ensino (Faïta, 
2011; Machado, 2004). Após a apresentação do quadro teóri‑
co‑metodológico que orienta nossa pesquisa, mostraremos 
o contexto em que os dados são coletados, exemplificando 
os diferentes gêneros textuais que permeiam a atividade 
profissional dos professores iniciantes. Em  seguida, apon‑
taremos os textos usados para esta apresentação, a saber: 
gravações em áudio de discussões sobre textos escritos pe‑
los professores iniciantes e sobre sua atividade profissional. 
Dando continuidade, indicaremos o que as análises desses 
textos revelam sobre a apropriação do trabalho de ensino. 
Finalmente, teceremos alguns comentários sobre o papel 
desses gêneros textuais e, portanto, das práticas linguagei‑
ras para o desenvolvimento profissional.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 91
O IDOSO NO LIVRO DIDÁTICO 
DE LÍNGUAS
ELIANE RIGHI DE ANDRADE (UNICAMP)
Resumo de Paper
Este trabalho propõe‑se a problematizar as representações 
de idosos que circulam nos livros didáticos de língua ingle‑
sa no ensino básico, particularmente das coleções didáti‑
cas aprovadas pelo Plano Nacional do Livro Didático, uma 
vez que esses livros, ao serem selecionados, colocam‑se 
como recursos de aprendizagem que reúnem qualidades 
que legitimam sua aprovação e posterior adoção nas esco‑
las. A partir dessas considerações sobre o material didático, 
procuraremos analisar se há uma preocupação desse mate‑
rial, no discurso didático‑pedagógico que o constitui, com 
a representação da diversidade sociocultural que constitui 
as identidades vigentes na contemporaneidade, particular‑
mente focando‑nos nas representações de idoso, uma vez 
que, com o envelhecimento da população brasileira, tem‑se 
uma nova organização social, a qual se reflete na formação 
de novas identidades na contemporaneidade. Procuramos 
discutir, assim, como os livros didáticos de língua inglesa 
têm apresentado os idosos aos sujeitos em formação na es‑
cola e as representações que aparecem como regularidades 
discursivas nesses livros. Nossa investigação se apoia nos 
estudos discursivos da linguagem, em seu imbricamento 
com os estudos sociais sobre a identidade e os da psicanálise 
sobre o sujeito. Como metodologia, utilizaremos também 
a Análise do Discurso como dispositivo analítico do corpus 
de pesquisa, construído a partir de recortes discursivos sig‑
nificativos selecionados das diferentes coleções destinadas 
ao ensino de língua inglesa. Como resultados desse estudo, 
pretende‑se apontar algumas relações de poder presentes 
no discurso do livro didático e questionar as representações 
de idosos que podem remeter a sentidos estabilizados no 
imaginário social, buscando ressignificar o papel do idoso 
na atual sociedade, bem como o do livro didático de línguas 
na formação de identidades do sujeito aprendiz, esboçando, 
assim, novas possibilidades de sentido para a velhice.
A AÇÃO PENAL 470 
E A MANIPULAÇÃO DISCURSIVA: 
REPRESENTAÇÕES DO PROCESSO 
DO “MENSALÃO” CONSTRUÍDAS 
POR ENTREVISTADOS
ELIANE VELLOSO MISSAGIA (UFSJ)
Resumo de Paper
Este trabalho objetiva investigar os procedimentos linguís‑
tico‑discursivos utilizados no processo de representações 
sociais em entrevistas que tratam do julgamento do “mensa‑
lão”, feitas com o ex‑presidente do STF, Carlos Velloso, (Época, 
30 de Julho de 2012); com Márcio Thomaz Bastos, advogado 
de José Roberto Salgado, (ÉPOCA, 6 de Agosto de 2012) e com 
Eliana Calmon, ministra do STF (Veja, 12 de Setembro de 
2012). Buscamos investigar o caráter manipulador, atribuído 
aos textos midiáticos, tomando como corpus de análise en‑
trevistas publicadas em revistas de informação. Nosso foco 
centra‑se no processo de manipulação, bem como no jogo 
entre os interlocutores envolvidos, atentando para a dispu‑
ta de poder em torno dos sentidos que constituem as visões 
a respeito da corrupção no Brasil, do poder judiciário e das 
possíveis mudanças resultantes do processo em julgamento. 
Pretende‑se, portanto, investigar as entrevistas como ins‑
trumentos de constituição da opinião pública, compreen‑
dendo que a aceitação ou recusa das representações veicu‑
ladas nas entrevistas resultam da constituição de enuncia‑
dos relevantes. Nesse sentido, propõe‑se, do ponto de vista 
metodológico, uma articulação entre a Teoria da Relevância 
de Sperber e Wilson e a Análise Crítica do Discurso, como 
procedimento de análise das práticas representacionais. 
Partimos da noção de Van Dijk (2008) de que a mídia con‑
trola o acesso ao discurso, constituindo‑se como a instância 
que definirá, dentre outras coisas, quem será entrevistado 
e, consequentemente, a definição de quem acerca da situa‑
ção social ou política será aceita. Primeiramente, será feita 
a investigação do papel da linguagem na manipulação dis‑
cursiva, através da descrição de processos inferenciais que 
nos guiam às possíveis implicaturas pretendidas. Por fim, 
as representações produzidas a partir das implicaturas de‑
vem ser analisadas para compreendermos o seu funciona‑
mento ideológico, as relações de poder em jogo e o efeito de 
manipulação discursiva,
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 92
OS EXAMES DE LÍNGUAS 
E A POLÍTICA LINGUÍSTICA 
BRASILEIRA PARA 
A LÍNGUA INGLESA: FOCO 
NO VESTIBULAR UNICAMP
ELIAS RIBEIRO DA SILVA (UNIFAL–MG)
Resumo de Paper
Nos últimos anos, vários pesquisadores (Schiffman, 1996, 
2006; Spolsky, 2004; Shohamy, 2006, 2008; entre outros) 
têm argumentado que uma análise efetiva da política lin‑
guística de um país ou região deve englobar a descrição das 
práticas sociais que envolvem as línguas faladas e/ou ensi‑
nadas na comunidade. Esses autores partem do pressupos‑
to de que, frequentemente, a legislação oficial sobre a ques‑
tão linguística não corresponde à real política linguística em 
vigor na sociedade. Shohamy (2006), especificamente, pro‑
põe que os pesquisadores focalizem o funcionamento dos 
mecanismos de política linguística, isto é, aqueles dispositi‑
vos que atuam na legitimação de uma determinada língua. 
Para autora, as placas de trânsito, o vestuário, os materiais 
didáticos, os exames de línguas etc. são mecanismos ou dis‑
positivos de política linguística na medida em que operam, 
no interior de práticas sociais, como instâncias de legitima‑
ção de uma língua ou variedade linguística. A  partir desse 
referencial teórico, objetiva‑se, nesta comunicação, discutir 
o papel da Prova de Inglês do Vestibular Unicamp, entendi‑
do como uma prática social, no funcionamento da política 
linguística brasileira para a língua inglesa. O  material de 
análise é composto por entrevistas semi‑estruturadas com 
alunos de um curso pré‑vestibular voltado para o exame de 
entrada da Unicamp. Trata‑se de uma análise qualitativa 
na qual são mobilizados os modos de operação da ideolo‑
gia descritos por Thompson (2002). A partir das entrevistas, 
busca‑se identificar as representações sobre a língua inglesa 
e sobre o Vestibular Unicamp presentes no imaginário dos 
participantes da pesquisa. Identificadas essas representa‑
ções, procura‑se, a partir da formulação teórica adotada, de‑
monstrar que o exame da Unicamp atua como instância de 
reafirmação/legitimação das representações sobre a língua 
inglesa que circulam na sociedade brasileira, funcionando, 
portanto, como um mecanismo da política linguística brasi‑
leira paraessa língua.
INDIGNADOS: A POSIÇÃO 
DE DOIS SITES DE NOTÍCIAS 
SOBRE UM MESMO 
EVENTO SOCIAL
ÉLIDE GARCIA SILVA VIVAN (UNIP/SP ‑ CENTRO PAULA SOUZA /
FATEC TATUÍ)
Resumo de Paper
Este trabalho analisa o discurso de duas mídias jornalísticas 
online, Folha Online e Portal de Notícias G1, sobre o movi‑
mento anticapitalista “Os Indignados”, e verifica o posiciona‑
mento de ambos. A  análise foi fundamentada na teoria de 
Norman Fairclough (2008 e 2009) Análise do Discurso Crítica 
(ADC). A  ADC considera o discurso como forma de represen‑
tar o mundo, e tem três efeitos construtivos (a construção 
das identidades sociais, a contribuição para “a construção 
dos sistemas e crenças” e a formação das relações sociais) 
acompanhados das três funções da linguagem (identitária, 
ideacional e relacional). Neste trabalho focamos a função 
ideacional, que envolve a ideologia do “eu discursivo”. Alem 
disso, apresentamos os conceitos de representações de 
eventos sociais, de mídia, de globalização e discurso jornalís‑
tico. O trabalho contextualiza o movimento dos Indignados 
e a história das organizações das mídias, Folha de São Paulo 
e Rede Globo. O corpus é composto por 89 matérias, 52 da 
Folha Online, entre elas 15 colunas, oito matérias exclusivas 
para assinantes e sete entrevistas, 37 matérias do Portal de 
Notícias G1 e três vídeos. A  análise foi realizada através de 
leitura minuciosa, buscando evidências que levassem a uma 
identificação do posicionamento das mídias, verificando a 
escolha lexical na descrição do movimento. Ao  fim da aná‑
lise, percebemos que a Folha Online se posicionou frente ao 
assunto ao divulgar o movimento, discutindo e explicando o 
tema, além de trata‑lo de forma global. O Portal de Notícias 
G1 não esclarece, em sua maioria, o que é o movimento, tra‑
ta‑o como diferentes movimentos dependendo da posição 
geográfica em que ocorrem as manifestações, não demons‑
tra posicionamento claro, dificultando a compreensão sobre 
o propósito do movimento.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 93
A PRODUÇÃO DE STOP 
MOTION CONTRIBUINDO 
PARA DESENVOLVIMENTO 
DAS CAPACIDADES DA ÁREA 
DE LINGUAGEM
ÉLIDI P. PAVANELLI‑ZUBLER (CEFAPRO/SINOP–MT ‑ MEEL UFMT)
JOANA RODRIGUES MOREIRA LEITE (UFMT)
Resumo de Pôster
As  Orientações Curriculares da Educação Básica do Estado 
de Mato (MT) apontam que o conceito de linguagem envolve 
indivíduo, história, cultura e sociedade em uma relação di‑
nâmica entre produção, circulação e recepção, ricas em sis‑
temas semióticos expressos e registrados ligados intrinseca‑
mente ao modo como o ser humano produz, (re)constrói e 
(re)significa e sustenta sua práticas sociais. Para atender a 
essas orientações muitos professores buscam novas meto‑
dologias e formas de trabalhar as diferentes linguagens, nes‑
sa busca por inovação surge – a partir dos projetos de apren‑
dizagem – a possibilidade de trabalhar com Stop Motion 
que é uma técnica de animação que consiste em fotografar 
objetos, quadro a quadro, resultando em um vídeo. Os pro‑
fessores sentem‑se motivados a trabalhar com essa técnica 
quando percebem que, além de ser bastante atrativa, pos‑
sibilita o desenvolvimento de capacidades como leitura e 
interpretação, vivência e ressignificação de diversas práticas 
linguísticas e a produção de textos nas diferentes linguagens. 
Propomos, portanto, neste trabalho apresentar e discutir a 
utilização da técnica de animação Stop Motion em escolas 
públicas de MT como possibilidade de desenvolvimento das 
capacidades da área de linguagem. As discussões propostas 
são resultados do envolvimento de professores formado‑
res do Centro de Formação e Atualização dos Profissionais 
da Educação Básica de MT na formação continuada de pro‑
fessores que, a partir do desenvolvimento de projetos de 
aprendizagem, sentiram a necessidade de compreensão e 
aprofundamento da técnica. A  utilização desta técnica cer‑
tamente resulta em um maior envolvimento e comprome‑
timento dos alunos que tornam‑se autores em seu processo 
de aprendizagem. O  professor também passa a perceber a 
necessidade de buscar em sua formação continuada práti‑
cas do letramento digital. Toda essa mobilização de novas 
práticas resulta em uma aprendizagem mais significativa 
para todos os envolvidos.
ESTRANHANDO A FORMAÇÃO 
DE PROFESSORES DE LÍNGUAS
ELIO MARQUES DE SOUTO JUNIOR (UFRJ)
Resumo de Paper
Neste estudo, busca‑se refletir sobre a relevância de um 
currículo queer na formação inicial de professores de lín‑
guas. A  sociedade tem testemunhado um crescimento as‑
sustador da violência homofóbica nas escolas que se agrava 
mediante a incapacidade de os/as professores/as lidarem 
com o tema (ABRAMOVAY, CASTRO e SILVA, 2004) (JUNQUEIRA, 
2009). Como qualquer discurso, o currículo, ao normalizar 
e normatizar a sexualidade, legitima ou marginaliza iden‑
tidades (LOURO, 2001) (SILVA, 2003). Assim, a teoria queer 
surge como uma crítica ao essencialismo com o qual as iden‑
tidades de gênero e sexualidade são encaradas, enfatizando 
seu caráter performativo (BUTLER, 2001) (LOURO, 2004). Por 
conseguinte, os sujeitos, que não se adequam à norma he‑
terossexual, estão fadados a ocupar um lugar abjeto na so‑
ciedade (BUTLER, 2003). Uma vez que as identidades são (re)
construídas na e pela linguagem, a sala de aula de línguas 
constitui um espaço privilegiado para abordar a diversidade 
sexual (MOITA LOPES, 2002). No entanto, a fim de promover 
uma pedagogização da sexualidade consciente e livre de 
preconceitos, torna‑se necessário, além de reconhecer a fa‑
ceta erótica da educação (WOOKS, 2001), que os/as profes‑
sores/as compreendam seu papel na formação de cidadãos/
cidadãs refexivos e críticos da realidade.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 94
REMIDIAÇÃO 
E MULTIMODALIDADE COMO 
CAMINHOS POTENCIAIS PARA 
A APRENDIZAGEM: O CASO 
DO LIVRO DIGITAL “OUR CHOICE”
ELIS NAZAR NUNES SIQUEIRA (UNICAMP)
Resumo de Pôster
A invenção de Gutenberg representou forte impacto no pro‑
cesso editorial na medida em que aumentou a tiragem de 
produção e promoveu uma consequente redução de tem‑
po e de custo. Todavia, a prática de leitura de textos não foi 
fundamentalmente alterada, uma vez que cadernos costu‑
rados à mão já existiam e a estrutura de códex se mantinha 
(CHARTIER, 1998). Já  atualmente, a emergência das novas 
tecnologias da informação e comunicação tem organizado, 
promovido, incentivado e sustentado, além dos novos mo‑
dos de produção industrial, novas práticas para recepção e 
produção de conteúdos, participação social e construção 
do conhecimento. Sobretudo, essa emergência, caracterís‑
tica da contemporaneidade, desenvolve uma reorganização 
no sistema de mídias (BRIGGS; BURKE, 2004), cujas relações 
não necessariamente são de competição ou substituição, 
pois, constantemente, essas mídias coexistem, reconfigu‑
ram‑se de modo a se manter, complementar ou formular 
um novo uso. Por isso, é inviável tratar as relações existen‑
tes nesse sistema com base em rupturas e isolamentos. 
Diante desse conceito, o livro digital “Our Choice”, do ativista 
Al Gore, é exemplo de prática remidiada, pois foi produzido 
a partir do documentário “An Inconvenient Truth”, também 
baseado nas ideias do ex‑vice‑presidente. Ademais, o livro 
digital em questão é constituído por inúmeros gráficos, ví‑
deos, imagens, sons e outras atividades interacionais, de‑
sencadeando, assim, uma leitura influenciada por recursos 
multimodais. Desse modo, os objetivos deste trabalho são, 
primeiramente, analisar algumas das especificidades dos 
processos de remidiação (BOLTER; GRUSIN, 2000) presentes 
nesse livro e, em seguida, considerando os aspectos vantajo‑
sos que a multimodalidade pode propiciar ao ensino (BRAGA, 
2010), identificar e analisar como os recursos multimodais 
proporcionam experiências e caminhos enriquecedoresà aprendizagem.
O PROGRAMA 
DE LICENCIATURAS 
INTERNACIONAIS (PLI) 
E A FORMAÇÃO DE UMA 
PROFESSORA DE LÍNGUA 
INGLESA EM TERRAS 
PORTUGUESAS: IDENTIDADES 
E INVESTIMENTO NA ERA GLOBAL
ELISABETE ANDRADE LONGARAY (FURG)
Resumo de Paper
O estudo de caso aqui relatado consiste na análise qualitati‑
va de uma série de narrativas curtas elaboradas por uma pro‑
fessora de língua inglesa em formação. Aluna regularmente 
matriculada no curso de Licenciatura em Letras Português – 
Inglês de uma universidade federal no extremo sul do Brasil 
e bolsista do Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI) 
promovido pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de 
Pessoal de Nível Superior), a participante desta pesquisa faz 
uso de anotações em diário a fim de expressar seus desejos 
e aspirações, medos e angústias no que diz respeito à apren‑
dizagem do inglês como língua adicional (LA). Elaborados 
em língua inglesa e enviados para a pesquisadora por meio 
eletrônico, os registros mensais produzidos pela bolsista dão 
conta das experiências vividas por ela enquanto aprendiz de 
inglês desde os tempos de escola até o presente momento 
em que atua como bolsista PLI em uma universidade portu‑
guesa. A leitura desses registros revela a construção de iden‑
tidades flexíveis e mutáveis e o desejo de pertencimento a 
uma comunidade falante de língua inglesa que, nas palavras 
da própria bolsista, pode lhe conferir maior “status social” 
(excerto do diário do mês de outubro de 2012). Os conceitos 
de identidade (Norton, 1995, 2000, 2001), de investimento 
(Norton, 1995, 2000) e de pesquisa narrativa (Norton e Early, 
2011) têm caráter fundamental para esta investigação.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 95
O TRABALHO INTERDEPENDENTE 
ENTRE A ESCRITA DE UM SCRIPT 
E A ELABORAÇÃO 
DE DOCUMENTÁRIOS PARA 
UMA PARTICIPAÇÃO CIDADÃ 
EM UMA MOSTRA CULTURAL 
NO COLÉGIO MILITAR
ELIZABETH DE OLIVEIRA CAMELO (UFPE)
Resumo de Paper
Esta pesquisa objetiva discutir a produção interdependen‑
te (LIBERALI, 20120 na escrita em Língua Inglesa do gênero 
script de documentário por sujeitos focais de alunos do 9º 
Ano do Ensino Fundamental do Colégio da Polícia Militar 
de Pernambuco para participarem de atividade social 
(LIBERALI, 2011) – a performance (FUGA & DAMIANOVIC, 2010) 
de elaboração e apresentação de documentários na Mostra 
Cultural Anual do referido colégio. Para tanto será discutida 
a elaboração, aplicação e avaliação de um material didático 
(CAMELO, 2012) que focaliza na escrita de script de documen‑
tários (LARRÉ, 2012) com base no papel da argumentação 
(Leitão, 2011; Liberali, 2011; Leitão e Damianovic, 2011) na 
estruturação da compreensão e produção escrita do gênero 
(MARCUSCHI, 2008) script de documentário. Esta é uma pes‑
quisa crítica de colaboração (MAGALHÃES, 2009) e os dados 
construídos revelam que ao elaborar o material didático, a 
professora‑pesquisadora pôde, por meio da implementação 
e avaliação do mesmo, rever sua prática pedagógica recons‑
truindo o sentido (Vygotsky, 1933) do papel da linguagem na 
sua formação docente crítico‑colaborativa (LIBERALI, 2009). 
Além disso, ao perceber o impacto do material didático à luz 
da atividade social, a discussão revela o incremento da par‑
ticipação discente na mostra cultural focal. Os  resultados 
indicam que o ensino de língua inglesa que parte de uma 
perspectiva Sócio‑Histórico‑Cultural (Engestrom, 2012) pos‑
sibilita ao estudante e ao professor se identificarem como 
participantes ativos nos seus reposicionamentos sociais 
(DAMIANOVIC, 2012).
ATENDENDO AS NOVAS 
DEMANDAS DO MERCADO 
DE TRABALHO NO IFRJ
ELZA MARIA DUARTE ALVARENGA DE MELLO RIBEIRO (MS)
Resumo de Paper
A  partir da criação dos Institutos Federais de Educação 
Ciência e Tecnologia pelo governo federal, o ‘inglês instru‑
mental’ oferecido como disciplina nos cursos médio‑técnicos, 
precisa, nem tanto, rever a terminologia do nome da maté‑
ria, mas, principalmente, revisitar os construtos teóricos do 
ESP (English for Specific Purposes) para reformulação de prá‑
ticas, especialmente no que se refere à análise das necessi‑
dades dos alunos frente às novas demandas do mercado de 
trabalho contemporâneo e globalizado onde são inseridos. 
Programas recém lançados pelo governo em parceria com 
organizações internacionais como o ‘Ciência sem fronteiras’, 
que estimula o envio de alunos dos Institutos Federais para 
o exterior com o mínimo de proficiência oral também corro‑
boram a necessidade de colocar os profissionais envolvidos 
com aprendizagem de língua estrangeira em permanente 
estado de revisão da análise de necessidades. O  presente 
trabalho tem por objetivo apresentar o resultado do ‘encon‑
tro’ entre (1) as expectativas das as empresas que procuram 
pelos alunos concluintes em relação às funções que os estu‑
dantes desempenharão em língua estrangeira no período de 
estágio, com (2) aquilo que para os alunos concluintes é uma 
exigência inédita e desafiadora a fim de suprir tal lacuna, 
com foco no que se refere a gêneros orais e, ainda, (3) com as 
exigências governamentais e de órgãos afiliados quando do 
interesse dos alunos em participarem dos programas de in‑
tercâmbio cultural. Nessa relação empresa‑governo‑escola, 
o antigo ‘inglês instrumental’ precisa se aproximar do concei‑
to de ESP, aqui baseado em Hutchinson and Waters (1987), a 
fim de oferecê‑lo mais eficaz, eficiente e significativamente, 
colaborando para a formação integral do aluno como profis‑
sional de ponta na sua área de formação. Para tal, busca‑se 
o diálogo dos gêneros atuais da grade com os que precisam 
ser incluídos, com foco nos orais, através da constante reno‑
vação de materiais didáticos.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 96
PROFESSOR DE LÍNGUAS COMO 
SUPERVISOR DE PROGRAMA 
DE INSTITUCIONAL DE BOLSAS 
DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: 
ESCRITA DE RELATÓRIOS 
E IDENTIFICAÇÕES 
PSICANALÍTICAS
ELZIRA YOKO UYENO (UNITAU)
Resumo de Paper
O  objeto da pesquisa a se relatar é o processo de constru‑
ção identitária do professor da rede de ensino público como 
supervisor de bolsistas do Programa Institucional de Bolsa 
de Iniciação à Docência – PIBID/Capes. Mais precisamente, 
constitui o processo de construção da identidade do pro‑
fessor‑supervisor de um projeto que se insere no preferido 
programa e visa ao incentivo à docência de alunos de licen‑
ciatura em Letras. Apresentado o contexto da pesquisa, a 
percepção de que, a despeito das orientações e procedimen‑
tos a serem assumidos pelos profesores‑supervisores fos‑
sem os mesmos, os projetos conduzidos não produziam os 
efeitos esperados, sobretudo com relação a adesão dos bol‑
sistas sob sua supervisão, constitiu o problema deflagrador 
desta pesqisa. A hipõtese para esses desvios foi que ocorria 
algum procedimento de natureza externa à epistemológica 
relativa à língua e ao ensino de língua, foco do projeto. Sob o 
pressuposto de uma concepção de identidade que contem‑
pla processos de subjetivação que compreedem modos de 
objetivação e modos de subjetivação e processos de identi‑
ficações psicanalíticas, analisaram‑se os relatórios mensais 
acerca de suas atividades de supervisão das de bolsistas sob 
sua responsabilidade, relatóros esses que devem entregar 
ao coordenador do projeto. Objetivou‑se por essa análise 
perceber indicios de procedimentos que transcendiam aos 
de natureza epistemológica e aos de natureza pedagógica. 
Resultados da análise do corpus de pesquisa revelaram su‑
pervisores que, a despeito da dificuldade de ordens variadas 
que enfrentam não apenas institucionais como a de super‑
visionar sujeitos que, por se subjetivam não mais em uma 
sociedade verticalizada na qual se interditavam e, por con‑
seguinte, submetiam‑se à hierarquização como a uma bús‑
sola, mas numa sociedade horizontalizada em que tenden‑
cialmente se desbussolamde que fala Forbes, responsabili‑
zam‑se, inventando um novo amor, de que fala Forbes, uma 
nova forma de supervisionar.
POLÍTICAS E PLANEJAMENTO 
LINGUÍSTICOS: MAPEAMENTO 
DAS PESQUISAS SOBRE ENSINO 
DE LÍNGUAS ADICIONAIS 
NO BRASIL
EMANUELLE AVELAR GOMES (UNEB)
TAISA PINETTI PASSONI (UNEB)
Resumo de Pôster
Com a globalização têm‑se um crescimento concomitante 
de relações entre diferentes culturas, etnias e línguas. Junto 
com este processo, desponta a necessidade de se discutir as 
políticas que regem o ensino e aprendizagem do instrumen‑
to agente neste entrosamento entre as diferentes comuni‑
dades, a saber: a língua. De acordo com Calvet (2007), as lín‑
guas existem para servir aos homens e não o oposto. Diante 
disto, tornam‑se relevantes as decisões que norteiam os 
processos de ensino‑aprendizagem das línguas no contexto 
de globalização. Tal perspectiva abrange uma série de ques‑
tões que nos levam a refletir sobre a condição do ensino e 
aprendizagem de Línguas Adicionais no Brasil. Esta reflexão 
é imprescindível para os profissionais da área de ensino de 
línguas, a fim de desvelar os aspectos políticos e ideológi‑
cos que norteiam o seu trabalho. Assim sendo, por meio de 
revisão bibliográfica de natureza crítico‑interpretativista, o 
presente estudo apresenta um projeto de iniciação cientí‑
fica que pretende elaborar um mapeamento das pesquisas 
realizadas nos últimos cinco anos no Brasil, em programas 
de pós‑graduação constantes na base de dados do sistema 
CAPES, acerca da política e do planejamento linguísticos 
em relação às Línguas Adicionais. A partir destas pesquisas, 
buscamos analisar as relações entre o ensino destas lín‑
guas na escola de Educação Básica brasileira com os aspec‑
tos políticos e ideológicos subjacentes às leis que regem o 
sistema escolar.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 97
APRENDER A APRENDER, 
APRENDER A ENSINAR: 
DESDOBRAMENTOS ÉTICOS, 
DIDÁTICOS, PEDAGÓGICOS 
DO CONCEITO DE “AUTONOMIA 
DO APRENDIZ” EM AULAS 
DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
ÉRICA SCHLUDE WELS (UFRJ)
Resumo de Paper
Encontramos as raízes da “Autonomia” aplicada à Educação 
nas obras de Paulo Freire. É  esse teórico que inaugura a 
Pedagogia crítica em nosso país (ASSIS‑PETERSON, 2001). 
Como “(...) educar não é transferir conhecimento, mas criar 
possibilidades para a sua própria produção ou a sua constru‑
ção.” (FREIRE, 2007), defendemos a visão de uma Autonomia 
de raízes políticas, construída eticamente, na relação dia‑
lógica entre mestre e aprendiz. Segundo Nicolaides (2003), 
a autonomia é destacada como um dos valores mais re‑
levantes no contexto das Leis de Diretrizes e Bases (1996). 
Nas Diretrizes Curriculares do Curso de Letras (Secretaria 
de Educação Superior do MEC, 1999), a autonomia é salien‑
tada como prioridade na formação do professor de línguas. 
No  ensino superior, pesquisas geradas na Academia pouco 
influenciam a realidade escolar (NICOLAIDES, 2003). Além 
disso, é grande a distância entre muitos dos valores trans‑
mitidos pelo discurso acadêmico, e a necessidade do mer‑
cado de trabalho, caracterizando um cotidiano profissional 
utilitarista, isto é, o ensino de língua estrangeira como um 
produto facilmente vendável, longe de uma prática refle‑
xiva (CELANI, 2001). Entre os alicerces da presente pesqui‑
sa, destacamos a revisão conceitual dos conceitos de ética, 
moral, responsabilidade e liberdade, com vistas à construir 
um arcabouço teórico interdisciplinar, de caráter indiscipli‑
nar (MOITA LOPES; FABRÍCIO, 2006) O traçado metodológico 
escolhido privilegia a etnografia, a partir de pesquisas qua‑
litativas (LÜDKE, 1986, MATOS, 2001), com os instrumentos 
da observação participante (BORTONI‑RICARDO, 2008) e das 
práticas da pesquisa‑ação. Entendemos que as questões 
aqui levantadas se incluem no campo atual da Lingüística 
Aplicada, já que ética, interdisciplinaridade, autonomia, pe‑
dagogia crítica, formação de professores são aspectos que 
encontram ampla repercussão no mundo, configurando 
questões de interesse social.
PRÁTICA DE PESQUISA 
NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO: 
UMA PROPOSTA REFLEXIVA
ERIKA REGINA SOARES DE SOUZA (UNEMAT)
Resumo de Paper
Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados 
de um estudo feito na disciplina de Estágio Supervisionado 
do curso de Letras da UNEMAT – campus Pontes e Lacerda. 
As constantes contradições entre os discursos dos alunos e 
suas práticas no estágio, bem como as mudanças no siste‑
ma educacional decorrentes das novas tecnologias de infor‑
mação e comunicação, motivaram os professores da discipli‑
na do Estágio Supervisionado do referido campus a elabora‑
rem um novo projeto político‑pedagógico que adequasse à 
prática docente a atual realidade educacional. Esse projeto 
considera o período do estágio como um momento de pro‑
dução reflexiva de conhecimentos, em que a ação é pro‑
blematizada e refletida no contexto presente. Deste modo, 
considera‑se a pesquisa e a reflexão no ensino de uma lín‑
gua como um dos fatores primordiais na formação inicial do 
acadêmico. Nesse sentido, a linguagem é concebida como 
uma prática social, e as pesquisas devem ser desenvolvidas 
dentro do contexto aplicado (Moita‑Lopes, 2006). Nessa 
direção, esta pesquisa baseia‑se nos pressupostos teóricos 
de autores como Donald Shön (1992), Moita‑Lopes (2008), 
Bortoni‑Ricardo (2008), Vieira‑Abrahão (2011), Pimenta 
(2002) e Celani (2003). A  análise interpretativa, feita com 
base nos relatórios produzidos pelos alunos, demonstrou 
que, instigar os alunos estagiários a planejarem as suas aulas 
a partir de uma problemática, motiva a pesquisa e a reflexão 
a cerca da sua própria prática visando a busca de possíveis 
respostas; os dados também revelaram que a pesquisa‑refle‑
xiva resulta em aulas produtivas e interativas. Diante disso, 
espera‑se que este estudo, a partir do projeto elaborado na 
disciplina de estágio, contribua com uma formação docente 
critica e, sobretudo, demonstre a relevância de se pensar em 
uma prática reflexiva como um dos prováveis caminhos de 
mudanças de posturas em relação ao ensino de línguas.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 98
VOZES DISCORDANTES 
NA CONSTRUÇÃO 
DA IDENTIDADE DA MULHER 
EM CENAS DE GABRIELA
ERINALDO DA SILVA SANTOS (UNEAL)
JOSEFA MENDES DA SILVA (UNEAL)
Resumo de Pôster
Nesse início do século XXI, parece ainda existir uma “guerra 
dos sexos”, ou melhor, uma luta, mesmo que velada, entre os 
gêneros masculino e feminino. Sendo assim, deparamo‑nos 
com a compreensão de que o homem é superior à mulher, 
e esta tem um papel menor na sociedade, ficando restri‑
ta a atividades do ambiente privado, mesmo com todos os 
ganhos do feminino no mundo do trabalho. Nessa arena, a 
linguagem é fator importante para a construção do mascu‑
lino e do feminino, visto que compreendemos que gênero 
é um constructo. Entendendo dessa maneira, compreen‑
demos que a ficção, através da telenovela, torna‑se impor‑
tante para a reflexão sobre a identidade da mulher, mesmo 
quando a narrativa acontece há exato um século, no início 
do século XX. No  estudo, analisamos cenas da telenovela 
da rede de TV  Globo, Gabriela, compreendendo a partir da 
personagem Malvina as vozes discordantes na construção 
da performance feminina (Austin, 1990; Marcuschi, 2003). 
A telenovela é uma adaptação do romance “Gabriela cravo e 
canela”, de Jorge Amado e narra a vida na cidade de Ilhéus 
(Bahia) no início da década de 1920. Na  pesquisa, objetiva‑
mos analisar como os recursos linguísticos e paralinguísti‑
cos utilizados pela personagem Malvina contribuem para 
subverter os padrões de submissão que foram/são impostos 
às mulheres. Para a realização deste trabalho, optou‑se pelo 
método qualitativo (Bortoni‑ Ricardo, 2008). Para funda‑
mentar este estudo, tomamos por base as ideias de Goffman 
(1964), Marcuschi(2003), Austin (1990), Hoffnagel, (2010), 
Van Dijk (1998), e outros. As reflexões realizadas possibilita‑
ram‑nos verificar que em suas performances comunicativas, 
Malvina questiona o fato de ser condicionada a repetir os 
padrões dominantes e ter seus limites definidos socialmen‑
te, demonstrando interesse de ser protagonista e não seguir 
o discurso patriarcal construído pelas grandes instituições, 
reivindicando tratamento igualitário, objetivando dissipar 
qualquer discriminação em função do gênero.
FORMAÇÃO DOCENTE 
NA CONTEMPORANEIDADE 
E PRÁTICA TECNOLÓGICA: UMA 
ANÁLISE LINGUÍSTICA
ESTELA SERAGLIO FURRER (ONZE DE MARÇO)
Resumo de Paper
Esta pesquisa que se encontra em desenvolvimento tem 
como propósito apresentar uma análise linguística do dis‑
curso docente e discente no que diz respeito ao uso das no‑
vas tecnologias no contexto acadêmico. Os  participantes 
da pesquisa são docentes e discentes do curso de Letras de 
uma universidade do centro‑oeste. Pressupomos então que 
a tecnologia se faz presente nas diversas atividades diárias 
na contemporaneidade. Assim, pensar a formação docen‑
te integrada à prática tecnológica é fundamental nos dias 
atuais. Nessa direção, a comunicação é mediada, em sua 
maioria, pelo computador. Em consequência desse cenário, 
um ambiente linguístico é recriado artificialmente, em que 
o professor e o material didático são forçados a se integra‑
rem nesse mundo digital (Paiva, 1995). Diante disso, pro‑
pomos verificar se há uma “consonância” acerca da prática 
tecnológica na formação docente, na opinião de professores 
formadores e alunos em formação do curso de letras/inglês. 
Para tanto, utilizamos os construtos teóricos da Linguística 
Sistêmico‑Funcional com base nos estudos de Halliday 
(1994) Halliday e Mathiessen (2004), Eggins (1994) e a forma‑
ção de professor de língua estrangeira (Celani, 2003; Paiva, 
1996; Moita‑Lopes, 2006; Assis‑Peterson e Cox, 2007). A aná‑
lise linguística será feita com base nos dados coletados por 
meio de observação e gravação de aulas e entrevistas com 
os professores e acadêmicos. Os dados serão transcritos, or‑
ganizados e categorizados pela ferramenta computacional 
WordSmith tools (Scott, 1997). Serão destacados os elemen‑
tos léxico‑gramaticais presentes no discurso dos participan‑
tes relacionados à formação docente e prática tecnológica. 
Espera‑se, portanto, que este estudo reflexivo contribua 
com pesquisas futuras na área da Linguística Aplicada (LA) 
com foco na formação docente e, sobretudo, instigue prá‑
ticas tecnológicas no contexto ensino/aprendizagem de lín‑
guas na contemporaneidade, especificamente “no ambiente 
de formação docente”.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 99
EM ANGOLA, A LÍNGUA 
PORTUGUESA DE QUEM É? 
A INFLUÊNCIA DO DIALETO 
NSOLONGO NA CONCORDÂNCIA 
VERBO‑NOMINAL 
DO PORTUGUÊS DE LUANDA.
EUGÉNIA KOSSI (UNIPIAGET)
Resumo de Paper
O  presente trabalho pretende discutir a problemática da 
fuga à Língua Portuguesa (LP) padrão, que muita gente 
chama de mau português, para uma que recebe traços dos 
pressupostos culturais de um povo que tem um passado se‑
cular. Tal memória alimenta uma tradição oral que se traduz 
na língua oficial com características identitárias próprias das 
línguas nacionais ou locais. Tendo como foco as várias influ‑
ências linguísticas que o Português de Angola recebe, traça‑
remos uma comparação entre o nsolongo e a língua trazida 
pelos europeus nas comunidades asolongo de Luanda. Isto, 
com intuito de provar que um povo respeita as suas raízes 
e atualiza a Língua de colonização tendo como base o seu 
contexto pragmático, cultural. Infelizmente, ainda há uma 
resistência em se reconhecer que tais mudanças não são 
invasões, mas variações naturais proporcionadas pela gra‑
mática implícita de um povo. Chomsky bem o evidenciou 
ao definir a gramática universal como sendo “o sistema de 
princípios, condições, e regras que são elementos ou pro‑
priedades de todas as línguas humanas não meramente por 
acidente, mas por necessidade – naturalmente, necessidade 
biológica e não lógica. Assim a GU pode ser entendida como 
a expressão da “essência da linguagem humana””. A partir de 
um corpus coletado em comunidades de asolongo, observa‑
mos que, por ter tal língua um plural prefixal, os falantes não 
reconhecem o plural sufixal da LP  permitindo a ocorrência 
de frases como “os menino foi embora”. Queremos com isso 
mostrar que, apesar de a LP  em Angola seguir uma norma 
europeia, já existe uma língua portuguesa angolana com 
manifestações próprias que merecem ser estudadas do pon‑
to de vista científico e social.
REPRESENTAÇÕES 
DE TECNOLOGIA E O PAPEL 
DA LINGUAGEM NA PERSPECTIVA 
DE PESQUISADORES 
DE AMBIENTES 
VIRTUAIS IMERSIVOS
EVALDO CARNEIRO DE MELLO SOBRINHO (UFRJ)
Resumo de Paper
Este trabalho discute os resultados de uma pesquisa que 
buscou trazer para o primeiro plano a problematização da 
própria pesquisa acadêmica – entendida como prática so‑
cial – examinando discursos em trabalhos acadêmicos en‑
volvendo as novas tecnologias de informação e comunica‑
ção. Foi adotada, portanto, uma perspectiva crítica e refle‑
xiva tal como postulada por Moita Lopes (2008), Pennycook 
(2008) e Rajagopalan (2003). Desta forma, a pesquisa que 
divulgamos investigou as representações de tecnologia dos 
pesquisadores de ambientes virtuais imersivos (AVIs) – espe‑
cificamente games, realidade virtual, virtual heritage etc –, 
assim como seu posicionamento em relação ao entendi‑
mento dessas mídias como novas linguagens. Para tanto, 
um corpus de dezessete trabalhos – teses de doutorado e 
dissertações de mestrado produzidas em universidades bra‑
sileiras nas áreas de Engenharia, Computação, Educação e 
Comunicação – foi analisado utilizando‑se dispositivos da 
Análise Crítica do Discurso, segundo o modelo tridimensio‑
nal de Fairclough (2001). Recorreu‑se, ainda, a dispositivos 
defendidos por Orlandi (2010) e Gill (2002). Em uma segun‑
da etapa, nossa interpretação foi confrontada com dados de 
entrevista e questionários aplicados a um grupo selecionado 
dentre os autores das pesquisas analisadas. Os  resultados 
evidenciam que alguns pesquisadores, ainda que inseridos 
em áreas que reivindicam objetividade e “neutralidade cien‑
tífica”, mostram‑se claramente engajados em processos de 
transformação social. Evidencia‑se também a presença de 
visões utópicas da tecnologia e, ainda, um grande “silêncio” 
em relação ao fato de que os AVIs se constituem em novas 
linguagens produtoras de sentido. Discute‑se, assim, o pa‑
pel dos profissionais das áreas da linguagem nos projetos 
de desenvolvimento dos AVIs, as relações de poder entre as 
diversas disciplinas envolvidas nesses projetos interdiscipli‑
nares, e, finalmente, os desdobramentos ideológicos das vi‑
sões utópicas identificadas.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 100
UM OLHAR PARA A IDENTIDADE 
DO PROFESSOR DE LÍNGUA 
INGLESA NA EDUCAÇÃO BÁSICA 
EM REGIÕES DO EXTREMO SUL 
DA BAHIA
EVELLIN BIANCA SOUZA DE OLIVEIRA (UNEB)
LUCIANA CRISTINA DA COSTA AUDI (UNEB)
Resumo de Pôster
Considerando que a identidade não é estanque, ou seja, que 
ela se reconstitui pelas nossas práticas sociais, enfatizamos 
a relevância de estudos relacionados aos processos de (re) 
construção da identidade do professor de Língua Inglesa. 
Desta forma o presente trabalho, pretende apresentar um 
projeto de Iniciação Científica que visa realizar estudos sobre 
a (re) construção da identidade profissional de professores 
de língua inglesa, e, concomitantemente, pesquisar o per‑
fil dos professores de Língua Inglesa que atuam nas escolas 
públicas de Educação Básica em dez municípios da Região 
do Extremo Sul da Bahia, dentro de uma perspectiva funda‑
mentada nos pressupostos da teoria sócio‑histórico‑cultu‑
ral. O  projeto constitui‑sede estudos sobre a identidade e 
levantamento de dados sobre a formação dos profissionais 
atuantes nas salas de aula de língua inglesa no ensino fun‑
damental e médio na região. Pretende‑se traçar o perfil des‑
tes profissionais e promover a discussão de trabalhos que 
tratam sobre questões de identidade dos professores, como 
ela vem sendo formada, como se dá suas crenças e como a 
sociedade influencia nesse processo de formação identitária. 
Espera‑se que as ações do projeto venham a possibilitar a 
formação de profissionais que, conhecedores de suas reali‑
dades, atuem na promoção da cidadania e se tornem, eles 
mesmos agentes transformadores de suas próprias comuni‑
dades, contribuindo para a formação de políticas públicas e 
programas na área de educação.
DISCURSIVIDADES SOBRE 
O ENSINO E APRENDIZAGEM 
DE INGLÊS: O QUE 
É SER FLUENTE?
EVELYN CRISTINE VIEIRA (UFG)
Resumo de Paper
Esse trabalho tem como objetivo refletir sobre discursivida‑
des no ensino de Inglês como Língua Estrangeira no Brasil, 
especialmente no que diz respeito ao termo “fluência” e as 
características atribuídas a esse termo. Nossa preocupação 
surgiu do uso do termo “fluência” em diferentes âmbitos e 
como parte de diversos discursos – acadêmico, publicitário, 
pedagógico – acerca do ensino de idiomas. Inicialmente, 
propomos pensar a questão da fluência em um contexto 
mais amplo e não minimizá‑lo a uma única habilidade, como 
propõe alguns enunciados discursivos do discurso pedagó‑
gico. Portanto, nosso intuito é que ao revisitar os conceitos 
de fluência nos estudos de Linguística Aplicada, possamos 
pensar como as discursividades acerca do mesmo são cons‑
truídas e como influenciam o meio em que circulam, ou seja, 
que efeitos de sentidos retornam a esses lugares discursivos. 
Os participantes de nossa pesquisa foram alunos e professo‑
res de escolas de idiomas, a fim de que pudéssemos coletar 
dados que mostrassem discursivamente suas concepções e 
crenças envolvidas no processo de aquisição de língua ingle‑
sa. O arcabouço teórico da pesquisa se compôs na interface 
entre a Linguística Aplicada e a Análise Dialógica do Discurso, 
baseada nos pressupostos do Círculo de Bakhtin, com seus 
estudos a respeito da natureza da linguagem e seu funcio‑
namento em constante diálogo. Sabemos que tais diálogos 
ocorrem ininterruptamente no âmbito escolar, na sala de 
aula de língua estrangeira em específico, no discurso midi‑
ático, no universo acadêmico. Por isso, intentamos verifi‑
car tais relações dialógicas a fim de compreender como são 
produzidas e, principalmente, que impactos provocam no 
processo de aquisição de uma língua. Assim, analisaremos 
com base nos pressupostos teóricos as sequências discur‑
sivas dos envolvidos na pesquisa a fim de problematizar a 
noção de fluência e o processo de ensino e aprendizagem de 
Inglês, especificamente no contexto das escolas de idiomas 
no Brasil.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 101
O IMAGINÁRIO SOCIAL ACERCA 
DO PROFESSOR: UMA ANÁLISE 
CRÍTICO‑DISCURSIVA DA SAGA 
“HARRY POTTER”
FABIANO SILVESTRE RAMOS (UFV)
Resumo de Paper
O objetivo do presente trabalho é investigar, a partir de uma 
perspectiva social do discurso, a maneira como o professor 
é retratado na mídia cinematográfica. Proponho‑me a ana‑
lisar a saga Harry Potter, que compreende 08 filmes. Em li‑
nhas gerais, a história da saga se passa na Escola de Magia e 
Bruxaria de Hogwarts, centro de referência no meio bruxo no 
que diz respeito ao ensino de jovens bruxos, para onde eles 
vão aos 11 anos de idade e saem aos 17, já preparados para o 
“mercado de trabalho”. A escolha do corpus se justifica pela 
abrangência da saga no contexto internacional e pelo papel 
de construção de opinião desenvolvido pela mídia nos dias 
atuais. Dessa forma, tentar compreender a maneira como o 
profissional de ensino é retratado em tal contexto nos au‑
xilia na compreensão do imaginário social acerca da figura 
do professor. Como aporte teórico e instrumental de análise, 
utilizo a Teoria Social do Discurso, proposta por Fairclough 
(2001). Segundo o autor, o discurso seria uma forma de prá‑
tica social, um modo de agir sobre o mundo e sobre a socie‑
dade, sendo um elemento da vida social inter‑relacionado a 
outros elementos (RESENDE e RAMALHO, 2006). Sendo assim, 
o discurso deve ser considerado tridimensional, sendo essas 
três dimensões (texto, prática discursiva e prática social) 
passíveis de análise. Os dados nos revelam a existência de di‑
versos perfis de professores que conflitam, entre si, na maio‑
ria das vezes. Os mais recorrentes são aqueles de professores 
com instintos paternais, que em diversos momentos deixam 
transparecer esses instintos na interação com os aprendizes. 
Um outro perfil recorrente é o de professor autoritário, que 
impõe medo e não permite nenhum tipo de interação em 
sala de aula.
UMA ABORDAGEM 
DISCURSIVA DA PRODUÇÃO 
DE SABERES EM ESTÁGIO 
CURRICULAR SUPERVISIONADO
FÁBIO CARLOS DE MATTOS DA FONSECA (PUC–SP)
Resumo de Paper
Eleger o estágio curricular supervisionado como tema cen‑
tral de pesquisa se deve a uma especificidade muito própria, 
sua natureza ambígua, híbrida, por estar situado justo no 
ponto de interseção de dois mundos: o da formação e o da 
profissão (Brasil, 2008). É  um momento duplamente críti‑
co e tenso para os sujeitos nele engajados, posto que, para 
realizarem as suas atividades, sofrem as coerções de pres‑
crições heterodeterminadas e heterogêneas entre si. Esta 
pesquisa, mobilizando os protagonistas do estágio curri‑
cular supervisionado (estagiário, orientador e supervisor) 
pretende lançar alguma luz sobre esta questão. Para tanto, 
o estudo se inscreve numa perspectiva teórica multidiscipli‑
nar que envolve a Ergonomia da atividade (Ferreira, 2000), 
a Ergologia (Schwartz, 2002; Schwartz & Durrive, 2007), a 
Clínica da Atividade (Clot, 2006) e a Análise do Discurso de 
base enunciativa (Maingueneau, 2008). A  proposta de me‑
todologia realiza o cruzamento de dois procedimentos: (a) 
pesquisa documental de prescritos, a partir da qual serão le‑
vantados os documentos legais que regulam o estágio curri‑
cular supervisionado a fim de se ter acesso as suas múltiplas 
concepções; (b) prospecção de textos reflexivos sobre a ati‑
vidade no estágio curricular supervisionado, interpelando, 
por um lado, orientador e supervisor por meio da instrução 
ao sósia (Faïta, 2005; Clot, 2006) e, por outro, a figura do 
próprio estagiário, por meio da autoconfrontação (Muniz & 
Nepomuceno, 2011; Vieira, 2004). É importante frisar que há 
um interesse específico quanto ao tipo de estágio curricular 
supervisionado: o que é realizado pelos alunos do Ensino 
Médio Técnico Integrado em Mecânica e Eletrotécnica do 
IFRJ. Focalizando o tema do saber sob uma dupla perspec‑
tiva, a da formação e a da profissão, o objetivo geral deste 
projeto é investigar a atividade de estágio curricular supervi‑
sionado enquanto processo de formação que integra formas 
heterogêneas de saber.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 102
A MULTIMODALIDADE 
DO INFOGRÁFICO: UMA ANÁLISE 
ATRAVÉS DA GDV
FÁBIO NUNES ASSUNÇÃO (UECE)
ANTONIA DILAMAR ARAÚJO (UECE)
Resumo de Paper
Por anos a informação vem sendo transmitida principalmen‑
te através de textos verbais. No entanto, percebe‑se hoje a 
importância do uso de diferentes modos para a elaboração 
de textos com sentidos mais completos e acessíveis. Quando 
diferentes modos semióticos são utilizados na construção 
de um texto, cada modo contribui com suas próprias carac‑
terísticas para completar o sentido deste. A este fenômeno 
dá‑se o nome de multimodalidade. Gêneros multimodais já 
fazem parte do cotidiano, mas os leitores devem estar pre‑
parados para eles, para que possam assimilar seu conteúdo 
de forma crítica. Assim, é importante que gênerosmultimo‑
dais estejam presentes em ambientes educacionais. Entre 
eles, destaca‑se o infográfico. O infográfico é utilizado para 
formatar notícias que não cabem nos limites da enunciação 
verbal ou fotográfica, como mapas, localização geográfica 
ou simulação de movimento. Devido à natureza multimodal 
deste gênero, propõe‑se uma análise sobre ele, realizada se‑
gundo os aportes teóricos da Gramática do Design Visual, de 
Kress e van Leeuwen (1996). Tal análise tem como objetivo 
descobrir se este gênero segue os padrões de composição 
multimodal ocidental, apresentado pelos autores em sua 
obra. Assim, o presente artigo tem como propósito apresen‑
tar esta análise, focalizando as três funções apresentadas na 
obra: representacional, interativa e composicional. A análise 
comprovou que os elementos das funções foram emprega‑
dos na elaboração do infográfico e que este de fato seguiu o 
padrão de composição multimodal ocidental, apresentado 
por Kress e van Leeuwen.
INGLÊS PARA FINS ESPECÍFICOS: 
INGLÊS PARA ADVOGADOS
FABRÍCIO OLIVEIRA DA SILVA (PUC–SP)
Resumo de Paper
Uma característica central da abordagem de Línguas para 
Fins Específicos é a análise de necessidades e, segundo Long 
(2005), todo e qualquer programa de ensino de línguas deve 
partir dessa análise. Este trabalho tem por objetivo desen‑
volver uma análise de necessidades de inglês para advoga‑
dos de uma cidade do interior do Estado de São Paulo e da 
capital paulista, estes últimos alunos de um curso de leitura 
e um curso de redação jurídica. O  arcabouço teórico desta 
pesquisa em Ensino‑Aprendizagem de Línguas para Fins 
Específicos está fundamentado, principalmente, nos precei‑
tos de Hutchinson e Waters (1987), Dudley‑Evans e St  John 
(1998) e Ramos (2004), entre outros. Nesta pesquisa qualita‑
tiva com referencial metodológico do estudo de caso, segun‑
do as orientações de Lüdke (1983), Lüdke e André (1986), Gil 
(1987), Johnson (1992), Stake (1998) e Denzin e Lincoln (1998), 
foram realizadas quatro entrevistas com dois informantes 
especialistas, que permitiram levantar informações para 
a elaboração de dois questionários que foram, então, apli‑
cados ao grupo de participantes, composto por 8 profissio‑
nais de Sorocaba/SP, 17 alunos do curso de leitura e 6 alunos 
do curso de redação, ambos ministrados na cidade de São 
Paulo, totalizando 31 participantes. Em razão da carência de 
pesquisas que busquem levantar as necessidades de inglês 
de profissionais do Direito, esta pesquisa traz uma contri‑
buição original para a área de Línguas para Fins Específicos 
e pode auxiliar no melhor entendimento desse contexto de 
trabalho para profissionais que se envolvem com o ensino 
de inglês para advogados. Identificando necessidades de 
aprendizagem e da situação‑alvo os resultados desta inves‑
tigação fornecem dados que permitirão elaborar cursos de 
inglês para advogados em Sorocaba, bem como avaliar e/
ou (re)desenhar os cursos de inglês jurídicos frequentados 
pelos participantes.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 103
TECNOLOGIAS DIGITAIS 
E FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: 
EXPERIÊNCIAS HÍBRIDAS
FABRÍCIO TETSUYA PARREIRA ONO (USP)
Resumo de Paper
A reforma do pensamento tida como emergente por Morin 
(2004), a cultura da convergência discutida por Jenkins 
(2008), as novas teorias de letramento (SNYDER, KRESS, 
2000), multiletramentos (COPE E  KALANTZIS, 2000; NEW 
LONDON GROUP, 1996) e ensino crítico (LANKASHEAR e KNOBEL, 
1997; MONTE MOR, 2009 E MENEZES DE SOUZA E MONTE MOR, 
2006) apontam um movimento de ressignifição da educação 
diante das mudanças socioculturais, cognitivas e tecnológi‑
ca. Tendo em vista as questões apontadas por esses autores e 
considerando que os novos letramentos e multiletramentos 
reconhecem a multiplicidade de significados pela combina‑
ção de vários modos de comunicação (KRESS e VAN LEUWEEN, 
1996,) e encorajam a leitura, a escrita e a comunicação por 
meio de diversas mídias, gêneros, dialetos e línguas, como 
também os contextos sociais. Além disso, este encontro hí‑
brido de mais de um meio de comunicação “é um momento 
de liberdade e libertação do entorpecimento e do transe que 
eles impõem aos nossos sentidos” (McLUHAN, 1964). Desta 
forma, centralizo esta discussão na formação continuada de 
professores de língua estrangeira, tendo como contexto um 
curso de pós‑graduação latu senso em Estudos Avançados 
de Língua Inglesa na cidade de São Paulo, com um público 
formado, em grande parte, por professores do ensino regu‑
lar, da esfera pública e privada. Para tanto, com o objetivo 
de fomentar discussões e questionamentos acerca do tema 
e, também, dialogar com as pesquisas realizadas em outros 
contextos, analiso um elemento multimodal, elaborado por 
professores em‑serviço da rede pública participantes do cur‑
so. No elemento produzido pelos professores participantes, 
há uma discussão das teorias dos novos letramentos e mul‑
tiletramentos, indicando um processo reflexivo na (re)cons‑
trução de suas perspectivas teóricas e que poderão refletir 
em suas práticas de sala de aula.
AS MACRO‑ESTRUTURAS 
NA ATIVIDADE PRÁTICA 
DO PROFESSOR DE INGLÊS
FÁTIMA APARECIDA CEZARIM DOS SANTOS (UNESP–IBILCE, 
CAMPUS SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, BOLSIS)
Resumo de Paper
Habilidade em língua inglesa é vista como vital aos paí‑
ses que queiram fazer parte da economia global, havendo, 
portanto, uma demanda mundial por professores de inglês 
competentes e abordagens mais eficazes para o desenvolvi‑
mento profissional (BURNS e RICHARDS, 2009). Na perspecti‑
va da teoria sócio‑cultural (VIGOTSKI, 2003), a formação de 
professores de línguas é compreendida em todos os aspec‑
tos profissionais e em todos os diferentes contextos sociais 
de atuação (JOHNSON e GOLOMBEK, 2011). Assume‑se que a 
prática docente é uma atividade que emerge da participa‑
ção nas práticas sociais em sala de aula de línguas, logo, a 
atividade de ensino de língua estrangeira é socialmente si‑
tuada (JOHNSON, 2009). Tendo a formação de professores 
de línguas a função de prepará‑los para o mundo profissio‑
nal, torna‑se importante considerar como as atividades dos 
professores moldam ou são moldadas pelas macro‑estru‑
turas sociais, que constituem a vida profissional do profes‑
sor (JOHNSON, 2009). Com essa exposição conceitual, esta 
comunicação visa apresentar análise do posicionamento de 
professores de inglês acerca do efeito das macro‑estruturas 
institucionais em suas atividades docentes. Os  dados são 
parciais e emergem de dois espaços interligados: a) de um 
projeto de formação continuada colaborativa com um gru‑
po de professoras de inglês; b) de duas professoras de inglês, 
participantes de minha pesquisa de doutorado, em anda‑
mento. Todas as participantes atuam em uma rede pública, 
no ensino fundamental, de uma cidade paulista. A  análise 
de dados deu‑se a partir dos enunciados das participantes 
e de minha observação em campo. Até o momento, pode‑se 
constatar que as macro‑estruturas mantêm uma interrela‑
ção relevante com a qualidade do trabalho docente, no que 
tange a dois importantes aspectos: a) condições emprega‑
tícias; b) recursos materiais, de acordo com o ponto de vista 
das professoras.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 104
EXPLORANDO O POTENCIAL 
DA LINGUÍSTICA COGNITIVA 
PARA A APRENDIZAGEM 
ONLINE DE PREPOSIÇÕES 
EM LÍNGUA INGLESA
FERNANDA BURATTI PORTAL (UNISINOS)
ISA MARA DA ROSA ALVES (UNISINOS)
Resumo de Paper
Com o crescimento cada vez maior da Educação a Distância 
(EAD), há a necessidade de (re)formular e (re)avaliar as prá‑
ticas de ensino, a fim de suprir necessidades e interesses da 
nova era digital. Observa‑se também que os fundamentos 
teóricos que orientam a prática dos professores podem in‑
fluenciar diretamente nos tipos de resultados alcançados 
pelos alunos. Além disso,

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