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caderno de REsUMOs 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 2 JORNAL ESCOLAR E LETRAMENTO MIDIÁTICO CRÍTICO ADAIR BONINI (UFSC) Resumo de Paper O trabalho ideológico da mídia tem sido um dos principais sustentáculos do neoliberalismo e da globalização desigual, à medida que, via práticas e discurso midiático (principal‑ mente do jornalismo), naturalizam‑se representações do mundo segundo as quais, por exemplo, o Estado deve ser mínimo, pois o setor público seria menos eficaz que o em‑ presarial. Nesse contexto, o trabalho escolar com o letra‑ mento midiático crítico envolve não apenas a entrada nas práticas da mídia, mas a entrada de forma questionadora. O ensino de produção textual de notícias, por exemplo, que se centra apenas nas ações necessárias para que se produza um texto como notícia pode favorecer, muitas vezes, que a escola reproduza as pautas dos meios de comunicação de massa e se torne, desse modo, mais um propagador da ide‑ ologia hegemônica. O enfoque proposto pelos PCNs para o ensino e a aprendizagem da linguagem ganhou espaço no material didático e em muitas escolas desde a época da pu‑ blicação deste documento. Nessa trilha e, mais recentemen‑ te impulsionado por projetos governamentais (como o Mais Educação), ampliou‑se também o trabalho de construção de mídias escolares, principalmente o jornal e a rádio escolar. Torna‑se pertinente, desse modo, pensar como estão sen‑ do construídas essas mídias, e quais caminhos se colocam para que elas se desenvolvam e auxiliem na aprendizagem de linguagem como parte da formação do cidadão crítico. Neste trabalho, são analisadas quatro dessas experiências realizadas na rede de escolas públicas municipais da cidade de Florianópolis. São considerados os jornais produzidos e entrevistas realizadas com os/as professores/as envolvidos na condução dos projetos. O objetivo é levantar o discurso dos/as professores/as quanto ao letramento midiático e o modo como esses jornais se configuram como resultado das práticas de letramento postas marcha. Procede‑se, assim, a uma reflexão sobre os caminhos percorridos e sobre as tri‑ lhas que se abrem. A (RE) ESCRITA MEDIADA PELA WEB 2.0 NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES ADAIR VIEIRA GONÇALVES (UFGD) Resumo de Pôster Partimos da premissa de que é possível o ensino/aprendi‑ zagem da (re) escrita, mais especificamente do letramento acadêmico com a utilização de plataformas digitais. Nosso objetivo é investigar se os procedimentos de reescrita do modelo grafocêntrico tradicional e das pesquisas em pla‑ taformas digitais representadas por trabalhos asiáticos (BRAINE 1997, 2001; CHANG, 2012; SONG & USAKA, 2009) e Europeu (SCHULTZ, 2000) são produtivos quando a ferra‑ menta utilizada é o Correio Eletrônico (CE). Os procedimen‑ tos grafocêntricos são intitulados por Signorini (2006) de gêneros catalisadores quando funcionam como ferramentas de intervenção docente no texto do estudante, tais como: Correção Indicativa, Resolutiva e Classificatória (SERAFINI, 1995), Correção Textual‑Interativa (RUIZ, 2001), e Listas de Controle/Constatações (GONÇALVES, 2009). Decorrentes desse objetivo, analisamos: i) os procedimentos de reescrita incorporados nas plataformas digitais a partir da transposi‑ ção didática do gênero artigo de opinião; II) as estratégias utilizadas pelos estudantes que serão orientadas pelas re‑ gularidades obtidas nas interações típicas das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) e nas relações mo‑ ventes entre os polos da investigação; e, por fim, III) os pro‑ cedimentos utilizados na reescrita de forma longitudinal. Situamos a pesquisa no âmbito da Linguística Aplicada, de natureza transdisciplinar e adotamos como aparato meto‑ dológico: i) a Pesquisa–Ação Integrada e Sistêmica –PAIS‑ (MORIN, 2004); ii) a abordagem etnográfica (LILLIS, 2003; FLOWERDEW, 2006; MARINHO, 2010; FIAD, 2011), porque favo‑ rece a análise de textos, falados ou escritos, focalizando‑ os etnograficamente como “um traço de uma situação social que inclui igualmente os valores, regras, significados e ati‑ tudes, e modelos de comportamentos dos participantes, ou produtores e recebedores de texto” (MARINHO, 2010, p.375). 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 3 AS REPRESENTAÇÕES DO PROCESSO AVALIATIVO PRESENTE NOS DOCENTES EGRESSOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA ADRIANA CÉLIA ALVES (UFU) Resumo de Paper Este estudo pretende analisar como os discentes egressos do Curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia veem o processo avaliativo. Buscaremos problematizar como os professores de Línguas em exercício, formados na Universidade Federal de Uberlândia, trabalham com o processo avaliativo: o que aprenderam durante o curso de graduação, como avaliam seus alunos, quais suas repre‑ sentações sobre a avaliação e as possíveis influências des‑ ses processos para o ensino‑aprendizagem. Na conjuntura educacional, a avaliação é parte integrante e indissociável do ensino‑aprendizagem, pois ela não está presente apenas para diagnosticar, mas tem a função de reorientar, refletir e regular o processo de ensino‑aprendizagem. Por isso, pro‑ põe‑se um estudo que investigue de que maneira os discen‑ tes de um curso de Letras aprendem a avaliar e a influência desse processo na prática profissional, no intuito de levar o tema “avaliação” a ser discutido e repensado de forma me‑ nos estereotipada. Buscaremos verificar se o processo ava‑ liativo sofreu transformações na prática dos docentes para atender às mudanças propostas nos PCN’s e na LDB. Para compreendermos esse processo, a fizemos entrevistas com quatro alunos egressos do curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia, atuantes em contextos diversos de ensino. Para a interpretação dos dados utilizaremos a me‑ todologia qualitativa interpretativista. Ainda, os enunciados proferidos pelos discentes são analisados por meio da con‑ cepção de representações de Bronckart (1997), objetivando problematizar as representações dos professores de Línguas egressos da Universidade Federal de Uberlândia e sua in‑ fluência para o ensino‑aprendizagem, bem como, verificar como acontece a formação dos alunos do curso de Letras da UFU, referente ao processo avaliativo. PERSPECTIVISMO CRÍTICO, INTERPRETAÇÃO DISCURSIVA E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA: SUBSÍDIOS PARA UMA PROPOSTA DE LEITURA CRÍTICA A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA ADRIANA CRISTINA SAMBUGARO DE MATTOS BRAHIM (CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER) Resumo de Pôster Esta comunicação tem como o bjetivo apresentar alguns as‑ pectos de análise e os resultados de uma pesquisa realizada durante o programa de doutoramento no IEL/UNICAMP. A in‑ vestigação foi realizada através da abordagem qualitativa de pesquisa, orientada por reflexões teóricas sobre concepções de discurso (FAIRCLOUGH, 2001, 2003; WIDDOWSON, 2004) leitura crítica (WALLACE, 2003) e tipos de interação pedagó‑ gica (VAN LIER, 1997). O objetivo foi avaliar – através de aná‑ lises de eventos pedagógicos selecionados de aulas – uma proposta de intervenção pedagógica nas aulas de inglês do Curso de Letras. Essa proposta foi guiada pelo “perspectivis‑ mo crítico” a partir do qual sugerimos uma prática de leitura que contemplasse, por um lado, os textos e o tema (“o mun‑ do do trabalho”) presentes no livro didático de inglês, e, por outro, textos externos, de mesmo tema, que apresentassem perspectivas discursivo‑ideológicas diferentes. Sendo assim, nossa análise teve como corpus as análises pré‑pedagógicas e cinco aulas registradas em que atuamos como professo‑ ra‑formadora/pesquisadora, a partir das quais investiga‑ mos os efeitos de vários tipos de interação pedagógica que ocorrem no processo de leitura crítica que parte de uma in‑ terpretação textual,para então chegar a uma interpretação do discurso que leva a um posicionamento de aliança ou de resistência. As análises nos mostraram que uma aula de lei‑ tura que se quer crítica pode acontecer através de diferentes tipos de interação pedagógica, sendo em alguns momentos mais e, em outros, menos contingentes. Como professo‑ ra‑formadora tivemos, em alguns momentos, um papel im‑ portante de apoio nas interpretações textuais e discursivas e, em outros momentos, os alunos mostraram autonomia nas interpretações discursivo‑ideológicas. As conclusões apon‑ taram caminhos interessantes para um planejamento em contextos de exigência pela adoção de um material didático. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 4 CRENÇAS SOBRE O ENSINO DE INGLÊS NAS ESCOLAS PÚBLICAS EM MATO GROSSO DO SUL ADRIANA LÚCIA DE ESCOBAR CHAVES DE BARROS (UEMS) Resumo de Paper Esta pesquisa tem como objetivo refletir sobre fatos e mitos a respeito do ensino de Inglês nas escolas públicas dos mu‑ nicípios de Jardim, Guia Lopes, Bela Vista e Campo Grande, em MS, a partir das crenças de uma aluna de graduação em Letras Português–Inglês da UEMS, sua professora de Formação Pedagógica e duas professoras da Secretaria de Educação, uma do Estado de Mato Grosso do Sul e outra do Município de Campo Grande. Pesquisas sobre as crenças dos professores de Inglês vêm acontecendo há mais de 30 anos. No entanto, ainda há muito sobre o que se investigar e me‑ lhorar. Os cursos de formação universitária encontram‑se bastante aquém das expectativas dos alunos de Letras, no que diz respeito à capacitação de língua inglesa. Esse é um forte motivo para que esses aprendizes se sintam desmo‑ tivados, desestimulados, desassistidos, despreparados e malformados. Dessa maneira, permeada de reflexões, esta pesquisa sugere a necessidade de se ouvir mais sobre as expectativas, os medos e os receios de professores, alunos dos cursos de Letras, alunos das escolas e todos os atores envolvidos no processo de ensino‑aprendizagem de Língua Inglesa nas escolas públicas, para que se possa, em outro momento, (re) significar os seus (pré) conceitos, adequan‑ do‑os às diversas realidades. DO IMPRESSO AO DIGITAL: A LEITURA NO ENSINO SUPERIOR ADRIANE BELLUCI BELÓRIO DE CASTRO (FATEC–BT) Resumo de Paper Paralelamente ao crescente surgimento de novas tecnolo‑ gias de informação e de comunicação, ocorre a mudança no perfil do leitor. Acompanhando a transformação tecno‑ lógica, a possibilidade de leitura passa a ser mais ampla e a atingir maior número de leitores. Entretanto, com essas mudanças tecnológicas, surgem leitores de diferentes per‑ fis. Santaella (2005) define três tipos de leitor associados a mudanças dos meios de comunicação. O primeiro, chamado leitor contemplativo, é o meditativo da idade pré‑industrial, o leitor da era do livro impresso e da imagem expositiva, fixa. Um segundo tipo, o leitor movente é o leitor do mundo em movimento, dinâmico, mundo híbrido, de misturas sígni‑ cas. Um terceiro tipo, o leitor imersivo é aquele que começa a emergir nos novos espaços incorpóreos da virtualidade; o navegador é também um leitor, na medida em que desen‑ volve determinadas disposições e competências que o habi‑ litam a navegar através de fluxos informacionais – sonoros, visuais e textuais – que são próprios da hipermídia. A partir desses pressupostos, pretende‑se, com este trabalho, discu‑ tir como a leitura ocorre na sociedade do conhecimento em que se tem a convivência e a possível transição do impresso para o digital, a alteração do perfil do leitor e, consequente‑ mente, o reflexo dessa alteração sobre o ensino‑aprendiza‑ gem da leitura, especificamente para alunos ingressantes do ensino superior. Por meio de confrontos teóricos e metodo‑ lógicos, a fim de selecionar aspectos que sejam pertinentes e complementares para o desenvolvimento de estratégias de ensino‑aprendizagem da leitura, deseja‑se, também, apre‑ sentar uma proposta de trabalho didático‑pedagógico que proporcione a prática da leitura reflexiva, crítica e prazerosa. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 5 CONTRIBUIÇÃO DOS GÊNEROS NO ENSINO‑APRENDIZAGEM DA LITERATURA NO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO AELISSANDRA FERREIRA DA SILVA (UFAC) Resumo de Pôster Tendo como base teórica os estudos sobre os gêneros discur‑ sivos e concebendo‑os não apenas como instrumentos de comunicação, mas também como objeto de ensino‑apren‑ dizagem, este trabalho aborda questões relativas à expla‑ nação da obra Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, em diversos gêneros. Primeiramente foi feita uma contextuali‑ zação da obra e do autor pela professora regente. Depois, foi feita a leitura dramatizada da obra em sala de aula. Em se‑ guida, foi feita a divisão da apresentação do trabalho em gêneros diversos. Cada grupo teve a orientação e o acompa‑ nhamento da professora durante três semanas para a exe‑ cução do trabalho. Terminado o prazo, os grupos fizeram a apresentação e no final foi entregue um questionário aos alunos avaliando o trabalho realizado. A análise visa enfocar se antes os alunos tinham utilizado diversos gêneros em um único trabalho, bem como se a forma como o trabalho foi estruturado contribuiu para uma melhor compreensão da obra analisada. Assim, por meio dos trabalhos apresenta‑ dos e do questionário aplicado, tornou‑se possível explorar as habilidades propostas tanto para a fala quanto para a es‑ crita, contemplando, dessa forma, a variedade da interação verbal e, consequentemente, uma melhor compreensão da obra analisada. IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROJETO DE ENSINO DE LÍNGUA INGLESA INSTRUMENTAL ON‑LINE NO IFAL: ANÁLISE DE EXPECTATIVAS E EXPERIÊNCIAS DO SUJEITOS ALUNOS AGNALDO PEDRO SANTOS FILHO (IFAL) NIEDJA BALBINO DO EGITO (IFAL) GISELE FERNANDES LOURES DOMITH (UFMG) Resumo de Paper O Governo Federal nos últimos anos vem investindo na in‑ ternacionalização da educação brasileira devido à neces‑ sidade e aos benefícios obtidos com tal ferramenta. Prova desse fato são os convênios firmados entre o Brasil e as ins‑ tituições de ensino no exterior, além do desenvolvimento de iniciativas como o Ciências Sem Fronteiras que estimula o compartilhamento do conhecimento entre instituições de países diferentes. Uma das condições primordiais para se aproveitar tais oportunidades é a compreensão e uso da Língua Inglesa, por ser essa o idioma mais usado nos âmbi‑ tos acadêmicos internacionais e de propagação da ciência. Dentro desse contexto, o Instituto Federal de Alagoas – IFAL tem buscado parcerias com Instituições que têm programas de desenvolvimento dentro dessa área. Faremos um relato da institucionalização do programa IngRede no IFAL. O pro‑ jeto está sendo implantado em convênio com a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e tem o objetivo de promo‑ ver o aprendizado de língua inglesa através do uso de Novas tecnologias da Informação e Comunicação – TICs. Estamos vivendo no período da sociedade da informação, na qual o uso das novas tecnologias implica em uma mudança no modo de se fazer a educação, acompanhando o desenvolvi‑ mento da era digital onde o aprendizado não ocorre apenas dentro da sala de aula. A educação à distância (EAD), tem representado um importante papel na mudança dos parâ‑ metros educacionais, uma vez que possibilita novas formas de aprender, rompendo barreiras de espaço e tempo. Através do uso das TICs são desenvolvidas plataformas de ensino de inglês à distância com o objetivo de facilitar e democratizar o ao aprendizado de inglês, propiciando ao aprendiz uma maior autonomia na organização e no gerenciamento do tempo de seus estudos. Nesta comunicação, vamos apre‑ sentar as tomadas de posição dos sujeitos participantes desse projeto no IFAL quanto à participação no projeto e a aprendizagem delínguas estrangeiras através das TICs. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 6 O DEBATE SOBRE POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E EDUCACIONAIS EM TIMOR‑LESTE: PROBLEMAS HISTÓRICOS E QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS NA INTERPRETAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA ALAN SILVIO RIBEIRO CARNEIRO (UNICAMP) Resumo de Paper O território de Timor‑Leste tem 14.919 quilômetros quadra‑ dos e uma população de 1.066.409 habitantes, sendo que 41,4% desta tem de 0 a 14 anos (TIMOR‑LESTE, 2011). O país apresenta ainda um alto índice de crescimento populacional (BANCO MUNDIAL, 2008), o que coloca uma série de desafios para o planejamento de suas políticas públicas, principal‑ mente na área de educação. Timor‑Leste tem como línguas oficiais: o português e o tétum. O país ainda tem duas lín‑ guas de trabalho, o inglês e o indonésio e, ao menos, outras 15 línguas nacionais (ENGELENHOVEN, 2006). Para a reintro‑ dução da língua portuguesa no sistema escolar, após muitos anos de proibição do uso dessa língua durante o regime in‑ donésio, os timorenses estabeleceram convênios, principal‑ mente entre os anos de 2001 e 2002, com Portugal e Brasil para o desenvolvimento de projetos de cooperação na área educacional, dentre esses projetos, destaca‑se a criação do curso de Licenciatura em Língua Portuguesa e Culturas Lusófonas, da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (BOLINA, 2005). O objetivo desta comunicação é apresentar a histó‑ ria desse curso e a perspectiva dos professores formados e de alunos em formação acerca de suas vivências, bem como identificar as suas visões sobre o rumo atual das políticas lin‑ guísticas e educacionais, procurando evidenciar o seu papel em processos sócio‑políticos mais amplos que ainda estão em andamento no território. Os dados apresentados aqui são resultado de uma pesquisa etnográfica realizada entre janeiro e junho de 2012, que incuiu entrevistas centradas nas histórias de vida desses professores e desses alunos. O en‑ foque nas análises esteve centrado nas entrevistas como evento interacional, com particular destaque para o funcio‑ namento das ideologias linguísticas na interação, que apon‑ ta para a compreensão das políticas linguísticas como uma prática situada, na qual os agentes evidenciam os seus posi‑ cionamentos, negociando as suas identidades sociais. A CANÇÃO/ LETRA DE CANÇÃO COMO ATIVIDADE SOCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE LEITURA E ESCRITA EM SALA DE AULA ALBA VALERIA ALVES IGNACIO (PUC–SP) Resumo de Paper Este estudo visa compreender criticamente o ensino‑apren‑ dizagem de leitura e escrita no contexto escolar por meio de uma atividade social do gênero canção/letra de canção. A compreensão de forma crítica e reconhecimento do gê‑ nero canção quanto a sua função social, seu contexto de produção e seu estilo, avaliação da sua temática, atentan‑ do para as mensagens trazidas nas letras de canção anali‑ sadas, pelo fato de se tratar de um gênero que está sempre circulando em diversas esferas e por ser um grande instru‑ mento de conscientização e de socialização dos alunos é o foco central. Desse modo, a compreensão de leitura e de escrita, neste estudo, será apoiada, respectivamente, nos pressupostos referentes à capacidade de leitura de Rojo (2009), nos gêneros discursivos (Bakhtin, 1952–53/2003) e no trabalho com gêneros orais e escritos na escola proposto por Dolz e Schneuwly, 1998), bem como nos aportes teóri‑ cos sobre performance de Holzman(2002) e aos construtos de ZPDs mútuas (John‑Steiner, 2000). “Como definido por Vygotsky e explicitado pelas definições de Engeström (2007), para Holzman (2002) a ZPD é a relação entre ‘ser e tornar‑se’.” (Magalhães, 2009). Este estudo se constitui como uma pesquisa crítica de colaboração (PCcol), visto que concebe a linguagem como papel central e busca a transformação dos participantes. A pesquisa crítica de colaboração está in‑ serida no paradigma crítico que tem por objetivo intervir e transformar contextos (Magalhães, 2009). Essa metodolo‑ gia possibilita a formação dos educadores e alunos com foco no desenvolvimento e na formação de um profissional refle‑ xivo‑crítico. Tem como base teórica as discussões da Teoria da Atividade Sócio‑histórico cultural (TASCH), concebida por Vygotsky (1930, 1934), Leontiev (1977), E 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 7 REPRESENTAÇÕES DO AGIR DOCENTE EM MATERIAIS DIDÁTICOS DESTINADOS À FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES ALCIONE DA SILVA SANTOS (UFCG) Resumo de Paper Este trabalho é parte dos resultados obtidos em uma pesquisa realizada com professores do 4º ciclo do Ensino Fundamental em um curso de formação continuada cujo objetivo foi orientar docentes da Educação Básica acerca dos tópicos e descritores que guiam a formulação de questões da Prova Brasil. O objetivo desse artigo é investigar as repre‑ sentações observáveis do agir docente no Caderno PDE 2009, material didático produzido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) para embasar o curso em referência. A base teórica que serviu para a análise de dados está constituída de estudos sobre representações sociais (MOSCOVICI, [1976] 2010), o agir humano (HABERMAS 2002; REESE‑SCHÄFER, 2009), o agir docente (MACHADO, 2009), bem como so‑ bre os extratos textuais para análise dos textos/discursos (BRONCKART, 2008; 1999; BRONCKART E MACHADO, 2005 e 2004). Os resultados da análise dos dados mostraram que, no instrumento da instância oficial, são observadas duas representações sobre o agir docente: o agir cognitivo, re‑ lacionado à aquisição de conhecimentos específicos sobre competências de leitura; e o agir especifico em sala de aula, relacionado às alternativas metodológicas a serem desen‑ volvidas pelo professor por meio do uso de ferramentas/ instrumentos para a formação do leitor proficiente. Esses dois tipos de representações sugerem que a instância oficial, através do Caderno PDE 2009, age praxiologicamente, orien‑ tando o professor para que este execute tarefas. VISÕES DE LEITURA DE ALUNOS‑PROFESSORES DE INGLÊS: PRAGMATISMO E CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS ALCIONE GONÇALVES CAMPOS (UEL) Resumo de Paper Há diferentes formas de ler e de entender a leitura. Decodificação, julgamento de validade, leitura compensató‑ ria, leitura de ideologias são algumas posições adotas. Todas as quais pressupõem diferentes visões de língua(gem), texto. Nesta comunicação, o objetivo é relatar resultados prelimi‑ nares de análise de dados do projeto pesquisa Pensamento Crítico para Ação Transformadora, cujo contexto de coleta de dados é naturalístico – disciplina de Leitura em Língua Inglesa, da segunda série da graduação em Letras/Inglês da Universidade Estadual de Londrina. O qual tem como objetivo geral mapear o desenvolvimento dos licenciandos em língua inglesa enquanto professores e leitores nesta lín‑ gua adotando‑se modelo longitudinal de coleta de dados por meio de instrumentos ecológicos. Partindo de visão de linguagem enquanto expressão de pensamento e discurso, o projeto, situado no campo do Letramento crítico, adota epistemologia construcionista social e ontologia subjeti‑ vista, crítica e dialógica. A disciplina, contexto de coleta de dados, busca, por um lado, oferecer amplo leque de visões de leitura, concepções de língua(gem) e texto, e por outro, incentivar que a leitura seja instrumento para consciência crítica. Portanto, analiso dados oriundos de um exercício aplicado na disciplina de Leitura em Língua Inglesa no qual os alunos‑professores precisam se colocar como professo‑ res e preparar atividades de leitura voltada ao Letramento Crítico. Uma das questões que os alunos‑professores res‑ pondem pede que estabeleçam objetivos para uma aula de leitura com base em dois textos multimodais. A partir da análise das respostas dos alunos procurei identificarsuas concepções de leitura. Os resultados apontam para concep‑ ções diferenciadas e relacionadas principalmente a questões pragmáticas, por um lado, e filosóficas, por outro. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 8 INCLUSÃO SOCIAL NAS AULAS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: PERCEPÇÕES E CONFLITOS ALESSANDRA CORACINI ZANELLO MACHADO (UTFPR) MIRIAM SESTER RETORTA (UTFPR) Resumo de Pôster O objetivo deste trabalho é relatar resultados preliminares de uma pesquisa de campo que originalmente foi conce‑ bida no ENFOPLI (Grupo de Formadores de Professores de Língua Inglesa de Instituições de Ensino Superior Públicas e Particulares do Estado do Paraná) e posteriormente, condu‑ zida e desenvolvida na Universidade Tecnológica Federal do Paraná por alunos do curso de Licenciatura Letras Português/ Inglês. A pesquisa teve como questionamento quais eram as percepções e sentimentos dos stakeholders (indivíduos en‑ volvidos direta ou indiretamente com o fenômeno ou pro‑ blemática) sobre a inclusão de alunos com necessidades es‑ peciais nas aulas de língua inglesa. As teorias que embasam a investigação são as de crenças e percepções de Barcelos (2000,2001, 2004), Coelho (2005), Trajano (2005), Silva (2007), Madeira (2008). Para coletarmos os dados, foram utilizados sete questionários: um para os alunos regulares, um para alunos com necessidades especiais, um para os pais, um para os professores, um para os gestores da escola, um para os coordenadores/orientadores da escola e um para os funcionários das escolas. A coleta foi feita por alunos de es‑ tágio obrigatório de língua inglesa em escolas públicas no ano de 2011. Os resultados estão sendo analisados e discuti‑ dos por uma das alunas, a qual decidiu transformar o projeto em um Trabalho de Conclusão de Curso. Alguns resultados preliminares mostram que há uma descrença e desânimo em relação à inclusão escolar da maneira que tradicional‑ mente está sendo conduzida. Os alunos com necessidades especiais dizem ser bem recebidos pelos colegas e professo‑ res e se sentem parte do grupo, porém têm consciência de que não conseguem desenvolver suas competências e habi‑ lidades acadêmicas a contento. Sentimento também com‑ partilhado pelos pais, professores e alunos regulares. DIFERENÇAS CULTURAIS PERCEBIDAS POR BRASILEIROS NO EXTERIOR VERSUS ABORDAGEM CULTURAL NOS LIVROS DIDÁTICOS DE INGLÊS ALESSANDRA SARTORI NOGUEIRA (UNICAMP) Resumo de Paper Apostando na inseparabilidade entre língua e cultura, este estudo tem por objetivo explorar um recorte dessa relação a partir de relatos sobre conflitos culturais vividos por bra‑ sileiros no exterior. São explorados sete relatos, quatro dos quais relacionam cultura com questões linguísticas, como pronúncia, entonação, gramática e vocabulário, algo que era inesperado. Os outros três relatos envolvem diferenças comportamentais, como horário de chegada às festas, di‑ ficuldades encontradas no processo de instalação de tele‑ fone e modo de oferecer um lanche ao amigo. Em seguida, selecionamos em alguns livros didáticos (LDs) as categorias abordadas pelos respondentes, a fim de verificar que tipo de tratamento cultural é dado a essas questões (tanto lin‑ guísticas, como comportamentais). Os resultados sugerem que os LDs veiculam a ideia segundo a qual língua e cultura são por vezes entidades distintas: apresentam, por um lado, como fatos culturais textos sobre filmes, música, persona‑ lidades e história relacionados a outros países e, por outro lado, atividades gramaticais ignorando‑se os aspectos cul‑ turais que lhe são intrínsecos. Além disso, os dados lançam luz sobre algumas questões. Primeiro, constituem exemplos concretos da inseparabilidade entre língua e cultura, con‑ ceito bastante repetido, mas talvez pouco compreendido na prática. Segundo, demonstram como os aprendizes são subestimados em relação à noção de língua e cultura que já carregam consigo. A riqueza de seus conhecimentos prévios nunca pode ser desprezada. Terceiro, as histórias demons‑ tram de que maneira a fluência não é fator determinante para livrar o aprendiz dos equívocos. Propomos, por fim, que o professor amplie a concepção de cultura veiculada pelas atividades dos LDs, permitindo que o aprendiz passe a movi‑ mentar‑se entre as culturas, movimento este que acontece no espaço discursivo chamado terceiro lugar, terceiro espa‑ ço ou entrelugar. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 9 PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES EM AULAS DE LÍNGUA MATERNA E ESTRANGEIRA: DIÁLOGOS NOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS ALEX BEZERRIL TOLEDO (UFRJ) Resumo de Pôster Este pôster tem como foco a análise de projetos interdisci‑ plinares voltados para compreensão e produção de textos desenvolvidos em aulas de língua materna e estrangeira por professores‑participantes do projeto “Práticas de Linguagem em diferentes áreas do conhecimento na escola pública” (PLIEP), o qual integra universidade e escola. O PLIEP par‑ te dos pressupostos de que a linguagem ocupa papel cen‑ tral na construção e reconstrução de significados e de que a transposição didática de gêneros em práticas letradas é fundamental em todas as áreas do conhecimento. Partindo dessas concepções, tem‑se por objetivo entender como a interdisciplinaridade é enfocada em aulas de LM e LE das escolas participantes; que gêneros circulam nos projetos interdisciplinares; e como se dá a interação entre os partici‑ pantes e atividades propostas no processo de co‑construção do conhecimento. Para alcançar tal objetivo haverá coleta de dados no ambiente escolar através da filmagem de aulas e constantes diálogos com os envolvidos no processo de en‑ sino‑aprendizagem através de questionários e entrevistas. Espera‑se que as práticas interdisciplinares co‑construídas ao longo da pesquisa gerem reflexões sobre a centralidade da linguagem em práticas pedagógicas de diferentes áreas do conhecimento. Por fim, objetiva‑se discutir a importân‑ cia de atividades de produção e compreensão de textos em todas as áreas do conhecimento. A POLÍTICA LINGUISTICA EM MOÇAMBIQUE E AS CONTROVÉRSIAS NA EDUCAÇÃO FORMAL ALEXANDRE ANTÓNIO TIMBANE (UNESP) Resumo de Paper A história do Português em Moçambique está intimamente ligada à colonização, pois foi este processo que implantou no séc. XIX. A política lingüística do sistema colonial classificava as mais de vinte línguas bantu faladas no território como dialetos, fato que contraria estudos, pois estas línguas são completas, com estrutura gramatical, sintática, morfológi‑ ca, fonética‑fonológica e lexical própria. A presente pesquisa visa analisar e explicar a situação linguística de Moçambique bem como o impacto da política linguística na escolariza‑ ção e na vida dos moçambicanos. Da pesquisa se conclui que o número de cidadãos com língua bantu como língua materna tende a baixar, ascendendo assim a variante mo‑ çambicana que Dias (2009), Vilela (1995), Gonçalves (1996), Timbane (2012), Lindegaard (2009) designam por Português Moçambicano. Esta variante hoje atinge cerca de 50.4% (GONÇALVES, 2012, p.4); a educação bilingue pode ajudar a reduzir o número de reprovações principalmente nas zonas rurais, tal como sustentam Ngunga, Nhongo, Langa et alli (2010); a literatura em línguas bantu iria aumentar, até por‑ que já foi feita padronização das línguas bantu em 2008; o preconceito ou desprezo com relação às línguas bantu pode reduzir com políticas que encorajam e valorizam as línguas bantu. A experiência da África do Sul (cujas as línguas oficiais de origem africana são usadas nas escolas, nas instituições públicas) serve de lição para se entender que Moçambique perdeu muito pelo fato de não ter oficializado as línguas ban‑ tu. Hoje, os sul‑africanos investiram na pesquisa das línguas locais, fato que resultouna criação de dicionários, de gramá‑ ticas e de muita literatura. Em Moçambique falta a “vontade política” para que as línguas bantu faladas por 85,2% dos mo‑ çambicanos (GONÇALVES, 2011, p.4) sejam legalmente presti‑ giadas e que algumas delas não caiam na extinção. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 10 O MATERIAL DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA E O LETRAMENTO CRITICO ALICE HELEN GRIGOLO (UFPR) Resumo de Paper O presente trabalho vem propor uma abordagem focada no Letramento Crítico para o material didático utilizado em uma franquia de ensino de Inglês como L2. Esse material já apresenta atividades que inserem a reflexão, o debate e a discussão de diferentes pontos de vista, mas percebemos que essas discussões podem avançar em direção a aquilo que o Letramento Crítico propõe (JORDÃO, 2007; SOUZA, 2011). Desta forma, utilizando os mesmos tópicos do material di‑ dático incluiremos atividades que promovam a percepção das diferentes perspectivas, levando o aluno a refletir sobre suas implicações. Essas atividades serão elaboradas a par‑ tir da metodologia OSDE ‑ Open Spaces for Dialogue and Enquiry (ANDREOTTI, 2006) tendo como princípio que todo conhecimento é válido, legítimo, parcial, incompleto, possí‑ vel de ser questionado e construído a partir de nossas expe‑ riências de vida. É através do diálogo, da investigação e do envolvimento crítico dos participantes que buscamos uma percepção das diferentes realidades construídas discursiva‑ mente. Também se pretende problematizar os temas abor‑ dados pelo material didático, orientando o debate para uma perspectiva crítica, desestabilizando as crenças dos alunos e fazendo‑os questionar as diferentes formas de vermos o mundo. Dentro desse contexto apresentado, o papel do pro‑ fessor será problematizar os temas e facilitar a criação e ma‑ nutenção de um ambiente aberto para discussão. Espera‑se que os alunos possam desenvolver novos procedimentos in‑ terpretativos, tornando‑se produtores de conhecimento, e, portanto, agentes de transformação social. O PAPEL DE INTENSIFICADORES LEXICAIS NA ANÁLISE DE SENTIMENTOS VIA TWITTER ALINE AVER VANIN (PUCRS) LARISSA ASTROGILDO DE FREITAS (PUCRS) Resumo de Paper A comunicação por meio de redes sociais tornou‑se am‑ plamente difundida para todos os setores da vida cotidia‑ na. Com o advento da era da informação, computadores fazem a mediação entre pessoas, instituições e empresas. Além disso, muitas vezes, relações virtuais se consolidam pelo uso constante e cada vez mais frenético dessas redes. Nesse contexto, é possível observar que opiniões coletadas em redes sociais, acerca de qualquer assunto, podem refle‑ tir no comportamento das próprias entidades referenciadas. Ou seja, tendo em vista um determinado assunto em pau‑ ta (e.g., um novo produto no mercado), indícios da opinião do público podem refletir na sua comercialização. O Twitter pode ser considerado uma ferramenta de divulgação de in‑ formações, de interação e de compartilhamento de opiniões. Em um limite de 140 caracteres, verifica‑se um conteúdo ex‑ presso por uma linguagem sintética e dinâmica que licencia o uso de elementos que se aproximam daqueles utilizados em diálogos orais. Assim, neste estudo são utilizadas ferra‑ mentas de Processamento de Linguagem Natural (PLN) na análise de sentimentos, isto é, na verificação da atitude, da opinião e do estado emocional presentes nos tweets com relação a entidades de domínios específicos. A partir disso, pretende‑se observar os elementos lexicais envolvidos no fenômeno da intensificação, haja vista que a intensificação pelo uso de adjetivos e de advérbios relacionados, especial‑ mente pela repetição lexical (“muito, muito”) e de caracteres (“muuuuito”), pode provocar mudanças substanciais na aná‑ lise de sentimento. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 11 FILHOS DE OFICIAIS E PRAÇAS DE CARREIRA DO EXÉRCITO BRASILEIRO – ALUNOS MULTICULTURAIS E SUA ADAPTAÇÃO EM UMA NOVA ESCOLA NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA ALINE CARNEIRO DOS SANTOS COSTA (UFRJ) Resumo de Pôster O presente trabalho destina‑se a apresentar o pré‑projeto de mestrado que trata da multiculturalidade dos filhos de militar, que mudam de cidade, estado e até mesmo de país constantemente devido às transferências obrigatórias exi‑ gidas pela profissão dos pais. Tais mudanças acarretam não somente uma adaptação no âmbito familiar, como tam‑ bém inserção em uma nova cultura, novo ambiente escolar e novo círculo social, entre outros. Sem opção de escolha, crianças e adolescentes são obrigados a deixar amigos, o ambiente escolar conhecido e o ritmo a que estavam ha‑ bituados para encarar os novos desafios impostos por um novo ambiente. Como resultado das constantes mudanças, temos crianças multiculturais, com experiências diversas convivendo com outras que, em sua maioria, só conhecem a cidade onde moram ou redondezas. O projeto que venho desenvolvendo tem o intuito de observar os filhos de militar no ambiente escolar, mais especificamente na faixa do sexto ao nono ano, dependendo da demanda desses alunos nessas séries. A ideia inicial é acompanhar de 10 a 15 adolescentes e verificar como se dá sua adaptação nas aulas de língua ingle‑ sa e como o seu conhecimento de mundo influencia ou não de forma diferenciada no novo ambiente. Em paralelo, pre‑ tendo explorar a postura da escola e dos professores diante dos novos alunos, bem como a expectativa dos pais perante a nova escola. Partindo de uma triangulação de dados, bus‑ carei desvendar um pouco do universo desses adolescentes e contribuir para a divulgação desta realidade até agora não explorada no Brasil. Para tanto, lançarei mão dos estudos de Oxford (2003), Kramsch (1998), Freire (1996), Benson (1997), entre outros autores que tratam da autonomia em sala de aula, organização da sala de aula, língua e cultura. ENSINO, APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO DA MODALIDADE ESCRITA EM PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS EM CONTEXTO TELETANDEM ALINE DE SOUZA BROCCO (UNESP ‑ IBILCE) DOUGLAS ALTAMIRO CONSOLO (UNESP) Resumo de Paper O objetivo desta apresentação é divulgar apontamentos sobre o ensino e a aprendizagem de português para es‑ trangeiros em contexto teletandem durante a vigência e desdobramentos do projeto Teletandem Brasil: línguas es‑ trangeiras para todos, por meio de resultados de pesquisas desenvolvidas neste contexto. O teletandem é um contexto virtual que propicia o ensino e aprendizagem por intermédio de computadores, valendo‑se concomitantemente da pro‑ dução e compreensão oral, da escrita e de imagens. Nesse contexto, duas pessoas, cada uma proficiente em uma lín‑ gua, encontram‑se regularmente para aprender a língua um do outro. Essas pessoas buscam, então, de forma autônoma e colaborativa, aprender a língua e a cultura do outro em in‑ terações autênticas, sendo que o parceiro mais proficiente ajuda o menos proficiente na língua e vice‑versa. As pesqui‑ sas evidenciam que o contexto em questão funciona como um complemento para a sala de aula; desenvolve as com‑ petências intercultural, linguístico‑comunicativa e peda‑ gógica; contribui para a formação de professores; propicia substancial insumo para a aprendizagem; e proporciona o ensino da forma com fins comunicativos, entre outros bene‑ fícios. Enquanto um contexto de ensino e aprendizagem de português como língua estrangeira (PLE), o teletandem pro‑ porciona a difusão da língua e da cultura portuguesa e facili‑ ta o contato com o Brasil por meio da comunicação on‑line. Em etapa mais recente, de implementação de parcerias de teletandem integradas a disciplinas de língua estrangeira na universidade, os interagentes foram incumbidos de produzir textos na língua‑alvo e corrigir textos elaborados pelos es‑ trangeiros em língua portuguesa. Esta prática de produçãoescrita suscitou questionamentos a respeito do feedback re‑ alizado pelos interagentes brasileiros sobre a produção tex‑ tual de seu parceiro, e nesta apresentação ilustra‑se a dis‑ cussão com produções textuais em PLE para discussão sobre como se caracteriza a correção desses textos. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 12 PERSPECTIVAS DE ENSINO E A FORMAÇÃO DE SUJEITOS CRÍTICOS: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA ALINE DEOSTI (UFPR) ANDERSON NALEVAIKO MARQUES (IFPR) KATIA BRUGINSKI MULIK (UFPR) Resumo de Paper O ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras na edu‑ cação básica vem sendo fortemente afetado pela complexi‑ dade das transformações sociais e culturais e do desenvol‑ vimento tecnológico oriundas do processo de globalização. Assim, ensinar uma língua estrangeira não se resume no repasse de informações linguísticas e no trabalho com ha‑ bilidades comunicativas, mas na formação de um indivíduo capaz de compreender as relações complexas do mundo que vive e que saiba pensar e agir criticamente a partir delas. Nesse sentido, propomos neste artigo a discussão de algu‑ mas perspectivas de ensino que enfatizam a formação do aluno crítico – pedagogia crítica, leitura crítica e letramen‑ to crítico e multiletramentos – buscando identificar em que sentido(s) essas perspectivas se diferem e se aproximam e que aspectos as constituem, bem como a forma como con‑ ceituam o termo crítico. Após a discussão das perspectivas apresentamos alguns elementos propostos por Pennycook (2003) que sintetizam o trabalho crítico (pensamento críti‑ co, relevância social, modernismo emancipatório e prática problematizadora) buscando associá‑los a discussão das perspectivas debatidas. Finalmente, nas considerações fi‑ nais, sintetizamos os elementos recorrentes nas três pers‑ pectivas de ensino e traçamos nossa conclusão no que tan‑ ge ao ensino de línguas estrangeiras na educação básica em uma perspectiva crítica. O LIVRO DIDÁTICO E A ENSINAGEM DE INGLÊS: AS VOZES BAKHTINIANAS E VYGOTSKYANAS NO PNLD ALINE L DE A V DOS S VIEIRA (UFRJ) Resumo de Pôster O livro didático de inglês pode atuar na promoção da heu‑ rística, conduzindo o aluno à compreensão de sua função no mundo, facultada pelos valores recebidos em casa, for‑ talecidos na escola e praticados na sociedade. Este trabalho tem o objetivo de entender como o livro didático de inglês pode influenciar a ensinagem, repensando os papéis do pro‑ fessor, enquanto agente co‑construtor do conhecimento, e dos alunos, enquanto agentes críticos e transformadores. Serão analisadas as vozes bakhtinianas e vygotskyanas do Programa Nacional do Livro Didático, que tem como princi‑ pal objetivo subsidiar o trabalho pedagógico dos professores por meio da distribuição de coleções de livros didáticos aos alunos da educação básica, mas prima não somente pela qualidade do material didático, como também, traça metas a serem alcançadas pelo professor através de sua prática docente. A fundamentação teórica deste trabalho baseia‑se em Vygotsky e a teoria sociointeracional e nos princípios bakhtinianos de dialogismo, alteridade e estudos quanto aos gêneros do discurso. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 13 UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO LINGUÍSTICA DE FUTUROS PROFESSORES DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA ALINE MARA FERNANDES (UNESP) Resumo de Paper Esta comunicação tem o objetivo de mostrar os resulta‑ dos preliminares de um estudo sobre a proficiência oral em língua inglesa de alunos‑formandos de um curso de Licenciatura em Letras de uma universidade pública do in‑ terior do estado de São Paulo. Os dados que compõem o es‑ tudo foram coletados no ano de 2012 e obtidos a partir de (1) gravações em áudio do desempenho de oito alunos no teste oral do EPPLE (Exame de Proficiência para Professores de Línguas Estrangeiras), (2) gravações em áudio e vídeo de seminários apresentados por esses alunos nas aulas de lín‑ gua inglesa na universidade, (3) observações de aulas e (4) questionários aplicados a alunos e professores da disciplina de inglês. O foco da análise dos dados está no uso da meta‑ linguagem. Busca‑se estabelecer possíveis relações entre a qualidade das aulas de inglês do 4º ano do curso de Letras da universidade em questão e a qualidade da produção oral dos alunos‑formandos no que concerne à proficiência oral dos futuros professores para lidar com a língua‑alvo para fins de ensino. Este estudo é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento que objetiva o levantamento de uma tipolo‑ gia de tarefas pedagógicas que favoreçam o desenvolvimen‑ to da competência metalinguística dos alunos‑formandos, ou seja, o conhecimento sobre o funcionamento da língua e a capacidade dos futuros professores de falar sobre a língua‑ ‑alvo, utilizando‑se de taxonomia adequada. A motivação para tal pesquisa está na necessidade de se traçar parâme‑ tros mais específicos para a formação linguística e pedagó‑ gica do professor de línguas estrangeiras no Brasil. Sendo as‑ sim, acredita‑se que a avaliação da proficiência do professor de LE é necessária para o estabelecimento de níveis de com‑ petência linguístico‑comunicativa desejados e, consequen‑ temente, para melhoras nas condições de ensino do inglês principalmente nas escolas regulares no país. NECESSIDADES FORMATIVAS DO PROFESSOR DE INGLÊS DO OESTE BAIANO ALINE RIBEIRO PESSÔA (UFBA) Resumo de Paper Diversos estudos sobre formação de professor de língua es‑ trangeira chamam a atenção para a importância da forma‑ ção continuada, especialmente para a formação de um do‑ cente reflexivo e crítico. A discussão (Celani, 2002; Gimenez, 2005; Vieira‑Abrahão, 2004, entre outros) tem considerado a reflexão da prática pedagógica como um caminho promis‑ sor para o docente se perceber como transformador por ser conhecedor do cenário que o cerca. Entretanto, uma signi‑ ficativa parcela de professores de língua inglesa ainda não compreende o sentido de um fazer docente reflexivo e crí‑ tico, principalmente em virtude de sua formação inicial ser incompleta. Deve‑se, portanto, pensar em formação conti‑ nuada que considere as reais necessidades do professor de línguas, em seu cenário de atuação, e busque um diálogo de modo que lhe seja possível gerar reflexão que funcione para reorganizar seu conhecimento prático e, assim, fomentar a formação e um profissional reflexivo e crítico. Nesse senti‑ do, esta pesquisa objetiva identificar o perfil do professor de inglês do oeste baiano, conhecer suas condições de traba‑ lho e diagnosticar suas necessidades, com a principal finali‑ dade de subsidiar ações que visam contribuir com a forma‑ ção continuada desses profissionais. Os informantes desta pesquisa exploratória, qualitativa que apresenta algumas quantificações, são os professores de inglês de escolas pú‑ blicas, municipais e estaduais, de nove municípios do oeste baiano. Os dados foram coletados por meio de questionário semi‑estruturado e autoavaliação de proficiência linguísti‑ ca que considerou a matriz do Quadro Comum Europeu de Referência para as Línguas. Os resultados demonstram as lacunas da formação inicial desses professores com nível elementar de proficiência, e a disposição em participar de oficinas e grupos de pesquisa colaborativa. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 14 IDENTIDADE NACIONAL VERSUS IDENTIDADE RACIAL: PERFORMATIVIDADE E INJÚRIA RACIAL NO BRASIL ALINE RUIZ MENEZES (UFOP) Resumo de Pôster Este trabalho é parte da pesquisa de Iniciação Científica, que está sendo desenvolvida dentro do Departamento de Letras da UFOP, intitulada “Mídia e intolerância racial: aná‑ lise de uma prática”, que tem como objetivo principal ana‑ lisar o discurso da mídia em relação aos casos de intolerân‑ cia racial protagonizadospor grupos ou indivíduos no país. Realizamos uma pesquisa de cunho qualitativo e quantita‑ tivo, baseada primeiramente no levantamento bibliográfico, na leitura e produção textual acerca do material pesquisado. O corpus foi formado por (i) Leis que criaram as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI); (ii) Boletins de ocorrência de crimes de ódio, de cunho racial, obtidos na DECRADI de São Paulo, a pioneira nesta questão; (iii) notícias veiculadas eletronicamente por cinco grandes jornais brasileiros e a análise da nomeação dos grupos cata‑ logados pela DECRADI. Tendo em vista a perspectiva teórica da Pragmática e dos Estudos Culturais, bem como da Análise do Discurso Crítica, temos como objetivo principal, neste trabalho, apresentar como os recorrentes casos de injúria racial, observados nos boletins de ocorrência, nos ajudam a compreender a construção da identidade nacional a partir da questão racial. Partimos da concepção de Fairclough (2001) de que o discurso é uma forma de agir sobre o mundo e sobre o Outro, sendo assim, é a partir do discurso que a sociedade se estrutura, se reflete e se modifica. Salientamos que para esta pesquisa, raça é visto como um conceito sociológico, e não biológico, o que auxilia na explicação de termos crimes baseados em questões raciais em nosso país. O que está em jogo não é que todos façamos parte da mesma raça huma‑ na, mas que nossas relações sociais são racializadas hierar‑ quicamente (Munanga, 2004). Dessa forma, encontramos a necessidade de compreender essas construções identitárias a partir da questão racial e perceber a forma como discurso produz ações, no caso das injúrias raciais. O ENSINO DA FONÉTICA E FONOLOGIA NO CURSO DE LETRAS/ESPANHOL DA UNEB: RELATO DE EXPERIÊNCIAS ALINE SILVA GOMES (UNEB) Resumo de Paper A formação docente no Brasil tem sido um dos temas mais discutidos e explorados no âmbito educacional nas últimas décadas e, no que se refere à formação de professores de língua espanhola, esta seja talvez uma das maiores dívidas do governo brasileiro junto a nossa sociedade, como afirma Moreno (2005). Com a finalidade de contribuir de alguma maneira nessas discussões, e no contexto em que estamos inseridos, esta apresentação visa compartilhar os resulta‑ dos das práticas de ensino desenvolvidas entre os discen‑ tes do curso de Licenciatura em Letras – Língua Espanhola e Literaturas de Língua Espanhola –, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB – Campus I), na disciplina Estudos Contrastivos em Fonética e Fonologia da Língua Materna e Língua Espanhola, no primeiro semestre de 2012. O objetivo geral do curso é estudo contrastivo das estruturas fonéticas e fonológicas da língua portuguesa e da língua espanhola. A comunicação está estruturada em três seções: primeiro, explica‑se o componente curricular em questão; em seguida, mencionam‑se os materiais e métodos utilizados durante as aulas ministradas; logo, apresentam‑se os resultados sobre algumas atividades realizadas pelos discentes. Por último, nas considerações finais, discorre‑se sobre a importância dos conteúdos fonético‑fonológicos na formação dos futu‑ ros professores de espanhol. Adotam‑se como referência os trabalhos de Poch Olivé (2001) e Llisterri (2003). 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 15 DISCURSOS E IDENTIDADES EM XEQUE NA SALA DE I/LE ALVARO MONTEIRO CARVALHO (UFRJ) Resumo de Paper Apesar de o tema sexualidade estar abarcado em um dos te‑ mas transversais propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), a orientação sexual, Louro (1997) assevera que tal temática não é discutida de forma aberta na escola por ser considerada uma responsabilidade da família. Em ra‑ zão disso, as práticas escolares parecem corroborar para a reprodução e solidificação de significados que são produzi‑ dos por uma matriz de inteligibilidade de ordem heterosse‑ xual (BUTLER, 1990). O efeito dessas práticas é a aparente constante contribuição da educação para a naturalização de certas formas de ser, conhecer e pensar sobre o corpo e o desejo, desconsiderando outras formas de experiência e de construção de significados. Refletindo sobre esse cenário, este trabalho tem dois objetivos: 1) apresentar um projeto pedagógico – desenvolvido com alunos/as de uma turma de 9º ano de inglês como língua estrangeira – que discute questões relacionadas a identidades estigmatizadas como a sexualidade, por exemplo; e 2) discutir alguns dos efeitos da implementação de tal projeto. A partir de teorizações advindas da Teoria Queer (SULLIVAN, 2003; BUTLER, 2004) e da perspectiva socioconstrucionista (MOITA LOPES, 2003), esse estudo procura problematizar processos tradicionais de construção de conhecimento, buscando também a de‑ sestabilização de conceitos fundamentalistas acerca das masculinidades. Os dados, gerados por meio de procedi‑ mentos de teor etnográfico e abordados de acordo com princípios da Sociolinguística Interacional (GOFFMAN, 1974 e 1981; GUMPERZ, 1982; BLOOMMAERT, 2009), não indicam total desestabilização e/ou renegociação, mas sim movimentos ainda tímidos de desestabilização. Entretanto, pode‑se dizer que, tais movimentos sutis constituem passos significativos em direção à agência e à mudança. COMPARANDO A PRODUÇÃO DE BRASILEIROS E ANGLÓFONOS DE CLUSTERS INICIADOS POR /S/ AMANDA DO NASCIMENTO BURGO (UFRJ) Resumo de Pôster Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa: “Análise do Processo de Ensino/Aprendizagem de Línguas Estrangeiras a Brasileiros – Problemas de Sotaque e de Pronúncia”, que está, de certa maneira, relacionado à temática da inclusão ou ex‑ clusão social por meio da linguagem. O projeto mencionado serve como base da nossa pesquisa que é a realização dos clusters por falantes de Português Brasileiro (PB) ao falarem inglês. Denomina‑se clusters as “seqüências de duas ou mais consoantes dentro de uma sílaba” (Prator & Robinett: 1985, 174). Um brasileiro, na fase de aprendizado do inglês como língua estrangeira (LE), insere /i/ antes de /s/, o que leva a um processo de ressilabação – quebra os constituintes do cluster. Essa inserção acontece por influência da língua ma‑ terna, o português (que não tem esse cluster), constituin‑ do‑se, então, em marca de sotaque. Sabe‑se, também, que algumas dessas marcas podem levar a estereótipos sociais, atitudes negativas voltadas contra o falante que se esforça para aprender o novo idioma. Mostraremos alguns de nos‑ sos dados gravados provenientes de alunos de Inglês de sex‑ to período da Faculdade de Letras (UFRJ), comparando‑os com os dados de falantes nativos e analisando‑os por inter‑ médio do programa computacional PRAAT. Desse modo, ten‑ taremos dar algumas explicações para o problema da inser‑ ção vocálica em clusters, apontando que o suposto nível de gravidade da pronúncia inadequada ainda é menor do que a possível atitude de exclusão social sofrida pelo aprendiz de inglês. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 16 O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS EM LÍNGUA INGLESA NO CONTEXTO DE UM SUBPROJETO DE PIBID ANA CAROLINA DE LAURENTIIS BRANDÃO (UNEMAT) Resumo de Paper Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir ex‑ periências de elaboração de material de língua inglesa, vi‑ venciadas por alunos de um curso de Letras e uma profes‑ sora de inglês da rede pública em um subprojeto de PIBID. O PIBID (Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) é uma iniciativa da CAPES no sentido de melhorar a Educação Básica no país, oferecendo bolsas de estudos a professores universitários (coordenadores institucionais e de área), professores da rede pública (supervisores) e discentes de cursos de Licenciatura. O subprojeto em questão é parte de um projeto de PIBID de uma universidade doMato Grosso, e tem o intuito de contribuir para a formação inicial e conti‑ nuada de profissionais da área de ensino de língua inglesa, por meio do desenvolvimento de uma proposta de ensino com base em gêneros textuais. As atividades envolvendo os gêneros seguem o modelo de sequência didática, segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), e serão aplicadas no primeiro semestre de 2013. O aporte teórico‑metodológico deste trabalho é a Pesquisa Narrativa (CLANDININ; CONNELLY, 2000). Os textos de campo envolvem excertos de relatos escritos por mim, coordenadora de área, e pelos bolsistas, bem como as sequências didáticas elaboradas. A análise desse material é feita com base na Composição de Sentidos, segundo Ely, Vinz, Downing e Anzul (2001). Até o momento, foi possível perceber dificuldades relacionadas à articula‑ ção da teoria envolvendo os gêneros, estudada na primeira fase do subprojeto, e a prática de elaborar as sequências, e à contemplação de outros conhecimentos além do sistêmi‑ co, sugeridos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira. A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES DE PROFESSORES NA MÍDIA: QUEM PODE ENSINAR INGLÊS NO BRASIL? ANA CASTELLO (UNB) MARIANA R. MASTRELLA‑DE‑ANDRADE (UNB) Resumo de Pôster Este trabalho tem com objetivo apresentar os resultados de uma investigação sobre a maneira como a mídia tem parti‑ cipado na construção de identidades de quem ensina inglês no Brasil. Teoricamente, entende‑se aqui que as investiga‑ ções com foco em identidades implicam em deslocar a ênfa‑ se sobre a descrição de sujeitos, voltando‑a sobre a ideia de tornar‑se, uma concepção que envolve movimento e trans‑ formação a partir de uma noção de linguagem que opera e realiza o que se diz (BUTLER, 1997). Assim, enfocar a maneira como a identidade de professores é construída significa, so‑ bretudo, entender as relações sociais, discursivas e de poder que a propiciam, já que, como ressaltam Norton (2000) e Mastrella (2007), as identidades não são algo simplesmente abstrato ou neutro, mas são todas políticas, engendradas em relações desiguais de poder. Tendo então essa perspec‑ tiva teórica, esta pesquisa buscou analisar, a partir da co‑ leta e seleção de reportagens e anúncios de instituições de ensino de inglês no Brasil, como os discursos constroem as identidades de quem ensina inglês, considerando, segundo Bourdieu ( 1997), que a mídia tem o poder de formar opiniões e atitudes em massa, tornando‑se especialista ou guardiã de valores coletivos. A análise foi conduzida com base na teoria dos Atos de Fala de Austin (1976) e conforme os trabalhos de Pinto (2002), que entendem língua como performativida‑ de. Os resultados mostram indícios de que os discursos que sustentam as informações sobre ensinar inglês no Brasil es‑ tabelecem quem é o “bom professor” e o que ele representa, aproximando‑o, de modo geral, a um estereótipo marcado por aparência física e sotaque bastante aproximados aos dos de falantes anglo‑saxônicos, ressaltando, em prima‑ zia, questões exclusivas do falar inglês em detrimento de outras habilidades. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 17 O CERTIFICADO DE PROFICIÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA ESTRANGEIROS (CELPE–BRAS): UM INSTRUMENTO DE AÇÃO POLÍTICO‑LINGUÍSTICA ANA CATARINA MORAES RAMOS NOBRE DE MELLO (UFRJ) Resumo de Paper Dentre os diversos instrumentos de ação político‑linguís‑ tica implementados pelo Governo brasileiro que visam à internacionalização da Língua Portuguesa (LP) e da cultura brasileira, destaca‑se a criação do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (CELPE–Bras). Observa‑se, ao longo dos 15 anos de sua vigência, um au‑ mento expressivo no quantitativo de candidatos participan‑ tes do Exame para sua obtenção: em 1998, 127 participaram do exame realizado em 5 universidades brasileiras e nos 3 pa‑ íses que compunham o MERCOSUL; em 2012, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), foram 8044 inscritos em 26 postos aplicadores no Brasil e outros 48 em diversos países de to‑ dos os continentes. Evidencia‑se, portanto, uma iniciativa bem‑sucedida, decorrente, principalmente, do momento político e econômico relevante vivenciado pelo Brasil, por intermédio dos diversos intercâmbios econômicos, culturais e científicos firmados com outros países. No tocante à área linguística, vem sendo subsidiado pela “criação e manuten‑ ção de políticas de língua protagonizadas pelo Estado e por outros atores sociais que apontam para uma maior circula‑ ção e valorização” da LP (Carvalho, 2012). Diante dessa reali‑ dade, considera‑se este Exame, via os textos apresentados tanto na prova oral quanto na escrita, configurações oficiais das diferentes representações sociais e culturais do Brasil e de brasileiros ali mostradas. Objetiva‑se, com este trabalho, traçar um paralelo entre algumas representações depreen‑ didas no material (elementos provocadores) utilizado na prova oral (Lima, 2008) e em alguns vídeos que compõem parte dos textos de partida para a realização de tarefas co‑ municativas propostas na prova escrita. ONDE E COMO SE APRENDE A LER INFOGRAFIA? ANA ELISA FERREIRA RIBEIRO (CEFET MG) Resumo de Paper Este trabalho tem como objeto de estudo a leitura de info‑ grafia e o letramento visual de estudantes de ensino médio de duas escolas públicas mineiras. O infográfico em foco é aquele que circula no âmbito do jornalismo, tanto em mídia impressa quanto eletrônica, mas especialmente naquela, em suportes como revistas e jornais. Cada vez mais presente nesses produtos editoriais, o infográfico, texto multimodal por excelência, demanda do leitor habilidades que envol‑ vem noções de língua, imagem, matemática, entre outras. Os projetos gráficos de jornais, por exemplo, têm, cada vez mais, há algumas décadas, proposto ao leitor páginas em que imagens e palavras aparecem de forma interpolada, op‑ tando por desenhar o que não se pode ou não se prefere des‑ crever ou narrar. Fundamentam este trabalho concepções de infográfico como a de Teixeira (2010), aspectos da pro‑ dução editorial e dos projetos gráficos (Ribeiro, 2009; 2010), uma concepção de letramento visual (Dondis, 2007), assim como noções de letramentos e de multimodalidade pro‑ postas pelos estudos de Kress (2010) e Kress e Van Leeuwen (1996; 2001). O método de pesquisa empregado foi o grupo focal, conduzido com jovens estudantes de terceiro ano do ensino médio, sendo um primeiro em uma escola pública fe‑ deral e outro em uma escola pública estadual. As questões abordadas nos grupos eram relativas ao reconhecimento de infográficos, à leitura desses textos, aos letramentos en‑ volvidos nessa ação e às agências desse letramento. Os da‑ dos gerados foram analisados tomando‑se como referência resultados do Enem que apontam problemas no desenvol‑ vimento de habilidades de leitura e matemáticas. Os resul‑ tados da pesquisa apontam para a escola como uma impor‑ tante agência de letramento visual, embora isso quase nun‑ ca seja ou pareça sistematizado ao longo do período escolar. Também é importante corroborar pesquisas anteriores que apontam o pouco espaço que as aulas de língua materna de‑ dicam ao letramento visual. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 18 GLOBALIZAÇÃO E CULTURA: PENSANDO A TRADUÇÃO DE NOVELAS ANA ELISA TOLEDO LIMA NASCIMENTO (UNICAMP) Resumo de Paper Vivemos em um mundo caracterizado por mudanças cons‑ tantes e fluxo global e contínuo de bens, recursos, informa‑ ções e imagens. O mundo está interconectado. A existên‑ cia de um sistema global de comunicação, composto por Internet, satélites, computadores, celulares e demais apara‑ tos tecnológicos que proporciona a atualização de noticias minuto a minuto, o deslocamento geográfico semo deslocar físico e o contato com diferentes comunidades lingüísticas é apenas uma das muitas evidências. Contudo, ainda que haja uma conotação de unicidade fortemente relacionada à idéia de globalização, especialmente quando se abordam temas como economia global e globalização de mercado, essa não pode ser aplicada à esfera cultural. Segundo Renato Ortiz (2011), uma cultura mundializada não implica o aniquila‑ mento de outras manifestações culturais, ela co‑habita e se alimenta delas. Para o autor, o universo das “comunicações” contém uma dimensão que extravasa os quadros nacionais: ele implica técnicas e práticas transnacionais, assim como a elaboração de formatos narrativos que transcendem as fron‑ teiras. Diante desse cenário e somado ao fato do Brasil ser um dos principais países exportadores de novela, o presen‑ te trabalho tem como objetivo estudar a relação globaliza‑ ção‑tradução, abordando o modo como o fenômeno global vem interferindo nos estudos de tradução, em especial em seu funcionamento no ambiente midiático; com destaque para a exportação de novelas brasileiras e o processo neces‑ sário para sua comercialização. Para a realização de nossa pesquisa, faremos uso de autores de diversas áreas entre as quais, sociologia, cinema e comunicação. O estudo das tra‑ duções será realizado com base em conceitos formulados por teóricos das linhas pós‑estruturalista como Rosemary Arrojo (1993, 1998, 2000 e outros), Lawrence Venuti (1995, 1998, 2000, 2002, 2008) e Susan Bassnett (2009). A INSERÇÃO DOS QUILOMBOS NOS MATERIAIS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA ANA FÁTIMA CRUZ DOS SANTOS (UNIJORGE) Resumo de Paper A produção de materiais didáticos com conteúdos de Língua Portuguesa ainda expressam uma deficiência quanto ao assunto quilombos e sua relevância na formação linguísti‑ ca brasileira ao longo dos séculos XIX e XX. A presente pes‑ quisa, educação quilombola em sala de aula, analisou livros didáticos da Editora FTD, três volumes do Ensino Médio do ano de 2008, a fim de observar estes possíveis elementos de educação de quilombos na aquisição de linguagem sob a in‑ fluência dessas comunidades que envolvia diferentes povos/ cor/posição política e que ainda são referência da formação identitária, cultural e de linguagem presentes na contem‑ poraneidade. Sob o método qualitativo‑interpretativista, expõe‑se critérios de análise desse material verificando fi‑ guras, discursos e citações utilizadas. Sugere‑se pontos de discussão em sala de aula a serem utilizados pelo docente de acordo com críticas paradidáticas de outros autores so‑ bre o tema. Conclui‑se a ausência de citações ou referências construtivas sobre uma formação educacional quilombola nesses livros didáticos analisados. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 19 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA: NOVOS/VELHOS DISCURSOS E PRÁTICAS? ANA KARINA DE OLIVEIRA NASCIMENTO (UFS) Resumo de Paper Pensar em formação continuada de professores de uma maneira mais ampla e naquela direcionada a professores de língua inglesa de maneira mais particular perpassa por va‑ riadas questões que abrangem diversificadas formas de en‑ tender o ensino, a aprendizagem, a relação professor‑aluno, a formação crítica do discente, as diferentes metodologias de ensino, enfim, várias questões envolvidas no fazer peda‑ gógico. É levando em conta essa diversidade de temáticas, que este trabalho, cuja base de análise centra‑se na teoria dos novos letramentos, propõe‑se a discutir uma experiên‑ cia de formação continuada direcionada a professores de língua inglesa da rede pública de educação básica de Sergipe. Trata‑se da análise de três dos instrumentos utilizados du‑ rante o processo (questionário, entrevista e gravação de aula), a qual busca entender os novos/velhos discursos e práticas dos professores envolvidos. Nesse percurso, diver‑ sas interpretações e interlocuções foram possíveis, as quais se mostraram ricos elementos para uma análise acerca do processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa. A LÍNGUA PORTUGUESA COMO UNIDADE ABSTRATA E IMAGINÁRIA: UMA LEITURA DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO ANA LUCIA CHELOTI PROCHNOW (UFSM) SILVANA SCHWAB DO NASCIMENTO (UFSM) ADRIANA SILVEIRA BONUMÁ (UFSM) Resumo de Paper O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), que passou a ser adotado em janeiro de 2009 e visa a unifi‑ car as duas ortografias oficiais do português, a do Brasil e a de Portugal, efetivamente, deverá ser utilizado a partir de ja‑ neiro de 2013 por toda lusofonia. Em virtude desse momen‑ to de transição, este trabalho se propõe a analisar como os conceitos que permeiam as questões de política de línguas, tais como nação, estado, língua nacional, língua oficial, lín‑ gua materna, língua imaginária e língua fluida, são aborda‑ dos nesse documento. Para tanto, em um primeiro momen‑ to, serão discutidos alguns textos de autores que tratam a respeito da política linguística no Brasil. Depois, serão discu‑ tidos de que forma determinados aspectos do novo acordo estão relacionados com as políticas de língua. A partir disso, pretende‑se mostrar em que medida o novo Acordo conce‑ be a língua portuguesa como unidade abstrata e imaginá‑ ria. Para tanto, o suporte teórico está embasado em autores como Hobsbawm (1990), Orlandi (1988) e Guimarães (2007), que abordam questões propriamente de política linguística; e em Fiorin (2009) e Silva Sobrinho (2009), que discutem o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa relacionado com a política linguística no Brasil. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 20 HISTÓRIAS DE LETRAMENTO E PERFIL SOCIOCULTURAL DE PROFESSORES EM FORMAÇÃO ANA LÚCIA DE CAMPOS ALMEIDA (UEL) Resumo de Paper Nesta comunicação pretendo discorrer sobre um projeto de pesquisa em etapa inicial de desenvolvimento coordena‑ do por mim junto ao Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da Universidade Estadual de Londrina – PR. O ob‑ jetivo deste projeto é investigar as práticas de letramentos vernaculares, locais e situados a partir do levantamento e análise de um corpus constituído por produções escritas, histórias de letramento, de alunos do Curso de Licenciatura em Língua Portuguesa – professores em formação. A pesqui‑ sa empreendida pretende ainda construir um perfil sociocul‑ tural de letramento dos futuros professores com intuito de compreender os modos de apropriação pertinentes à aqui‑ sição do modelo da cultura escrita denominado letramento dominante. A fundamentação teórica provém dos Novos Estudos de Letramento, que incentivam a produção de inves‑ tigações voltadas para as práticas socioculturais de usos de escrita em comunidades locais, situadas em esferas distintas da hegemônica e/ou acadêmica, Esta vertente de estudos vem sendo representada pelos autores: Heath (1982,1983,); Barton (1998); Barton e Hamilton (1994); Barton, Hamilton e Ivanic (2000); Street (1984, 1993, 1995, 2003, 2010), Kleiman (1995, 2001, 2006), Marinho e Carvalho (2010), Soares (1998, 2008, 2010), entre outros. As observações preliminares rea‑ lizadas na etapa exploratória da pesquisa permitem afirmar que a maior parte dos sujeitos pesquisados demonstra não ser possuidora dos letramentos de prestígio e não ter tido acesso aos modelos de escrita da esfera acadêmica; antes apresentam contato intenso com as práticas comunicati‑ vas e interacionais da cultura oral e com o desenvolvimen‑ to de práticas de letramento próprias das esferas religiosas, do cotidiano e de locais de trabalho vinculadas a camadas sociais populares. MUITO ALÉM DE APRENDIZ: O PAPEL DA TAREFA PARA PROMOVER MÚLTIPLAS CATEGORIAS DE PARTICIPANTES ANA LUIZA PIRES DE FREITAS (UNISINOS) Resumo de Paper O objetivo deste trabalho é o de examinar a relação entre o leque de ações construídaspelos participantes de uma sala de aula de língua adicional com a atividade pedagógica que é levada a cabo. Para tanto, analisamos três segmentos de fala‑em‑interação a partir dos pressupostos da ACE. O pri‑ meiro segmento (Mondada, Doehler, 2004) se passa em uma sala de aula de francês e mostra os participantes rea‑ lizando a atividade pedagógica de prover verbos derivados dos substantivos. Assim, a ação a ser realizada por quem executava a atividade pedagógica se restringia a produzir um turno que apresentasse um verbo, em resposta ao subs‑ tantivo apresentado no turno. O segundo segmento (Mori, Hasegawa, 2009) se passa em uma sala de aula de japonês e mostra os participantes realizando a atividade pedagógi‑ ca de, a partir de figuras, elaborar frases. Em tal segmento, observamos que as ações levadas a cabo pelos participan‑ tes se restringiam à produção de enunciados soltos. Nesses dois primeiros segmentos, as ações desempenhadas pelos participantes eram bastantes restritas, na medida em que são balizadas por atividades pedagógicas que delimitam a participação à produção de enunciados e verbos. Já o tercei‑ ro segmento (Freitas, 2006 e Salimen, 2009) acontece em uma sala de aula de inglês e mostra os participantes reali‑ zando uma atividade pedagógica de encenação em grupos. Nesse segmento, os participantes realizaram diversas ações, como: discordar, levantar hipóteses, responder a uma hipó‑ tese levantada, entre outras. Em contraste aos dois outros segmentos, nesse último, o leque de ações a serem realiza‑ das para cumprir a atividade pedagógica não só é mais am‑ plo, mas também é mais relacionado com a realização de ações no mundo. A partir de tais resultados, este trabalho contribui para os estudos de ACE que estudam a aprendiza‑ gem de línguas, por apontar que, apesar de as tarefas peda‑ gógicas poderem ser re‑configuradas pelos participantes, elas balizam as possibilidades de ação desempenhadas. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 21 O ESTUDO DAS EMOÇÕES DE PROFESSORES DE LÍNGUAS: DE ONDE VIEMOS, ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS? ANA MARIA FERREIRA BARCELOS (UFV) Resumo de Paper Sabemos que as emoções fazem parte do conhecimento do professor e que podem influenciar suas ações muito mais do que as crenças (Borg, 2006). Apesar disso, o fator afetivo, de acordo com Borg (2006), é um dos menos compreendidos e mencionados na pesquisa de cognição de professores de lín‑ guas. Borg acredita que pesquisas futuras precisam tentar “compreender como os fatores cognitivos e afetivos intera‑ gem em moldar o que os professores fazem” (p. 272). A neces‑ sidade de melhor compreensão sobre emoções já foi mencio‑ nada por vários outros autores (NESPOR, 1987; ROSIEK, 2003; FRIJDA, MANSTEAD E BEM, 2000) que afirmam que “emoção e afeto tem implicações importantes em como os profes‑ sores aprendem e usam o que aprendem” (Nespor, p. 324). Embora os trabalhos sobre emoções de professores na área de educação estejam bem avançados no exterior, no Brasil, na Linguística Aplicada (LA), a pesquisa sobre emoções de professores ainda se encontra na sua infância, com poucos trabalhos sobre esse tópico. Nesta apresentação, faço um apanhado histórico do estudo de emoções de professores na LA no Brasil e no exterior, trazendo desenvolvimentos recen‑ tes no exterior e os desdobramentos desses resultados na pesquisa de ensino de línguas no Brasil. Os objetivos desta apresentação são: a) traçar as origens do interesse pelo es‑ tudo de emoções de professores (de línguas); b) apresentar o panorama atual dessa investigação expondo brevemente resultados de trabalhos realizados no Brasil e no exterior; c) propor encaminhamentos futuros para a pesquisa de emo‑ ções de professores de línguas. Isso será feito primeiramente em termos dos trabalhos realizados no exterior, e em segun‑ do lugar, a respeito dos poucos trabalhos existentes no Brasil, concluindo com sugestões e uma agenda de pesquisa sobre emoções no contexto brasileiro da Linguística Aplicada. LINGUAGEM E IDENTIDADE: AS REPRESENTAÇÕES CULTURAIS DO “SER BRASILEIRO” DISCURSIVAMENTE CONSTRUÍDAS EM LIVROS DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS ANA PAULA DE ARAUJO LOPEZ (UFSJ) Resumo de Pôster Atuamos sócio‑politicamente pela linguagem e, a cada afi‑ liação discursiva, identidades sociais emergem, contribuin‑ do para que o sistema identitário seja múltiplo, dinâmico e reconstruído cotidianamente nas práticas sociais. Nessa direção, a língua não pode ser definida como um sistema abstrato de categorias gramaticais, mas sim como uma vi‑ são de mundo, saturada de ideologia. No contexto de ensi‑ no de línguas estrangeiras, o livro didático é um facilitador do processo de ensino/aprendizagem e figura como um dos principais meios de contato do aprendiz com a cultura do país cuja língua está aprendendo. Pressupondo que qualquer livro didático enuncie a visão de seus autores e que essas re‑ fletem determinados sistemas ideológicos, o presente tra‑ balho buscou averiguar quais identidades sociais associadas ao “ser brasileiro” são construídas discursivamente em livros didáticos de Português para Estrangeiros, nos seus varia‑ dos textos e imagens. Para tanto, tomou‑se como referen‑ cial teórico‑metodológico a proposta de Análise Crítica do Discurso de Paul Gee (1999), principalmente seu conceito de Modelos Culturais e as reflexões acerca da questão da identi‑ dade social. A análise desenvolvida oferece um entendimen‑ to mais profundo das representações da vida dos brasileiros construídas discursivamente nesses livros e como essas representações, ao mesmo tempo em que refletem as prá‑ ticas de alguns grupos sociais, simultaneamente, excluem as práticas de outros, estabelecendo processos e inclusão e exclusão via linguagem. Esses processos são constituídos pela construção de modelos culturais hegemônicos, vincula‑ dos a determinadas identidades sociais estereotipadas, que são veiculadas no discurso dos livros. O não reconhecimen‑ to dessas questões pode levar os usuários dos livros didáti‑ cos – professores, principalmente – a reproduzirem e conso‑ lidarem práticas hegemônicas, que desconsideram o caráter múltiplo e dinâmico do sistema identitário e a diversidade presente na cultura brasileira. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 22 ANÁLISE DE ATIVIDADES DO CADERNO DE INGLÊS DA REDE PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO E SUA RELAÇÃO COM AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES: CORRELAÇÕES ENTRE TEORIA E PRÁTICA ANA PAULA DE LIMA (UNICAMP) GUILHERME JOTTO KAWACHI (UNICAMP) Resumo de Paper Entre 1980 e 1990, o Brasil passou por um processo de re‑ formulação curricular, entretanto, considerando os resulta‑ dos insatisfatórios obtidos em avaliações como o Sistema de Avaliação da Educação Básica, a Prova Brasil e o Exame Nacional de Ensino Médio, o governo reconhece que seus es‑ forços foram insuficientes para garantir a aprendizagem dos alunos nos níveis almejados. Nesse sentido, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP) propõe‑se a coor‑ denar e avaliar o desenvolvimento dos currículos do Ensino Fundamental e Médio, elaborando propostas que maximi‑ zem e garantam a gestão do currículo na sala de aula, dispo‑ nibilizando sugestões de atividades, materiais complemen‑ tares, avaliações e projetos de recuperação paralela. Como parte dessas reconfigurações, a SEE/SP publicou a Proposta Curricular (BRASIL, 2008), visando mudanças políticas, ide‑ ológicas, metodológicas e especialmente curriculares em face do impacto da globalização na educação. Essas orienta‑ ções estão pautadas em concepções de língua e linguagem consideradas mais adequadas ao momento sócio‑histórico pós‑moderno, distanciando‑se de ênfase comunicativas, estruturalistas e apoiando‑se nos estudos dos letramentos. Portanto, a fim de verificar se as orientaçõescurriculares são, de fato, traduzidas em práticas fundamentadas em epistemologias críticas e plurilíngues, propomo‑nos a ana‑ lisar algumas atividades do caderno de Língua Inglesa volta‑ do para alunos do 5º ano do Ensino Fundamental II. Nosso objetivo é avaliar se as atividades do material didático são condizentes às premissas dos letramentos, especialmente considerando os estudos sobre multiletramentos (COPE & KALANTZIS, 2000) e letramentos múltiplos, críticos e multis‑ semióticos (ROJO, 2009; MOITA LOPES, 2006). Interessa‑nos, também, verificar se as propostas práticas do material têm potencial para estimular a sensibilidade intercultural dos estudantes, fundamental para sua atuação sob bases éticas, críticas e protagonistas (ROCHA, 2012). ASPECTOS HISTÓRICOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL ANA PAULA KUCZMYNDA DA SILVEIRA (UFSC ‑ IFSC) Resumo de Paper Esta comunicação tem por objetivo discutir, sob uma pers‑ pectiva bakhtiniana e com base nos estudos de letramen‑ to, a constituição sócio‑histórica do professor de Língua Portuguesa ao longo da história da escola no Brasil, com foco especialmente voltado aos séculos XIX e XX. Para fazê‑ ‑lo apoiamo‑nos em dados obtidos a partir de pesquisa do‑ cumental de cunho qualitativo, desenvolvida com base na consulta a textos‑enunciados produzidos na esfera escolar e em esferas que a tangenciam, os quais materializam discur‑ sos acerca da formação inicial e continuada do professor e a respeito de seu papel na escola e na sociedade em diferentes momentos da história. Nesse percurso histórico, parece‑nos relevante pensar que a constituição do professor de língua portuguesa nunca se efetivou alijada de influências que ultrapassam a microcultura escolar e que se alinharam/ali‑ nham a um projeto de cidadão útil ao Estado, a um projeto de sociedade, de sujeito e de escola que se desejou materia‑ lizar. Do professor catequisador ao professor reflexivo, traça‑ mos um percurso que revela a maneira como o ethos do pro‑ fessor se constitui pela alteridade, atravessado por relações de poder, por instabilidades, pelo discurso da salvação, do descrédito, e por novas e frequentes demandas de formação. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 23 PRESCRIÇÕES OFICIAIS PARA O ENSINO‑APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS PARA FINS ESPECÍFICOS E O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS ANA PAULA MARQUES BEATO CANATO (UFRJ) Resumo de Paper O trabalho com línguas para fins específicos (ESP) tem se am‑ pliado gradativamente no Brasil. Tratando especificamente da rede pública de ensino, tal expansão se deve ao aumento significativo de instituições técnicas federais (IFs). Em uma tentativa de direcionar o ensino‑aprendizagem nesse con‑ texto, o governo federal lançou em 2012 diretrizes oficiais. Tendo atuado nesse contexto, temos a intenção de avaliar as convergências e divergências entre o trabalho que vinha sendo realizado e as prescrições oficiais. Para isso, retoma‑ mos alguns conceitos do ESP e fazemos uma breve análise dos documentos. Em seguida, nos debruçamos sobre uma sequência didática (DOLZ; SCHNEUWLY, 2004), que procura contribuir para o desenvolvimento de capacidades de lin‑ guagem em torno do gênero ficha de segurança de laborató‑ rio. Finalmente, estabelecemos as relações entre a proposta oficial e o material utilizado. Concluímos que o trabalho com base no interacionismo sociodiscursivo, conforme defende‑ mos (BEATO‑CANATO, 2011; CRISTOVÃO; BEATO‑CANATO, prelo) está em consonância com a proposta oficial, cujos objetivos ultrapassam o ensino de estratégias de leitura e o aprofun‑ damento em vocabulário, como o ESP é conhecido no Brasil, especialmente por leigos. ÉTICA, RESPOSTA E CRÍTICA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUAS: (PERTURB)AÇÕES EM CURSO ANA PAULA MARTINEZ DUBOC (USP) Resumo de Paper Propostas curriculares contemporâneas nos âmbitos nacio‑ nal e internacional vêm sinalizando a importância de repen‑ sar a educação sob a ótica da multiplicidade, complexidade e instabilidade, rompendo, assim, com saberes unos, homo‑ gêneos e estáveis predominantes no paradigma moderno. No campo do ensino de línguas estrangeiras, isso implica abordar temas e linguagens de forma mais plural e inclu‑ siva, na medida em que passamos a legitimar saberes até então apagados pelo currículo escolar. A tarefa, no entanto, nos coloca novos desafios, pois não estamos habituados a lidar com a diferença e o dissenso na sala de aula. Esta apre‑ sentação tem como objetivo compartilhar algumas ações pedagógicas discutidas e/ou implementadas em contextos de formação docente as quais visam formar professores éticos, responsáveis e críticos como pré‑condição para que possam desenhar suas ações docentes futuras pautando‑se na diferença. Tais ações se fundamentam nos debates sobre letramentos críticos (GREEN, 1997; MENEZES DE SOUZA, 2011; MONTE MÓR, 2011, 2012) e em propostas contemporâneas de educação, dentre as quais a noção de pedagogia da pertur‑ bação (BIESTA, 2006, 2010) e seu entendimento de aprendi‑ zagem como resposta. Além do compartilhamento de algu‑ mas dessas ações, serão apresentadas algumas impressões de alunos de um curso de Letras diante dessas novas teorias como importante dado para direcionamentos futuros em pesquisas da área. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 24 CARTA DE RECLAMAÇÃO COMO PRÁTICA SOCIAL NO CONTEXTO ESCOLAR ANA PAULA MARTINS ALVES (UFC) Resumo de Paper Estudos sobre o letramento têm sido desenvolvidos des‑ de a década de 1980, apresentando um variado quadro te‑ órico sobre as habilidades de leitura e escrita na sociedade contemporânea. Fundamentando‑se nos pressupostos de Street (1981, 1984), Heath (1983, 1984) e Barton & Hall (2000), o presente estudo teve por escopo analisar cartas de re‑ clamação de alunos do 4º ano do EF de uma escola pública municipal de Fortaleza, observando aspectos socioculturais do letramento expressos na escrita dos estudantes. Para os propósitos desta pesquisa analisamos 39 produções de alunos do 4º ano do Ensino Fundamental participantes de uma sequência didática, desenvolvida ao longo de dois me‑ ses. Na análise, observamos aspectos estruturais do gênero carta de reclamação, bem como os aspectos destacados por Barton & Hall (2000), a saber: a dêixis presente nas cartas, a força dos atos de fala e os papéis e identidades assumidas pe‑ los escritores. Ao analisarmos tais aspectos intencionamos perceber os valores culturais e o contexto social de produção das cartas como prática social. Com este estudo, discutimos os aspectos estruturais da carta, analisamos os valores cul‑ turais, tais como noções de limpeza e boa qualidade de edu‑ cação, bem como o contexto social dos alunos presentes na produção das cartas, isto é, foi possível perceber a situação atual da escola e através dela algumas pistas que descrevem a comunidade em que a escola está situada. Identificamos ainda o papel e a identidade assumida pelos escritores das cartas, e os posicionamentos destes em suas produções. REVISTAS PARA MULHERES: PARA QUÊ? ANA PAULA RABELO E SILVA (UFC) Resumo de Paper A presente pesquisa analisou a relação entre os textos ver‑ bais e não verbais das revistas impressas femininas de cir‑ culação nacional e a concepção de identidade do feminino consolidada pelas mulheres leitoras da cidade de Fortaleza. Entendemos que as práticas sociais em diversas esferas da atividade humana interferem para a consolidação de uma concepção histórica que trata a mulher como obje‑ to, colocando‑a em segundo plano no mundo dos homens. Recuperamos essas representações de poder, mas optamos pela por uma definição mais próxima dos conceitos que fun‑ damentam a Análise do Discurso Crítica. Como afirma Del Priori (1988), mesmo com benefícios no que diz respeito àgarantia de direitos, ela se sujeitou ao acúmulo de trabalhos, à obrigação de estar (e ser) bela, à ampliação das esferas de atuação em situações precárias. Para tanto, fizemos um le‑ vantamento da leitura das revistas mais lidas pelas mulheres de oito bairros da capital do Ceará. Durante o mês de julho de 2012, foram visitados mais de setenta salões de beleza. Verificamos que, ao contrário do esperado, não são revistas como Cláudia, Nova, Marie Clarie ou Elle as mais lidas nos salões investigados. Independentemente do poder aquisi‑ tivo, há preferência pelas revistas Caras e Quem. A função da leitura de revistas de salão é entretenimento e busca por representações. Um aspecto relevante de comportamento social é que a construção das representações de feminino pelas mulheres dos bairros de maior poder aquisitivo passa por uma elaboração com filtro na identidade individual. Elas desejam ser únicas e optam por uma montagem de caracte‑ rísticas das artistas diferentes (a cor do cabelo de uma atriz e o corte da outra, por exemplo). Em bairros de classes sociais com menor poder, ainda há duas concorrentes: as revistas: Una e Cabelos e Cia. Cabe um estudo posterior em clínicas de estética para avaliar que revistas são lidas e como se dá o processo de espelhamento das mulheres. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 25 IMPLEMENTAÇÃO DE CURRÍCULO COM BASE EM TEMÁTICAS E PROJETOS NA DISCIPLINA DE INGLÊS II DO CURSO DE LETRAS DA UFRGS ANA PAULA SEIXAS VIAL (UFRGS) ANAMARIA KURTZ DE SOUZA WELP (UFRGS) Resumo de Pôster A discussão a respeito do currículo baseado em projetos na escola vem ganhando força desde o início dos anos 2000. Porém, o debate parece estar apenas começando quanto ao ensino de línguas no ensino superior. Conforme Duboc (2011), a reconceituação de língua e de conhecimento suscita um maior questionamento: o de pensar um currículo de línguas adicionais que responda às novas configurações no proces‑ so de significação dos sujeitos da era digital. Assim, o proje‑ to “Construção de Programa de disciplina de Língua Inglesa para o Curso de Graduação em Letras” tem por objetivo elaborar cadernos com projetos e tarefas pedagógicas para cada disciplina de língua inglesa dos cursos de licenciatura e bacharelado em Inglês. Dessa maneira, propomos uma abordagem curricular alinhada às teorias dos novos letra‑ mentos, cuja progressão curricular é organizada em temá‑ ticas relevantes para a formação dos alunos e toma o lugar de uma lista de conteúdos prescritivos sugerida nos currícu‑ los mais tradicionais. Para isso, realizaram‑se reuniões com o corpo docente do Setor de Inglês do Instituto de Letras a fim de discutir a manutenção das temáticas existentes, dis‑ cutiram‑se as propostas com alunos da graduação e, então, construíram‑se os novos programas das disciplinas. Neste trabalho, apresentamos os resultados obtidos da imple‑ mentação dessa nova proposta de currículo na disciplina de Inglês II, cuja temática é “Como outros países veem o Brasil”. São propostos 2 projetos a serem realizados durante o se‑ mestre: Brazil in the eyes of the other e What’s on the news. Esperamos, portanto, oferecer contribuições por organizar um currículo voltado ao crescimento do aluno enquanto profissional, além de disponibilizar um material que poderá servir como referência para trabalho semelhante em currícu‑ los de outras línguas. Através das reuniões com os professo‑ res, buscamos também propiciar um trabalho colaborativo que favorece a integração dos professores em busca de um trabalho interdisciplinar. APLICABILIDADE DAS FERRAMENTAS COGNITIVAS PROPOSTAS POR KIERAN EGAN NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA PARA PRÉ‑ADOLESCENTES ANA RAQUEL FIALHO FERREIRA CAMPOS (UFPR) Resumo de Paper Esta pesquisa teve como objetivo confirmar a real aplicabi‑ lidade dos estudos de Kieran Egan sobre ferramentas cog‑ nitivas baseados nos estudos de Vygotsky, e através destes estudos, tornar o ensino mais efetivo, engajando a imagina‑ ção dos alunos e produzindo um maior resultado de aprendi‑ zagem. O contexto de pesquisa foi um curso de línguas com clientela de classe média / média alta, no qual foram selecio‑ nadas 4 turmas de diferentes professoras com aproximada‑ mente 10 alunos de 9 a 12 anos cada turma. A ferramenta de pesquisa escolhida foi a Prática Exploratória. As reflexões fei‑ tas pelas professoras e pesquisadora ocorreram em reuniões pedagógicas semanais, essas reuniões já fazem parte do cro‑ nograma das professoras e portanto não houve um acrésci‑ mo de trabalho, possibilitando que a pesquisa seja susten‑ tável, um dos princípios da Prática Exploratória. As ferra‑ mentas cognitivas de Kieran Egan usadas nessa pesquisa foram: EXTREMOS E LIMITES DA REALIDADE, ASSOCIAÇÃO COM O HERÓICO, HUMANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO, COLEÇÕES E HOBBIES, e REVOLTA E IDEALISMO. As aulas foram prepara‑ das juntamente com a pesquisadora e aplicadas pelas qua‑ tro professoras escolhidas. Através de reuniões gravadas semanalmente e questionários quinzenais, que também já existem na instituição, foram analisadas as percepções des‑ tas quatro professoras de língua inglesa quanto à motivação e ao engajamento dos alunos em sala de aula. Os resultados obtidos revelam que as ferramentas cognitivas propostas por Kieran Egan são favoráveis e fazem a diferença na busca por um maior engajamento, uma maior motivação, e con‑ sequentemente, um maior resultado de aprendizagem dos alunos em sala. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 26 A CONSTRUÇÃO DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS NO ENSINO‑APRENDIZAGEM DE GÊNEROS TEXTUAIS: UMA EXPERIÊNCIA DO PIBID NA FORMAÇÃO DO ALUNO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL (USCS) ANA SILVIA MOÇO APARICIO (USCS) MARIA DE FÁTIMA RAMOS DE ANDRADE (USCS) Resumo de Paper Neste trabalho, apresentamos os resultados da análise de uma experiência de formação de alunos de Pedagogia, ten‑ do como foco o processo de construção de sequências didáti‑ cas no ensino‑aprendizagem de gêneros textuais, no âmbito do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) na Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Esse projeto tem como eixo principal a realização de ações orientadas pela metodologia da “Engenharia Didática”, foca‑ lizando o ensino da Língua Portuguesa, seguindo a aborda‑ gem do trabalho com gêneros textuais do grupo de didática de línguas de Genebra. Inseridos nesse processo, os alunos bolsistas e professores regentes de séries iniciais do ensino fundamental do município de São Bernardo do Campo (SP), colaborativamente, planejam, elaboram e realizam sequ‑ ências didáticas para o ensino‑aprendizagem de gêneros textuais. Os dados gerados nesse processo (registros de encontros de formação, registros de aula, produções das crianças, entre outros), gravados em áudio e/ou vídeo, com‑ põem o corpus da pesquisa. A metodologia utilizada para a análise dos dados é de base qualitativo‑interpretativista, orientada pelos princípios da pesquisa‑ação. Os resultados apontam principalmente para as dificuldades de analisar as produções textuais das crianças de modo formativo, que permite ao professor avaliar as capacidades dos alunos já apreendidas e ajustar as atividades da sequência didática às dificuldades e possibilidades reais da turma. Por outro lado, o envolvimento dos bolsistas e dos professores no processo propiciado pelo PIBID é, de fato, um fator determinante para a (re)construção do fazer docente, aliando teoria e prática, contribuindo para a transformação de suas crenças, hábitos, atitudes, habilidades e tornando‑os melhor preparados para a docência. GÊNERO TEXTUAL ABSTRACT: O TRABALHO DE ESCRITA NA FORMAÇÃO DOS FUTUROS PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA ANA VALÉRIA BISETTO BORK (UTFPR) MIRIAM SESTER RETORTA (UTFPR)Resumo de Paper Nas últimas décadas, a língua inglesa alcançou um status de língua franca e, no meio acadêmico, todo pesquisador que deseja compartilhar sua pesquisa com um número maior de interessados na área em que atua deve publicar seu tex‑ to em inglês. Esta comunicação objetiva apresentar alguns resultados e reflexões sobre um trabalho realizado com alu‑ nos do curso de licenciatura em Letras (Português/Inglês) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) do Campus Curitiba. A pesquisa foi desenvolvida na disciplina de Laboratório de Escrita IV no primeiro semestre de 2012 cujo objetivo principal foi organizar um artigo acadêmico em língua inglesa sobre o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos alunos formandos. Porém, para o propósito desta comunicação, nossa exposição versará sobre a elaboração do gênero textual abstract, o qual também fez parte do planejamento e desenvolvimento da disciplina. O estudo com gêneros textuais (Marcuschi, 2008) possibilita aos es‑ tudantes em formação reconhecer os gêneros peculiares ao contexto educacional e acadêmico e analisar seus aspectos linguísticos e discursivos. Para a realização desta proposta utilizamo‑nos da abordagem teórico‑metodológica calcada no Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) de Bronckart (1999) e, para a construção e produção do gênero textual propos‑ to, tomamos como base os trabalhos de Dolz e Schneuwly (2004), no que se refere ao procedimento de sequências di‑ dáticas (SDs). Também foram observadas questões referen‑ tes às capacidades de linguagem. Para ilustrar o trabalho serão apresentadas partes dos textos produzidos pelos alu‑ nos, seguida de uma avaliação da disciplina realizada pelos discentes e pelo professor da turma. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 27 LETRAMENTO ACADÊMICO: UMA PROPOSTA DE CURRÍCULO COM BASE EM PROJETOS ANAMARIA KURTZ DE SOUZA WELP (UFRGS) ANA PAULA SEIXAS VIAL (UFRGS) JONATHAN ZOTTI DA SILVA (UFRGS) Resumo de Paper O projeto de pesquisa “Construção de Programa de disciplina de Língua Inglesa para o Curso de Graduação em Letras”, em andamento no Instituto de Letras (IL) da UFRGS, visa refor‑ mular os programas das disciplinas de língua inglesa para posteriormente elaborar cadernos com projetos e tarefas pedagógicas para cada disciplina com base nas noções de le‑ tramento dos Referenciais Curriculares do Rio Grande do Sul (2009). De acordo com nossa proposta, o currículo consiste em uma orientação para o desenvolvimento de competên‑ cias e habilidades em língua adicional. Através de uma prá‑ tica pedagógica que parte do texto, não como um pretexto a ser explorado para ensinar pontos gramaticais, mas como uma prática social, o aprendizado da língua adicional é con‑ textualizado e permite produzir a transparência da constru‑ ção de sentido orientada pela textualidade em todos os ní‑ veis do sistema linguístico. O ensino com base em projetos promove a construção conjunta do conhecimento, propor‑ cionando um ambiente de colaboração entre professores e alunos, conduzindo à constante reflexão e ao pensamento crítico e criativo. O aluno se apropria do conhecimento, ex‑ perimentando, planejando, analisando, resolvendo proble‑ mas, interagindo e usando a língua dentro e fora da sala de aula. Para chegarmos aos resultados desejados, a pesquisa foi organizada da seguinte forma: em um primeiro momen‑ to, foram realizados encontros com o corpo docente respon‑ sável pelas disciplinas de inglês com o propósito de se obter um levantamento das temáticas e dos gêneros do discurso ministrados; em um segundo momento, foi efetuada uma enquete com os alunos da graduação; e, na sequência, fo‑ ram feitas reuniões com representantes discentes de cada etapa do curso para se discutir a respeito da relevância dos conteúdos oferecidos nas disciplinas. Neste trabalho, apre‑ sentaremos os resultados alcançados até o momento: os programas de algumas das disciplinas e as produções finais de alguns dos projetos desenvolvidos pelos alunos. LETRAMENTO DIGITAL E PRÁTICAS SOCIAIS DE FÃS BRASILEIRAS EM AMBIENTES VIRTUAIS ANAMARIA PANTOJA MASSUNAGA (UFRJ) Resumo de Paper Este trabalho tem como objetivo investigar as práticas de fãs brasileiras nos diversos ambientes online nos quais cir‑ culam. A motivação desse trabalho partiu da minha própria experiência como fã que vem interagindo nesses espaços, que considero extremamente ricos e instigantes, há mais de uma década. Pesquisas sobre fãs e seu universo são no‑ vas no Brasil (Vargas, 2005; Barros, 2009; Valarini, 2010), e concentram‑se no fenômeno das fanfictions e nas fãs ado‑ lescentes que as escrevem, buscando entender quem são essas fãs, quais são as suas motivações para escrever e de que forma essa atividade pode contribuir para suas práticas de letramento escolares. Embora considere esses objetivos interessantes, ao trabalhar somente com as escritoras, dei‑ xa‑se de considerar a enorme quantidade de leitores “invisí‑ veis” que estão interagindo nesses ambientes virtuais, assim como outras formas de participação. É essa lacuna que este trabalho pretende preencher. Através de uma abordagem de cunho etnográfico, busco investigar as diversas formas de participação das três fãs‑participantes e os impactos dessas em suas vidas a partir de entrevistas e observações de cam‑ po. Entendo o ambiente virtual onde as fãs circulam como um artefato cultural e uma forma de cultura (Hine, 2000), onde são criadas e mantidas diversas comunidades virtuais, que podem ser entendidas como espaços de afinidade (Gee, 2004). Nesses locais, as fãs se engajam em práticas de letra‑ mento, entendido com práticas sociais situadas (Lanksheare & Knobel, 2010). O desenvolvimento das novas tecnologias digitais possibilitou o surgimento de novas formas de ver e interagir com o mundo social; novas formas de ser a agir. (Lanksheare & Knobel, 2008). A partir do relato das fãs e da observação de suas práticas locais, apresento e discuto algu‑ mas dessas novas formas de ser e agir: construções identi‑ tárias (online e offline), produções artísticas e colaborativas, investimento emocional e sentimento de pertencimento. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 28 PONTUAÇÃO: ESTUDO CRÍTICO SOBRE PROPOSTAS DE ENSINO ANDERSON CRISTIANO DA SILVA (PUC–SP) Resumo de Paper Esta pesquisa objetiva analisar as propostas de ensino sobre a pontuação nos volumes do 6º ao 9º ano de duas coleções didáticas: Português: uma proposta para o letramento, de Magda Soares, e também a coleção Português: linguagens de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães. O trabalho justifica‑se pela necessidade de refletirmos a res‑ peito do assunto com vistas ao aprimoramento das práticas de ensino, revelando‑se uma forma de questionar as pro‑ postas em uso, permitindo também novos olhares sobre o conteúdo da pontuação, cujos resultados possam contribuir para expansão do assunto no campo da Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. Assim sendo, temos como princi‑ pal questão de pesquisa a seguinte pergunta: As propostas de ensino sobre a pontuação encontradas nas coleções de livros didáticos distribuídas nas escolas públicas conseguem suprir as lacunas que a perspectiva normativo‑prescritiva não consegue abarcar? Para responder a essa pergunta, nos‑ sa hipótese é a de que abordagens de ensino baseadas unica‑ mente na perspectiva prescritivo‑normativa não dão conta de sanar tal deficiência. Para alicerçar nossa investigação, a pesquisa tem como arcabouço teórico as contribuições da Análise Dialógica do Discurso, tendo como aporte alguns conceitos‑chave desenvolvidos por Bakhtin e os membros do Círculo. Da perspectiva metodológica, seguimos o seguinte percurso: (a) analisar as duas coleções didáticas elencadas a partir das características que cada uma apresentasobre as propostas de ensino da pontuação; (b) levantar a tradição prescritivo‑normativa sobre os sinais de pontuação em gra‑ máticas normativas contemporâneas, tendo como critério uma visão sincrônica contrastiva, além disso, faremos uma busca diacrônica em uma gramática normativa vislumbran‑ do estabelecer parâmetros críticos para análise do nosso corpus. Em nossas considerações preliminares, percebemos discrepâncias consideráveis na maneira de propor o ensino da pontuação nas coleções elencadas. PERSPECTIVAS DE ENSINO E A FORMAÇÃO DE SUJEITOS CRÍTICOS: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA ANDERSON NALEVAIKO MARQUES (IFPR) Resumo de Pôster O ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras na edu‑ cação básica vem sendo fortemente afetado pela complexi‑ dade das transformações sociais e culturais e do desenvol‑ vimento tecnológico oriundas do processo de globalização. Assim, ensinar uma língua estrangeira não se resume no repasse de informações linguísticas ou no trabalho com ha‑ bilidades comunicativas, mas na formação de um indivíduo capaz de compreender as relações complexas do mundo que vive e que saiba pensar e agir criticamente a partir de tais relações. Nesse sentido, propomos neste artigo a dis‑ cussão de algumas perspectivas de ensino que enfatizam a formação do aluno crítico – pedagogia crítica, leitura crítica e letramento crítico e multiletramentos – buscando iden‑ tificar em que sentido(s) essas perspectivas se diferem e se aproximam e que aspectos as constituem, bem como a for‑ ma como conceituam o termo crítico. Após a discussão das perspectivas apresentamos alguns elementos propostos por Pennycook (2003) que sintetizam o trabalho crítico (pensa‑ mento crítico, relevância social, modernismo emancipatório e prática problematizadora) buscando associá‑los à discus‑ são das perspectivas debatidas. Finalmente, nas considera‑ ções finais, sintetizamos os elementos recorrentes nas três perspectivas de ensino e traçamos nossa conclusão no que tange ao ensino de línguas estrangeiras na educação básica em uma perspectiva crítica. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 29 O USO DE REDES SOCIAIS COMO COMUNIDADES DE PRÁTICA PARA A ENSINAGEM DE LÍNGUAS ANDERSON SILVA MATOS (UFRJ) Resumo de Pôster A autonomia “é a capacidade de responsabilizar‑se pelo pró‑ prio aprendizado” (Holec, 1981:3). Para Oxford, a autonomia é obtida através da interação social com uma pessoa mais capaz em um ambiente particular (OXFORD, 2003). Com a internet, a noção de ambiente ganha uma dimensão não‑geográfica enquanto “estas tecnologias possibilitam o desenvolvimento de novas formas de interacção[...]” (PONTE, 2002:20). Uma das maiores representações dessa transposi‑ ção de espaços está na popularização das Redes Sociais que “[...] permitem que usuários se apresentem, articulem suas redes de contatos, e estabeleçam e mantenham conexões uns com os outros.” (ELLISON, STEINFIELD & LAMPE, 2007). Em tais espaços, usuários podem utilizar diversas ferramen‑ tas para expor conteúdos de sua vida social e interagir com usuários, mantendo contato com pessoas já conhecidas off‑line e interagindo com outros usuários, criando novos padrões de relacionamento socio‑virtual. Tendo em vista o crescente uso das Redes Sociais na sociedade, o presen‑ te trabalho procura observar se e de quais formas o uso de uma rede social pode tornar‑se uma comunidade virtual de prática e encaminhar seus usuários para o desenvolvimento de um aprendizado autônomo. Procura ainda entender de que forma o uso de uma rede social pode se relacionar com o aprendizado em “sala de aula”. Para isso, uma rede social foi criada e alguns alunos foram convidados a utilizá‑la li‑ vremente. A partir deste uso, foram observadas a geração de material na rede social e a interação entre os usuários gerados espontaneamente. A pesquisa conta com diários de classe do professor, com a análise da página de perfil e das atividades dos usuários da rede social e com narrativas semi‑estruturadas baseadas em questionários respondidos pelos mesmos alunos a respeito da rede social. Os resulta‑ dos indicam que os usuários utilizaram a rede social de for‑ ma autônoma e conseguiram interagir livremente na língua adicional, tornando‑a uma comunidade de prática. ALTERNATIVAS PARA A DESCOLONIZAÇÃO DE PRÁTICAS COMUNICATIVAS: A APROPRIAÇÃO DO HIP HOP E DAS REDES SOCIAIS PARA RESISTÊNCIAS INDÍGENAS ANDRÉ MARQUES DO NASCIMENTO (UFG) Resumo de Paper O propósito deste trabalho é apresentar uma análise de prá‑ ticas comunicativas contemporâneas produzidas por indiví‑ duos indígenas no Brasil, sob o pano de fundo dos estudos decoloniais, pós‑coloniais e interculturais latino‑america‑ nos. Nesta direção, são enfocados usos transidiomáticos em contextos de multilinguismo que se emergem na composi‑ ção de Rap e em mensagens postadas em redes sociais, nas quais observa‑se o uso das línguas minorizadas juntamen‑ te com o uso da língua politicamente hegemônica no país. A principal linha argumentativa desta análise postula que tais práticas comunicativas híbridas são mais bem compre‑ endidas como formas de apropriação e resistências locais a projetos globais, cujas origens remontam ao colonialismo europeu, como os são as ideologias subjacentes à relação entre línguas, territórios, povos e identidades, assim como o estágio atual da chamada globalização. A partir de uma lógica outra que coloca em relevo a agência intercultural in‑ dígena, os usos de práticas transidiomáticas são concebidos como eventos que, para além de indiciarem e performarem novas e complexas configurações identitárias, desafiam a subalternidade indígena, ao mesmo tempo em que dela se origina, realçando, por exemplo, como estas pessoas his‑ toricamente marginalizadas têm operado no sentido de se apropriarem de aparatos culturais não‑indigenas, como prá‑ ticas comunicativas em língua portuguesa, a cultura hip hop e a internet, para resistirem às diversas formas de opressão e silenciamentos. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 30 A INFLUÊNCIA DOS EXAMES EXTERNOS NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: O ENEM EM FOCO ANDREA BARROS CARVALHO DE OLIVEIRA (UNICAMP) Resumo de Paper O objetivo deste trabalho é investigar o efeito retroativo do Enem nas práticas educacionais que o precedem, especifica‑ mente no ensino de língua inglesa. O efeito retroativo é um fenômeno complexo cuja “natureza e abrangência são con‑ troladas por uma ampla gama de fatores educacionais, in‑ dividuais e sociais” (Chapelle e Brindley, 2002). Desta forma, procederemos a uma pesquisa de cunho etnográfico que envolve a aplicação de questionários e entrevistas com pro‑ fessores e estudantes participantes do ProFis–Unicamp, um programa destinado à alunos de escol as públicas que utiliza a nota do Enem como forma de acesso à Unicamp. Também procederemos a uma análise: a) do conteúdo das questões de língua inglesa do Enem e de sua matriz de referência para inferir o construto teórico que a orienta, e b) dos escores do Enem, para saber se podem ser usados para compor um ar‑ gumento de validade desse exame. Adotamos a noção de validade como um argumento que se constrói acerca de um exame com base na interpretação e no uso, ou seja, o grau em que as interpretações e os usos de um exame podem ser justificados. (Scaramucci, 2009) A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS EM QUESTÃO: O QUE DIZEM PROFESSORES FORMADORES DA UFRN ANDRÉA JANE DA SILVA (UERN) Resumo de Paper Nosso objetivo neste artigo é o de buscar compreender o que significa ser professor de Português por meio da análise dos enunciados de professores formadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Tomamos como base os es‑ tudos de Garcia (1999), Tardif (2002) e de outros estudiosospara as leituras das questões que envolvem os processos formativos. Os dados foram construídos através de entre‑ vista semi‑estrutura e individual com quatro professores de áreas de atuação diferentes (Literatura, Linguística, Língua Portuguesa, Leitura e Produção Textual), no ano de 2009. Todos os interactantes são professores dessa instituição há mais de dez anos. A análise dos enunciados releva a pro‑ blemática complexa que cerca a formação de professores de Língua Portuguesa. Os entrevistados trazem à tona o problema da pouca proficiência dos alunos, futuros profes‑ sores, quanto às habilidades de leitura e escrita, ao mesmo tempo que colocam como essencial ao professor de Língua Portuguesa ensinar seus alunos a lerem e a escreverem. Por outro lado, a análise curricular do Curso nos mostra uma ên‑ fase numa formação mais característica de um bacharelado e com poucas discussões sobre o ensino e sobre a didatiza‑ ção de certos saberes vistos na graduação. Por fim, devemos ressaltar que perceber que esses formadores reconhecem o contexto complexo que o ensino de Português e a formação de professores dessa área. Ademais, entendem as dificul‑ dades por que passa o ensino universitário, e têm buscado, cada uma a seu modo, fazer e/ou sugerir modificações para promoverem melhorias. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 31 “EU TIVE UM PROFESSOR QUE ME INSPIROU”: PROMOVENDO ESPERANÇA NAS EXPERIÊNCIAS DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA ANDRÉA SANTANA SILVA E SOUZA (FACULDADE SABERES) Resumo de Paper Pesquisas revelam que ensinar línguas deve levar em consi‑ deração a realidade dos alunos (PRABHU, 2003), sua cultura (BRUNER, 1996), contexto (ROGERS, 1983), e, em alguns casos, os propósitos específicos da aprendizagem (HUTCHINSON & WATERS, 1987); e que aprender línguas deve ser uma tarefa orientada por estratégias e estilos de aprendizagem (BROWN, 2000), fluida na afetividade (ARNOLD, 1999) e na interação social (VYGOTSKY, 1978 apud LIGHTBOWN & SPADA, 1999). Investigar a influência da esperança (FREIRE, 1992; SNYDER et al, 2002; 2005; HALPIN, 2003; MURPHY & CARPENTER, 2008) nas experiências vivenciadas dentro e fora da sala de aula (MICCOLI, 1996; 1997; 2000; 2001a; 2001b; 2006; 2007a; 2007b; 2007c; 2007d), por sua vez, parece iluminar a com‑ preensão de fatores que propiciam o engajamento dos alu‑ nos no processo de aprendizagem de segunda língua, poten‑ cializando‑o (SNYDER & LOPEZ, 2007; LARSEN, 2009). Neste trabalho, tenho como objetivo apresentar o mapeamento de 50 narrativas de aprendizagem de alunos do curso de Letras na Universidade Federal de Minas Gerais, responden‑ do a seguinte pergunta: o que/quem nutre a esperança de um aluno em processo de aquisição de língua estrangeira? O resultado da triangulação das análises descritiva quanti‑ tativa e qualitativa e interpretativista fenomenológica evi‑ dencia que a esperança é mobilizada essencialmente por meio do agenciamento da carreira estudantil e nutrida nos relacionamentos. Isso implica na relevância de uma atitude (cri)ativa, propositada e aberta (em relação às possibilida‑ des) do aprendiz, destacando a amplitude da influência do educador que promove empoderamento. Uma pedagogia orientada pela esperança cultiva aquilo que se tem de mais singular e vital: visões e sonhos para o futuro. A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO DE TRADUÇÃO PARA AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTO EM INGLÊS TÉCNICO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ANDRÉIA DELLANO MENDES NUNES (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) Resumo de Pôster O presente trabalho teve como objetivo principal investi‑ gar a importância e a eficiência do método de tradução no ensino de inglês técnico para os estudantes de ensino téc‑ nico profissionalizante na área da Metalmecânica. Informa quais os fatores motivacionais ocasionados por este ensino para que tais alunos despertem para a aquisição de uma segunda língua, o inglês. Com essa intenção, buscou‑se fundamentação nas teorias sobre técnicas utilizadas para o aprendizado da língua inglesa ao longo do tempo, assim como acervo de termos técnicos, específicos da área a ser trabalhada. A metodologia foi desenvolvida a partir de uma pesquisa de campo, e como instrumento de coleta de dados foram aplicados questionários a alunos e professores do Ensino Profissionalizante Técnico da área da Metalmecânica do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, na escola CEPT, localizada na BR 135, Km 05, Bairro Tibiri, no mu‑ nicípio de São Luís/MA. Diante dos dados obtidos, parte‑se para a verificação das expectativas do trabalho efetivamen‑ te desenvolvido e dos resultados obtidos. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 32 PROJETO BRASILEIRINHOS: PORTUGUÊS COMO LÍNGUA DE HERANÇA NA COMUNIDADE BRASILEIRA DE BARCELONA, ESPANHA ANDREIA SANCHEZ MORONI (UAB ‑ UN. AUTÔN. DE BARCE) Resumo de Paper Dentro do contexto das novas migrações internacionais, o presente trabalho pretende enfocar a situação dos filhos de brasileiros residentes no exterior e iniciativas possíveis para transmissão da língua portuguesa brasileira como língua de herança da família. Tais iniciativas se configuram hoje como políticas linguísticas familiares, criadas pelas fa‑ mílias e direcionadas a elas. Concretamente, o artigo apre‑ sentará a iniciativa da Associação de Pais de Brasileirinhos da Catalunha, associação civil sem fins lucrativos formada por um grupo de famílias que organiza aulas de português para crianças filhas de brasileiros de 2 a 12 anos e encontros culturais em Barcelona, Espanha. Estas aulas foram bati‑ zadas de Projeto Brasileirinhos. Atualmente, a Espanha é o terceiro país que mais recebe brasileiros, atrás somente dos EUA e de Portugal. Assim, a iniciativa da APBC se insere num marco de políticas linguísticas voltadas para as famí‑ lias, tendo importante papel inclusive na reivindicação des‑ te espaço e direito dos brasileiros nascidos no exterior ante órgãos como Consulados Gerais ou o Ministério de Relações Exteriores do Brasil. O artigo pretende fazer um retrato do Projeto Brasileirinhos, apresentando a proposta pedagógica e dados como idade dos participantes, perfil das famílias e alguns resultados observados. A IMPORTÂNCIA DOS PACOTES LEXICAIS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM AUTÔNOMA ANDRESSA RODRIGUES GOMIDE (UFMG) Resumo de Pôster A aprendizagem autônoma de uma língua permite que o aprendiz selecione seus próprios métodos, monitore seu processo de aquisição e determine, desta forma, seus ob‑ jetivos (Holec, 1981). Entretanto, a aplicação destas habili‑ dades na produção de textos acadêmicos enfrenta alguns obstáculos, uma vez que a auto‑avaliação das atividades e a estipulação de parâmetros para a correção é limitada pelo próprio caráter da produção criativa. Desta forma, podemos encontrar na Linguística de Corpus uma forma de suprir esta limitação através do trabalho feito com sequências de pala‑ vras que comumente co‑ocorrem em discurso natural (Biber et al., 1999), também conhecido como pacotes lexicais. Para auxiliar a aprendizagem autônoma, estes grupos de pala‑ vras podem ser identificados na escrita de falantes nativos e servir de referência ao aprendiz de uma língua estrangeira. O presente trabalho tem como objetivo identificar quais são os erros mais recorrentes na escrita de aprendizes e verificar a razão entre o mau uso de expressões do ponto de vista léxi‑ co‑gramatical (i.e. expressões recorrentes em que estrutura e léxico estão em um mesmo nível de igualdade) e os demais erros. Cinco fragmentos compostos por excertos contendo de 35 a 78 palavras presentes no BrICLE – um corpus com‑ posto de 160.000 palavras e ainda em fase de compila‑ ção – foram selecionados e submetidos à avaliação feita por professores de inglês e por falantes nativos da língua, que identificaram oserros cometidos pelos aprendizes. Por erros entende‑se aspectos gramaticais, lexicais, relacionados a grafia e inadequação à escrita acadêmica. Ao final da cole‑ ta, observou‑se que uma grande parte das marcações – um valor que variou entre 62% e 85% em cada fragmento – es‑ tava relacionada ao uso incorreto dos pacotes lexicais. Este uso inadequado dos pacotes lexicais ressaltou a relevância dos estudos que focam na linguagem formulaica através da Linguística de Corpus e sua inclusão no processo de aprendi‑ zagem autônoma, no qual 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 33 CONSIDERAÇÕES SOBRE A HOMOGENEIZAÇÃO DAS IDENTIDADES NO CONTEXTO DA SURDEZ ANDREZA BARBOZA NORA (UNICAMP) Resumo de Paper Atualmente, em parte pela Lei de Libras (Lei nº 10.436/2002) e de todos os temas afeitos a ela (organização de classes bilíngues, obrigatoriedade da inclusão da disciplina Libras nos cursos de Licenciatura, processo de regulamentação da profissão de intérprete etc.), parece que se invisibilizou o fato de que há uma grande parcela de surdos que não se identifica com a língua de sinais e utiliza apenas o português em suas práticas discursivas e interacionais. Ou, como em tantos outros casos, faz uso da língua de sinais, mas de‑ monstra maior identificação com a linguagem oral, a língua portuguesa. A referência no singular – o surdo – a um grupo que não é uno, mas sim heterogêneo, ora fruto de um falar “descompromissado” ora fruto de uma tentativa homogenei‑ zante de quem referencia, não encobre apenas questões de classe, gênero, faixa etária. A referência a um grupo contida na determinação de um substantivo, o surdo, encobre tam‑ bém outra questão fundamental no contexto político da sur‑ dez: a questão linguística, que se colocou em pauta princi‑ palmente após as determinações legais. Tendo em vista esse panorama, o presente trabalho pretende discutir a negação ou a invisibilização da existência de uma heterogeneidade linguística e identitária no contexto da surdez e da educação de surdos, problematizando, para tanto, à luz dos Estudos Culturais (Hall, 2000; Silva, 2009; Woodward, 2009), o con‑ ceito de identidade surda, oriundo dos Estudos Surdos. FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA TRABALHAR COM ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EM ESCOLAS BILÍNGUES ANGELA B. CAVENAGHI T. LESSA (PUC/SP) Resumo de Paper Considerando que o Surdo e sua Comunidade (a) necessitam de uma língua que proporcione a formação social da mente e que, neste caso específico é uma língua sinalizada; (b) an‑ seiam passar de geração para geração sua língua e cultura e (b) têm obtido desempenho insatisfatório no processo de escolarização nas escolas ditas inclusivas, estabelecemos como objetivo desta apresentação refletir sobre a formação de professores de língua portuguesa que trabalham com o processo de alfabetização e letramento de crianças surdas que possuem LIBRAS como primeira Língua. Os dados que serão analisados foram coletados por integrantes do Grupo de Pesquisa Inclusão Linguística em Cenários de Atividades Educacionais (ILCAE) e compreendem gravações de aulas, diários de campo e sessões reflexivas. O Grupo apoia‑se nas concepções de linguagem de Bakhtin e Vygotsky e tem nos conceitos de defectologia e ensino‑aprendizagem de crian‑ ças com Necessidades Educativas Especiais (NEEs) vigot‑ skianos suporte teórico que permite argumentar a favor im‑ portância de se trabalhar tendo como meta linhas de desen‑ volvimento e aprendizagem únicas, isto é, que não podem ser comparadas com a das crianças ditas normais uma vez que, a partir das possibilidades biológicas que cada criança apresenta é possível criara novas linhas de desenvolvimento. A análise dos conteúdos curriculares e das interações entre alunos surdos, ouvintes, professora ouvinte e intérpretes de LIBRAS revelam que há ainda um enorme abismo nas esco‑ las consideradas bilíngues e inclusivas e que tanto alunos como professores e intérpretes sentem‑se à margem das ações educacionais. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 34 A ESCRITA ACADÊMICA NOS DOCUMENTOS OFICIAIS ÂNGELA FRANCINE FUZA (UNICAMP/CNPQ) Resumo de Paper Esta pesquisa está vinculada aos Grupos de Pesquisa: “Escrita: ensino, práticas, representações e concepções” (Unicamp) e “Interação e Escrita” (www.escrita.uem.br), fundamenta‑se em discussões recentes sobre o letramento acadêmico feitas por estudiosos dos Novos Estudos do Letramento (STREET, 1984; GEE, 1996; LEA E STREET, 1998; LILLIS, 1999, entre outros) e na concepção dialógica de linguagem segundo os princí‑ pios teóricos do círculo de Bakhtin. Como objetivo, busca analisar os principais documentos oficiais brasileiros que fundamentam a prática da escrita acadêmica, a fim de ve‑ rificar como tal prática é concebida. Assim, são destacados, primeiramente, os pressupostos sobre escrita apresentados pela Constituição Federal de 1988, pela LDB – aprovada em 20 de dezembro de 1996 (Lei nº 9.394/96) –, pelo Plano Nacional de Educação (PNE) de 2000, entre outras leis e instrumentos legais (medidas provisórias, decretos, portarias, resoluções etc.). Tais instrumentos legais foram selecionados, tendo em vista sua influência na organização das universidades. Os resultados das análises mostram a falta de clareza e flu‑ tuações no trato com a escrita, uma vez que esta prática não recebe um espaço de discussão específico. UMA REFLEXÃO SOBRE UMA ATIVIDADE DE LEITURA NO FÓRUM, PLATAFORMA MOODLE, PELO VIÉS DA COMPLEXIDADE ANGÉLICA MIYUKI FARIAS (GEALIN – GPEAHF FECAP – UNIFAI) Resumo do Paper Este trabalho objetiva apresentar uma reflexão à luz do Pensamento Complexo (Morin, 2008) sobre uma atividade desenvolvida por alunos do segundo semestre do curso de comunicação social em ambiente presencial numa institui‑ ção privada na cidade de São Paulo. Embora não seja uma graduação a distância, a instituição incentiva a utilização da plataforma Moodle em todos cursos que oferece. Entre os recursos que tal plataforma possui, selecionamos o fó‑ rum para desenvolver uma das etapas da atividade em que, após a apresentação dos capítulos do livro intitulado “A me‑ nina que roubava livros”, os alunos postaram sua reflexão a respeito da leitura. O título deste trabalho foi originalmente a proposta do fórum mencionado. Ressaltamos ainda que inseridos em um contexto educacional cuja referência é o paradigma newtoniano‑cartesiano, a tentativa de superar uma visão linear e fragmentadora serviu‑nos como principal motivação para a realização de cada etapa da atividade, pois acreditamos que o aprendiz deva desenvolver uma compre‑ ensão crítica, tornando‑se cidadão participativo e trans‑ formador. Ao utilizarmos a ferramenta de fórum de discus‑ são, nossa perspectiva pedagógica foi ampliar a interação entre professora, alunos e conteúdo. Além disso, fazemos os seguintes questionamentos: é possível considerarmos a etapa da atividade como um momento de diálogo dos opos‑ tos, percebemos a quebra de linearidade e a instauração de um movimento circular aberto, finalmente, verificamos o aspecto hologramático do todo/partes? Palavras‑chave: fórum, complexidade, interface digital Temas abordados: Complexidade, interfaces, ensino‑aprendizagem de línguas 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 35 A CONTEXTUALIZAÇÃO DO CONTEÚDO GRAMATICAL E EXERCÍCIOS PROPOSTOS NO LIVRO “SÍNTESIS” ANNY THAIS DE MENEZES SANTOS (UFS) JULIMAR ALVES NASCIMENTO (UFS) Resumo de Pôster A ideia de contextualizar o ensino da gramática e dos exer‑ cícios propostos sobre ela vincula‑se à nova tendência de educação brasileira de como ensinar língua desde uma perspectiva do funcionamento para aquisição gramatical. Percebeu‑se a importância de deixar de lado a aprendizagem voltada para a memorização de regras, conhecimentofrag‑ mentado sem representar sentido de uso real para o aluno, bem como exercícios com propostas descontextualizadas que buscavam o preenchimento de lacunas e organização de frases soltas. Assim, a substituição do conteúdo meramente normativo por propostas onde o ensino da língua estran‑ geira acontece de forma contextualizada e interdisciplinar se faz latente inclusive na documentação que rege a educa‑ ção nacional LDB (1996), PCN (1998), OCN (2006) e guia PNLD (2012). A proposta de contextualização vem com o intuito de permitir uma formação mais consciente e reflexiva sobre de‑ terminado conteúdo que se aprende. Além disso, nesse tipo de aprendizagem o aluno passa a ter um papel mais ativo na construção do conhecimento, pois ele poderá fazer cone‑ xões entre os conhecimentos. Esse trabalho tem como ob‑ jetivo refletir sobre o ensino da gramática contextualizada bem como os exercícios que estão sendo apresentados no livro didático “Síntesis” de Ivan Martin da editora Ática, que é utilizado para o ensino do espanhol nas escolas públicas do estado de Sergipe. A escolha do material em análise se deve ao fato de ter sido selecionado para o ensino de espanhol nos ensino médio pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2012 para a implementação do espanhol nas escolas públicas do Brasil. Nesse breve estudo, propomos analisar a seção de “Gramática Básica” para fomentar discussões de como o conteúdo gramatical está sendo abordado e também como se manifestam os exercícios propostos nessa seção e esperamos que o conteúdo gramatical e os exercícios pro‑ postos sigam as orientações de perspectiva contextualizada. LETRAMENTO VISUAL: INVESTIGANDO RELAÇÕES ENTRE LINGUAGEM VERBAL E VISUAL EM WEBSITES EM LÍNGUA INGLESA ANTONIA DILAMAR ARAÚJO (UECE) Resumo de Paper Na era da tecnologia da informação, texto e imagens estão crescentemente integrados criando os textos multimodais para representar o conhecimento e a experiência. Os tex‑ tos multimodais estão presentes na internet, na mídia, nos materiais didáticos, incluindo os online e que agora se apre‑ sentam pleno de cores, formas, imagens, sons e movimen‑ tos. Neste trabalho, utilizamos os pressupostos teóricos da gramática visual de Kress e van Leeuwen (1996, 2006) e a categorização das relações entre texto e imagem propostos por Martinec e Salway (2005), com o objetivo de investigar e categorizar como os significados são construídos na intera‑ ção da linguagem verbal com a linguagem visual em textos multimodais presentes em websites educacionais para o ensino de língua inglesa. Utilizando‑se de uma metodologia exploratória‑descritiva e com um corpus constituído de ati‑ vidades de leitura de textos multimodais em 15 websites ins‑ trucionais de livre acesso, examinamos se e como a percep‑ ção das relações entre linguagem verbal e visual é explorada nas atividades para ajudar a desenvolver habilidades de lei‑ tura crítica nos aprendizes. Os resultados preliminares apon‑ tam para a diversidade de relações entre as duas linguagens nos textos das atividades de leitura, porém pouca atenção é dada para a compreensão dos sentidos veiculados aos textos visuais e para a percepção da relação entre linguagem verbal e visual. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 36 CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO RIO GRANDE DO SUL ANTONIO CARLOS SANTANA DE SOUZA (UEMS) Resumo de Paper Esta comunicação traz um levantamento acerca da consci‑ ência linguística entre os afrodescendentes de Comunidades Quilombolas do Rio Grande do Sul (RS). É uma parte de mi‑ nha pesquisa de doutoramento onde buscamos descrever a modalidade da língua portuguesa existente nessas comuni‑ dades onde se concentram os descendentes de escravizados trazidos para o Brasil. Nesse sentido, delimitamos para esta análise cinco comunidades do RS. Dentre nossas indagações destacaram‑se: Como ocorre a Educação na Comunidades Negras Quilombolas? Quais os principais desafios educacio‑ nais nessas comunidades? Quem são os responsáveis pela educação? Quais as iniciativas governamentais relaciona‑ das à Educação em comunidades negras? Nessa perspecti‑ va, lançamos mão de pesquisa de campo, envolvendo me‑ todologia de História Oral e da Sociolinguística. Verifiquei o que sabem sobre língua e memória, por meio de histórias dos quilombos, histórias do povo negro, da escravidão e da libertação, histórias do mundo social do interior e, histórias de crianças e adultos. Alguns dados sobre as comunidades sul rio‑grandenses contidos neste estudo encontram‑se em fontes históricas e bibliográficas. Com esta pesquisa pre‑ tende‑se despertar o olhar de todos os envolvidos com as questões educacionais à valorização das diferenças étnicas, à necessidade do reconhecimento e respeito aos povos qui‑ lombolas, povos que tiveram e ainda tem papel fundamen‑ tal na formação e desenvolvimento de nosso país. PRÁTICAS E EVENTOS DE LETRAMENTO NO CURSO DE LETRAS À DISTÂNCIA DO IFAL: PERSPECTIVAS, LIMITES E POSSIBILIDADES ANTONIO CARLOS SANTOS DE LIMA (IFAL) Resumo de Paper O presente trabalho é o relatório de uma pesquisa empreen‑ dida no Instituto Federal de Alagoas cujo objetivo foi analisar as implicações da presença ou ausência de práticas e even‑ tos de letramento na formação de professores agentes de letramento em cursos de Letras à distância do IFAL. Isso por considerar que esse formato de educação tem se consolida‑ do, sobretudo, pela ampla possibilidade de interação de que os indivíduos dispõem graças ao desenvolvimento tecnoló‑ gico; diferentemente do espaço presencial, essa modalida‑ de de educação utiliza o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Assim, o diálogo entre professores e alunos se dá, em muitas das vezes, através do uso de ferramentas desse am‑ biente. Nessa interação, o uso da leitura e da escrita é indis‑ pensável, principalmente se considerarmos que elas detêm a capacidade também de encurtar distâncias. Diante disso, o papel do letramento ganha terreno por ser um “conjunto de práticas socioculturais, histórica e socialmente variáveis, que possui uma forte relação com os processos de aprendi‑ zagem formal da leitura e da escrita, transmissão de conhe‑ cimentos e (re)apropriação de discursos” (Buzen, 2010, p. 101). Em cursos de formação de professores, esse letramento deve proporcionar ao futuro professor uma gama de conhe‑ cimentos que vão desde a escolha teórico‑metodológica até os processos de avaliação, devendo configurá‑lo como um agente de letramento. Nessa perspectiva, e para aten‑ der ao objetivo proposto, este estudo articulou pesquisa de campo e documental. A pesquisa de campo realizou‑se atra‑ vés da observação participante, que permitiram acesso às mais diversas formas de interação tanto no ambiente virtual quanto em momentos presenciais. A análise documental se deu através da análise de produções de alunos e professores. Os resultados nos possibilitaram refletir sobre as propos‑ tas do curso de licenciatura em Letras à distância do IFAL para, assim, contribuir para uma mais eficiente formação de professores. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 37 O TRABALHO DOS PROFESSORES FORMADORES DOS CURSOS DE LICENCIATURA EM ESPANHOL DOS INSTITUTOS FEDERAIS: COMPOSIÇÃO DE SENTIDOS MEDIANTE NARRATIVAS DE VIDA ANTONIO FERREIRA DA SILVA JÚNIOR (CEFET/RJ) Resumo de Paper Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia são instituições equiparadas às universidades federais brasileiras a partir do ano de 2008 e passam a ser vistas como institutos de “educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi” (BRASIL, 2008). Sua lei de criação determina a necessidade de oferta de pelo menos 20% do total de suas vagas em cursos de licenciatura, bem como programas es‑ peciais de formaçãopedagógica, com vista à formação de professores para a Educação Básica. Diante de tal realida‑ de, interessa‑nos pesquisar a inserção dos Cursos de Letras/ Espanhol no cenário da Rede Federal. Atualmente, os cursos de licenciatura em Espanhol existentes na Rede são três: na Região Nordeste (no IFRN, no campus Natal), na Região Norte (no IFRR, no campus Boa Vista) e na Região Sudeste (no IFSUDESTE MG, no campus São João del Rei). A proposta desta comunicação pretende apresentar e discutir os resul‑ tados alcançados em nossa pesquisa de Pós‑Doutoramento em Linguística Aplicada, cujo objetivo central estava em estudar as concepções de ensino de língua por meio de nar‑ rativas de professores formadores que idealizaram e atuam nos respectivos cursos. Para esta comunicação, resolvemos direcionar nosso olhar para as narrativas docentes de qua‑ tro professores, que narram sobre seu fazer docente. Como estratégia de análise das narrativas, adotamos a composi‑ ção de sentidos (MELLO, 2004), a partir da interpretação do material coletado, da intervenção de minhas experiências pessoais e profissionais e da confrontação com os discursos prescritos nos Projetos Pedagógicos de cada curso. O inte‑ racionismo sócio‑discursivo, as concepções de trabalho do‑ cente propostas pelas Ciências do Trabalho e as teorias so‑ bre o professor reflexivo fundamentam teoricamente nossa investigação. Para alcançar tais objetivos, recorremos, prin‑ cipalmente, aos estudos teóricos de CELANI (2001), TELLES (2002), MELLO (2004), PAIVA (2005), DAHER (2006), DAHER e SANT’ANNA (2010). “COLORLESS GREEN IDEAS SLEEP FURIOUSLY”: USO DE SINTAXE PARA COMPREENSÃO LEITORA DE TEXTOS ACADÊMICOS EM LÍNGUA INGLESA ANTONIO JOSÉ MARIA CODINA BOBIA (UESB) Resumo de Paper Embora o ensino de “Inglês com Fins Específicos” (IFE) – tam‑ bém chamado de “Inglês Instrumental” – já seja uma área reconhecida e amplamente difundida no Brasil, não se pode deixar de perceber que a maioria dos materiais didáticos para compreensão leitora produzidos no país quase não abordam a questão das estruturas sintáticas. Isto, logicamente, se reflete na metodologia usada pelos professores de IFE. Esta problemática também ocorre na leitura de textos acadêmi‑ cos em língua inglesa, onde os aprendizes têm claras dificul‑ dades em identificar a estrutura frasal e os vários sintagmas que a formam quando lidam com períodos mais longos. Este trabalho pretende, em um primeiro momento, fazer um le‑ vantamento de alguns livros didáticos de IFE para mostrar a carência do estudo de sintaxe funcional que é sintomática na área de IFE no Brasil. Para tanto, utilizar‑se‑á como re‑ ferencial teórico um dos poucos estudos que relacionam o conhecimento de sintaxe à compreensão leitora, The Role of Syntax in Reading Comprehension: A Study of Bilingual Readers (MARTOHARDJONO et al., 2005). Finalmente, pro‑ por‑se‑á uma metodologia de trabalho que inclua, não so‑ mente técnicas de skimming, scanning, etc., mas também formas de ensino que ajudem o aprendiz a reconhecer me‑ lhor as estruturas frasais em língua inglesa. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 38 DOCÊNCIA DA LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO SUPERIOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA ARIÁDNE CASTILHO DE FREITAS (UNITAU) Resumo de Paper Este resumo relata o processo de ensino/aprendizagem da disciplina Língua Portuguesa na Universidade de Taubaté – SP. Pesquisou‑se nas portarias e deliberações da Instituição e nas atas de reuniões dos professores dessa disciplina dos anos de 1987 a 2012. Os resultados revelam que a discipli‑ na, denominada atualmente Português Instrumental, está sob a responsabilidade do Grupo de Estudos de Língua Portuguesa, GELP, implantado em outubro de 1987 e em atividade até hoje. A disciplina é obrigatória nas séries ini‑ ciais dos 42 cursos e trabalha a leitura e a produção de gê‑ neros discursivos acadêmicos e profissionais. Os professores conscientizam os alunos sobre a importância do estudo da língua materna e dão oportunidade para que eles se tor‑ nem linguisticamente competentes. Para tanto, a prática pedagógica do docente é importante para interagir com o aluno e construir o conhecimento linguístico do acadêmico e futuro profissional. O material didático é construído de forma conjunta pelos componentes do GELP; seu conteúdo passa por revisões, alterações e atualizações, após pesquisa do perfil do aluno, feita no início de cada ano letivo. Os do‑ centes do grupo têm horas de pesquisa e realizam diversas ações, como oferecimento de aulas de reforço, correção das provas do vestibular da Universidade, participação em cur‑ sos, palestras e congressos e publicação das pesquisas em revistas e livros. Desde 2011, integram o grupo de pesquisa Docência da Língua Portuguesa no Ensino Superior, creden‑ ciado junto ao CNPq, com o objetivo principal de discutir e desenvolver estratégias didáticas para aprimoramento da prática docente em sala de aula. Ressalta‑se que o diferen‑ cial dos professores do Grupo é preparar os acadêmicos para o uso que farão da língua em sua futura atuação profissional. Por tudo isso, o trabalho desenvolvido durante 25 anos pe‑ los professores do GELP tem sido avaliado de forma positiva pelos alunos, diretores de departamentos e administração superior da Universidade. RELAÇÕES DE PODER NAS RELAÇÕES DE GÊNERO REPRESENTADAS EM LIVROS DIDÁTICOS DE LE ARIOVALDO LOPES PEREIRA (UEG) Resumo de Paper Esta comunicação é o relato de investigação sobre as formas de representação das relações de poder nas relações entre gê‑ neros, em livros didáticos de língua estrangeira (LE) – inglês. Trata‑se de uma pesquisa qualitativa cujo objeto são as duas coleções de livros didáticos para o ensino de língua inglesa no ensino fundamental indicadas no Guia do Livro Didático do Programa Nacional de Livro Didático – PNLD/LE/2011. Como parte da fundamentação teórica, são discutidos os conceitos de gênero (Sunderland, 1995; 1994; 1992; Coates, 1993; Louro, 1999; Moita Lopes, 2002; Cameron, 1999), dis‑ curso (Howarth, 2000; Mills, 1997; Gee, 1996; Foucault, 1972; 1998), ideologia (Eagleton, 1997; Crespigny e Cronin, 1999; Thompson, 2009) e poder (Kaplan e Lasswell, 1998; Bobbio, 1999; Fairclough, 1989; Foucault, 2004). Num primeiro mo‑ mento, procedeu‑se à análise de textos escritos e imagéticos (ilustrações) que retratam relações entre gêneros (homem e mulher), na busca de se identificar possíveis discursos ideo‑ lógicos que reforcem ou contestem as relações de poder pre‑ sentes nas práticas sociais. A base para esta análise foram os princípios da Análise de Discurso Crítica – ADC (Fairclough 1992; 1995; 1997; 2001; 2003; Fairclough e Wodak, 1996; Pennycook, 2001). A segunda etapa da pesquisa foi realizada em campo e nela buscou‑se conhecer o posicionamento de alunos(as) e professores(as) sobre os livros didáticos analisa‑ dos e sua percepção dos discursos ideológicos que subjazem os textos desses materiais. A análise dos dados é realizada através da triangulação dos resultados das duas etapas e evidencia uma incongruência entre ambas. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 39 A FORMAÇÃO DISCURSIVA DOCENTE EM COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM: NOVOS OLHARES SOBRE O LETRAMENTO DIGITAL ARLINDA CANTERO DORSA (UCDB–MS) Resumo de Paper Este artigo é fruto de uma pesquisa desenvolvida junto ao Grupo de Pesquisas e Estudos em Tecnologia Educacional e Educação a Distância (GETED), da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB, Mato Grosso do Sul), que desde 2007 pesquisa a questão da formação continuada no âmbito presencial e a distância, além de estudar a linguagem, as interrelações e as ferramentas de tecnologias de informação e comunicação. A temática volta‑se à análise da formação discursiva docente em uma comunidade indígena na Escola GeneralRondon na Aldeia Bananal, localizada em Taunay‑ MS e tem como foco o uso de tecnologias de informação e comunicação com um duplo objetivo: (i) investigar como tem ocorrido a formação continuada de cada professor participante da comunidade; (ii) analisar as estratégias de leitura, produção e comunica‑ ção nas práticas discursivas dos docentes voltadas ao letra‑ mento digital. Quanto à formação continuada docente, foi utilizado inicialmente o ambiente virtual NING e posterior‑ mente a rede social Facebook. Com relação ao letramento digital, pode‑se afirmar ainda que parcialmente, que há ne‑ cessidade da capacitação continuada para que os docentes tenham condições de serem mediadores no uso das novas tecnologias em suas práticas pedagógicas. Conclui‑se que as variadas culturas indígenas sofrem modificações e reela‑ borações constantes com o passar do tempo. Integram‑se ao avanço tecnológico e multicultural presente na socieda‑ de como sujeitos ativos e passivos, simultaneamente, em relação às tecnologias e a multiculturalidade. O PROFESSOR DE LÍNGUAS EM TEMPOS DE REFLEXÃO: INSTANTÂNEOS DA FORMAÇÃO DOCENTE AUGUSTO CÉSAR LUITGARDS MOURA FILHO (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA) Resumo de Paper Esta comunicação relata uma pesquisa em andamento que é iluminada pelo construto teórico Professor Reflexivo (SCHÖN, 1992; PIMENTA, 2003 e MOURA FILHO, 2011) e confi‑ gura‑se como um estudo de caso, mais especificamente na modalidade história de vida. O objetivo da investigação que relato é revelar o papel das narrativas pessoais na formação de docentes de línguas estrangeiras. Tal perspectiva se justi‑ fica por indicar como esses docentes superaram as históricas inadequações da formação em Letras (MOITA LOPES, 1996 e PAIVA, 2004, inter alios), que envolvem o acesso restrito a ex‑ periências acadêmicas significativas, o desconhecimento da importância da formação continuada e, não raro, uma for‑ mação profissional alienada, a qual ignora as reais deman‑ das da sociedade ao formar profissionais que agem mais re‑ ativamente do que proativamente. Diante de um quadro ad‑ verso de formação de professores, inclusive dos de línguas, a formação reflexiva de docentes, que emergiu com a mudan‑ ça do paradigma da concepção do próprio papel a ser desem‑ penhado por esses profissionais, apresenta‑se como uma alternativa de transformação de concepções equivocadas que se cristalizaram ao longo dos anos. Tal formação guarda identidade com várias propostas de formação de docentes que surgiram no princípio da década de 80 do século passa‑ do, tais como as que preveem a figura do professor‑pesqui‑ sador e a pedagogia crítica, por exemplo. O estudo de caso interpretativista mostrou‑se a metodologia mais adequada para a condução da pesquisa relatada. Segundo Merriam (2001, p. 28), pesquisas realizadas com o apoio desse cons‑ truto viabilizam a revelação de fatores capazes de promover uma compreensão profunda do fenômeno investigado. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 40 TRADIÇÕ EES DISCURSIVAS EM PROCESSOS‑CRIMES: UMA ANÁLISE EM TEXTOS INTRODUTÓRIOS AUREA SUELY ZAVAM (UFC) Resumo de Paper Dando continuidade aos estudos sobre gêneros numa pers‑ pectiva histórica que vêm se desenvolvendo no âmbito do grupo de pesquisa Tradice, este trabalho tem como objeti‑ vo maior investigar a constituição/reelaboração do proces‑ so‑crime, um gênero do domínio jurídico. A concepção que norteia a proposta deste estudo é a de tradição discursiva, utilizada na descrição histórica das línguas. Dentro dessa concepção, proposta por romanistas alemães (KOCH, 1997; KOCH & OESTERREICHER, 2001; KABATEK, 2003, 2004), os es‑ tudos sempre consideram o contexto social e histórico ao descrever os propósitos e os elementos formais e linguísti‑ cas dos textos, entendidos como práticas discursivas que se repetem continuamente até se fixarem plenamente, a ponto de serem identificados como tais na comunidade em que circulam, isto é, como tradições discursivas. Como par‑ te da investigação maior, este estudo procura responder as questões: Quais são as fórmulas textuais típicas que carac‑ terizam os elementos constitutivos dos processos‑crimes? Quais desses elementos se conservaram e quais sofreram mudanças? Que traços permitem estabelecer limites entre suas partes constitutivas? Em relação à parte introdutória do processos‑crimes, este estudo analisa as funções que desempenham os elementos dêiticos tão recorrentes e tão característicos desta parte do todo enunciativo. Ao desven‑ dar as estratégias empregadas na introdução desses textos, reveladas pelas marcas linguísticas investigadas, não só se desvela o contexto social e histórico no qual se desenvolveu esse gênero, como também se descobre a relação entre tra‑ dições discursivas e expressões dêiticas. Acreditamos que os resultados obtidos podem assim nos ajudar a compreen‑ der melhor o uso de elementos dêiticos como modo de di‑ zer constitutivo da introdução dos processos‑crimes, como também nos ajudam a lançar mais luzes às pesquisas que se dedicam a investigar a história da língua vinculada à história dos textos. A (DES)CONSTRUÇÃO DA FACE: (IM)POLIDEZ LINGUÍSTICA NA INTERLÍNGUA AURÉLIA LEAL LIMA LYRIO (UFES) Resumo de Paper As pesquisas, tanto em língua estrangeira como em língua materna, demonstram que os aprendizes não se utilizam das normas de polidez linguística adequadamente, ou, mes‑ mo, não a utilizam (PIIRAINEN‑MARSH, 1995, NIKULA, T., 1996). Dessa forma, empregam atos de fala altamente ameaçado‑ res tanto da face positiva como da negativa do interlocutor e da própria, o que vai culminar com o insucesso da intera‑ ção. A competência pragmática, atualmente, é vista como altamente necessária tanto para os falantes nativos de uma língua como para aqueles de LE (BARDOVI‑HARLIG, HARTFORD, MAHAN‑TAYLOR, MORGAN, AND REYNOLDS, 1991; KASPER, 1997). Em vista disso, o presente trabalho analisa a utilização/não utilização de estratégias de polidez por aprendizes de in‑ glês como língua estrangeira (LE) no decurso da interação, para construir, manter, ou resgatar a própria face e a do seu interlocutor. A pesquisa se baseia na Teoria da Polidez de Brown e Levinson (1978, 1987), de Lakoff (1972) e de Leech (1983). Almejamos empregar os resultados na conscientiza‑ ção desses aprendizes, bem como no ensino de estratégias de polidez condizentes com as normas de um convívio mais harmônico em sociedade. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 41 ASPECTOS COGNITIVOS NA AQUISIÇÃO DE L2/LE: ENTENDENDO A RELAÇÃO ENTRE AS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM E A MOTIVAÇÃO BÁRBARA CAROLINE DE OLIVEIRA (UNB) BÁRBARA CAROLINE DE OLIVEIRA (UNB) Resumo de Paper Este trabalho tem por objetivo compreender a relação entre o uso de estratégias e a motivação no processo de aprendiza‑ gem de uma segunda língua – L2 ou língua estrangeira – LE, com vistas a contribuir para a construção do conhecimento relacionado ao processo ensino‑aprendizagem. Trata‑se de um estudo bibliográfico, que primeiramente, faz caracteri‑ zação da aprendizagem assente na compreensão da plurali‑ dade de teorias. Em segundo lugar, são apresentados fatores que melhor explicam as diferentes estratégias de aprendiza‑ gem. E em seguida, elucida fatores influenciadores da mo‑ tivação que podem conduzir os alunos no estudo de L2/LE. Por fim, relaciona as estratégias e a motivação observando como estas convergem para a ASL. O processo de aquisição e/ ou aprendizagem de uma L2/LE é complexo e pode ser carac‑ terizado por um número significativo de variáveis. Diversos modelos de aprendizagem e pesquisas em aquisição de uma L2/LE têm buscado explicar dos fatores que interagem nes‑ se processo, tais como questões relativas ao contexto de aprendizagem, características do professor, diferenças indi‑viduais do aprendiz, como aptidão, autonomia, estratégias de aprendizagem e a motivação, por exemplo. Visto isso, o conhecimento mais acurado sobre o processo de aquisição pode contribuir para que os pares, envolvidos nas tarefas de ensinar e aprender línguas, professores e aprendizes, aper‑ feiçoem seu desempenho na tarefa de ensinar e aprender LE. Cabe ressaltar, que no cenário atual, o processo de ensino e aprendizagem de uma L2/LE é entendido como uma constru‑ ção que inclui um papel ativo por parte do aprendiz. Nessa perspectiva, torna‑se relevante que o aluno desenvolva a capacidade de estabelecer as próprias metas, planejar e mo‑ nitorar seus esforços, com vistas a direcionar sua aprendiza‑ gem e ter mais sucesso no uso da língua. COMO EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS NO PIBID E NO INÍCIO DA CARREIRA DOCENTE PODEM MODIFICAR AS CRENÇAS DE PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS BÁRBARA COTTA PADULA (UFV) Resumo de Pôster Estudiosos (COELHO 2005; BERNARDO, 2007) entendem a relevância de estudos relacionados à realidade das escolas públicas e, portanto, às experiências vivenciadas no PIBID, já que neste projeto o professor em formação tem a opor‑ tunidade de vivenciar a realidade de um profissional atuan‑ te nessas escolas e assim direcionar sua formação. Assim, percebe‑se que estudos que averiguem experiências nesses contextos podem auxiliar na modificação das crenças dos professores em pré‑ serviço ou em carreira inicial, já que segundo Miccoli (2010) através da investigação de experiên‑ cias pode‑se compreender partes importantes do processo de ensino e aprendizagem. Além disso, faz‑se necessário ressaltar que de acordo com BARCELOS (2006) as crenças são dinâmicas, portanto estão suscetíveis a mudanças. Assim, este trabalho tem o objetivo de verificar se as experiências vivenciadas no PIBID e, posteriormente, como professora de escola publica, modificaram ou não as crenças de uma pro‑ fessora recém‑formada e atuante neste contexto em relação à docência e decisão de continuar ou não ensinando. É inte‑ ressante lembrar que antes de ingressar no curso de Letras ela tinha a intenção de lecionar nessas escolas e tinha a cren‑ ça de que poderia ser uma agente modificadora do ensino. Neste estudo, para a coleta de dados, foi solicitada a profes‑ sora, que é ex‑bolsista do PIBID, uma narrativa na qual ela teve a oportunidade de fazer uma reflexão sobre as crenças que tinha antes de ingressar no curso de Letras em relação ao ensino, sobre suas experiências vivenciadas na partici‑ pação no projeto supracitado e, por fim, sobre suas crenças atuais em relação à docência e, consequentemente, suas expectativas profissionais. Dessa forma, serão apresentados os resultados da análise dos dados observando a contribui‑ ção da experiência no PIBID para a modificação ou não das crenças da participante e sobre seus anseios profissionais. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 42 DISCURSO E CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE E NA WEB: PRÁTICAS ‘NÃO ESCOLARES’ NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUAS BÁRBARA CRISTINA GALLARDO (UNEMAT) Resumo de Paper Este estudo é um recorte da minha pesquisa de doutorado desenvolvida na Unicamp e que teve como objeto de estu‑ do a Comunicação Transnacional Mediada por Computador. A ideia inicial surgiu do fato das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) serem atualmente parte inerente do cotidiano das pessoas nos níveis pessoal e profissional. Isto torna a inclusão dos letramentos digitais na formação esco‑ lar um assunto primordial no mundo todo. Nessa perspec‑ tiva, o objetivo deste estudo é investigar a construção de identidades nacionais de futuros professores no Facebook na interação com estrangeiros. A representação multimodal em páginas de Redes Sociais Virtuais é um recurso expressi‑ vo de construção discursiva do Self que exige o entrelace de letramentos e sensibilidade adquiridos no trânsito entre os meios on e offline. Entendo que o estudo dessa construção pode auxiliar na reflexão, tanto na formação pessoal e pro‑ fissional do público‑alvo como na minha própria, de como os discursos locais/globais são reproduzidos nas vozes de futuros formadores. A metodologia utilizada neste estudo é de natureza quanti‑qualitativa e exploratória. A base te‑ ória está fundamentada em trabalhos que discorrem sobre o impacto da globalização na identidade cultural e nacional das pessoas e em estudos que analisam o comportamento dos usuários da internet. A linguagem utilizada nas inte‑ rações é abordada através da metafunção ideacional da Linguística Sistêmico‑ Funcional (LSF). Os pressupostos da Análise Crítica do Discurso (ACD) são usados na observação da construção de identidades pelo discurso multimodal no espaço virtual do Facebook. Os resultados mostram a construção de imagens globais como condição para o esta‑ belecimento de relações interpessoais transnacionais. Este resultado aponta para a proposição de projetos nos Cursos de Licenciatura em Letras que promovam práticas digitais transnacionais como autoconhecimento em uma perspecti‑ va global e reflexões sobre o poder dos discursos. PROJETO RIO CRIANÇA GLOBAL: INVESTIGANDO PROPOSTAS E PRÁTICAS BEATRIZ DE SOUZA ANDRADE MACIEL (UFRJ) Resumo de Paper Entendendo‑se a centralidade do conhecimento de inglês em um mundo cada vez mais globalizado (MOITA LOPES, 2005), objetiva‑se neste trabalho investigar o contexto de ensino de inglês no Projeto Rio Criança Global, implantado pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro a fim de ampliar o número de cariocas falantes de inglês até as Olimpíadas de 2016 (SME/RJ, 2010). O interesse pelo projeto surge da percepção do contraste entre a proposta de abran‑ ger estratégias que desenvolvam a compreensão/produção escrita e oral da língua estrangeira (LE) desde as primeiras séries do Ensino Fundamental (Orientações Curriculares/ SME, 2012) e a fala corrente entre professores quanto à in‑ viabilidade da prática oral de LE em escolas (MICCOLI, 2010), bem como entre a proposta de ensino de LE para crianças (LEC) e a ausência de cursos de Letras que contemplem a especificidade deste ensino (ROCHA, 2008). Tendo‑se em vista, portanto, que o projeto aponta para práticas diferen‑ ciadas das que antes guiavam o professor de LE em escolas públicas, busca‑se investigar a relação entre a proposta do projeto e o modo como ela é percebida e efetivada por pro‑ fessores envolvidos, e como se processam estratégias para o desenvolvimento profissional voltado à eficiência no desem‑ penho docente. Sob uma perspectiva interpretativista, esta pesquisa utiliza a) análise da documentação que norteia o projeto, para entender a identidade pedagógica e os concei‑ tos de linguagem que descrevem/delineiam a proposta, b) entrevistas semiestruturadas com professores do projeto, a fim de compreender a forma de atuação e postura adotada, orientações e instigações à reflexão sobre a prática docen‑ te, e dificuldades/conflitos na realização daquilo que o pro‑ fessor entende ser o seu papel na perspectiva da proposta. Ao problematizar a relação entre a proposta teórica do pro‑ jeto e sua efetivação segundo a percepção dos professores, pretende‑se traçar contribuições para os resultados a serem alcançados com o projeto. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 43 REPRESENTAÇÕES DE DOCENTES DA FL/UFRJ EM UM PROJETO INTERDISCIPLINAR BERNARDO PUGA NUÑEZ LOPES (UFRJ) Resumo de Pôster O presente estudo tem como objetivo analisar as represen‑ tações de docentes da Faculdade de Letras da UFRJ evol‑ vidos em um contexto de projeto de pesquisa acadêmico. O referido projeto, denominado Práticas de Linguagem em Diferentes Áreas do Conhecimento na Escola Pública (PLIEP), tem como pressuposto central a ideia de que a transposição didática de gêneros (BRONCKART,2010) para inserção em práticas letradas é fundamental em todas as áreas do conhe‑ cimento. Suas bases teóricas giram em torno da perspecti‑ va sociointeracionista, defendendo que as ações sociais são mediadas pela linguagem e o conhecimento é transdiscipli‑ nar (ABREU JÚNIOR, 1996). Neste sentido, reúne professores e pesquisadores de diversas áreas que atuam em diferentes instituições, o que permite o estreitamento, através de um viés interdisciplinar, do diálogo entre universidade/escola e entre graduação/pós‑graduação. A investigação desenvol‑ vida durante a execução do PLIEP analisa os motivos que levaram os docentes da FL/UFRJ a se engajarem no projeto, o porquê do tema escolhido ter lhes interessado, suas ex‑ pectativas quanto a ele para formação de professores, bem como o papel que pretendem desempenhar junto aos outros participantes envolvidos. A coleta de dados foi realizada por meio de e‑mails e entrevistas gravadas no decorrer do pro‑ jeto, buscando verificar possíveis modificações das expec‑ tativas e conflitos dos participantes em foco. Os resultados foram analisados a partir das concepções de ideologia do círculo de Bakhtin (Voloshinov, 1929; Bakhtin, 1953) e do con‑ ceito de Zona Proximal de Desenvolvimento (Vygotsky, 1930, 1934). Procura‑se, assim, promover uma reflexão crítica so‑ bre o projeto e contribuir para a atuação e a formação con‑ tinuada de professores em uma perspectiva interdisciplinar. ROBINSON CRUSOE: O LUGAR DO ROMANCE NO DISCURSO DO NOVO MUNDO BIANCA DOROTHÉA BATISTA (UFRJ) Resumo de Paper Num contexto de expansão marítima, os relatos de viagens publicados expandem‑se através da Imprensa dando acessi‑ bilidade ao Novo Mundo. Desta forma, surgem exigências de historicidade e mecanismos de controle, como afirma Costa Lima (2009) para que estes relatos sejam considerados reais. Em virtude disso, muitas narrativas eram escritas em pri‑ meira pessoa, possuiam uma linguagem simples e descrição detalhada para que o leitor fosse persuadido de que o texto diante dos seus olhos era verdadeiro. No romance de Daniel Defoe, Robinson Crusoe (1719), o editor afirma que a vida de Crusoe é uma história de fatos e por isso suas aventuras são dignas de serem tornadas púbicas além de servirem de instrução para os leitores. A exaltação da veracidade e o re‑ púdio à ficção correspondem ao que Michael Mckeon (1985) denomina de “questions of truth”, uma crise epistemológica sobre como expressar a verdade numa narrativa. A afirma‑ ção do novo gênero literário, o romance, fez com que sur‑ gisse a distinção entre “novel” (romance) e “romance” (relato ficcional/ romance de cavalaria). Para negar a ficcionalidade da obra, era necessário utilizar‑se dos mesmos artifícios dis‑ cursivos, e até mesmo paratextuais, dos documentos acerca de viagens circundantes nos séculos XVII e XVIII. O presente trabalho propõe analisar o discurso do personagem e narra‑ dor Robinson Crusoe e os mecanismos utilizados na narrati‑ va para ofuscar sua ficcionalidade, convertendo assim a um status de veracidade. Neste cenário, as fronteiras entre o ro‑ mance e relatos de viagem, ou seja, entre ficção e literatura tornam‑se indefinidas. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 44 O LETRAMENTO CRÍTICO E OS MULTILETRAMENTOS NA LEITURA DE UM READER EM UMA TURMA DE PIBID BRUNA CARREIRA DA SILVA E SILVA (UFRJ) Resumo de Pôster Devido à carga horária reduzida, turmas lotadas e hete‑ rogêneas, o ensino de língua inglesa nas escolas públicas atualmente tem, muitas vezes, focado na habilidade de leitura dos alunos (cf. Parâmetros Curriculares Nacionais de Línguas Estrangeiras, Reorientação Curricular de Língua Estrangeira do estado do RJ), já que esta seria essencial em outras etapas da vida daqueles indivíduos, como por exem‑ plo, o acesso destes à universidade (ENEM, Vestibular, exa‑ me instrumental de acesso à pós‑graduação). Seguindo essa linha de raciocínio, o estímulo aos multiletramentos (COPE & KALANTZIS, 2000) e ao letramento crítico (BRASIL, 2006) em si não deveriam parecer distantes da realidade de sala de aula dos alunos, uma vez que observa‑se uma cobrança no setor de línguas estrangeiras quanto a formação do cidadão multicultural. Dessa forma, através de um questionário a ser aplicado para alunos que participam do projeto PIBID em uma escola da rede pública na cidade do Rio de Janeiro, este trabalho busca analisar a reação dos estudantes quanto aos temas e gêneros apresentados tanto quanto observar a ca‑ pacidade dos mesmos de utilizar seus multiletramentos na leitura de um reader – um livro paradidático criado ou adap‑ tado para diferentes níveis de estudantes de inglês. O reader “L.A. Detective” apresenta um mistério no qual um detetive precisa procurar a filha de um senhor rico. A partir desta lei‑ tura, será observado como os alunos entendem a posição da mulher na história e constatar se estes observam os aconte‑ cimentos violentos recorrentes na história como presentes na sociedade em que vivem. Além disso, o trabalho também busca saber a opinião dos alunos em relação ao ato da leitu‑ ra e se há um interesse – ou mesmo acesso – por parte deles à literatura em geral. Assim, os resultados obtidos poderão abrir espaço para uma reflexão quanto ao papel da leitura no ensino de língua inglesa e servir de base para uma discus‑ são sobre a exclusividade do ensino desta habilidade na aula de LE. PROPOSTAS PEDAGÓGICAS DE LEITURA E ESCRITA ACADÊMICA PARA ESTUDANTES INDÍGENAS: O LETRAMENTO ACADÊMICO ORIENTANDO AÇÕES DA POLÍTICA DE PERMANÊNCIA NA UFRGS BRUNA MORELO (UFRGS) CAMILA DILLI NUNES (UFRGS) Resumo de Paper O projeto de extensão Curso de Inglês para Estudantes Indígenas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi criado no segundo semestre de 2008. O curso em desenvolvimento desde então está em sua 8ª edição. O obje‑ tivo deste trabalho é apresentar esse projeto como parte da política de permanência desenvolvida pela UFRGS com os es‑ tudantes indígenas, bem como apresentar contribuições en‑ volvendo o uso da linguagem quanto a diretrizes para orien‑ tar novas ações para a permanência de grupos étnicos mi‑ noritários, partindo de dois projetos de mestrado (MORELO, 2011; DILLI, 2011) voltados ao estudo das práticas sociais de leitura e escrita na universidade gerados no contexto deste curso. O curso se destinou originalmente a oportunizar aos alunos indígenas o desenvolvimento de leitura em língua inglesa com vistas à maior participação deles em sua vida acadêmica, nas suas próprias comunidades e na sociedade, tendo como meta principal o desenvolvimento de letra‑ mento acadêmico (LEA & STREET, 1998, 2006). Com base na análise do projeto em seus quatro anos de trajetória, apon‑ tamos para novos objetivos do curso e a estruturação de um currículo mais amplo, que abranja letramentos comuns aos estudantes, tanto fora como dentro da universidade. É im‑ portante destacar que o curso possibilita uma sala de aula exclusivamente indígena, na qual todos os estudantes indí‑ genas da UFRGS podem ser colegas, tornando‑se, assim, um contexto distinto de todos os outros na Universidade. A par‑ tir dos resultados alcançados, apontamos novas pesquisas na área que poderiam contribuir para redimensionar o curso como parte da construção de uma política de permanência dos estudantes indígenas na UFRGS. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 45 DESENVOLVIMENTO DE UMA DISCIPLINA SEMI‑PRESENCIAL: CONFLITOS COMO POSSIBILIDADES DE RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA BRUNA SCHEINER GOMES PIMENTA (UFRJ) Resumo de Paper A presente pesquisa é motivada pelo estudo que realizo no Programa de Pós‑Graduação em Linguística Aplicada em ní‑ vel de Mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e corrobora com minha experiênciadocente nesta instituição. Este trabalho objetiva compartilhar algumas re‑ flexões sobre a importância do conflito (conceito trazido da Teoria da Atividade) para a reconstrução (ou não) da prática pedagógica do professor universitário na modalidade semi‑ ‑presencial de ensino. A pesquisa desenvolvida é uma pes‑ quisa‑ação de cunho etnográfico que teve como contexto de investigação uma turma de Inglês Instrumental cuja carga horária contava com um Ambiente Virtual de Aprendizagem. Três questões constituíram‑se como fios condutores para a investigação. Sendo elas: Que conflitos foram identificados pela professora, ao longo e ao final do curso, como oportuni‑ dades de mudança e reconstrução de sua prática pedagógi‑ ca (seja no curso em foco ou em próximos cursos)? A que ele‑ mentos do sistema de atividade (no caso, o curso investiga‑ do) os conflitos estavam relacionados? O que foi feito diante das oportunidades de mudança e reconstrução da prática percebidas pela professora? Questionários, diários e regis‑ tros em fórum foram usados como instrumentos para a ge‑ ração de dados. O arcabouço teórico da pesquisa fundamen‑ tou‑se em três pilares: Formação de professores (LIBERALLI, 2009), Ensino a distância e semi‑presencialidade (MORAN, 2004) e Teoria da Atividade (ENGESTRÖM, 1987, 1999). A ESCRITA ESCOLARIZADA EM REDAÇÕES DE VESTIBULAR: UM ESTUDO DISCURSIVO BRUNO ARAUJO DE OLIVEIRA (UERJ) Resumo de Pôster Este trabalho visa a apresentar algumas reflexões a respeito do gênero redação de vestibular, sob a perspectiva discur‑ siva, com fundamentação em Bakhtin e em estudos volta‑ dos para a análise da construção do discurso. A redação de vestibular se configura como um gênero discursivo híbrido (Wilson, 2012), no qual diversas linguagens se articulam jun‑ to aos diversos tipos de conhecimento, a saber, o escolar, o científico e o cotidiano. Dessa forma, pretende‑se compre‑ ender os fatores que intervêm no processo de produção des‑ se gênero, em especial no que toca à tentativa de os escre‑ ventes se apropriarem da escrita escolar(rizada), buscando, assim, reconhecer os fenômenos associados ao uso dessa escrita em contextos específicos tais como o evento vesti‑ bular. Assumimos, para tanto, a concepção de que a escola constitui um espaço onde diversos conhecimentos se fazem presentes, tendo como eixo principal os saberes escolares, em que a escrita (associada à leitura) representa um tipo de conhecimento que os alunos aprendem ainda quando não se esteja ensinando a ler ou a escrever explicitamente (Rockwell, 1985). Assim, também consideramos as políticas linguísticas envolvidas no ensino da língua escrita, porque entendemos com Corrêa (2004) a natureza heterogenea‑ mente constitutiva da escrita, pois nela atuam forças cen‑ trípetas e centrífugas da língua (Bakhtin, 1993), associam‑se, fundem‑se linguagens sociais (Goulart, 2007) nos diferentes modos de apropriação da palavra alheia e da palavra própria (Bakhtin, 2003), mesmo em textos em que se exige o chama‑ do padrão culto da língua em seu registro formal. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 46 “O NOVO PERFIL DO PROFESSOR”: REPRESENTAÇÕES DOCENTES EM UMA REPORTAGEM DE NOVA ESCOLA CAINARA RODRIGUES DOS SANTOS SILVA (UFSJ) Resumo de Paper Esta pesquisa foi desenvolvida com o intuito de identificar e analisar as representações docentes apresentadas pela re‑ vista Nova Escola na reportagem intitulada “O novo perfil do professor”. Com um breve histórico da representação docen‑ te no Brasil e um estudo sobre o discurso informativo, mais especificamente a revista Nova Escola, chegamos ao estu‑ do das representações docentes trazidas pela reportagem analisada. Através de uma análise visual fundamentada nos Estudos Culturais e na Gramática do Design Visual (LISTER e WELLS, 2001; HALL, 1997; KRESS; VAN LEEUVEN, 1996) e de um análise verbal baseada nas heterogeneidades enunciativas (AUTHIER‑REVUZ, 1990, 1998, 2004) e dos ditos e não‑ditos propostos por Ducrot (1987), conseguimos fazer um levan‑ tamento das diversas vozes que compõem o discurso sobre “O novo perfil do professor”, assim como alguns aspectos que a reportagem também silencia, como os direitos dos do‑ centes e as consequências que o excesso de trabalho pode causar. Identificamos que as diversas representações que são construídas sobre esse profissional o torna o principal responsável pelo sucesso e/ou fracasso escolar. São tantas as representações atribuídas a ele, que ficou difícil definir um único perfil. Assim, chegamos a conclusão de que há uma tentativa fracassada da revista Nova Escola em traçar o novo perfil docente, pois através das representações trazi‑ das, o professor não se situa em UM perfil. Vários são os per‑ fis definidos, no qual há uma mistura de vozes que o não o levam para o novo e nem tampouco o deixam no velho, mas o situa em um entre‑lugar. A CONSTITUIÇÃO DE UMA AÇÃO DE POLÍTICA LINGUÍSTICA COM BASE EM UM ESTUDO DE LETRAMENTO ACADÊMICO: ORIENTAÇÕES PARA UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE LEITURA E ESCRITA PARA UNIVERSITÁRIOS INDÍGENAS CAMILA DILLI NUNES (UFRGS) BRUNA MORELO (UFRGS) Resumo de Paper O objetivo deste trabalho é, sob o viés de estudos de letra‑ mento acadêmico (Lea e Street, 1998, 2006), discutir leitura e escrita em disciplinas de primeiro semestre da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e elaborar como essas práticas sociais de leitura e escrita podem ou devem orientar propostas pedagógicas para calouros no Projeto de Extensão Leitura e Escrita na Universidade para Estudantes Indígenas da UFRGS. Esse projeto é parte das políticas de permanência adotadas para esses estudantes no âmbito das Ações Afirmativas da UFRGS desde o segundo semestre de 2008 e constitui‑se como uma política linguística (Ricento, 2006; Hornberger, 2006; Wiley, 2006). A discussão será feita sobre dados gerados por traba‑ lho de campo etnográfico nos dois períodos letivos de 2012, incluindo 67 horas de observação em duas disciplinas do cur‑ so de Medicina, coleta de textos escritos e entrevistas em áu‑ dio (Dilli, 2013). Pretende‑se analisar usos sociais da escrita: eventos de letramento neste contexto, textos envolvidos e tarefas de leitura e escrita, incluindo de avaliação, e como esse levantamento pode corroborar com um projeto de po‑ lítica linguística que visa a uma permanência de qualidade para os estudantes indígenas desde o primeiro semestre, em seus cursos de graduação. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 47 ESCRITA COLABORATIVA EM LÍNGUA INGLESA EM UMA PÁGINA WIKI. CAMILA MARIA DA COSTA KAMI (IBILCE/UNESP/SJ RIO PRETO) Resumo de Paper As novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs), a Internet, as conexões de banda larga e a web 2.0 criaram novas oportunidades para o ensino e o aprendizado de lín‑ guas. Entretanto, cabe ao professor a seleção de recursos tecnológicos que propiciem a autonomia e a colaboração no processo de ensino e aprendizagem de língua estrangei‑ ra (LE). Apesar de os alunos estarem em constante contato com as NTICs, eles as utilizam para atividades sociais e re‑ creativas. É preciso lembrar que as habilidades necessárias para tais atividades nem sempre são aquelas desejáveis em contextos virtuais de aprendizagem de LEs, os quais podem exigir o uso de um registro formal, competência intercultu‑ ral e um conhecimento mais aprofundado da L‑alvo (O’DOWD, 2007). O presente trabalho teve o objetivo de conduzir uma experiência sobre o uso da tecnologia wiki em uma faculda‑ de de tecnologia do interior do estado de São Paulo, mais especificamente no curso de Gestão Empresarial. O ambien‑ te selecionado foi o Wikispaces, o qual permite a criação de páginas na web, upload de arquivos e figuras, a comunica‑ ção por meio de e‑mailentre os colaboradores dentre outros recursos (MANTOVANI; VIANNA, 2008). A proposta foi engajar alunos do quinto termo em ema escrita colaborativa com o intuito de que as estruturas e os conteúdos desenvolvidos durante os dois anos de estudo da Língua Inglesa (LI) fos‑ sem colocado em prática. Portanto, foi selecionada uma unidade do livro didático cujo tema era a competitividade de empresas e focava o uso dos comparativos em inglês. Os alunos foram divididos em grupos e cada grupo pensou em um restaurante, desenvolvendo uma página no ambien‑ te Wikispaces para apresentar sua empresa. Os grupos de‑ veriam pensar sobre o nome do restaurante, sua missão, o menu e os preços. Trata‑se, portanto, de um trabalho qua‑ litativo e de natureza etnográfica. Foi uma experiência en‑ riquecedora, uma vez que eles praticaram a escrita em LI de uma forma dinâmica e colaborativa. A COESÃO TEXTUAL EM TEXTOS DE ESTUDANTES DE LÍNGUA INGLESA DO NÍVEL INTERMEDIÁRIO AVANÇADO CAMILA NATHÁLIA DE OLIVEIRA BRAGA (UFPB) Resumo de Paper Este trabalho apresenta um estudo longitudinal com dura‑ ção de um semestre no qual foram analisadas três redações (uma no início, uma no meio e uma no final do semestre leti‑ vo) produzidas em língua inglesa por alunos do curso Inglês para Fins Acadêmicos da UFMG. Os sujeitos, alunos de diver‑ sos cursos de graduação da universidade, no momento da coleta de dados cursavam a disciplina IFA I, equivalente ao nível intermediário avançado (B1+ de acordo com o Common European Framework of Reference). O curso IFA, em sua totalidade (cinco semestres, finalizando no nível C1), visa preparar os alunos para atingirem a pontuação necessária no TOEFL (IFA IV) e para a vivência em uma universidade es‑ trangeira (IFA V) em programas de intercâmbio acadêmico no nível da graduação. O foco específico deste estudo são as produções escritas dos alunos, pois, ao trabalhar a habi‑ lidade escrita, o aluno é motivado a pensar, organizar ideias, desenvolver a habilidade de resumir, analisar e criticar. Além disso, essa habilidade fortalece o aprendizado, o pensamen‑ to e a reflexão dos estudantes de língua estrangeira, além de ser uma das competências de produção (juntamente com a fala), o que possibilita uma avaliação mais completa do nível linguístico do aluno. Uma vez que a habilidade escrita re‑ presenta um escopo de pesquisa muito amplo, foi feita uma opção por enfocar aspectos coesivos nos textos dos alunos. A opção pela coesão foi feita devido ao fato de muitos pes‑ quisadores (HALLIDAY; HASAN, 1976; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004) apontarem sua importância para a sustentação de um texto. As redações produzidas pelos sujeitos foram anali‑ sadas e anotadas de acordo com os tipos de coesão propos‑ tos por Halliday e Hasan (1976) e em relação à propriedade e impropriedade de seu uso. Além deste estudo com duração de um semestre, pretende‑se acompanhar os mesmos sujei‑ tos ao longo dos dois próximos semestres a fim de fazermos um mapeamento mais completo do desenvolvimento da co‑ esão em sua habilidade escrita. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 48 EFEITOS DA INSTRUÇÃO FORMAL DE PRONÚNCIA NA PRODUÇÃO DOS PADRÕES DE VOICE ONSET TIME DAS PLOSIVAS SURDAS E SONORAS INICIAIS POR BRASILEIROS APRENDIZES DE INGLÊS (L2) CAMILA SAVICZKI MOTTA (UFRGS) Resumo de Pôster O escopo deste trabalho consiste em verificar e analisar os padrões de Voice Onset Time (VOT) a partir de coletas de produção feitas com brasileiros aprendizes de inglês como língua adicional em diversos níveis de proficiência, bem como os possíveis efeitos de instrução formal nessa produ‑ ção. Para a verificação dos efeitos da instrução na aquisição deste aspecto fonético‑fonológico no campo da produção, contou‑se com três grupos de aprendizes: (a) um grupo de controle, que não recebeu instrução alguma acerca do as‑ pecto da L2 investigado; (b) um primeiro experimental (E1), que recebeu instrução explícita com caráter comunicativo (seguindo‑se Celce‑Murcia et al., 2010); (c) um segundo grupo experimental (E2), que recebeu instrução explícita de caráter não‑comunicativo e descontextualizado acerca da aspiração dos segmentos plosivos surdos iniciais. A estes participantes foram aplicados um pré‑teste, um pós‑teste e um pós‑teste postergado, consistindo na leitura em voz alta de palavras do inglês. As palavras‑alvo eram monossilábicas, iniciadas pelas plosivas sonoras /b/, /d/ e /g/ ou surdas /p/ /t/ e /k/, seguidas de uma vogal alta, contexto esse que possi‑ bilita valores mais acentuados de VOT (YAVAS, 2007). As pro‑ duções foram gravadas e posteriormente analisadas no software Praat (BOERSMA & WEENINK, 2012 – version 5.3.04) e o valor de VOT de cada uma das dezoito palavras‑alvo foi medido, num total de trinta e seis tokens por participante. Espera‑se, com o presente trabalho, verificar a efetiva neces‑ sidade de um ensino de pronúncia de caráter efetivamente comunicativo, em oposição a abordagens de ensino do com‑ ponente fonético‑fonológico que se voltem apenas a uma tradicional descrição dos aspectos da forma‑alvo. LETRAMENTO DIGITAL: CONCEPÇÕES DOS PARTICIPANTES DE UM CURSO DE PRÁTICA ESCRITA 1 CARLA ALMEIDA DE LIMA (UFRJ) Resumo de Paper O processo de letramento é entendido como o domínio de práticas sociais de leitura e escrita necessárias para a parti‑ cipação efetiva e competente em diversos contextos e ati‑ vidades sociais (Rojo, 2009; Soares, 2004). Com o advento das novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs), uma nova dimensão é adicionada a esse conceito, fazendo surgir a concepção de letramento eletrônico para represen‑ tar o conjunto de conhecimentos que permite a participação do indivíduo em práticas letradas da era digital. A aquisição desse tipo de letramento, dito eletrônico ou digital, depen‑ de, dentre outros fatores, da exposição do indivíduo a prá‑ ticas de linguagem coletivas em que a escrita mediada por computador seja significativa (Buzatto, 2001). O ensino de produção escrita em língua estrangeira, por sua vez, deve envolver atividades de aprendizagem direcionadas a propó‑ sitos comunicativos específicos, que reflitam usos reais do idioma em práticas comunicativas do cotidiano. O presente trabalho é o relato de uma pesquisa exploratória, conduzida no âmbito do projeto Letras 2.0, desenvolvido pelo núcleo de pesquisas em Linguagem, Educação e Tecnologia – LingNet/ UFRJ para apoio à oferta de cursos e disciplinas na modali‑ dade on‑line ou semipresencial na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo com‑ preende a discussão de resultados iniciais de uma pesquisa cujo objetivo é descrever e analisar práticas de produção escrita em língua estrangeira propostas no contexto da dis‑ ciplina de Prática Escrita 1, ministrada a alunos do curso de graduação em Letras (Português–Inglês). Busca‑se valorizar as perspectivas da professora e de estudantes envolvidos nos processos abordados – cujas percepções procurou‑se conhecer a partir da análise de posts na plataforma Moodle e de entrevistas semiestruturadas. Discutem‑se as contri‑ buições dessas práticas para a aprendizagem da expressão escrita em LE em contextos educacionais mediados pelas novas tecnologias. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 49 HEBE POR HEBE: UM ESTUDO DAS CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS NO DISCURSO DE SI CARLA CARVALHO SILVA (UFSJ) TATIANA NATHÁLIA DE PAULA (UFSJ) Resumo de Paper O ano de 2012 ficará marcado como aquele em que o país se despediu de uma das personagens mais emblemáticas da TV brasileira: Hebe Camargo. A apresentadora, que des‑ de 2010 lutava contra um câncer, veio a falecer no dia 29 de setembro. Nos dias posteriores à sua morte, foi possível vislumbrar como o fato repercutiu na mídia. Nesse cenário, chamou‑nosa atenção a matéria veiculada na revista Caras (05 de outubro de 2012, edição nº 987), que homenageou a artista ao trazer na edição supracitada não somente as ima‑ gens de todas as capas as quais ela protagonizou para a re‑ vista, mas também a primeira e a ultima matéria realizada com Hebe. Nessas matérias a apresentadora fala de si, deli‑ neando um perfil de cunho “autobiográfico”. De acordo com Amossy, “todo ato de tomar a palavra implica a construção de uma imagem de si” (2005, p.09), imagens estas construí‑ das não apenas na autodescrição, mas também pela veicula‑ ção de crenças implícitas, estilo, competências linguísticas e enciclopédicas do sujeito. Nesse sentido, propomos analisar como a apresentadora se autorrepresenta nas matérias vei‑ culadas em Caras e que imagem constrói de si. Será realizada uma articulação entre este material e a entrevista concedi‑ da pela apresentadora ao programa De frente com Gabi, que foi ao ar no dia 06/06/2010 pelo SBT. Pela ampla temática abordada nessa entrevista – TV, amor, saúde – a apreensão da autoimagem que Hebe constrói fica igualmente eviden‑ ciada. Para cumprir os objetivos propostos, após o levanta‑ mento dos dados, será feita uma análise discursiva dos dois materiais a partir da Análise do Discurso, mais precisamente da teoria Semiolinguística, proposta por Patrick Charaudeau (2009), no que se refere ao modo de organização discursivo descritivo. Na problematização dos conceitos referentes à identidade, o aparato teórico foi composto por Hall (2006) e Rajagopalan (2010). Já com relação à construção das ima‑ gens de si no discurso, será utilizado o que propõe Amossy (2005). A FORMAÇÃO DE PROFESSOR DE INGLÊS PARA CRIANÇAS E A INTERAÇÃO ENTRE UNIVERSIDADE E COMUNIDADE CARLA CONTI DE FREITAS (UEG) Resumo de Paper Há, hoje, uma crescente oferta do ensino de inglês para crianças nas escolas regulares públicas e particulares, es‑ colas de idiomas e escolas bilíngues. Concomitantemente a esta demanda, surge a necessidade da formação do profis‑ sional para atuar nessa área, destacando a necessidade de se repensar o currículo do curso de Letras, tendo em vista possíveis reformulações no que tange à formação desse pro‑ fissional. Neste contexto, busca‑se discutir em que medida as reais oportunidades de trabalho têm sido consideradas ao longo da formação inicial de professores de língua, com vistas a contribuir para a melhoria dos cursos de formação inicial de professores de inglês e, a partir disso, destacar a importância da interação entre universidade e comunida‑ de para que suas ações gerem novas possibilidades para o ensino e para a aprendizagem de línguas para crianças, con‑ tribuindo para a formulação de políticas de visem a atender a esta necessidade. Para isso, desenvolvemos uma pesquisa em Linguística Aplicada, considerando‑a como um campo transdisciplinar que, buscando tratar das questões da lin‑ guagem, compreende também as questões sociais, culturais e políticas em que elas estão envolvidas. Como abordagem metodológica, utilizamos a pesquisa de cunho transdis‑ ciplinar, uma vez que ela propõe uma visão mais ampla da realidade, levando o pesquisador a não somente descrever o ambiente pesquisado, mas problematizá‑lo, com vistas a provocar mudanças. Assim, em se tratando da formação para o ensino de inglês para crianças, defendemos que é pre‑ ciso ter uma visão da língua estrangeira como instrumento para contribuir também para a formação do ser humano, contribuindo, desse modo, para a formação de indivíduos sensíveis às diferenças, mas ao mesmo tempo, com identi‑ dades e discursos próprios. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 50 A TASHC NA ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NA UNIVERSIDADE: UMA UNIÃO NA POLÍTICA LINGUÍSTICA PELA VIDA IN POTENTIA CARLA LIMA RICHTER (UFPE) Resumo de Paper Esta pesquisa está inserida no campo da Linguística Aplicada ( LA ), por ser um estudo da linguagem em um con‑ texto acadêmico que promove mudanças de papéis sociais (DAMIANOVIC, 2012). No caso focal, o reposicionamento so‑ cial do discente na graduação das engenharias, que sai da posição de aluno de língua inglesa para a de pesquisador que desenvolve e divulga seus estudos em eventos inter‑ nacionais. Fundamenta‑se na TASHC, Teoria da Atividade Sócio‑Histórico‑Cultural (VYGOTSKY, 1934/2007; LEONTIEV, 1977/1997; ENGESTRÖM, 1987/1999), um lócus no qual o sujei‑ to está em constante interação com o outro, em um con‑ texto histórico e culturalmente construído (LIBERALI,2009). Segundo Mateus (2007), em se tratando de língua estran‑ geira, a elaboração, implementação e avaliação de mate‑ rial didático além de suprir necessidades prementes pouco contempladas nas politicas educacionais vigentes, possi‑ bilitam o desenvolvimento de professores de línguas como profissionais engajados com uma reestruturação curricular dos conteúdos.O material didático constitui‑se como um poderoso artefato de mediação que oferece ao sujeito opor‑ tunidades de reconstrução do agir linguístico em um mundo social‑histórico‑culturalmente determinado ( DAMIANOVIC, 2007). Nesse panorama, esta comunicação discute a elabo‑ ração, avaliação e implementação de um material didático (RICHTER, a, b,c) nas aulas de língua inglesa, na graduação de Engenharia de uma universidade federal do nordeste do Brasil. O procedimento metodológico está alicerçado na Pesquisa Crítica de Colaboração (PCCOL) (MAGALHÃES, 2006) e a discussão dos dados construídos será à luz das catego‑ rias enunciativas, discursivas e linguísticas (LIBERALI, 2012). Os resultados preliminares revelam que o material didático elaborado pode contribuir para os alunos agirem amplian‑ do sua envergadura in potentia por meio da linguagem na atividade social “submissão de resumo para apresentação de pôster em eventos científicos internacionais”. SUBJETIVIDADE DO TRADUTOR: A SINGULARIDADE DE UMA ESCRITA CARLA MARIA DOS SANTOS FERRAZ ORRÚ (UNICAMP) Resumo de Paper Este trabalho tem como objetivo rastrear os traços da sub‑ jetividade do tradutor no texto traduzido, levando em consi‑ deração os pressupostos teóricos da Psicanálise, a existência do inconsciente e a inextricabilidade entre o escritor e sua escrita. A subjetividade do tradutor é forjada entre a “sua” lín‑ gua e a do outro, nos entre‑lugares, nos entre mundos, nas diversas línguas que habita e que por elas se deixa habitar. Uma das preocupações dos tradutores é com a fidelidade que devem ao texto original. Na tradição da atividade de tradução, o texto original parece ocupar um lugar “sagrado”, intocável e o trabalho do tradutor parece representar algo de menor importância. Trazemos a análise sobre o conto de Clarice Lispector, “Viagem a Petrópolis” e a tradução do mes‑ mo conto para o inglês “Journey to Petropolis”. Esse conto e sua tradução constitui parte do corpus de nossa tese de dou‑ torado sobre escritas singulares e/ou “sinthomaticas” (LACAN, 2007) como as de Clarice Lispector, Virginia Woolf, James Joyce, que busca refletir sobre as implicações para o traba‑ lho de tradução de produzir sentidos a partir de escritas tão peculiares. Os resultados da análise apontaram para o fato de que o tradutor, apesar de ter como valor de sua ativida‑ de, a fidelidade ao texto original, deixa marcas de sua “pas‑ sagem” pelo texto, constituindo‑se como autor de um novo texto, diferente e, ao mesmo tempo, semelhante ao original. Para além do reprodutor de sentido, aparece um criador de sentidos novos, ilusão permitida pela adição de significantes novos provenientes do sujeito tradutor. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 51 A BIBLIOTECA PÚBLICA E SEU PÚBLICO NA FORMAÇÃO DE LEITURA CARLA MARIA FRANÇA DO NASCIMENTO (UFBA) Resumo de Paper O engajamento do profissional daLinguística Aplicada (LA) em diversas outras áreas de trabalho, de domínios discur‑ sivos outros, é cada vez mais visível na atual economia do mercado de trabalho do Brasil. Refletir sobre estratégias políticas que viabilizem a sua atuação nas várias instân‑ cias discursivas nas quais estão inseridos, tem sido agenda do dia para esses profissionais no que tange à formação de leitores,formação de professores, ensino e aprendizagem de línguas, políticas linguísticas, entre outras demandas da LA. Este trabalho visa a apresentar e analisar atividades ob‑ servadas e experienciadas em uma biblioteca pública, num cotejo entre o Manifesto da IFLA/UNESCO para as Bibliotecas públicas (1994) e as discussões sobre formação de leitores no seio da Linguística Aplicada. Numa Biblioteca Pública volta‑ da primeiramente para o público infantojuvenil na cidade do Salvador, saraus de leitura, oficinas de leitura, “contação” de histórias infantojuvenis, peças de teatro, dramatizações, uma diversidade de gêneros num mesmo ambiente de cir‑ culação de cultura são ofertados à comunidade escolar que lá busca formação e informação. A biblioteca, vista como “centro local de informação, tornando prontamente acessí‑ veis aos seus utilizadores o conhecimento e a informação de todos os gêneros” (UNESCO, 1994) é vista nesse cotejo como ambiente possível onde manifestações multi‑interacionais e as semioses possuem lugar em ousadas e efetivas inicia‑ tivas de formação de leitura. Quem é esse público leitor que adentra a biblioteca? Quem são os agentes de leitura que mediam, promovem essas atividades? O que pensam sobre a política que contorna suas ações? Quais recursos utiliza‑ dos para atingir os fins desejados? O cenário da observação foi uma Biblioteca Pública do Governo do Estado da Bahia, localizada no centro da cidade do Salvador, tendo como par‑ ticipantes a diretora da unidade, funcionários‑agentes de leitura e estudantes visitantes. PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: LINGUAGEM, IDENTIDADE E EXCLUSÃO CARLOS ALBERTO CASALINHO (UNICAMP) Resumo de Paper Hoje, a população de rua não se restringe mais à figura tra‑ dicional do mendigo pois seu perfil é cada vez mais diverso: homens e mulheres desempregados, doentes mentais, mi‑ grantes, portadores de HIV, dependentes químicos e outros marginalizados que, pelo fato de a maioria estar em con‑ dições de vida precária, vêem na rua uma alternativa de vida e o medo da sociedade faz com que sejam encaradas como alguém que não deve ser olhadas. São vistas como uma ameaça por quem está dentro do sistema e, dada sua aparência, roupas e corpos sujos e maltratados, provocam medo e, também, por não terem domicílio fixo são conside‑ rados como seres invisíveis. Fazem parte do cenário urbano e passam despercebidos por grande parte da população, mesclando‑se ao meio da paisagem; pessoas passam por eles, agem com indiferença, como se eles não existissem. Quando conversamos com eles, manifestam e constroem sua heterogeneidade como evidência de um discurso silen‑ ciado por um sistema que não permite que se configurem como seres com identidade legitimada pelo discurso domi‑ nante. Partindo de entrevistas realizadas com essa popula‑ ção, propomos problematizar – através da análise em uma abordagem discursiva‑desconstrutivista, perpassada pelo olhar derrideriano, pela psicanálise freudo‑lacaniana, en‑ trecruzando‑se, sem conflitos, com a filosofia foucaultia‑ na – em suas falas, a relação entre a linguagem, identidade e exclusão que caracterizam esse grupo social. Considerando que a identidade resulta das representações que cada um faz cde si e do outro e que essas representações partem sempre do outro, nosso corpus constitui‑se dos dizeres dos passan‑ tes de rua em situação de albergue; uma vez que temos, na modernidade, a política social de abrigagem como forma de solucionar os problemas de abandono, violência e miséria. O abrigo torna‑se naturalizado como o lugar de uma possí‑ vel igualdade que, na experiência de abrigo, nega e silencia a linguagem que traduz a identidade dos passantes de rua. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 52 O TRABALHO DOCENTE ENTRE O PRESCRITO E O RENORMALIZADO: E AGORA, O QUE FAZER? CARLOS HÉRIC SILVA OLIVEIRA (PUC–SP) Resumo de Paper No contexto da Linguística Aplicada, os estudos sobre o trabalho tornam‑se cada vez mais atraentes. Assim, este artigo objetiva apresentar uma reflexão sobre o trabalho docente. Visto o ensino como trabalho, os aportes ergológi‑ cos propõem analisar a atividade humana como desenvolvi‑ mento social composta de normas antecedentes à realiza‑ ção da atividade. Todavia, no trabalho docente, o prescrito torna‑se antecedente da renormalização que humaniza a atividade docente. O distanciamento entre prescrição e re‑ normalização aparece tanto quanto entrecruzada focando a situação do trabalho do professor como desenvolvimento humano em situação educacional. A prescrição é vista como antecipação do trabalho e a renormalização é o possível realizável da atividade do trabalho docente. Desta feita, o quadro epistemológico a ser abordado direciona o estudo à Ciência do Trabalho (DANIELLOU, 2004), (NOUROUDINE, 2002) e Ergologia (SCHWARTZ, 1997, 2002, 2007, 2008), (SOUZA‑e‑SILVA, 2002, 2004). Pretende‑se, com o olhar er‑ gológico mostrar a relação precisada entre a prescrição e a renormalização nas atividades do contexto educacional em situação do trabalho docente, justificando sua relevância na complexa atividade do trabalho como instrumento in‑ trínseco entre o prescrito/planejado e a atividade provável renormalizadora do trabalho do professor. Sendo assim, a atividade humana quando desenvolvida através do prescrito revelar‑se aliada à atividade de renormalização do trabalho docente recriado. O PERFIL DO APRENDIZ DE INGLÊS ATRAVÉS DE UMA ANÁLISE FOCADA EM PACOTES LEXICAIS CAROLINA BOHÓRQUEZ GRONDONA (UFMG) Resumo de Paper A área de Ensino e Aprendizagem de Inglês como Língua Adicional pode ser favorecida pelas descobertas da Linguística de Corpus por esse campo reforçar uma visão de língua que integra o léxico e a gramática, permitindo ofere‑ cer aos aprendizes uma perspectiva da língua em uso. Neste trabalho focamos nos pacotes lexicais – sequências de pala‑ vras que comumente co‑ocorrem em discurso natural (Biber et al. 1999) – por se destacarem como importantes unidades de significado. Anteriormente, estudamos a correlação das variáveis ‘proficiência’ e ‘uso de pacotes lexicais’ (Bohórquez et al. 2012), partindo de pesquisas de corpora de aprendizes brasileiros (Shepherd 2009; Dutra, Orfano & Berber‑Sardinha 2012; Dutra & Berber‑Sardinha no prelo). O presente traba‑ lho analisa os tipos de pacotes lexicais usados por aprendi‑ zes menos e mais proficientes, comparando sua produção à de nativos no contexto da escrita acadêmica. Para tanto, investigou‑se a lista de pacotes lexicais de dois subcorpora do International Corpus of Learner of English (ICLE), repre‑ sentantes dos níveis menos e mais proficientes, e a lista de pacotes lexicais do Louvain Corpus of Native English Essays (LOCNESS). Os pacotes foram classificados de acordo com a Lista de Fórmulas Acadêmicas (Simpson‑Vlach & Ellis 2010) e os testes estatísticos utilizados para comparar os corpo‑ ra foram o Chi‑quadrado, ANOVA e Análise de Aglomerados. Resultados preliminares mostram que a produção de pa‑ cotes lexicais dos aprendizes menos proficientes, em algu‑ mas situações, se aproxima do discurso oral, demonstra uso excessivo de determinadas subcategorias e apresenta um número menor de tipos e quantidades de pacotes lexicais quando comparada à produção de nativos. A comparação que apresentamos busca estabelecer traços de similaridade e discrepância entre a produção do continuum aprendiz‑na‑ tivo, para que futuramenteseja possível propor intervenções para o desenvolvimento da fluência e acuidade de alunos de inglês na escrita acadêmica. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 53 FRAMEWORK DE EXPERIÊNCIAS: CAPTURANDO A COMPLEXIDADE NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE LE CAROLINA VIANINI AMARAL LIMA (UFMG) LAURA STELLA MICCOLI (UFMG) Resumo de Paper Experiências podem ser consideradas sistemas adaptativos complexos, por encapsularem processos, cuja compreensão exige desenrolar o emaranhado de eventos conectados à experiência, pelos quais a experiência se constitui. Por sua emergência natural em depoimentos de professores e estu‑ dantes sobre o que vivenciam em sala de aula, defendemos compreendê‑la como construto para documentar a com‑ plexidade do ensino e aprendizagem de LE. O ‘framework de experiências de estudantes e professores’ detalha a natureza de experiências narradas, evidenciando que ensino e apren‑ dizagem extrapolam a exclusividade do pedagógico e cogni‑ tivo na sala de aula. Integram‑se a eles, domínios de experi‑ ências sociais, afetivas, contextuais, conceptuais, pessoais e futuras, confirmando ensino e aprendizagem como proces‑ sos dinâmicos, não‑lineares e, portanto, abertos a imprevisi‑ bilidades. Neste trabalho, argumentamos pela utilização do framework como instrumento metodológico capaz de cap‑ turar tal complexidade e apresentamos depoimentos de alu‑ nos (Miccoli 1997, 2000, 2003; Bambirra, 2009) e professoras (Miccoli 2006,2010, Zolnier, 2011, Vianini, 2012) que a eviden‑ ciam empiricamente. A experiência, como construto, tem se mostrado profícua, na medida em que fomenta e possibilita estudos sobre várias questões que perpassam dinâmicas en‑ tre participantes dentro e fora de salas de aula de LE, propor‑ cionando visão holística desses processos e compreensão do seu sentido maior. BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL ONLINE: ANÁLISE DA CONVERSA INTERCULTURAL EM BLOGS DE PLA. CAROLINE CAPUTO PIRES (UFV) Resumo de Paper Visando a analisar os aspectos de interação intercultural relacionados ao ensino de português como língua adicional, o presente artigo apresentará uma análise das barreiras en‑ frentadas por alunos na comunicação intercultural online em blogs de PLA. O artigo mostra como o aspecto da comu‑ nicação intercultural, no qual consiste nas atividades produ‑ zidas pelos alunos intercambistas da Universidade Federal de Viçosa na participação de um blog, enfatiza as barreiras linguísticas na interação linguística. Os blogs de PLA são lu‑ gares de uma comunicação intercultural entre vários alunos intercambistas de nacionalidades variadas e com diferentes visões do mundo. Percebe‑se que a questão da cultura é cla‑ ramente analisada em blogs de comunicação intercultural, então se observa a necessidade de observar as barreiras que os alunos de PLA enfrentam ao participarem e inserir obser‑ vações que auxiliem na identificação de aspectos intercul‑ turais associados à nova língua e a interação online. Para subsidiar esse trabalho nos apoiamos na experiência de en‑ sino de línguas e de ensino PLA e em teóricos como GUMPERZ 1998, GOFFMAN 1980, 1988, GARCEZ 2006, SCHRÖDER 2008, MARCUSCHI 1998. Os resultados do estudo mostraram que as barreiras enfrentadas pelos alunos na comunicação onli‑ ne juntamente com impedimentos linguísticos dificultam o aprendizado da nova língua, aumentando os obstáculos que possam ter na aquisição da língua estrangeira, o que limita‑ rá o processo de ensino e aprendizagem. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 54 O GÊNERO BIOGRAFIA NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA E O DESPERTAR DO PENSAMENTO CRÍTICO E DA AUTOPERCEPÇÃO EM SALA DE AULA: DA AULA REAL PARA O VIRTUAL CASSIANA BITTENCOURT MUSHASHE (UTFPR) GISELE DOS SANTOS DA SILVA (UTFPR) Resumo de Pôster Nesse trabalho apresentaremos o resultado de uma ativida‑ de realizada com uma turma de Ensino Médio de um colégio estadual da periferia de Curitiba, envolvendo os gêneros bio‑ grafia e blog. Após observação e convívio ao longo de um se‑ mestre enquanto bolsistas do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) com uma turma de 1º ano, notamos que não havia muita interação e união entre os membros do grupo. Sendo assim, decidimos desenvolver um exercício que além de ensinar a língua inglesa, também per‑ mitisse que os alunos se conhecessem melhor e trocassem algumas experiências. Posto isso, tendo em vista a perspec‑ tiva de ensino de língua a partir de gêneros textuais como propõe as DCEs de Língua estrangeira e, segundo a proposi‑ ção de Marcuschi (2002) de que toda interação verbal acon‑ tece por meio de gêneros, sendo a língua entendida como prática social, histórica e cognitiva que privilegia sua nature‑ za funcionalista e interacionista, optamos por trabalhar, pri‑ meiramente, com o gênero biografia. Este gênero, aplicado sob a visão do letramento crítico, além de possibilitar a abor‑ dagem de aspectos linguísticos do inglês, ainda foi uma for‑ ma eficaz de levar os alunos a refletirem criticamente sobre suas histórias de vida e perceberem seus papéis enquanto sujeitos participantes em determinado contexto social, his‑ tórico e cultural. Em conseguinte, após notarmos o quanto os alunos estavam envolvidos com a tecnologia – estavam sempre usando celulares, comentando sobre redes sociais e jogos – decidimos utilizar o gênero digital “blog” para que os alunos publicassem suas biografias e pudessem comparti‑ lhar suas histórias com os demais colegas de classe. O uso do blog também foi a maneira que encontramos para trabalhar o letramento digital com aquele grupo. Em suma, podemos dizer que o resultado alcançado com esse trabalho foi posi‑ tivo e ressignificante tanto para os alunos quanto para nós enquanto professoras. AS CONSEQUÊNCIAS DA REFLEXÃO COLABORATIVA SOBRE UMA PESQUISADORA CHARLENE STEPLANY MARYLIN MENESES DE PAULA (UFG) Resumo de Paper Nesta comunicação, apresento as consequências que o processo de reflexão colaborativa (SMYTH, 1991; IBIAPINA, 2008; MATEUS, 2009; MOITA LOPES, 2006; PESSOA; BORELLI, 2011) – base de sustentação da pesquisa colaborativa que realizei em 2011 no meu curso de mestrado – desempenhou sobre mim. Tal processo, realizado ao longo de quatro me‑ ses em nove sessões reflexivas, foi permeado por micropo‑ deres (FOUCAULT, 2008), que acarretaram inúmeros confli‑ tos (IBIAPINA, 2008; PAULA, 2010) e diferentes resistências (FOUCAULT, 2008), advindos tanto do professor (Henrique) e da professora (Sílvia) participantes quanto da pesquisadora. As minhas resistências apoiavam tipos específicos de verda‑ des: aquelas que rompiam com o socialmente instituído e naturalizado. Entretanto, essas resistências, de certa forma, acabaram sendo vistas por Henrique e Sílvia como imposi‑ ções derivadas de minhas posições ideológicas legitima‑ das em minha autoridade teórica de pesquisadora, ou seja, tornaram‑se veículos de repressão (ELLSWORTH, 1989). Isso me levou a reconsiderar a posição social que eu e também os participantes ocupávamos naquele momento e a pro‑ blematizar minhas narrativas, minha relação com o saber acadêmico e a suposta completude e imparcialidade de todo conhecimento (ELLSWORTH, 1989). Dessa forma, os resulta‑ dos mostram a existência de verdades “para além daquelas que o indivíduo faz ressurgir no seu discurso e na sua prática” (IBIAPINA, 2008, p. 27). Além disso, revelam o levantamento de questionamentos existenciais: os fundamentos científi‑ cos que eu considero estarem me libertando, não estariam, na verdade, me oprimindo? Que tipo de saberes e que rela‑ ções de poder nos produzem? Por que temos a necessidade de acreditar em dogmatismos? A meu ver, essas mudan‑ ças simbolizam o fortalecimento e o amadurecimento de uma pesquisadora. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada55 LETRAMENTO DIGITAL E APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES CHRISTIANE HEEMANN (UFSC/UAB) Resumo de Paper O cenário mundial vem sofrendo inúmeras mudanças decor‑ rentes do processo de globalização e surgimento sucessivo de novas tecnologias de informação e comunicação. Para as organizações, tal mudança contínua faz com que elas busquem a necessidade de investir no seu capital intelectu‑ al e uma resposta para essas transformações é a Educação Corporativa por meio da Educação a Distância, onde as or‑ ganizações encontraram espaço para atender um grande número de pessoas. Esta expansão se justifica pelos custos elevados da educação presencial, limitações geográficas e de tempo. Nas organizações a aprendizagem também ocorre, e o engajamento em atividades online e as diversas interações levam a diferentes tipos de aprendizagem que requerem a apropriação das tecnologias de informação e comunicação pelos participantes. Tal aprendizagem está li‑ gada ao letramento digital que demanda uma nova maneira de ser no mundo e de se relacionar. O domínio perfeito para se refletir sobre a aliança do conhecimento, aprendizagem e prática no local de trabalho é a ideia central de uma co‑ munidade de prática (LAVE e WENGER, 2006). Este trabalho almeja apresentar questões relacionadas à aprendizagem no local de trabalho e comunidades de prática, vislumbran‑ do possibilidades futuras de ensino e aprendizagem em contextos diferenciados. A IDENTIDADE DO PROFESSORADO DE LÍNGUA INGLESA DE UMA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E SEUS MAIORES DESAFIOS NA SALA DE AULA DE UMA CAPITAL BRASILEIRA CHRISTINE SANT ANNA DE ALMEIDA (PUC–SP) Resumo de Paper Esta proposta de comunicação tem por objetivo apresentar parte de uma pesquisa de doutorado em andamento. Tal pesquisa tem como objetivo maior elaborar uma proposta de educação continuada para o grupo de professores de lín‑ gua inglesa de uma rede pública municipal de educação bá‑ sica em um estado da região sudeste da federação brasileira. O específico foco desta apresentação está na identidade do professor de língua inglesa de uma rede pública municipal de educação em uma capital do sudeste brasileiro, bem como na visão desses ao elencarem seus maiores desafios dentro de sala de aula. Esses dados foram obtidos por meio de ques‑ tionários (FOWLER, 1990, e GILLHAM, 2000) na coleta de da‑ dos realizada entre maio e setembro de 2012, que continham questões que versavam quanto ao perfil do profissional da educação, quanto a seus maiores desafios no seu fazer pe‑ dagógico, bem como quanto suas aspirações e desejos em relação a um programa de educação continuada, que real‑ mente vise suas necessidades e trilhe sólidos caminhos para seu desenvolvimento profissional. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 56 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ONLINE CHRISTOPHER DANE SHULBY (USP) Resumo de Paper O objetivo deste artigo é mostrar a necessidade de prepa‑ ração adequada dos docentes e as normas especificamente para o ambiente online e examina a literatura atual utilizan‑ do o método de síntese agregadora. Diversas instituições de educação e governo foram analisados em uma abordagem temática. Os temas explorados são: 1) moderna geração “nativo digital” de alunos; 2) nuances da sala de aula online; 3) ensino online eficaz; 4) tecnologia hoje; 5) programas de formação de professores. Os observações foram sintetiza‑ dos para fazer recomendações objetivas para o futuro da aprendizagem online. Verificou‑se que que a web traz novas possibilidades, bem como limitações e deve ser avaliada por padrões diferentes de qualidade sem excesso de degradação, nem valorização. No papel novo de facilitador, o professor deve ser orientador dos alunos numa abordagem centrada no estudante. Isto requer uma mudança também no papel do aluno de passivo para ativo. O facilitador deve criar prá‑ ticas eficazes orientadas para o aluno que assistem a aquisi‑ ção de novos conceitos. As práticas eficazes começam com uma melhor filosofia pedagógica organizada, que é melho‑ rada por usos inovadores de tecnologia. Com a abundância atual de opções, é importante para os programas online planejar bem. Não há falta de ferramentas, mas sim de pro‑ fissionais com formação adequada na área. A educação no ensino online no estado atual é verde e muito pouco desen‑ volvida. As universidades e agências governamentais devem desenvolver um padrão de qualidade para os professores e os componentes da sala de aula virtual. A sala de aula virtual é diferente, mas ela deve oferecer aos estudantes resultados comparáveis aos da sala de aula tradicionais. INTERAÇÃO E APRENDIZAGEM EM SITES DE REDES SOCIAIS: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS CONCEPÇÕES SÓCIO‑HISTÓRICAS DE VYGOTSKY E BAKTHIN. CÍNTIA REGINA LACERDA RABELLO (UFRJ) Resumo de Paper A forte inserção das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) no contexto educacional no século XXI apresenta grandes desafios para a educação. Por outro lado, se abrem também inúmeras oportunidades de transforma‑ ção nos contextos de ensino e aprendizagem onde profes‑ sores e alunos dispõem de diversas ferramentas online que ampliam as possibilidades de interação e construção colabo‑ rativa de conhecimento para além do ambiente da sala de aula como é o caso da utilização de Sites de Redes Sociais (SRSs). Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a con‑ tribuições das concepções sócio‑históricas de Vygotsky e de Bakhtin na aprendizagem mediada pelas TICs a partir de uma experiência de utilização de Site de Rede Social no ensino de língua inglesa no ensino superior. O trabalho relata um estu‑ do exploratório de um grupo formado no SRS Facebook com o objetivo de expandir as interações realizadas na sala de aula. A pesquisa, de caráter interpretativista com elementos de etnografia virtual, buscou identificar como as interações realizadas no SRS contribuíram para a criação de áreas de desenvolvimento potencial que conduzem à aprendizagem. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 57 A INTERAÇÃO EM UM PROJETO DE MULTILETRAMENTOS NA UNIVERSIDADE: HIBRIDISMO DE COMPETÊNCIAS CLARA DORNELLES (UNIPAMPA) ANTONIA NILDA DE SOUZA (UNIPAMPA) Resumo de Paper As tecnologias que nos circundam favorecem a reorgani‑ zação dos papéis desempenhados pelos sujeitos em suas práticas sociais (SANTAELLA, 2007) e esse processo se desen‑ volve pela articulação entre letramentos escolares e multi‑ ‑hipermidiáticos (SIGNORINI, 2012). Para verificar como essas dinâmicas ocorrem em contextos específicos de ensino‑ ‑aprendizagem, este trabalho tem o propósito de analisar os papéis assumidos pelos editores do Jornal Universitário do Pampa (JUNIPAMPA), ao interagirem para co‑construírem o jornal. O JUNIPAMPA, uma ação do Laboratório de Leitura e Produção Textual (LAB), integra em sua equipe professores, alunos e técnicos de uma universidade federal no sul do país, além de membros da comunidade não acadêmica, e visa pro‑ porcionar o uso da linguagem em diferentes práticas sociais, contribuindo para a expressão informativa, crítica e artística, na perspectiva dos multiletramentos (ROJO, 2012; SIGNORINI, 2012). Neste trabalho, analisamos a interação co‑construída pela equipe editorial do JUNIPAMPA, em momentos conside‑ rados “chaves” para o (re)direcionamento das ações em curso. Buscamos na etnografia virtual (MONTEIRO, 2012; ESTALELLA, ARDÈVOL, 2007) os elementos que nos permitiram fazer al‑ gumas escolhas metodológicas e de análise, e na socio‑ linguística interacional o conceito de ‘footing’ (GOFFMAN, 2002), que possibilitou verificar “o que está acontecendo” na interação focalizada e quais papéis os interagentes estão as‑ sumindo. Os dados foram gerados no período de abril a no‑ vembro de 2012, e incluem interações realizadas pela equipe editorialno Facebook, por e‑mail e em reuniões registradas em vídeo, além de anotações de campo. Os resultados apon‑ tam para a simetria de papéis e hibridismo de competências entre os participantes, em que o ensino‑aprendizagem se dá de forma transdisciplinar, orientado para a resolução de problemas. (Projetos CNPq no. 475305/2010–8 /FAPESP no. 2010/41497–9 /PIBIC e PROEXT MEC) O USO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) EM SALA DE AULA NO ENSINO DE INGLÊS CLARA VIANNA PRADO (PUC–SP) Resumo de Paper O presente trabalho visa apresentar contribuições acerca do uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) em sala de aula no ensino de inglês. Pretende, ainda, con‑ tribuir para (1) um melhor entendimento de como se tem usado a tecnologia (2) como os alunos adolescentes fazem uso destes equipamentos em seu dia a dia (3) discutir as pos‑ sibilidades de aplicação destas tecnologias na sala de aula do ensino de inglês. As bases teóricas que sustentam o es‑ tudo são a Teoria Sócio Histórica e Cultural que tem foco no desenvolvimento e aprendizagem e na Teoria da Tecnologia da Informação. Este projeto se configura em uma pesquisa qualitativa interpretativista de natureza etnográfica e os instrumentos de coleta serão questionários e filmagens de entrevistas conduzidas com alunos adolescentes de diversos contexto durante um período de 6 meses a contar de novem‑ bro de 2012. A realidade atual e a necessidade de estudos so‑ bre o uso de tecnologia na escola é revelada pela existência de diversas pesquisas nacionais e internacionais como por exemplo o projeto interinstitucional “Perspectivas globais no ensino e desenvolvimento através de mídias de edição de vídeo digitais: Um estudo qualitativo no dia a dia de adoles‑ centes marginalizados” que já vêm sendo desenvolvidas pelo programada de Pós Graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem da PUC–SP em conjunto com universi‑ dades estrangeiras ao qual esta pesquisa está ligada; por pu‑ blicações sobre o tema, como Novas Tecnologias, Pressões e Oportunidades por Demo (2009) ou Tecnologias para Transformar a Educação por Sanchos e Hernandez (2006). 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 58 A INTEGRAÇÃO DE CALL – COMPUTER ASSISTED LANGUAGE LEARNING – NOS CURSOS DE LETRAS DO ESTADO DO PARANÁ CLAUDIA BEATRIZ MONTE JORGE MARTINS (UTFPR) Resumo de Paper A relevância da tecnologia no ensino de línguas estrangeiras (LE) é inegável. Entretanto, assim como em outras áreas, a integração não tem ocorrido como se esperava. O ensino de LE é uma das únicas áreas de estudos que possui um campo com nome específico para estudar a sua relação com a tec‑ nologia: CALL ‑ Computer Assisted Language Learning. Esse acrônimo, apesar das críticas, é sigla consolidada em pes‑ quisas e organizações que focam LE e tecnologia. CALL é um ramo jovem da Linguística Aplicada e é por natureza inter‑ disciplinar. Apesar das inúmeras pesquisas sobre CALL, ainda existem lacunas significativas, especialmente no tocante à sua integração em sala. Nesta comunicação serão apresen‑ tados e discutidos os resultados de um estudo que analisou a integração de CALL nos cursos de Letras do Paraná, a partir da perspectiva dos professores de LE. O referencial teórico usado foi o Modelo Esférico de Integração de CALL de Hong (2009). Esse modelo sintetiza descobertas anteriores e mos‑ tra que são três os conjuntos de fatores que representam a essência dessa integração: formação de professores em CALL/tecnologia, fatores individuais e fatores contextuais. A pesquisa foi do tipo levantamento quantitativo. O instru‑ mento de coleta de dados foi um questionário fechado (seis seções / escalas Likert), distribuído para todos os professo‑ res de LE de Letras do Paraná. O uso da tecnologia não foi considerado um construto unitário, mas sim multifacetado. Buscou‑se evitar as limitações analíticas em casos onde os professores usam a tecnologia para diferentes propósitos. Os resultados obtidos mostram como os três conjuntos de fatores do modelo se relacionam com esses usos multiface‑ tados e quais são determinantes para a integração de CALL. A partir desses resultados, professores, formadores de pro‑ fessores, administradores, etc. podem tomar decisões in‑ formadas sobre CALL e são mostrados caminhos para que a integração deixe de ser um problema sem solução. LETRAMENTOS TRANSNACIONAIS E FORMAÇÃO PLURILÍNGUE: IMPLICAÇÕES PARA PESQUISA EM ENSINO DE LÍNGUA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES CLÁUDIA HILSDORF ROCHA (CEL/UNICAMP) RUBERVAL FRANCO MACIEL (UEMS) Resumo de Paper Se ler e escrever são meios pelos quais as pessoas alcan‑ çam e são alcançadas por outros contextos, então há mais questões acontecendo localmente do que a prática social (WARRIER, 2009). O estudo dos letramentos no âmbito das línguas estrangeiras como prática social tem pouco teori‑ zado o letramento também como uma prática que envolve a habilidade de se manter, viajar, integrar e, neste sentido, Brandt e Clinton (2002) sugerem que as pesquisas nesta temática considerem os potenciais transcontextualizados e transcontextualizantes do que são frequentemente des‑ critos como práticas sociais locais. Nessa direção e com foco mais específico no ensino de línguas adicionais, al‑ guns pesquisadores têm buscado aproximar as filosofias dos Multiltramentos (COPE; KALANTZIS, 2000) e dos Novos Letramentos (GEE, 2010) das teorizações bakhtinianas, com vistas à formação plurilíngue (ROCHA, 2010; 2012). Assim sendo, esta comunicação tem por objetivo apresentar algu‑ mas considerações iniciais sobre o conceito de letramentos transnacionais (SPIVAK, 1992; BRYDON, 2012; BLOMMAERT, 2010; PRINSLOO, 2009; MACIEL, 2012; MOHANTY, 2009) e sua interface com o ensino de língua de base crítica (PENNYCOOK, 2012), ecológica (NUNES, 2005) e participatória (JENKINS, 2009). Além disso, pretende‑se brevemente relatar as pes‑ quisas desenvolvidas em contextos internacionais sobre le‑ tramentos transnacionais, visando à discussão acerca de fu‑ turas direções e de suas possíveis implicações para o ensino de línguas em um mundo globalizado. Por fim, será relatado um diálogo de pesquisa envolvendo universidades brasilei‑ ras e canadenses – Brazil–Canada knowledge Exchange: de‑ veloping transnational literacies (BRYDON et al, 2010). 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 59 A CONSTRUÇÃO DIALOGICA DOS SABERES NO CURSO TÉCNICO DE MECÂNICA CLAUDIA MARIA VASCONCELOS LOPES (CEFET/RJ) Resumo de Paper Há muito tempo a sala de inglês para fins específicos tem sido palco para o ensino‑aprendizagem de leitura de textos em áreas específicas. Porém, novas demandas educacionais fazem com que nós, professores de língua inglesa,inaugu‑ remos novas práticas na sala de ESP. Tendo em vista a lei‑ tura como prática social,a educação como um fenômeno interdisciplinar (Cf. Fazenda 2011),e a tendência contem‑ porânea de transpor barreiras disciplinares através da con‑ traposição e articulação de conhecimentos (BASTOS; MOITA LOPES, 2010) percebo a necessidade de visitar práticas que coadunem com as essas novas demandas (Cf. Lopes, 2007). Assim sendo, esta comunicação tem como objetivo princi‑ pal discutir a leitura em língua estrangeira como fonte de conhecimento no viés da interdisciplinaridade. Dessa forma, desenvolvo uma investigação de base etnográfica, seguindo o paradigma interpretativista, a fim de melhor compreender a sala de aula de inglês inserida no contexto do curso técnico de Mecânica com objetivo de buscar novos caminhos para a construção do conhecimento. AS MARCAS EVIDENCIAIS NA FALA DOS ACADÊMICOS ANGOLANOS: UMA REFLEXÃO SOBRE O ESTATUTO DA LÍNGUA PORTUGUESA FUNDAMENTADA NO CORPUS DO PROFALA CLÁUDIA RAMOS CARIOCA (UFC) Resumo de Paper Na linha de pesquisa sobre as políticaslinguísticas, o pre‑ sente estudo explicita o quadro sociolinguístico de Angola, particularizando a política linguística e o estatuto da língua portuguesa, como também mostra as representações que os acadêmicos guineenses constroem em seu dizer de língua materna (LM), língua segunda (L2) – língua oficial (LO) e lín‑ gua nacional (LN) – e língua estrangeira (LE) (GROSSO, 2005). A metodologia adotada far‑se‑á em duas etapas: a primei‑ ra diz respeito ao levantamento bibliográfico acerca do es‑ tatuto linguístico de Angola, tendo como foco a situação de oficialidade da língua portuguesa neste país; a segunda apresenta uma análise linguístico‑discursiva das falas de dez dos acadêmicos angolanos, constituídas a partir do corpus do projeto Variação e Processamento da Fala e do Discurso: análises e aplicações (PROFALA) que utiliza o questionário do Atlas Linguístico Brasileiro (ALIB) para realização das entrevistas. O questionário é constituído por questões que focalizam aspectos fonético‑fonológicos, semântico‑lexi‑ cais, morfossintáticos, pragmáticos e metalinguísticos. Este trabalho faz um recorte do questionário e analisa três das perguntas metalinguísticas que foram reformuladas para o contexto africano. Nas falas dos angolanos, a análise focali‑ zará as marcas evidenciais (DIK, 1989; HENGEVELD, 1989), que revelam o nível de comprometimento dos acadêmicos com as várias línguas que coexistem no território angolano. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 60 NARRATIVAS DE APRENDIZAGEM DE INGLÊS COMO LINGUA ESTRANGEIRA NA FORMAÇÃO DE ALUNOS‑PROFESSORES DE AÇU/RN CLEITON CONSTANTINO OLIVEIRA (UFSC) Resumo de Paper Considerando pesquisas recentes que se preocupam com o estudo do indivíduo, este artigo apresenta um recorte de uma investigação biográfica realizada com quatro alunos universitários de Inglês do estado do Rio Grande do Norte/ Brasil. O estudo objetiva capturar as especificidades e com‑ plexidades nos processos desenvolvimentais de dois grupos de alunos de Inglês como língua estrangeira: dois alunos de graduação e dois de especialização. Assim, a pesquisa tem o intuito de compreender (a) como esses alunos concebem suas próprias aprendizagens de Inglês e (b) como eles veem a si próprios enquanto alunos de Inglês. Os dois grupos de alunos verbalizaram, por meio de entrevistas semi‑estrutu‑ radas, suas experiências passadas com a aprendizagem de Inglês em diferentes contextos. A biografia dos alunos foi organizada em histórias de aprendizagem e analisadas sob uma abordagem narrativa. Essas biografias revelaram que as abordagens de aprendizagem adotadas pelos alunos são particularmente influenciadas pelo impacto dos diferentes contextos de aprendizagem sob os quais eles estiveram expostos durante o processo educacional. Os resultados da pesquisa indicam que os dois grupos de abordagens pa‑ recem estar altamente vinculados ao interesse por cursos de Inglês no grupo da graduação; e auto‑esforço no grupo da especialização. Os resultados também sugerem que es‑ sas abordagens são flexíveis, fluidas e sujeitas a mudanças constantes, e que, portanto, são capazes de se entrelaçarem uma com as outras. DESAFIANDO O PARADIGMA DE QUE NÃO SE APRENDE INGLÊS NA ESCOLA CLIMENE F. B. ARRUDA (UFMG) Resumo de Paper A literatura retrata problemas e desafios (BARCELOS E COELHO, 2007), em relação ao processo de ensino/apren‑ dizagem de língua estrangeira, que poderiam justificar o paradigma da ‘escola como lugar da não aprendizagem do inglês’, em especial, as da rede pública de ensino. Vários estudos revelam um quadro desfavorável ao ensino de in‑ glês na escola pública, como, por exemplo, os descritos em Gimenez et al. (2003), Gasparini (2005), Uechi (2006), den‑ tre outros. No entanto, é preciso alimentar a esperança na possibilidade da aprendizagem de inglês na escola regular e buscar evidências de experiências de sucesso nesse contexto. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é mostrar algumas histórias de sucesso na aprendizagem, na escola pública e particular, narradas pelos aprendizes e por seus respectivos professores, a fim de discutir como se explicam essas expe‑ riências bem‑sucedidas, bem como, quais experiências se relacionam ao sucesso na aprendizagem, buscando, assim, desconstruir o paradigma de que é impossível aprender nes‑ te contexto. Para tanto, a investigação narrativa foi adota‑ da como método de estudo. Desse modo, foram coletadas narrativas estudantes –da rede pública e da rede privada de ensino, bem como, narrativas de seus professores. No ma‑ peamento e categorização das experiências bem‑sucedidas, vivenciadas pelos estudantes participantes, utilizou‑se o marco de referência de experiências de Miccoli & Bambirra (2009). Os resultados demonstram que o agenciamento (AHEARN, 2001) dos aprendizes, relacionado à motivação, tem efeitos significativos na aprendizagem da língua. As im‑ plicações desses resultados evidenciam que tratar de ques‑ tões relacionadas a experiências de aprendizagem, na sala de aula de língua, pode fazer diferença no aprendizado dos estudantes de língua inglesa da escola regular. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 61 POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: (DES)ARTICULAÇÕES DOS DISCURSOS FORMADORES CLORIS PORTO TORQUATO (UEPG) Resumo de Paper Neste trabalho, que é parte de uma pesquisa mais ampla, discuto diferentes ações de políticas linguísticas desenvol‑ vidas pelo Estado voltadas, sobretudo, para formação de professores. Essas políticas, enunciadas em documentos oficiais que se pretendem orientadores do ensino, tratam do ensino de língua portuguesa, de línguas indígenas, de LIBRAS e de línguas adicionais. No presente recorte da pesquisa, a metodologia utilizada é caracterizada como análise docu‑ mental, com especial enfoque para a produção dos textos analisados. Com base no arcabouço teórico‑metodológico bakhtiniano, são conceitos fundamentais para análise: sig‑ no ideológico, gêneros do discurso e dialogismo. Neste tra‑ balho, são analisados diferentes volumes dos Parâmetros Curriculares Nacionais relativos ao ensino de línguas (por‑ tuguesa e adicionais), documentos relativos ao ensino de LIBRAS ou de língua portuguesa para surdos e documentos relativos à educação escolar indígena. Uma análise prévia destes documentos mostra, dentre outros aspectos, que, embora tenham sido produzidos no âmbito do Ministério da Educação, parece não haver articulação entre os textos, como se a realidade linguística de cada grupo sociolinguís‑ tico (como surdos e indígenas) em foco no documento não estivesse articulada ao contexto sociolinguístico mais am‑ plo. Essa ausência de articulação pode afetar a formação dos professores no sentido de estes não desenvolverem ações pedagógicas adequadas à complexidade sociolinguística mais ampla em que estão inseridos. LETRAMENTO E ETNOLEXICOGRAFIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES COSME BATISTA DOS SANTOS (UNEB) Resumo de Paper No mês de março de 2012, em um curso de sociolinguística re‑ alizado no curso de Licenciatura Intercultural em Educação Escolar Indígena – LICEEI ‑ UNEB, foi apresentada como uma das demandas de formação, o estudo lexicográfico das va‑ riantes linguísticas em uso nas comunidades indígenas en‑ volvidas no curso. O objetivo deste artigo é analisar a produ‑ ção de verbetes dos professores indígenas em conflito com os verbetes sugeridos nos dicionários tradicionais de língua Portuguesa. O pressuposto metodológico se filia à pesquisa qualitativa, do tipo pesquisa‑ação‑formação, e o pressupos‑ to teórico é da Linguística Aplicada, de base interdisciplinar, envolve um quadro conceitual configurado pelos estudos do letramento intercultural, da sociolinguística e pelos estudos etnolexicográficos. A produção dos professoreslevou em conta o respeito pelo dialeto em uso, como uma demanda da sociolinguística e da cultura, e, ao mesmo tempo, o regis‑ tro escrito dos verbetes, como uma demanda da formação do professor da educação escolar indígena 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 62 O QUE É APRENDER INGLÊS A DISTÂNCIA? CRENÇAS DE ALUNOS E A MOTIVAÇÃO CRISTIANE MANZAN PERINE (UFU) Resumo de Paper Considerando a Linguística Aplicada com ciência responsiva à vida social contemporânea (MOITA LOPES, 2006) e, posto que, o contexto social contemporâneo é mediado por tec‑ nologias digitais, neste trabalho, focalizamos como se con‑ figuram construtos afetivo‑cognitivos em ambientes virtu‑ ais de aprendizagem. Propomos, então, discutir os resulta‑ dos parciais de uma pesquisa de mestrado que investiga as crenças de alunos acerca da aprendizagem de língua inglesa a distância e sua conexão com a motivação para aprender. Entendemos crenças como ideias, opiniões e pressupostos que alunos têm a respeito dos processos de ensino/aprendi‑ zagem de línguas formulados a partir de suas experiências (BARCELOS, 2001) e motivação algo que nos leva a iniciar e sustentar uma ação (DÖRNYEI, 2005). Essa investigação contou com a participação de 10 alunos de diferentes cur‑ sos de graduação de uma universidade federal no interior de Minas Gerais, inscritos na disciplina “Inglês Instrumental a Distância” (IngRede). Nesta pesquisa de cunho qualita‑ tivo, os dados foram coletados por meio de questionários, diários reflexivos, entrevistas virtuais e observação da par‑ ticipação dos alunos na plataforma Moodle. Na análise dos dados, fez‑se útil o WordSmith Tools. Os dados indicam que os alunos possuem diversas crenças sobre aprender inglês a distância, o uso do computador e os papéis de professores e alunos nesse contexto. Apontam ainda para uma perspec‑ tiva dinâmica da motivação, a qual parece ser intensificada em um contexto a distância, e as múltiplas influências entre o contexto formal de aprendizagem e crenças de aprendizes. Esperamos que este trabalho venha a contribuir com estu‑ dos sobre crenças e motivação buscando apontar implica‑ ções para o processo de ensino/aprendizagem de línguas a distância, visto que tais construtos têm sido pouco explo‑ rados nesse contexto, bem como fomentar discussões e de‑ safios no campo acadêmico referente à disponibilização de disciplinas de línguas em ambientes virtuais. A GENRE‑BASED METHODOLY FOR TEACHING ENGLISH AS FOREIGN LANGUAGE IN A PUBLIC SCHOOL IN BRAZIL CRISTIANE MARIA MARTINS GALVÃO (IFG) Resumo de Pôster This presentation describes a genre‑based methodolo‑ gy of teaching English as a foreign language in a public high‑school in Brazil. The purpose of the chosen method‑ ology was involving students with the process of learning English as a foreign language and encouraging them to construct meaning through different modalities of texts. All activities were proposed and based on a theoretical re‑ search on genres, motivating the students through written and oral production with the focus on purposeful commu‑ nicative situations that were appropriate to their age and needs. Through this methodology the participants learned vocabulary, text types, grammar, pronunciation, intonation according to different contexts, themes or topics. The activ‑ ities were all developed in groups in order to maximise lan‑ guage interaction encouraging risk taking. The texts types used were: music through lyrics and karaoke, telephone conversation, biographies, directions and many others. The findings of this experience are particularly suitable for edu‑ cational contexts where the students are low in proficiency of English as a foreign language (EFL). 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 63 COCONSTRUINDO NARRATIVAS E NEGOCIANDO AUTORIDADE: A FABRICAÇÃO DA ESTRUTURA FORMAL DA NARRATIVA EM INTERAÇÕES COTIDIANAS FAMILIARES NA FALA‑EM‑INTERAÇÃO CRISTIANE MARIA SCHNACK (UNISINOS) Resumo de Paper Narrativas materializam o mundo, e são o espaço intera‑ cional no qual nos posicionamos em relação às experiências que tivemos (OCHS; CAPPS, 2001). Ao propor que narrativas orais sejam tornadas objeto legítimo de pesquisa, Labov e Walestky (1967) possibilitam que tais narrativas sejam es‑ crutinadas em sua estrutura formal (LABOV; WALESTKY, 1967) e interacional (SACKS, 1992). Narrar possibilita que narra‑ dor e endereçados tornem‑se conarradores da existência (C.GOODWIN, 1984). Para além de sua estrutura formal inter‑ na, uma narrativa sustenta‑se e organiza‑se em função de seus propósitos interacionais (M.GOODWIN, 1990; DE FINA, 2009), que norteiam a posição a ser adotada pelos conarra‑ dores. Calcado na etnografia (O´REILLY, 2009), este estudo analisa narrativas familiares sobre a experiência escolar de uma criança valendo‑se do arcabouço teórico‑analítico da análise da fala‑em‑interação (SACKS, 1992). Participar e en‑ volver‑se em narrativas constitui‑se a “cola” social (OCHS; CAPPS, 2001) que cria e mantém laços familiares. Contudo, as análises demonstram que participar e envolver‑se estão intrinsecamente relacionados à atividade realizada através da narrativa, como a negociação de autoridade familiar, por exemplo. A pesquisa contribui para os estudos de narrati‑ vas, no âmbito da Linguística Aplicada, ao evidenciar que a estrutura formal da narrativa não se sustenta senão na in‑ teração, sendo fruto da atividade na qual os interlocutores se engajam. O TRABALHO COM O GÊNERO CARTA DE SOLICITAÇÃO A PARTIR DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS: POTENCIALIDADES DE UMA ABORDAGEM. CRISTIANE NORDI (UFSCAR) Resumo de Paper Esta pesquisa tem o objetivo de problematizar o trabalho com gêneros na escola, a partir de uma proposta de interven‑ ção, junto a uma turma de sexto ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do interior de São Paulo. O referencial teórico está pautado nos estudos do Interacionismo Social (BAKTHIN, 2000, 2002; VYGOTSKY, 1989) e especificamente nos estudos advindos do Interacionismo Sócio discursivo, em sua vertente didática sobre a utilização dos gêneros textuais em sala de aula (BRONCKART; DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEWULY, 2004, 2005, 2006, 2007). A fim de desenvol‑ ver um trabalho que integrasse as práticas lingüísticas, que favorecesse o uso situado da língua e que contribuísse com o desenvolvimento efetivo dos alunos, optou‑se metodo‑ logicamente pelo desenvolvimento de uma seqüência di‑ dática (SD), enquanto instrumento de trabalho docente e de coleta de dados para a investigação. Assim, adotamos a perspectiva da Pesquisa–Ação, encontrando no paradigma qualitativo o caminho natural, já que esta pesquisa é uma forma orientada para a resolução de problemas e/ou a trans‑ formação de uma dada situação. Os resultados alcançados com a pesquisa demonstraram algumas potencialidades da SD enquanto metodologia de trabalho com a língua. Esta é um excelente método para identificar as capacidades e difi‑ culdades dos alunos e de melhor adaptar o trabalho do pro‑ fessor na aula. Dessa maneira, os resultados demonstraram que o desenvolvimento da Sequência Didática é produtivo e viável, porque torna possível ao professor trabalhar conteú‑ dos formais (ortografia, flexão verbal) e a produção textual ao mesmo tempo, além, do mais importante, que é a função social do gênero. Por fim, não menos importante, a elabo‑ ração do modelo didático e da própria SD fez com que me apropriasse de teorias importantes para a minha formação, o que me fez perceber que só mudamos a prática quando en‑ tendemos e nos apropriamos de teorias adequadas à natu‑ reza da linguagem. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 64 FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA: ESTUDOS ACERCA DA COGNIÇÃO INFORMADA E COGNIÇÃO REPRESENTADA NA PRÁTICA CRISTIANEOLIVEIRA CAMPOS GONELLA (UFSCAR) CLAUDIA JOTTO KAWACHI‑FURLAN (UFSCAR) ELIANE HERCULES AUGUSTO‑NAVARRO (UFSCAR) Resumo de Paper Nesta comunicação, apresentaremos dados obtidos em duas pesquisas de pós‑graduação que buscaram investigar a cognição do professor de língua inglesa pré‑serviço e em serviço. De acordo com Borg (2006), a prática de professores é influenciada por uma gama de cognições pré‑ativas, inte‑ rativas e pós‑ativas. Nesse sentido, o ensino de línguas pode ser visto como um processo que é definido por interações dinâmicas entre cognição, contexto e experiência. Em um dos trabalhos, buscamos investigar a cognição do professor recém formado com relação ao ensino‑aprendizagem de gramática, tendo em vista que a formação teórica desses participantes foi pautada nos estudos de Batstone (1994) e Larsen‑Freeman (2003) que defendem a visão de gramática fundamentada na possibilidade de desenvolvê‑la como ha‑ bilidade (grammar as a skill / grammaring). Em outro estudo, analisamos a cognição de professores em formação acerca da utilização de gêneros discursivos na produção de material didático para o ensino de inglês. Investigamos tanto a cog‑ nição informada como a cognição representada na prática, ambas discutidas por Borg (2006), sendo que a análise da última revelou grande empenho por parte dos participantes no sentido de integrar o conhecimento teórico à atividade prática (JOHNSON, 2006). Os resultados de ambos os estu‑ dos sugerem que as oportunidades de prática assistida du‑ rante a formação docente contribuíram para a articulação teoria e prática. Desse modo, verificamos que quando o foco da formação deixa de ser o que os futuros professores devem saber para recair sobre quem são eles e como eles aprendem a ensinar (GRAVES, 2009), a formação se estabelece como um processo de desenvolvimento, com impactos mais signi‑ ficativos e melhor compreendidos. RELAÇÕES ÉTNICO‑RACIAIS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE LÍNGUA INGLESA CRISTIANE ROSA LOPES (UEG) Resumo de Paper Apesar de vários documentos oficiais, como, por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, 2000) e a Lei Federal 10.639/03 (BRASIL, 2003), tornarem obrigatória a educação das relações étnico‑raciais nas escolas públicas e privadas de Ensino Fundamental e Médio, pesquisas indi‑ cam que muitos cursos de formação de professores/as ain‑ da não integraram a diversidade étnico‑racial às suas pau‑ tas (FERREIRA, 2006, 2008, 2009; GONÇALVES, MENEZES & TEODORO, 2011; MOITA LOPES, 2002; SILVA, 2011). Diante disso, as universidades estão sendo formalmente instruídas para a inclusão de discussões sobre diversidade em seus currículos (BRASIL, 2002, 2005). Esta comunicação visa discutir resul‑ tados iniciais de uma pesquisa, que tem como objetivo ca‑ pacitar alunos/as da graduação em Letras: Português/Inglês, de uma universidade pública no interior de Goiás, para a in‑ corporação de atividades críticas, focando o tema raça/et‑ nia, nas aulas de língua inglesa do Estágio Supervisionado. A discussão tem como embasamento teórico: a Linguística Aplicada Crítica (MOITA LOPES, 1999, 2002, 2006; PENNYCOOK, 2001, 2006); a formação crítica de professores/as (FERREIRA, 2006, 2009; GIROUX, 1997, PESSOA & BORELLI, 2011); racismo e educação (CAVALLEIRO, 2001, FERREIRA, 2011). 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 65 USO DE CORPORA PARA O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA PARA PROFISSIONAIS DE PUBLICIDADE CRISTINA MAYER ACUNZO (PUC–SP) Resumo de Paper Esta pesquisa objetivou o desenvolvimento de atividades de ensino de inglês como Língua Estrangeira com o uso de corpora para profissionais da área de Publicidade. O ensino Línguas Estrangeiras para profissionais de áreas específi‑ cas é um desafio, por existir pouco material disponível no mercado que atenda às necessidades dos alunos de comu‑ nicar‑se em seu meio profissional. Além disso, o uso de cor‑ pora na preparação de materiais e sua aplicação na sala de aula ainda são incipientes. Baseamo‑nos na Linguística de Corpus, que proporciona a pesquisa, o estudo e a explora‑ ção da língua em uso (BERBER SARDINHA, 2004) por meio da análise de um corpus e de ferramentas computacionais que nos permitem extrair os padrões lexicogramaticais distinti‑ vos da área estudada. Coletamos e analisamos um corpus de 1 milhão de palavras da área de Publicidade e desenvolve‑ mos dois tipos de atividades, que envolveram pressupostos de ensino variados, de forma a mostrar que atividades com corpora podem ser utilizadas independentemente da abor‑ dagem de ensino usada pelo professor. Alguns dos padrões estudados e usados nas atividades são: ad spending, ad network(s), ad revenue, ad campaign(s), run an ad, launch an ad, place an ad e do an ad. As atividades proporcionam aos alunos a exploração dos padrões por meio de textos, bem como das ferramentas WordSmith Tools, AntConc e do concordanciador COCA (Corpus of Contemporary American English). Com o uso da Linguística de Corpus em sala de aula, objetivamos levar o aluno à reflexão sobre a linguagem e ao uso da língua com eficiência, dando‑lhe voz, de forma que o ensino possa partir de seus questionamentos sobre esse uso e o professor possa agir como um guia e facilitador, ajudan‑ do‑o a encontrar suas respostas e customizando o ensino às suas necessidades. CONTRIBUIÇÕES FOUCAULTIANAS PARA A POLÍTICA LINGUÍSTICA: PODER E DISCURSO EM TELA CRISTINE GORSKI SEVERO (UFSC) Resumo de Paper O presente trabalho visa explorar, apresentar e discutir as possíveis contribuições dos trabalhos de Michel Foucault, em especial de sua fase genealógica dedicada ao estudo da relação entre poder, discurso e subjetividade, para as refle‑ xões do campo de saber intitulado “Política Linguística”. Para tanto, inicialmente, procede‑se a um levantamento dos conceitos de política, poder e língua, bem como das meto‑ dologias, que constituem este saber. Na sequência, apresen‑ tam‑se os conceitos foucaultianos de relações de poder e de discurso, considerando suas contribuições para o campo a partir de uma questão comum a todas as concepções de po‑ líticas linguísticas: Quem planeja o que para quem e como? (Cooper, 1989). Com isso, desmembram‑se as reflexões sobre as “Políticas Linguísticas” considerando, a partir de um olhar foucaultiano, os participantes e instâncias reguladoras dos discursos e práticas, o objeto e os sujeitos‑alvos do planeja‑ mento, e as diferentes formas de atuação/intervenção das políticas linguísticas. Para tanto, ilustra‑se a discussão com dois casos: (i) o multilinguismo na rede digital e (ii) o multi‑ linguismo em contextos pós‑coloniais, em especial na África do Sul. Tais casos permitirão refletir sobre a complexidade da relação entre línguas, discursos e poder em que estão em jogo, respectivamente, (i) a dimensão tecnológica cuja en‑ grenagem de funcionamento é política e opera como instân‑ cia reguladora de discursos e práticas, (ii) a dimensão local de uso da língua em que as avaliações e apreciações dos sujei‑ tos envolvidos são basilares para o planejamento linguístico. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 66 OS GÊNEROS POÉTICOS NA SALA DE AULA: UM LUGAR DE TRAVESSIA E POIÉSIS. CYNTHIA AGRA DE BRITO NEVES (UNICAMP) Resumo de Paper Este trabalho é parte de uma pesquisa de campo realizada em salas de aula em dois “lycées” de Grenoble, na França, ao longo de 2011. Acompanhei, como pesquisadora‑observado‑ ra, atividades que envolviam a circulação dos gêneros poéti‑ cos em classes do ensino secundário francês, contrastando essas dinâmicas com as observadas aqui no Brasil, em dois colégios de São Paulo, durante 2010 e 2012. Sob essa pers‑ pectiva, constatei semelhanças e diferenças didáticas no ensino de literatura lá e cá, bem como observei heranças e influências da pedagogiafrancesa em nosso ensino/aprendi‑ zagem de poesias no Ensino Médio – foco da minha tese de doutorado, ainda em andamento. Destaco, contudo, neste trabalho, a dificuldade dos professores franceses e brasilei‑ ros em “transpor didaticamente” (Chevallard, 1991) os gêne‑ ros poéticos para a sala de aula, distanciando os alunos do “prazer do texto” (Barthes, 2006). Na França, os docentes co‑ bram de seus alunos a “lecture expressive”, isto é, a leitura de poesias em voz alta e direcionam essas leituras muitas vezes visando à composição do “commentaire composé” – ambas exigências do “baccalauréat” (o “bac”). No Brasil, os gêneros poéticos são lidos no Ensino Médio em função dos vestibu‑ lares e do ENEM. Tanto em território francês como em terri‑ tório nacional, os gêneros poéticos se encontram fragmen‑ tados em materiais didáticos, engessados em questionários estereotipados, cuja atenção se dirige ao aspecto formal do poema e à busca pelas figuras de estilo; na classificação de Gebara (2002), um tipo de leitura de decodificação ou “leitu‑ ra eferente”. De acordo com a crítica de Petit (2002) e Rouxel (2004), o Ensino Médio transformou a leitura em uma práti‑ ca formal, dissecante, longe de desenvolver a sensibilidade e/ou a criatividade dos alunos. Acredito, no entanto, que a sala de aula deva ser o espaço – e por que não? – da “poié‑ sis”; defendo ainda, um ensino/aprendizagem de poesias menos preocupado com a transposição e mais inspirado na travessia. AVALIAÇÃO DE DUAS DISCIPLINASDE UM CURSO ON‑LINE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES CYNTHIA REGINA FISCHER (IFSP/GEALIN–PUC–SP) MARIA APARECIDA GAZOTTI VALLIM (FATEC–ZL; FOC) Resumo de Paper De acordo com Filatro (2008), como acontece na educação presencial, o modelo de aprendizado eletrônico adotado em um curso de educação a distância tem “importantes implica‑ ções para os processos de desenho instrucional”. O motivo dessas implicações é a influência da opção por uma deter‑ minada abordagem pedagógica e/ou andragógica que nor‑ teará o design instrucional do curso. Este trabalho tem por objetivo analisar o design instrucional de duas disciplinas de um curso de Formação Pedagógica para Docentes de Ensino Profissional de Nível Médio na modalidade à distancia em ambiente digital para quatro polos de educação a distân‑ cia no estado de São Paulo. As disciplinas Fundamentos da Didática e Metodologia de Ensino I e Escola e Currículo fo‑ ram avaliadas com o intuito de criar subsídios para sua re‑ ‑elaboração e reaplicação. O design instrucional em foco é analisado à luz das tecnologias adotadas, modelos de apren‑ dizado eletrônico e modelos de design instrucional (FILATRO, 2008). As disciplinas foram oferecidas para o segundo mo‑ dulo da primeira turma do curso, com cerca de 200 alunos. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 67 O TRABALHO DE ENSINO COM TEXTOS E A IDENTIDADE DO PROFESSOR: REFLEXÕES SOBRE AS PEDRAS DO CAMINHO DAIANE DA COSTA BARBOSA (UFAL) JOSÉ ADAILTON CORTEZ FREIRE (UFAL) Resumo de Paper Este trabalho tem por objetivo refletir sobre a visão do pro‑ fessor acerca do processo de leitura, procurando analisar como seu trabalho de ensino contribui para a formação da identidade profissional. Configura‑se como um ensaio teóri‑ co, qualitativo‑descritivo, motivado pela experiência docen‑ te dos autores, sustentando‑se nos postulados de Geraldi (1997), quando afirma que, ao longo da história da educação brasileira, foram construindo‑se diferentes identidades so‑ bre a ação de ensinar, a partir da relação entre o conteúdo de ensino e o produto da pesquisa científica. São elas: o profes‑ sor enquanto mestre, como transmissor de conhecimentos e enquanto controlador da aprendizagem. Observou‑se que esta última identidade ainda é muito presente e disputa o espaço com a segunda identidade. Entretanto, a primeira, o professor enquanto mestre, distancia‑se cada vez mais do perfil docente atual. Geraldi sustenta que a presença do texto na sala de aula pode desconstruir essa realidade, per‑ mitindo que o trabalho do professor volte a ser o de produtor de conhecimentos, configurando‑o como mestre. Contudo, tem se percebido que, apesar da presença do texto na sala de aula, há muitos casos em que a identidade do professor não apresenta mudança significativa, revelando a existên‑ cia de outros aspectos e suas implicações para o proble‑ ma. Os apontamentos aqui traçados discutem ainda o pa‑ pel do livro didático, enquanto intermediador do trabalho de ensino. GÊNERO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MEDIADO PELO COMPUTADOR DANIE MARCELO DE JESUS (UFMT) Resumo de Paper O objetivo deste trabalho é investigar as representações de alunos do curso de Letras/língua inglesa em um blog educa‑ cional de uma Universidade Federal brasileira. O propósito é entender como o tema sobre gênero é apresentado no dis‑ curso dos participantes. O estudo se insere numa perspec‑ tiva crítica do discurso, apoiado nos estudos sobre gênero e sexualidade. A metodologia de pesquisa é de caráter inter‑ pretativo, e a análise buscou apreender as representações discursivas que se materializam nas escolhas linguísticas dos usuários do blog. A metodologia de pesquisa é de caráter in‑ terpretativo, e a análise buscou apreender as representações discursivas que se materializam nas escolhas linguísticas dos usuários do blog. As conclusões apontam que a reflexão crítica pode ser uma excelente ferramenta para questionar o discurso hegemônico heteronormativo na formação de pro‑ fessores. As conclusões apontam que a reflexão crítica pode ser uma excelente ferramenta para questionar o discurso hegemônico heteronormativo na formação de professores. Esta investigação faz parte de uma série de trabalhos de ca‑ ráter interpretativo a respeito do ensino e da aprendizagem de língua no espaço virtual. O enfoque pretendido é enten‑ der com as práticas ciberespaciais podem alterar o dizer e o fazer de docentes em serviço e em pré‑serviço envolvidos em experiências educativas sob a égide de interações mediadas pelo computador. Dos resultados, espera‑se colher subsídios que possam auxiliar na discussão da formação de educado‑ res na seara digital. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 68 ENGLISH LANGUAGE TEACHING IN VOCATIONAL EDUCATION: SOME PEDAGOGICAL PRACTICES DANIEL DE MELLO FERRAZ (USP) Resumo de Paper Vocational (technical/technology) education has been emphasized and valued by government´s discourses and practices. São Paulo´s Etecs and Fatecs, for example, have more than tripled in terms of schools and of students in the past decade. According to Fartes, Santos and Gonçalves (2010), educational reforms have pointed to recognition of vocational education, and the teacher´s professional knowledge assumes an important role within this context. My interest is the debate between the technical and the critical education which, according to Martins (2000), is the great challenge of technical education. I believe this de‑ bate should also be incentivized in contexts other than vo‑ cational education. For this presenation, I briefly introduce some theoretical grounding of this work. Then, I discuss some activities that were done in my classes at FATEC as attempts to focus on both linguistic enhancement and crit‑ ical awareness (Menezes de Souza and Monte Mór, OCEM, 2006). In the end I suggest some other activities and some articles through a handout. GÊNEROS DO DISCURSO ORAL PÚBLICO: UMA PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DE UM PROJETO PEDAGÓGICO DE APRESENTAÇÕES ORAIS DANIELA DONEDA MITTELSTADT (UFRGS) CAROLINE SCHEUER NEVES (PPE ‑ UFRGS) Resumo de Paper Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir a pro‑ posta de avaliação de um projeto pedagógico desenvolvido em uma turma de português como línguaadicional. O proje‑ to foi desenvolvido na disciplina de Práticas do Discurso Oral, cujo foco é a aprendizagem de gêneros do discurso orais pú‑ blicos. Para o desenvolvimento do curso e da sua posterior análise, partimos das concepções de projeto pedagógico como plano de ação com abertura para possibilidades de en‑ caminhamento e de resolução (BARBOSA, 2004) e de avalia‑ ção como processo contínuo e coerente com o trabalho em sala de aula (SCHLATTER; GARCEZ, 2012). O projeto em foco tinha como objetivo o desenvolvimento de uma apresen‑ tação oral com PowerPoint sobre variação linguística para ser apresentada para uma turma de uma escola destinada à Educação de Jovens e Adultos de Porto Alegre. A avaliação mostrou‑se como uma forma de dar aos alunos mais oportu‑ nidades para refletir sobre o seu desempenho, bem como de fomentar a discussão sobre quais critérios são importantes no planejamento e na realização de uma apresentação oral com PowerPoint. Com este trabalho, pretendemos contri‑ buir para a discussão sobre o desenvolvimento de projetos envolvendo gêneros orais e o seu processo de avaliação em aulas de língua adicional. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 69 O ENSINO DA GRAMÁTICA NA SALA DE AULA DE ITALIANO COMO LÍNGUA ADICIONAL DANIELA NORCI SCHROEDER (UFRGS) Resumo de Paper O ensino da gramática é um tema fundamental para a didá‑ tica do ensino de línguas. A proposta desta comunicação é refletir sobre o modo como trabalhamos as questões gra‑ maticais na sala de aula de italiano como língua adicional em contexto brasileiro. A revisão teórica deste estudo parte dos conceitos de ensino com foco na forma como propostos por Long (1991), Long & Robinson (1997) e Spada (1997, 1999, 2004). Spada (1997) definiu o tratamento com foco na forma como “a ação pedagógica utilizada para chamar a atenção dos aprendizes para uma determinada forma linguística de modo implícito ou explícito”. Levo em consideração tam‑ bém os documentos oficiais que balizam o ensino de línguas em contexto brasileiro, como os Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua estrangeira (1998) e, mais recentemen‑ te, os Referenciais Curriculares da Secretaria de Educação/ RS: Língua Portuguesa e Literatura, Línguas Estrangeiras Modernas – Espanhol e Inglês (2009). A reflexão que propo‑ nho procura questionar os seguintes aspectos: abordagem da gramática em sala de aula, maneiras como o profes‑ sor pode inserir o ensino com foco na forma na sua prática docente e em que momentos estas ações podem ser mais eficientes. Não há como aprender uma língua sem apren‑ der a estrutura desta língua. A discussão é quando, como e porque aprofundar questões gramaticais aos alunos de língua adicional. CENTROS DE AUTOACESSO: UMA PROPOSTA PARA CURRÍCULO BILÍNGUE A FUNÇÃO DOS CENTROS DE AUTOACESSO NA APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA E NO DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA DO APRENDIZ DANIELE BLOS BOLZAN (UFRGS) Resumo de Paper Este trabalho de pesquisa analisa o processo do desen‑ volvimento da autonomia de três alunos da 4ª série do Ensino Fundamental de uma escola com currículo bilíngue Português / Inglês. Baseando‑se em princípios etnográficos, os dados foram gerados durante um trimestre letivo em que os alunos participantes frequentaram, semanalmente, nas aulas de língua inglesa, centros de autoacesso. O objeti‑ vo dos centros de autoacesso era proporcionar a interação entre os alunos para a co‑construção de diálogos, com ou sem a intervenção da professora, tendo em vista os concei‑ tos de teoria sociocultural (Vygotsky, 1984) como mediação, internalização, Zona de Desenvolvimento Proximal e scaf‑ folding, a partir da crença de que aprendizagem ocorre na performance (Swain & Lapkin, 1998) e princípios das perspec‑ tivas sociocultural I e II de autonomia propostas por Oxford (2003). Relato na análise quais foram os critérios utilizados por cada participante na escolha do centro a ser trabalhado e descrevo sua atuação dentro dos diferentes moldes de ta‑ refas propostas em diferentes etapas, assim como seu papel no grupo durante a atividade. Por fim, trago dados acerca do background familiar e personalidade dentro e fora dos centros, obtidos nas entrevistas com os familiares. Os resul‑ tados mostraram que a partir de um objetivo comum na sala de aula, que é a aprendizagem de língua inglesa e mais espe‑ cificamente a construção de diálogos, existe uma negocia‑ ção de papéis (Lantolf, 2000). Há momentos em que aquele aluno mais experiente, através da interação, colaboração, imitação, experiência compartilhada e pistas, auxilia outros menos experientes e momentos em que ele é o auxiliado a fim de que aquilo que ele consegue fazer com o auxílio do ou‑ tro em determinada etapa da atividade, consiga fazer com maior autonomia no futuro, levando‑o a tornar‑se um usuá‑ rio mais autônomo de segunda língua e a tornar‑se cada vez mais responsável pela busca de seu conhecimento. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 70 LA LITERACIDAD CRÍTICA EN EL AULA DE E/LE: LA LECTURA LITERARIA AUXILIANDO EN ESE PROCESO DANIELE MENDONÇA DE PAULA CHAVES (UFPA) Resumo de Pôster Comprendemos que el proceso de aprendizaje de una len‑ gua involucra más que solamente el estudio de las reglas estructurales de ese idioma. Así, para el efectivo aprendiza‑ je de un idioma, el individuo no puede ignorar la sociedad a que esta lengua esta sometida, ni tampoco sus ideolo‑ gías y estructuración de poder, contribuyendo así para que esta persona reflexione sobre la lengua y la sociedad en la que esta se presenta. De este modo, la persona es capaz de desarrollar también una reflexión crítica en relación a la so‑ ciedad en que esta insertada. En este sentido, la literacidad crítica viene contribuir para la construcción de una compre‑ sión e interpretación de la realidad, de uno mismo en cuanto miembro de una sociedad y de las prácticas sociales a desa‑ rrollar. Esto nos lleva a plantear las Orientações Curriculares (2006) cuando resalta la función social de la enseñanza de lenguas extranjeras y la formación y cambio de actitudes proporcionadas por el contacto con el otro. Dentro de este abordaje, esta investigación propone el uso de la literatura en las clases de ELE, principalmente con obras relacionadas a la Amazonia, como una manera de desarrollar la literacidad crítica en el aprendiente de E/LE en Brasil. Para tanto el basa‑ mento teórico de esta investigación se plasma en el estudio de temas como literacidad crítica, lectura literaria, metodo‑ logía de enseñanza, además de análisis de procedimientos de comprensión lectora en una lengua extranjera. POLÍTICAS E PLANEJAMENTO DO ENSINO MÉDIO (INTEGRADO AO TÉCNICO) E DA LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS): NA MIRA(GEM) DA POLITECNIA E DA INTEGRAÇÃO DANIELLA DE SOUZA BEZERRA (IFG) Resumo de Paper Partindo da hipótese de que a proposta de integração cir‑ cunscrita ao Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnica (EMIEPT) devia implicar de alguma forma em uma constituição idiossincrática das dimensões do ensino de seus componentes curriculares, recorre‑se à história, aos construtos teóricos e às políticas curriculares com vistas a apreender como o que é historicizado, almejado e pres‑ crito (deveria) impacta(r) a materialização desse conjunto na elaboração da dimensão do planejamento de ensino do Componente Curricular Língua Estrangeira–Inglês (CCLEI). Para tanto, este estudo se caracteriza como exploratório e descritivo (GIL, 1996) e faz uso das pesquisas bibliográfica e documental (CELLARD, 2008). No total, são analisados, qua‑ li‑quantitavamente (FLICK, 2009), sessenta e duas matrizes curriculares, vinte e dois planos de cursos e quatorze emen‑ tários, os quais foram catalogados nos sítios eletrônicos de IFs. Os resultados da análise bibliográficaevidenciam que o EMIEPT 1) se singulariza pelos fundamentos oriundos da con‑ cepção de educação omnilateral e politécnica e de escola uni‑ tária baseado no programa de educação de Marx (e Engels) e de Gramsci, pelos fundamentos de currículo integrado e pela missão de escamotear a dualidade de classes brasileira via superação da dualidade histórica entre formação geral e for‑ mação profissional; 2) tem seus fundamentos hibridizados no âmbito das recentes políticas curriculares de modo que o horizonte da politecnia acaba ficando a cargo das próprias instituições que o adotarem e 3) e o CCLEI podem se sincro‑ nizar caso os objetivos linguísticos e instrumentais se con‑ juguem com os objetivos educacionais (específicos) o que pode ser feito à luz abordagem de letramento crítico (BRASIL, 2006) integrada (ou não) às outras abordagens de ensino he‑ gemônicas no Brasil. Já os resultados da análise documental mostram que o que é almejado e prescrito para o CCLEI não está sendo incorporado pelos planejamentos de ensino. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 71 ABORDAGEM SOCIOLÓGICA E COMUNICACIONAL DE CURRÍCULOS LATTES: UMA AMOSTRA DA CONSTITUIÇÃO DAS IDENTIDADES COLETIVAS. DANIELLE BRITO DA CUNHA (UFRN) JOÃO PAULO LIMA CUNHA (UFRN) Resumo de Paper Os estudos em ciências humanas, de modo geral, tem se pautado em apresentar as múltiplas facetas das identida‑ des em tempos líquidos. Nesse pensamento, a Linguística Aplicada (LA) tem se posicionado de forma indisciplinar (MOITA LOPES, 2006), frente às identidades, sejam elas indi‑ viduais ou retratos dessa individualidade em identidades co‑ letivas (sociais). Este estudo está inserido nessa problemati‑ zação, mais especificamente, sobre as identidades coletivas de sujeitos pesquisadores da linguagem, com alguma for‑ mação em literatura. O presente trabalho se propõe ao le‑ vantamento e análise dos usos linguísticos na constituição das identidades valorizadas e suas implicações para enten‑ der a prática social que reveste o currículo como um discurso acadêmico. Ratificando uma LA autônoma, esta pesquisa tem como base teórico‑metodológica a Análise Crítica do Discurso (ACD). Contudo, sabendo que essa corrente possui diversas abordagens, utilizaremos a Abordagem Sociológica e Comunicacional do Discurso (ASCD) dado ao seu foco abrangente quanto ao estudo do sujeito e das identidades individuais e coletivas. A ASCD utiliza como suporte teórico, dentre outros, os estudos sociológicos de Guy Bajoit (2008) e os estudos da Linguística Sistêmico‑Funcional. Em nosso enfoque, analisamos 10 (dez) currículos lattes de estudiosos da literatura de 2 (duas) Instituições Federais – Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A escolha de apenas um campo do saber da linguagem visou, exclusivamente, o cumprimento do objetivo do trabalho, sendo assim, não há uma pretensão quantitativa, mas um método qualitativo‑interpretativo que não se responsabiliza por cálculos em forma de porcen‑ tagem ou probabilidade sobre os textos apurados. Acima de tudo, nossa análise demonstrou que é possível conferir a presença dessa identidade fragmentada, fluída, mutante mesmo em um gênero considerado cristalizado. ESTUDO SOBRE AULAS DE HISTÓRIA COM FOCO NO USO DA LÍNGUA ESCRITA DANUSE PEREIRA VIEIRA (UFRJ) Resumo de Paper Nas escolas, costuma‑se atribuir a baixa proficiência em lín‑ gua escrita como responsabilidade do professor de Língua Portuguesa. Com base no quadro teórico proposto por Bakhtin, Vygotsky, Wittgenstein e Fairclough, que aponta para a linguagem como prática social e para o uso socioin‑ teracional do discurso e do ensino, refleti, durante minha pesquisa de mestrado, o papel e o uso da leitura e escrita em duas diferentes classes de História de uma escola pú‑ blica. Certamente, ao optar por esse campo de pesquisa, deparei‑me com questões que nos levam a pensar sobre o letramento do aprendiz, em como tornar o ensino mais sig‑ nificativo, para que este possibilite o aluno atuar no meio social de forma mais crítica e reflexiva. Colocando‑me como pesquisadora, não quis indicar modelos a serem seguidos, nem tampouco uma forma correta ou errada de atuação do‑ cente, não trabalhei sobre esta dicotomia, nem quis provar hipóteses. No entanto, o estudo possibilitou‑me sublinhar a necessidade de se colocar a linguagem como elemento cen‑ tral no processo educacional. O objetivo nesta comunicação é dividir o resultado de minha pesquisa e refletir o uso do par leitura–escrita operando como ferramenta de (re)constru‑ ção do mundo e de letramento escolar. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 72 IRONIA: DOU MINHA PALAVRA! DARCILIA MARINDIR PINTO SIMOES (UERJ /CNPQ) Resumo de Paper Entende‑se que o trabalho com o léxico não tem sido pres‑ tigiado suficientemente nas classes de língua portugue‑ sa. Por isso vimos desenvolvendo uma pesquisa destinada a demonstrar a importância da seleção lexical adequada, como garantia para a consecução do projeto comunicati‑ vo subjacente ao texto. Para demonstrar sumariamente o processo de investigação, esta comunicação se constituirá da seguinte forma: 1) Explanação da meta da pesquisa que é um estudo do semântico‑estilístico do léxico na produção de efeitos irônicos nos textos. 2) Base teórica na iconicidade verbal e na perspectiva lexicogramatical, com apoio digital. 3) Articulação entre a base teórica e a constituição técnica da ironia. 4) Demonstração da proposta de análise em pe‑ ças textuais. 5) Considerações finais sobre a possibilidade de aplicação das respostas obtidas na orientação discente de leitura e produção textual. Partindo da premissa de que a base representativo‑expressional dos textos tem no plano lexicogramatical seu arcabouço semântico‑estilístico, vi‑ mos fazendo levantamentos auxiliados pela ferramenta do WordSmith Tools que, em seguida, são discutidos com su‑ porte na ferramenta de em que seus cotextos são observa‑ dos, para identificar valores e funções semântico‑estilísticas orientadas para a construção da ironia. Essa pesquisa o obje‑ tivo de subsidiar estratégias didático‑pedagógicas relativas à leitura e à produção de textos, inicialmente, no ensino su‑ perior, mas com vista a sua expansão para os outros níveis de ensino. OS CURSOS DE LETRAS APÓS A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA DA “ERA LULA”: MAPEAMENTO E RUMOS DAVID JOSÉ DE ANDRADE SILVA (UFPR) Resumo de Paper A política expansionista universitária iniciada na primeira gestão do ex‑presidente Luís Inácio Lula da Silva com o pro‑ jeto “Expandir” e o programa de Reestruturação e Expansão Universitária – REUNI marcou um salto de ampliação de va‑ gas federais no ensino superior e o sonhado acesso das po‑ pulações interioranas à universidade. Contudo, a deflagra‑ ção de greves nas Instituições Federais de Ensino Superior – IFES desde de 2011 tem exposto pontos frágeis na política do Ministério da Educação no que concerne à qualidade do tra‑ balho docente e, consequentemente, à atividades de ensi‑ no, pesquisa e extensão que propiciem aos estudantes uma educação plena. Relacionado à este cenário macro, as ins‑ tâncias deliberativas das IFES também possuem grande par‑ cela de responsabilidade no processo decisório de apoio às políticas do MEC e na execução dos projetos que submetem para receber os recursos e implantar as metas pactuadas. O presente trabalho objetiva centrar as discussões sobre o eixo ensino nesse processo de expansão, considerando que é a primeira representação do ensino universitário para a so‑ ciedade pela idealização profissional almejada nos cursos de graduação. Assim, serão apresentados dados relativos aos cursos de Letras criados a partir de 2003 nas IFES, incluindo perfil, condições de oferta, corpo docente e vagas discentes. Será dadaênfase aos cursos de formação de professores, em especial os de Língua Inglesa. A metodologia apoiar‑se‑á na busca virtual de documentos fornecidos pelas instituições e outros canais oficiais do MEC que produzem dados para o tema em pauta. A fundamentação teórica se embasará nas discussões sobre: política linguística, de Rajagopalan (2003, 2005, 2006); formação de professores, de Saviani (2009); for‑ mação de professores de línguas, de Celani (2008), Almeida Filho (2008) e Paiva (2003, 2004, 2005). 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 73 CRENÇAS NO PROCESSO DE ENSINO‑APRENDIZAGEM DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA (ELE) A BRASILEIROS: UMA ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA DA FONOLOGIA DE USO DAVIDSON MARTINS VIANA ALVES (UFRJ) Resumo de Pôster O presente trabalho faz parte do projeto de pesquisa deno‑ minado: Análise do Processo de Ensino/Aprendizagem de Línguas Estrangeiras a Brasileiros – Problemas de Sotaque e de Pronúncia, que, de certo modo, tangencia o tema da in‑ clusão/exclusão social por meio da linguagem e objetiva dis‑ cutir o ensino de Espanhol como língua estrangeira (ELE) sob aspectos fonético‑fonológicos. Nesse processo, os conceitos de prestígio e de estigma, variantes padrão e não‑padrão, pronúncia popular e standard são fortemente evidenciados. Parte‑se do ponto de vista preconizado por Labov (2008) (trad. BAGNO, M. apud CALVET (2002) [trad. MARCIONILO, M.]) de que o objeto de estudo da linguística não é apenas uma língua em particular ou várias línguas, mas a comunidade social vista também sob seu aspecto linguístico. No que tan‑ ge à evolução fonética das consoantes espanholas sabe‑se que durante o século XV já eram perceptíveis notáveis mu‑ danças fonéticas relacionadas ao uso e a significativos ele‑ mentos extralinguísticos. Entretanto, como a língua nun‑ ca interrompe seu fluxo de funções e nem deixa de evoluir, outros fatos linguísticos também atuaram diretamente no sistema e seus efeitos se fizeram sentir, como o que ocorreu com as três sibilantes do espanhol do século XVI que se con‑ centravam em um espaço articulatório reduzido, pelo seu contraste fonético ser pequeno. Nessa perspectiva cita‑se Bybee (2001a), que relaciona a produtividade de um padrão a sua frequência de tipo e de ocorrência, vinculando‑a aos propósitos comunicativos do falante e a sua competência pragmática. Por fim, busca‑se entender a sistematização de determinados modos de falar, bem como a construção de uma imagem identitária dos falantes de Espanhol como Língua Estrangeira. CYBER LOVE: A REPRESENTAÇÃO DE IDENTIDADES MASCULINAS EM SITES BRASILEIROS DE RELACIONAMENTO DEBORA DE CARVALHO FIGUEIREDO (UFSC) Resumo de Paper Segundo van Leeuwen (2008), todas as representações do mundo e do que nele ocorre, sejam elas mais ou menos abs‑ tratas, devem ser interpretadas como representações (ou recontextualizações) de práticas sociais. Nessa linha, utilizo o marco analítico para a análise do discurso de viés crítico proposto por esse autor, assim como os preceitos da Análise Crítica de Discurso e da Linguística Sistêmico‑Funcional, para discutir a recontextualização midiática de elementos chave de uma prática social particular, a busca de uma par‑ ceira amorosa – seus atores, seus papeis e identidades; as ações das quais participam e com que estilos performáticos; os cenários de atuação, as relações de tempo‑espaço, etc. Minha análise também explora, a partir de uma perspecti‑ va das ciências sociais críticas, as conexões entre identida‑ de e consumo, ou o que Bauman (2008) chama de fetichis‑ mo da subjetividade: a representação dos sujeitos sociais como produtos que estabelecem relações comerciais entre si. Mais especificamente, investigo como homens usuários de sites de relacionamento recontextualizam a prática so‑ cial da “busca amorosa” em um gênero discursivo particular: os perfis construídos por usuários de três sites de relacio‑ namento disponíveis no Brasil – Badoo, Par Perfeito e POF (Plenty of Fish). Como esse trabalho faz parte de um projeto de pesquisa em andamento, ainda não há resultados finais a serem apresentados. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 74 CRÍTICA TEXTUAL, LIVRO DIDÁTICO E ENSINO: UMA ABORDAGEM FILOLÓGICA DÉBORA DE SOUZA (UFBA) WILLIANE SILVA COROA (UFBA) Resumo de Paper A Crítica Textual, atividade de restituição dos textos, é uma vertente da prática filológica. Entre uma das preocupações da Crítica Textual está a elaboração de normas editoriais que devem ser utilizadas em transcrições de textos (principal‑ mente literários) para espaços outros (incluindo‑se os livros didáticos). Observando‑se que, em geral, as casas publica‑ doras brasileiras geralmente não preservam a integridade do texto e que os textos transcritos para os livros didáticos apresentam problemas como supressão de trechos, por exemplo, propõe‑se, neste trabalho, observar como tex‑ tos literários aparecem em livros didáticos, de modo geral, adotando como fundamentação teórico‑metodológica os pressupostos da Crítica Textual em que se tem como objeti‑ vo principal a edição e a interpretação de textos. Nessa pers‑ pectiva, observa‑se a importância de uma prática editorial voltada, sobretudo, para o estabelecimento de textos em li‑ vros didáticos, a partir de critérios filológicos, levando‑se em consideração, por um lado, a necessidade de preservação e de transmissão daqueles, e por outro, a responsabilidade e o compromisso da escola na formação de cidadãos competen‑ tes. Nesse sentido, desenvolve‑se uma análise do processo de transmissão de alguns textos literários apresentados em livros didáticos, o que permite fazer uma leitura de que tex‑ tos são oferecidos aos alunos, e de que maneira os mesmos estão expostos. O CAMPO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS DE LICENCIATURA EM LÍNGUA INGLESA NA CIDADE DE BELO HORIZONTE – UMA DESCRIÇÃO POSSÍVEL DÉBORA FERNANDES DE MIRANDA (UFMG) Resumo de Paper O objetivo desta comunicação é apresentar os resultados parciais de uma pesquisa de doutorado sobre o valor do diploma de licenciatura em inglês no contexto contempo‑ râneo, marcado pela massificação do ensino e pela desva‑ lorização da profissão docente (DURU‑BELLAT, 2006; GATTI, BARRETO, 2009). Para o desenvolvimento da pesquisa, foi necessário traçar um cenário do principal campo profissio‑ nal dos professores de inglês em Belo Horizonte: escolas públicas, escolas particulares e cursos de idiomas. Para isso, quatro diretores de cada um desses campos escolares foram entrevistados e questionados sobre os seguintes assuntos: a) o valor do ensino de inglês nas instituições; b) o trabalho do professor de inglês; e c) o perfil do professor de língua in‑ glesa. O que se evidencia nos depoimentos dos diretores das escolas públicas é a distância entre o que seria ideal e o que de fato ocorre nas aulas não somente de língua inglesa, mas também de todas as disciplinas. Fatores como indisciplina e desinteresse por parte dos alunos tornam o ambiente bas‑ tante desafiador para os docentes, que têm adoecido e se ausentado mais. Nas escolas particulares, os depoimentos indicam que o valor e a eficiência da disciplina estão dire‑ tamente relacionados aos objetivos do ensino de inglês na escola pesquisada. Quanto mais difusos, menor o valor da disciplina, mais difícil o trabalho e maior rotatividade de professores. Quanto mais bem definidos, melhor o ensino, melhor o desempenho dos alunos, maior valorização da matéria e permanência prolongada do mesmo professor na escola. Por meio do depoimento dos coordenadores, é possí‑ vel afirmar que a licenciatura em inglês possui importância apenas relativa quando a questão é a seleção de professores para cursos livres. O requisito imprescindível continua sendo a proficiência no idioma. Porém, a tendência nessecampo é o surgimento de mais professores não só fluentes no idioma, mas também formados ou cursando Letras. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 75 O PROFISSIONAL DO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA E O SEU OBJETO DE ENSINO: “DO YOU KNOW WHAT I MEAN?” DEBORA I. BALSEMÃO OSS (UNISINOS) Resumo de Paper Este estudo qualitativo interpretativista tem por referência a pesquisa na área da formação de professores de segunda lín‑ gua (L2) e aspira à melhoria da qualidade de ensino como um todo. De natureza reivindicatória / participatória (Creswell, 2010), os procedimentos investigativos comtemplam a voz do professor de língua inglesa que atua no ensino médio da educação básica brasileira, através das suas narrativas autobiográficas (Paiva, 2009; Kalaja, Menezes e Barcelos, 2008; Bruner, 2004; Johnson e Golombek, 2002; Connelly e Clandinin, 1990) e das relações possíveis de serem depreen‑ didas a partir da análise dos dados gerados por estes profis‑ sionais, pelo pesquisador (Borg, 2006; Clandinin e Connelly, 2000; Freeman, 1998; Moen, 2006; Pavlenko, 2007; Rabelo, 2011). O estudo abraça elementos especificamente relacio‑ nados à cognição dos professores (Borg, 2009, 2006 e 2003) para proporcionar a elevação da consciência dos participan‑ tes do estudo – inclusive a do próprio pesquisador – com vis‑ tas a uma formação coerente com o papel que o professor de L2 do ensino médio pode desempenhar na formação dos jovens. Idealmente, uma formação que vislumbre coerência com as necessidades intelectuais e técnicas da formação de nossos jovens e que abra espaços educacionais que contem‑ plem a diversidade de interesses da parcela jovem da popu‑ lação brasileira, pode contribuir com a promoção de ações sociopolíticas necessárias para a ampliação de opções dos jovens egressos deste nível escolar (Schwartzman, 2010; Castro, Barros, Ito‑Adler e Schwartzman, 2012). A TRADUÇÃO REPRESENTADA: UMA ANÁLISE DE QUESTÕES TRADUTÓRIAS A PARTIR DA RELAÇÃO ENTRE REPRESENTAÇÕES COGNITIVAS, SOCIAIS E PÚBLICAS DE TRADUTORES EM FORMAÇÃO DÉBORA MENDES NETO (UFOP) Resumo de Paper Este estudo apresenta os resultados parciais de uma pesqui‑ sa em andamento que objetiva realizar uma análise acerca de questões tradutórias – definição de tradução, competên‑ cias necessárias à atividade tradutória, papel e status do tra‑ dutor e da tradução na sociedade – a partir da identificação e análise das representações dessas questões por tradutores em formação. Baseando‑se nos conceitos apresentados pela Teoria da Relevância (Sperber& Wilson, 1986/1995), procu‑ ra‑se verificar até que ponto as representações enunciadas por tradutores em formação são observadas nas práticas tradutórias e o nível de consciência desses aprendizes sobre o papel de tais representações na formação de representa‑ ções públicas e no reforço de determinados estereótipos culturais sobre o tradutor e a tradução. A pesquisa tem como outros referenciais teóricos Alves (1996), Gutt (2000), Sperber (2001) e Gonçalves (2006) que, utilizando a Teoria da Relevância, trazem valiosas contribuições para o entendi‑ mento de questões cognitivas pertinentes à tradução; além do aporte de Moscovisci (2000) e Charaudeau (2006), que nos permitirão uma reflexão sob o ponto de vista sociodis‑ cursivo das representações analisadas. A metodologia cons‑ ta de: a) aplicação de um questionário prospectivo, para pa‑ dronização do perfil dos informantes; b) realização de uma atividade tradutória com auxílio dos programas Translog e Camtasia, que possibilitam a documentação das ações dos tradutores; e c) uso de protocolos retrospectivos que, por meio dos comentários sobre as ações documentadas, nos permitirão a análise de possíveis relações entre representa‑ ções explícitas e as tomadas de decisão em determinadas passagens da tarefa de tradução. Espera‑se encontrar atra‑ vés das análises dos registros, marcas implícitas e explícitas de representações mentais que refletirão representações so‑ ciais a respeito da problemática da tradução, que contribui‑ rão para aprofundar questões teóricas e didático‑pedagógi‑ cas na formação do tradutor. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 76 O POTENCIAL DA PLATAFORMA GALANET PARA PRÁTICAS ESCOLARES DE LÍNGUA ESTRANGEIRA E MATERNA DÉBORA SECOLIM COSER (UNICAMP) Resumo de Paper O objetivo dessa comunicação é discutir o papel da inter‑ compreensão entre línguas próximas como potencial ideal para a aprendizagem tanto de língua estrangeira como de língua materna. A partir de postulados correntes sobre mul‑ tiletramentos na literatura pertinente à linguística aplica‑ da, parte‑se para a análise de um contexto específico que fomentaria essas práticas na escola: o uso da plataforma Galanet. Essa plataforma emprega a heterogeneidade e a pluralidade das práticas sociais contemporâneas de leitura e escrita por meio da multiplicidade de linguagens, semioses e mídias nos textos multimodais que nela circulam, e tam‑ bém pela pluralidade e diversidade cultural experenciadas pelos usuários nas interações plurilíngues. O estudo dos ambientes de comunicação mediada por computador da plataforma busca demonstrar que nos encontros intercultu‑ rais promovidos pelo Galanet o ato de aprender e/ou ensinar uma língua no contato com o outro torna‑se um exercício reflexivo, despertando interesses metalinguísticos nos inte‑ ractantes. Destaca‑se, ainda, o refinamento de capacidades discursivas necessárias para o sucesso em eventos interati‑ vos, tais como as de detectar mal‑entendidos e colocar‑se hi‑ poteticamente no lugar do outro durante a interaçãO, capa‑ cidades essas que o processo educional tradicional busca de‑ senvolver nos alunos por meios ultrapassados. Defende‑se que o uso de plataformas que visam a intercompreensão em contextos plurilíngues, como é o caso da Galanet, pode ser pensado tambem como caminho para um novo letramen‑ to que teria impactos qualitativos no ensino de português nas escolas brasileiras, levando‑se em conta contextos reais de aprendizagem e práticas transculturais que os alunos já desenvolvem no seu cotidiano às margens do conteúdo que lhes é passado na escola. O CORPO DIFERENTE EM NARRATIVAS DE SUPERAÇÃO DEBORA SOARES PESSOA (UFV) Resumo de Pôster O corpo concebido como um constructo histórico, social e cultural, meio pelo qual a sociedade se expressa e se cons‑ titui no mundo (BUTLER,2008), muitas vezes acaba sendo docilizado, controlado, disciplinado pelas estruturas e insti‑ tuições (FOUCAULT,1987). O culto ao corpo perfeito se tornou quase uma obrigação, e o corpo que é marcado, de algum modo, pela deficiência ou diferença (o corpo diferente) é, muitas vezes, marginalizado, silenciado e ocultado pelas mí‑ dias. O discurso como modo de ação e interação é o meio pelo qual os indivíduos podem agir e se posicionar sócio‑ ‑historicamente no mundo (FAIRCLOUGH,2003). As práticas discursivas, ao contribuírem para a construção, reprodução, contestação e reestruturação das identidades sociais e po‑ sições do sujeito (FAIRCLOUGH,2001), por um lado, reprodu‑ zem a sociedade, mas por outro, possibilitam o indivíduo a transformá‑la socialmente. Assim, as pessoas que passaram por uma situação, acidente ou doença, que modificou em algum aspecto o seu corpo, ao relatarem suas experiências, resignificam e reconstroem suas identidades e crenças por meio do discurso. O presente trabalho tem por objetivo prin‑ cipal promover reflexões acerca de como o corpo diferente é representado no gênero situacional narrativa de superação à luz da Análise do Discurso Crítica. O corpus é constituído por dez narrativas midiáticas, extraídas do Portal da Superação, produzido para a novela Viver a Vida, da emissora de tele‑ visão Rede Globo. Para a análise das narrativas, utilizou‑se o Sistema de Transitividade(HALLIDY & MATHIESSEN,2004). A análise discursivo‑crítica nos permite compreender me‑ lhor o diferente, além de possibilitar‑nos analisar as relações de poder que são mantidas ou desafiadas, as ideologias evi‑ denciadas no texto e as mudanças sociais que podem resul‑ tar do poder constitutivo e ideológico do discurso. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 77 PARCERIA DA EDUCAÇÃO CONTINUADA E A INICIAL: ENSINO E APRENDIZAGEM DEISE PRINA DUTRA (UFMG) MATEUS EMERSON DE SOUZA MIRANDA (UFMG) Resumo de Pôster O ensino de línguas requer um profissional crítico e reflexi‑ vo e, para isso, é preciso que a formação inicial contribua de forma significativa, preparando os futuros profissionais com autonomia e atitude investigativa (Gimenez e Cristóvão, 2004). Nesse sentido, o projeto de educação continuada que participamos também oferece aos alunos da graduação, a oportunidade de contato com os professores‑alunos (pro‑ fessores de inglês da rede pública de ensino), envolvendo‑os com a realidade educacional dos participantes e, assim, pre‑ parando‑os para o exercício da docência. Para os alunos de graduação este é um momento para serem expostos às dis‑ cussões metodológicas e à prática reflexiva (Dutra e Mello, 2004). Desta forma, o objetivo desta pesquisa é investigar a) o papel do projeto de formação continuada na formação inicial dos alunos do curso de Letras em seus processos de desenvolvimento da identidade como professores, e b) como os professores‑alunos entendem sua colaboração na forma‑ ção inicial dos monitores. Os dados foram coletados através de narrativas escritas pelos alunos da graduação, atuais e ex‑monitores, e questionários respondidos pelos profes‑ sores‑alunos do projeto. Inicialmente, verificamos que o Projeto proporciona aos graduandos maior segurança para atuação em sala e conhecimento de novas técnicas de ensi‑ no baseadas nos textos teóricos indicados pelo projeto, des‑ tacando‑se a importância de basear a prática nas reflexões propostas pela Linguística Aplicada. Os professores‑alunos consideram o contato com os graduandos fundamental, e acreditam colaborar para a construção do perfil profissional dos alunos em formação inicial. A experiência em um progra‑ ma de educação continuada proporciona a reflexão sobre os processos de ensinar e aprender línguas e colabora com o desenvolvimento profissional durante o curso de graduação, envolvendo os alunos de graduação com a realidade educa‑ cional fora da universidade. MÉTODOS RECONSTRUTIVOS NA PESQUISA EM ENSINO DE LÍNGUAS: MÉTODO DOCUMENTÁRIO E ANÁLISE DA CONVERSA DENISE GISELE DE BRITTO DAMASCO (UNB) Resumo de Paper Essa comunicação apresenta o referencial teórico‑meto‑ dológico de uma pesquisa de doutorado da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília que aborda dois eixos: juventude e língua estrangeira. Aproxima‑se do campo da linguagem, pois tratar de língua estrangeira significa tratar de linguagem e língua. Pretende‑se conhecer o/a jovem es‑ tudante e a/o jovem professor/a da rede pública do Distrito Federal que se encontra em escolas específicas de idiomas e entender suas visões de mundo e seu universo. Como percurso metodológico utilizou‑se métodos reconstruti‑ vos de análise de dados qualitativos, a saber: a) o Método Documentário de Ralf Bohnsack na análise de entrevistas em grupos de discussão com jovens estudantes e jovens professores/as de língua estrangeira, cujas bases estão na Sociologia do Conhecimento de Karl Mannheim e b) Análise da Conversa, que se encontra ancorada na Etnometodologia e na Sociolinguística Interacional, a partir de Garfinkel, Traverso e Marcuschi. O Método Documentário e a Análise da Conversa oferecem aportes teórico‑metodológicos para realizar pesquisas no âmbito dos estudos das práticas so‑ ciais, dentre as quais pesquisas educacionais. Pretende‑se apresentar como instrumento de coletas de dados o grupo de discussão a partir de Bohnsack e Weller. Mesmo ciente de que no Brasil, há uma tendência para utilizar o grupo focal em pesquisas qualitativas educacionais, optou‑se pelo gru‑ po de discussão, pois o mesmo favorece a interação entre os/ as participantes e a compreensão das orientações coletivas que surgem dessa interação. Pretende‑se apresentar um exercício metodológico realizado com jovens estudantes de línguas do Distrito Federal durante esta pesquisa doutoral. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 78 OBJETO(S) DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NOS DOCUMENTOS PARAMETRIZADORES DE ENSINO MÉDIO E SUA FILIAÇÃO TEÓRICA: DEFINIÇÕES E IMPLICAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DOCENTE DENISE LINO DE ARAÚJO (UFCG) Resumo de Paper A expressão objeto(s) de ensino tem sido usada recorren‑ temente na área de Linguística Aplicada, todavia carece ainda de uma revisão sistemática capaz de apontar os sen‑ tidos que lhe tem sido imputados. Este trabalho se vincula a uma pesquisa mais ampla na qual se buscou realizar um esboço do estado da arte sobre essa expressão, tendo como escopo os documentos nacionais parametrizadores do en‑ sino médio. Para este trabalho especificamente, apresen‑ tamos a noção de objeto de ensino tal como aparece nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (Brasil, 2006) e nos Fundamentos Teóricos Metodológicos do ENEM e cor‑ relacionamos um dos objetos – escrita – à filiação teórica es‑ boçada, tendo em vista realizar uma reflexão sobre o efeito retroativo desses documentos na formação de professores de português como língua materna. Este trabalho se funda‑ menta no paradigma interpretativo, apoiando‑se na teoria da complexidade, que nos permite realizar uma (re)leitura da noção de objeto de ensino, tal como proposta pela escola de Genebra (Dolz, Gagnon e Decândio, 2010). Trabalhamos na pesquisa como com dados bibliográficos entendidos como documentos/monumentos (Le Goff 1997), recolhidos dos documentos parametrizadores citados. Os resultados ainda em andamento apontam que não há definição do conceito objeto de ensino nos documentos, muito embora vários objetos sejam apresentados, nem sempre os mesmos. A filiação teórica ora faz apagar determinados objetos ora faz surgir outros. Este quadro nos parece potencialmente crítico pelo efeito retroativo (SCARAMUCCI 2004) causado no ensino médio e na formação docente. As principais con‑ tribuições deste trabalho situam‑se na articulação de uma proposta, em fase de construção, de leitura crítica dos do‑ cumentos parametrizadores na formação de professores de português como língua materna. LÍNGUA E CULTURA NO ENSINO‑APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA DENISE MARIA OLIVEIRA ZOGHBI (UFBA) Resumo de Paper A partir da década de sessenta, o ensino de língua estrangei‑ ra ou segunda língua direcionou‑se para uma visão comu‑ nicativa (HYMES, 1994). Neste tipo de abordagem, o aluno passa a ser treinado para usar estratégias de comunicação e analisar o seu próprio discurso, familiarizando‑se com a realidade cultural a qual está sendo exposto. A aprendiza‑ gem de uma língua estrangeira/segunda língua implica na assimilação de uma nova cultura, segundo Ferreira (1998) ou como defende Brown(1987, p.128): “a aprendizagem de uma segunda língua, em alguns aspectos, envolve a aquisição de uma segunda identidade”. Acredita‑se que, trabalhando de modo mais enfático o envolvimento entre língua e cultura dentro e fora da sala de aula, é possível que o aluno venha a produzir uma forma mais eficiente de comunicação em circunstâncias reais de uso, favorecendo a construção do significado, de identidades sociais e o desenvolvimento de um conhecimento compartilhado, procurando ajudar o aprendiz de LE a desenvolver um senso crítico sobre língua e cultura e a se comunicar apropriadamente na língua‑alvo. Em uma perspectiva interculturalista, argumenta‑se afa‑ vor da valorização do saber cultural do aprendiz através da aquisição da cultura estrangeira, a partir do conhecimento da língua e da cultura maternas. Legitimando esta posição, Kramsch (2000) afirma que o entendimento de uma cultura estrangeira requer a colocação desta em relação com a nati‑ va, apresentando uma maneira de pensar mais cuidada so‑ bre a cultura alvo e a de origem. O professor que adota uma posição interculturalista passa a ser definido como um edu‑ cador consciente que constrói o conhecimento junto com o aluno, despertando o seu senso crítico e contribuindo para o seu crescimento como pessoa. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 79 LETRAMENTOS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: DIVERSIDADES E ALTERIDADES NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE LEM ENTRE ALUNOS DE EJA DENISE SILVA PAES LANDIM (USP) Resumo de Paper A finalidade do trabalho é apresentar a investigação realiza‑ da como pesquisa de mestrado sobre as relações de diversi‑ dade e alteridade no processo de ensino e aprendizagem de Língua Inglesa entre alunos de Ensino de Jovens e Adultos. A pesquisa qualitativa de cunho etnográfico adotou como procedimento a observação de aulas de língua inglesa de duas professoras em duas escolas municipais em bairros da periferia da cidade de São Paulo. Além da observação de aulas, ocorrida entre os meses de setembro a novembro de 2012, as duas professoras e alguns alunos participaram de entrevistas semi‑abertas e aplicaram‑se questionários im‑ pressos e online. Com a fundamentação teórica dos estu‑ dos de novos letramentos e multiletramentos (Lankshear, Knobel, Gee, Freebody, Luke, Cope, Kalantzis, Lemke, entre outros) preconizam‑se ensinos e aprendizagens de letra‑ mentos no contexto das transformações sociais, linguísticas e cognitivas advindas do desenvolvimento da sociedade glo‑ balizada e em rede (Castells). Entende‑se que os letramen‑ tos apropriados para o mundo contemporâneo contemplem a variedade e a diversidade de linguagens, discursos, repre‑ sentações e culturas que as novas tecnologias e a globaliza‑ ção têm proporcionado às pessoas. Nessa variedade e diver‑ sidade, encontram‑se múltiplas possibilidades de alteridade, elemento constitutivo de identidades. Nesse sentido, acre‑ dita‑se que o emprego dos multiletramentos pode capacitar os alunos a alcançar os objetivos da educação contemporâ‑ nea: criar acesso à linguagem – sempre em mudança – do trabalho, ao poder e à comunidade, apoiando o engajamen‑ to crítico para que se planejem futuros sociais. O tema se mostra relevante por proporcionar a reflexão diante da cons‑ tatação de que os alunos investigados compõem um grupo de indivíduos a que diversos bens simbólicos, econômicos e culturais, como a própria escolarização, foram restritos. Tal situação se torna ainda mais complexa no contexto das de‑ mandas da sociedade em rede e globalizada. CRENÇAS E EMOÇÕES DE PROFESSORES DE INGLÊS EM SERVIÇO DENIZE DINAMARQUE DA SILVA (UFV) Resumo de Pôster Há cada vez mais trabalhos sendo realizados no Brasil sobre crenças e emoções no ensino e aprendizagem de línguas (Barcelos e Coelho, 2010; Aragão, 2005, 2008; Mastrella, 2002; Mastrella‑de Andrade 2012). Sabe‑se que as crenças são co‑construídas e resultantes das nossas experiências e da interação social (Barcelos, 2006), estando intrinsica‑ mente relacionadas de maneira complexa com a agência do aprendiz, e do professor e com ações que ora facilitam ou di‑ ficultam aprendizagem ou ensino de uma língua estrangeira. Da mesma forma, a emoção está presente na sala de aula de línguas (Wright, 2006; Aragão, 2005, 2008), já que a motiva‑ ção está ligada ao domínio emocional. O presente trabalho busca estabelecer uma correlação entre crenças e emoções de professores. Utilizando questionários semiabertos e en‑ trevistas narrativas gravadas, este estudo, em andamento, procura identificar as crenças e emoções de professores de inglês em serviço e compreender a relação dessas com sua prática, bem como investigar o que esses professores de in‑ glês acreditam e sentem sobre suas práticas atuais de ensi‑ no da língua e como essas crenças e emoções se relacionam. Trata‑se de um estudo qualitativo de cunho exploratório e descritivo que conta com a participação de 12 professores de inglês em serviço de escolas públicas de uma cidade da Zona da Mata de Minas Gerais. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 80 NAVEGANDO CONTRA A MARÉ: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DE DIZERES SOBRE A (NÃO) ADESÃO ÀS REDES SOCIAIS DEUSA MARIA DE SOUZA PINHEIRO PASSOS (USP) Resumo de Paper A popularidade das redes sociais, no Brasil, medida, princi‑ palmente, pelo crescimento acelerado do número de inter‑ nautas adeptos dos vários sites disponíveis, em especial, o Facebook, reflete o alcance desses meios de comunicação e sua pertinência para a configuração das formas de interação humana. Os brasileiros, em especial, ocupam um dos pri‑ meiros lugares no rol dos usuários mais integrados e fami‑ liarizados com o meio, no qual celebram diariamente uma existência “faceboqueana”, alimentando, com disciplina quase inabalável, essa dimensão da sua identidade, afetada, em sua constituição, pelos efeitos discursivos de sua relação com a sociedade na qual se inserem e dos modos de circula‑ ção de seus dizeres. O grande número de adeptos das ditas novas práticas do ciberespaço tende a tornar estranha qual‑ quer manifestação contrária ao reconhecimento da rede so‑ cial como lugar onde se deve estar. Recorrendo à noção de ética como responsabilidade, este trabalho busca investigar, a partir da análise de um corpus composto por entrevistas com alunos de graduação de inglês de uma universidade pú‑ blica de São Paulo, como se enuncia a não‑adesão às mídias sociais. Interessa‑nos, sobretudo, o modo como, no gesto de recusa do pertencimento ao meio, se constrói discursi‑ vamente a exclusão voluntária como alternativa para a ex‑ pressão de singularidades, por meio de uma voz localizada na direção oposta ao imaginário pró‑redes sociais. MULTICULTURALISMO: UMA ANÁLISE DO(S) DISCURSO(S) MULTICULTURAL(IS) DO CANADÁ E DA AUSTRÁLIA DIEGO BARBOSA DA SILVA (UERJ) Resumo de Paper Nestas últimas décadas observamos o crescimento da mi‑ gração e a intensificação da globalização que, favorecendo o contato entre culturas, trouxe e traz uma série de ques‑ tões e desafios de convivência e de reformulação de con‑ ceitos como nacionalismo, cidadania, direitos humanos e sujeito universal. Nossa pesquisa de doutorado visa justa‑ mente pensar estas questões por meio da análise discursiva (PÊCHEUX, 2009 [1975]; ORLANDI, 2007) do multiculturalismo, sobretudo o discurso multicultural da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Para esta apresentação analisamos, a partir da noção de acontecimento discursivo de Pêcheux (1997; 1999), o surgi‑ mento do termo multiculturalismo no Canadá e na Austrália, os primeiros países onde foi utilizado nos anos 1960 e 1970. O que está em jogo e o que não está quando se diz multi‑ culturalismo? O que esses sentidos silenciam? Há paráfrases e deslizamentos em torno desses sentidos? No Canadá, um dos poucos países colonizados por duas metrópoles euro‑ peias, observamos que seu surgimento está relacionado à reivindicação de direitos pela minoria francófona, com a adoção de uma política baseada na ideia de “uma nação mul‑ ticultural, mas bilíngue”. Ambas as histórias desses países, no entanto, estão marcadas pela imigração e povoamento de vasto território, primeiramente feita com europeus e só mais recentemente de maneira significativa com povos de outros continentes. Analisando, pudemos perceber que o surgimento do multiculturalismo nesses países, enquanto acontecimento, está relacionado à colonização e à emigra‑ ção europeiase a uma formação discursiva liberal‑capitalis‑ ta, e não à ideia de aceitação da diferença, sendo seu sentido, portanto, um deslocamento do assimilacionismo cultural. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 81 ATIVIDADES METACOGNITIVAS DE LEITURA EM ESPANHOL ‑ LÍNGUA ADICIONAL EM CONTEXTO ESCOLAR DIEGO DA SILVA VARGAS (UFRJ) Resumo de Paper Esta pesquisa tem como objetivo refletir sobre as leituras realizadas por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental da rede pública do município de Niterói/RJ em aulas de Espanhol, por meio de sua interação com propostas de ativi‑ dades focadas no desenvolvimento de habilidades metacog‑ nitivas. Os principais referenciais curriculares nacionais in‑ dicam que a principal tarefa do ensino de línguas adicionais na Educação Básica é se unir ao ensino de língua materna em busca da ampliação do letramento do aluno. Entretanto, diversos trabalhos já revelaram que o trabalho com a lei‑ tura na escola ainda ensina prioritariamente ao aluno que, enquanto aprendiz, ele deve se comportar como sujeito‑re‑ produtor, por meio da seleção de informação explicitamen‑ te apresentada na linearidade do texto. Acreditamos que os Estudos em Metacognição possam, então, contribuir para a alteração dessa situação, trazendo critérios metodológicos para a elaboração de atividades de leitura que visem colo‑ car o aluno como sujeito de seu processo de construção de significados. Entende‑se como metacognição a capacidade do ser humano de pensar e refletir sobre seus processos cog‑ nitivos, monitorando‑os, regulando‑os e reformulando‑os quando necessário, em função de um determinado objetivo. Em uma atividade escolar de leitura, a metacognição atua principalmente no que se refere à elaboração e flexibilização de hipóteses de leitura e ao estabelecimento de objetivos de leitura. Neste trabalho, então buscamos analisar as respos‑ tas dos alunos dadas a atividades pensadas para o desen‑ volvimento dessas atividades, com o objetivo de entender, por um lado, o processo de leitura desenvolvido na mente do aluno‑leitor, e, por outro, (re)pensar as atividades de lei‑ tura desenvolvidas hoje nos ambientes de educação formal, visando a estruturar novos objetivos para que se possa levar o aluno ao entendimento e à realização de leituras de quali‑ dade de um texto, dentro e fora da escola. “O QUE SIGNIFICA APRENDER INGLÊS PARA VOCÊ?” LICENCIANDOS REFLETINDO SOBRE AFETO E CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES DIEGO FERNANDES COELHO NUNES (FFP/UERJ) Resumo de Pôster Neste trabalho, através de narrativas geradas em ‘conversas exploratórias’ (MILLER, 2001; MORAES BEZERRA, 2007) por meus colegas e por mim, licenciandos em Letras (Português/ Inglês) de uma universidade pública no estado do Rio de Janeiro, apresento reflexões acerca da influencia que o afeto parece exercer no processo de aquisição de uma língua es‑ trangeira e de que forma tal influência interfere no aprendi‑ zado, aproximando ou afastando pessoas, integrando‑as ou causando conflitos (KUSCHNIR, 2003). Além disso, também apresento reflexões sobre a constante construção e recons‑ trução de identidades desses praticantes no decorrer do pro‑ cesso de reflexão sobre o ensino‑aprendizagem de línguas no momento em que contamos estórias (BASTOS, 2004, 2005; MOITA LOPES, 2003). Baseando‑me nos princípios da Prática Exploratória (MILLER, 2001; ALLWRIGHT e HANKS, 2009, inter alia), a busca por entendimentos sobre as questões aponta‑ das é conduzida de forma inclusiva no sentido de envolver todos os praticantes nesse processo. Fundamento‑me, ain‑ da, na teoria sociocultural (VYGOTSKY, 1987, 1994), segundo a qual todo aprendizado acontece situado no social e na histó‑ ria, que permeiam as interações construídas pelo aprendiz e por seu par mais competente. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 82 A IMAGEM MIDIÁTICA: DO PICTÓRICO À REPRESENTAÇÃO SOCIOCULTURAL DINA MARIA MARTINS FERREIRA (UECE) FERNANDO HENRIQUE RODRIGUES DE LIMA (UECE) Resumo de Paper A linguagem imagética se organiza por múltiplos caminhos, muitas vezes entrelaçados por nós, que ora se harmonizam, ora se apertam, ora se desatam. E pela multifacetada rede conceitual, nossa primeira preocupação é delimitar os sen‑ tidos que vamos adotar de imagem, ou seja, figura, visual, pictórico, simbólico e afins desse campo semântico. E, como um campo semântico, seus signos compósitos vão com‑ partilhar a característica “traço delineado”. Esse eixo sêmi‑ co, sem dúvida, não divide a imagem abstrato‑mental da imagem concreto‑externa, já que, ao se pensar em imagem, não se pode separar a percepção mental das figuras exter‑ nas que rodeiam os nossos corredores sociais. Nosso estudo parte do visual midiático, mais especificamente da charge jornalística, cuja natureza figurativa cruza o simbólico para alcançar à imagem‑representação social – representação do mundo exterior constituída pela manifestação simbó‑ lica, alimentada pela charge que, por sua própria natureza, critica e denuncia situações político‑sociais. E é pela análise da imagem charge se alcança a crítica à normatização da di‑ ferença. Enquanto o desenho da charge selecionada – sob a temática da camada de ozônio e seu calor cabonizante mais a relação entre elite e não‑privilegiados – delineia traços grá‑ ficos – imagem figurativo‑pictórica –, vão se construindo imagens simbólicas que se tornam imagens representativas de valores sociais em um espaço político‑histórico. A TRADUÇÃO COMO SISTEMA COMPLEXO ADAPTATIVO DIOGO NEVES DA COSTA (UFRJ) Resumo de Paper Se traduzir é uma realidade póstuma ao mito de Babel, re‑ montando a séculos, seu registro como item pela Modern Language Association Bibliography se faz somente a partir de 1983 sob o nome de “Teoria da Tradução” (GENTZLER. 2009 p.21). E, tendo o campo da tradução um caráter interdisci‑ plinar, pensadores e pesquisadores se apoiaram em diferen‑ tes alicerces teóricos para sua análise, além de abordarem o fenômeno “tradução” de acordo com suas necessidades e interesses. E, ao lado de toda reflexão e produção intelec‑ tual, temos a prática tradutória, muitas vezes observada como independente de toda teoria. Pretende‑se, então, de‑ fender a tradução dentro do paradigma da complexidade, este que observa o mundo organizado como um arquipéla‑ go de sistemas no oceano da desordem (MORIN, 2001, p. 57). Acreditamos que através do paradigma da complexidade po‑ deríamos observar a tradução sem reduzi‑la às suas partes (sistema reducionista) e nem vê‑la de forma excessivamente abrangente (sistema holístico). E, através de exemplos pro‑ venientes tanto da história da tradução quanto de estudos sobre o fenômeno da tradução, defenderemos que sua com‑ posição é feita tanto por circuitos fechados quanto circuitos “caóticos” e imprevisíveis, de forma que estaríamos diante de um sistema complexo adaptativo. Destacaremos ao longo da apresentação, com base em Holland (1995) e Nussenzveig (1999), nove características dos sistemas complexos adapta‑ tivos que nos parecem suficiente para a definição de siste‑ mas dessa natureza e demonstrar que a tradução as possui. Entretanto, não basta apenas defender a tradução como um sistema complexo adaptativo, pretendemos apresentar um uma possibilidade para sua análise com base em Palazzo (1999) que sugerirá a análise por “redes”. Ao final, concluire‑ mos que, a princípio, a tradução corresponde às caracterís‑ ticas dos sistemas complexos adaptativos, sendo este um caminho promissor para a análise desse fenômeno. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 83 POLÍTICA LINGUÍSTICA E O PROFESSOR EM FORMAÇÃO: IMPLICAÇÕES E APLICAÇÕES DJANE ANTONUCCI CORREA (UEPG) Resumo de Paper Este trabalho abaliza‑se nas perdas causadas pela ausência de uma autonomia maior por parte dos professoresmedian‑ te as descrições de situações sociolinguisticamente comple‑ xas e também nas consequentes aplicações e implicações dessas visões no âmbito didático e pedagógico. Trata‑se de um recorte de um estudo maior, em andamento, que discu‑ te a estreita relação que se estabelece entre políticas linguís‑ ticas (RAJAGOPALAN, 2004, 2008, 2009; PENNYKOOK, 2006; MAKONI, MEINHOF, 2006; CALVET, 2007; OLIVEIRA, 2007, 2009) e escrita (BRITTO, 2008; CORREA, 2009a, 2009b, 2011a; 2011b). Utilizando o viés da pragmática (PINTO, 2005, 2009; RAJAGOPALAN, 2010). O objetivo geral do estudo é fazer um levantamento sobre a compreensão atual que os professo‑ res de Língua Portuguesa, em formação na UEPG/PR, têm de língua(gem) atualmente para subsidiar discussões sobre ensino de língua. Os objetivos específicos são: discutir polí‑ ticas linguísticas e averiguar se tais discussões os auxilia a compreender os mecanismos que definem o(s) uso(s) da lín‑ gua(gem); retomar com os professores em formação o fato de que as práticas linguísticas heterogêneas acompanham a evolução sociocultural de todas as línguas do mundo e que os movimentos em direção da homogeneidade linguís‑ tica são determinados por fatos sociais, políticos e históri‑ cos. A hipótese de pesquisa é “a constante discussão sobre os processos históricos, socioculturais, linguísticos e de po‑ líticas linguísticas que envolvem a constituição das línguas propicia maior autonomia para propor estudos, discussões e encaminhamentos pedagógicos, seja sob a égide de uma posição científica, seja de uma proposta intervencionista no campo social e educacional”. Utilizando métodos qualitati‑ vos (TRIVIÑOS, 2009; THIOLLENT, 2009) os resultados até o momento apontam maior visibilidade às indagações, difi‑ culdades e experiências de professores em formação oriun‑ das de situações sociolinguisticamente complexas. POR QUE OLHAR A HISTÓRIA DO ENSINO DE LÍNGUAS? DÖRTHE UPHOFF (USP) Resumo de Paper A comunicação propõe uma reflexão sobre as formas e os possíveis sentidos de se estudar a história dos méto‑ dos de ensino de línguas estrangeiras na formação inicial e continuada de professores da área. Parte‑se, com Hüllen (2000), da observação que o ensino de línguas cultiva uma memória relativamente curta, compreendendo sobretu‑ do o período desde o advento da abordagem comunicativa. Características da prática de ensino anterior a essa marca costumam ser relembradas de maneira bastante esquema‑ tizada, em forma de princípios didáticos como a repetição mecânica de frases isoladas ou a concepção de língua como mero sistema gramatical, que hoje são considerados ultra‑ passados. Constrói‑se, assim, uma visão do passado como uma época de equívocos e enganos metodológicos, à qual é preciso se contrapor para desenvolver uma prática peda‑ gógica competente e eficaz. Na comunicação aqui proposta, sugere‑se um deslocamento desse olhar para a história e a adoção de um enfoque que põe em evidência as condições de produção do ensino, ou seja, o conjunto, sempre variável, de conceitos teóricos, recursos materiais e fatores sociopo‑ líticos, com os quais os professores se defrontam quando articulam o seu ensino. Advoga‑se, dessa forma, uma visão da história que não procura identificar o certo e o errado nas práticas pedagógicas, mas que entende o desenvolvimen‑ to dos diferentes métodos de ensino como tentativas de equacionar os desafios inerentes ao ensino/aprendizagem de um idioma estrangeiro. Para dar subsídio à discussão, se‑ rão analisados os enfoques adotados em diversas obras de referência que apresentam um retrospecto dos métodos de ensino de línguas. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 84 A PROFICIÊNCIA LINGUÍSTICO‑ COMUNICATIVA‑PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: ALINHAVANDO PESQUISAS EM AVALIAÇÃO PARA NOVAS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS NO BRASIL DOUGLAS ALTAMIRO CONSOLO (UNESP) VERA LUCIA TEIXERIA DA SILVA (UERJ) Resumo de Paper A proficiência linguística do professor de língua estrangei‑ ra, entendida na perspectiva da manifestação de um con‑ junto de competências e habilidades e do conhecimento sobre e de uso da linguagem para as finalidades específi‑ cas de ensino e de apoio à aprendizagem, constitui ques‑ tão pertinente para investigações em Linguística Aplicada. Resultados de pesquisas sobre essa proficiência, no âmbito de projetos individuais e coletivos, embasados em dados de contextos de ensino‑aprendizagem de línguas no Brasil e no exterior, e balizados por processos de elaboração e utili‑ zação de três instrumentos de avaliação, a saber, o TECOLI (Teste de Compreensão Oral em Língua Italiana), o TEPOLI (Teste de Proficiência Oral em Língua Inglesa) e finalmente o EPPLE (Exame de Proficiência para Professores de Línguas Estrangeiras), nos permitem relatar, nesta comunicação, um percurso em pesquisas na área de avaliação, com visíveis desdobramentos e implicações para políticas linguísticas no contexto educacional brasileiro. Apontamos, a partir de um acervo de artigos científicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado, questões sobre a validade do EPPLE enquanto um exame de proficiência para professores de línguas, tais como a manifestação do construto em faixas de proficiência, e a viabilidade da avaliação dessa proficiên‑ cia, nas modalidades escrita e oral, e preferencialmente por meio do computador. Tratam‑se de recortes de uma profici‑ ência de caráter complexo, alinhavados em contribuições de um projeto que retoma aspectos de caráter terminológico, teórico e metodológico para a implementação do EPPLE no cenário nacional, contando‑se com um instrumento válido e confiável que atenda aos objetivos de uma avaliação de proficiência linguístico‑comunicativa‑pedagógica de pro‑ fessores embasada em resultados de pesquisas iluminando o construto do exame, bem como as maneiras de utilizá‑lo, tanto em formato presencial como em formato eletrônico. SOBRE A MULHER E AS (DES) IDENTIFICAÇÕES: O FEMINISMO E AS VOZES DE RESISTÊNCIA NA CONTEMPORANEIDADE ÉDERSON LUÍS DA SILVEIRA (FURG) Resumo de Pôster Através de uma análise baseada nos estudos discursivos per‑ cebe‑se que estes não se voltam meramente para o conteú‑ do informacional dos enunciados, mas para o modo como esse conteúdo é enunciado: importa menos o que foi dito, importando mais como foi dito. Assim, o foco no modo de enunciar permite ao analista identificar momentos de ten‑ são, contradição dos dizeres do sujeito. Logo, o questiona‑ mento deve existir através da reflexão que surge a partir da confrontação dos enunciados com as ideologias em circula‑ ção na sociedade. Em relação a estas constatações procura‑ mos exemplificá‑las a partir das formas de discursivização e subjetivação postas em circulação na contemporaneidade pelos discursos feministas. Procuramos também analisar pelo viés dos estudos culturais, principalmente nos estudos como os de Santos (2011), Silva (2000) e Charthier (1990), no que tange ao fenômeno das (des)construções de identida‑ des para analisar como estas noções podem ser percebidas nos discursos feministas enquanto discursos de oposição e resistência aos discursos que tentam se apoderar do corpo da mulher (a partir das regras sociais que se lhe impõem os discursos machistas, por exemplo). Também procura‑ mos atentar para noção de gênero tal como percebida por Schienbinger (2001), que aponta para relações de poder e hierarquia entre os sexos. Finalmente, em todas as áreas de contribuições, seja a AD, sejam os estudos culturais ou os estudos de gênero, podemos perceber a noção de ideologia que atuam na AD dentro das Formações Discursivas e para os estudos culturais e os estudos de gênero como funcionando de diversas maneiras, prescrevendo características e com‑ portamentos aceitáveis para homens e mulheres. Ambos osestudos problematizam essa questão de ideal masculino ou feminino, em que aparecem (nos atos de construção iden‑ titária) situações de afirmação /diferença, de acordo com a (des)identificação com as atribuições de gênero empresta‑ das pela sociedade em discursos de dominação. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 85 PERSPECTIVAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA LINGUÍSTICA APLICADA (LA) NA FORMAÇÃO INICIAL DOS PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA (LI) ÉDINA APARECIDA CABRAL BÜHRER (UNICENTRO) Resumo de Paper O objetivo deste trabalho é provocar uma discussão em torno dos problemas e desafios na formação inicial de pro‑ fessores de língua inglesa (LI) no processo de construção identitária propiciada pela Linguística Aplicada (LA). A base da argumentação é parte constitutiva da pesquisa de dou‑ torado na qual enfatizo a importância da linha de pesquisa de formação de professores de línguas, principalmente da LI, como uma linha de investigação que viabiliza que novos es‑ tudos direcionados a melhoria profissional do professor de línguas sejam realizados. No desenvolvimento da pesquisa focalizo a formação do professor de língua inglesa no con‑ texto do Estágio Curricular Supervisionado fazendo uma breve trajetória da linha de pesquisa de formação de profes‑ sores que deslocou o objeto de pesquisa direcionado à sala de aula para o professor. Não se trata aqui de uma discussão que busca pelas raízes ou pelas minúcias do início da linha de pesquisa no Brasil, mas apresentar perspectivas da LA que posicionam a linha de pesquisa de formação de professores e possibilitam a abertura de oportunidades nos cursos de pós‑graduação em Letras para que tópicos como o que dis‑ cuto na tese possam ser tratados no âmbito dos Estudos da Linguagem e não apenas na área da Educação. Essa aber‑ tura da LA considera o envolvimento do professor formador dos cursos de Letras tanto com aspectos linguísticos quan‑ to com questões pedagógicas, didáticas, sociais, políticas e culturais. Na pesquisa, faço um mapeamento dos estudos sobre a formação de professores de LI no Brasil baseado em Gil (2005), na sequência enfatizo os desafios contemporâ‑ neos dos professores de línguas na sua formação (GIMEMEZ, 2005) a partir das contribuições da Linguística Aplicada (LA) e finalizo com as lacunas e os avanços nos estudos da LA que tratam da formação de professores de LI no Brasil (ORTENZI, 2007). A discussão sobre a linha de pesquisa, formação de professores de LI, traz inúmeras contribuições para que se possa repensar os cursos de graduação e também a própria formação do professor formador. OS DOCENTES DO CURSO DE LETRAS E AS TESES ACERCA DO ENSINO DE GRAMÁTICA EDMAR PEIXOTO DE LIMA (UERN) Resumo de Paper Os discursos que permeiam a sociedade se configuram de modo geral como discurso argumentativo. Essa argumen‑ tação torna‑se mais preponderante quando as discussões abordam a gramática como objeto de ensino da Língua Portuguesa. Portanto, este artigo se propõe a discutir qual(is) a(s) tese(s) que os docentes do curso de Letras de‑ fendem quando discutem o ensino de gramática e, conse‑ quentemente, qual a concepção de gramática a que eles se filiam em suas ações pedagógicas. Esse trabalho está vincu‑ lado ao Programa de Pós‑graduação (PPGL) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), haja vista ter‑ mos participado do Projeto de Cooperação Acadêmica: Disciplinas voltadas às Metodologias de Ensino de Língua Portuguesa (PROCAD). O nosso corpus faz parte das entre‑ vistas realizadas com os docentes do curso de Letras das três IES participantes do referido projeto. Utilizamos como aporte teórico os estudos que envolvem a argumentação (PERELMAN E TYTECA, 2005), as pesquisas realizadas por Neves (2007), Antunes (2003 e 2007) e Geraldi (2006), entre outros autores que nortearão nossas reflexões. Assim, os docentes entrevistados demonstram em seus discursos as teses de que: (i) o professor necessita formar alunos cons‑ cientes de sua posição social e a gramática contribui para o acesso à produção e compreensão dos discursos que circu‑ lam nas práticas sociais; (ii) o domínio da linguagem se con‑ figura como elemento de acesso ao conhecimento, já que orador e auditório influenciam‑se mutuamente nas defesas das teses. Com relação ao que os docentes dizem acerca da concepção de gramática que norteia o ensino na graduação: (i) o ensino de gramática está pautado na norma padrão; (ii) a necessidade do aluno saber manipular os conhecimentos linguísticos na produção de texto; e (iii) a preferência pela gramática descritiva. Acreditamos que com essas discussões podemos ampliar o debate acerca da gramática como obje‑ to de ensino de língua portuguesa na universidade. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 86 A CONSTRUÇÃO DE UM PPC DE LETRAS NA MODALIDADE DE EAD: DESAFIOS E PERSPECTIVAS EDNA MARTA OLIVEIRA DA SILVA (UNINTER) ADRIANA CRISTINA SAMBUGARO DE MATTOS BRAHIM (CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER) Resumo de Paper Em meados dos anos 90, com a disseminação das tecno‑ logias de informação e de comunicação, começam a surgir programas oficiais e formais de EaD por parte das Secretarias de Educação municipais e estaduais, isoladas ou em parce‑ ria com as universidades, com as iniciativas de Formação Continuada de professores da rede pública, dada a deman‑ da da necessidade de formação de professores. Em 2001 o Ministério da educação publica as Diretrizes Curriculares para os cursos de Licenciatura, a partir dos quais as IES pu‑ deram organizar seus projetos pedagógicos e ter um me‑ lhor direcionamento em relação às exigências de formação. Conforme aponta Pinto (2002), a busca por uma nova iden‑ tidade profissional requer esforço conjunto das instâncias institucionais bem como do colegiado dos professores, di‑ recionado para a construção de uma identidade dos cursos de licenciaturas, a partir de uma nova proposta de forma‑ ção docente, fundada na práxis, como lugar de produção da consciência crítica e da ação qualificada. Apoiando‑nos em trabalhos de pesquisadores da área de EaD (BELLONI, 2008; SILVA, 2010; MORAN, MASETTO e BEHRENS, 2000; LÉVY, 1999; OLIANI e MOURA, 2012, entre outros) fomos procurar subsí‑ dios para a construção do Projeto Pedagógico de um curso de Licenciatura em Letras na modalidade a distância que atenda as Diretrizes Curriculares e aspectos da formação inicial de professores, e que também proponha uma pers‑ pectiva contemporânea de EaD, diferente de atuais mode‑ los fordistas (MATTAR, 2012). Assim, este trabalho tem como objetivo apresentar aspectos do processo de elaboração e implementação de um PPC de Letras, mostrando os princi‑ pais desafios encontrados, bem como as perspectivas que se apresentaram no decorrer do processo de construção deste projeto na modalidade de EaD. A AQUISIÇÃO DOS PRONOMES CLÍTICOS DE 3ª PESSOA NA PRODUÇÃO ESCRITA DE BRASILEIROS APRENDIZES DE ESPANHOL: INSTRUÇÃO COM FOCO NA FORMA EDUARDO DE OLIVEIRA DUTRA (UNIPAMPA) Resumo de Paper Neste trabalho investigamos a aquisição dos pronomes clíti‑ cos de 3ª‑ pessoa como forma simples por brasileiros apren‑ dizes de espanhol como língua adicional. Em virtude do caráter predominantemente descritivo das pesquisas exis‑ tentes a respeito da aprendizagem desse aspecto linguísti‑ co (González, 1994; Villalba, 1995; Cruz, 2001 Semino, 2001; Simões, 2010) e dos resultados das pesquisas que caracteri‑ zam essa forma‑alvo de difícil aquisição por brasileiros, op‑ tamos pela investigação do objeto desse objeto de estudo. O contexto de pesquisa é um curso livre de uma universidade pública do sul do Brasil, localizada no interior do Rio Grande do Sul. Os participantes desta investigação foram cinco es‑ tudantes do primeiro semestre de um curso livre. Este estu‑ do éuma pesquisa mista, isto é, uma investigação quanti‑ tativa e qualitativa, na qual a análise dos dados linguísticos é complementada por dados não‑linguísticos. Os dados linguísticos serão gerados a partir de três testes (pré‑tes‑ te, pós‑teste e teste postergado) e apontados por meio de índices numéricos. A coleta desses dados ocorreu através de produções escritas: controladas e livres. Com o propósi‑ to de obtermos os dados não‑linguísticos, faremos uso de informações provenientes de ficha social em que constam informações pessoais e experiências escolares a respeito do processo de ensino/aprendizagem da língua‑alvo. Após o período de coleta dos dados não‑linguísticos, serão obede‑ cidas quatro etapas, a saber: a) leitura das fichas sociais; b) categorização das informações; c) sistematização dos dados não‑linguísticos; d) elaboração de tabelas. Adotamos uma abordagem transversal com a intenção de averiguarmos os efeitos da Instrução com o Foco na Forma (IFF) no que tange à aquisição dos pronomes clíticos do espanhol como forma simples por aprendizes brasileiros, na perspectiva da pesqui‑ sadora canadense Nina Spada (1997, 1999, 2000, 2005, 2010). Os dados estão em processo de análise. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 87 GÊNERO DEBATE NA ESCOLA ELAINE CRISTINA FORTE‑FERREIRA (UFC) Resumo de Paper O gênero debate como objeto de ensino na escola consti‑ tui o centro de nossa atenção nesta pesquisa. Este traba‑ lho, como recorte de nossa tese em andamento, objetiva investigar a maneira como os alunos de ensino fundamen‑ tal constroem o tópico discursivo, ou o desviam, em gêne‑ ros orais, como o debate. Para embasar teoricamente esta pesquisa, apoiamo‑nos nos conceitos de gênero do discurso (BAKHTIN, 1997), no de gêneros escolarizados (SCHNEUWLY E DOLZ, 2004); nos estudos da modalidade oral da língua (MARCUSCHI, 2001; 2003; ANTUNES, 2003; FÁVERO, ANDRADE E AQUINO, 2003; BUENO, 2009); na proposta de sequência didática (DOLZ, NOVERRAZ E SCHNEUWLY, 2004; SWIDERSKI E COSTA‑HUBES, 2009); no de tópico discursivo (BROWN E YULE, 1983; JUBRAN, 1993; 2006; PINHEIRO, 2006). Nosso estudo, que é uma pesquisa‑ação de natureza qualitativa, conta com a participação de uma turma de alunos do 7º ano do ensino fundamental. O processo de coleta de dados apre‑ sentou os seguintes procedimentos: visita à escola e intera‑ ção com os alunos a partir da elaboração de atividades para a produção do gênero debate. Os dados foram registrados em áudio e vídeo. As produções são constituídas de textos orais, elaborados por alunos, a partir da apresentação de te‑ máticas que suscitam discussão por terem a característica de serem polêmicas, o que, no nosso entender, pode ser a base para dar início à produção textual dos alunos, no caso, o debate. A partir desses procedimentos, construímos um corpus em 12 aulas que aconteceram durante o segundo se‑ mestre de 2012. Para este trabalho, entretanto, recortamos apenas duas aulas do corpus para explicitar como aconteceu o desvio de tópico na construção da argumentação durante a produção textual. CRIAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO E PROPOSTAS OFICIAIS PARA O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA ELAINE CRISTINA MEDEIROS FROSSARD (UESC) Resumo de Paper Este trabalho teve como finalidade analisar se a utilização de materiais didáticos e a criação de atividades e material de apoio ao ensino‑aprendizagem de língua inglesa atende aos objetivos estabelecidos pelos documentos oficiais de con‑ cretização curricular para o ensino de língua estrangeira (LE) no Brasil. Tendo como embasamento teórico documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM, 1998), as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM, 2006) e os pressupostos da Linguística Aplicada (LA) e da Linguística Aplicada Crítica (LAC), por meio dos trabalhos de Moita Lopes (1996), Almeida Filho (2002; 2005), Pennycook (1994; 2001), dentre outros, buscou‑se es‑ tabelecer uma relação entre o objeto de estudo e questões da linguagem inseridas na prática social real. Além disso, as contribuições de Bakhtin (1929/1999; 1929/2005; 1979) e Authier‑Revuz (1982/2004; 1990; 1998) também serviram de apoio a este estudo no que tange à análise dos discursos dos professores entrevistados quanto a suas concepções de língua, linguagem e propósitos do ensino de língua inglesa, o que constituiu fator de grande importância para a com‑ preensão dos resultados. A pesquisa foi desenvolvida em 3 escolas públicas de Ensino Médio selecionadas na cidade de Itabuna, estado da Bahia, e propôs‑se uma análise interpre‑ tativa e qualitativa dos dados, que foram obtidos junto aos docentes participantes da pesquisa por meio de questioná‑ rios, entrevistas e análise autorizada de seu planejamento e prática em sala de aula. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 88 (DIS)POSICIONAMENTOS DE PROFESSORES/AS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE FORMAÇÃO PARA A DOCÊNCIA: UMA ANÁLISE CRÍTICO‑DISCURSIVA DE SUBPROJETOS PIBID ELAINE FERNANDES MATEUS (UEL) Resumo de Paper O campo educacional tem sido marcado por transformações que incorporam práticas sociais próprias do neoliberalismo. Assim como na economia global, também políticas educa‑ cionais têm se fundamentado nos ideais de parcerias e redes colaborativas de trabalho como formas de gerenciamento das práticas de ensino. Nessa direção, o MEC lançou em 2007 o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e, como parte dele, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). A alegação de base que se encontra na proposição do Pibid é a de que há um quadro atual na forma‑ ção de professores/as que deve ser alterado – indicando que aquilo que existe não corresponde ao que se deseja – e que a alteração do quadro se faz por meio da relação permanente entre universidades e escolas, isto é, por meio de parcerias. Nesse cenário, as normativas do Pibid reformulam o siste‑ ma posição‑prática associado à formação de professores/as, possibilitando, por um lado, a criação de espaços híbridos com potencial transformador e, por outro, projetanto (dis) posições artificiais, não previstas e não objetivadas nas prá‑ ticas de muitas das instituições de ensino envolvidas e, por esta razão, com potencial regulador. Partindo disso, investi‑ ga‑se, por meio de estudo crítico do discurso, subprojetos na área de Letras/Inglês de cinco Instituições de Ensino Superior, contemplados por Editais Pibid entre 2009 e 2012. O objetivo é explorar princípios de recontextualização ligados a atores sociais, seus papéis e (dis)posições nestas práticas específi‑ cas de formação de professores/as. Os resultados sinalizam (i) posições objetivas flutuantes; (ii) maior flutuação nas po‑ sições dos/as licenciandos/as; (iii) rejeições/apagamentos de (dis)posicionamentos de professores/as da universidade; (iv) (re)posicionamentos vazios para professores/as da edu‑ cação básica. As implicações deste estudo dizem respeito aos modos como diferentes (dis)posicionamentos reprodu‑ zem‑transformam relações institucionalizadas de poder. ENTREVISTAS DA PARTE ORAL DO EXAME CELPE–BRAS: UM ENFOQUE NAS ATITUDES E REAÇÕES DO ENTREVISTADOR ELEONORA BAMBOZZI BOTTURA (UFSCAR) Resumo de Pôster A tendência mercadológica tem impulsionado o interesse pela língua/cultura brasileira intensificando a procura por aprender a língua portuguesa aumentando, consequen‑ temente, o número de instituições públicas e privadas que têm oferecido cursos de português como língua estrangeira (PLE) no mundo.Nesse contexto, é válido ressaltar a crescen‑ te procura de estrangeiros para a obtenção do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe–Bras), oficialmente instituído peloMinistério da Educação em 1994 tendo as inscrições para a obtenção do mesmo aumentado consideravelmente nos últimos anos. Esses elementos propulsores do ensino de PLE e a busca de muitos estrangeiros para se tornarem proficientes em por‑ tuguês, instigam diversos pesquisadores a trabalhar com di‑ ferentes processos que envolvem o ensino‑aprendizagem‑a‑ valiação de línguas estrangeiras.Esta pesquisa busca inves‑ tigar as entrevistas orais da Parte Oral do exame Celpe–Bras. Pretende‑se analisar as entrevistas do segundo semestre de 2012 de um Posto Aplicador de uma universidade do interior paulista, dando enfoque na questão do comportamento do entrevistador e qual impacto este possui no desempenho do candidato. Pesquisas seminais da área estudam tal relação e elucidam a necessidade de realizar estudo detalhado e sis‑ tematizado das variáveis envolvidas na relação entrevista‑ dor/ candidato.Neste trabalho, objetiva‑se analisar a papéis, atitudes e comportamentos dos entrevistadores em intera‑ ção face‑a‑face no exame elucidando possíveis elementos, presentes no discurso do entrevistador, que favoreçam ou prejudiquem o desempenho do candidato. Perguntamo‑nos acerca de qual é a relação que se estabelece na interação, uma vez que a atuação do entrevistador como interlocutor pode implicar no resultado do desempenho e, também, da proficiência do candidato.Pretende‑se, assim, buscar enca‑ minhamentos sobre a validade da avaliação oral em exames de proficiência. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 89 FORMAÇÃO DE PROFESSORES COORDENADORES E GESTORES PARTICIPANTES DA FORMAÇÃO: GRUPO DE REFERÊNCIA ELIANA APARECIDA OLIVEIRA BURIAN (PUC–SP) Resumo de Paper O presente estudo pretende descrever e interpretar o fenô‑ meno da Formação de Professores Coordenadores e Gestores participantes da Formação: Grupo de Referência desenvolvi‑ do em uma Diretoria de Ensino da Capital do Estado de São Paulo durante o ano de 2012. O objetivo é revelar o significado da experiência vivenciada pelos Professores Coordenadores do Ensino Fundamental I e II e do Ensino Médio, atuantes em Escolas da Rede Pública do Estado de São Paulo, participan‑ tes do grupo de Referência da referida Diretoria de Ensino. Os textos para interpretação serão produzidos por meio do relato de experiência dos participantes. O propósito é ofere‑ cer insights sobre como se constitui o fenômeno da forma‑ ção dos Professores Coordenadores e Gestores participantes do Grupo de Referência da diretoria em questão, do ponto de vista dos participantes, e da pesquisadora observado‑ ra. O estudo é embasado na teoria do desenvolvimento de base Vygotskiana, e a metodologia de pesquisa adotada é a Abordagem Hermenêutico‑Fenomenológica, por ser uma abordagem que representa a possibilidade de entrar em contato, descrever e compreender as representações que os participantes fazem sobre a experiência e por favorecer o entendimento da complexidade que o fenômeno da for‑ mação de Professores Coordenadores representa. O estudo Hermenêutico – Fenomenológico (vAN MANEN,1990 e FREIRE, 2006) se dará por meio da interpretação dos relatos de expe‑ riência dos participantes procurando revelar a natureza do fenômeno da formação dos Professores Coordenadores e Gestores participantes do Grupo de Referência desta direto‑ ria possibilitando oferecer contribuições para os interessa‑ dos na área. AVALIAÇÃO EM LÍNGUA INGLESA: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA ELIANA KOBAYASHI (UNICAMP) Resumo de Paper Apresentamos os resultados de uma pesquisa realizada em uma empresa na área de avaliação em língua inglesa rela‑ cionada ao processo seletivo e ao curso de inglês subsidiado aos funcionários. Para tanto, foram utilizados instrumentos, como entrevista com o diretor responsável pela avaliação de língua inglesa dos candidatos a emprego na empresa, ques‑ tionários junto aos funcionários e análise dos testes usados. Os resultados revelam como ocorre a seleção profissional e o acompanhamento dos funcionários que participam do curso, identificando descompassos entre a concepção de linguagem inferida pela entrevista com o diretor e a opera‑ cionalizada nos testes utilizados, assim como entre a esco‑ la que ministra o curso e a empresa. Neste estudo, defen‑ demos que a avaliação de desempenho seria a forma mais adequada para analisar a capacidade de uso da língua nesse contexto empresarial, visto que possibilita avaliar o parti‑ cipante desempenhando atividades que simulam ou repre‑ sentam uma amostra do critério, ou seja, o desempenho alvo subsequente ao teste (Scaramucci, 2004; Clark, 1996; Hamayan, 1995; McNamara, 1996,1997; 2000). Discutimos também que devido às características específicas do uso da língua, a avaliação deveria ser em inglês para propósitos es‑ pecíficos (Douglas 2000; Sullivan, 2006), neste caso, inglês para negócios. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 90 PROGREDIR NA APRENDIZAGEM DE LE NA ESCOLA PÚBLICA: O QUE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II PERCEBEM SOBRE ESSE DESAFIO ELIANE FERNANDES AZZARI (IEL/ UNICAMP) Resumo de Paper Em um contexto educacional que privilegia o paradigma cur‑ ricular, cresce a preocupação em dar voz aos protagonistas da aprendizagem, de modo a compreender suas opiniões e percepções, valorizando o que eles já conhecem e como po‑ dem contribuir para sua tarefa de aprender. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira (PCNs de LE) publicados em 1998, a aprendizagem de uma lín‑ gua estrangeira (LE) é um direito do cidadão. Segundo ainda os PCNs de LE é função da escola garantir, a todo cidadão, o ensino de uma língua adicional de modo que os alunos se‑ jam capazes de atuar na sociedade por meio da criação de significados através do uso dessa LE. Mas de que maneira a visão de ensino de LE na escola pretendida nos PCNs atende às necessidades e expectativas do alunado de hoje? O que é e como é aprender uma LE na escola pública, sob o ponto de vista do aprendiz? Que resultados esses aprendizes esperam atingir após sete anos de aulas de LE? Como esses apren‑ dizes percebem que estão (ou não) progredindo? Estas são questões que motivam nossa pesquisa. Realizando grupos focais e entrevistas individuais com alunos da rede pública em Valinhos, no interior do estado de SP e pesquisando na literatura (Leffa,1991; William e Burden, 1999), levantamos 49 afirmativas que expressam opiniões sobre a ideia cen‑ tral que norteia a pesquisa. Na etapa seguinte, usando o instrumento de pesquisa oferecido pela Metodologia Q, 26 aprendizes do 8º e 9º anos formaram 4 perfis diferentes, de acordo com as opiniões que compartilham/os diferem entre si.Adotando uma visão meta‑cognitivista e sócio‑construti‑ vista da aprendizagem (Williams e Burden,1997), colocamos a perspectiva do aprendiz em pauta esperando que, ao ouvi‑ ‑lo, possamos repensar nossas práticas e currículos escola‑ res entendendo ainda que seja papel da escola fornecer uma educação linguística que contemple os diferentes perfis de alunos, de modo a capacitá‑los para atuar em uma socieda‑ de cada vez mais multiletrada. GÊNEROS TEXTUAIS E APRENDIZAGEM DO TRABALHO DE ENSINAR ELIANE GOUVÊA LOUSADA (USP) Resumo de Paper Nesta comunicação, apresentaremos um recorte de um projeto de pesquisa que visa a estudar a formação dos pro‑ fessores iniciantes de línguas estrangeiras pela perspectiva de algumas das Ciências do Trabalho. Mais especificamente, procuraremos mostrar como o jovem professor se apropria do trabalho de ensinar e constroi sua identidade profissional por meio dos textos que produz em sua situação de trabalho. Nesse sentido, discutiremos, também, o papel que podem exercer os gêneros textuais na aprendizagem da atividade docente. Para tanto, apoiar‑nos‑emos em duas vertentes te‑ óricas que compartilhamos pressupostos do Interacionismo social (Vigotski, 1997, 2009): i) por um lado, o Interacionismo sociodiscursivo (Bronckart, 1999, 2006, 2008; Machado, 2007, 2009), no que diz respeito ao agir profissional e à aná‑ lise das práticas linguageiras em situação de trabalho; ii) por outro lado, a Clínica da atividade (Clot, 1999, 2001, 2008) e a Ergonomia da atividade dos profissionais da educação (Faïta, 2004, 2011; Amigues, 2004; Saujat, 2004), no que diz respei‑ to à formação pelo trabalho e ao trabalho de ensino (Faïta, 2011; Machado, 2004). Após a apresentação do quadro teóri‑ co‑metodológico que orienta nossa pesquisa, mostraremos o contexto em que os dados são coletados, exemplificando os diferentes gêneros textuais que permeiam a atividade profissional dos professores iniciantes. Em seguida, apon‑ taremos os textos usados para esta apresentação, a saber: gravações em áudio de discussões sobre textos escritos pe‑ los professores iniciantes e sobre sua atividade profissional. Dando continuidade, indicaremos o que as análises desses textos revelam sobre a apropriação do trabalho de ensino. Finalmente, teceremos alguns comentários sobre o papel desses gêneros textuais e, portanto, das práticas linguagei‑ ras para o desenvolvimento profissional. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 91 O IDOSO NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUAS ELIANE RIGHI DE ANDRADE (UNICAMP) Resumo de Paper Este trabalho propõe‑se a problematizar as representações de idosos que circulam nos livros didáticos de língua ingle‑ sa no ensino básico, particularmente das coleções didáti‑ cas aprovadas pelo Plano Nacional do Livro Didático, uma vez que esses livros, ao serem selecionados, colocam‑se como recursos de aprendizagem que reúnem qualidades que legitimam sua aprovação e posterior adoção nas esco‑ las. A partir dessas considerações sobre o material didático, procuraremos analisar se há uma preocupação desse mate‑ rial, no discurso didático‑pedagógico que o constitui, com a representação da diversidade sociocultural que constitui as identidades vigentes na contemporaneidade, particular‑ mente focando‑nos nas representações de idoso, uma vez que, com o envelhecimento da população brasileira, tem‑se uma nova organização social, a qual se reflete na formação de novas identidades na contemporaneidade. Procuramos discutir, assim, como os livros didáticos de língua inglesa têm apresentado os idosos aos sujeitos em formação na es‑ cola e as representações que aparecem como regularidades discursivas nesses livros. Nossa investigação se apoia nos estudos discursivos da linguagem, em seu imbricamento com os estudos sociais sobre a identidade e os da psicanálise sobre o sujeito. Como metodologia, utilizaremos também a Análise do Discurso como dispositivo analítico do corpus de pesquisa, construído a partir de recortes discursivos sig‑ nificativos selecionados das diferentes coleções destinadas ao ensino de língua inglesa. Como resultados desse estudo, pretende‑se apontar algumas relações de poder presentes no discurso do livro didático e questionar as representações de idosos que podem remeter a sentidos estabilizados no imaginário social, buscando ressignificar o papel do idoso na atual sociedade, bem como o do livro didático de línguas na formação de identidades do sujeito aprendiz, esboçando, assim, novas possibilidades de sentido para a velhice. A AÇÃO PENAL 470 E A MANIPULAÇÃO DISCURSIVA: REPRESENTAÇÕES DO PROCESSO DO “MENSALÃO” CONSTRUÍDAS POR ENTREVISTADOS ELIANE VELLOSO MISSAGIA (UFSJ) Resumo de Paper Este trabalho objetiva investigar os procedimentos linguís‑ tico‑discursivos utilizados no processo de representações sociais em entrevistas que tratam do julgamento do “mensa‑ lão”, feitas com o ex‑presidente do STF, Carlos Velloso, (Época, 30 de Julho de 2012); com Márcio Thomaz Bastos, advogado de José Roberto Salgado, (ÉPOCA, 6 de Agosto de 2012) e com Eliana Calmon, ministra do STF (Veja, 12 de Setembro de 2012). Buscamos investigar o caráter manipulador, atribuído aos textos midiáticos, tomando como corpus de análise en‑ trevistas publicadas em revistas de informação. Nosso foco centra‑se no processo de manipulação, bem como no jogo entre os interlocutores envolvidos, atentando para a dispu‑ ta de poder em torno dos sentidos que constituem as visões a respeito da corrupção no Brasil, do poder judiciário e das possíveis mudanças resultantes do processo em julgamento. Pretende‑se, portanto, investigar as entrevistas como ins‑ trumentos de constituição da opinião pública, compreen‑ dendo que a aceitação ou recusa das representações veicu‑ ladas nas entrevistas resultam da constituição de enuncia‑ dos relevantes. Nesse sentido, propõe‑se, do ponto de vista metodológico, uma articulação entre a Teoria da Relevância de Sperber e Wilson e a Análise Crítica do Discurso, como procedimento de análise das práticas representacionais. Partimos da noção de Van Dijk (2008) de que a mídia con‑ trola o acesso ao discurso, constituindo‑se como a instância que definirá, dentre outras coisas, quem será entrevistado e, consequentemente, a definição de quem acerca da situa‑ ção social ou política será aceita. Primeiramente, será feita a investigação do papel da linguagem na manipulação dis‑ cursiva, através da descrição de processos inferenciais que nos guiam às possíveis implicaturas pretendidas. Por fim, as representações produzidas a partir das implicaturas de‑ vem ser analisadas para compreendermos o seu funciona‑ mento ideológico, as relações de poder em jogo e o efeito de manipulação discursiva, 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 92 OS EXAMES DE LÍNGUAS E A POLÍTICA LINGUÍSTICA BRASILEIRA PARA A LÍNGUA INGLESA: FOCO NO VESTIBULAR UNICAMP ELIAS RIBEIRO DA SILVA (UNIFAL–MG) Resumo de Paper Nos últimos anos, vários pesquisadores (Schiffman, 1996, 2006; Spolsky, 2004; Shohamy, 2006, 2008; entre outros) têm argumentado que uma análise efetiva da política lin‑ guística de um país ou região deve englobar a descrição das práticas sociais que envolvem as línguas faladas e/ou ensi‑ nadas na comunidade. Esses autores partem do pressupos‑ to de que, frequentemente, a legislação oficial sobre a ques‑ tão linguística não corresponde à real política linguística em vigor na sociedade. Shohamy (2006), especificamente, pro‑ põe que os pesquisadores focalizem o funcionamento dos mecanismos de política linguística, isto é, aqueles dispositi‑ vos que atuam na legitimação de uma determinada língua. Para autora, as placas de trânsito, o vestuário, os materiais didáticos, os exames de línguas etc. são mecanismos ou dis‑ positivos de política linguística na medida em que operam, no interior de práticas sociais, como instâncias de legitima‑ ção de uma língua ou variedade linguística. A partir desse referencial teórico, objetiva‑se, nesta comunicação, discutir o papel da Prova de Inglês do Vestibular Unicamp, entendi‑ do como uma prática social, no funcionamento da política linguística brasileira para a língua inglesa. O material de análise é composto por entrevistas semi‑estruturadas com alunos de um curso pré‑vestibular voltado para o exame de entrada da Unicamp. Trata‑se de uma análise qualitativa na qual são mobilizados os modos de operação da ideolo‑ gia descritos por Thompson (2002). A partir das entrevistas, busca‑se identificar as representações sobre a língua inglesa e sobre o Vestibular Unicamp presentes no imaginário dos participantes da pesquisa. Identificadas essas representa‑ ções, procura‑se, a partir da formulação teórica adotada, de‑ monstrar que o exame da Unicamp atua como instância de reafirmação/legitimação das representações sobre a língua inglesa que circulam na sociedade brasileira, funcionando, portanto, como um mecanismo da política linguística brasi‑ leira paraessa língua. INDIGNADOS: A POSIÇÃO DE DOIS SITES DE NOTÍCIAS SOBRE UM MESMO EVENTO SOCIAL ÉLIDE GARCIA SILVA VIVAN (UNIP/SP ‑ CENTRO PAULA SOUZA / FATEC TATUÍ) Resumo de Paper Este trabalho analisa o discurso de duas mídias jornalísticas online, Folha Online e Portal de Notícias G1, sobre o movi‑ mento anticapitalista “Os Indignados”, e verifica o posiciona‑ mento de ambos. A análise foi fundamentada na teoria de Norman Fairclough (2008 e 2009) Análise do Discurso Crítica (ADC). A ADC considera o discurso como forma de represen‑ tar o mundo, e tem três efeitos construtivos (a construção das identidades sociais, a contribuição para “a construção dos sistemas e crenças” e a formação das relações sociais) acompanhados das três funções da linguagem (identitária, ideacional e relacional). Neste trabalho focamos a função ideacional, que envolve a ideologia do “eu discursivo”. Alem disso, apresentamos os conceitos de representações de eventos sociais, de mídia, de globalização e discurso jornalís‑ tico. O trabalho contextualiza o movimento dos Indignados e a história das organizações das mídias, Folha de São Paulo e Rede Globo. O corpus é composto por 89 matérias, 52 da Folha Online, entre elas 15 colunas, oito matérias exclusivas para assinantes e sete entrevistas, 37 matérias do Portal de Notícias G1 e três vídeos. A análise foi realizada através de leitura minuciosa, buscando evidências que levassem a uma identificação do posicionamento das mídias, verificando a escolha lexical na descrição do movimento. Ao fim da aná‑ lise, percebemos que a Folha Online se posicionou frente ao assunto ao divulgar o movimento, discutindo e explicando o tema, além de trata‑lo de forma global. O Portal de Notícias G1 não esclarece, em sua maioria, o que é o movimento, tra‑ ta‑o como diferentes movimentos dependendo da posição geográfica em que ocorrem as manifestações, não demons‑ tra posicionamento claro, dificultando a compreensão sobre o propósito do movimento. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 93 A PRODUÇÃO DE STOP MOTION CONTRIBUINDO PARA DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES DA ÁREA DE LINGUAGEM ÉLIDI P. PAVANELLI‑ZUBLER (CEFAPRO/SINOP–MT ‑ MEEL UFMT) JOANA RODRIGUES MOREIRA LEITE (UFMT) Resumo de Pôster As Orientações Curriculares da Educação Básica do Estado de Mato (MT) apontam que o conceito de linguagem envolve indivíduo, história, cultura e sociedade em uma relação di‑ nâmica entre produção, circulação e recepção, ricas em sis‑ temas semióticos expressos e registrados ligados intrinseca‑ mente ao modo como o ser humano produz, (re)constrói e (re)significa e sustenta sua práticas sociais. Para atender a essas orientações muitos professores buscam novas meto‑ dologias e formas de trabalhar as diferentes linguagens, nes‑ sa busca por inovação surge – a partir dos projetos de apren‑ dizagem – a possibilidade de trabalhar com Stop Motion que é uma técnica de animação que consiste em fotografar objetos, quadro a quadro, resultando em um vídeo. Os pro‑ fessores sentem‑se motivados a trabalhar com essa técnica quando percebem que, além de ser bastante atrativa, pos‑ sibilita o desenvolvimento de capacidades como leitura e interpretação, vivência e ressignificação de diversas práticas linguísticas e a produção de textos nas diferentes linguagens. Propomos, portanto, neste trabalho apresentar e discutir a utilização da técnica de animação Stop Motion em escolas públicas de MT como possibilidade de desenvolvimento das capacidades da área de linguagem. As discussões propostas são resultados do envolvimento de professores formado‑ res do Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica de MT na formação continuada de pro‑ fessores que, a partir do desenvolvimento de projetos de aprendizagem, sentiram a necessidade de compreensão e aprofundamento da técnica. A utilização desta técnica cer‑ tamente resulta em um maior envolvimento e comprome‑ timento dos alunos que tornam‑se autores em seu processo de aprendizagem. O professor também passa a perceber a necessidade de buscar em sua formação continuada práti‑ cas do letramento digital. Toda essa mobilização de novas práticas resulta em uma aprendizagem mais significativa para todos os envolvidos. ESTRANHANDO A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS ELIO MARQUES DE SOUTO JUNIOR (UFRJ) Resumo de Paper Neste estudo, busca‑se refletir sobre a relevância de um currículo queer na formação inicial de professores de lín‑ guas. A sociedade tem testemunhado um crescimento as‑ sustador da violência homofóbica nas escolas que se agrava mediante a incapacidade de os/as professores/as lidarem com o tema (ABRAMOVAY, CASTRO e SILVA, 2004) (JUNQUEIRA, 2009). Como qualquer discurso, o currículo, ao normalizar e normatizar a sexualidade, legitima ou marginaliza iden‑ tidades (LOURO, 2001) (SILVA, 2003). Assim, a teoria queer surge como uma crítica ao essencialismo com o qual as iden‑ tidades de gênero e sexualidade são encaradas, enfatizando seu caráter performativo (BUTLER, 2001) (LOURO, 2004). Por conseguinte, os sujeitos, que não se adequam à norma he‑ terossexual, estão fadados a ocupar um lugar abjeto na so‑ ciedade (BUTLER, 2003). Uma vez que as identidades são (re) construídas na e pela linguagem, a sala de aula de línguas constitui um espaço privilegiado para abordar a diversidade sexual (MOITA LOPES, 2002). No entanto, a fim de promover uma pedagogização da sexualidade consciente e livre de preconceitos, torna‑se necessário, além de reconhecer a fa‑ ceta erótica da educação (WOOKS, 2001), que os/as profes‑ sores/as compreendam seu papel na formação de cidadãos/ cidadãs refexivos e críticos da realidade. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 94 REMIDIAÇÃO E MULTIMODALIDADE COMO CAMINHOS POTENCIAIS PARA A APRENDIZAGEM: O CASO DO LIVRO DIGITAL “OUR CHOICE” ELIS NAZAR NUNES SIQUEIRA (UNICAMP) Resumo de Pôster A invenção de Gutenberg representou forte impacto no pro‑ cesso editorial na medida em que aumentou a tiragem de produção e promoveu uma consequente redução de tem‑ po e de custo. Todavia, a prática de leitura de textos não foi fundamentalmente alterada, uma vez que cadernos costu‑ rados à mão já existiam e a estrutura de códex se mantinha (CHARTIER, 1998). Já atualmente, a emergência das novas tecnologias da informação e comunicação tem organizado, promovido, incentivado e sustentado, além dos novos mo‑ dos de produção industrial, novas práticas para recepção e produção de conteúdos, participação social e construção do conhecimento. Sobretudo, essa emergência, caracterís‑ tica da contemporaneidade, desenvolve uma reorganização no sistema de mídias (BRIGGS; BURKE, 2004), cujas relações não necessariamente são de competição ou substituição, pois, constantemente, essas mídias coexistem, reconfigu‑ ram‑se de modo a se manter, complementar ou formular um novo uso. Por isso, é inviável tratar as relações existen‑ tes nesse sistema com base em rupturas e isolamentos. Diante desse conceito, o livro digital “Our Choice”, do ativista Al Gore, é exemplo de prática remidiada, pois foi produzido a partir do documentário “An Inconvenient Truth”, também baseado nas ideias do ex‑vice‑presidente. Ademais, o livro digital em questão é constituído por inúmeros gráficos, ví‑ deos, imagens, sons e outras atividades interacionais, de‑ sencadeando, assim, uma leitura influenciada por recursos multimodais. Desse modo, os objetivos deste trabalho são, primeiramente, analisar algumas das especificidades dos processos de remidiação (BOLTER; GRUSIN, 2000) presentes nesse livro e, em seguida, considerando os aspectos vantajo‑ sos que a multimodalidade pode propiciar ao ensino (BRAGA, 2010), identificar e analisar como os recursos multimodais proporcionam experiências e caminhos enriquecedoresà aprendizagem. O PROGRAMA DE LICENCIATURAS INTERNACIONAIS (PLI) E A FORMAÇÃO DE UMA PROFESSORA DE LÍNGUA INGLESA EM TERRAS PORTUGUESAS: IDENTIDADES E INVESTIMENTO NA ERA GLOBAL ELISABETE ANDRADE LONGARAY (FURG) Resumo de Paper O estudo de caso aqui relatado consiste na análise qualitati‑ va de uma série de narrativas curtas elaboradas por uma pro‑ fessora de língua inglesa em formação. Aluna regularmente matriculada no curso de Licenciatura em Letras Português – Inglês de uma universidade federal no extremo sul do Brasil e bolsista do Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI) promovido pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), a participante desta pesquisa faz uso de anotações em diário a fim de expressar seus desejos e aspirações, medos e angústias no que diz respeito à apren‑ dizagem do inglês como língua adicional (LA). Elaborados em língua inglesa e enviados para a pesquisadora por meio eletrônico, os registros mensais produzidos pela bolsista dão conta das experiências vividas por ela enquanto aprendiz de inglês desde os tempos de escola até o presente momento em que atua como bolsista PLI em uma universidade portu‑ guesa. A leitura desses registros revela a construção de iden‑ tidades flexíveis e mutáveis e o desejo de pertencimento a uma comunidade falante de língua inglesa que, nas palavras da própria bolsista, pode lhe conferir maior “status social” (excerto do diário do mês de outubro de 2012). Os conceitos de identidade (Norton, 1995, 2000, 2001), de investimento (Norton, 1995, 2000) e de pesquisa narrativa (Norton e Early, 2011) têm caráter fundamental para esta investigação. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 95 O TRABALHO INTERDEPENDENTE ENTRE A ESCRITA DE UM SCRIPT E A ELABORAÇÃO DE DOCUMENTÁRIOS PARA UMA PARTICIPAÇÃO CIDADÃ EM UMA MOSTRA CULTURAL NO COLÉGIO MILITAR ELIZABETH DE OLIVEIRA CAMELO (UFPE) Resumo de Paper Esta pesquisa objetiva discutir a produção interdependen‑ te (LIBERALI, 20120 na escrita em Língua Inglesa do gênero script de documentário por sujeitos focais de alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental do Colégio da Polícia Militar de Pernambuco para participarem de atividade social (LIBERALI, 2011) – a performance (FUGA & DAMIANOVIC, 2010) de elaboração e apresentação de documentários na Mostra Cultural Anual do referido colégio. Para tanto será discutida a elaboração, aplicação e avaliação de um material didático (CAMELO, 2012) que focaliza na escrita de script de documen‑ tários (LARRÉ, 2012) com base no papel da argumentação (Leitão, 2011; Liberali, 2011; Leitão e Damianovic, 2011) na estruturação da compreensão e produção escrita do gênero (MARCUSCHI, 2008) script de documentário. Esta é uma pes‑ quisa crítica de colaboração (MAGALHÃES, 2009) e os dados construídos revelam que ao elaborar o material didático, a professora‑pesquisadora pôde, por meio da implementação e avaliação do mesmo, rever sua prática pedagógica recons‑ truindo o sentido (Vygotsky, 1933) do papel da linguagem na sua formação docente crítico‑colaborativa (LIBERALI, 2009). Além disso, ao perceber o impacto do material didático à luz da atividade social, a discussão revela o incremento da par‑ ticipação discente na mostra cultural focal. Os resultados indicam que o ensino de língua inglesa que parte de uma perspectiva Sócio‑Histórico‑Cultural (Engestrom, 2012) pos‑ sibilita ao estudante e ao professor se identificarem como participantes ativos nos seus reposicionamentos sociais (DAMIANOVIC, 2012). ATENDENDO AS NOVAS DEMANDAS DO MERCADO DE TRABALHO NO IFRJ ELZA MARIA DUARTE ALVARENGA DE MELLO RIBEIRO (MS) Resumo de Paper A partir da criação dos Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia pelo governo federal, o ‘inglês instru‑ mental’ oferecido como disciplina nos cursos médio‑técnicos, precisa, nem tanto, rever a terminologia do nome da maté‑ ria, mas, principalmente, revisitar os construtos teóricos do ESP (English for Specific Purposes) para reformulação de prá‑ ticas, especialmente no que se refere à análise das necessi‑ dades dos alunos frente às novas demandas do mercado de trabalho contemporâneo e globalizado onde são inseridos. Programas recém lançados pelo governo em parceria com organizações internacionais como o ‘Ciência sem fronteiras’, que estimula o envio de alunos dos Institutos Federais para o exterior com o mínimo de proficiência oral também corro‑ boram a necessidade de colocar os profissionais envolvidos com aprendizagem de língua estrangeira em permanente estado de revisão da análise de necessidades. O presente trabalho tem por objetivo apresentar o resultado do ‘encon‑ tro’ entre (1) as expectativas das as empresas que procuram pelos alunos concluintes em relação às funções que os estu‑ dantes desempenharão em língua estrangeira no período de estágio, com (2) aquilo que para os alunos concluintes é uma exigência inédita e desafiadora a fim de suprir tal lacuna, com foco no que se refere a gêneros orais e, ainda, (3) com as exigências governamentais e de órgãos afiliados quando do interesse dos alunos em participarem dos programas de in‑ tercâmbio cultural. Nessa relação empresa‑governo‑escola, o antigo ‘inglês instrumental’ precisa se aproximar do concei‑ to de ESP, aqui baseado em Hutchinson and Waters (1987), a fim de oferecê‑lo mais eficaz, eficiente e significativamente, colaborando para a formação integral do aluno como profis‑ sional de ponta na sua área de formação. Para tal, busca‑se o diálogo dos gêneros atuais da grade com os que precisam ser incluídos, com foco nos orais, através da constante reno‑ vação de materiais didáticos. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 96 PROFESSOR DE LÍNGUAS COMO SUPERVISOR DE PROGRAMA DE INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: ESCRITA DE RELATÓRIOS E IDENTIFICAÇÕES PSICANALÍTICAS ELZIRA YOKO UYENO (UNITAU) Resumo de Paper O objeto da pesquisa a se relatar é o processo de constru‑ ção identitária do professor da rede de ensino público como supervisor de bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/Capes. Mais precisamente, constitui o processo de construção da identidade do pro‑ fessor‑supervisor de um projeto que se insere no preferido programa e visa ao incentivo à docência de alunos de licen‑ ciatura em Letras. Apresentado o contexto da pesquisa, a percepção de que, a despeito das orientações e procedimen‑ tos a serem assumidos pelos profesores‑supervisores fos‑ sem os mesmos, os projetos conduzidos não produziam os efeitos esperados, sobretudo com relação a adesão dos bol‑ sistas sob sua supervisão, constitiu o problema deflagrador desta pesqisa. A hipõtese para esses desvios foi que ocorria algum procedimento de natureza externa à epistemológica relativa à língua e ao ensino de língua, foco do projeto. Sob o pressuposto de uma concepção de identidade que contem‑ pla processos de subjetivação que compreedem modos de objetivação e modos de subjetivação e processos de identi‑ ficações psicanalíticas, analisaram‑se os relatórios mensais acerca de suas atividades de supervisão das de bolsistas sob sua responsabilidade, relatóros esses que devem entregar ao coordenador do projeto. Objetivou‑se por essa análise perceber indicios de procedimentos que transcendiam aos de natureza epistemológica e aos de natureza pedagógica. Resultados da análise do corpus de pesquisa revelaram su‑ pervisores que, a despeito da dificuldade de ordens variadas que enfrentam não apenas institucionais como a de super‑ visionar sujeitos que, por se subjetivam não mais em uma sociedade verticalizada na qual se interditavam e, por con‑ seguinte, submetiam‑se à hierarquização como a uma bús‑ sola, mas numa sociedade horizontalizada em que tenden‑ cialmente se desbussolamde que fala Forbes, responsabili‑ zam‑se, inventando um novo amor, de que fala Forbes, uma nova forma de supervisionar. POLÍTICAS E PLANEJAMENTO LINGUÍSTICOS: MAPEAMENTO DAS PESQUISAS SOBRE ENSINO DE LÍNGUAS ADICIONAIS NO BRASIL EMANUELLE AVELAR GOMES (UNEB) TAISA PINETTI PASSONI (UNEB) Resumo de Pôster Com a globalização têm‑se um crescimento concomitante de relações entre diferentes culturas, etnias e línguas. Junto com este processo, desponta a necessidade de se discutir as políticas que regem o ensino e aprendizagem do instrumen‑ to agente neste entrosamento entre as diferentes comuni‑ dades, a saber: a língua. De acordo com Calvet (2007), as lín‑ guas existem para servir aos homens e não o oposto. Diante disto, tornam‑se relevantes as decisões que norteiam os processos de ensino‑aprendizagem das línguas no contexto de globalização. Tal perspectiva abrange uma série de ques‑ tões que nos levam a refletir sobre a condição do ensino e aprendizagem de Línguas Adicionais no Brasil. Esta reflexão é imprescindível para os profissionais da área de ensino de línguas, a fim de desvelar os aspectos políticos e ideológi‑ cos que norteiam o seu trabalho. Assim sendo, por meio de revisão bibliográfica de natureza crítico‑interpretativista, o presente estudo apresenta um projeto de iniciação cientí‑ fica que pretende elaborar um mapeamento das pesquisas realizadas nos últimos cinco anos no Brasil, em programas de pós‑graduação constantes na base de dados do sistema CAPES, acerca da política e do planejamento linguísticos em relação às Línguas Adicionais. A partir destas pesquisas, buscamos analisar as relações entre o ensino destas lín‑ guas na escola de Educação Básica brasileira com os aspec‑ tos políticos e ideológicos subjacentes às leis que regem o sistema escolar. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 97 APRENDER A APRENDER, APRENDER A ENSINAR: DESDOBRAMENTOS ÉTICOS, DIDÁTICOS, PEDAGÓGICOS DO CONCEITO DE “AUTONOMIA DO APRENDIZ” EM AULAS DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS ÉRICA SCHLUDE WELS (UFRJ) Resumo de Paper Encontramos as raízes da “Autonomia” aplicada à Educação nas obras de Paulo Freire. É esse teórico que inaugura a Pedagogia crítica em nosso país (ASSIS‑PETERSON, 2001). Como “(...) educar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua constru‑ ção.” (FREIRE, 2007), defendemos a visão de uma Autonomia de raízes políticas, construída eticamente, na relação dia‑ lógica entre mestre e aprendiz. Segundo Nicolaides (2003), a autonomia é destacada como um dos valores mais re‑ levantes no contexto das Leis de Diretrizes e Bases (1996). Nas Diretrizes Curriculares do Curso de Letras (Secretaria de Educação Superior do MEC, 1999), a autonomia é salien‑ tada como prioridade na formação do professor de línguas. No ensino superior, pesquisas geradas na Academia pouco influenciam a realidade escolar (NICOLAIDES, 2003). Além disso, é grande a distância entre muitos dos valores trans‑ mitidos pelo discurso acadêmico, e a necessidade do mer‑ cado de trabalho, caracterizando um cotidiano profissional utilitarista, isto é, o ensino de língua estrangeira como um produto facilmente vendável, longe de uma prática refle‑ xiva (CELANI, 2001). Entre os alicerces da presente pesqui‑ sa, destacamos a revisão conceitual dos conceitos de ética, moral, responsabilidade e liberdade, com vistas à construir um arcabouço teórico interdisciplinar, de caráter indiscipli‑ nar (MOITA LOPES; FABRÍCIO, 2006) O traçado metodológico escolhido privilegia a etnografia, a partir de pesquisas qua‑ litativas (LÜDKE, 1986, MATOS, 2001), com os instrumentos da observação participante (BORTONI‑RICARDO, 2008) e das práticas da pesquisa‑ação. Entendemos que as questões aqui levantadas se incluem no campo atual da Lingüística Aplicada, já que ética, interdisciplinaridade, autonomia, pe‑ dagogia crítica, formação de professores são aspectos que encontram ampla repercussão no mundo, configurando questões de interesse social. PRÁTICA DE PESQUISA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO: UMA PROPOSTA REFLEXIVA ERIKA REGINA SOARES DE SOUZA (UNEMAT) Resumo de Paper Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de um estudo feito na disciplina de Estágio Supervisionado do curso de Letras da UNEMAT – campus Pontes e Lacerda. As constantes contradições entre os discursos dos alunos e suas práticas no estágio, bem como as mudanças no siste‑ ma educacional decorrentes das novas tecnologias de infor‑ mação e comunicação, motivaram os professores da discipli‑ na do Estágio Supervisionado do referido campus a elabora‑ rem um novo projeto político‑pedagógico que adequasse à prática docente a atual realidade educacional. Esse projeto considera o período do estágio como um momento de pro‑ dução reflexiva de conhecimentos, em que a ação é pro‑ blematizada e refletida no contexto presente. Deste modo, considera‑se a pesquisa e a reflexão no ensino de uma lín‑ gua como um dos fatores primordiais na formação inicial do acadêmico. Nesse sentido, a linguagem é concebida como uma prática social, e as pesquisas devem ser desenvolvidas dentro do contexto aplicado (Moita‑Lopes, 2006). Nessa direção, esta pesquisa baseia‑se nos pressupostos teóricos de autores como Donald Shön (1992), Moita‑Lopes (2008), Bortoni‑Ricardo (2008), Vieira‑Abrahão (2011), Pimenta (2002) e Celani (2003). A análise interpretativa, feita com base nos relatórios produzidos pelos alunos, demonstrou que, instigar os alunos estagiários a planejarem as suas aulas a partir de uma problemática, motiva a pesquisa e a reflexão a cerca da sua própria prática visando a busca de possíveis respostas; os dados também revelaram que a pesquisa‑refle‑ xiva resulta em aulas produtivas e interativas. Diante disso, espera‑se que este estudo, a partir do projeto elaborado na disciplina de estágio, contribua com uma formação docente critica e, sobretudo, demonstre a relevância de se pensar em uma prática reflexiva como um dos prováveis caminhos de mudanças de posturas em relação ao ensino de línguas. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 98 VOZES DISCORDANTES NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DA MULHER EM CENAS DE GABRIELA ERINALDO DA SILVA SANTOS (UNEAL) JOSEFA MENDES DA SILVA (UNEAL) Resumo de Pôster Nesse início do século XXI, parece ainda existir uma “guerra dos sexos”, ou melhor, uma luta, mesmo que velada, entre os gêneros masculino e feminino. Sendo assim, deparamo‑nos com a compreensão de que o homem é superior à mulher, e esta tem um papel menor na sociedade, ficando restri‑ ta a atividades do ambiente privado, mesmo com todos os ganhos do feminino no mundo do trabalho. Nessa arena, a linguagem é fator importante para a construção do mascu‑ lino e do feminino, visto que compreendemos que gênero é um constructo. Entendendo dessa maneira, compreen‑ demos que a ficção, através da telenovela, torna‑se impor‑ tante para a reflexão sobre a identidade da mulher, mesmo quando a narrativa acontece há exato um século, no início do século XX. No estudo, analisamos cenas da telenovela da rede de TV Globo, Gabriela, compreendendo a partir da personagem Malvina as vozes discordantes na construção da performance feminina (Austin, 1990; Marcuschi, 2003). A telenovela é uma adaptação do romance “Gabriela cravo e canela”, de Jorge Amado e narra a vida na cidade de Ilhéus (Bahia) no início da década de 1920. Na pesquisa, objetiva‑ mos analisar como os recursos linguísticos e paralinguísti‑ cos utilizados pela personagem Malvina contribuem para subverter os padrões de submissão que foram/são impostos às mulheres. Para a realização deste trabalho, optou‑se pelo método qualitativo (Bortoni‑ Ricardo, 2008). Para funda‑ mentar este estudo, tomamos por base as ideias de Goffman (1964), Marcuschi(2003), Austin (1990), Hoffnagel, (2010), Van Dijk (1998), e outros. As reflexões realizadas possibilita‑ ram‑nos verificar que em suas performances comunicativas, Malvina questiona o fato de ser condicionada a repetir os padrões dominantes e ter seus limites definidos socialmen‑ te, demonstrando interesse de ser protagonista e não seguir o discurso patriarcal construído pelas grandes instituições, reivindicando tratamento igualitário, objetivando dissipar qualquer discriminação em função do gênero. FORMAÇÃO DOCENTE NA CONTEMPORANEIDADE E PRÁTICA TECNOLÓGICA: UMA ANÁLISE LINGUÍSTICA ESTELA SERAGLIO FURRER (ONZE DE MARÇO) Resumo de Paper Esta pesquisa que se encontra em desenvolvimento tem como propósito apresentar uma análise linguística do dis‑ curso docente e discente no que diz respeito ao uso das no‑ vas tecnologias no contexto acadêmico. Os participantes da pesquisa são docentes e discentes do curso de Letras de uma universidade do centro‑oeste. Pressupomos então que a tecnologia se faz presente nas diversas atividades diárias na contemporaneidade. Assim, pensar a formação docen‑ te integrada à prática tecnológica é fundamental nos dias atuais. Nessa direção, a comunicação é mediada, em sua maioria, pelo computador. Em consequência desse cenário, um ambiente linguístico é recriado artificialmente, em que o professor e o material didático são forçados a se integra‑ rem nesse mundo digital (Paiva, 1995). Diante disso, pro‑ pomos verificar se há uma “consonância” acerca da prática tecnológica na formação docente, na opinião de professores formadores e alunos em formação do curso de letras/inglês. Para tanto, utilizamos os construtos teóricos da Linguística Sistêmico‑Funcional com base nos estudos de Halliday (1994) Halliday e Mathiessen (2004), Eggins (1994) e a forma‑ ção de professor de língua estrangeira (Celani, 2003; Paiva, 1996; Moita‑Lopes, 2006; Assis‑Peterson e Cox, 2007). A aná‑ lise linguística será feita com base nos dados coletados por meio de observação e gravação de aulas e entrevistas com os professores e acadêmicos. Os dados serão transcritos, or‑ ganizados e categorizados pela ferramenta computacional WordSmith tools (Scott, 1997). Serão destacados os elemen‑ tos léxico‑gramaticais presentes no discurso dos participan‑ tes relacionados à formação docente e prática tecnológica. Espera‑se, portanto, que este estudo reflexivo contribua com pesquisas futuras na área da Linguística Aplicada (LA) com foco na formação docente e, sobretudo, instigue prá‑ ticas tecnológicas no contexto ensino/aprendizagem de lín‑ guas na contemporaneidade, especificamente “no ambiente de formação docente”. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 99 EM ANGOLA, A LÍNGUA PORTUGUESA DE QUEM É? A INFLUÊNCIA DO DIALETO NSOLONGO NA CONCORDÂNCIA VERBO‑NOMINAL DO PORTUGUÊS DE LUANDA. EUGÉNIA KOSSI (UNIPIAGET) Resumo de Paper O presente trabalho pretende discutir a problemática da fuga à Língua Portuguesa (LP) padrão, que muita gente chama de mau português, para uma que recebe traços dos pressupostos culturais de um povo que tem um passado se‑ cular. Tal memória alimenta uma tradição oral que se traduz na língua oficial com características identitárias próprias das línguas nacionais ou locais. Tendo como foco as várias influ‑ ências linguísticas que o Português de Angola recebe, traça‑ remos uma comparação entre o nsolongo e a língua trazida pelos europeus nas comunidades asolongo de Luanda. Isto, com intuito de provar que um povo respeita as suas raízes e atualiza a Língua de colonização tendo como base o seu contexto pragmático, cultural. Infelizmente, ainda há uma resistência em se reconhecer que tais mudanças não são invasões, mas variações naturais proporcionadas pela gra‑ mática implícita de um povo. Chomsky bem o evidenciou ao definir a gramática universal como sendo “o sistema de princípios, condições, e regras que são elementos ou pro‑ priedades de todas as línguas humanas não meramente por acidente, mas por necessidade – naturalmente, necessidade biológica e não lógica. Assim a GU pode ser entendida como a expressão da “essência da linguagem humana””. A partir de um corpus coletado em comunidades de asolongo, observa‑ mos que, por ter tal língua um plural prefixal, os falantes não reconhecem o plural sufixal da LP permitindo a ocorrência de frases como “os menino foi embora”. Queremos com isso mostrar que, apesar de a LP em Angola seguir uma norma europeia, já existe uma língua portuguesa angolana com manifestações próprias que merecem ser estudadas do pon‑ to de vista científico e social. REPRESENTAÇÕES DE TECNOLOGIA E O PAPEL DA LINGUAGEM NA PERSPECTIVA DE PESQUISADORES DE AMBIENTES VIRTUAIS IMERSIVOS EVALDO CARNEIRO DE MELLO SOBRINHO (UFRJ) Resumo de Paper Este trabalho discute os resultados de uma pesquisa que buscou trazer para o primeiro plano a problematização da própria pesquisa acadêmica – entendida como prática so‑ cial – examinando discursos em trabalhos acadêmicos en‑ volvendo as novas tecnologias de informação e comunica‑ ção. Foi adotada, portanto, uma perspectiva crítica e refle‑ xiva tal como postulada por Moita Lopes (2008), Pennycook (2008) e Rajagopalan (2003). Desta forma, a pesquisa que divulgamos investigou as representações de tecnologia dos pesquisadores de ambientes virtuais imersivos (AVIs) – espe‑ cificamente games, realidade virtual, virtual heritage etc –, assim como seu posicionamento em relação ao entendi‑ mento dessas mídias como novas linguagens. Para tanto, um corpus de dezessete trabalhos – teses de doutorado e dissertações de mestrado produzidas em universidades bra‑ sileiras nas áreas de Engenharia, Computação, Educação e Comunicação – foi analisado utilizando‑se dispositivos da Análise Crítica do Discurso, segundo o modelo tridimensio‑ nal de Fairclough (2001). Recorreu‑se, ainda, a dispositivos defendidos por Orlandi (2010) e Gill (2002). Em uma segun‑ da etapa, nossa interpretação foi confrontada com dados de entrevista e questionários aplicados a um grupo selecionado dentre os autores das pesquisas analisadas. Os resultados evidenciam que alguns pesquisadores, ainda que inseridos em áreas que reivindicam objetividade e “neutralidade cien‑ tífica”, mostram‑se claramente engajados em processos de transformação social. Evidencia‑se também a presença de visões utópicas da tecnologia e, ainda, um grande “silêncio” em relação ao fato de que os AVIs se constituem em novas linguagens produtoras de sentido. Discute‑se, assim, o pa‑ pel dos profissionais das áreas da linguagem nos projetos de desenvolvimento dos AVIs, as relações de poder entre as diversas disciplinas envolvidas nesses projetos interdiscipli‑ nares, e, finalmente, os desdobramentos ideológicos das vi‑ sões utópicas identificadas. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 100 UM OLHAR PARA A IDENTIDADE DO PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA NA EDUCAÇÃO BÁSICA EM REGIÕES DO EXTREMO SUL DA BAHIA EVELLIN BIANCA SOUZA DE OLIVEIRA (UNEB) LUCIANA CRISTINA DA COSTA AUDI (UNEB) Resumo de Pôster Considerando que a identidade não é estanque, ou seja, que ela se reconstitui pelas nossas práticas sociais, enfatizamos a relevância de estudos relacionados aos processos de (re) construção da identidade do professor de Língua Inglesa. Desta forma o presente trabalho, pretende apresentar um projeto de Iniciação Científica que visa realizar estudos sobre a (re) construção da identidade profissional de professores de língua inglesa, e, concomitantemente, pesquisar o per‑ fil dos professores de Língua Inglesa que atuam nas escolas públicas de Educação Básica em dez municípios da Região do Extremo Sul da Bahia, dentro de uma perspectiva funda‑ mentada nos pressupostos da teoria sócio‑histórico‑cultu‑ ral. O projeto constitui‑sede estudos sobre a identidade e levantamento de dados sobre a formação dos profissionais atuantes nas salas de aula de língua inglesa no ensino fun‑ damental e médio na região. Pretende‑se traçar o perfil des‑ tes profissionais e promover a discussão de trabalhos que tratam sobre questões de identidade dos professores, como ela vem sendo formada, como se dá suas crenças e como a sociedade influencia nesse processo de formação identitária. Espera‑se que as ações do projeto venham a possibilitar a formação de profissionais que, conhecedores de suas reali‑ dades, atuem na promoção da cidadania e se tornem, eles mesmos agentes transformadores de suas próprias comuni‑ dades, contribuindo para a formação de políticas públicas e programas na área de educação. DISCURSIVIDADES SOBRE O ENSINO E APRENDIZAGEM DE INGLÊS: O QUE É SER FLUENTE? EVELYN CRISTINE VIEIRA (UFG) Resumo de Paper Esse trabalho tem como objetivo refletir sobre discursivida‑ des no ensino de Inglês como Língua Estrangeira no Brasil, especialmente no que diz respeito ao termo “fluência” e as características atribuídas a esse termo. Nossa preocupação surgiu do uso do termo “fluência” em diferentes âmbitos e como parte de diversos discursos – acadêmico, publicitário, pedagógico – acerca do ensino de idiomas. Inicialmente, propomos pensar a questão da fluência em um contexto mais amplo e não minimizá‑lo a uma única habilidade, como propõe alguns enunciados discursivos do discurso pedagó‑ gico. Portanto, nosso intuito é que ao revisitar os conceitos de fluência nos estudos de Linguística Aplicada, possamos pensar como as discursividades acerca do mesmo são cons‑ truídas e como influenciam o meio em que circulam, ou seja, que efeitos de sentidos retornam a esses lugares discursivos. Os participantes de nossa pesquisa foram alunos e professo‑ res de escolas de idiomas, a fim de que pudéssemos coletar dados que mostrassem discursivamente suas concepções e crenças envolvidas no processo de aquisição de língua ingle‑ sa. O arcabouço teórico da pesquisa se compôs na interface entre a Linguística Aplicada e a Análise Dialógica do Discurso, baseada nos pressupostos do Círculo de Bakhtin, com seus estudos a respeito da natureza da linguagem e seu funcio‑ namento em constante diálogo. Sabemos que tais diálogos ocorrem ininterruptamente no âmbito escolar, na sala de aula de língua estrangeira em específico, no discurso midi‑ ático, no universo acadêmico. Por isso, intentamos verifi‑ car tais relações dialógicas a fim de compreender como são produzidas e, principalmente, que impactos provocam no processo de aquisição de uma língua. Assim, analisaremos com base nos pressupostos teóricos as sequências discur‑ sivas dos envolvidos na pesquisa a fim de problematizar a noção de fluência e o processo de ensino e aprendizagem de Inglês, especificamente no contexto das escolas de idiomas no Brasil. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 101 O IMAGINÁRIO SOCIAL ACERCA DO PROFESSOR: UMA ANÁLISE CRÍTICO‑DISCURSIVA DA SAGA “HARRY POTTER” FABIANO SILVESTRE RAMOS (UFV) Resumo de Paper O objetivo do presente trabalho é investigar, a partir de uma perspectiva social do discurso, a maneira como o professor é retratado na mídia cinematográfica. Proponho‑me a ana‑ lisar a saga Harry Potter, que compreende 08 filmes. Em li‑ nhas gerais, a história da saga se passa na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, centro de referência no meio bruxo no que diz respeito ao ensino de jovens bruxos, para onde eles vão aos 11 anos de idade e saem aos 17, já preparados para o “mercado de trabalho”. A escolha do corpus se justifica pela abrangência da saga no contexto internacional e pelo papel de construção de opinião desenvolvido pela mídia nos dias atuais. Dessa forma, tentar compreender a maneira como o profissional de ensino é retratado em tal contexto nos au‑ xilia na compreensão do imaginário social acerca da figura do professor. Como aporte teórico e instrumental de análise, utilizo a Teoria Social do Discurso, proposta por Fairclough (2001). Segundo o autor, o discurso seria uma forma de prá‑ tica social, um modo de agir sobre o mundo e sobre a socie‑ dade, sendo um elemento da vida social inter‑relacionado a outros elementos (RESENDE e RAMALHO, 2006). Sendo assim, o discurso deve ser considerado tridimensional, sendo essas três dimensões (texto, prática discursiva e prática social) passíveis de análise. Os dados nos revelam a existência de di‑ versos perfis de professores que conflitam, entre si, na maio‑ ria das vezes. Os mais recorrentes são aqueles de professores com instintos paternais, que em diversos momentos deixam transparecer esses instintos na interação com os aprendizes. Um outro perfil recorrente é o de professor autoritário, que impõe medo e não permite nenhum tipo de interação em sala de aula. UMA ABORDAGEM DISCURSIVA DA PRODUÇÃO DE SABERES EM ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO FÁBIO CARLOS DE MATTOS DA FONSECA (PUC–SP) Resumo de Paper Eleger o estágio curricular supervisionado como tema cen‑ tral de pesquisa se deve a uma especificidade muito própria, sua natureza ambígua, híbrida, por estar situado justo no ponto de interseção de dois mundos: o da formação e o da profissão (Brasil, 2008). É um momento duplamente críti‑ co e tenso para os sujeitos nele engajados, posto que, para realizarem as suas atividades, sofrem as coerções de pres‑ crições heterodeterminadas e heterogêneas entre si. Esta pesquisa, mobilizando os protagonistas do estágio curri‑ cular supervisionado (estagiário, orientador e supervisor) pretende lançar alguma luz sobre esta questão. Para tanto, o estudo se inscreve numa perspectiva teórica multidiscipli‑ nar que envolve a Ergonomia da atividade (Ferreira, 2000), a Ergologia (Schwartz, 2002; Schwartz & Durrive, 2007), a Clínica da Atividade (Clot, 2006) e a Análise do Discurso de base enunciativa (Maingueneau, 2008). A proposta de me‑ todologia realiza o cruzamento de dois procedimentos: (a) pesquisa documental de prescritos, a partir da qual serão le‑ vantados os documentos legais que regulam o estágio curri‑ cular supervisionado a fim de se ter acesso as suas múltiplas concepções; (b) prospecção de textos reflexivos sobre a ati‑ vidade no estágio curricular supervisionado, interpelando, por um lado, orientador e supervisor por meio da instrução ao sósia (Faïta, 2005; Clot, 2006) e, por outro, a figura do próprio estagiário, por meio da autoconfrontação (Muniz & Nepomuceno, 2011; Vieira, 2004). É importante frisar que há um interesse específico quanto ao tipo de estágio curricular supervisionado: o que é realizado pelos alunos do Ensino Médio Técnico Integrado em Mecânica e Eletrotécnica do IFRJ. Focalizando o tema do saber sob uma dupla perspec‑ tiva, a da formação e a da profissão, o objetivo geral deste projeto é investigar a atividade de estágio curricular supervi‑ sionado enquanto processo de formação que integra formas heterogêneas de saber. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 102 A MULTIMODALIDADE DO INFOGRÁFICO: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DA GDV FÁBIO NUNES ASSUNÇÃO (UECE) ANTONIA DILAMAR ARAÚJO (UECE) Resumo de Paper Por anos a informação vem sendo transmitida principalmen‑ te através de textos verbais. No entanto, percebe‑se hoje a importância do uso de diferentes modos para a elaboração de textos com sentidos mais completos e acessíveis. Quando diferentes modos semióticos são utilizados na construção de um texto, cada modo contribui com suas próprias carac‑ terísticas para completar o sentido deste. A este fenômeno dá‑se o nome de multimodalidade. Gêneros multimodais já fazem parte do cotidiano, mas os leitores devem estar pre‑ parados para eles, para que possam assimilar seu conteúdo de forma crítica. Assim, é importante que gênerosmultimo‑ dais estejam presentes em ambientes educacionais. Entre eles, destaca‑se o infográfico. O infográfico é utilizado para formatar notícias que não cabem nos limites da enunciação verbal ou fotográfica, como mapas, localização geográfica ou simulação de movimento. Devido à natureza multimodal deste gênero, propõe‑se uma análise sobre ele, realizada se‑ gundo os aportes teóricos da Gramática do Design Visual, de Kress e van Leeuwen (1996). Tal análise tem como objetivo descobrir se este gênero segue os padrões de composição multimodal ocidental, apresentado pelos autores em sua obra. Assim, o presente artigo tem como propósito apresen‑ tar esta análise, focalizando as três funções apresentadas na obra: representacional, interativa e composicional. A análise comprovou que os elementos das funções foram emprega‑ dos na elaboração do infográfico e que este de fato seguiu o padrão de composição multimodal ocidental, apresentado por Kress e van Leeuwen. INGLÊS PARA FINS ESPECÍFICOS: INGLÊS PARA ADVOGADOS FABRÍCIO OLIVEIRA DA SILVA (PUC–SP) Resumo de Paper Uma característica central da abordagem de Línguas para Fins Específicos é a análise de necessidades e, segundo Long (2005), todo e qualquer programa de ensino de línguas deve partir dessa análise. Este trabalho tem por objetivo desen‑ volver uma análise de necessidades de inglês para advoga‑ dos de uma cidade do interior do Estado de São Paulo e da capital paulista, estes últimos alunos de um curso de leitura e um curso de redação jurídica. O arcabouço teórico desta pesquisa em Ensino‑Aprendizagem de Línguas para Fins Específicos está fundamentado, principalmente, nos precei‑ tos de Hutchinson e Waters (1987), Dudley‑Evans e St John (1998) e Ramos (2004), entre outros. Nesta pesquisa qualita‑ tiva com referencial metodológico do estudo de caso, segun‑ do as orientações de Lüdke (1983), Lüdke e André (1986), Gil (1987), Johnson (1992), Stake (1998) e Denzin e Lincoln (1998), foram realizadas quatro entrevistas com dois informantes especialistas, que permitiram levantar informações para a elaboração de dois questionários que foram, então, apli‑ cados ao grupo de participantes, composto por 8 profissio‑ nais de Sorocaba/SP, 17 alunos do curso de leitura e 6 alunos do curso de redação, ambos ministrados na cidade de São Paulo, totalizando 31 participantes. Em razão da carência de pesquisas que busquem levantar as necessidades de inglês de profissionais do Direito, esta pesquisa traz uma contri‑ buição original para a área de Línguas para Fins Específicos e pode auxiliar no melhor entendimento desse contexto de trabalho para profissionais que se envolvem com o ensino de inglês para advogados. Identificando necessidades de aprendizagem e da situação‑alvo os resultados desta inves‑ tigação fornecem dados que permitirão elaborar cursos de inglês para advogados em Sorocaba, bem como avaliar e/ ou (re)desenhar os cursos de inglês jurídicos frequentados pelos participantes. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 103 TECNOLOGIAS DIGITAIS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: EXPERIÊNCIAS HÍBRIDAS FABRÍCIO TETSUYA PARREIRA ONO (USP) Resumo de Paper A reforma do pensamento tida como emergente por Morin (2004), a cultura da convergência discutida por Jenkins (2008), as novas teorias de letramento (SNYDER, KRESS, 2000), multiletramentos (COPE E KALANTZIS, 2000; NEW LONDON GROUP, 1996) e ensino crítico (LANKASHEAR e KNOBEL, 1997; MONTE MOR, 2009 E MENEZES DE SOUZA E MONTE MOR, 2006) apontam um movimento de ressignifição da educação diante das mudanças socioculturais, cognitivas e tecnológi‑ ca. Tendo em vista as questões apontadas por esses autores e considerando que os novos letramentos e multiletramentos reconhecem a multiplicidade de significados pela combina‑ ção de vários modos de comunicação (KRESS e VAN LEUWEEN, 1996,) e encorajam a leitura, a escrita e a comunicação por meio de diversas mídias, gêneros, dialetos e línguas, como também os contextos sociais. Além disso, este encontro hí‑ brido de mais de um meio de comunicação “é um momento de liberdade e libertação do entorpecimento e do transe que eles impõem aos nossos sentidos” (McLUHAN, 1964). Desta forma, centralizo esta discussão na formação continuada de professores de língua estrangeira, tendo como contexto um curso de pós‑graduação latu senso em Estudos Avançados de Língua Inglesa na cidade de São Paulo, com um público formado, em grande parte, por professores do ensino regu‑ lar, da esfera pública e privada. Para tanto, com o objetivo de fomentar discussões e questionamentos acerca do tema e, também, dialogar com as pesquisas realizadas em outros contextos, analiso um elemento multimodal, elaborado por professores em‑serviço da rede pública participantes do cur‑ so. No elemento produzido pelos professores participantes, há uma discussão das teorias dos novos letramentos e mul‑ tiletramentos, indicando um processo reflexivo na (re)cons‑ trução de suas perspectivas teóricas e que poderão refletir em suas práticas de sala de aula. AS MACRO‑ESTRUTURAS NA ATIVIDADE PRÁTICA DO PROFESSOR DE INGLÊS FÁTIMA APARECIDA CEZARIM DOS SANTOS (UNESP–IBILCE, CAMPUS SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, BOLSIS) Resumo de Paper Habilidade em língua inglesa é vista como vital aos paí‑ ses que queiram fazer parte da economia global, havendo, portanto, uma demanda mundial por professores de inglês competentes e abordagens mais eficazes para o desenvolvi‑ mento profissional (BURNS e RICHARDS, 2009). Na perspecti‑ va da teoria sócio‑cultural (VIGOTSKI, 2003), a formação de professores de línguas é compreendida em todos os aspec‑ tos profissionais e em todos os diferentes contextos sociais de atuação (JOHNSON e GOLOMBEK, 2011). Assume‑se que a prática docente é uma atividade que emerge da participa‑ ção nas práticas sociais em sala de aula de línguas, logo, a atividade de ensino de língua estrangeira é socialmente si‑ tuada (JOHNSON, 2009). Tendo a formação de professores de línguas a função de prepará‑los para o mundo profissio‑ nal, torna‑se importante considerar como as atividades dos professores moldam ou são moldadas pelas macro‑estru‑ turas sociais, que constituem a vida profissional do profes‑ sor (JOHNSON, 2009). Com essa exposição conceitual, esta comunicação visa apresentar análise do posicionamento de professores de inglês acerca do efeito das macro‑estruturas institucionais em suas atividades docentes. Os dados são parciais e emergem de dois espaços interligados: a) de um projeto de formação continuada colaborativa com um gru‑ po de professoras de inglês; b) de duas professoras de inglês, participantes de minha pesquisa de doutorado, em anda‑ mento. Todas as participantes atuam em uma rede pública, no ensino fundamental, de uma cidade paulista. A análise de dados deu‑se a partir dos enunciados das participantes e de minha observação em campo. Até o momento, pode‑se constatar que as macro‑estruturas mantêm uma interrela‑ ção relevante com a qualidade do trabalho docente, no que tange a dois importantes aspectos: a) condições emprega‑ tícias; b) recursos materiais, de acordo com o ponto de vista das professoras. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 104 EXPLORANDO O POTENCIAL DA LINGUÍSTICA COGNITIVA PARA A APRENDIZAGEM ONLINE DE PREPOSIÇÕES EM LÍNGUA INGLESA FERNANDA BURATTI PORTAL (UNISINOS) ISA MARA DA ROSA ALVES (UNISINOS) Resumo de Paper Com o crescimento cada vez maior da Educação a Distância (EAD), há a necessidade de (re)formular e (re)avaliar as prá‑ ticas de ensino, a fim de suprir necessidades e interesses da nova era digital. Observa‑se também que os fundamentos teóricos que orientam a prática dos professores podem in‑ fluenciar diretamente nos tipos de resultados alcançados pelos alunos. Além disso,