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Economia Política Internacional

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Economia Política Internacional
- Atores chave: Estado e Mercado
É a existência paralela e a interação recíproca entre esses atores
Casos hipotéticos:
 - Ausência do Estado: 
o mecanismo dos preços e as forças do mercado determinariam o resultado das atividades econômicas; 
em um mundo sem intervenção do Estado, este funcionaria na base dos preços relativos das mercadorias e dos serviços; as decisões teriam a forma da busca do interesse individual.
 - Ausência do Mercado: 
os recursos econômicos seriam distribuídos pelo Estado, ou um seu equivalente; 
o Estado distribuiria os recursos disponíveis de acordo com seus objetivos sociais e políticos, decisões que assumiriam a forma do orçamento estatal.
Ambiguidades da expressão “economia política”:
- Adam Smith e os economistas clássicos: a utilizaram com o sentido do que hoje chamamos de ciência política.
- Gary Becker, Anthony Downs e Bruno Frey: é a aplicação da metodologia da economia formal.
- Outros: usaram a expressão para se referir ao emprego de uma teoria econômica específica para explicar a conduta social: os jogos, a ação coletiva e as teorias marxistas são três exemplos.
Exige-se uma compreensão genérica:
- Processo da mudança social, incluindo-se aí os modos como interagem os aspectos social, econômico e político da sociedade.
Análises:
- De que forma o Estado e seus processos políticos conexos afetam a produção e a distribuição de riqueza, assim como, em particular, o modo como as decisões e os interesses políticos influenciam a localização das atividades econômicas e a distribuição dos seus custos.
- Qual o efeito dos mercados e das forças econômicas sobre a distribuição do poder e do bem-estar entre os Estados e outros atores políticos, e especialmente como essas forças alteram a distribuição internacional do poder político militar.
Observação: 
Nem o Estado nem o mercado são causas primárias;
As relações casuais entre eles são interativas, e na verdade cíclicas.
Charles Kindleberger (1970, p.5):
- Tanto o orçamento do Estado como o do mercado funcionam como mecanismo para a distribuição/alocação de recursos e de produtos.
Gerth e Mills (1946, p. 181-182)
- O Estado influencia profundamente o resultado das atividades do mercado ao determinar a natureza e a distribuição dos direitos de propriedade, assim como as regras que regulam a conduta econômica.
O mercado é uma fonte de poder que influencia os resultados políticos. A dependência econômica cria uma relação de poder que é fundamental na economia mundial contemporânea 
O Estado pode e influencia as forças do mercado
Na época em que vivemos, ambas não funcionam de forma independente
Palavra-chave: inter-relacionamento.
Observação:
Originários do princípio da Europa moderna; com a expansão do mercado, cada vez mais sociedades tornam-se interdependentes economicamente.
Os Estados se baseiam nos conceitos:
- Territorialidade;
- Lealdade;
- Exclusividade.
O Estado tem o monopólio do uso legítimo da força, embora nenhum Estado possa sobreviver por muito tempo sem:
- o consentimento dos grupos sociais mais poderosos;
- a busca por pela garantia os seus interesses.
Os Estados gozam de graus de autonomia variados com o respeito às sociedades das quais participam.
Para o Estado, as fronteiras territoriais são necessárias para a unidade política e a autonomia nacional.
Já o mercado fundamenta-se:
- nos conceitos de integração funcional;
- nas relações contratuais;
- da crescente interdependência de compradores e vendedores.
Para o mercado, é imperativo eliminar todos os obstáculos políticos e de outra natureza ao funcionamento do mecanismo dos preços.
Economia e da política: “a interação recíproca e dinâmica (...) da busca da riqueza e do poder.” (Gilpin, 1975, p.43)
Os mercados constituem certamente um meio de conseguir e de exercer o poder, e o Estado pode ser usado (e é usado) para alcançar a riqueza. Estado e mercado interagem para influenciar a distribuição de poder e riqueza nas relações internacionais.
Os temas da economia política
Enquanto poderosas forças do mercado – o comércio, os fluxos financeiros e os investimentos externos – tendem a ultrapassar as fronteiras nacionais, a escapar ao controle político e a integrar as sociedades, a tendência dos governos é restringir, canalizar e fazer com que a atividade econômica sirva os interesses percebidos dos Estados e dos grupos poderosos que atuam no seu interior.
 - A lógica do mercado consiste em localizar as atividades econômicas onde elas são mais produtivas e lucrativas;
- A lógica do Estado consiste em capturar e controlar o processo de crescimento econômico e de acumulação de capital.
 1º tema:
- Causas e efeitos econômicos e políticos do surgimento de uma economia de mercado.
Análises:
 - Em que condições emerge uma economia global altamente independente?
- Ela promove harmonia entre os Estados nacionais ou provoca conflito entre eles?
- Será necessária a presença de um poder hegemônico para assegurar que Estados capitalistas mantenham relações cooperativas ou poderá essa cooperação surgir espontaneamente do interesse mútuo?
Opiniões:
- Liberais: 
Acreditam que as vantagens de uma divisão internacional do trabalho com base no princípio das vantagens comparativas¹ fazem com que os mercados surjam espontaneamente e promovam a harmonia entre os Estados;
As redes de interdependência econômica em expansão, criam uma base para a paz e para a cooperação no sistema de Estados soberanos, competitivos e anárquicos.
- Nacionalistas:
Acentuam o papel do poder na formação de um mercado de natureza conflitiva das relações econômicas internacionais;
A interdependência econômica precisa ter um fundamento político, criando outra arena para o conflito entre os Estados e aumentando a vulnerabilidade nacional, constituindo um mecanismo que uma sociedade pode usar para dominar a outra.
- Marxistas:
Enfatizam o papel do imperialismo capitalista na criação de uma economia de mercado global.
 Os leninistas: as relações entre as economias de mercado são por sua natureza conflitivas
 Os seguidores de Karl Kautsky: acreditam que as economias de mercado (pelo menos as dominantes) cooperam na exploração conjunta das economias mais fracas.
É alegada ao sistema de mercado, a responsabilidade pela paz e pela guerra, pela ordem e pela desordem, pelo imperialismo e pela autodeterminação, assim como a questão crucial de saber se a existência de uma economia internacional liberal exige a participação de uma economia hegemônica para governar o sistema.
Exemplo: O desafio aos Estados Unidos e à Europa Ocidental representado pelo Japão e outras potências econômicas em ascensão, no fim do século XX.
 2º Tema:
Vinculo entre a mudança econômica e a política.
Análises:
- Quais são os efeitos sobre as relações politicas internacionais e que problemas estão associados ás mudanças estruturais no locus global das atividades econômicas, nos principais setores da economia e nos ciclos da atividade econômica?
- Vice-versa, de que modo os fatores políticos afetam a natureza e as consequências das mudanças estruturais nos assuntos econômicos?
- Os ciclos econômicos e seus efeitos políticos são um fenômeno endógeno (interno) ao funcionamento da economia de mercado ou essas flutuações são devidas ao impacto de fatores exógenos (externos) sobre o sistema econômico, tais como guerra ou outros eventos políticos?
- A instabilidade econômica é ou não a causa de certos distúrbios políticos profundos, como a expansão imperialista, as revoluções políticas e as grandes guerras dos últimos séculos?
Observações: 
As mudanças econômicas sobre as relações políticas internacionais perturbam o status quo internacional.
Relação entre as mudanças estruturais e a crise econômica política internacional
 3º Tema
Significado, para as economias nacionais, de um economia de mercado globalizada.
Análises:
- Quais são as consequências para o desenvolvimento econômico, o declínio e o bem-estar de cadauma dessas sociedades?
- De que modo à economia de mercado mundial afetará o desenvolvimento dos países menos desenvolvidos e o declínio das economias avançadas?
- Quais os seus efeitos sobre o bem-estar interno dos países envolvidos?
- Como afetará a distribuição do poder e da riqueza entre as sociedades nacionais?
- O funcionamento de uma economia mundial tenderá a concentrar a riqueza e o poder ou, ao contrário, contribuirá para a sua difusão?
Opiniões:
Tanto os liberais como os marxistas tradicionais consideram a integração de uma sociedade na economia mundial como um fator positivo para o bem-estar interno e o desenvolvimento econômico.
Liberais:
O comércio é o “motor do crescimento”, embora as fontes internas de desenvolvimento sejam mais importantes, o processo de crescimento beneficia-se grandemente com os fluxos internacionais de comércio, de capital e de tecnologia produtiva.
Marxistas tradicionais:
Acreditam que essas forças externas promovem o desenvolvimento ao destruir as estruturas sociais conservadoras. 
Nacionalistas:
Por outro lado, nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento, os nacionalistas acreditam que a economia de mercado mundial prejudica a economia e o bem-estar internos. Para eles, o comércio é, na verdade, um “motor de exploração” dos seus países, um fator de subdesenvolvimento – no caso das economias avançadas, uma causa do declínio econômico.
Controvérsia/ Palavras-chave:
Papel da economia mundial x distribuição global da riqueza x poder x bem-estar.
A importância do mercado
- Atualmente, a análise da economia de mercado mundial é crítica para as relações internacionais;
- Até mesmo nas sociedades socialistas a chave para o debate econômico é o papel atribuído às forças internas e externas do mercado.
Karl Polanyi aponta que o fator do mundo moderno, ou seja, a chave para o sistema institucionais do século XIX (assim como o da nossa época) são as leis que governam a economia de mercado.
Por outro lado, Karl Marx acentuava a importância do capitalismo ou do modo de produção capitalista como um fator exclusivo, e criativo, do mundo moderno. Segundo Marx e Engels, os traços que definem o capitalismo são a propriedade privada dos meios de produção, a existência de trabalho livre ou assalariado, o lucro como motivação e a tendência para acumular capital.
Esse caráter dinâmico do capitalismo é que transformou todos os aspectos da sociedade moderna, e sua natureza revolucionária do capitalismo reside no fato de o instinto de acumulação da riqueza tem se incorporado ao processo produtivo; o que mudou a face do globo foi à combinação desse sistema econômico com o desejo de adquirir riqueza.
Capitalismo e mercado
- “É o espírito agressivo do capitalismo aquisitivo que dá vida ao sistema de mercado.” (Heilbroner, 1985)
- O mercado que liberou inicialmente essas forças do capitalismo, e depois as canalizou.
- O capitalismo exerce sua influência profunda nas relações sociais e no sistema político por meio do mecanismo de mercado.
- O mercado e o intercâmbio comercial unificam o universo econômico, no entanto, não se pode falar de um modo internacional de produção capitalista. 
Por exemplo: A despeito da emergência da empresa multinacional e das finanças internacionais, a produção e as finanças ainda têm uma base nacional, e, apesar da maior interdependência econômica, poucas economias estão completamente integradas na economia mundial. Além disso, nas ultimas décadas do século XX o bloco socialista, o qual mão privilegia o mercado, aumentou sua participação no mercado global. Portanto o mercado global não se confunde com o sistema capitalista, e é bem maior.
- O dinamismo do sistema capitalista deve-se precisamente ao fato de, estimulado pela motivação do lucro, o capitalista precisa competir para sobreviver em uma economia de mercado competitiva. Na ausência de um mercado, o capitalismo perde sua criatividade e seu vigor essencial.
- O capitalismo não está associado necessariamente ao sistema de trocas no mercado.
- Não há vínculo essencial entre a utilização do mercado livre e a propriedade privada dos meios de produção.
- O conceito de “mercado” é mais amplo do que o de “capitalismo”. 
A essência de um mercado é o papel central dos preços relativos na tomada de decisões para a alocação de recursos. 
A essência do capitalismo é a propriedade privada dos meios de produção e a existência de trabalho livre.
Teoricamente, um sistema de mercado poderia ser comporto por atores públicos e com força de trabalho sem liberdade, como no conceito de socialismo de mercado.
O papel crescente do Estado e dos atores públicos no mercado criou ultimamente uma economia mista de empresa pública e privada. Na prática, porém, o mercado tende a vincular-se ao capitalismo internacional.
“Existem muitas variedades de capitalismo, as quais funcionam de maneira diferente. Será a França, por exemplo, genuinamente capitalista, com 90% do seu setor financeiro e boa parte da sua indústria pesada em mãos do Estado? Como classificar o capitalismo japonês, com o papel tão importante atribuído ao Estado na orientação da economia?”
Ciência e mercado
- Outros pesquisadores identificaram o industrialismo, a sociedade industrial e/ou o desenvolvimento da tecnologia científica como características da vida econômica moderna.
- A ciência é uma criação intelectual resultante da curiosidade humana e da tentativa de compreender o universo. Contudo, sem uma demanda por maior eficiência e novos produtos, o estímulo para explorar a ciência e para desenvolver inovações tecnológicas seria muito menor. 
- Embora o progresso científico aumente o suprimento potencial de novas indústrias e novas tecnologias, é o mercado que produz a demanda necessária para que essas tecnologias sejam criadas.
- O papel crucial do mercado, ao organizar e ao promover a vida econômica, justifica nosso enfoque no mercado, assim como as implicações da interdependência econômica nas relações internacionais.
3. As consequências econômicas do mercado.
- Embora o conceito de “mercado” seja abstrato, a economia de mercado é aquela em que bens e serviços são intercambiados na base de preços relativos.
P.s.: no mercado as transações são negociadas e os preços determinados

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