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Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 121 AULA 00: Princípios constitucionais relativos aos direitos políticos e organização da Justiça Eleitoral SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO ................................................................................. 2 2. CRONOGRAMA .................................................................................... 4 3. INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL ..................................... 7 4. DIREITOS POLÍTICOS: SUFRÁGIO, VOTO E ESCRUTÍNIO ... 15 5. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS RELATIVOS AOS DIREITOS POLÍTICOS .............................................................................................. 19 5.1 NACIONALIDADE .................................................................................................................... 20 5.2 ELEGIBILIDADE ...................................................................................................................... 31 5.3 PARTIDOS POLÍTICOS ................................................................................................. 42 6. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA ELEITORAL .............................................. 52 7. TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL ............................................ 53 8. DOS TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS ............................... 76 9. DOS JUÍZES ELEITORAIS ............................................................... 88 10. DAS JUNTAS ELEITORAIS: ........................................................ 90 11. RESUMO DA AULA ...................................................................... 94 12. QUESTÕES COMENTADAS ..................................................... 107 13. REFERÊNCIAS ............................................................................ 121 Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 121 1. Apresentação Bem vindos ao curso de Direito Eleitoral, preparatório para o concurso de Analista Judiciário – Área Judiciária – do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais. A data provável de aplicação da prova é dia 14.04.2013. A prova será elaborada e aplicada pela CONSULPLAN. A CONSULPLAN é uma empresa privada, com sede em Minas Gerais, que tem larga experiência em aplicação de concursos de âmbito municipal. Em se tratando de tribunais, a empresa realizou poucos concursos. Vamos analisar ao longo de nosso curso o máximo de questões possíveis desses concursos, sem esquecer, por óbvio, as questões relativas aos tópicos mais relevantes cobrados por outras bancas quando as da CONSULPLAN não forem suficientes. Para o cargo de analista a remuneração é de R$ 6.611,39. Hoje eu estou aqui desse lado, tentando passar o caminho das pedras pra você, mas lembre-se de que eu já estive aí, onde você está agora. Pra você me conhecer melhor, vou falar um pouco de mim. Meu nome é Daniel Mesquita, sou formado em Direito pela Universidade de Brasília (UnB) e pós-graduado em direito público. A minha vida no mundo dos concursos teve início em 2005, quando me preparei para o concurso de técnico administrativo – área judiciária – do Superior Tribunal de Justiça. Já nesse concurso, obtive êxito e trabalhei por dois anos no Tribunal, na assessoria de Ministro da 1ª Turma. Em seguida, passei para o concurso de analista do Tribunal Superior Eleitoral (CESPE/UnB), na quarta colocação. Nessa Corte, fui lotado na Corregedoria Geral e, em seguida, na assessoria de um dos Ministros que compõem o TSE. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 121 Uma das muitas vantagens de se trabalhar em um tribunal como o TSE é que você consegue organizar seu tempo para continuar estudando cerca de 6 horas por dia. A partir daí, meu estudo foi focado para as provas de advogado público (AGU, procuradorias estaduais, defensorias públicas etc.), pois sempre tive como objetivo a carreira de Procurador de Estado ou do Distrito Federal. Nem tudo na vida são louros. Nessa fase obtive muitas derrotas e reprovações nos concursos. Desanimei por algumas vezes, mas continuei firme em meu objetivo, pois só não passa em concurso quem pára de estudar! E essa atitude rendeu frutos, logo fui aprovado no concurso de Procurador Federal – AGU. Continuei estudando, pois ainda faltava mais um degrau: Procuradoria de Estado ou do Distrito Federal. Foi então que todo o suor, dedicação, disciplina, renúncia e privações deram o resultado esperado, logrei aprovação no concurso de Procurador do Distrito Federal. Tomei posse em 2009 e exerço essa função até hoje. Atualmente sou Presidente da Associação dos Procuradores do DF. Não posso deixar de mencionar também a minha experiência como membro de bancas de concursos públicos. A participação na elaboração de diversas provas de concursos, inclusive para tribunais, me fez perceber o nível de cobrança do conteúdo nas provas, as matérias mais recorrentes e os erros mais comuns dos candidatos. Vamos tomar cuidado com os erros mais comuns, aprofundar nos conteúdos mais recorrentes e dar a matéria na medida certa, assim como um bom médico prescreve um medicamento. Para que esse medicamento seja suficiente, ele deve atacar todos os sintomas e, ao mesmo tempo, deve ser eficiente contra o foco da doença. Isso quer dizer que não podemos deixar nenhum ponto do edital para Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 121 trás, mas devemos focar nas matérias mais recorrentes nos concursos para tribunais eleitorais. Além disso, não preciso nem mencionar que o direito eleitoral é a disciplina fundamental para o concurso do TRE-MG. É por isso que você está aqui agora! Num concurso com tantos inscritos, você não pode perder tempo e deve lutar com as armas certas. A principal arma para você vencer essa batalha é o planejamento. 2. Cronograma Nesse curso serão ministradas 10 aulas de direito eleitoral, uma a cada semana, cada uma com os seguintes temas: Aula 00 (01/11/2012) Conceito e fontes Princípios e normas constitucionais relativos aos direitos políticos, nacionalidade e aos partidos políticos, de que tratam os Capítulos III, IV e V do Título II da Constituição de 1988 em seus arts. 12 a 17. Lei n.º 4.737/65 (Código Eleitoral) e alterações posteriores. Organização da Justiça Eleitoral: composição e competências; Ministério Público Eleitoral: atribuições. Aula 01 (08/11/2012) Alistamento eleitoral: (Resolução TSE n.º 21.538/03, publicada no Diário da Justiça da União de 03 de novembro de 2003 e alterações posteriores); Ato e efeitos da inscrição, transferência e encerramento. Cancelamento e exclusão do eleitor; Revisão Eleitoral; Domicílio eleitoral. Aula 02 (15/11/2012) O dever eleitoral (voto): sanções ao inadimplemento, isenção, justificação pelo não comparecimento à eleição. Privilégios e garantias Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícioscomentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 121 eleitorais (aspectos gerais, liberdade no exercício do sufrágio, fornecimento gratuito de transporte, em dias de eleição, a eleitores residentes nas zonas rurais - Lei n.º 6.091/74 e alterações posteriores). Direito de resposta. Apuração nas Juntas Eleitorais, nos Tribunais Regionais e no Tribunal Superior Eleitoral. Aula 03 (22/11/2012) Partidos políticos (Lei n.º 9.096/95 e alterações posteriores): conceituação, natureza jurídica, criação e registro, funcionamento parlamentar, programa, estatuto, filiação, fidelidade e disciplina partidárias, fusão, incorporação e extinção, finanças e contabilidade, fundo partidário, acesso gratuito ao rádio e à televisão. Processo de perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa e de justificação de desfiliação partidária (Resolução TSE n.º 22.610/2007). Aula 04 (29/11/2012) Elegibilidade: conceito e condições. Inelegibilidade (Lei Complementar n.º 64/90 e alterações posteriores): conceito, fatos geradores de inelegibilidade e desincompatibilização. Registro de candidatura: pedido, substituição, cancelamento, impugnação (Constituição, Lei n.º 9.504/97 e Lei Complementar n.º 64/90) Aula 05 (06/12/2012) Eleições (Lei n.º 9.504/97 e alterações, Lei n.º 4.737/65 (Código Eleitoral) e alterações posteriores). Sistema eleitoral: princípio majoritário e proporcional, representação proporcional. Coligações. Convenções para escolha de candidatos. Arrecadação e aplicação de recursos nas campanhas eleitorais. Prestação de contas das campanhas eleitorais. Pesquisas eleitorais. Sistema eletrônico de votação e da totalização dos votos. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 121 Aula 06 (13/12/2012) Propaganda eleitoral. Propaganda eleitoral antecipada e propaganda irregular. Representação por propaganda eleitoral irregular (Lei n.º 9.504/97). Aula 07 (20/12/2012) Diplomação dos eleitos: natureza jurídica, competência para diplomar e fiscalização. Aula 08 (31/01/2013) Recursos eleitorais: cabimento, pressupostos de admissibilidade, processamento, efeitos e prazos. Abuso de poder, corrupção e outros ilícitos no processo eleitoral. Investigação Judicial Eleitoral (Lei Complementar n° 64/90 e alterações posteriores). Condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais (Lei n.º 9.504/97). Doação de recursos para campanhas eleitorais acima do limite legal (Lei n.º 9.504/97). Captação ou gastos ilícitos de recursos para campanhas eleitorais (Lei n.º 9.504/97). Captação ilícita de sufrágio (Lei n.º 9.504/97). Recurso Contra Expedição de Diploma (Lei n.º 4.737/65 – Código Eleitoral). Aula 09 (07/02/2013) Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (Constituição Federal). Ação rescisória eleitoral. Das disposições penais. Crimes eleitorais: normas gerais. Boca de urna. Corrupção eleitoral. Falsidade ideológica. Processo Penal Eleitoral: ação penal, competência em matéria criminal eleitoral, rito processual penal eleitoral com aplicação subsidiária do Código de Processo Penal. Além disso, buscarei usar muitos recursos visuais para que a apreensão do conteúdo venha mais facilmente. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 121 Para reforçar a aprendizagem, resumirei o conteúdo apresentado ao final de cada aula e apresentarei as questões mencionadas ao longo da aula em tópico separado, para que você possa resolvê-las na véspera da prova. Todos esses instrumentos você terá a sua disposição para encarar a batalha. Vamos a luta! 3. Introdução ao direito eleitoral O estudo do direito eleitoral se torna interessante quando olhamos para esse ramo do direito como o principal instrumento para colocar a democracia em prática. Se o Brasil se propõe a ser uma República de regime democrático, o seu direito eleitoral deve ser estruturado de forma a propiciar a participação do povo na tomada das decisões do Estado. Mas não é só, essa participação deve ser promovida por meio de um sistema que proporcione captar os verdadeiros anseios da população. De nada adiantaria um regime dito democrático se o direito eleitoral propiciasse o voto apenas de uma minoria, ou se as regras autorizassem que o detentor do poder econômico manipulasse a manifestação popular, ou ainda que permitisse fraudes nas urnas. Pois bem, mas o que seria a democracia? A origem etimológica da palavra já nos dá uma boa noção: Demo cracia demos (povo) + kratos (poder). Democracia não é outra coisa senão o regime político em que o poder é exercido pelo povo, é o povo quem governa para o próprio povo. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 121 A sociedade é livre para decidir, fazendo com que o Estado seja guiado pela soberania popular. A Constituição de 1988, a lei maior do nosso país, é expressa ao afirmar que a República Federativa do Brasil constitui-se em um Estado “Democrático” de Direito e que “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Isso quer dizer que o Brasil tem: como forma de governo a república; como forma de estado o federalismo; como sistema de governo o presidencialismo; e como regime político a democracia. Aqui já apresento a primeira questão de concurso para você ir “aquecendo as turbinas”. 1) (CONSULPLAN – Assessor Legislativo/MG – 2010) Analise as afirmativas correlatas: I. “No Brasil, o sistema eleitoral se fundamenta nos conceitos de República (sistema de governo) e Presidencialismo (forma de governo).” II. “No Brasil, os poderes estão distribuídos entre o Legislativo, o Judiciário e o Executivo, sendo que o Executivo é chefiado pelo presidente, que é o mandatário da nação.” Assinale a alternativa correta: A) Ambas as afirmativas estão incorretas. B) Apenas a afirmativa I está correta. C) As duas afirmativas estão parcialmente corretas. D) Apenas a afirmativa II está correta. E) Ambas as afirmativas estão corretas. Questão de concurso Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 121 Como se vê, o item I da questão trocou os conceitos ao dizer que a república refere-se ao sistema de governo e o presidencialismo refere-se à forma de governo. Na verdade, república é forma de governo e presidencialismo é sistema de governo. Por isso, o gabarito da questão é o item D. Esses conceitos serão, certamente, melhor detalhados no curso de direito constitucional. Entremos agora na análise de nossa Constituição, a regra máxima de nossa República. Destaco, inicialmente, o seu art. 1º. Por ser de vital importância para o estudode todo o direito eleitoral, deve o concursando ter sempre em mente esse dispositivo constitucional. Leia-o com atenção: Como se vê, a cidadania e o pluralismo político são princípios fundamentais da República do Brasil. Ambos os conceitos estão diretamente ligados ao exercício da democracia e ao direito eleitoral. Na definição de José Afonso da Silva, cidadania é a denominação que se dá aos que participam da vida política do Estado, ativa (votando) ou passivamente (sendo votado). Esses direitos, como veremos abaixo, são adquiridos mediante o alistamento eleitoral. O pluralismo político, por sua vez, consiste na existência de diversos grupos em que cada um é detentor de uma parcela de poder, de modo que não há grupo inteiramente soberano e não há grupo que será anulado. E qual seria a distinção entre pluralismo político e pluralidade partidária? Pluralidade partidária ou pluripartidarismo, como veremos abaixo, é a possibilidade de constituição de diversos partidos políticos. A noção de Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: II - a cidadania; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 121 pluralismo político é mais ampla do que a de pluralidade partidária, pois há numa sociedade diversas fontes de poder que não se limitam ao âmbito políticopartidário. Entretanto, o pluripartidarismo e o respeito às minorias, ambos consagrados na Constituição, decorrem do pluralismo político. O último e o mais importante aspecto do art. 1º da Constituição que o aluno deve levar pra prova é a caracterização do Brasil como um regime democrático semidireto. Mas o que seria uma democracia semidireta (ou plebiscitária)? A democracia pode ser classificada em direta, indireta e semidireta, vejamos as distinções: Democracia Direta Indireta Semidireta ou Plebiscitária Os cidadãos participam diretamente das decisões do Estado. Não há outorga de mandato. Os cidadãos elegem representantes para manifestarem os interesses do povo nas decisões políticas. Outorga de um mandato. A vontade do povo (soberania popular) se exterioriza, ora por meio de representantes, ora diretamente. Brasil democracia semidireta ou plebiscitária Num primeiro momento, é fácil visualizar que, normalmente, exercemos a democracia indireta, pois sempre votamos em representantes que ocuparão os cargos políticos e manifestarão suas decisões atendendo, supostamente, aos anseios de seu eleitorado. Assim, o exercício da democracia indireta se manifesta pelo voto em uma eleição. Mas e a democracia direta, quando a exercemos? Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 121 A Constituição prevê 3 hipóteses em que o cidadão brasileiro exerce a democracia direta: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Vamos aos conceitos. Plebiscito: formulação de consulta prévia ao cidadão para decidir sobre determinado assunto de forma objetiva: sim ou não (art. 2º, § 1º, da Lei nº 9.709/98). Exemplos de plebiscitos ocorridos na história mais recente do Brasil são: deliberação prévia sobre adoção do regime de governo (monarquia, parlamentarismo ou república) e do sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) e deliberação prévia sobre a criação de novos municípios (determinação do art. 18, § 4º, da Constituição). Referendo: formulação de consulta com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição (art. 2º, § 2º, da Lei nº 9.709/98). Exemplo de referendo ocorrido na história recente do Brasil foi o da aprovação da proibição do comércio de armas de fogo inserida no Estatuto do Desarmamento (art. 35 da Lei nº 10.826/03). Naquela oportunidade, a proibição já havia sido inserida na lei, mas esta condicionou a eficácia do dispositivo à aprovação popular. Iniciativa popular: possibilidade de um grupo de cidadãos apresentar projetos de lei diretamente ao Poder Legislativo. Em regra, a iniciativa de proposição de leis federais é conferida aos deputados e senadores, à comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e ao Procurador-Geral da República (art. 61, caput, da Constituição). Aos cidadãos é possível a iniciativa de lei, desde que o projeto de lei seja subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles (art. 61, § 2º, da Constituição). Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 121 Com essas assinaturas, o projeto deve ser apresentado à Câmara dos Deputados. As três hipóteses estão reguladas pela Lei nº 9.709/98. Com isso, temos: Participação indireta do Cidadão nas decisões Do Estado Voto nas eleições Participação direta do Cidadão nas decisões Do Estado Plebiscito: consulta prévia (Ex.: regime e sistema de governo e criação de novos municípios) Referendo: consulta posterior à edição de um ato ou uma lei (Ex.: estatuto do desarmamento) Iniciativa popular: projeto de lei à Câmara subscrito por 1% do eleitorado, distribuído em ao menos 5 Estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles. 2) (FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO -TRE – AM – 2009) Constitui meio de exercício da soberania popular, previsto na Constituição Federal, dentre outros, (A) a lei delegada. (B) o plebiscito. (C) a resolução. (D) a medida provisória. (E) a lei ordinária. Não é preciso muito esforço para concluir que o item correto é o B. Questão de concurso Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 121 Pois bem, até aqui procurei situar você no contexto constitucional em que se insere o direito eleitoral. Não há como falar de direito eleitoral sem antes falar de democracia. Feito isso, vamos entrar no mundo do direito eleitoral propriamente dito! Mas, afinal, o que é direito eleitoral? Direito eleitoral é o ramo do direito público que trata das eleições em todas as suas fases, até a diplomação dos eleitos, e dos institutos relacionados aos direitos políticos (Joel José Cândido). O direito eleitoral instrumentaliza a participação popular na vida do Estado, ou seja, disciplina dos meios necessários ao exercício da soberania popular (Pimenta Bueno). É um ramo do direito autônomo,pois possui princípio e regras próprias. Competência privativa para legislar sobre o direito eleitoral é da União (art. 22, I, da CF). Tratando agora das fontes do direito eleitoral (= de onde surgem as regras eleitorais), tem-se que as fontes primárias são: Constituição, Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65), Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95), Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar nº 64/90) e Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97). Além da Constituição, das leis complementares e das leis ordinárias, o direito eleitoral sofre grande influência das Resoluções do TSE. O TSE não é um tribunal que se preocupa apenas em julgar processos judiciais. Além dessa função jurisdicional em matéria eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral tem a atribuição de administrar as eleições em todo o pais. Desse modo, o Tribunal tem um caráter ambivalente, funciona como órgão jurisdicional e órgão de administração. Em sua função administrativa, o TSE tem o poder de regulamentar a lei eleitoral (art. 1º, parágrafo único, do Código Eleitoral), de modo que ela seja aplicada uniformemente em todo o país, seja nas eleições Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 121 estaduais, seja nas municipais, para os cargos do Executivo e do Legislativo. Esse poder regulamentar é exercido por meio da edição de Resoluções, que acabam por ser importantes fontes do direito eleitoral. Por fim, assim como todo ramo do direito é recheado de princípios informadores, o direito eleitoral não é diferente. Apesar do edital regulador do certame não ter sido expresso nesse sentido, é sempre bom observar os princípios que têm origem em disposições constitucionais e que já foram objeto de cobrança em outras provas. SUPER IMPORTANTE!!! O princípio que esteve na pauta do dia da última eleição geral e, por isso, tem enormes chances de cair no seu concurso, especialmente na questão subjetiva é o princípio da anualidade. Por isso, olho aberto! O princípio da anualidade decorre do art. 16 da Constituição: Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. Como se vê, para que uma lei que altere o processo eleitoral (alistamento, votação, apuração e diplomação) se aplique à próxima eleição, ela deve ser editada há mais de um ano da data da realização da eleição. Ou seja, a lei é editada, entra em vigor, mas só será aplicada a próxima eleição se a sua edição ocorreu há mais de um ano da mesma. IMPORTANTÍSSIMO!!! OLHO ABERTO, MEU AMIGO! Ao analisar a aplicabilidade imediata da “Lei da Ficha Limpa” (LC nº 135/2010) às eleições de 2010, o Supremo Tribunal Federal (guardião da Constituição e Tribunal que dá a última palavra no Brasil) considerou que as novas hipóteses de inelegibilidade influenciam nas escolhas dos partidos políticos, provocam surpresas no ano eleitoral e limitam direitos do cidadão-eleitor, do cidadão-candidato e dos partidos políticos. Desse modo, concluiu o STF que a lei não poderia ser aplicada às eleições de 2010 (ano da edição da lei). Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 121 Princípio da Anualidade Situação Conclusão Decisão A LC nº 135/2010 (“Lei da Ficha Limpa”) pode ser aplicada às eleições de 2010? Não STF: RE 633703 Muitos outros princípios serão apontados ao longo das aulas, mas o princípio da anualidade, meu caro aluno, devido a sua enorme importância e GRANDE POSSIBILIDADE DE CAIR NO SEU CONCURSO, deve entrar já na sua memória e não sair pelo menos até o dia da prova! 4. Direitos políticos: sufrágio, voto e escrutínio Antes de ingressarmos no estudo da nacionalidade, da elegibilidade e dos partidos políticos, vamos tratar de algumas questões relativas aos direitos políticos que sempre são cobradas em concursos públicos. Os direitos políticos são direitos públicos subjetivos que surgem do poder de participação direta ou indireta do povo na coisa pública, seja votando, sendo votado ou, tão somente, fiscalizando os atos do gestor público (Antônio Carlos Mendes). Os direitos políticos podem ser analisados sob a ótica daquele que confere o voto (o real titular do poder) e sob a ótica daquele que recebe o voto (o que receberá o mandato). No primeiro caso, o do eleitor, tratamos dos direitos políticos ativos (capacidade eleitoral ativa). No segundo caso, tratamos dos direitos políticos passivos (capacidade eleitoral passiva). O direito político ativo por excelência é o sufrágio, manifestado através do voto. Por falar nisso, qual seria a diferença entre sufrágio, voto e escrutínio? Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 121 “O sufrágio é o direito público e subjetivo de participar ativamente dos destinos políticos da nação; o voto nada mais é do que o exercício concreto do direito de sufrágio e o escrutínio consiste no modo do exercício do sufrágio” (Roberto Moreira de Almeida) Assim, temos: Sufrágio o direito de participar; Voto exercício concreto do direito; Escrutínio “como” o direito é exercido. Pela leitura da Constituição, o Brasil adota o sufrágio universal, o voto direto e igual e o escrutínio secreto. Vejamos: Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: Sufrágio universal quer dizer que a Constituição não admite restrições dos direitos políticos relacionadas a fortuna ou capacidade intelectual (Marcos Ramayana). Apesar disso, a própria Constituição impõe que os inalistáveis e os absolutamente incapazes não desfrutam do sufrágio – veremos cada uma dessas situações mais abaixo. Se opõem ao sufrágio universal e, por isso, não são adotados no Brasil o: sufrágio capacitário – possibilita a participação se a pessoa tem determinado grau de instrução; e sufrágio censitário – a participação é facultada apenas àqueles que possuem certa fortuna. Voto direto se traduz no fato de que a vontade do cidadão é manifestada diretamente por ele e não por intermediários ou representantes. CUIDADO: Apesar do voto ser direto, no Brasil, a própria Constituição de 1988 prevê uma exceção em que é possível a eleição indireta: se ocorrer a vacância (retirada, saída dos cargos) do Presidente Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 121 e do Vice – bem como do prefeito e do seu vice e do governador e do seu vice – nos dois últimos anos do governo, a eleição para ambos os cargos será feita de forma indireta pelos membros do Poder Legislativo (art. 81, § 1º, da Constituição), ou seja, serão os deputados e os senadores quem elegerão o Presidente e o Vice nessa situação e não os cidadãos. Voto igual quer dizer que o voto tem valor igualpara todos os eleitores. Nenhuma espécie, categoria ou tipo de eleitor tem voto com peso maior do que o outro. O voto da atual Presidenta da República nas urnas tem o mesmo valor do que aquele dado pelo mais anônimo dos cidadãos. Se o Papa fosse brasileiro e viesse votar em uma eleição no Brasil, o voto dele também seria igual ao da Presidenta e ao do eleitor anônimo. Essa característica do voto foi implementada nas democracias modernas a partir da independência americana, momento histórico em que se perpetuou a máxima: “One man, one vote” (tradução literal: um homem, um voto). Em “democracias” anteriores, era comum o voto múltiplo, plural ou familiar. Se opõem ao voto igual e, portanto, não são adotados no Brasil o: voto múltiplo consiste na possibilidade de um eleitor votar uma vez em cada circunscrição eleitoral; voto plural é a possibilidade de um eleitor votar mais de uma vez numa mesma circunscrição eleitoral; voto familiar o pai de família é o único com capacidade eleitoral e, por isso, poderia votar várias vezes, de acordo com o número de membros de sua família. Escrutínio secreto quer dizer que, no momento da emissão do voto, o eleitor se recolhe em cabina isolada e indevasável, e deposita seu voto em cédula oficial em uma urna que assegura a inviolabilidade do sufrágio. CUIDADO! Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 121 O alistamento e o voto, no Brasil, são obrigatórios para os maiores de 18 anos e facultativos para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de 16 e menores de 18 anos, considerando a data das eleições (art. 14, § 1º, da Constituição). Esses são os principais aspectos dos diretos políticos ativos. Vimos nesse tópico, até o momento, a regulamentação constitucional do sufrágio, voto e do escrutínio. Com relação aos direitos políticos passivos (ou capacidade eleitoral passiva), por tratarem das regras de elegibilidade, ou seja, das condições que o cidadão precisa ter para ser votado, estudaremos em tópico próprio abaixo. Por fim, outra importante classificação dada pela doutrina aos direitos políticos é a relativa às normas que regulam a participação do cidadão no processo político. Falamos da distinção entre os direitos políticos positivos e negativos. Direitos políticos positivos são as normas que asseguram a participação no processo político como, por exemplo, o alistamento e a filiação partidária. Direitos políticos negativos são as normas que privam o cidadão do direito de participação no processo político, como, por exemplo, a suspensão e a perda dos direitos políticos (classificação de José Afonso da Silva). Espere um pouco... no Brasil é possível a suspensão e a perda dos direitos políticos? CUIDADO: A Constituição diz que é possível a perda ou suspensão dos direitos políticos, mas veda a cassação desses direitos. E quais seriam as hipóteses de perda ou suspensão? Elas estão no art. 15 da Constituição, observe: cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado (veremos abaixo que o estrangeiro não pode realizar o alistamento); Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 121 incapacidade civil absoluta (os absolutamente incapazes não podem exercer pessoalmente quaisquer atos da vida civil); condenação criminal, a partir do momento em que da sentença condenatória não caiba mais recursos e perdura até o fim do cumprimento da pena (não é necessário sequer que o juiz afirme estarem suspensos os direitos políticos, esse é um efeito automático da sentença criminal condenatória); escusa de consciência = recusa de cumprir uma obrigação a todos imposta ou de realizar a prestação alternativa quando a recusa for fundada em motivo de crença religiosa, convicção filosófica ou política (art. 5º, VIII, da Constituição); improbidade administrativa (a Constituição prevê como sanção pela prática de atos de improbidade a suspensão dos direitos políticos). Caro aluno, até o momento abordamos conceitos básicos do direito constitucional relacionados ao direito eleitoral. Você deve estar se perguntando, isso cai em concurso público? A resposta, meu amigo, é que isso não cai, DESPENCA em concurso público. Você observará nas questões abaixo que essa introdução ao direito eleitoral e o estudo dos direitos políticos são cobrados com muita freqüência em concursos públicos. Pela análise de diversas provas da CONSULPLAN, verifiquei que esses pontos representam cerca de 10% das questões das provas. Por isso, não ignore esses conceitos e força para encarar os próximos tópicos, pois, ao final desta aula, cobriremos cerca de 30% das questões do do seu concurso! 5. Princípios constitucionais relativos aos direitos políticos Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 121 5.1 Nacionalidade Nacionalidade pode ser conceituada como o vínculo político e pessoal que se estabelece entre o Estado e o indivíduo. É um direito humano fundamental. A nacionalidade é pré-requisito para se exercer a cidadania (definida acima como o atributo político daqueles que participam da vida política do Estado, ativa ou passivamente). Desse modo, para ser cidadão (sujeito titular dos direitos políticos), é preciso ser nacional e adquirir a cidadania por meio do alistamento eleitoral. Assim, inspirados na doutrina de José Afonso da Silva, apresentamos a seguinte sequência: Nacionalidade Cidadania Alistamento Cidadão Há duas espécies de nacionalidade, a originária ou primária e a derivada, secundária ou adquirida. Mas qual é a diferença entre a nacionalidade originária e a derivada? E os critérios para a aquisição de cada uma delas? A nacionalidade originária é obtida em razão do nascimento, a nacionalidade derivada ocorre após o nascimento, por opção do indivíduo que passa por um processo de naturalização para obter nova nacionalidade. Os critérios para a adoção da nacionalidade originária são: ius soli e ius sanguinis. Pelo o ius soli (tradução livre: “direito de solo”) o critério adotado é o local do nascimento do indivíduo. Se Beltrano nasceu no território do Estado B, ele é nacional do Estado B. Já pelo ius sanguinis (direito de sangue), o critério adotado é a origem sanguínea do indivíduo. Se Fulano é filho de pais nacionais do Estado F, Fulano será nacional do Estado F, mesmo que tenha nascido em outro país. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 121 Para a adoção da nacionalidade derivada, os critérios variam de país para país, mas em todos os casos há um procedimento de naturalização, em que o interessado, voluntariamente, se habilita. Assim, temos os seguintes critérios para saber se Fulano ou Beltrano são nacionais dos Estados F ou B: ius soli: local do nascimento Nacionalidade originária ius sanguinis: origem sanguínea Nacionalidade derivada Procedimento de naturalização Sabendo disso, vamos adentrar no estudo da nacionalidade adotada pela Constituição brasileira? Vamos lá! Essencial, nesse ponto, a leitura do art. 12, inciso I, da Constituição, que trata da nacionalidade originária ou primária: Pela leitura atenta dos dispositivos, podemos tirar, de imediato, as seguintes e importantíssimas conclusões quanto à nacionalidade originária: A nacionalidade brasileira originária pode ser fixada originariamente pelos critérios do ius soli e do ius sanguinis. Ius soli: É brasileiro nato aquele que nasceu no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a Art. 12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 121 serviço de seu país: Fulano tem nacionalidade brasileira apenas porque nasceu em território brasileiro; Ius sanguinis: É brasileiro nato aquele que nasceu no estrangeiro, mas tem pai ou mãe brasileiro e um dos pais está a serviço da República Federativa do Brasil: Fulano tem nacionalidade brasileira porque, embora tenha nascido no exterior, um de seus pais é brasileiro e estava a serviço da República brasileira no exterior; Ius sanguinis: É brasileiro nato aquele que nasceu no estrangeiro, mas tem pai ou mãe brasileiro e foi registrado em repartição brasileira competente (consulados ou embaixadas do Brasil no exterior): Fulano tem nacionalidade brasileira porque, embora tenha nascido no exterior, um de seus pais é brasileiro e Fulano foi registrado em consulado ou embaixada do Brasil no exterior; Ius sanguinis: É brasileiro nato aquele que nasceu no estrangeiro, tem pai ou mãe brasileiro, não foi registrado em repartição brasileira competente, mas veio a residir no Brasil e optou, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira: Fulano tem nacionalidade brasileira porque, embora tenha nascido no exterior, um de seus pais é brasileiro e Fulano veio a residir no Brasil, optando pela nacionalidade brasileira após completar 18 anos. Com relação à nacionalidade derivada no Brasil, indispensável a leitura do art. 12, II, da Constituição: Art. 12. São brasileiros: II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 121 As alíneas a) e b) do dispositivo em foco prevêem duas formas de aquisição derivada da nacionalidade brasileira por estrangeiros: Para os originários de países de língua portuguesa, basta a residência por um ano ininterrupto no Brasil e idoneidade moral: Beltrano, nascido em Portugal, por exemplo, conseguirá a nacionalidade derivada brasileira se residir no Brasil por um ano, sem se mudar do país nesse período, e possuir idoneidade moral; Para os orinigários dos outros países, o indivíduo deve residir no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e não pode ter condenação penal: Jonh, americano, conseguirá a nacionalidade brasileira se residir por mais de 15 anos no Brasil, sem se mudar nesse período, e não pode ter incorrido em nenhuma condenação penal no Brasil. Vistas as hipóteses de aquisição da nacionalidade originária e derivada, apresentamos o seguinte quadro para facilitar o seu estudo: Aquisição da nacionalidade brasileira Originária ou primária = brasileiro nato Derivada, secundária ou adquirida = brasileiro naturalizado Nasceu no Brasil, desde que não tenha pais estrangeiros a serviço de seu país (ius soli). Língua portuguesa + residência por 1 ano + ininterrupta + idoneidade moral. Nasceu no estrangeiro + pai ou mãe brasileiro + um dos pais está a serviço da República Federativa do Brasil (Ius sanguinis). Outros países + residência há mais de 15 anos + ininterrupta + não incorreu em condenação penal. Nasceu no estrangeiro + pai ou mãe brasileiro + registrado no consulado ou na embaixada do Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 121 Brasil no exterior (Ius sanguinis). Nasceu no estrangeiro + pai ou mãe brasileiro + não foi registrado em consulado ou embaixada + posterior residência no Brasil + opção pela nacionalidade + 18 anos (Ius sanguinis). Como se vê, aos portugueses são conferidos requisitos menos rígidos para a obtenção da nacionalidade derivada brasileira. Outro privilégio que a Constituição concede aos portugueses é o seguinte: se houver reciprocidade em favor de brasileiros em Portugal, aos portugueses com residência permanente no Brasil serão atribuídos os mesmos direitos inerentes ao brasileiro naturalizado. Não há, para os portugueses residentes, sequer a necessidade de submissão ao procedimento de naturalização para gozar desses direitos, a não ser que o português queira obter a nacionalidade brasileira derivada expressa. Será que isso cai em concurso? É claro que sim! E mais: já foi objeto de questão repetida da CONSULPLAN! Aqui você já pegou uma dica que vale ouro, meu amigo: a CONSULPLAN repete questões de concurso! 3) (CONSULPLAN – Técnico administrativO – TRE-RS – 2008) Marque a alternativa INCORRETA: A) São brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que não estejam a serviço de seu país. B) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil. Questões de concurso Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 121 C) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,pela nacionalidade brasileira. D) São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residente na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. E) Aos originários de países de língua estrangeira com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos na Constituição da República. 4) (CONSULPLAN – Advogado– RJ – 2010) NÃO são Brasileiros natos: A) Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país. B) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil. C) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição competente. D) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. E) Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 121 Pelas definições acima apresentadas, fica fácil concluir que ambas as questões têm por gabarito o item E. SINAL DE ALERTA: Você deve estar se perguntando, qual a diferença entre o brasileiro nato e o naturalizado? Primeiramente, importante observar que somente haverá diferença entre os brasileiros natos e os naturalizados ou entre os natos e os portugueses equiparados se houver previsão expressa na Constituição. A lei ou um decreto não pode impor qualquer diferenciação (art. 12, § 2º, da Constituição). Na Constituição existem algumas diferenças estabelecidas. Essas diferenças são de suma importância para a banca da CONSULPLAN. Por isso, MUITA ATENÇÃO. 1) Alguns cargos públicos só podem ser ocupados por brasileiros natos, são eles: Presidente da República; Vice-Presidente da República; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro do Supremo Tribunal Federal; Carreira diplomática; Oficial das Forças Armadas; Ministro de Estado da Defesa; e Cidadãos que integram o Conselho da República A vedação para que estrangeiros, ainda que naturalizados, ocupem esses cargos tem uma só razão de ser: a segurança nacional. DICA DE MEMORIZAÇÃO: Para que a memorização fique fácil, basta você pensar que nenhum cargo de função estratégica numa situação de guerra ou de negociação de interesses nacionais pode ser ocupado por naturalizado. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 121 Veja que os cinco primeiros cargos são, exatamente, a ordem de sucessão do chefe máximo do Estado brasileiro (na falta do Presidente, assume o Vice, na falta de ambos, assume o Presidente da Câmara e assim sucessivamente até o Presidente do STF – que pode ser qualquer um dos 11 Ministros desse Tribunal). Os demais cargos relacionam-se com a negociação (carreira diplomática) ou com a ação militar direta (Oficial das Forças Armadas, Ministro da Defesa e cidadãos que compõem o Conselho da República) em questões de interesse nacional. Mas, CUIDADO: Ministro das Relações Exteriores não é cargo privativo de brasileiro nato. Essa é a principal diferença entre brasileiros natos e naturalizados, porque é a distinção que mais cai em concursos, observe: 5) (CONSULPLAN – Técnico administrativo – TRE-RS – 2008) São privativos de brasileiro nato os seguintes cargos, EXCETO: A) Presidente e Vice-Presidente da República. B) Ministro das Relações Exteriores. C) Ministro do Supremo Tribunal Federal. D) Oficial das Forças Armadas. E) Presidente da Câmara dos Deputados. Você já sabe responder! A alternativa que deve ser marcada é a B. 2) Outra diferenciação constitucional entre os natos e os naturalizados é a restrição destes quanto à aquisição de propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens. Essas empresas só podem ser adquiridas por brasileiro naturalizado se ele houver adquirido essa condição há mais de dez anos. 3) Por fim, a diferença de tratamento entre nato e naturalizado de maior importância: a que se relaciona com a extradição (entrega por um Questão de concurso Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 121 Estado de um indivíduo acusado ou já condenado criminalmente pela justiça de outro Estado que solicita o seu encaminhamento, sendo este último o competente para julgar e punir esse indivíduo). Vejamos essas distinções: O brasileiro nato não pode ser extraditado em nenhuma hipótese; O brasileiro naturalizado ou o portugues equiparado só pode ser extraditado se praticou crime comum antes da naturalização ou se envolveu com tráfico ilícito de entorpecentes antes ou depois da naturalização; O estrangeiro poderá, em regra, ser extraditado; O estrangeiro não será extraditado se o motivo da solicitação de seu encaminhamento ao outro Estado for a ocorrência de crime político ou de opinião (caso Cesare Battisti). Não é fácil captar tantos detalhes, eu sei. Por isso, para ajudar na apreensão do conteúdo, proponho o seguinte quadro resumo: Restrições aos brasileiros naturalizados Quais cargos são privativos de brasileiros natos? O naturalizado pode adquirir empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens (TV)? Pode ser extraditado? Presidente Vice-Presidente Presidente da Câmara Presidente do Senado Ministro do STF Carreira diplomática Oficial das Forças Armadas Ministro de Estado da Defesa Cidadãos do Conselho da Somente se houver adquirido a condição de naturalizado há mais de dez anos. Brasileiro nato: Naturalizado ou o portugues equiparado: NÃO SIM, se praticou crime comum antes da naturalização ou se envolveu com tráfico ilícito Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 121 República Estrangeiro: de entorpecentes antes ou depois da naturalização; SIM, salvo se o motivo for crime político ou de opinião. Por fim, no estudo da nacionalidade, nos deparamos com hipóteses de perda da nacionalidade brasileira. Isso poderá ocorrer nas hipóteses do art. 12, § 4º, da Constituição, assim expresso: O brasileiro naturalizado perderá a sua nacionalidade brasileirase atentar contra o interesse nacional. Mas, para que essa perda ocorra, deve haver sentença judicial transitada em julgado (= da qual não caiba mais recurso), reconhecendo a prática de atividade nociva ao interesse nacional e determinando o cancelando a naturalização. Também perderá a nacionalidade o brasileiro nato ou naturalizado que, voluntariamente, adquiriu outra nacionalidade. Essa hipótese de perda decorre do princípio do direito internacional segundo o qual cada indivíduo deve ter apenas uma nacionalidade. Entretanto, a própria Constituição brasileira relativiza esse princípio ao prever duas exceções que possibilitam ao brasileiro nato ou naturalizado manter a sua nacionalidade, mesmo adquirindo outra. São elas: § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 121 a) a lei estrangeira reconhecer a nacionalidade originária do brasileiro; ou se b) a lei estrangeira impuser ao brasileiro, como condição para permanecer no território estrangeiro ou para lá exercer os direitos civis, a imposição da naturalização. Admitindo a existência de um cidadão com duas nacionalidades, a Constituição possibilita que os brasileiros sejam polipátridas (detentores de mais de uma nacionalidade). A situação oposta, em que determinado indivíduo não possua nacionalidade, designa-se apátrida ou heimatlos. Um resumo desse importante tópico para o seu concurso pode ser feito por meio das seguintes questões de concurso: 6) (CONSULPLAN – Assessor Jurídico– CODEVASF – 2008) A Constituição Federal assegura ao estrangeiro: A) O acesso a cargos públicos, na forma da lei. B) O alistamento eleitoral. C) A não extradição por prática de crime contra a vida. D) O ingresso na carreira diplomática. E) Todas as alternativas anteriores estão corretas. Observe que, em regra, os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I, da Constituição). Alguns cargos, entretanto, são privativos de brasileiro nato, inclusive o ingresso na carreira diplomática. É vedado o alistamento do estrangeiro. O estrangeiro pode ser extraditado por prática de crime contra a vida, salvo se o crime for político ou de opinião. Por essas razões é que o gabarito correto é o item A. Questão de concurso Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 121 É, meus amigos, a nacionalidade é um ponto muito cobrado em provas da justiça eleitoral. Fique atento! 5.2 Elegibilidade Falamos acima dos diretos políticos ativos (direito ao sufrágio), agora vamos falar dos direitos políticos passivos ou da capacidade eleitoral passiva. Se o eleitor exerce o seu direito ao sufrágio pelo voto, ele exerce a sua capacidade eleitoral ativa. Por outro lado, aquele que recebe o voto, o candidato, está exercendo a sua capacidade eleitoral passiva. Nesse ponto da aula, responderemos a seguinte pergunta: Quais requisitos devem ser preenchidos para que uma pessoa possa receber votos (= ser elegível)? Ele pode ter nacionalidade não brasileira? Pode ter 18 anos e concorrer para o cargo de Governador? Pode se candidatar sem partido? Pode ser analfabeto? Esses requisitos são chamados de condições de elegibilidade. As condições de elegibilidade estão previstas no art. 14, § 3º, da Constituição. Para a prova da CONSULPLAN, é essencial que você DECORE esse dispositivo, uma vez que ele foi objeto de cobrança em inúmeros concursos realizados por essa banca. Por isso, transcrevo o dispositivo: § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: I – a nacionalidade brasileira; II – o pleno exercício dos direitos políticos; III – o alistamento eleitoral; IV – o domicílio eleitoral na circunscrição; V – a filiação partidária; VI – a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 121 Assim, para ser elegível, o indivíduo deve: Ter nacionalidade brasileira; NA estar em pleno gozo dos direitos políticos; DIPOL ter se alistado; AL ter domicílio eleitoral na circunscrição; DOMEL ser filiado a um partido político; PAPOL ter idade mínima de acordo com o cargo pleiteado. IMIN Temos, portanto, o seguinte: Condições de elegibilidade = NA DIPOLAL DOMEL PAPOLIMIN Com relação à nacionalidade brasileira (NA), o indivíduo pode ser nato ou naturalizado. Estar em pleno gozo dos direitos políticos (DIPOL) quer dizer que o indivíduo não pode estar com seus direitos políticos suspensos ou perdê- los. O alistamento eleitoral (AL), como vimos acima, é a inscrição do indivíduo como eleitor no cartório eleitoral de seu domicílio, é o ato por meio do qual o sujeito adquire os direitos políticos e passa a ser cidadão. Com o alistamento, o indivíduo obtém o título eleitoral. IMPORTANTE: Além de não ser possível o alistamento eleitoral do menor de 16 anos, diante de sua incapacidade absoluta, conforme previsto no Código Civl, a Constituição veda o alistamento eleitoral dos estrangeiros e dos conscritos. Desse modo, somente o nacional brasileiro (nato ou naturalizado) pode alistar-se. Além disso, conforme dissemos linhas atrás, o alistamento e o voto, no Brasil, são obrigatórios para os maiores de 18 anos e facultativos para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de 16 e menores de 18 anos, considerando a data das eleições (art. 14, § 1º, da Constituição). Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 121 Com isso, separamos as seguintes questões para você fixar bem as regras constitucionais do alistamento: 7) CONSULPLAN – Analista Judiciário/outras áreas – TRE-SC – 2008) O alistamento eleitoral é vedado aos: A) Estrangeiros e analfabetos. B) Analfabetos e menores de 16 anos. C) Menores de 16 anos e conscritos, durante o período de serviço militar obrigatório. D) Estrangeiros e militares aspirantes a oficiais. E) Maiores de 70 anos e analfabetos.8) FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE – AM – 2009) João completou 18 anos de idade; Juan é brasileiro naturalizado; Pedro tem 15 anos de idade e completará 16 anos na data do pleito; Paulo era analfabeto, mas deixou de sê-lo; e Manuel é português e está trabalhando numa empresa no Brasil. É facultativo o alistamento eleitoral de (A) Juan e Paulo. (B) Juan e Manuel. (C) Juan e Pedro. (D) Paulo. (E) Pedro. Você já percebeu, pelos ensinamentos até aqui apresentados que a primeira questão tem como gabarito o item C e a segunda o item E. Questões de concurso Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 121 Diante da importância do alistamento para a banca da CONSULPLAN, apresento o seguinte quadro para que a matéria fique ainda mais clara: ALISTAMENTO Obrigatório Facultativo Vedado A partir de 18 anos A partir dos 16 até um dia antes de completar 18, considerando a data da eleição. Estrangeiro Alfabetizado Analfabeto Conscrito Brasileiro naturalizado Maiores de 70 anos E o que são os “conscritos”? Os conscritos são os que estão prestando o serviço militar obrigatório. Importante observar que os conscritos que já se alistaram (com 16 ou 17 anos, por exemplo) não podem exercer o direito ao voto enquanto estiverem prestando o serviço militar obrigatório. Assim, ele pode ter o título eleitor em mãos (adquirido quando do alistamento) e, mesmo assim, não poderá votar. O domícilio eleitoral na circunscrição (DOMEL), por sua vez, é condição de elegibilidade que exige que o interessado em se candidatar tenha residência ou moradia na circunscrição eleitoral do cargo que pretende ocupar, ou seja, se Fulano vai se candidatar para prefeito do município B, deve morar no município B. A filiação a um partido político (PAPOL) é outra condição de elegibilidade. O Brasil não admite candidatura avulsa. Tampouco admite dupla filiação. Desse modo, não preenche as condições de elegibilidade aquele que não tem partido tampouco aquele filiado a dois partidos. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 121 A idade mínima (IMIN) é o último requisito de elegibilidade expresso na Constituição. Pode parecer uma diferenciação teórica, mas DECORE esse ponto, pois ele já foi objeto de cobrança da CONSULPLAN. Para faciltar, segue o seguinte quadro: Cargo Idade Mínima Presidente da República Vice-Presidente Senador 35 Governador Vice-Governador 30 Deputado Federal Deputado Estadual ou Distrital Prefeito Vice-Prefeito juiz de paz 21 Vereador 18 Como se vê, a idade mínima mais elevada, 35 anos, é para os cargos mais importantes do executivo e do legislativo federal: Presidente, Vice e Senador. A idade mínima de 30 anos é para os chefes do Executivo estadual ou distrital: Governador e Vice. A menor idade mínima fica para o cargo de Vereador, 18 anos. Os demais cargos eletivos têm idade mínima de 21 anos (demais cargos do legislativo – deputado estadual, distrital e federal – chefes do executivo municipal – prefeito e vice – e juiz de paz). IMPORTANTÍSSIMO observar que todas as condições de elegibilidade são aferidas no momento do registro da candidatura, mas as idades mínimas serão verificadas tendo por referência a data da posse. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 121 Para que você exercite os conhecimentos acerca das idades mínimas para a elegibilidade nos cargos e para que você acredite que isso despennca em concurso para tribunal eleitoral, veja as seguintes: 9) (CONSULPLAN – Técnico Judiciário/área administrativa – TRE- RS – 2008) NÃO é uma condição de elegibilidade a idade mínima de: A) Dezoito anos para vereador. B) Trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal. C) Trinta e cinco anos para Senador. D) Vinte e um anos para juiz de paz. E) Trinta anos para Deputado Federal. 10) (FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE – AP – 2011) Plínio filiado à partido político e brasileiro, de reputação ilibada que acabara de completar vinte anos de idade no mês de junho de 2008, efetuou o seu alistamento eleitoral na circunscrição eleitoral do Município de Caju, onde mantinha seu domicilio. A sua intenção era a de concorrer ao cargo de Prefeito no Município de Margarida, nas eleições daquele mesmo ano, posto que frequentava faculdade na referida Cidade, e era presidente do diretório acadêmico, sendo conhecido e amado pelos colegas de faculdade e pela maioria dos habitantes da região, com grandes chances de vencer as eleições. Porém, sua candidatura ao referido cargo foi barrada, porque não preenchia os requisitos de (A) idade mínima de vinte e cinco anos de idade e domicílio eleitoral referente a um período de dois anos. Questões de concurso Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 121 (B) idade mínima de vinte e um anos de idade e de domicílio eleitoral na circunscrição do Município de Margarida. (C) domicílio eleitoral na circunscrição do Município de Margarida e de idade mínima de trinta anos de idade. (D) pleno exercício dos direitos políticos e de idade mínima de trinta anos de idade. (E) pleno exercício dos direitos políticos e de idade mínima de vinte e cinco anos de idade. Viu só, como você tem que decorar o quadro das idades mínimas? Então volte e leia mais uma vez o quadro! Leu? Decorou? Se você decorou você acertou as questões. A primeira tem como gabarito o item E e a segunda o item B. Vamos em frente! Uma última condição de elegibilidade, acrescentada pelo TSE (pois não há dispositivo da Constituição expresso nesse sentido) é a quitação eleitoral (+QUELE). Desse modo, não pode se candidatar aquele que, por exemplo, não pagou multa aplicada pela Justiça Eleitoral ou não compareceu à última eleição e não justificou seu voto ou não compareceu à Justiça Eleitoral para regularizar a sua situação. Com isso, temos: Condições de elegibilidade = NA DIPOLAL DOMEL PAPOLIMIN +QUELE. Todas essas condições devem ser atendidas cumulativamente. Assim, será inelegível o sujeito que não possuir domicílio eleitoral na circunscrição, ou que não se filiar a um partido político ou, ainda, que não possuir a idade mínima para o cargo. A par das condições de elegibilidade, a Constituição prevê hipóteses de inelegibilidade expressas. As primeiras hipóteses de inelegibilidades previstas são: os inalistáveis e os analfabetos. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 121 Se os inalistáveis (estrangeiros e conscritos) sequer podem realizar o alistamentoeleitoral. Se o alistamento é condição de elegibilidade, a Constituição nem precisava falar que os inalistáveis são inelegíveis. Já os analfabetos precisavam sim ser mencionados para que a vedação existisse, uma vez que eles podem se alistar, podem votar e, portanto, possuem capacidade eleitoral ativa, mas não podem ser votados, sendo-lhes negada a capacidade eleitoral passiva. Diferente é a situação do semianalfabeto, que é elegível. DICA IMPORTANTE: Não confunda a situação do conscrito (o que presta serviço militar obrigatório) com a do militar. Este é alistável e elegível, desde que atendidas as seguintes condições (art. 14, § 8º, da Constituição): Outra hipótese de inelegibilidade expressa na Constituição é a dos parentes de chefes do Executivo. O § 7º do art. 14 da Constuição assim dispõe: A Constituição caracteriza como inelegível o cônjuge e os parentes consanguíneos e afins até o segundo grau do chefe do Poder Executivo ou de quem o haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, no âmbito da área de atuação da autoridade que detém o cargo eletivo. Alguns esclarecimentos acerca dessa hipótese de inelegibilidade: Se equiparam ao cônjuge (relação de casamento): o concubino, o companheiro de uma união estável e de uma § 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 121 união homoafetiva. Importante observar que a dissolução do vínculo conjugal no curso do mandato não derruba a proibição. Parentes consaguíneos e afins até o segundo grau são: filho, pai, mãe, irmão, avô, avó, neto, sogro, sogra, padastro, madastra, genro, nora e cunhado, adotivos ou não. Para que a situação do texto constitucional fique mais clara, apresento as seguintes situações: (I) a esposa do Governador do Estado de São Paulo é inelegível para ocupar quelquer cargo eletivo no Estado de São Paulo e em todos os municípios do Estado, mas pode concorrer a cargo eletivo no Estado de Goiás; (II) a filha da Presidenta da República é inelegível para ocupar qualquer cargo eletivo no país. O próprio dispositivo constitucional apresenta uma exceção a essa inelegibilidade: se o cônjuge ou parente já era titular de mandato eletivo e é candidato à reeleição. No exemplo (II), a filha da Presidenta será elegível se estiver concorrendo à reeleição, ou seja, ela ingressou no cargo eletivo quando não havia qualquer impedimento (a Presidenta ainda não ocupava esse cargo) e agora se candidata à reeleição. Além das hipóteses de inelegibilidades expressas no texto constitucional, a Constituição faculta à lei complementar estabelecer outros casos de inelegibilidade. Os nortes que essa lei deve perseguir são: A proteção da probidade administrativa; A proteção da moralidade para exercício de mandato; Levando em conta a vida pregressa do candidato; Afastando a influência do poder econômico; Afastando o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração pública. A lei complementar que trata das hipóteses de inelegibildade é a LC nº 64/90, recentemente alterada pela LC nº 135/2010 (Lei da Ficha Limpa). Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 121 Não abordaremos as hipóteses de inelegibilidade previstas na lei, apenas as previstas na Constituição. Partimos agora para a reta final desse ponto de nossa aula. Com toda certeza, até o presente momento já cobrimos mais de 30% das questões de direito eleitoral de sua prova! Vamos em frente! Falemos agora de um tema interessante, a reeleição. A Constituição autoriza a reeleição – para o mesmo cargo – dos chefes do Poder Executivo e de quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos, para um único período subseqüente. A regra de uma única reeleição se aplica ao titular do Poder Executivo bem como ao Vice e, até mesmo, ao Presidente do Legislativo que eventualmente tenha assumido o cargo de chefe do Executivo no curso do mandato. Para deixar claro, o Vice só pode ser Vice por duas vezes consecutivas (uma reeleição). IMPORTANTE deixar claro também que a reeleição é para concorrer ao mesmo cargo. Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito (desincompatibilização). A reeleição dos membros do Poder Legislativo é permitida e não há limitação de mandatos consecutivos nem necessidade de desincompatibilização. Nem mesmo para concorrerem a outros cargos os membros do Poder Legislativo precisam se desincompatibilizar. Como se vê, via de regra, somente o chefe do Executivo precisa se desincompatibilizar para se candidatar a outro cargo. Mais uma vez, para mostrar que o que falo aqui cai em concurso para tribunal eleitoral, apresento as seguintes: Questões de concurso Direito Eleitoral p/ TREMG –Analista Judiciário – Área Judiciária. Teoria e exercícios comentados Prof Daniel Mesquita – Aula 00 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 121 11) CONSULPLAN – Técnico Judiciário/área administrativa – TRE- RS – 2008) Marque a alternativa INCORRETA: A) Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o serviço militar obrigatório, os conscritos. B) De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil a lei que alterar o processo eleitoral só poderá entrar em vigor após um ano de sua publicação. C) São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. D) Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. E) São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. A questão revisa alguns dos principais pontos até aqui comentados. Alerta você, concursando, para o fato de que o princípio da anualidade informa que a lei que altera o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, mas só será aplicada à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. Relembra, também, que para a reeleição não
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