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Ponto 06 Direitos Políticos Partidos Políticos

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- Direitos Políticos. Partidos Políticos.
- Aula G7 Jurídico (professor Marcelo Novelino) + questões de concurso + Site Dizer o Direito + Livro Gilmar Mendes + Livro Roberto Moreira de Almeida + Livro José Jairo Gomes.
- Leitura Lei Seca: arts. 14 a 17 da CF/88 e art. 1º da LC 64/1990.
- Atualização em 14/01/21: questões de concurso. Adequação do tema “partidos politicos” com a EC 97/2017.
- Atualização em 21/06/2019: inclusão de julgado Info 901 do STF (infidelidade partidária, em nota de rodapé) + Info 921 STF (item 2.2.1.2.) + Info 939 (item 2.2.2).
DIREITOS POLÍTICOS
1. Definição
São direitos públicos subjetivos fundamentais conferidos aos cidadãos para participarem da vida política do Estado.
Através dos direitos políticos, os indivíduos adquirem o que o Georg Jellinek chama de status ativo, dentro daquela classificação quadripartida (status ativo, passivo, positivo e negativo), porque através desses direitos, o cidadão interfere na vida política do Estado (votando, sendo votado, participando de referendo, de plebiscito, de iniciativa popular etc.).
2. Espécies
Direitos políticos positivos ou ativos: São aqueles consubstanciados em normas que asseguram a participação do indivíduo no processo político e nos órgãos governamentais (seja atuando em determinados órgãos, seja votando em representantes). As formas de exercício da soberania popular abrangem a participação em eleições (votando e podendo ser votado), plebiscitos, referendos, iniciativas populares, bem como na criação, organização e composição de partidos políticos.
	Direitos políticos negativos ou passivos: São determinações constitucionais impositivas de privações ao direito de participar do processo político e dos órgãos governamentais. Embora se fale em “direitos”, são direitos em seu caráter objetivo e não no caráter subjetivo. Os direitos políticos negativos não conferem ao indivíduo uma determinada posição/situação jurídica. Na verdade, eles impedem a participação no processo político em virtude de alguma restrição prevista no texto constitucional.
2.1. Direitos políticos positivos
Eles podem ser divididos em três espécies:
2.1.1. Direito de sufrágio
Há uma confusão (inclusive no texto constitucional) em relação aos termos Sufrágio x Voto x Escrutínio, institutos que não se confundem.
No art. 60, § 4º da CF, ao tratar das cláusulas pétreas, a CF menciona o voto direto, secreto, universal e periódico. No entanto, a rigor, tal dispositivo confunde voto, sufrágio e chamado escrutínio. 
Sufrágio: É o direito político em si. É a própria essência do direito político, expressando-se pela capacidade de eleger, ser eleito e, de forma geral, participar da vida política do Estado. Trata-se, portanto, do poder que se reconhece ao povo de participar direta ou indiretamente na soberania. Em uma democracia participativa, como a brasileira, o poder de sufrágio é exercido através do voto, instrumento de materialização do sufrágio manifestado nas eleições e nas consultas populares (plebiscitos e referendos), bem como por outros meios de participação direta do povo na formação da vontade política do Estado, a exemplo da iniciativa popular de lei.[footnoteRef:1] [1: (TJPA-2019-CESPE): No que se refere aos direitos políticos, é correto afirmar que o direito de sufrágio compreende dois aspectos: a elegibilidade, que é o direito de ser votado; e a alistabilidade, que é o direito de votar. BL: art. 14, CF.
##Atenção: De fato, o Direito de Sufrágio compreende dois aspectos: 1º) Alistabilidade: Refere-se à capacidade eleitoral ativa e consiste na participação do indivíduo na democracia representativa, por meio do direito de votar em eleições, plebiscitos e referendos. O alistamento é uma das condições de elegibilidade; 2º) Elegibilidade: Relaciona-se à capacidade eleitoral passiva, e consiste no direito de pleitear, mediante eleição, certos mandatos políticos. Todo cidadão tem o direito de ser votado, desde que preencha os requisitos constitucionalmente previstos. Logo, o enunciado contempla as duas dimensões do direito de sufrágio – o direito de votar, que se constitui em instrumento do sufrágio e está relacionado à capacidade eleitoral ativa, e o direito de ser votado – pleitear um mandato eletivo, para o qual é necessário estar elegível.
(DPERO-2017-VUNESP): De acordo com a atual Constituição Federal, o sufrágio abrange o direito de votar e de ser votado, sendo que o primeiro direito é pressuposto do segundo, pois para ser elegível é necessário ser eleitor. BL: art. 14, CF.
(TJGO-2010-FCC): Sufrágio é o direito público subjetivo de eleger, ser eleito e de participar da organização e da atividade do poder estatal.
(Anal. Judic./TRT22-2010-FCC): O sufrágio é um direito público subjetivo de natureza política.] 
Voto: É o exercício do direito de sufrágio. O indivíduo exerce o direito de sufrágio votando.
Escrutínio: É o modo como o exercício do voto se realiza (público ou secreto).
##Obs.: Nota-se que, a rigor, não é correto falar em voto secreto, até porque, se o voto fosse secreto, ninguém saberia em que a pessoa votou. O que é secreto é o escrutínio, isto é, o modo como se realiza o exercício do direito de voto. Além disso, é o sufrágio (e não o voto) que é universal.
Nos termos do caput do art. 14 da CF/88, “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos...”. Destarte, o sufrágio é universal, o voto é direto e igual e o escrutínio é secreto.
Da leitura do diploma constitucional, observa-se a opção do constituinte pelo:
- Sufrágio universal;
- Voto: direto e igual; e
- Escrutínio: secreto.
Feitas essas distinções, veja a seguinte decisão do STF que está diretamente relacionada ao escrutínio secreto, envolvendo a questão da impressão do voto:
STF – ADI 4.543 MC: “A exigência legal do voto impresso no processo de votação, contendo número de identificação associado à assinatura digital do eleitor, vulnera o segredo do voto, garantia constitucional expressa.”.
##Obs.: O voto impresso vulnera o segredo do voto, porque, ao imprimir o voto e identificar em quem a pessoa votou, isso permite que, por exemplo, a pessoa venda o seu voto e depois se comprove que realmente votou no candidato que pagou pelo voto. Com o escrutínio secreto, sem essa identificação do voto impresso, o indivíduo pode até receber dinheiro para votar em alguém, mas a pessoa que pagou não terá certeza que, de fato, aquele indivíduo votou nela. 
Obs. 2: Segundo o Professor Marcelo Novelino, em 2015, foi promulgada lei que previa a impressão do voto, mas seu acondicionamento em urna lacrada, de modo a evitar violação à liberdade de voto: 
Lei 13.165/2015, Art. 59-A. No processo de votação eletrônica, a urna imprimirá o registro de cada voto, que será depositado, de forma automática e sem contato manual do eleitor, em local previamente lacrado. 
Parágrafo único. O processo de votação não será concluído até que o eleitor confirme a correspondência entre o teor de seu voto e o registro impresso e exibido pela urna eletrônica. 
2.1.1.1. Espécies de sufrágio: (a) restrito; e (b) universal
a) Sufrágio Restrito (qualificativo)
O sufrágio restrito é aquele que contém algum tipo de limitação ao exercício do direito de sufrágio, a qual não é meramente de caráter formal. Essas exigências de caráter meramente formal - como, por exemplo, idade mínima, alistamento eleitoral ou nacionalidade - não retiram a universalidade do sufrágio. O que faz com que o sufrágio seja restrito são determinadas limitações desarrazoadas, preconceituosas ou arbitrárias impostas a este direito.
Há 4 subespécies de sufrágio restritivo:
a.1) Sufrágio Restrito Censitário: 
É aquele que exige uma determinada condição econômica do indivíduo para que ele possa participar do processo político, ou seja, é aquele que adota o critério de riqueza ou de fortuna para votar e ser votado. 
Tivemos o sufrágio restrito censitário consagrado no texto da Constituição Política Imperial do Brasil de 1824:
CPIB/1824, Art. 95. Todos os que podem ser Eleitores, abeispara serem nomeados Deputados. Exceptuam-se:
I. Os que não tiverem quatrocentos mil réis de renda liquida...
O Ministro Gilmar Mendes refere que, “no sufrágio censitário, concede-se o direito ao voto apenas a quem disponha de certa qualificação ou qualificação econômica. A Constituição de 1824 estabelecia que estavam excluídos de votar nas eleições para deputados e senadores do Império aqueles que não alcançassem renda líquida anual de cem mil-réis. No projeto de Constituição discutido na Assembleia Constituinte do Império, posteriormente dissolvida pelo Imperador, chegou-se a vincular a qualidade de eleitor à produção de determinado número de alqueires de mandioca.”[footnoteRef:2] [2: (Agente Penitenciário-SEJUDF/MT-2017-IBADE): “Os direitos políticos formam a base do regime democrático. A expressão ampla refere-se ao direito de participação no processo político como um todo, ao direito ao sufrágio universal e ao voto periódico, livre, direto secreto e igual, à autonomia de organização do sistema partidário, à igualdade de oportunidade dos partidos políticos. Nos termos da Constituição, a soberania popular se exerce pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular(art. 14).” (MENDES, Gilmar Ferreira, Curso de Direito Constitucional, 11ª edição, São Paulo, Saraiva, 2016, p. 739). Sobre o tema, assinale a alternativa correta: O sufrágio censitário não é previsto na Constituição de 1988, mas esteve presente no ordenamento jurídico pátrio em outras Constituições. 
] 
a.2.) Sufrágio Restrito Capacitário: 
É aquele que exige uma determinada capacidade intelectual do indivíduo para que ele possa participar do processo político, isto é, adota critério de conhecimento, de intelecto, razão intelectual.
Ex.: O indivíduo tem que ter um curso superior para poder participar do processo político. 
##Questiona-se: No Brasil, os analfabetos podem votar, mas não podem ser votados. Isso significa que o sufrágio, no Brasil, é capacitário? Não. Os analfabetos não podem ser votados, porque eles não têm a capacidade técnica necessária para exercer um cargo eletivo. Uma pessoa que não sabe ler e escrever minimamente não tem como exercer um cargo no Executivo ou no Legislativo, já que tal função exige um conhecimento mínimo da língua portuguesa. Até hoje, nunca houve nenhuma espécie de sufrágio capacitário no Brasil. 
	##Obs.: Para não confundir censitário com capacitário, lembrar que Censitário = Capacidade Econômica.
a.3.) Em razão do gênero (questão sexual): 
No Brasil, as mulheres só passaram a ter direito a voto a partir da década de 1930, com o Código Eleitoral da época e, depois, com a Constituição de 1934, que consagrou, em seu art. 108, o seguinte:
CREUB/1934, Art. 108 - São eleitores os brasileiros de um e de outro sexo, maiores de 18 anos, que se alistarem na forma da lei.
##Obs.: O curioso é que, antes, as Constituições não mencionavam nenhum tipo de restrição em relação às mulheres. Elas não previam que só os homens podiam votar, eram silentes. Porém, era tão óbvia que ninguém cogitava da possibilidade de participação do gênero feminino.
b) Universal
Atualmente, a CF/88 consagra o sufrágio universal. Sendo eliminadas as limitações restritivas ao exercício do voto, diz-se que o sufrágio é universal. 
##Atenção: A exigência de determinados requisitos formais - como o alistamento eleitoral, a nacionalidade e a idade mínima – não afasta a universalidade do sufrágio.
No Brasil, vigora o princípio da imediaticidade do sufrágio, sendo este "o resultado imediato da vontade do eleitor, sem intermediações de grandes eleitores ou de qualquer vontade alheia. Por outras palavras, o princípio da imediaticidade do sufrágio garante ao cidadão ativo a primeira e a última palavra, pois os eleitores dão diretamente o seu voto aos cidadãos (incluídos ou não em listas) cujo a eleição constitui o escopo último de todo o procedimento eleitoral."[footnoteRef:3] (CANOTILHO) [3: (TJMS-FGV-2008): O princípio da imediaticidade do sufrágio é característica do sistema eleitoral brasileiro.] 
Como instrumentos de participação direta do indivíduo (democracia direta), a CF/88, contempla o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular (art. 14 da CF/88), todos regulamentados pela Lei 9.709/98.[footnoteRef:4] [4: (MPAC-2014-CESPE): A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular. BL. Art. 14, I, II e III, CF.
(TJDFT-2007): A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com igual valor para todos, e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular. BL. Art. 14, I, II e III, CF.] 
CF/1988, Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto [leia-se, escrutínio] direto e secreto, com valor igual para todos [one person, one vote], e, nos termos da lei, mediante: 
I – plebiscito; 
II – referendo; 
III – iniciativa popular.
· Plebiscito: 
É uma consulta prévia à mudança a ser adotada. Quando se faz um plebiscito, antes de a mudança ser aprovada, a população é consultada. 
Constitui-se, portanto, uma consulta prévia feita ao cidadão para decidir objetivamente (sim ou não) sobre determinado assunto político ou institucional. A Lei 9709/98 (art. 2º, §1º) assim se reporta: “o plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido”.
A CF exige prévia consulta nos casos de incorporação, subdivisão ou desmembramento de Estados (art. 18, § 3º, CF/88) e criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios (art. 18, § 4º, CF/88). Vejamos:
CF/88, Art. 18. (...)
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.[footnoteRef:5] [5: (MPSC-2014): Ao tratar da organização político-administrativa, a Constituição da República prevê que os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. BL: art. 18, §3º da CF/88.] 
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996)[footnoteRef:6] [6: (MPRS-2016): Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que aparecem. A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da Lei. BL: art. 18, §4º da CF/88.
OBS: Esse artigo é muito cobrado em provas. Atenção a essas 3 disposições:
Far-se-á por LEI ESTADUAL no período de LEI COMPLEMENTAR FEDERAL
Com aprovação, POR PLEBISCITO, da população envolvida
Deve-se apresentar e publicar, NA FORMA DA LEI, Estudos de Viabilidade Municipal] 
A própria CF/88 previu expressamente a realização de plebiscito para o eleitorado brasileiro definir a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) a viger no País (art. 2º, ADCT).
· Referendo: 
Nessa hipótese, a consulta à populaçãoé feita posteriormente à mudança adotada, a fim de verificar se concordam ou não com a alteração.
É uma consulta a posteriori, ou seja, o cidadão é consultado para que ratifique ou rejeite objetivamente (sim ou não) determinado ato administrativo ou normativo já editado. A Lei 9709/98 (art. 2º, §2º) dispõe: “o referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição”.[footnoteRef:7] [7: (ABIN-2018-CESPE): Referendo é uma consulta ao povo quanto a assunto já transformado em lei, enquanto plebiscito é uma consulta prévia aos eleitores sobre assuntos políticos ou institucionais.] 
##Atenção: Tanto nos referendos como nos plebiscitos, a participação é: 
a) obrigatória: para os maiores de 18 anos; 
b) facultativa: para os maiores de 16 anos e menores de 18 anos, para os analfabetos e para as pessoas com mais de 70 anos; 
c) vedada: para os estrangeiros e, durante o serviço militar obrigatório, para os conscritos. Em ambos os casos, o cidadão vota na própria seção eleitoral a que está inscrito.
· Iniciativa popular: 
É a iniciativa popular de leis, ou seja, é o direito dado a um grupo de cidadãos para apresentar projetos de lei diretamente ao Poder Legislativo (procedimento complexo e de pouco uso prático). 
Nos termos da CF/88, no art. 61, §2º “a iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles”. 
Nesse sentido, vejamos também o que dispõe o art. 13 da Lei 9.709/98:
Lei 9.709/98, Art. 13. A iniciativa popular consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
§ 1o O projeto de lei de iniciativa popular deverá circunscrever-se a um só assunto.
§ 2o O projeto de lei de iniciativa popular não poderá ser rejeitado por vício de forma, cabendo à Câmara dos Deputados, por seu órgão competente, providenciar a correção de eventuais impropriedades de técnica legislativa ou de redação.
Roberto Moreira de Almeida refere que nada impede que a Constituição Estadual e a Lei Orgânica do Distrito Federal ou Município prevejam a possibilidade de apresentação de leis de iniciativa popular no âmbito dos Estados, Distrito Federal ou Município. 
Exemplo de iniciativa popular: Lei 9840/99 (Lei de Combate à Corrupção Eleitoral), que contou com a assinatura de mais de um milhão de pessoas, que se mobilizaram para tentar coibir a compra de votos.
##Questiona-se: O que se entende por “recall” político e veto popular? O “recall” político e o veto popular são instrumentos de participação popular ou institutos de democracia semidireta. Não foram acolhidos pela CF/88. O “recall” político, bastante utilizado nos EUA, é instrumento através do qual o eleitor revoga um mandato eletivo. Em outras palavras, comprovada a incapacidade ou inabilidade do político eleito, é possível que o eleitor, através do exercício do direito de sufrágio, revogue o respectivo mandato eletivo[footnoteRef:8]. Veto popular, por seu turno, seria o instrumento legal através do qual o cidadão poderia vetar a tramitação de projetos de lei no Congresso Nacional, Assembleia Legislativa ou Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Município. [8: (TJBA-2019-CESPE): Assinale a opção que indica o instrumento da democracia direta ou participativa que constitui consulta popular ao eleitorado sobre a manutenção ou revogação de um mandato político: Recall.
OBS: O recall é a revogação do mandato político pelo povo. Colhendo-se um número de assinaturas determinado pela Constituição ou pela lei, convoca-se um recall, através do qual o eleitorado decide se um mandatário deve ou não ter o seu mandato cassado. Também não existe no Brasil, sendo utilizado em alguns estados norte-americanos. Ex.: na Califórnia, em 2003, o povo revogou o mandato do governador Gray Davis e elegeu Arnold Schwarzenegger.
(DPEMG-2009-FUMARC): Dentre os instrumentos da democracia semidireta, aquele que consiste em consulta à opinião do eleitorado sobre a manutenção ou a revogação do mandato político ou administrativo conferido a alguém, denomina-se recall.] 
2.1.2. Alistabilidade (capacidade eleitoral ativa): o direito de votar.
Marcelo Novelino refere que a capacidade eleitoral ativa consiste na participação do indivíduo na democracia representativa, cujo exercício se realiza por meio do voto em eleições, plebiscitos e referendos, além da iniciativa popular. Essa capacidade é adquirida com o alistamento realizado perante a Justiça Eleitoral.
2.1.2.1. Características do voto
No modelo adotado pela atual Constituição Federal (art. 14, caput e art. 60, §4º, II), o voto se caracteriza por ser:
a) Direto
Significa que, como regra, os representantes do povo (mandatários do Executivo e do Legislativo) são escolhidos diretamente, sem intermediários, ao contrário do que ocorria na ditadura, por exemplo. Entretanto, a Constituição Federal prevê duas exceções expressas:
· Primeira Exceção: A escolha de Governador de Território pelo Presidente da República (art. 84, XIV, CF). Caso venha a ser criado algum Território, o Governador não será eleito pela população, mas pelo Presidente da República. Lembre-se que os territórios são autarquias territoriais pertencentes à União.
· Segunda Exceção: Vacância do cargo de Presidente e Vice-Presidente da República. Se os dois cargos ficarem vagos, tanto o de Presidente, quanto o de Vice-Presidente, dependendo do período em que o último desses cargos ficar vago, a eleição poderá ser indireta. Quando a dupla vacância ocorre no primeiro biênio, a eleição é direta. Quando ocorre no segundo biênio, a escolha é feita pelo Congresso Nacional (Art. 81, §1º, CF). 
Ex.: Se o Michel Temer renunciasse ou sofresse um impeachment, teríamos eleições indiretas (o novo presidente e vice-presidente seriam escolhidos pelo Congresso Nacional). 
##Obs.: Havendo vacância de Presidente e Vice-Presidente da República, podemos resumir:
 - 2 primeiros anos = Eleição direta pelo povo
 - 2 últimos anos = Eleição indireta pelo Congresso Nacional em 30 dias
**Neste interstício, assumirão o cargo interinamente, na seguinte ordem: Presidente da Câmara de Deputados; Presidente do Senado Federal e Presidente do STF.
b) Igual para todos
Esta igualdade no valor do voto possui inspiração no direito norte-americano, na expressão “one person, one vote”.
É igual para todos porque se impede o eleitor de votar mais de uma vez em determinada eleição. Além disso, o voto de cada eleito tem o mesmo valor, independentemente da condição econômica ou intelectual, do gênero ou da idade. O sistema norte-americano, desde a sua independência, cada pessoa tinha direito a um único voto e um único candidato.
##Obs.: A expressão “com valor igual para todos”, prevista no art. 14 da CF/88, é inspirada no direito norte-americano. Nos EUA, havia uma expressão, inicialmente utilizada, que era “one man, one vote” (cada homem, um voto, independentemente da condição econômica, da capacidade intelectual, independentemente de qualquer requisito preconceituoso ou arbitrário). Posteriormente, a Suprema Corte substituiu a expressão “one man, one vote” por “one person, one vote” (uma pessoa, um voto) para não soar discriminatório em relação às mulheres (Caso REYNOLDS VS. SIMS, 1964).
c) Periódico
A periodicidade das eleições implica na periodicidade do voto. Atualmente, no Brasil, as eleições são periodicamente realizadas de dois em dois anos. Primeiro, eleições para as esferas federal e estadual e, dois anos depois, para a esfera municipal. Há algumas propostas de mudança.
A periodicidade do voto é uma consequência da periodicidade das eleições, que, por sua vez, é uma concretização do princípio republicano, que tem, como uma de suas bases, aalternância do poder. A República pressupõe que haja essa alternância, de modo a evitar a perpetuação no poder. Por essa razão que é permitida apenas uma reeleição por pessoa. 
d) Livre
A liberdade do voto é assegurada pelo escrutínio secreto. 
Através do escrutínio secreto, é possível que se vote livremente, sem qualquer tipo de pressão, sem a possibilidade de ter que comprovar em quem se votou. 
Por essa razão, o STF, no julgamento da ADI 4.543 MC, entendeu ser inconstitucional a obrigatoriedade de impressão do voto com a identificação do eleitor.
e) Personalíssimo
Significa que apenas a própria pessoa pode votar, ou seja, não pode ser exercido por terceiros, nem mesmo por meio de procuração.
f) Obrigatório
Além dessas características, via de regra, no Brasil, o voto é obrigatório, a partir dos 18 anos. 
Entretanto, excepcionalmente, para algumas pessoas, o voto e o alistamento eleitoral são facultativos, como ocorre para os maiores de 16 anos e menores de 18 anos, para os analfabetos e para os maiores de 70 anos. Vejamos o teor do art. 14, §1º, CF/88:
CF, Art. 14, § 1º. O alistamento eleitoral e o voto são: 
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
2.1.2.2. Inalistáveis:
O alistamento eleitoral é uma das condições de elegibilidade (CF, art. 14, §3º, III). Logo, os inalistáveis compreendem as pessoas que não podem se alistar como eleitores. 
Vejamos:
a) estrangeiros e conscritos
No caso do estrangeiro[footnoteRef:9], encontra-se uma exceção, a qual foi estudada na matéria sobre direitos de nacionalidade: o caso dos portugueses equiparados aos brasileiros (“quase nacionalidade”). Desse modo, caso haja reciprocidade por parte de Portugal para com os brasileiros lá residentes, os portugueses podem, desde que sejam residentes no Brasil, alistar-se como eleitores, votar e até ser votados (art. 12, §1º, da CF). [9: (MPMA-2014): Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros. BL. Art. 14, §2º, CF.] 
Em outros termos, o português (cidadão e nacional de Portugal) residente no Brasil, embora estrangeiro, foi equiparado a brasileiro naturalizado e poderá aqui votar e ser votado, desde que Portugal assegure idêntico direito a brasileiro residente em território lusitano.
Quanto aos conscritos, são as pessoas que prestam serviço militar obrigatório, geralmente quando completam 17/18 anos. A lei estende o conceito de conscrito a médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários que estejam prestando o serviço militar obrigatório.[footnoteRef:10] [10: (TJMS-2015-VUNESP): Nos termos da interpretação do Tribunal Superior Eleitoral, referente ao alistamento eleitoral, não podem alistar-se os conscritos, durante o serviço militar obrigatório. BL. Art. 14, §2º, CF.] 
Vejamos o teor dos seguintes dispositivos: 
CF, Art. 14, § 2º. Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.[footnoteRef:11] [11: (Anal./DPEAM-2018-FCC): A Constituição Federal de 1988 estabelece, como regra geral, que são inalistáveis e inelegíveis como eleitores estrangeiros. BL. Art. 14, §2º, CF.
(MPMA-2014): Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros. BL. Art. 14, §2º, CF.
(MPMS-2011): Embora eleitores, não podem votar: Os eleitores conscritos. BL. Art. 14, §2º, CF.] 
Lei 5.292/67, Art. 4º. Os concluintes dos cursos nos Institutos de Educação Superior destinados à formação de médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários que não tenham prestado o serviço militar inicial obrigatório no momento da convocação de sua classe, por adiamento ou dispensa de incorporação, deverão prestar o serviço militar no ano seguinte ao da conclusão do respectivo curso ou após a realização de programa de residência médica ou pós graduação...(Redação dada pela Lei nº 12.336/2010)
##Obs.: O dispositivo legal acima não se refere a profissionais concursados (como médicos que prestam o concurso do exército, por exemplo), mas sim a profissionais que estão prestando serviço militar obrigatório. O alistamento fica suspenso, temporariamente, enquanto eles estiverem prestando serviço militar obrigatório. Terminado esse serviço, eles voltam a exercer os direitos políticos. 
2.1.3. Elegibilidade (capacidade eleitoral passiva)
A capacidade eleitoral passiva consiste no direito de pleitear, mediante eleição, certos mandatos políticos. Desse modo, todo cidadão tem o direito de ser votado, desde que preencha os requisitos constitucionalmente previstos.
Trata-se, portanto, do direito de ser votado.
Plena cidadania: No Brasil, a plena cidadania é atingida aos 35 anos. Esta idade é a idade mínima para que se possa ocupar o cargo de Presidente, Vice-Presidente e Senador da República, motivo pelo qual a plena cidadania é alcançada nesta idade.
2.1.3.1. Inelegibilidades x Condições de Elegibilidade 
As inelegibilidades estão contidas dentro dos direitos políticos negativos, já que elas importam em uma privação na participação do indivíduo na vida política do Estado. A CF/88 prevê a possibilidade de criação de outras hipóteses por lei complementar (LC 64/1990, alterada pela LC 135/2010). Logo, não pode ser lei ordinária 
Dizemos inelegível a pessoa que, embora regularmente no gozo dos direitos políticos, esteja impedida de exercer temporariamente a capacidade eleitoral passiva (direito de ser votada) em razão de algum motivo relevante fixado em lei complementar.
Já as condições de elegibilidade são condições para que o indivíduo participe da vida política do Estado. Portanto, essas condições fazem parte dos direitos políticos positivos. A CF/88 prevê que as condições de elegibilidade devem ser previstas “na forma da lei” (art. 14, §3º, CF). Como a CF/88 dispõe apenas “lei”, significa que é uma lei ordinária (Lei 4.737/1965 - Código Eleitoral).
##EM RESUMO: As inelegibilidades não se confundem com as condições de elegibilidade: 
· Enquanto as condições de elegibilidade constituem requisitos para que o cidadão possa concorrer a determinado cargo eletivo (requisitos positivos); as inelegibilidades constituem em impedimentos ou obstáculos que, se não afastados, obstam a candidatura (requisitos negativos). 
· Destarte, para que alguém possa pleitear um mandato eletivo, deve preencher as condições de elegibilidade e não incidir em qualquer dos casos de inelegibilidade legalmente previstos. 
· Ademais, as condições de elegibilidade são traçadas obrigatoriamente no texto constitucional, ao passo que as hipóteses de inelegibilidade precisam estar previstas na Constituição ou em lei complementar (art. 14, §9º, CF/88).
##Atenção: Vejamos alguns questionamentos importantes trazidos no julgado do STF, o RE 929670/DF (repercussão geral), de Relatoria do Min. Luiz Fux, veiculado no Info 892 (fonte: Dizer o Direito):
##Questiona-se: As hipóteses de inelegibilidade possuem caráter de sanção? NÃO. O Min. Luiz Fux sustentou que as hipóteses de inelegibilidade não apresentam caráter sancionatório. Como exemplo, ele cita o caso do art. 14, § 4º da CF/88, que prevê a inelegibilidade dos analfabetos. Ora, o objetivo do legislador constituinte não foi o de punir os analfabetos, não se podendo, portanto, dizer que se trata de uma sanção. 
 
##Questiona-se: Então qual é a natureza jurídica da inelegibilidade? A inelegibilidade ostenta natureza jurídica de “requisito negativo de adequação do indivíduo ao regime jurídico do processo eleitoral”. Logo, as hipóteses de inelegibilidade previstas na LC 64/90 não possuem caráter sancionatório ou punitivo, mesmo no caso descrito no art. 22, XIV. Não existe no ordenamento jurídico brasileiro a figura da inelegibilidade-sanção.
 
##Questiona-se: Mas o art. 22, XIV da Lei Complementar 64/90 fala em sanção? Segundo o Min. Fux, houve uma atecnia do legislador, ou seja, uma falha de técnica legislativa ao se afirmar que a inelegibilidade do art. 22, XIV, seria uma hipótese de sanção. Além disso, a natureza de um instituto jurídico não deveser interpretada pelo seu “rótulo legal”, mas sim pela a partir da análise dos efeitos jurídicos que efetivamente dele advêm.
2.1.3.2. Condições de Elegibilidade[footnoteRef:12] [12: (TJMT-2014-FMP): É exigência feita aos cidadãos que pretendem se candidatar a cargos eletivos, demonstrem as seguintes condições de elegibilidade: pleno exercício dos direitos políticos, domicílio eleitoral e nacionalidade brasileira. BL: art. 14, §3º, CF/88.
(TJSP-2011-VUNESP): A elegibilidade é a regra e são elegíveis todos os que atenderem às condições estabelecidas, que são a nacionalidade brasileira, o pleno exercício dos direitos políticos, alistamento, domicílio e filiação partidária e idade prevista na Constituição. BL: art. 14, §3º, CF/88.] 
Art. 14, § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei [“na forma da lei = lei ordinária = Códidgo Eleitoral – Lei 4.737/65]:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária; Regulamento
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;[footnoteRef:13] [13: (MPDFT-2014): É condição de elegibilidade, na forma da lei, a idade mínima de trinta anos para Governador de Estado. BL. art. 14, §3º, VI, “b”, CF.] 
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.[footnoteRef:14] [14: (TJRS-2016): De acordo com o artigo 14 da CF/88, referente aos direitos políticos, assinale a alternativa correta: Os menores de 18 (dezoito) anos são inelegíveis. BL: art. 14, §3º, VI, “d”, CF/88.] 
a) Nacionalidade brasileira
A nacionalidade, sendo requisito indispensável para a alistabilidade, constitui-se como pressuposto para o exercício da cidadania em sentido estrito, ou seja, para o exercício dos direitos políticos. A pessoa só pode exercer direitos políticos no Brasil se tiver a nacionalidade brasileira, se for brasileiro nato ou brasileiro naturalizado. 
A única exceção a esta regra é o caso dos portugueses equiparados. Havendo reciprocidade por parte de Portugal, embora não tenham a nacionalidade brasileira, os portugueses residentes no Brasil poderão se alistar e até ser elegíveis (art. 12, §1º, CF/88).
##Obs.: Exige-se a nacionalidade originária (deve ser brasileiro nato) para o candidato a Presidente da República e Vice-Presidente da República. Também são privativos de brasileiros natos os demais cargos elencados no art. 12, §3º da CF/88.
##Obs.: O fato de brasileiro ser polipátrida (ter mais de uma nacionalidade, a brasileira e mais uma outra, por exemplo), não é impedimento para o exercício das capacidades ativa e passiva no Brasil.
b) O pleno exercício dos direitos políticos
O pleno exercício dos direitos políticos como condição de elegibilidade impede que um indivíduo cujos direitos políticos tenham sido suspensos (art. 15, CF/88) possa se candidatar a qualquer cargo eletivo. Em outras palavras, uma pessoa que não tenha adquirido os direitos políticos não pode se eleger. 
Ex.: menor de 16 anos ou pessoa que esteja com direitos políticos suspensos, seja em razão de uma condenação criminal, seja por ser um conscrito.
c) Alistamento eleitoral
No Brasil, a alistabilidade é requisito, pressuposto para a elegibilidade. O indivíduo só pode ser eleito se for alistável. Caso contrário, não é elegível. 
O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do eleitor (art. 42 e seguintes do Código Eleitoral).
d) Domicílio eleitoral na circunscrição;
O domicílio eleitoral não se confunde com o domicílio civil (arts. 70 a 74 do CC/02). A pessoa pode optar por um determinado domicílio eleitoral, ou seja, a circunstância de o eleitor residir em determinado município não o impede de se candidatar por outra localidade onde é inscrito e com a qual mantém vínculos negociais, patrimoniais, profissionais, afetivos ou políticos.
e) A filiação partidária
No Brasil, a pessoa só pode se candidatar a um cargo eletivo se estiver filiada a um determinado partido. 
Não se admite as chamadas candidaturas autônomas ou avulsas, como existe nos EUA, por exemplo, embora haja um projeto em tramitação no Congresso Nacional nesse sentido.
f) Idade mínima de:
· 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
· 30 anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
· 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
· 18 anos para Vereador.
Nota-se que os indivíduos que têm menos de 18 anos podem, a partir dos 16 anos, se alistar e votar, mas não podem ser votados para nenhum cargo, já que a idade mínima de elegibilidade é 18 anos.
##Atenção: Veja dica para decorar as idades mínimas:
2.1.3.3. Condições de elegibilidade x Idade Mínima
Regra: No registro da candidatura, o indivíduo já tem que comprovar sua elegibilidade.
Todavia, existe uma distinção entre as condições de elegibilidade em geral e a idade mínima. Em regra, as condições de elegibilidade têm que ser comprovadas no momento do registro da candidatura.
Exceção: Idade mínima deve ser comprovada na data da posse. A exceção da exceção (que não é comprovada na data da posse) é quando fixada em 18 anos (idade mínima para o cargo de vereador), devendo ser comprovada no registro da candidatura.
Vejamos o teor do art. 11, §2º da Lei 9504/97:
Lei 9.504/97, Art. 11, § 2º. A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse, salvo quando fixada em dezoito anos, hipótese em que será aferida na data-limite para o pedido de registro.
2.2. Direitos políticos negativos
Segundo Marcelo Novelino, os direitos políticos negativos são determinações constitucionais que importam na privação do direito de participar do processo político e dos órgãos governamentais, como as contidas nas normas referentes à inelegibilidade, perda e suspensão dos direitos políticos.
Em suma, são aqueles direitos políticos que impedem a participação do indivíduo na vida política do Estado. 
São divididos em dois grupos:
2.2.1. Inelegibilidades
Como já referido, a inelegibilidade consiste na falta de capacidade eleitoral passiva. De acordo com sua natureza, pode ser classificada como absoluta ou relativa.
##Questiona-se: A declaração de inelegibilidade de candidato a Presidente da República se estenderá ao respectivo Vice? Não. De acordo com o art. 18 da LC 64/90, não atingirá o candidato a Vice-Presidente, Vice-Governador ou Vice-Prefeito, a declaração da inelegibilidade do candidato a Presidência da República, Governador do Estado e do Distrito Federal e Prefeito municipal, assim como a destes não afetará aqueles.
a) Inelegibilidade absoluta (CF, art. 14, § 4º)
Somente a própria Constituição pode prever as inelegibilidades absolutas. A única hipótese de inelegibilidade absoluta que existe no ordenamento jurídico atual é a prevista no art. 14, § 4º (será vista em seguida).
Além disso, esse tipo de inelegibilidade, geralmente, está relacionado a alguma condição/característica pessoal e não com o cargo que a pessoa exerce ou pleiteia. Logo, atinge todos os cargos eletivos e não pode ser afastada por meio da desincompatibilização.
b) Relativas
Elas podem ser previstas, não só pela Constituição, mas também por Lei Complementar (Art. 14, § 9º). 
Em geral, tais inelegibilidades estão relacionadas a um determinado cargo, geralmente cargos de Chefe do Poder Executivo podendo ser afastadas, em certos casos, mediante desincompatibilização. Elas podem ser de diversas espécies. 
b.1) cargos eletivos: esse tipo, ainda, subdivide-se em:
b.1.1) para o mesmo cargo (CF, art. 14, § 5º); 
b.1.2) para outro cargo (CF, art. 14, §6º);
b.2) cargos não eletivos:
-	Militares (CF, art. 14, §8º);
· Juízes (CF, art. 95, p.ú., III);
· Membros do Ministério Público (CF,art. 128, §5º, II, “e”);
b.3) Em razão do parentesco (CF, art. 14, § 7º) - (inelegibilidade reflexa): pessoa fica inelegível por ter parentesco com alguém que ocupa um cargo no Poder Executivo.
b.4) Outras hipóteses (CF, art. 14, § 9º).
2.2.1.1. Inelegibilidade absoluta
Vejamos o art. 14, §4º da CF:
CF, Art. 14, § 4º. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.[footnoteRef:15] [15: (TJDFT-2007): Nos termos do que preconizado na Constituição de República de 1988, a respeito dos Direitos Políticos: São inelegíveis os inalistáveis. BL. art. 14, §4º, CF.] 
Percebe-se que o dispositivo trata de características pessoais, ou seja, não tem nenhuma relação com o cargo que a pessoa ocupa ou ocupou, mas sim com condições pessoais, como o faz em relação aos inalistáveis (estrangeiros e conscritos) e aos analfabetos (art. 14, §4º, CF).
2.2.1.2. Inelegibilidade relativa
Também estão previstas na CF/88, embora possam ser previstas, também, no texto legal. Possuem diversas espécies:
a) Cargos eletivos: Podem ser para o mesmo cargo ou para cargos distintos, mas elas sempre estão relacionadas a cargos do Poder Executivo. 
a.1.) Para o mesmo cargo (art. 14, §5º, CF):
CF, Art. 14, § 5º. O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido [é definitiva], ou substituído [é temporária] no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.
##Obs.: Sucedido x substituído: 
· A sucessão é definitiva. Ex.: A Dilma sofreu o impeachment e foi sucedida por Temer. O Mário Covas faleceu quando era Governador de São Paulo, sendo sucedido por Geraldo Alckmin. O Aécio Neves renunciou ao Governo de Minas para se candidatar ao Senado, sendo sucedido por Antônio Anastasia. 
· Já a substituição é apenas temporária. Ocorre quando a pessoa ocupa o cargo temporariamente em razão de um impedimento. Ex.: O Presidente da República viajou para o exterior, o Presidente da Câmara assume temporariamente a Presidência da República.
##Atenção: Quando se fala em reeleição, só pode ser para o mesmo cargo e local. 
Ex.: Se é Prefeito de Campinas, a reeleição é para o mesmo cargo de Prefeito em Campinas; se é Governador em São Paulo, pode ser reeleito para o cargo de Governador em São Paulo.
##Questiona-se: Quando o Vice-Presidente substitui o Presidente da República, isso conta como sendo uma hipótese de eleição? É como se ele estivesse exercendo o mandato uma vez? Ou só conta quando ele sucede efetivamente o presidente? Pelo texto constitucional, em uma interpretação literal, tanto a sucessão quanto a substituição, seriam computados para fins de reeleição. Ex.: Rodrigo Maia substitui o Presidente Michel Temer em eventual viagem ao exterior. Se o Rodrigo Maia for candidato nas eleições de 2018, ele estaria impedido de concorrer nas eleições de 2022 por já ter substituído o Temer no atual mandato. Essa questão é objeto de divergências. O TSE adota um entendimento e o STF adota outro. Embora o entendimento do TSE seja mais recente do que o do Supremo, em uma prova, recomenda-se adotar a jurisprudência do Supremo. 
Vejamos o entendimento do TSE sobre o tema:
TSE – Consulta 1.699-37/DF: “O Vice-Prefeito que assumir a chefia do Poder Executivo em decorrência do afastamento, ainda que temporário, do titular, seja por que razão for, somente poderá candidatar-se ao cargo de Prefeito para um único período subsequente.”
Contudo, a jurisprudência do STF é diferente. 
O Mário Covas era Governador do Estado de São Paulo. Ele foi eleito em 1994, tendo Geraldo Alckmin como Vice-Governador. Durante o primeiro mandato, Mário Covas, eventualmente, ficou afastado por motivo de doença e Geraldo Alckmin o substituiu temporariamente. Em 1998, novamente a chapa Covas/Alckmin foi eleita. Durante o mandato, Mário Covas faleceu de câncer e Geraldo Alckmin assumiu, definitivamente, o cargo de Governador de São Paulo. Nas eleições seguintes, Alckmin foi candidato ao Governo de São Paulo e a chapa contrária impugnou sua candidatura, dizendo que ele não poderia se candidatar novamente, já que no mandato de 1994, embora Vice, ele substituiu o Governador, contando como sendo um primeiro mandato; em 1998, ele novamente foi eleito como Vice, mas assumiu com o falecimento do Covas, contando como sendo o segundo mandato. Assim, em 2002, ele não poderia se candidatar novamente, porque seria o terceiro mandato consecutivo, o que não é permitido.
Entretanto, o STF reiterou sua jurisprudência, decidindo que a simples substituição (como aconteceu no primeiro mandato de Vice do Geraldo Alckmin) não deve ser computada para fins de reeleição. Vejamos o teor do julgado do STF:
STF – RE 366.488/SP: “Vice-Governador eleito duas vezes para o cargo de Vice-Governador. No segundo mandato de vice, sucedeu o titular. Certo que, no seu primeiro mandato de vice, teria substituído o Governador. Possibilidade de reeleger-se ao cargo de Governador, porque o exercício da titularidade do cargo dá-se mediante eleição ou por sucessão. Somente quando sucedeu o titular é que passou a exercer o seu primeiro mandato como titular do cargo. Inteligência do disposto no § 5º do art. 14 da Constituição Federal”.
##Atenção: “Prefeito itinerante” ou “prefeito profissional”. É uma figura caracterizada pela alteração do domicílio eleitoral com a finalidade de burlar a regra que permite apenas uma reeleição. Ex.: O prefeito reeleito de uma determinada cidade não pode se candidatar, novamente, a um terceiro mandato consecutivo. No entanto, existem Municípios limítrofes nos quais a influência do prefeito ultrapassa os limites territoriais. O sujeito, nas eleições seguintes, que seria a terceira, como não pode se candidatar novamente no Município em que exerce o cargo, desincompatibiliza-se 6 meses antes (para concorrer a outros cargos o chefe do Executivo tem que se desincompatibilizar 6 meses antes), muda seu domicílio eleitoral para o Município vizinho com o intuito de se candidatar à prefeito.
##Questiona-se: Essa figura é compatível com a Constituição, já que ela veda apenas a reeleição? Embora a Constituição não trate especificamente desta hipótese, o STF entendeu que a figura do prefeito itinerante é incompatível com o princípio republicano. [footnoteRef:16] Segue o julgado: [16: (TRF4-2016): O cidadão que exerce dois mandatos consecutivos como Prefeito de determinado Município fica inelegível para o cargo de mesma natureza em qualquer outro Município da Federação, para o período subsequente. BL: STF, 637.485/RJ.
(TJDFT-2014-CESPE): Jânio, prefeito do município X, foi reeleito para mais quatro anos de mandato, estando à frente do Poder Executivo municipal durante dois mandatos consecutivos. No próximo pleito, Jânio pretende candidatar-se a prefeito de outro município, localizado a poucos quilômetros de X. Nessa situação, de acordo com a jurisprudência do STF acerca da matéria, a participação de Jânio no próximo pleito fere o princípio republicano, não sendo, pois, possível, em nenhum município da Federação. (direito eleitoral)
Explicação: Entendimento consolidado pelo TSE veda o " PREFEITO ITINERANTE" por clara violação ao postulados da temporariedade dos mandatos  (PRINCÍPIO REPUBLICANO). RE 637485.] 
STF – RE 637.485/RJ: “[…] O instituto da reeleição tem fundamento não somente no postulado da continuidade administrativa, mas também no princípio republicano, que impede a perpetuação de uma mesma pessoa ou grupo no poder. O princípio republicano condiciona a interpretação e a aplicação do próprio comando da norma constitucional, de modo que a reeleição é permitida por apenas uma única vez. Esse princípio impede a terceira eleição não apenas no mesmo município, mas em relação a qualquer outro município da federação. Entendimento contrário tornaria possível a figura do denominado “prefeito itinerante” ou do “prefeito profissional”, o que claramente é incompatível com esse princípio, que também traduz um postulado de temporariedade/alternância do exercício do poder. Portanto, ambos os princípios – continuidadeadministrativa e republicanismo – condicionam a interpretação e a aplicação teleológicas [finalísticas] do art. 14, § 5º, da Constituição. O cidadão que exerce dois mandatos consecutivos como prefeito de determinado município fica inelegível para o cargo da mesma natureza em qualquer outro município da federação [...]. (2.1) o art. 14, § 5º, da Constituição, deve ser interpretado no sentido de que a proibição da segunda reeleição é absoluta e torna inelegível para determinado cargo de Chefe do Poder Executivo o cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos (reeleito uma única vez) em cargo da mesma natureza, ainda que em ente da federação diverso;
	O prefeito Dória, da cidade de São Paulo, por exemplo, pode se candidatar a Presidente da República, mesmo que na próxima eleição ele seja reeleito prefeito de São Paulo. O que ele não pode é se candidatar à reeleição e, na eleição seguinte, se candidatar a prefeito de Santo André, São Bernardo, etc., municípios do Estado de São Paulo.
a.2.) Para outro cargo (art. 14, §6º, CF):
Para o Chefe do Poder Executivo se candidatar a outro cargo, precisa se desincompatibilizar 6 meses antes. Vejamos o teor do art. 14, §6º, CF/88:
CF, Art. 14, § 6º. Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.[footnoteRef:17] [17: (Investig. Polícia/PCBA-2018-VUNESP): Imagine a seguinte situação hipotética: o Prefeito do Município X foi eleito no ano de 2016. Nessa situação, é correto afirmar que caso decida se candidatar ao cargo de Presidente ou Vice-Presidente da República, deverá possuir a idade mínima de 35 (trinta e cinco) anos e renunciar ao respectivo mandato de Prefeito até 6 (seis) meses antes do pleito. BL. art. 14, §3º, VI c/c §6º, CF.
(TRF4-2016): Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, o Governador de Estado, o Governador do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis) meses antes dos pleitos respectivos. BL: art. 14, §6º, CF.] 
O fundamento dessa vedação é de que o Chefe do Executivo é quem controla a máquina administrativa. Se ele pudesse ficar no cargo até o final do mandato, teria a possibilidade de utilizá-lo para se promover. O objetivo é evitar que a pessoa utilize a máquina administrativa para conseguir se eleger.
##Atenção: O Vice-Presidente da República, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito poderão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus mandatos respectivos, desde que, nos seis meses anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou substituído o titular.[footnoteRef:18] [18: (AGU-2015-CESPE): Com base nas normas constitucionais e na jurisprudência do STF, julgue o item seguinte: Vice-governador de estado que não tenha sucedido ou substituído o governador durante o mandato não precisará se desincompatibilizar do cargo atual no período de seis meses antes do pleito para concorrer a outro cargo eletivo. BL: art. 14, §6º, CF.
OBS: "É de se ressaltar que o disposto no § 6º do art. 14 da CF aplica-se, tão somente, aos titulares de mandatos de presidente da república, governadores de estado e do Distrito Federal e prefeitos municipais. Seus respectivos vices, portanto, não são abrangidos pela previsão constitucional supracitada, desde que, nos seis meses anteriores ao pleito, não assumam, mesmo que em substituição, o cargo de titular". (BARREIROS NETO, 2015, p. 223). 
OBS: A desincompatibilização é exigida, via de regra, do Presidente, Governador ou Prefeito que está no cargo. Se o Vice-Governador não assumiu o cargo, seja a título provisório (substituição), seja a título definitivo (sucessão), não há porque exigir a renúncia 6 meses antes do pleito (desincompatibilização). Nesse sentido, Resolução 19.491/TSE.] 
a.3.) Para cargos não eletivos:
As inelegibilidades impostas a ocupantes de determinados cargos não eletivos estão previstas em dispositivos constitucionais e legais. 
No âmbito constitucional, são impostas restrições aos militares da ativa:
CF, Art. 14, § 8º: O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: 
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.[footnoteRef:19] [19: (MPPE-2002-FCC): Muitas são as condições de elegibilidade que devem ser preenchidas para a participação política ativa e passiva. Rinaldo é oficial da Polícia Militar do Estado e conta mais de dez anos de serviço. Resolveu ser candidato a Deputado Estadual. Nesse caso, ele é elegível e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. BL: art. 14, §8, CF.] 
Além disso, no âmbito constitucional, são impostas vedações ao exercício de atividade político-partidária por magistrados e membros do Ministério Público:
CF, Art. 95, Parágrafo único: Aos juízes é vedado: [...] 
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
CF, Art. 128, § 5º. Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: [...]
II - as seguintes vedações: [...]
e) exercer atividade político-partidária.
##Obs.: O exercício de atividade político-partidária, como se pode intuir, é incompatível com o dever, no caso do juiz, de imparcialidade e neutralidade e, no caso do MP, de ser fiscal da lei. Tantos membros do MP, quanto membros da magistratura, que têm algum tipo de ligação político-partidária, de certa forma, acabam sendo influenciados de forma nociva.
Em virtude de expressa vedação legal, não podem se filiar a partidos políticos os Defensores Públicos da União, enquanto estiverem atuando perante a Justiça Eleitoral, nos termos do art. 46, V da LC 80/94:
LC 64/90, Art. 46. Além das proibições decorrentes do exercício de cargo público, aos membros da Defensoria Pública da União é vedado:
V - exercer atividade político-partidária, enquanto atuar junto à justiça eleitoral.
a.4.) Em razão do parentesco (inelegibilidade reflexa):
A chamada inelegibilidade reflexa tem por objetivo evitar que um mesmo grupo familiar se perpetue no poder. Está prevista no art. 14, §7º, CF:
CF, Art. 14, § 7º: São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito [apenas cargos do Poder Executivo] ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
##Obs.: “no território de jurisdição do titular” significa que, dependendo do tipo de cargo, a restrição pode ser maior ou menor. Desse modo, refere Marcelo Novelino que o cônjuge e os referidos parentes do Presidente da República são inelegíveis para qualquer cargo dentro do território nacional; os do Governador, para qualquer cargo municipal, estadual ou federal dentro do Estado; e, os do Prefeito, para o cargo de Prefeito ou Vereador dentro do Município. Vejamos os seguintes exemplos:
Exemplo nº 1: No caso do Presidente da República, o território de jurisdição do titular é todo o Estado brasileiro. Assim, o cônjuge e os parentes não podem se candidatar, no caso do Presidente da República, a nenhum cargo no Estado brasileiro, salvo se já titulares de mandato eletivo e candidatos à reeleição. 
Suponha que Paulo Bernardo - marido de Gleisi Hoffmann (Senadora) – seja eleito Presidente da República nas próximas eleições. Nada impede que, nas eleições seguintes, Gleisi se candidate novamente ao cargo de senadora, porque, neste caso, ela estaria concorrendo à reeleição, ou seja, ela já era detentora de mandato eletivo antes. Contudo, ela não pode concorrer ao cargo de Deputada, ao cargode Governadora etc., porque, neste caso, não seria reeleição, mas sim novo cargo.
Exemplo nº 2: No caso de Governador de Estado, o cônjuge e os parentes não podem se candidatar a nenhum cargo no Estado correspondente. O pai de Roseana Sarney não podia, enquanto ela era Governadora do Maranhão, candidatar-se ao cargo de prefeito de município no Estado do Maranhão, a cargo de vereador de município no Maranhão, a cargo de deputado federal pelo Maranhão, a cargo de senador pelo Maranhão, ou seja, a nenhum cargo dentro do Estado do Maranhão. Contudo, ele podia se candidatar a cargo por outro Estado, como o de Senador pelo Amapá (como o fez).
Exemplo nº 3: No caso de Prefeito, o cônjuge e os parentes não podem se candidatar a nenhum cargo eletivo dentro do município correspondente, ou seja, não podem se candidatar ao cargo de vereador e nem ao cargo de prefeito.
##Questiona-se: Tício é Prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Tício Jr. é filho de Tício e pretende se candidatar a Deputado Estadual pelo Estado do Rio de Janeiro. Tício Júnior é elegível? SIM. Não há inelegibilidade na hipótese, pois a circunscrição eleitoral de Deputado Estadual (território Estado-membro – RJ) é maior que a de Prefeito (sede do Município). Seria inelegível Tício Jr., por exemplo, se Tício fosse Governador de Estado do Rio de Janeiro ou Presidente da República (nos seis meses anteriores à eleição) [em ambos os casos, o território do município estaria dentro da circunscrição maior, qual seja, o Estado ou o País]. Porém, em quaisquer dos casos, Tício Júnior seria elegível a Deputado Estadual se já ocupasse tal cargo e fosse candidato à reeleição.
##Questiona-se: Suponha-se que o prefeito tenha sido eleito e está no seu primeiro mandato. Nas eleições seguintes, ao invés de ele se candidatar novamente a prefeito, resolve se candidatar a um outro cargo, por exemplo, Presidente da República. Ele poderia se candidatar a mais uma eleição para prefeito, já que ele exerceu apenas um mandato. Contudo, ele renunciou 6 meses antes e decidiu se candidatar ao cargo de Presidente da República. A esposa desse sujeito poderia se candidatar ao cargo de prefeita na eleição seguinte? Neste caso, a esposa poderia se candidatar, porque, primeiro, ele exerceu apenas um mandato e tinha direito à reeleição. Como ele tinha direito à reeleição, o cônjuge pode concorrer no lugar dele. Contudo, só será permitido se o prefeito renunciar 6 meses antes.
##Obs.: Esta inelegibilidade reflexa atinge aquele que está no poder. Assim, quando alguém deixa o cargo 6 meses antes do fim do mandato, a inexigibilidade reflexa passa a atingir aquele que o substituiu (Vice-Governador; Vice-Prefeito; Vice-Presidente, por exemplo). Exemplo: Aécio Neves deixou o cargo de Governador do Estado de Minas Gerais 6 meses antes das eleições. Nesse caso, seus parentes poderiam ter se candidatado, pois ele se descompatibilizou e tinha direito a reeleição. Contudo, os parentes do Anastasia, que assumiu o cargo, não poderiam se candidatar. Veja que a inexigibilidade reflexa atinge aquele que está no Poder.
Vejamos alguns entendimentos sobre a inexigibilidade reflexa:
TSE - Acórdão 19.442/2001: O Cônjuge e os parentes do chefe do Executivo são elegíveis para o mesmo cargo do titular, quando este for reelegível e tiver se afastado definitivamente até seis meses antes do pleito;
STF - Súmula Vinculante 18: “A dissolução da sociedade conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º art. 14 da CF”;[footnoteRef:20] [20: (TJDFT-2014-CESPE): Considere que Tino, casado com Rita, esteja no exercício de seu segundo mandato consecutivo de prefeito do município Y e que o casal se divorcie durante o segundo mandato. Nessa situação, consoante entendimento jurisprudencial do STF e do TSE acerca das hipóteses de inelegibilidade, caso Rita decida candidatar-se, na eleição imediatamente posterior ao segundo mandato de Tino, ao mesmo cargo no mesmo município, ela será considerada inelegível, uma vez que o divórcio não afasta a inelegibilidade. BL: Súmula Vinculante 18 do STF.] 
##Obs.: O objetivo é evitar fraude por meio de dissoluções fictícias para propiciar eventuais candidaturas. A regra se aplica mesmo quando se prove que a dissolução não foi fictícia.
##Questiona-se: E se houver a morte de um dos cônjuges? O cônjuge sobrevivente pode se candidatar? Vejamos o seguinte julgado do STF:
STF – AC 3.298 MC-AgR/PB: “[...] 2. Há plausibilidade na alegação de que a morte de Prefeito, no curso do mandato (que passou a ser exercido pelo Vice-Prefeito), não acarreta a inelegibilidade do cônjuge, prevista no art. 14, § 7º, da Constituição Federal. Trata-se de situação diferente da que ocorre nos casos de dissolução da sociedade conjugal no curso do mandato, de que trata a Súmula Vinculante 18. 3. Agravo regimental improvido.”
##Obs.: A decisão proferida na AC 3.298 MC – AgR/PB deixa claro que, segundo o STF, a Súmula Vinculante 18 atinge a dissolução da sociedade conjugal, mas não o caso de morte (fato involuntário). 
##Obs.: Vejamos ainda o seguinte julgado do STF, publicado no Info 747 (fonte: Dizer o Direito):
A inelegibilidade do art. 14, § 7º, da Constituição NÃO ALCANÇA o cônjuge supérstite (sobrevivente, viúvo) quando o falecimento tiver ocorrido no primeiro mandato, com regular sucessão do vice-prefeito, e tendo em conta a construção de novo núcleo familiar. 
A Súmula Vinculante 18 do STF não se aplica aos casos de extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges. 
STF. Plenário. RE 758461/PB, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 22/5/2014 (repercussão geral) (Info 747).
##Obs.: Embora a Constituição Federal disponha sobre cônjuge e parentes consanguíneos ou afins, o escopo da norma constitucional é evitar que o mesmo grupo se perpetue no poder. Isso é levado em consideração no momento em que se interpreta a extensão dessas palavras. Por exemplo, a palavra “cônjuge” é interpretada em um sentido bem amplo, de modo a abranger companheiro, companheira, inclusive em uniões estáveis homoafetivas, casamentos religiosos, etc. Quando se fala em parentesco, abrange não apenas o consanguíneo e o afim. Pode ser, por exemplo, uma pessoa que foi adotada informalmente, mas que, aos olhos da comunidade, é como se fosse uma filha do prefeito ou da prefeita. 
Em resumo, se houver aparência de grupo familiar, ocorrerá o impedimento previsto no artigo 14, § 7º da CF/88. Seguem alguns precedentes:
TSE - Consulta 845/DF: “É inelegível o irmão ou irmã daquele ou daquela que mantém união estável com o prefeito ou prefeita”;
TSE - REspe 24.564/PA: “Os sujeitos de uma relação estável homossexual, à semelhança do que ocorre com os de relação estável, de concubinato e de casamento, submetem-se à regra de inelegibilidade prevista no art. 14, § 7º, da Constituição Federal”;
STF – RE 106.043: “Inelegibilidade da candidata eleita Vereadora, por ser casada religiosamente com o então titular do cargo de Prefeito.”
STF - RE 158.314: “inelegível para o cargo de Prefeito de Município resultante de desmembramento territorial o irmão do atual chefe do Poder Executivo do Município-mãe”
##Atenção: As hipóteses de inelegibilidade são aplicáveis às eleições suplementares. As hipóteses de inelegibilidade previstas no art. 14, § 7º, da CF, inclusive quanto ao prazo de seis meses, são aplicáveis às eleições suplementares. STF. Plenário. RE 843455/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/10/2015 (Info 802).
##Atenção: ##STF: ##DOD: Segundo o STF, a vedação ao exercício de três mandatos consecutivos pelo mesmo núcleo familiar aplica-se também na hipótese em que um dos mandatos tenha sido para suceder o eleito que foi cassado. Ao se fazer uma interpretação conjugada dos §§ 5º e 7º do art. 14 da CF/88 chega-se à conclusão de que a intenção do poder constituinte foi a de proibir que pessoas do mesmo núcleo familiar ocupem três mandatos consecutivos para o mesmo cargo no Poder Executivo. Em outras palavras, a CF/88 quis proibir que o mesmo núcleo familiar ocupasse três mandatos consecutivos de Prefeito,de Governador ou de Presidente. A vedação ao exercício de três mandatos consecutivos de prefeito pelo mesmo núcleo familiar aplica-se também na hipótese em que tenha havido a convocação do segundo colocado nas eleições para o exercício de mandato-tampão. Ex: de 2010 a 2012, o Prefeito da cidade era Auricélio. Era o primeiro mandato de Auricélio. Seis meses antes das eleições, Auricélio renunciou ao cargo. Em 2012, Hélio (cunhado de Auricélio) vence a eleição para Prefeito da mesma cidade. De 2013 a 2016, Hélio cumpre o mandato de Prefeito. Em 2016, Hélio não poderá se candidatar à reeleição ao cargo de Prefeito porque seria o terceiro mandato consecutivo deste núcleo familiar. STF. 2ª Turma. RE 1128439/RN, Rel. Min. Celso de Mello, j. 23/10/18 (Info 921).
A jurisprudência, ao interpretar esses dois parágrafos, afirma que o cônjuge ou parente do chefe do Poder Executivo (ex: cônjuge ou parente do Prefeito) só poderá concorrer para o mesmo cargo de chefe do Executivo (ex: só poderá concorrer ao cargo de Prefeito) se forem cumpridos dois requisitos:
1) o cônjuge ou parente só pode se candidatar a sucessão do titular quando este for reelegível: Ex: o parente do Prefeito quer concorrer à Prefeitura; esse parente só poderá concorrer se não houver nenhum impedimento para que o próprio Prefeito concorra; em outras palavras, o Prefeito poderá se candidatar à reeleição, mas escolheu não fazer isso; neste caso, seu parente poderá concorrer. Assim, se já era o segundo mandato consecutivo do Prefeito, por exemplo, seu parente não poderá concorrer; isso porque o próprio Prefeito não poderia participar novamente da eleição.
2) o titular deverá se afastar do mandato seis meses antes das eleições: Ex: Auricélio era Prefeito e renunciou ao cargo seis meses antes das eleições a fim de permitir que seu cunhado Hélio (que é parente por afinidade em segundo grau) fosse candidato ao mesmo cargo.
Terceiro mandato no mesmo núcleo familiar: O TSE considerou que, se fosse permitido que Hélio continuasse no cargo de Prefeito e exercesse o mandato de 2017 a 2020, isso significaria o terceiro mandato consecutivo do mesmo núcleo familiar para o mesmo cargo. Para o TSE, ao se fazer uma interpretação conjugada dos §§ 5º e 7º do art. 14 da CF/88 chega-se à conclusão sobre qual foi a intenção do legislador constituinte: proibir que pessoas do mesmo núcleo familiar ocupem três mandatos consecutivos para o mesmo cargo no Poder Executivo. Em outros termos, a CF/88 quis proibir que o mesmo núcleo familiar ocupasse três mandatos consecutivos de Prefeito, de Governador ou de Presidente. Quando Hélio foi eleito em 2012 e passou a exercer o mandato em 2013, este foi o segundo mandato consecutivo de Prefeito daquele grupo familiar. Mesmo sendo uma outra pessoa, é como se fosse a reeleição de Auricélio. O mandato de 2013-2016 desempenhado por Hélio é como se fosse o segundo mandato de Auricélio. Logo, já chega. Não pode um terceiro consecutivo.
Obs1: quando falamos em “núcleo familiar” aqui estamos nos referindo ao cônjuge e aos parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção (art. 14, § 7º).
Obs2: a causa de inelegibilidade prevista no art. 14, § 7º da CF/88 abrange o cunhado/cunhada do chefe do Poder Executivo (STF. Plenário. RE 171061, Rel. Min. Francisco Rezek, julgado em 02/03/1994).
a.5.) Outras hipóteses:
Vejamos o teor do art. 14, §9º da CF/88:
CF, Art. 14, § 9º: Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.[footnoteRef:21] [21: (TJAL-2008-CESPE): Além daqueles constitucionalmente previstos, lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger probidade, a moralidade para o exercício do mandato considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e a legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício da função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. BL: art. 14, §9º, CF/88.] 
##Obs.: Causas de inelegibilidade previstas na legislação infraconstitucional: A CF/88, em seu art. 14, § 9º, dispõe que lei complementar deverá estabelecer casos de inelegibilidade a fim de proteger:
· a probidade administrativa
· a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato e
· a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
Como já referido, a inelegibilidade consiste na ausência de capacidade eleitoral passiva.
Inelegibilidade = impossibilidade jurídica de ser candidato.
A Lei Complementar mencionada pelo § 9º do art. 14 da CF/88 é, atualmente, a Lei Complementar nº 64/90, que regulamenta o referido dispositivo constitucional. Em 2010, foi aprovada a Lei Complementar 135/10, que teve como objetivo alterar a LC 64/90, incluindo novas hipóteses de inelegibilidade para proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato. A LC 135/2010 ficou conhecida como “Lei da Ficha Limpa”. Trata-se, portanto, de um verdadeiro “Estatuto da Moralidade do Processo Eleitoral”, expressão cunhada pelo ex-Ministro Joaquim Barbosa. Diante disso, o STF tem o dever de afastar interpretações que enfraqueçam os propósitos republicanos e moralizadores da Lei da Ficha Limpa.
Várias foram as inovações introduzidas pela Lei da Ficha limpa, dentre elas: a inelegibilidade de prefeitos e governadores, que antes era de 3 anos, passou a ser de 8 anos, que é o prazo previsto na CF/88 para o Presidente da República; a representação, quando julgada procedente na Justiça Eleitoral, torna inelegível também por 8 anos (antes era por apenas 3 anos); a lei prevê que decisão de órgão colegiado torna inelegível (antes precisava ser decisão judicial transitada em julgado); o rol de crimes em razão dos quais a pessoa pode ficar inelegível também foi ampliado; houve uma mudança em relação a membros do Poder Executivo e do Poder Legislativo, que renunciarem ao mandato (mesmo que renunciem, também ficam inelegíveis, a não ser que fique demonstrado que não houve fraude).
	QUADRO ESQUEMÁTICO GERAL DAS INELEGIBILIDADES (Fonte: Livro Roberto Moreira de Almeida)
	INELEGIBILIDADE ABSOLUTA 
(PARA QUALQUER CARGO)
	INELEGIBILIDADE RELATIVA
(PARA CERTOS CARGOS)
	1. Sem domicílio
1.1. Eleições municipais: no município;
1.2. Eleições gerais: no Estado-membro ou no Distrito Federal; e em
1.3. Eleições Presidenciais: no país.
	1. Motivos funcionais
1.1 Para o mesmo cargo (reeleição); e
1.2. Para outros cargos (desincompatibilização)
	2. Inalistáveis
2.1. Estrangeiros; e
2.2. Conscritos
	2. Inelegibilidade reflexa
2.1 Parentesco por consanguinidade ou afinidade; e
2.2 Cônjuge, união estável ou união homoafetiva.
	3. Sem filiação partidária
	3. Inelegibilidade de militares e de certos agentes políticos
3.1 Militares;
3.2 Magistrados;
3.3 Membros de tribunais de contas; e 
3.4 Membros do Ministério Público
	4; Analfabetos (aqueles que não conseguem simplesmente ler ou redigir um bilhete na presença do juiz eleitoral)
	4; Inelegibilidades legais (apontadas pela LC nº 64/90)
##Questiona-se: O que se entende por inelegibilidade inata e inelegibilidade cominada? A inelegibilidade inata, primária, implícita ou imprópria é aquela oriunda da falta de uma ou mais condições de elegibilidade da própria pessoa. Ex: Tício é analfabeto (é carente de uma elegibilidade constitucional e, destarte, inelegível para qualquer eleição). A inelegibilidade cominada, secundária ou própria, por sua vez, é aquela decorrente de uma sanção por prática de uma conduta ilícita. Ex: Mévio é condenado por prática de improbidade administrativa. Após o cumprimento da pena, há de ficar inelegível(suspensão dos direitos políticos) por um período de 8 anos (essa inelegibilidade é classificada como cominada ou secundária por decorrer de uma sanção por prática de ato ilícito.
2.2.2. Perda e suspensão dos direitos políticos
A Constituição não diferencia essas duas situações. Ela simplesmente prevê, no art. 15, que é vedada a cassação de direitos políticos. A cassação, que ocorria durante, por exemplo, a ditatura militar, é a retirada arbitrária dos direitos políticos em razão de uma perseguição política. Além disso, no mesmo dispositivo, a CF prevê a possibilidade de perda ou suspensão dos direitos políticos, vejamos:
CF/88, Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: 
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; 
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
##Obs.: Nota-se que a CF/88 não diferencia quais são os casos de perda e quais são os casos de suspensão, só diz que poderá haver um ou outro. Na prática não faz diferença, mas, para provas de concurso, é importante saber a diferenciação feita pela doutrina: 
· Perda: a pessoa fica privada, definitivamente, dos direitos políticos. 
· Suspensão: a pessoa fica privada, temporariamente, dos direitos políticos.
Passamos agora a analisar os incisos do art. 15 da CF/88:
a) Inciso I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado[footnoteRef:22] (perda) [22: (Anal. Judic./TRETO-2017-CESPE): A perda ou a suspensão dos direitos políticos do eleitor ocorrerá se sua naturalização for cancelada por sentença transitada em julgado. BL: art. 15, I, CF/88.
(Anal. Judic./TRF5-2017-FCC): Indivíduo originário de país asiático requereu e obteve a nacionalidade brasileira em 2010, quinze anos depois de ter fixado e mantido ininterruptamente residência no país. Foi condenado no exterior, pelo seu comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes praticado no ano de 2012, por sentença criminal transitada em julgado em 2017, tendo sido então requerida sua extradição. Nessa situação, à luz da Constituição Federal, o indivíduo em questão é considerado brasileiro naturalizado, que pode ser extraditado, em virtude da natureza da atividade em que comprovado seu envolvimento, bem como ter sua naturalização cancelada por decisão judicial, acaso o crime pelo qual foi condenado constitua atividade nociva ao interesse nacional, hipótese em que perderá seus direitos políticos após o respectivo trânsito em julgado. BL: art. 5º, LI, c/c art. 12, II, “b” e §4º c/c art. 15, I, todos da CF/88.
(Anal. Judic./TRF5-2017-FCC): Leiza, canadense naturalizada brasileira, teve cancelada sua naturalização, por sentença judicial transitada em julgado, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. À luz da Constituição Federal, na situação de Leiza, dar-se-á a perda dos seus direitos políticos. BL: art. 12, §4º, I c/c art. 15, I, todos da CF/88.
(TJDFT-2014-CESPE): Assinale a opção em que é apresentada hipótese passível de perda ou suspensão de direitos políticos, segundo a CF: cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado. BL: art. 15, I, CF/88.
(TJMG-2007): A perda dos direitos políticos se dará no seguinte caso: cancelamento da naturalização, por sentença transitada em julgado. BL: art. 15, I, CF/88.] 
Como já estudamos, dentro dos direitos de nacionalidade, sobre a hipótese prevista no art. 12, § 4º da CF/88, trata da perda da nacionalidade no caso de ação de cancelamento da naturalização, o indivíduo brasileiro naturalizado poderá ter a perda de sua naturalização decretada por ter praticado uma atividade nociva ao interesse nacional. 
Neste caso de cancelamento da naturalização, o indivíduo não pode readquirir a nacionalidade brasileira, a não ser que, dentro do prazo legal, ajuíze uma ação rescisória e a decisão seja desconstituída.
Portanto, é uma hipótese em que o indivíduo perde, definitivamente, os direitos políticos, porque, uma vez cancelada a naturalização, ele não pode readquiri-la. Assim, a doutrina, pacificamente, entende que se trata de uma hipótese de perda, ou seja, é uma privação definitiva dos direitos políticos. Por fim, a decretação da perda dos direitos é matéria de competência da Justiça Federal (art. 109, X, CF/88).
b) Inciso II - incapacidade civil absoluta (suspensão)
Essa hipótese acabou perdendo um pouco o sentido. Ela era tratada como uma hipótese de suspensão, porque era temporária.
Contudo, o art. 3º do CC/02 foi alterado pela lei 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), tendo sido expressamente revogadas duas hipóteses de incapacidade: 
(i) incapacidade civil absoluta dos que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil; e 
(ii) os que, mesmo temporariamente, não puderem exprimir sua vontade. 
Com a revogação dessas duas hipóteses, sobrou apenas os menores de 16 anos como absolutamente incapazes. A partir dos 16 anos, contudo, já podem se alistar como eleitores. Por isso, esse inciso ficou esvaziado.
c) Inciso III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos[footnoteRef:23] (suspensão) [23: (Téc. Judic./MPAL-2018-FGV): João praticou um crime e foi condenado, em sentença criminal transitada em julgado, a (10) dez anos de reclusão. Considerando a sistemática constitucional afeta à suspensão ou à perda dos direitos políticos, é correto afirmar que a referida condenação criminal acarreta a suspensão dos direitos políticos enquanto a condenação produzir os seus efeitos. BL: art. 15, III, CF. 
(DPEAL-2009-CESPE): A condenação criminal transitada em julgado constitui hipótese de suspensão dos direitos políticos enquanto durarem seus efeitos. BL: art. 15, III, CF.] 
Nota-se que, neste caso, a suspensão subsiste até a extinção da punibilidade e não apenas enquanto a pessoa estiver presa. Desse modo, enquanto durarem os efeitos da condenação criminal, mesmo que a pessoa esteja cumprindo pena em liberdade, os direitos políticos ficam suspensos.
##Atenção: ##STF: ##DOD: A suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III, da Constituição Federal, aplica-se no caso de substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. Havendo condenação criminal transitada em julgado, a pessoa condenada fica com seus direitos políticos suspensos tanto no caso de pena privativa de liberdade como na hipótese de substituição por pena restritiva de direitos. STF. Plenário. RE 601182/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, j. 8/5/2019 (repercussão geral) (Info 939).
##Comentário sobre o julgado acima: ##DOD: Na história das constituições brasileiras, somente a Constituição de 1824 restringia a aplicabilidade da suspensão dos direitos políticos às hipóteses de sentença condenatória a pena privativa de liberdade (Constituição de 1824, art. 8, II). A partir da Constituição republicana de 1891, até a atual, não há mais essa diferenciação. O texto constitucional fala, portanto, apenas em condenação criminal transitada em julgado, o que abrange as penas restritivas de direito.
##Questiona-se: Para que o condenado readquira os direitos políticos, é necessária a reabilitação criminal? NÃO. Veja o entendimento do TSE: “Súmula 9-TSE: A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos danos.”
d) Inciso IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII[footnoteRef:24] (suspensão*) [24: (Assistente/DPEAM-2018-FCC): Por razões de convicção política e filosófica, determinado indivíduo, brasileiro nato, de 21 anos, recusa-se a prestar serviço como jurado, para o qual

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