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Fundação CECIERJ/ UFF Graduação em Letras Disciplina: Teoria da Literatura II Coordenadora: Profa. Diana Klinger Primeiro Semestre/ 2016 GABARITO DA AD2 Questão única: Compare a abordagem textualista da literatura e a abordagem sociológica. Quais são as diferenças? Quais são as vantagens e desvantagens de cada uma? Dê exemplos de ambas abordagens. As abordagens textualistas e sociológicas atuam sobre o texto literário partindo de lugares divergentes. Na perspectiva textualista, é o texto em si mesmo como construção da linguagem, com características e estruturas próprias, o lugar privilegiado da análise; na visão sociológica, a realidade social e a cultura tornam-se o ponto de partida para entender a literatura em suas relações. A abordagem textualista privilegia o estudo dos elementos intrínsecos ao texto em detrimento dos fatores externos ou extratextuais; já a crítica sociológica prioriza o contexto sócio-histórico em que a obra foi produzida e recebida. Assim, enquanto as correntes textualistas compreendem o texto como um objeto a ser estudado objetivamente, no intuito de alcançar formulações de caráter científico em sua configuração e, nesse sentido, visam a uma Ciencia da literatura, a corrente sociológica pensa a literatura na correlação entre forma estética e forma social, levando em conta a interiorização de aspectos históricos, sociais e culturais na estrutura das obras. A vantagem de uma configura a desvantagem da outra, uma vez que elas apresentam conceitos em seus métodos de abordagem que excluem a possibilidade de uma interação entre ambas. Os textualistas desenvolveram os conceitos de estranhamento, literariedade, forma, procedimento, estrutura, método de leitura “fechada” do texto (close Reading), língua poética; já a crítica sociológica trouxe para a análise literária os conceitos de ideologia, realismo, espelhamento, cultura popular, entre outros. As desvantagens da abordagem textualista aparecem à medida que a intensificação do estudo sobre os aspectos linguísticos negligencia “tópicos como influências culturais, poder, subjetividade e literatura como prática social” (Aula 16, p. 81), desconsiderando, dessa forma, a relação das obras com o contexto de sua produção. De acordo com o E-Dicionário de Termos Literários de Carlos Ceia*: A preocupação do estruturalismo com os aspectos linguísticos foi radical e redutora, deixando de fora muitos aspectos importantes e igualmente inscritos do texto literário, tais como a sexualidade, o género, a ideologia, o poder político, as influências culturais, etc., ficando também de fora as questões da literatura como prática social, como forma de produção não necessariamente esgotada pelo próprio produto. Por outro lado, na crítica sociológica, os elementos imanentes ao texto são deixados de lado em favor de uma análise dos aspectos da sociedade buscados na literatura. Mas ao abandonar a análise dos recursos da linguagem, essa crítica mostra “não ter uma concepção específica de seu objeto”, como explica Luiz Costa Lima*. Daí que “lança mão do texto para um rendimento não em favor da discursividade; ao invés, o texto é tomado como indicador, documento do que se passa na sociedade” (Costa Lima, 2002, p. 663). E nessa perspectiva, às vezes, o texto é utilizado como “ilustração” de certa força social. O fato é que ambas as investigações, em suas divergências, ampliaram o quadro de conceitos e métodos de abordagem do texto literário constituindo-se de material para a Teoria da Literatura. A abordagem textualista apresenta muitas vertentes, tais como: Formalismo Russo (investigação sobre a natureza do texto literário a partir do traço que o constitui como tal, ou seja, a sua literariedade); Estilística (análise linguística do texto literário que leva em conta marcações específicas como figuras de estilo, estruturas sintáticas e semânticas, etc, a fim de diferenciar um texto de outro e determinar particularidades de cada escrita), Estruturalismo (partindo da Lingüística, estabelece “gramáticas gerais” e principios universais que sistematizam uma estrutura das obras ); a Nova Crítica ou New Criticism (“análise descrItiva e sintetizada no termo Close reading, visando a uma estudo minucioso das características formais e estruturais da obra, a fim de compreender o modo único como, em cada obra, está utilizada a linguagem” – Aula 15, p. 72) Na abordagem sociológica, destaca-se o pensamento marxista que produziu influências diversas sobre pensadores que ampliaram o estudo da relação entre literatura, a arte de um modo geral, e a sociedade. Dentre eles, G. Lukács (estudos sobre o gênero narrativo e o Realismo – destaque para a obra Teoria do romance, de 1920), Walter Benjamin (“reflexão sobre a arte e a cultura na sociedade de seu tempo”; a obra de arte e a sua reprodutibilidade técnica); MiKhail Bakthin (estudos sobre a cultura popular; na literatura, criou a categoria do “romance polifônico”; relações dialógicas, entre outros); Max Horkheimer e Theodor Adorno, da Escola de Frankfurt (estudos sobre a “Indústria cultural”, entre outros), para citar apenas alguns de seus representantes. * E-Dicionário de Termos Literários de Carlos Ceia Disponível em: http://edtl.fcsh.unl.pt/business-directory/6909/estruturalismo/ * LIMA, LUIZ COSTA. A análise sociológica da literatura. In LIMA, LUIZ COSTA (Org.). Teoria da literatura em suas fontes v. 2, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002, p. 661- 687.
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