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Petição Habeas Corpus

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EXECENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS
Karine Garuzzi Caldeira, brasileira, solteira, inscrita junto à OAB/MG sob o nº 27327, com escritório profissional situado na Rua Hortência, nº 52, bairro Esplanada, Belo Horizonte - MG, Vem respeitosamente, perante uma das Colendas Câmaras do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, com fundamento no art. 5º, inciso LXVIII da CR/88 e artigos 647 e seguintes do Código de Processo penal, impetrar a presente ordem de:
 “HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO COM PEDIDO LIMINAR” 
em favor de MÁRCIO TIBAU, brasileiro, casado, empresário, natural de Belo Horizonte, residente e domiciliado na Rua Costa Verde, nº 23, bairro jacutinga, contra constrangimentos ilegais que vem sofrendo por ato praticado pela Exma. Juíza de Direito da 3ª Vara Criminal, ora apontada como autoridade coatora, pelas razões de fato e de direito abaixo aduzidas:
Exmo. Desembargador Relator!
Colenda Câmara Julgadora!
Ínclita Procuradoria de Justiça!
 I - DOS FATOS
 Conforme os autos, o paciente teve sua prisão preventiva decretada pelo juiz da 3ª vara criminal da comarca de Belo Horizonte e parecer favorável do Ministério Público, pela suposta prática do crime previsto no artigo 155 CP.
 
 Segunda a denúncia , o paciente, no dia 03 de janeiro de 2011, teria subtraído do Supermercado Boa Praça LDTA a quantia de R$ 2.000,00( dois mil reais).
 Recebida a denuncia, foi determinada a citação do paciente para apresentar sua defesa no prazo estipulado pela lei. Porem, tal feito não pode ser concretizado, pois o Sr. Márcio Tibau não mais reside no endereço onde foi procurado. Procedeu-se, desta forma, a citação por edital, a qual de igual forma, também restou frustrada.
 Não sendo possível a localização do réu, o MM juiz, com base no artigo 366 do CPP, suspendeu o processo e ato contínuo, acolhendo parecer do Ministério Público, decretou a prisão preventiva do acusado nos seguintes termos:
 “Assim, levando em conta que o denunciado desapareceu, não sendo encontrado nos seus endereços habituais e que tal fato, certamente influirá na instrução criminal, nos termos do artigo 312 do CPP, decreto a sua prisão preventiva, para assegurar à aplicação da lei penal, para conveniência da instrução criminal e para garantia da ordem publica, já solto poderá perturbar o regular andamento da instrução. Expeça-se mandado de prisão.”
 Parado em uma rotineira blitz da Policia Militar, o mandado de prisão fora devidamente cumprido, sendo o réu recolhido n Centro de Detenção Provisória da Gameleira.
 Segundo o julgador a prisão preventiva seria cabível somente se preenchidos os pressupostos e requisitos do artigo 312 do CPP, devendo ser revogada se desaparecem os motivos que lhe deram suporte, por ser vedada a execução antecipada da pena.
 Todavia, não merece prosperar a custódia cautelar, como se passa a demonstrar.
 
II – DAS RAZÕES DO HABEAS CORPUS 
1 – PRISÃO PREVENTIVA – AUSÊNCIA DOS REQUESITOS PARA SUA DECRETAÇÃO/ FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA PARA DECRETO PRISIONAL.
 
 Diz o artigo 312 do CPP:
 
 “Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). “
 De acordo com o artigo acima transcrito, a prisão preventiva
somente é admitida nos termos do artigo 313 do CPP, desde que acompanhada de uma fundamentação idônea segundo o artigo 315 do CPP c/c artigo 93, inciso IX da CR/88. 
 No presente caso, os fundamentos lançados na decisão não se mostram idôneos a decretação da prisão preventiva, como se passa a demonstrar.
 Excelência, o Decreto Prisional se baseou em garantir a aplicação da lei penal, para garantir a instrução criminal e como garantia de ordem pública, a fim de evitar que o indiciado continue na prática delitiva descrita na denúncia.
 Ocorre Senhor Juiz, que os requisitos do art. 312 do CPP não se encontram presentes como se verifica a seguir:
A) Garantia da ordem pública: esse requisito objetiva evitar que o agente volte ou continue a delinquir no transcorrer do processo penal. A ordem pública visa a tranquilidade e a paz social. Havendo risco demonstrado de que o paciente se solto permanecer voltará a delinquir, é sinal de que a prisão preventiva é necessária, não se podendo esperar o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Se os elementos probatórios provam que o paciente apenas cometeu em tese o crime uma vez e que não voltará a delinquir, impõe-se a liberdade provisória. Não existem elementos probatórios que provem que o paciente tem uma “carreira criminosa”, sendo esse crime apenas mais um dos vários que ele por ventura tenha cometido, pelo contrário, o paciente provará a sua inocência pelo fato por ora imputado.
Demonstra-se através dos documentos de contas de luz e telefone, comprovando o seu atual domicílio, folha de antecedentes criminais e certidão de bons antecedentes criminais, atestando-lhe bons antecedentes e primariedade do paciente.
A prisão preventiva não é antecipação de pena e sim apenas uma prisão cautelar. Não sendo necessária ao prosseguimento natural do processo, deve-se deferir a liberdade provisória com a respectiva expedição de alvará judicial.
Não se justifica por esse requisito a prisão preventiva.
B) Conveniência da instrução criminal: são nos casos em que se tutela a livre produção de provas, impedindo que o paciente destrua provas, ameace testemunhas, ou comprometa a busca da verdade no processo penal.
O paciente se compromete a não obstruir a instrução criminal, não tendo histórico de ameaçar ninguém nem de destruir ou impedir provas.
C) Garantia de aplicação da lei penal: evita-se que o seu paciente fuja, no caso de não querer cumprir com eventual sanção ou punição penal. Deve haver a demonstração fundada quanto à possibilidade de fuga.
Como já demonstrado ele tem residência fixa e trabalho para sustentar a sua família que dependem dele para o seu sustento. Além do mais, é de interesse do paciente de provar a sua inocência frente as acusações imputadas no auto de prisão em flagrante.
D) Garantia da ordem econômica: Visa coibir os abusos à ordem econômica, ou seja, evitar que o indivíduo, se solto estiver, continue a praticar novas infrações afetando a ordem econômica.
Como esse caso não é crime contra a ordem econômica, é cristalino o fato de que o paciente não preenche esse requisito.
 Esses são os quatro requisitos para o preenchimento da prisão preventiva que demonstram a concessão obrigatória da liberdade provisória ao paciente mesmo sem nenhuma medida cautelar ou fiança.
 Neste sentido, segue a jurisprudência:
STJ - HABEAS CORPUS HC 58534 MG 2006/0094986-2 (STJ)
Data de publicação: 20/11/2006
Ementa: PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. ART. 157 , § 3º , IN FINE, DO CÓDIGO PENAL . DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE. RÉU QUE PERMANECEU PRESO DURANTE A INSTRUÇÃO. SENTENÇA QUE NÃO TROUXE NOVOS FUNDAMENTOS. PRISÃO PREVENTIVA SEM FUNDAMENTAÇÃO. I - Esta Corte adota entendimento no sentido de que não tem direito de apelar em liberdadede sentença condenatória o réu já preso, desde o início da instrução criminal, em decorrência de flagrante ou de preventiva. Entretanto, não se aplica a regra quando o ato que originou a custódia cautelar é ilegal por não possuir fundamentação idônea (Precedentes). II - A prisão cautelar deve ser considerada exceção, já que, por meio desta medida, o réu é privado de seu jus libertatis antes do pronunciamento condenatório definitivo, consubstanciado na sentença transitada em julgado. É por isso que tal medida constritiva só pode ser decretada se expressamente for justificada sua real indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de Processo Penal . III - Em razão disso, não são considerados fundamentos suficientes para a imposição da medida meras ilações quanto à gravidade em abstrato e à repercussão do crime, assim como à eventual possibilidade de fuga do distrito da culpa. É dever do magistrado demonstrar, com dados concretos extraídos dos autos, a necessidade da custódia do paciente, dada sua natureza cautelar nessa fase do processo (Precedentes). Ordem concedida.
Encontrado em: /500), HC 35026 -MG, HC 34942 -PA HABEAS CORPUS HC 58534 MG 2006/0094986-2 (STJ) Ministro FELIX FISCHER.../09/2006 INSTRUÇÃO CRIMINAL - RÉU PRESO ILEGALMENTE - APELAÇÃO EM LIBERDADE STJ - HC 48381 -MG, RHC 18824 -RR... DECRETO DE PRISÃO PREVENTIVA - NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO STJ - HC 38382 -RJ, HC 41601 -MG (RSTJ 190...
 A Jurisprudência já assentou que só é possível a concessão do Habeas Corpus preventivo, quando o paciente demonstra de forma convincente que está na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir.
 Desse modo, faz o paciente à concessão do habeas corpus.
III – DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR
 Requer o paciente a concessão da medida liminar, porque estão presentes os requisitos legais para o seu deferimento:
 O fumus boni iuris está consubstanciada, nos elementos suscitados em defesa do paciente, na doutrina, na jurisprudência, na argumentação e no reflexo de tudo nos dogmas da Carta da República. 
 Também está presente o periculum in mora que é irretorquível e estreme de dúvidas, facilmente perceptível, não só pela ilegalidade da prisão que é flagrante. Assim, dentro dos requisitos da liminar, sem dúvida, o perigo na demora e a fumaça do bom direito estão amplamente justificados, verificando-se o alicerce para a concessão da medida liminar, com expedição incontinenti de alvará de soltura. 
 Conforme bem nos ensina Ada Pellegrini Grinover:
“a prisão preventiva constitui a mais característica das cautelas penais; a sua imposição deve resultar do reconhecimento, pelo magistrado competente, do fumus boni juris (prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria – art. 312, parte fina, CPP), bem assim do periculum in mora (garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal – art. 312, primeira parte, CPP)” (As Nulidades no Processo Penal; 6º Edição, Ed. RT 1997; p 289)
 A liminar é o meio de assegurar maior presteza aos remédios heroicos constitucionais, evitando uma coação ilegal ou mesmo impedindo que ela ocorra.
 Todavia, manter o PACIENTE encarcerado por período além da decisão LIMINAR, quando o mesmo, ainda, detém a possibilidade de readequar-se ao convívio social, “data máxima vênia” NÃO seria o mais acertado, posto ser o mesmo possuidor de bons antecedentes, fator que agrega e acrescenta uma melhor política criminal e social de um modo geral, acentuando-se que a regra é a liberdade.
 Data vênia, a Autoridade Coatora não agiu com normal assertiva, pois mantém o paciente acautelado, vez que no ordenamento jurídico pátrio a prisão é a exceção, quando não se verificar a necessidade do acautelamento, podendo este ser substituídos por medidas cautelares diversas a prisão, o que por si só podem garantir a ordem pública e a seguridade da instrução criminal.
 Assim, deve ser deferida a medida liminar em favor do paciente.
IV - DA CONCLUSÃO OU PEDIDO
 Ante o exposto, requer:
A concessão da medida liminar em favor do paciente;
No mérito seja concedida a ordem em definitivo;
Juntada dos documentos que instruem o pedido.
 Nesses termos,
 Requer deferimento.
 Belo Horizonte MG, 20 de Maio de 20
 
KARINE GARUZZI CALDEIRA
OAB/MG 000000

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