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Sociolinguística: Estudo da Língua e Sociedade

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Sociolinguística 
Guilherme Ignácio Bernardino
José Roberto da Cunha
Sarah Gomides Vieira
Yasmine Adya
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O QUE É SOCIOLINGUÍSTICA?
		“Sociolingüística é a ciência que estuda a língua da perspectiva de sua estreita ligação com a sociedade onde se origina. Se para certas vertentes da lingüística é possível estudar a língua de forma autônoma, como entidade abstrata e independente de fatores sociais, para a sociolingüística a língua existe enquanto interação social, criando-se e transformando-se em função do contexto sócio-histórico.” (Sarjad, 2012)
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SCHELEICHER
Além de linguísta era um estudioso das ciências naturais.
Tinha a ambição de elevar o estudo da linguagem ao status de uma ciência rigorosa e com rigorosas leis de desenvolvimento.
Propõe colocar a Linguística no campo das ciências naturais.
Orientação biológica: Associou a língua à raça de maneira indissolúvel.
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SAUSSURE 
Define a língua, por oposição à fala, como o objeto central da linguística.
A língua é o sistema subjacente à atividade da fala, mais corretamente, é o sistema invariante que pode ser abstraído das múltiplas variações observáveis da fala.
A língua é um fato social, no sentido de que é um sistema convencional adquirido pelos indivíduos no convívio social.
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BAKHTIN
Noção de comunicação social
A verdadeira substância da língua é constituída pelo fenômeno da interação verbal realização através da enunciação.
Um enunciado não é um signo pela simples razão de que para existir ele exige a presença de um enunciador (quem fala, quem escreve) e de um receptor (quem ouve, quem lê). 
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JACKOBSON
O ponto de partida é o processo comunicativo amplo, e isso o leva a ultrapassar a óptica estreita de uma análise do fenômeno linguístico ancorada apenas em suas características estruturais.
Identifica os fatores constitutivos de todo o ato de comunicação verbal: O remetente, a mensagem, o destinatário, o contexto, o canal e o código.
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 BENVENISTE
“É dentro da, e pela língua, que indivíduo e sociedade se determinam mutuamente.” (Benveniste, 1963)
A língua é a manifestação concreta da faculdade humana da linguagem, isto é, da faculdade humana de simbolizar.
A linguagem sempre se realiza dentro de uma estrutura linguística definida e particular.
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 LABOV
Correlação entre língua e sociedade
Análise linguística de regras variáveis. condicionadas por fatores linguísticos e extralinguísticos.
Minimização de preconceitos vigentes na sociedade.
Crê que o novo modo de fazer linguística é estudar empiricamente as comunidades de fala. 
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		A SOCIOLINGUISTICA:
 OBJETO, CONCEITOS, PRESSUPOSTOS
	Sociolinguistica é o estudo da língua falada, observada, descrita e analisada em seu contexto social, isto é, em situações reais de uso. Seu ponto de partida é a comunidade linguística, um conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto de normas a respeito aos usos linguisticos. Em outras palavras, uma comunidade de fala se caracteriza não pelo fato de se constituir por pessoas que falam do mesmo modo, mas por indivíduos que se relacionam, por meio de redes comunicativas diversas, e que orientam seu comportamento verbal por um mesmo conjunto de regras.
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A VARIAÇÃO LINGUISTICA: UM RECORTE
		 Todas as línguas do mundo são sempre continuações históricas. Em outras palavras, as gerações sucessivas de indivíduos legam a seus descendentes o domínio de uma língua particular. As mudanças temporais são parte da história das línguas.
a). No português arcaico (entre os séculos XII e XVI), ocorriam construções impessoais em que a indeterminação do sujeito era indicada pelo vocábulo "homem", com o mesmo sentido que atualmente, usamos o pronome "se". "E pode homem hyr de santarem a beia [Beja] em quatro dias" . que corresponde modernamente, a "E pode-se ir de santarém a Beja em quatro dias";
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A VARIAÇÃO LINGUISTICA: UM RECORTE
		Os falantes adquirem as variedades linguísticas próprias a sua região, a sua classe social etc. De uma perspectiva geral, podemos descrever as variedades linguísticas a partir de dois parâmetros básicos: a variação geográfica (ou diatópica) e a variação social ( ou diastrática).
		A variação geográfica ou diatópica está relacionada às diferenças linguísticas distribuídas no espaço físico, observáveis entre falantes de origens geográficas distintas.
		C) no Estado da Bahia, por exemplo, a origem urbana ou rural pode ser evidenciada pelo uso da expressão "de primeiro" [di primero], em lugar de "antigamente", "anteriormente“ (p.34/35)
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A VARIAÇÃO LINGUISTICA: UM RECORTE
		A variação social ou diastrática, por sua vez, relaciona-se com um conjunto de fatores que têm a ver com a identidade dos falantes e também como a organização sociocultural da comunidade de fala. Neste sentido, podemos apontas os seguintes fatores relacionados às - variações de natureza social: a)classe social; b)idade; c)sexo; d)situação ou contexto social. 
		a) Classe social: uso da dupla negação, como em "ninguém não viu", "eu nem num gosto";
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 	A VARIAÇÃO LINGUISTICA:
	 	UM RECORTE
		b) Idade: - o uso do léxico particulas, como presente em certas gírias ("maneiro","esperto", com o sentido de avaliação positiva sobre coisas, pessoas e situações), denota faixa etária jovem;
		c) Sexo: - no japonês, para o pronome de primeira pessoa eu, além de uma forma utilizável por todos os falantes, existem as formas "atashi", usada exclusivamente por mulheres, e "boku", própria aos homens.
		d) Situação ou contexto social: é um fato muito conhecido que qualquer pessoa muda sua fala, de acordo com o(s) seu(s) interlocutor(es) -- se este é mais velho ou hierarquicamente superior, por exemplo --, segundo o lugar em que se encontra -- em um bar, em uma conferência -- e até mesmo segundo o tema da conversa -- fofoca, assunto científico. Ou seja, todo falante varia sua fala segundo a situação em que se encontra. (p.36)
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A VARIEDADE LINGUÍSTICA E A ESTRUTURA SOCIAL
“Frequentemente ouvimos falar em línguas “simples”, “inferiores”, “primitivas”. Para a linguística esse tipo de afirmação carece de qualquer fundamento científico. Toda língua é adequada à comunidade que a utiliza, é um sistema completo que permite a um povo exprimir o mundo físico e simbólico em que vive” (p.41)
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Por que se ignorou a variação linguística 
Bakhtin forneceu uma hipótese interessante para a explicação da tendência da teoria da linguagem para o tratamento categórico dos fenômenos lingüísticos, localizou todas as causas na história do pensamento linguístico ocidental;
Desde os primeiros estudos hindus e gregos, a linguística vem elaborando suas categorias com base em monólogos mortos;
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Por que se ignorou a variação linguística 
Em Alexandria durante o período helenístico foi a explicação dos textos de poetas da Na Antiguidade, principalmente Homero;
Bakhtin (1979) entende que a enunciação monológica é uma abstração;
Para a criação de um objeto de estudo estável e uniforme, desligado da realidade social, reflete o papel histórico que a palavra estrangeira desempenhou na formação de todas as civilizações:
		- “ A palavra estrangeira foi, efetivamente, o veículo da civilização, da cultura, da religião, da organização, política.” (Bakhtin)
A Linguística contemporânea tem como foco a modalidade oral da linguagem;
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Por que se ignorou a variação linguística 
Labov apresenta uma teoria alternativa para resolver problemas da estrutura linguística, no qual postula que a heterogeneidade é inerente ao sistema linguístico, concebe sua análise a partir de conjunto de formas que se manifestam na sociedade;
Labov pretendeu superar o idealismo homogeneizante da Linguística contemporânea: não há fronteira nítida entre o sistema linguístico e seu uso;
A limitação do objeto de estudo a um sistema ideal, estimulou o desenvolvimento da
Linguística como ciência autônoma;
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A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA
A sociolinguística eliminou preconceitos ao afirmar ,que todas as línguas e variedades de uma língua são igualmente complexas e eficientes para o exercício de todas as funções que se destinam; e que nenhuma língua ou variedade dialetal impõe limitações cognitivas na percepção e na produção de enunciados .
 A tradição pedagógica replica ,entretanto, que , na prática de quem educa ,a teoria é bem outra: há uma e somente uma língua correta e eficaz a todas as circunstâncias de interação , que se define como norma. O sentimento de aversão que a pedagogia da língua cria é de que os danos podem ser irreversíveis .
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 A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA
Na tradição pedagógica uma concepção de linguagem que idealiza um objeto e extraído das manifestações verbais de uma verdadeira elite . 
A sociolinguística postulou o principio de que heterogeneidade não é um aspecto secundário e acessório da estrutura da linguagem é ,pelo contrario ,uma propriedade inerente e funcional para um sociolinguísta ,culturas e as chamadas subculturas podem classificar-se com base numa oposição entre um modelo da diferença verbal e um modelo da deficiência verbal.
O modelo da deficiência considera diferenças verbais como desvios da norma culta que , como vimos ,está mais próxima as classes mais privilegiadas.
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 A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA
O objetivo fundamental da pedagogia da língua materna :cumpre-lhe despertar a consciência do aluno para adequação das formas às circunstâncias do processo de comunicação.
 O papel que a norma desempenha nesse jogo é obvio: o valor simbólico das variedades linguísticas disponíveis está na função da distância que as separa da variedade padrão que as escola impõe .
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em nosso trabalho, procuramos dar foco na Sociolinguística Variacionista, pois é a tendência que, mesmo tratando de fatores sociais, tem como objetivo final enfocar a linguagem em si mesma. 
A linguagem é um sistema estruturado e sistemático e, como tal, sujeito a princípios explicitáveis de organização.
Coube a Sociolinguística o mérito de trazer à luz a diversidade como objeto verdadeiro de estudo.
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REFERÊNCIAS 
ANDRADE, Berlinck Rosane & Etalli, sintaxe in. MUSSALIM, Fernanda & BENTES, Anna Christina (orgs.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. V.1, 2ª ed; São Paulo, Cortez, 2001, pg. 21-47.
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