Buscar

A INSERCAO TECNOLOGIA EDUCACAO MUDANCAS PAPEL DOCENTE

Prévia do material em texto

1 
 
A INSERÇÃO DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO: MUDANÇAS NO PAPEL 
DOCENTE. 
 
GT5 EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIAS. 
 
José Wagner dos Anjos1 
Sérgio de Assumpção Oliveira2 
José Adailton Barroso da Silva3 
 
RESUMO 
 
O presente artigo tem por escopo analisar a inserção da tecnologia na educação e as mudanças no 
papel docente. Uma vez que, as tecnologias da comunicação e informação são fatores que de forma 
decisiva e rápida mudaram a sociedade, contribuíram para a formação da chamada sociedadeplanetária 
e reflete de forma significativa na educação. Desta forma, o objetivo geral desta pesquisa consiste em 
analisar a inserção da tecnologia na educação bem como também as mudanças no papel docente. Os 
procedimentos metodológicos realizados foram pesquisa bibliográfica em livros e internet. Com isso, 
o presente trabalho constitui-se numa pesquisa bibliográfica.Justifica-se a pesquisa, tendo em vista a 
relevância social-cultural em que vive os indivíduos na atual sociedade. 
 
PALAVRAS-CHAVES:Tecnologia.Educação.Sociedade.Papel docente. 
 
ABSTRACT 
This article has the purpose to analyze the integration of technology in education and changes in the 
teaching role. Since the technologies of information and communication are factors that decisively and 
quickly changed the company, contributed to the formation of so-called planetary society and reflects 
significantly in education. Thus, the objective of this research is to examine the inclusion of 
technology in education and its implications in contemporary society, as well as changes in the 
teaching role. The methodological procedures were performed search on books and internet. Thus, this 
paper presents a literature search. Justifies the research, with a view to social and cultural relevance in 
individuals living in contemporary society. 
 
KEYWORDS: Technology. Education.Society.Teaching role. 
 
1INTRODUÇÃO 
 
1José Wagner dos Anjos, licenciado em Geografia. Pós-graduando em Tecnologias Educacionais na 
Universidade Tiradentes, jwagneranjos@hotmail.com. 
 
2Sérgio de Assumpção Oliveira, licenciado em Geografia, pós-graduando em Tecnologias Educacionais na 
Universidade Tiradentes, assumfox@hotmail.com. 
 
3
 Jose Adailton Barroso da Silva, Doutorando em Geografia pela UFS/SE, docente da Universidade Tiradentes, 
coordenador do programa UCA - Um computador por aluno na rede estadual de ensino, pesquisador do Grupo 
Sociedade, Educação, História e Memória (UNIT), adailtonbarroso@gmail.com. 
 
 
2 
 
 
As técnicas são tão antigas quanto à espécie humana. Na verdade, foi à 
engenhosidade humana, em todos os tempos, que deu origem às mais diferenciadas técnicas. 
Desta maneira, desde o início dos tempos, o domínio de determinados tipos de técnicas, assim 
como o domínio de certas informações, distinguem os seres humanos dos animais irracionais. 
Um momento revolucionário deve ter ocorrido quando alguns grupos primitivos 
deixaram de lado os machados de madeira e pedra e passaram a utilizar lanças de metal para 
guerrear. Entretanto, a posse de instrumentos mais potentes abriu espaço para a organização 
de exércitos que subjugaram outros povos por meio de guerras de conquista ou pelo domínio 
cultural. 
Novas técnicas foram sendo aperfeiçoadas, não mais para a defesa, mas para o 
ataque e dominação.Assim, sucessivamente, com o uso de um conjunto de várias técnicas, as 
quais resultaram na tecnologia, cada vez mais poderosa, os homens buscavam ampliar seus 
domínios e acumular cada vez mais riquezas. 
Já na Guerra Fria, após a Segunda Guerra Mundial 1945 em diante, o mundo ficou 
dividido em dois grandes blocos de poder, capitalistas liderados pelos (EUA) e Socialistas 
liderados pela antiga (URSS), os quais impulsionaram a ciência e a tecnologia de forma 
jamais vista na história da humanidade. Muitos equipamentos, serviços e processos foram 
descobertos durante a tensão que existiu entre Estados Unidos e União Soviética pela ameaça, 
de ambos os lados, de ações bélicas, sobretudo com o uso de bomba atômica. 
 Com isso, as novas tecnologias da informação desempenharam papel decisivo ao 
facilitarem o surgimento desse capitalismo flexível e rejuvenescido proporcionando 
ferramentas para a formação de redes e comunicação. A partir dessas redes o capital é 
investido por todo o globo e em todos os setores de atividades: informação, negócios da 
mídia, serviços avançados, transportes, tecnologias e, sobretudo, educação. Dessa maneira, a 
interação de todos esses processos e as reações por eles desencadeadosfez surgir uma nova 
estrutura social denominada, a sociedade em rede. 
Acredita-se que a educação sempre foi marcada por processos históricos e culturais que 
conduziram e guiaram modelos de instrução nas famílias, nas comunidades, nas escolas e, 
atualmente, podemos pensar também em ambientes fora dela, isto é, hoje a construção do 
conhecimento independe de espaço e tempo, ou seja, a apropriação do conhecimento se dá a 
qualquer hora e em qualquer lugar. 
Os padrões tradicionalmente conhecidos de ensino estão dando lugar a novas 
formas de construir conhecimentos. Tal alteração é característica significativa da inserção das 
3 
 
novas tecnologias ao ensino. Porém, educação e novas tecnologias, caminhando juntas, 
deixam rastros como indicadores de infinitas questões como: mudanças econômicas no ritmo 
de produção; mudanças na sociedade, influenciando a forma de pensar, agir, consumir e 
comportamentos, mudanças no processo construção do conhecimento, que se torna mais 
dinâmico e global entre outras. 
A sociedade contemporânea vem apresentando diversas formas de conduzir o 
ensino sistematizado. As inovações tecnológicas exigem do profissional docente constante 
aperfeiçoamento, principalmente em termos da inserção dos recursos tecnológicos aplicados 
ao ensino. Logo, entende-se que é necessário haver professores capacitados e qualificados 
para inserir na sua prática educativa recursos que auxiliem a aprendizagem do aluno. 
Assim sendo, o objetivo geral desta pesquisa, consiste em analisar a inserção da 
tecnologia na educação e as mudanças no papel docente. Já os objetivos específicos são: a) 
identificar a inserção da tecnologia na educação; b)apontar as implicações dorecurso 
tecnológicona educação; d) identificar as contribuições do recurso tecnológico na educação; 
e) caracterizar os impactos da tecnologia na educação; f) caracterizar o papel do professor 
como mediador do processo de construção do conhecimento. Os procedimentos 
metodológicos realizados foram pesquisa bibliográfica em livros e internet. Desta forma o 
presente trabalho constitui-se numa pesquisa bibliográfica. 
Justifica-se a pesquisa,tendo em vista a importância da inserção da tecnologia na 
educação e suas implicações na sociedade contemporânea.Uma vez que, estamos imersos em 
uma sociedade informacional, onde a relação existente entre os indivíduos é cada vez 
maisatravés das tecnologias da informação e comunicação. 
 
2TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO 
 
Ao longo de sua evolução, o ser humano foi desenvolvendo ferramentas que lhe 
permitiram dominar o meio ambiente físico que o rodeava. Estes instrumentos e as técnicas 
atuavam como prolongamentos de seus sentidos, ampliando os limites que a natureza lhe 
impôs. Biologicamente dependente e indefeso, o homem sobrepõe-se a esse estado por meio 
de suas criações. Sendo assim, 
 
Homem é um ser tecnológico, em continua relação de criação e de controle 
com a natureza. No Ocidente, o afã do homem moderno por construir 
máquinas e conquistar a natureza levou-o a elaborar a tese de que a 
fabricação e utilização de ferramentas tem sido o fator determinante e 
essencial de sua evolução. (LITWIN, 1997, p. 26). 
4 
 
 
Dessa maneira, a evolução socialdo homem confunde-se com as tecnologias 
desenvolvidas e empregadas em cada época. Diferentes períodos da história da humanidade 
são historicamente reconhecidos pelo avanço tecnológico correspondente. 
 Segundo Castells (1999, p. 82) cada grande avanço em um campo tecnológico 
específico amplifica os efeitos das tecnologias da informação conexas. A convergência de 
todas esses tecnologias eletrônicas no campo da comunicação interativa levou a criação da 
Internet, talvez o mais revolucionário meio tecnológico da Era da Informação. 
No entanto, 
 
A criação e o desenvolvimento da Internet nas três últimas décadas do século 
XX foram conseqüência de uma fusão singular de estratégia militar, grande 
cooperação cientifica, iniciativa tecnológica e inovação contracultural. A 
internet teve origem no trabalho de uma das mais inovadoras instituições de 
pesquisa do mundo: a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA) 
do Departamento de Defesa dos EUA. A ARPA empreendeu inúmeras 
iniciativas ousadas, algumas das quais mudaram a história da tecnologia e 
anunciaram a chagada da Era da Informação em grande escala (CASTELLS, 
1999, p. 82). 
 
Hoje os meios de comunicação e de transporte encurtaram de tal forma as 
distâncias que as noções de espaço passam a ser repensadas. A Internet e os demais meios de 
comunicação possibilitam que povos de diferentes culturas troquem informações em tempo 
real gerando profundas modificações nas sociedades. 
As novas tecnologias da informação estão integrando o mundo em redes globais 
de instrumentalidade. A comunicação mediada por computadores gera uma gama enorme de 
comunidades virtuais. Os primeiros passos históricos das sociedades informacionais parecem 
caracterizá-los pela preeminência da identidade como seu princípio organizacional 
(CASTELLS, 1999). 
A revolução da tecnologia da informação foi essencial para a implementação de 
um importante processo de reestruturação do sistema capitalista.Nesse processo, o 
desenvolvimento e as manifestações dessa revolução tecnológica foram moldados pelas 
lógicas e interesses do capitalismo avançado. 
O surgimento da escola paroquial no começo da Idade Média, modelo essencial 
de escola tal como hoje a conhecemos, apresenta, em si mesmo, uma primeira revolução 
tecnológica na história do ensino. Desde aquele momento e até agora, a sala de aula, com tudo 
o que significa em termos de organização dos processos de ensino e aprendizagem e produção 
5 
 
de capital cultural, se estabelecerá como “a tecnologia predominante na educação” 
(TEDESCO, 2004). 
Segundo Tajra (2001, p. 44) no início da introdução dos recursos tecnológicos de 
comunicação na área educacional, houve uma tendência a imaginar que os instrumentos iriam 
solucionar os problemas educacionais, podendo chegar, inclusive, a substituir os próprios 
professores. Com o passar do tempo, não foi isso que se percebeu, mas a possibilidade de 
utilizar esses instrumentos para sistematizar os processos e a organização educacional e uma 
reestruturação do papel do professor. 
Visto que, 
 
Cabe a educação formar esse profissional e para isso, esta não se sustenta 
apenas na instrução que o professor passa ao aluno, mas na construção do 
conhecimento pelo aluno e no desenvolvimento de novas competências, 
como: capacidade de inovar, criar o novo a partir do conhecimento, 
adaptabilidade ao novo, criatividade, autonomia, comunicação. É função da 
escola, hoje, preparar os alunos para pensar, resolver problemas e responder 
rapidamente às mudanças contínuas. (MERCADO, 2002, p. 12). 
 
Estas mudanças implicam um reposicionamento da profissão docente e um 
convite a refletir sobre o papel dos educadores em um contexto marcado pelas mudanças 
aceleradas. O que significa que os professores devem compreender o que ensinam, de maneira 
bem diferente de como aprenderam quando eram estudantes (SANCHO; HERNÁNDEZ, 
2006). 
Portanto, 
 
Muitas crianças e jovens crescem em ambientes altamente mediados pela 
tecnologia, sobretudo a audiovisual e a digital. Os cenários de socialização 
das crianças de hoje são muito diferentes das vividas pelos pais e 
professores. O computador, assim como o cinema, a televisão e os 
videogames atrai de forma especial a atenção dos mais jovens que 
desenvolvem uma grande habilidade para captar suas mensagens. 
(SANCHO; HERNÁNDEZ, 2006, p. 19). 
 
 SegundoLitwin (1997, p. 23) a tecnologia aparece, na cena educacional, como 
algo imprescindível e temível ao mesmo tempo.É preciso ensinar informática, que, é preciso 
dinamizar as classes porque as crianças seguem o ritmo do zapping, etc.Percebe-se que, 
 
O uso da informática, de forma positiva dentro de um ambiente educacional, 
irá variar de acordo com a proposta que está sendo utilizada em cada caso e 
com a dedicação dos profissionais envolvidos. É importante que as pessoas 
incorporadas nesses projetos estejam dispostas aos novos desafios[...] além 
6 
 
de a escola direcionar as fontes de pesquisas para os recursos já existentes, 
tais como: livros, enciclopédias, revistas, jornais e vídeos, ela pode optar por 
mais uma fonte de aprendizagem: o computador. (TAJRA, 2001, p. 61). 
 
Com isso, nota-se a necessidade de qualificação e atualização tanto de professores 
quanto dos alunos, no sentido de acompanhar as inovações no campo da educação e de outras 
áreas afins. 
Assim, para Mercado (2002, p.14) o acesso às redes de computadores 
interconectadas à distância permitem que a aprendizagem ocorra frequentemente no espaço 
virtual, que precisa ser inserido às praticas pedagógicas. A escola é um espaço privilegiado de 
interação social, mas este deve interligar-se aos demais espaços de conhecimento hoje 
existentes e incorporar os recursos tecnológicos e a comunicação via internet, permitindo 
fazer as pontes entre conhecimentos e tornando um novo elemento de cooperação e 
transformação. 
A aprendizagem e a mudança são processos que começam com a 
desaprendizagem. As mudanças provocadas pelas novas tecnologias na organização são tão 
radicais que, para que deem certo é necessário desaprender os hábitos adquiridos, ideias e 
modelos mentais. Por isso, o modo peculiar de conceber a organização e o trabalho no setor 
das tecnologias são apresentados como paradigmas (SANCHO; HERNÁNDEZ, 2006, p. 124-
125). 
Considerando que, 
 
Com relação aos docentes, a aprendizagem dos mais jovens deixará de ser 
responsabilidade dos lugares chamados escolas, mas tampouco o será de um 
grupo particular de profissionais chamados docentesas redes de 
aprendizagem põem em contato grupos diferentes segundo as necessidades 
[...]. A educação se tornará algo muito menos formal e organizado, com o 
desaparecimento da sala de aula, e vai ocorrer por inúmeras vias, em 
diferentes ambientes, com um papel muito maior para a aprendizagem 
baseada na comunidade e na experiência.(SANCHO; HERNÁNDEZ, 2006, 
p. 193). 
 
 Segundo Demo (2001, p. 24) “[...] entre outras perspectivas, educação assume 
a função de um dos fatores positivos em termos de conduzir o crescimento econômico no 
rumo da melhoria da qualidade de vida e da consolidação da democracia”. 
 Para Litwin (1997, p. 39) “[...] numa sociedade interdependente, na qual a 
informação transmitida globalmente por uma tecnologia sofisticada e cada vez mais 
7 
 
abrangente adquire caráter estruturante, aumenta a importância da educação”. Vale ressaltar 
que, 
 
A tecnologia não resolve sozinha os problemas da educação. Desta forma, o 
professor ganha ainda mais importância. É bobagem imaginar que essas 
“máquinas que ensinam” vão substituir os professores, o que existe é uma 
complementação. O educador que adota as novas tecnologias perde o posto 
de dono do saber, mas ganha um novo e importante posto, o de mediador da 
aprendizagem. Ele passa a dirigir as pesquisasdos alunos, apontar caminhos, 
esclarecer dúvidas, propor projetos e sem dúvida aprender muito mais. 
(MERCADO, 2002, p. 138). 
 
No entanto, a principal dificuldade para transformar os contextos de ensino com a 
incorporação de tecnologias diversificadas de informação e comunicação parece se encontrar 
no fato de que a tipologia de ensino dominante na escola é a centrada no professor 
(SANCHO; HERNÁNDEZ, 2006,p. 19).Assim, 
 
Esta situação se torna particularmente problemática em um momento em que 
a escola tem de enfrentar as demandas não diferentes, mas às vezes até 
mesmo contraditórias. De um lado, diferentes organismos internacionais 
(Unesco, OCDE, Comissão Europeia, etc.) advertem sobre a importância de 
educar os alunos para a sociedade do conhecimento, para que possam pensar 
de forma crítica e autônoma, saibam resolver, comunicar-se com facilidade, 
reconhecer e respeitar os demais, trabalhar em colaboração e utilizar, 
intensiva e extensivamente, as TIC (Tecnologias da Informação e 
Comunicação). (SANCHO; HERNÁNDEZ, 2006, p. 19-20). 
 
 Assim sendo, as tecnologias da comunicação e informação são fatores que de 
forma decisiva e rápida mudaram a sociedade, contribuíram para a formação da chamada 
sociedade planetária e interferem de forma significativa na educação.Desta forma, 
 
 
 
 
 
Com as Novas Tecnologias da Informação abrem-se novas possibilidades à 
educação, exigindo uma nova postura do educador. Com a utilização de 
redes telemáticas na educação, pode-se obter informações em fontes, como 
centros de pesquisa, universidades bibliotecas, permitindo trabalhos em 
parceria com diferentes escolas; conexão com alunos e professores a 
qualquer hora e local, favorecendo o desenvolvimento de trabalhos com 
troca de informações entre escolas, estados e países, através de cartas, 
contos, permitindo que o professor trabalhe melhor o desenvolvimento do 
conhecimento. (MERCADO, 2002, p. 13). 
8 
 
 
Para Tajra (2001, p. 22) é necessária à formação de um novo homem. O perfil do 
novo profissional não é mais o especialista. O importante é saber lidar com diferentes 
situações, resolver problemas, ser flexível e multifuncional e estar sempre aprendendo. 
Não se pode negar que, durante as últimas décadas, a revolução tecnológica vem 
tendo um impacto considerável e está mudando o cotidiano. O desenvolvimento das TIC 
abriu, em especial, novos horizontes e possibilidades inimagináveis há vinte anos. O impacto 
que a revolução tecnológica causa nas visões tradicionais do conhecimento é mais do que 
significativo. Isto tem levado governos a fazer investimentos sem precedentes em 
equipamentos e formação para a educação (SANCHO; HERNÁNDEZ, 2006). 
Assim, a sociedade atual passa por profundas mudanças caracterizadas por uma 
profunda valorização da informação. Na chamada Sociedade da Informação, processos de 
aquisição do conhecimento assumem um papel de destaque e passam a exigir um profissional 
crítico, criativo, com capacidade de pensar, de aprender a aprender, de trabalhar em grupo e 
de se conhecer como indivíduo (MERCADO, 2002, p. 12). 
Segundo Kenski (2009, p. 63) todo mundo vai para a escola para aprender. Na 
visão tradicional, a educação escolar serve para preparar para a vida social, a atividade 
produtiva e o desenvolvimento técnico-científico. A escola é uma instituição social, que tem 
importância fundamental em todos os momentos de mudanças na sociedade. 
Corroborando com essa visão, Sancho e Hernández (2006, p. 52-53) afirmam que: 
 
A visão predominante em nossas escolas é a que procede da narrativa 
civilizatória gerada com a expansão colonizadora europeia desde o século 
XVI e, de maneira especial, desde o século XVII com os Impérios britânico 
e Francês. Um dos resultados desta narrativa é a construção de uma visão de 
nós e do outros determinada pela hegemonia do homem branco, cristão e 
ocidental (europeu). Esta narrativa se projeta na escolha de conhecimentos 
escolares em que o outro (o que não faz parte do nós hegemônico) é 
apresentado em uma situação de subordinação – por isso, deve ser civilizado 
e, justificadamente, explorado e despojado de seus saberes. Vem daí, em boa 
medida, a visão da escola sobre o conhecimento e os saberes, mediada pela 
ideia da dominação cultural que faz ver tratar o outro como subalterno. Este 
outro seria no âmbito da proposta [...] a criança e até mesmo os professores. 
 
 Segundo Sancho e Hernández (2006, p. 53) para construir esta representação, 
tornou-se necessário elaborar uma ideiado “nós” como pessoas autônomas não esqueçamos 
que a palavra autonomia é uma das referências do discurso da modernidade, em que se acolhe 
o projeto nacional da escola e que se transmite às pessoas, fazendo com que sejam autônomas 
9 
 
em uma instituição que tem como uma de suas missões submetê-las em sua maneira de 
pensar, atuar e ser. 
 A educação também é um mecanismo poderoso de articulação das relações entre, 
poder, conhecimento e tecnologias. Desde pequena, a criança é educada em um determinado 
meio cultural familiar, onde adquire conhecimentos, hábitos, atitudes, habilidades e valores 
que definem a sua identidade social. A forma como se expressa oralmente, como se alimenta e 
se veste, como se comporta dentro e fora de casa são resultado do poder educacional da 
família e do meio em que vive (KENSKI, 2009). 
O mundo da educação, em função das mudanças sociais, econômicas e políticas 
que, aceleradamente, se produzem, especialmente desde a etapa final do século XX, vive 
transformações significativas. No âmbito do ensino, as propostas curriculares se sucedem 
nestes anos em busca de soluções válidas que permitam o alcance das metas educativas, as 
quais, por sua vez, evoluem com as próprias mudanças socioeconômicas (SANCHO E 
HERNÁNDEZ, 2009, p. 19). 
Desta forma, Kenski (2009, p. 19) defende que: 
 
A escola representa na sociedade moderna o espaço de formação não apenas 
das gerações jovens, mas de todas as pessoas. Em um momento 
caracterizado por mudanças velozes, as pessoas procuram na educação 
escolar a garantia de formação que lhes possibilite o domínio de 
conhecimentos e melhor qualidade de vida. Essa educação escolar, no 
entanto, aliada ao poder governamental, detém para si o poder de definir e 
organizar os conteúdos que considera socialmente válidos para que as 
pessoas possam exercer determinadas profissões ou alcançar maior 
aprofundamento em determinada área do saber. 
 
Para Sancho e Hernández (2006, p. 80) os professores devem sensibilizar-se a 
respeito das mudanças de papeis vinculados à presença das tecnologias de informação e 
comunicação no marco docente, avaliando que podem liberá-los, em certa medida, da tarefa 
de transmitir informação e conhecimentos, para torná-los dinamizadores e referentes do 
processo de aprendizagem. Assim sendo, 
 
Na atual proposta liberal, a escola é instituição social da maior importância. 
É ali que se formam os quadros de profissionais que, mais do que dar vida, 
continuidade e inovação à produção, irão formar um exército de usuários 
para o consumo de bens e serviços da informação. Para a aquisição e o uso 
dos novos produtos oferecidos no atual estágio de desenvolvimento 
econômico-social, é preciso que o sujeito tenha um mínimo de escolaridade. 
E, neste momento social em que a principal mercadoria em circulação é a 
informação, as pessoas precisam ter um mínimo de conhecimento formal 
para serem consumidoras. (KENSKI, 2009, p. 63). 
10 
 
 
No entanto, a maioria das pessoas que vive no mundo tecnologicamente 
desenvolvido tem um acesso sem precedentes à informação: isso não significa que dispunha 
de habilidade e do saber necessários para convertê-los em conhecimento. “A produção de 
bens e riquezas aumentou exponencialmente; mas sua distribuição entre a populaçãomantém 
e agrava as desigualdades socioculturais” (SANCHO; HERNÁNDEZ, 2006, p. 18). 
O impacto das tecnologias informacionais na sociedade é insuficientemente 
estudado pela academia científica. Os cientistas sociais não abordam de forma sistêmica as 
diferentes esferas (social, política e econômica) que envolvem a sociedade “informacional”. A 
teoria da sociedade pós-industrial da primeira metade do século XX concebe a sociedade 
conforme a lógica do capital, onde conhecimento e informação são fatores geradores de 
riqueza e poder gerando duas divisas sociais: os que detêm o poder na sociedade são os que 
dominam e controlam o conhecimento e a informação; os dominados na sociedade são os 
alienados (CASTELLS, 1996). 
Torna-se difícil negar a influência das tecnologias da informação e comunicação 
na configuração do mundo atual, mesmo que esta nem sempre seja positiva para todos os 
indivíduos e grupos. 
Vivemos em um mundo em constante transformação no qual as novas tecnologias 
se fazem presentes no cotidiano das pessoas, sejam no ambiente social, familiar, de trabalho e 
educacional. No entanto, a educação não pode se colocar à margem dos avanços tecnológicos 
que permeiam a sociedade, a educação deve repensar a sua lógica para acompanhar a 
velocidade com que estes avanços ocorrem. 
 
3 CONCLUSÃO 
 
Estamos vivendo em um mundo em constante transformação no qual as novas 
tecnologias se fazem presentes no cotidiano de muitas pessoas, sejam no ambiente social, 
familiar, de trabalho ou até mesmo educacional. Assim, muito se tem falado da necessidade 
de modernização das nossas escolas de aproximá-las das inovações tecnológicas ocorridas na 
sociedade, dotando-as de infraestrutura capaz de responder de forma satisfatória as exigências 
de sua clientela. Assim, percebe-se que o mundo da educação, em função das mudanças 
sociais, econômicas e políticas que aceleradamente se produzem, especialmente desde a etapa 
final do século XX, vive transformações significativas. 
11 
 
Fica evidente que a educação não pode ficar à margem dos avanços tecnológicos 
que permeiam a sociedade, a educação deve repensar a sua lógica para acompanhar a 
velocidade com que estes avanços ocorrem. 
Assim, a inserção do sistema educacional no contexto atual planetário em que 
vive a nossa sociedade é uma condição inexorável, pois, os padrões tradicionalmente 
conhecidos de ensino estão dando lugar a novas formas de construir conhecimentos. As 
tecnologias da comunicação e informação são fatores que de forma decisiva e rápida 
mudaram a sociedade, contribuíram para a formação da chamada sociedade planetária e 
interferem de forma significativa na educação e por conseguinte no papel docente. 
 
4REFERÊNCIAS 
 
CASTELLS, Manuel. Fluxos, Redes e Identidades: uma teoria crítica da sociedade 
informacional, novas perspectivas críticas em educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. 
 
CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e 
Terra, 1999. 
 
DEMO, Pedro. Desafios modernos da educação. 11. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. 
 
LITWIN, Edith. Tecnologia educacional: política, histórias e propostas. Porto Alegre: Artes 
Mádicas, 1997. 
 
MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Novas tecnologias na educação: reflexões sobre a 
prática. Maceió: Edufal, 2002. 
 
KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, 
SP: Papiros, 2007. 
 
SANCHO, Juana María; HERNÁNDEZ, Fernando. Tecnologias para transformar a 
educação. Porto Alegre: Artmed, 2006. 
 
TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na educação: novas ferramentas pedagógicas para o 
professor na atualidade. 3. ed. São Paulo: Érica, 2001. 
 
TEDESCO, Juan Carlos. Educação e novas tecnologias. São Paulo: Cortez, 2004.

Continue navegando