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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA PRÓ-REITORIA ACADÊMICA CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO OPERAÇÕES UNITÁRIAS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS Grupo: Alexandre Diniz Arthur Rodrigues Carneiro Márcio Freitas Niterói 2007 UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA PRÓ-REITORIA ACADÊMICA CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO OPERAÇÕES UNITÁRIAS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS Trabalho apresentado ao professor Paulo Roberto como verificação de aprendizagem da matéria de Operações Unitárias – VT. Niterói 2007 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 4 RESUMO.......................................................................................................................... 5 ABSTRACT....................................................................................................................... 6 1. TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS........................................................................... 7 1.1 Definição...................................................................................................................... 7 1.2 Aplicações.................................................................................................................... 7 1.3 Custo............................................................................................................................. 7 2. CLASSIFICAÇÃO DOS TUBOS......................................................................... 9 2.1 Quanto ao material de Fabricação............................................................................. 9 2.1.1 Metálicos .................................................................................................................... 9 2.1.2 Não Metálicos............................................................................................................. 9 2.1.3 Mistos.......................................................................................................................... 9 2.2 Quanto a Flexibilidade............................................................................................... 10 2.2.1 Flexíveis...................................................................................................................... 10 2.2.2 Não Flexíveis.............................................................................................................. 10 2.3 Quanto ao Processo de Fabricação........................................................................... 10 2.3.1 Sem Costura................................................................................................................ 10 2.3.2 Com Costura............................................................................................................... 10 3. BITOLAS COMERCIAIS....................................................................................... 11 3.1 Espessuras Comerciais............................................................................................... 11 3.2 Uso dos Principais Tipos............................................................................................ 12 3.2.1 Tubos de Aço-carbono................................................................................................ 12 3.2.2 Tubos de Aço-liga....................................................................................................... 12 3.2.3 Tubos de Aço-inoxidável............................................................................................ 12 3.2.4 Tubos de Ferro-fundido.............................................................................................. 12 3.2.5 Tubos não Metálicos, não Ferrosos e Ligas................................................................ 12 4. ACESSÓRIOS DE TUBULAÇÃO....................................................................... 13 4.1 Meios de ligação de Tubos........................................................................................ 16 4.1.1 Classificação dos Sistemas de Ligação dos Tubos.................................................... 16 5. LINHA FLEXÍVEL DE CAMADAS NÃO-ADERENTES........................... 23 5.1 Características das Principais Camadas de uma Linha Flexível.......................... 26 5.1.1 Camadas Metálicas.................................................................................................... 27 5.1.2 Camadas Poliméricas................................................................................................. 34 5.2 Tipos de Linhas Flexíveis de Camadas Não-Aderentes........................................ 49 5.2.1 Configurações típicas de linhas flexíveis................................................................... 49 5.2.2 Novas concepções para linhas flexíveis..................................................................... 50 5.2.3 Novas concepções para as armaduras metálicas........................................................ 51 5.2.4 Estruturas Integradas.................................................................................................. 57 5.2.5 Desenvolvimento de Novas Estruturas...................................................................... 58 CONCLUSÃO................................................................................................................ 61 REFERÊNCIAS............................................................................................................. 62 4 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como tema as tubulações industriais. Temos que tubulação é o conjunto de tubos e seus acessórios, estes têm como função principal o transporte de fluidos, líquidos ou gasosos, além de materiais pastosos e de fluidos com sólidos em suspensão. A grande necessidade dessas tubulações cinge-se ao fato de que o ponto de geração ou armazenamento dos fluidos encontram-se, na maioria, distantes do ponto de utilização. Por serem essenciais às indústrias, visto que são responsáveis pelo transporte de uma variedade de produtos, de forma rápida, segura e econômica, além de imprescindíveis ao seu funcionamento, temos uma nomenclatura mais especifica qual seja tubulações industriais. Como exemplo de utilização, podemos citar a industria do petróleo, onde produtos derivados do petróleo, gás natural e óleo cru, são regularmente transportados em tubulações, desde extração até o refino e a distribuição. Trataremos, ainda, neste trabalho das classificações dos tubos, estes podem ter revestimentos (externos ou internos) de plástico, borracha, concreto etc; podem ser mistos, isto é, constituídos de parte metá1ica e parte não metálica; os mangotes de borracha com armação de ferro pertencem a este tipo; podem ser f1exíveis e não f1exíveis, conforme possam mudar de forma ou não e podem, ainda, ser sem costura ou com costura: neste caso, ou a parede do tubo é contínua ou apresenta partes soldadas, dependendo do tipo do processo de fabricação do tubo. A diante falaremos das bitolas comerciais e dos acessórios de tubulação que, como já citado anteriormente, compõem as tubulações industriais. E como ponto final deste, teremos as características da linha flexível de camadas não-aderentes, estrutura tubular composta, que combina baixa rigidez à flexão com elevada rigidez axial. 5 RESUMO Este trabalho esclarece o conceito, conduto forçado, a função, destinado ao transporte de fluidos, a utilização, o transporte de todos os fluidos, materiais fluidos com sólidos em suspensão e sólidos fluidizados e a composição, plástico, borracha, concreto etc, das tubulaçõesindustriais. Elucida as características de uma linha flexível de camadas não-aderentes, estrutura tubular composta, que combina baixa rigidez à flexão com elevada rigidez axial além de relatar os seus tipos. 6 ABSTRACT This work explains the concept, forced conduit, the function, destined for the transport of fluids, the use, transport all of fluids, fluid with solids in suspension and the composition, plastic, rubber, concrete etc., of the industrial pipings. It elucidates the characteristics of a flexible line of layers non-followers, tubular compound structure, which combines low rigidity to the flexing with elevated axial rigidity besides reporting his types. 7 1 - TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS 1.1 - Definição Conjunto de tubos e seus acessórios, destinado ao transporte de fluidos. Uma tubulação é constituída de tubos de tamanhos padronizados colocados em série. 1.2 - Aplicações: • Distribuição de vapor para força e/ou para aquecimento; • Distribuição de água potável ou de processos industriais; • Distribuição de óleos combustíveis ou lubrificantes; • Distribuição de ar comprimido; • Distribuição de gases e/ou líquidos industriais. 1.3 - Custo Em indústrias de processamento, indústrias químicas, refinarias de petróleo, indústrias petroquímicas, boa parte das indústrias alimentícias e farmacêuticas, o custo das tubulações pode representar 70% do custo dos equipamentos ou 25% do custo total da instalação. 8 CLASSIFICAÇÃO DAS TUBULAÇÕES Tubulações de processo Tubulações de distribuição Tubulações de transporte Tubulações de drenagem Tubulações de instrumentação Tubulações de utilidades Tubulações fora de instalações industriais Tubulações dentro de instalações 9 2 - CLASSIFICAÇÃO DOS TUBOS 2.1 - Quanto ao Material de Fabricação 2.1.1 – Metálicos a) Ferrosos: Aço-carbono, Aço-liga, Aço-inoxidivel, Ferro fundido, Ferro forjado, Ferros ligados e Ferro nodular. b) Não Ferrosos: Cobre, Latões, Cupro-níquel, Alumínio, Chumbo, Níquel e Ligas, Metal Monel, Titânio, Zircônio e outros 2.1.2 - Não Metálicos Cimento-amianto, Vidro, Cerâmica, Barro Vidrificado, Borrachas, Concreto armado, Materiais Plásticos (Cloreto de poli-vinil, Polietileno, Acrílicos, Acetato de celulose, Epoxi, Poliésteres, etc) 2.1.3 - Mistos Os tubos são constituídos de parte metá1ica e parte não metálica; os mangotes de borracha com armação de ferro pertencem a este tipo. Podem ter revestimentos (externos ou internos) de plástico, borracha, concreto etc., neste caso procura-se utilizar uma camada protetora contra a corrosão, em tubos metálicos; como exemplo, têm-se tubulações para água salgada, que são geralmente de aço-carbono revestidas internamente com concreto; consegue-se, assim, uma alta resistência mecânica, aliada a uma alta resistência à corrosão e baixo custo. 10 2.2 - Quanto a Flexibilidade 2.2.1 - F1exíveis Tem capacidade mudar de forma, mas o material não deforma plasticamente. 2.2.2 - Não F1exíveis Não tem capacidade mudar de forma, ou o material possui uma capacidade muito pequena de se deformar elasticamente 2.3 - Quanto ao Processo de Fabricação: 2.3.1 - Sem Costura a) Laminação: O processo de Laminação é o mais importante para a fabricação de tubos de aço sem costura; empregam-se para a fabricação de tubos de aços-carbono, aços-liga e aços inoxidáveis, desde 8 cm até 65 cm de diâmetro. b) Extrusão: O processo de extrusão, empregam-se para a fabricação de tubos de aços de pequenos diâmetro (abaixo de 8 cm) e também tubos de alumínio, cobre, latão, chumbo e outros metais não ferrosos, bem como de materiais plásticos. c) Fundição: Fabricam-se por esse processo, tubos de ferro fundido, de alguns aços especiais não forjáveis, e da maioria dos materiais não-metálicos. 2.3.2 - Com Costura Fabricam-se pelos diversos processos com costura, tubos de aços-carbono, aço-liga, aço inoxidáveis e ferro forjado, em toda faixa de diâmetro usuais na indústria. Existem duas disposições da costura soldada: Longitudinal (ao longo de uma matriz do tubo) e espiral. 11 3 - BITOLAS COMERCIAIS Os tubos de aço são construídos com diâmetros desde 1/8 até 30”: os de aço inoxidável existem no mercado em diâmetros até 12”. A bitola do tubo coincide com o diâmetro externo para tubos acima de 14”; não coincide com nenhuma medida do tubo para diâmetros menores do que 12” (aproximam-se do diâmetro interno). Os diâmetros comerciais são: 1/8”, 1/4”, 3/8”, 1/2”, 3/4”, 1”, 1 1/4”, 1 1/2”, 2", 3", 4", 6", 8", 10", 12", ...30”. Os tubos acima de 30” são fabricados por encomenda e, norma1mente, pelos processos com costura. Os tubos de cobre, latão, bronze, alumínio e suas ligas existem em bitolas de 1/4” e 1/2”. Os tubos de chumbo existem em bitolas de 1/4” a 12”. Os tubos de PVC existem em bitolas de 1/4” a 8”. 3.1 - Espessuras Comerciais As paredes dos tubos de aço têm espessuras padronizadas. Para o mesmo diâmetro pode variar a espessura da parede, de acordo com o trabalho a que se destina a tubu1ação. A espessura é designada por meio dos números 10, 20, 30, 40, 60, 80, 120, 140,160. Estes números são os “Schedule Number”, e quanto mais alto o Schedule, maior será a espessura da parede do tubo. Os tubos de metais não ferrosos e outros podem ter padronizações diferentes: exemplos são os tubos de cobre, bronze, alumínio etc., que podem ser encontrados nos padrões K, L, M; o tipo K é o mais pesado, ou seja, o de maior espessura nas paredes. 12 3.2 - Uso dos Principais Tipos 3.2.1 - Tubos de Aço-carbono Representam a maior parte de todos os tubos fabricados; em uma refinaria constituem a maioria. Têm uso bastante generalizado, feita exceção para produtos corrosivos, altas temperaturas, baixas temperaturas etc. 3.2.2 - Tubos de Aço-Liga São usados para serviços especiais tais como altas ou baixas temperaturas, fluidos corrosivos etc. Os elementos de liga mais usados são: • Cr, Mo - Para altas temperaturas • Ni - para baixas temperaturas 3.2.3 - Tubos de Aço-inoxidável São usados para condições de corrosão ainda mais severas do que os de aço - liga. Também o Cr, Mo, Ni entram na composição do aço-inoxidáve1, além de outros. 3.2.4 - Tubos de Ferro-fundido Os tubos de ferro fundido são usados para água doce e salgada, esgotos etc.; são usados para serviços de baixa pressão e onde não ocorram grandes esforços mecânicos. 3.2.5 - Tubos não Metá1icos, não Ferrosos e Ligas Fabricam-se tubos de uma grande variedade de ligas de cobre; temos então, tubos de cobre, latão (Cu-Zn), bronze (Cu-Sn), Monel (Ni-Cu), Admiralty (Cu-Zn-Sn) etc. São usados para “steam tracing”, ar comprimido, tubos de pequeno diâmetro, serviços de alta corrosividade etc. Os tubos de chumbo são utilizados para instalações auxiliares de água, esgotos, ácidos etc. Os tubos plásticos, flexíveis ou não, aplicam-se àqueles serviços em que se procura obter alta resistência à corrosão; apresentam como desvantagens: alto custo, baixa resistência mecânica, temperatura de trabalho baixa etc. 13 4 - ACESSÓRIOS DE TUBULAÇÃO Os acessórios de tubulações destinam-se às seguintes finalidades: a) Permitir mudanças de sentido em tubos - Curvas de raio longo de 45º, 90º e 180º. - Curvas de raio curto de 45º, 90º e l80º- Joelhos de 45º e 90º b) Fazer derivações de tubos - Tês normais, tês de 45º, tês de redução - Cruzetas - Derivação com colar 14 c) Permitir mudanças de diâmetro em tubos - Reduções concêntricas - Reduções excêntricas - Buchas de redução d) Ligações de tubos entre si - Luvas - Uniões - Niples 15 - Flanges e) Fechar extremidades de tubos - Caps ou tampões - Bujões - F1anges cegos f) Isolar trechos de tubulações e equipamentos - Raquete - “figura - oito" 16 4.1 - Meios de Ligação de Tubos Os diversos meios usados para conectar tubos, servem não só para ligá-los entre si, como também para ligar os tubos às válvulas, aos diversos acessórios e a outros equipamentos. 4.1.1 - Classificação dos Sistemas de Ligação de Tubos a) Ligações rosqueadas. b) Ligações flangeadas c) Ligações soldadas d) Ligações de ponta e bolsa e) Ligações de compressão. A escolha do meio de ligação depende de muitos fatores, como sejam: material do tubo, pressão, temperatura, fluido que irá circular, diâmetro do tubo, segurança, custo, facilidade de desmontagem, localização etc. a) Ligações Rosqueadas: São os mais antigos meios de ligações usados para tubos.São de baixo custo, de fácil execução, mas seu uso é limitado para pequenos diâmetros (até 3”), assim mesmo em instalações domiciliares ou serviços secundários em instalações industriais, devido á facilidade de vazamentos e a pequena resistência mecânica que apresentam. As roscas são feitas por meio de tarrachas manuais ou motorizadas. São as únicas empregadas em tubos galvanizados. As varas de tubos são ligadas entre si por meio de luvas ou de uniões rosqueadas. As roscas, tanto dos tubos, como das luvas e uniões são cônicas, de maneira que com o aperto da rosca, há interferência metálica entre os fios das roscas, garantindo a vedação. O rosqueamento enfraquece sempre as paredes dos tubos. Por essa razão, quando há ligações rosqueadas, usam-se sempre tubos de parede grossa, “schedule 80”. É conveniente o uso de materiais vedantes, para evitar vazamentos. Os principais vedantes são: - Pasta de litargírio com óleo de linhaça ou glicerina, para vapor, óleos e água. - Zarcão com estopa. - Fita de teflon. 17 b) Ligações soldadas: O uso das ligações soldadas cresce continuamente e é atua1mente muito usado. Vantagens do uso da solda: - Boa aparência; - Resistência mecânica boa (quase sempre equivalente a do tubo); - Estanqueidade perfeita e permanente; - Facilidade na aplicação do isolamento, quando necessário; - Nenhuma necessidade de manutenção; - Pequeno peso e conseqüente simplificação do sistema de suporte; - Menor custo em relação aos flanges para linha de alta pressão. Desvantagens do uso da solda: - Dificuldade de desmontagem; - Perigo de utilização de solda com unidade funcionando: - Dificuldade de equipamento para solda ou de um soldador habilitado. Tipos de soldas: - Solda por fusão: a) de topo JOELHO 90º JOELHO 45º TÊ a 45º TÊ CRUZETA LUVA LUVA DE REDUÇÃO MEIA LUVA BUCHA DE REDUÇÃO TAMPÃO BUJÃO CABEÇA REDONDA BUJÃO CABEÇA EXAGONAL BUJÃO CABEÇA QUADRADA NIPLE JOELHO MACHO E FÊMEA 18 b) solda de soquete - Solda forte - Solda fraca O primeiro tipo é o mais comum, podendo ser elétrico ou oxi-acetilênica. Os dois últimos tipos são processos em que se usa um metal em estado líquido para unir metais sólidos não ferrosos. A diferença de um para o outro, é que na solda forte a temperatura é acima de 450ºC e na solda fraca a temperatura é abaixo de 450ºC. c) Ligações Flangeadas: As ligações f1angeadas são compostas de 2 flanges, um jogo de parafusos ou estojos com porcas e uma junta. São usadas, principalmente, para tubos de aço de qualquer classe e para quaisquer pressões e temperaturas. JOELHO 90º JOELHO 45º JOELHO 180º TÊ TÊ DE REDUÇÃO CRUZETA REDUÇÃO CONCÊNTRICA REDUÇÃO EXCÊNTRICA TÊ A 45º VIROLA PARA FLANGE TAMPÃO SELA 19 Empregam-se os flanges nas ligações dos tubos entre si, bem como as válvulas e equipamentos. Não se usa para tubos menores de 2”. Os tipos de flanges encontrados são: CURVA 90º CURVA 45º CURVA 90º COM PÉ CRUZETA TÊ TÊ A 45º REDUÇÃO CONCÊNTRICA REDUÇÃO EXCÊNTRICA INTEGRAL DE PESCOÇO SOBREPOSTO SOLDA DE TOPO SOLDA DE ÂNGULO ROSCA ROSQUEADO SOLDA EM ÂNGULO VIROLA SOLDA DE TOPO DE ENCAIXE SOLTO CEGO 20 Os flanges acima podem ter os seguintes tipos de faces: As juntas utilizadas nas ligações flangeadas podem ser metálicas ou não-metálicas e constituem um selo de vedação eficiente e barato . Podemos citar como principais tipos aos seguintes: FACE COM RESSALTO RESSALTO FACE PLANA FACE MACHO E FÊMEA FACE PARA JUNTA DE ANEL FACE DE FLANGE COM VIROLA JUNTAS PLANAS JUNTAS METÁLICAS FOLHEADAS Para flange com face de ressalto Para flange com face plana JUNTA METÁLICA MACIÇA JUNTA DE ANEL Oval Octogonal 21 Vantagens: - Seu uso facilita a montagem e desmontagem da tubulação; - Não há perigo de acidentes nas montagens; - Podem ser recuperados para futuro uso. Desvantagens: - Aumentam o peso da linha; - Necessitam de espaço para colocação; - Para alta pressão de vapor, quando há necessidade de uso de flanges de aço liga, o seu custo é maior do que o da solda; - Custo de manutenção; - Dificultam a aplicação do iso1amento. d) Ligações de Ponta e Bolsa: Muito usadas para tubos de ferro fundido e de concreto. Uma das extremidades do tubo ou do acessório, tem uma ponta lisa, que encaixa em uma expansão (bolsa) existente na outra extremidade do tubo ou do acessório. No interior da bolsa coloca-se um material de vedação que pode ser estopa embebida, chumbo derretido, argamassa, massas especiais etc. CURVA 90º CURVA 45º TÊ CRUZETA TÊ A 45º REDUÇÃO LUVA PEÇA DE LIGAÇÃO FLANGE - BOLSA 22 e) Ligação de Compressão: São muito usadas para tubos de parede fina, principalmente metálicos, não ferrosos, de pequeno diâmetro (até 2”). CONECTOR MACHO UNIÃO CONECTOR FÊMEA JOELHO 90º JOELHO 45º TÊ 23 5 - LINHA FLEXÍVEL DE CAMADAS NÃO-ADERENTES A linha flexível de camadas não-aderentes (Figura III.1) é uma estrutura tubular composta, que combina baixa rigidez à flexão com elevada rigidez axial. Esta característica advém de sua seção transversal constituída por camadas poliméricas e armaduras helicoidais de aço que, deslizando umas em relação às outras, possibilitam à estrutura atingir raios de curvatura consideravelmente inferiores àqueles atingidos por tubos de aço com a mesma capacidade de pressão. Figura III.1 – Típica linha flexível de camadas não-aderentes. 24 Essa estrutura possui uma série de vantagens em relação às linhas rígidas como, por exemplo (BARLTROP, 1998): são pré-fabricadas e de fácil transporte e instalação, pois grandes comprimentos podem ser armazenados em carretéis; podem ser facilmente desinstaladas e reinstaladas em outros campos de produção; são estruturas complacentes, isto é, capazes de absorver os grandes deslocamentos impostos pelas unidades flutuantes de produção; entre outras. Foi por essas razões que a PETROBRAS, no início do desenvolvimento da produção offshore na Bacia de Campos, optou pelo uso de linhas flexíveis (MARQUES, 2000). Com o objetivo de iniciar o maisrapidamente possível a produção nos campos de petróleo recém- descobertos na Bacia de Campos, nas décadas de 1970 e 1980, a PETROBRAS adotou a política de implementar Sistemas de Produção Antecipada (SPAs). Esses sistemas consistiam em uma unidade flutuante de produção, normalmente uma plataforma de perfuração convertida em plataforma de produção, e linhas flexíveis para conduzir o óleo e/ou gás do poço até a superfície. O sucesso obtido com os SPAs, associado ao fato de os campos posteriormente descobertos se localizarem em lâminas d’água mais profundas, inviabilizou a aplicação do conceito de plataforma fixa com completação seca. Este fato favoreceu e impulsionou o esforço tecnológico para a extensão do conceito de completação submarina com unidades flutuantes de produção. Isto deu origem aos Sistemas Definitivos de Produção (SDPs). Neste processo evolutivo, com base no desenvolvimento da produção offshore através de sistemas flutuantes e completação submarina, as linhas flexíveis assumiram um papel primordial: passaram a ser, praticamente, as únicas estruturas responsáveis por conduzir o óleo e o gás produzido na Bacia de Campos. As linhas flexíveis de camadas não-aderentes podem ser utilizadas tanto estaticamente quanto dinamicamente. As linhas estáticas ou flowlines são assentadas no fundo do mar para escoar óleo e/ou gás ou, ainda, injetar água no poço produtor. Essas linhas estáticas se conectam a linhas dinâmicas, conhecidas como risers, que ligam o fundo do mar ao sistema flutuante de produção. A Figura III.2 ilustra configurações típicas para as linhas dinâmicas. A Figura III.2 mostra que uma linha flexível é exposta a diversos tipos de cargas durante sua vida útil: peso próprio, correntes marinhas, ondas, movimentos impostos pelo sistema flutuante de produção, pressão interna e externa entre outras. Essas cargas podem gerar, em cada seção transversal da linha, esforços de tração, compressão, torção e/ou flexão, que devem ser resistidos por suas camadas internas. 25 (a) (b) (c) (d) (e) (f) Figura III.2 – Configurações típicas de linhas flexíveis: (a) catenária livre; (b) lazy S; (c) lazy wave; (d) steep S; (e) steep wave; e (f) lanterna chinesa (CLAUSEN & D’SOUZA, 2001). Os esforços em cada seção transversal da linha flexível podem ser obtidos através da chamada análise global. Nesse tipo de análise, a resposta da linha aos diversos carregamentos impostos é calculada através de modelos teóricos nos quais a linha é representada exclusivamente através de suas propriedades mecânicas (rigidezes axiais e à flexão). Calculados os esforços, obtém-se a resposta de cada camada da linha flexível, em termos de deslocamentos, deformações e tensões, através da análise local. A análise local é realizada através de modelos teóricos nos quais não só as camadas da linha como também possíveis interações entre elas são consideradas. A Figura III.3 apresenta os limites atuais de utilização de linhas flexíveis e as metas estabelecidas pelos fabricantes para um futuro próximo. Nessa figura, nota-se que as linhas de 4” e 6” encontram-se qualificadas para operar a 2000m de lâmina d’água. Já as linhas de 8” estão qualificadas para 1500m e as de diâmetro superior só estão aptas para uso em lâminas d’água inferiores a 1000m. Deste modo, há diferenças significativas, sobretudo para linhas com diâmetro superior a 8”, entre a meta futura estabelecida pelos fabricantes e o estágio atual de desenvolvimento. Se, além disso, for considerado o fato de se estar trabalhando atualmente em alternativas para a explotação de óleo em lâminas d’água no entorno de 3000m (PETROBRAS, 2004), essas diferenças se tornam ainda maiores. 26 Figura III.3 – Lâminas d’água atual e futura (proposta pelos fabricantes) de utilização de linhas flexíveis com diversos diâmetros (HATTON, 2004). Com o objetivo de dirimir essas diferenças, os fabricantes (NKT, WELLSTREAM, COFLEXIP (Technip) e a comunidade científica investem constantemente na busca por novos materiais para as camadas, novas concepções para a estrutura interna da linha flexível e, também, no desenvolvimento de novas metodologias e ferramentas de cálculo. Nos itens a seguir, descrevem-se as principais características das camadas que formam uma linha flexível, assim como as principais propostas para vencer o desafio da explotação de petróleo em águas ultraprofundas. 5.1 - Características das Principais Camadas de uma Linha Flexível As camadas que constituem uma linha flexível de camadas não-aderentes são independentes, isto é, são justapostas ou extrusadas umas sobre as outras, mas são dimensionadas para interagir possibilitando, assim, que a linha resista à grande variedade de carregamentos a qual é submetida ao longo de sua vida útil. Esta modularidade permite que os fabricantes (COFLEXIP, NKT e WELLSTREAM) ofereçam estruturas capazes de atender às necessidades específicas do comprador. Desta maneira, é muito difícil generalizar a estrutura interna de uma linha flexível, posto que, dependendo do tipo de aplicação para a qual ela está sendo dimensionada, o fabricante poderá utilizar ou não determinado tipo de camada. Por outro lado, os tipos de 27 camadas disponíveis para a construção da linha possuem pequena variação de fabricante para fabricante. Nos itens a seguir, será apresentada uma breve descrição das principais camadas que podem constituir uma linha flexível de camadas não-aderentes e, logo após, algumas linhas serão apresentadas e discutidas. 5.1.1 - Camadas Metálicas a) Carcaça Intertravada Esta camada é, normalmente, a mais interna da linha flexível (Figura III.1). É constituída de aço e possui alta flexibilidade devida a sua forma construtiva, na qual uma ou duas fitas de aço são intertravadas com pequeno passo e com folgas no intertravamento (Figura III.4). Figura III.4 – Geometria básica da carcaça intertravada (CRUZ, 1996). A carcaça intertravada possui as seguintes funções: • Prevenir o colapso da estrutura devido a cargas radiais distribuídas, como pressão externa e squeeze, e devido a cargas radiais concentradas como o crushing. • Prevenir o colapso da linha flexível devido a uma queda abrupta da pressão interna na estrutura (linhas que transportam gases). • Fornecer resistência à abrasão causada por partículas existentes no fluido transportado ou pela passagem de ferramentas por dentro da linha flexível. 28 A geometria da carcaça intertravada confere grande resistência a cargas radiais concentradas ou distribuídas, dado o elevado ângulo de assentamento do(s) arame(s) que a constitui(em) (próximo de 90°). Por outro lado, a camada possui baixíssima rigidez axial e, portanto, não é adequada para resistir a carregamentos longitudinais (axiais). Deve-se salientar que, por ser construída sobre um mandril, esta camada garante boa precisão com relação ao diâmetro interno e, conseqüentemente, possui pequena ovalização. Existem poucas informações sobre a ovalização inicial (devida ao processo de fabricação) da carcaça intertravada. A WELLSTREAM (CHEN et al., 1992), a API RP 17B (1998) e SOUZA (2002) indicam ovalizações próximas de 0,2%, enquanto BERGE et al. (1992) sugerem 0,8%. SOUSA (1999) observou ovalizações entre 0,0% e 0,8% em amostras da carcaça intertravada de uma linha de 4”. Outro aspecto importante diz respeito às folgas no intertravamento. Segundo WITZ & BURKE (1995), o fabricante deve garantir uma folga mínima para impedir o travamento da carcaça intertravada e uma folga máxima para evitar a extrusão da camada plástica interna nos interstícios desta camada. O aço utilizado em sua construção deve possuir boa resistência à corrosão por hidrocarbonetos e água. Podem ser utilizados(API RP 17B, 1998): • Aços carbono. • Aços inoxidáveis ferríticos (AISI 409 e AISI 430). • Aços inoxidáveis austeníticos (AISI 304, 304L, 316 e 316L). • Aços inoxidáveis Duplex (UNS S31803). • Aços-liga com alto teor de níquel (N08825). A escolha do tipo de aço para a carcaça intertravada está relacionada à composição do fluido interno (presença de hidrocarbonetos, agentes corrosivos, gases, partículas sólidas, etc) e aos carregamentos que serão resistidos por esta camada. Em geral, com o aumento da agressividade do fluido interno, o tipo de aço adequado para a carcaça intertravada passa gradativamente do aço carbono para o aço-liga com alto teor de níquel (API RP 17B, 1998). Os aços mais empregados são os austeníticos, 304L e 316L, que podem ainda sofrer modificações para melhorar sua resistência à corrosão. Diversos testes para verificar essa escolha são sugeridos pela API SP 17J (1997). A Tabela III.1 apresenta as principais características de alguns dos tipos de aços relacionados na API RP 17B (1998). Maiores detalhes sobre estes materiais podem ser encontrados em CHIAVERINI (1984) ou BASTIAN (2000). 29 Tabela III.1 – Propriedades dos aços para a carcaça intertravada (BASTIAN, 2000). Ruptura Tipo de aço Tensão de escoamento Tensão Deformação AISI 304 310MPa 620MPa 30,0% AISI 304L 310MPa 620MPa 30,0% AISI 316 310MPa 620MPa 40,0% AISI 316L 310MPa 620MPa 30,0% AISI 409 205MPa 380MPa 20,0% AISI 430 205MPa 450MPa 22,0% UNS S31803 450MPa 620MPa 25,0% Convém destacar que as propriedades apresentadas na Tabela III.1 não consideram o efeito do encruamento do aço durante o processo de fabricação da carcaça intertravada. Trabalhos experimentais recentes (SOUSA et al., 2001c; SOUZA, 2002; e COSTA, 2003) indicaram grandes alterações nas tensões-limite do aço AISI 304 utilizado na construção da carcaça intertravada de uma linha flexível de 4”. A Tabela III.2 compara alguns valores obtidos experimentalmente aos apresentados na literatura. Essa tabela mostra que as tensões de escoamento e ruptura medidas experimentalmente são bastante superiores às apresentadas na literatura. Por outro lado, os módulos de Young calculados em SOUSA et al. (2001c) e em COSTA (2003) são bem inferiores ao valor apresentado na literatura. Deve-se destacar que o encruamento, a princípio, não deveria alterar o módulo de Young do material e que os trabalhos experimentais de SOUSA et al. (2001c) e COSTA (2003) foram realizados em linhas semelhantes. Estes valores, portanto, carecem de uma investigação mais detalhada no futuro. 30 Tabela III.2 – Comparação entre valores para o módulo de Young, para as tensões-limite e para a deformação na ruptura medidos experimentalmente com aqueles apresentados na literatura (aço AISI 304). (1) Literatura (Tabela III.1) (2) SOUSA et al. (2001c) (3) SOUZA (2002) (4) COSTA (2003) ( ) ( )1 2 ( ) ( )1 3 ( ) ( )1 4 Módulo de Young 207000MPa 140600MPa - 141546MPa 0,679 - 0,684 Tensão de escoamento 310MPa 579MPa 530MPa 503MPa 1,868 1,710 1,623 Tensão de ruptura 620MPa 803MPa 802MPa 800MPa 1,295 1,294 1,290 Deformação de ruptura 30,0% - 30,0% 54,0% - 1,000 1,800 b) Armadura de pressão A armadura de pressão (Figura III.1) é uma camada opcional constituída por um ou dois arames enrolados em espiral de pequeno passo. A principal função dessa camada é resistir aos esforços radiais provenientes do carregamento de pressão interna, à pressão externa atuante sobre a linha e a cargas mecânicas radiais. Desta forma, a armadura de pressão ajuda a diminuir os esforços sobre a carcaça intertravada. Por ser assentada com ângulo próximo de 90°, possui pequena rigidez axial e à flexão. Diversos perfis são utilizados na sua construção. A Figura III.5 destaca alguns deles. O mais utilizado é o perfil Z, daí a denominação espiral ou camada zeta. 31 (a) (b) (c) (d) Figura III.5 – Perfis para a armadura de pressão: (a) perfil Z, (b) perfil C, (c) perfil T (grampo ligando os perfis) e (d) perfil T (API RP 17B, 1998). Um aspecto importante é que, analogamente à carcaça intertravada, as folgas existentes devem ser controladas para evitar o travamento da camada e limitar a extrusão das camadas plásticas adjacentes. Além disso, os mesmos níveis de ovalização da carcaça intertravada são observados na armadura de pressão. A armadura de pressão é constituída por aço carbono. O teor de carbono (baixo, médio ou alto) no material depende das condições de serviço às quais a camada será exposta. Deve-se destacar que, em geral, quanto maior o teor de carbono no aço, maior a resistência mecânica, porém menor a resistência à corrosão e menor a ductilidade do aço (CHIAVERINI, 1984). Assim, para casos onde há necessidade de alta resistência, deve-se utilizar aços com alto teor de carbono, caso as condições de serviço permitam. Por outro lado, para condições de serviço agressivas, deve-se utilizar aços com baixo ou médio teor de carbono. Os aços com baixo teor de carbono são os mais empregados e algumas de suas propriedades encontram-se na Tabela III.3. Tabela III.3 – Propriedades dos aços carbono para armadura de pressão (BERGE et al., 1992). Especificação Grau Acabamento Tensão de ruptura Deformação de ruptura AFNOR FM 15 trefilado a frio 784MPa - AFNOR FM 35 trefilado a frio 850MPa 6,0% Deve-se destacar que existem, ainda, outros critérios para seleção do material da armadura de pressão, tais como a soldabilidade, maleabilidade e composição química do aço 32 (além do teor de carbono deve-se observar os teores de manganês, fósforo, cobre, enxofre e silício). Maiores detalhes sobre estes critérios podem ser obtidos na API RP 17B (1998) ou na API SP 17J (1997). Outro aspecto importante é o efeito do encruamento nos valores apresentados na Tabela III.3. Em ensaios apresentados em COSTA (2003), a tensão de ruptura do aço FM 35 foi avaliada em 955MPa, isto é, 12,4% superior à apresentada na Tabela III.3. A tensão de escoamento medida foi de 781MPa, ou seja, 82% do valor da tensão de ruptura. Como não se encontra na literatura informações a respeito da tensão de escoamento do material, é difícil avaliar o efeito do encruamento, mas, de qualquer forma, tem-se a tensão de escoamento muito próxima da tensão de ruptura. c) Camada de reforço à pressão A camada de reforço à pressão, tal como a própria armadura de pressão, é uma camada opcional formada por um ou mais arames enrolados em espiral de pequeno passo. A principal função desta camada é oferecer resistência adicional à linha flexível aos carregamentos de pressão interna e externa. Desta forma, diminui-se a carga atuante na armadura de pressão e na carcaça intertravada. É uma camada, portanto, empregada em linhas flexíveis que irão operar em elevadas profundidades e/ou submetidas à grande pressão interna. Empregam-se usualmente perfis retangulares e materiais semelhantes aos da armadura de pressão. d) Armaduras de tração As armaduras de tração (Figuras III.1 e III.4) são compostas por um número par de camadas, normalmente duas, enroladas contra-helicamente. Essas camadas, por sua vez, são formadas por vários arames com seções transversais retangulares e conformados sobre uma camada que lhes serve como suporte. A camada de armadura mais interna à linha é chamada armadura interna de tração e a outra camada, isto é, a mais externa à linha, é conhecida como armadura externa de tração. 33 Figura III.6 – Assentamento da armadura de tração na linha flexível (SOUSA, 1999). Estas armadurastêm como função resistir às cargas axiais e à pressão interna. Além disso, conferem à linha flexível rigidez à torção. Por ter um ângulo de assentamento relativamente baixo, entre 20° e 55°, este tipo de construção não compromete a alta flexibilidade que caracteriza a linha, posto que os arames podem se deslocar quando essa é flexionada. O ângulo de assentamento destas camadas determina o balanço entre a rigidez axial e radial da estrutura. Para linhas flexíveis com níveis de solicitação não muito severas, este ângulo de assentamento é o ângulo da resultante das forças axiais e radiais a que um tubo está submetido quando pressurizado, ou seja, da ordem de 55°. Este ângulo é conhecido como ângulo neutro e pode variar, nos casos de linhas de alta pressão (linhas com armadura de pressão), entre 20° e 35°. O ângulo de assentamento pode ainda sofrer variações devidas à natureza estática ou dinâmica do serviço, à presença de camadas de reforço à pressão, etc. Assim como na carcaça intertravada e na armadura de pressão, o espaçamento entre os arames de uma mesma camada deve ser controlado de forma a evitar o contato lateral entre eles e limitar a extrusão das camadas plásticas vizinhas. Os arames das armaduras de tração são fabricados a partir de aço carbono. O teor de carbono, assim como nas armaduras de pressão, depende das condições de serviço às quais esses arames serão expostos. Dadas as elevadas tensões que surgem nos arames devidas aos 34 carregamentos aplicados na linha flexível, utiliza-se, normalmente, aço com alto teor de carbono como os apresentados na Tabela III.4. Tabela III.4 – Propriedades dos aços carbono para armadura de tração (BERGE et al., 1992). Especificação Grau Acabamento Tensão de ruptura Deformação de ruptura AFNOR FM 60 trefilado a frio 1373MPa - AFNOR FM 72 trefilado a frio 1500MPa 1,0% 5.1.2. - Camadas Poliméricas a) Polímeros: uma breve apresentação Os polímeros representam, provavelmente, a maior contribuição da Química para o desenvolvimento industrial do século XX. No início desse século, foi provado que alguns materiais produzidos pela Química do final do século XIX, que até então eram considerados como colóides, consistiam, na realidade, de moléculas gigantescas resultantes do encadeamento de 10000 ou mais átomos de carbono. Esses produtos de síntese apresentavam repetição de pequenas unidades estruturais em sua longa cadeia principal e, por isso, foram chamados polímeros (do grego, muitas partes). Sendo assim, de acordo com MANO & MENDES (1999), polímeros são macromoléculas caracterizadas pelo seu tamanho, estrutura química e interações intra e intermoleculares. Possuem unidades químicas ligadas por covalências, repetidas regularmente ao longo da cadeia, denominadas meros. Quando o polímero tem apenas um tipo de mero, usa-se a expressão homopolímero e, ao contrário, quando há mais de um tipo de mero, é denominado copolímero. Para fins de engenharia, é importante classificar os polímeros segundo o comportamento mecânico e sua solubilidade ou fusibilidade. Os polímeros, quanto ao comportamento mecânico, podem ser classificados como (MANO & MENDES, 1999): • Borrachas ou elastômeros: materiais macromoleculares que exibem elasticidade em longa faixa à temperatura ambiente. • Plásticos: materiais macromoleculares que, embora sejam sólidos no estado final, em algum estágio do processamento podem se tornar fluidos e moldáveis por ação isolada ou conjunta de calor e pressão. 35 • Fibras: macromoléculas lineares, orientadas longitudinalmente, com estreita faixa de extensibilidade parcialmente reversível (como os plásticos). Resistem a variações de temperatura entre -50°C e 150°C sem alteração substancial das propriedades mecânicas e, em alguns casos, são infusíveis. Possuem, ainda, pequena seção transversal, elevada relação entre o comprimento e o diâmetro e alta flexibilidade. Quanto à solubilidade ou fusibilidade, os polímeros se dividem em (MANO, 1996): • Termoplásticos: polímeros que podem ser reversivelmente aquecidos e resfriados, passando respectivamente de massas fundidas a sólidos. Podem, ainda, ser processados por métodos tradicionais tais como laminação, injeção ou extrusão. Para maiores detalhes sobre estes métodos recomenda-se MANO & MENDES (1999) ou BILLMEYER (1984). • Termorrígidos: plásticos que fundem quando aquecidos, porém, nesse estado, sofrem reações químicas que causam a formação de ligações cruzadas intermoleculares restando uma estrutura reticulada infusível e insolúvel. Nas linhas flexíveis de camadas não-aderentes, são usualmente empregados plásticos e fibras. Os elastômeros são bastante utilizados nas linhas de camadas aderentes, que não são o escopo deste trabalho (maiores detalhes podem ser obtidos em BERGE et al. (1992)). Além disso, devido à facilidade de manipulação quando comparados aos polímeros termorrígidos, os plásticos e fibras termoplásticas são amplamente utilizados em linhas flexíveis. Deve-se destacar, ainda, que os polímeros podem ser utilizados como materiais de engenharia tanto individualmente, ou seja, sistemas poliméricos simples, quanto em sistemas poliméricos mistos mais complexos. Dentro dos sistemas poliméricos mistos, têm-se os materiais compósitos, já largamente utilizados na indústria aeronáutica e automobilística, e que surgem como uma das soluções para o uso de linhas flexíveis em águas ultraprofundas. b) Características dos plásticos utilizados em linhas flexíveis de camadas não-aderentes Durante a vida útil da linha flexível, as camadas plásticas são expostas a elevadas pressões, combinações de cargas de tração e flexão, temperaturas variando, tipicamente, entre 4°C e 120°C, além da ação abrasiva dos fluidos interno e externo. Estas camadas devem ser capazes de resistir a estas ações e manter suas funções, que são, basicamente: servir como 36 elemento de vedação, como camada antidesgaste e como isolantes térmicos. Sendo assim, os plásticos utilizados devem atender aos seguintes requisitos (BERGE et al., 1992): • Características mecânicas (tensão e deformação de ruptura e módulo de Young) adequadas. • Boa resistência à fadiga. • Boa resistência ao desgaste e à abrasão. • Baixa permeabilidade, absorção e resistência química em relação aos fluidos interno e externo. • Boa resistência à deformação lenta e à relaxação. • Boa resistência à formação de vesículas (blistering ou empolamento). Deve-se lembrar, no entanto, que estas propriedades são função da temperatura e da pressão às quais esses plásticos são submetidos (STEVENSON & CAMPION, 1995). O poli(fluoreto de vinilideno) (PVDF), por exemplo, possui algumas propriedades mecânicas muito sensíveis à variação de temperatura, como mostra a Tabela III.5. Tabela III.5 – Variação das propriedades mecânicas do PVDF com a temperatura (STEVENSON & CAMPION, 1995). Módulo de Young Tensão de escoamento Deformação de escoamento Tensão de ruptura Deformação de ruptura 23°C 110°C 23°C 110°C 23°C 110°C 23°C 110°C 23°C 110°C 785MPa 190MPa 36MPa 11MPa 22% 28% 23MPa 25MPa 63% 420% Além de variarem com a temperatura e a pressão, as propriedades mecânicas dos plásticos também são altamente não-lineares e, portanto, de difícil caracterização. Outras propriedades como a permeabilidade e a absorção também são sensíveis à variação de temperatura e/ou pressão. Alguns termoplásticos, a altas temperaturas e pressões, possuem altas taxas de permeabilidade e absorção, que podem comprometer a resistência mecânica e a eficiência como elemento de vedação desses materiais. Além dessas, a deformação lenta e a relaxação também variam com a temperatura. Em geral, o aumento da temperatura implica o aumento da deformaçãolenta e da relaxação (STEVENSON & CAMPION, 1995). Outro aspecto a ser considerado é o envelhecimento do material. O processo de envelhecimento pode ser significativamente acelerado quando o material é exposto ao fluido 37 interno transportado pela linha flexível e/ou ao fluido externo, a elevadas temperaturas e pressões, além de outras ações externas. O processo de envelhecimento é caracterizado por mudanças nas propriedades mecânicas dos polímeros como, por exemplo, as perdas de resistência e ductilidade, devidas à retirada de elementos plastificantes (API RP 17B, 1998). Segue, portanto, que a escolha dos plásticos a serem utilizados em linhas flexíveis é extremamente complexa, dada a estreita relação guardada entre as propriedades destes materiais e a temperatura e a pressão às quais a linha é submetida, além das próprias características dos fluidos interno e externo que entram em contato com o anular da linha flexível. Deve-se considerar, também, que essas propriedades variam ao longo do tempo. As API RP 17B (1998) e API SP 17J (1997) tecem uma série de recomendações e sugerem testes para caracterizar e viabilizar a aplicação destes materiais em linhas flexíveis. c) Características das fibras utilizadas em linhas flexíveis de camadas não-aderentes Características gerais As fibras, conforme definidas anteriormente, são elementos de pequeno diâmetro, com elevada razão entre comprimento e diâmetro e, parcialmente devido a este fato, costumam ser flexíveis. As fibras poliméricas são constituídas de macromoléculas lineares, com elevadas propriedades mecânicas e, mesmo sob forte variação de temperatura, conseguem manter suas características físicas. Algumas fibras, como a fibra de aramida (kevlar®), são infusíveis. Existe uma grande quantidade de fibras disponíveis para uso estrutural. A fibra de vidro tem sido utilizada desde 1930, porém foi a partir da década de 1950 que surgiram as fibras avançadas. Fibras avançadas são aquelas que possuem elevada rigidez específica, isto é, elevada relação entre o módulo de elasticidade e o peso específico, bem como elevada resistência específica, ou seja, elevada relação entre a tensão de ruptura e o peso específico. Um histórico sobre a evolução das fibras pode ser obtido em HERAKOVICH (1998). A fibra de vidro e as fibras avançadas, tais como a fibra de carbono e a fibra de aramida, têm sido freqüentemente utilizadas na indústria aeroespacial, esportiva, automotiva, de segurança e, recentemente, na construção de linhas flexíveis de camadas não-aderentes. A Tabela III.6 apresenta algumas das propriedades destas fibras e uma comparação com materiais como o aço, o alumínio e o titânio. A Figura III.7 ilustra os diagramas tensão vs deformação destas fibras. Observando a Tabela III.6, nota-se que o aço, o alumínio e o titânio apresentam, praticamente, as mesmas rigidez e resistência específicas. As fibras, por outro lado, 38 apresentam valores sensivelmente maiores e, por esta razão, estes materiais são tão atraentes para diversos segmentos da indústria: com eles pode-se construir estruturas mais resistentes e mais leves. Além disso, a Figura III.7 mostra que as fibras possuem um comportamento elástico e linear. 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 0 1 2 3 4 5 6 Deformação (%) Te n s ão (M Pa ) Fibra: AS4 P100S IM8 Kevlar S-2 E Figura III.7 – Gráfico tensão vs deformação de fibras de carbono, fibras de vidro e fibra de aramida (kevlar) (HERAKOVICH, 1998). 39 Tabela III.6 – Propriedades físicas de metais e fibras (HERAKOVICH, 1998, DUPONT, 1992) Material Massa específica Módulo de elasticidade Coeficiente de Poisson Tensão de ruptura Rigidez específica† Resistência específica† Coeficiente de expansão térmica Metais Aço 7,80g/cm3 207GPa 0,32 1724MPa 1,00 1,00 12,8�/°C Alumínio 2,70g/cm3 69GPa 0,33 483MPa 1,20 0,81 23,4�/°C Titânio 4,50g/cm3 91GPa 0,36 758MPa 0,96 0,76 8,8�/°C Fibras de carbono AS4 1,80g/cm3 235GPa 0,20 3599MPa 6,16 9,05 -0,8�/°C P100S 2,15g/cm3 724GPa 0,20 2199MPa 15,88 4,63 -1,4�/°C IM8 1,80g/cm3 310GPa 0,20 5171MPa 8,12 13,00 - Fibra de aramida kevlar 1,44g/cm3 124GPa 0,34 3620MPa 4,08 11,38 -2,0�/°C Fibras de vidro S-2 2,46g/cm3 87GPa 0,23 4585MPa 1,67 8,43 1,6�/°C E 2,58g/cm3 69GPa 0,22 3450MPa 1,27 6,05 5,4�/°C † Valores normalizados com os do aço. À medida que a explotação de petróleo, sobretudo na Bacia de Campos, avança para lâminas d’água cada vez mais profundas, as cargas sobre as linhas flexíveis podem aumentar a ponto de inviabilizar a utilização destas estruturas. Sendo assim, uma das possíveis soluções buscadas pelos fabricantes é o uso de materiais mais leves e mais resistentes para substituir as armaduras metálicas das linhas flexíveis. Estas novas estruturas são desenvolvidas utilizando fibras associadas a um outro polímero constituindo, assim, um material compósito. Além desta aplicação, que ainda está em desenvolvimento, as fibras são utilizadas em linhas para águas profundas para atender a mais duas finalidades: permitir um melhor assentamento das camadas plásticas sobre as armaduras metálicas e, conseqüentemente, minimizar o desgaste e possível extrusão destas camadas nas armaduras metálicas; e solucionar o problema de birdcaging (API RP 17B, 1998). Nos próximos itens, as principais fibras utilizadas em linhas flexíveis são apresentadas. 40 Fibra de vidro Existem, basicamente, dois tipos de fibra de vidro: a fibra de vidro E, utilizada em estruturas onde é exigida boa resistência a cargas mecânicas e elevada resistência elétrica; e a fibra de vidro S-2, que é empregada em meios corrosivos e em estruturas onde há necessidade de elevada resistência a cargas mecânicas e estabilidade sob altas temperaturas. As fibras de vidro são produzidas a partir do lançamento de vidro derretido em um tanque de gravidade com pequenos orifícios por onde o vidro escorre formando filamentos contínuos. A partir desses filamentos e de um tratamento químico, obtém-se a fibra propriamente dita que é enrolada, em velocidades superiores a 60m/s, em uma espécie de carretel. Esse processo permite a obtenção de filamentos com diâmetros pequenos, entre 6µm e 14µm, sendo cada fibra formada por 2000 filamentos. A fibra é muito flexível e com propriedades isotrópicas. As fibras de vidro são utilizadas, em algumas linhas flexíveis da WELLSTREAM, para formar, junto com o polipropileno, uma camada que serve como base para a extrusão das camadas plásticas e, também, constituir uma proteção adicional contra ataques do meio ambiente às armaduras da linha flexível. A Tabela III.6 e a Figura III.7 ilustram algumas propriedades físicas destas fibras. Fibra de aramida A fibra de aramida foi desenvolvida por químicos da empresa norte-americana DuPont na década de 1970 com o nome comercial de kevlar®. Essa fibra é parecida com o nylon (poliamida), mas de alta resistência térmica, mecânica e química. A diferença é que ela é fabricada a partir de uma diamina e de ácido dicarboxílico, que tem anéis derivados do benzeno. Sua alta resistência é devida ao processo de fabricação: o polímero é laminado ou transformado em fios a partir do estado de cristal líquido. Nesse estado, as longas moléculas do polímero (PPTA, aramida) se dispõem aproximadamente paralelas umas às outras. Esse paralelismo é mantido nas diversas formas de apresentação do produto, que podem ser vistas na Figura III.8. 41 (a) (b) (c) (d) (e) Figura III.8 – Formas de apresentação do kevlar : (a) fibra, (b) filamento ,(c) polpa, (d) corda e (e) tecido (DUPONT, 1992).Em condições de trabalho, a fibra resiste a temperaturas de até 210°C sem alterar significativamente suas propriedades físicas, não queima ou funde, carbonizando-se a 450°C. Possui propriedades anisotrópicas, alta resistência à tração, porém pequena resistência à compressão. Os filamentos possuem diâmetro muito pequeno (∼12µm) e cada fibra é composta por, aproximadamente, 1000 filamentos. A fibra é muito flexível e na Tabela III.6 apresentam-se algumas de suas propriedades físicas. Na Figura III.7, apresenta-se o diagrama tensão vs deformação deste material. Convém ressaltar que existem vários tipos de fibra de aramida com propriedades distintas. Neste texto, apresentam-se as propriedades fornecidas pela DuPont (DUPONT, 1992). A fibra de aramida vem sendo largamente utilizada nas indústrias esportiva, aeroespacial, automotiva e de equipamentos de segurança sendo que, recentemente, passou a ser utilizada em linhas flexíveis sob a forma de tecido. Esta fibra é utilizada para evitar a flambagem dos arames da armadura de tração quando esses estão submetidos à compressão (birdcaging, API RP 17B (1998)). Fibra de carbono Os filamentos que formam as fibras de carbono podem ser obtidos, basicamente, através da pirólise controlada, que consiste na decomposição química por tratamento térmico, 42 de um material precursor em forma fibrilar como a poliacrilonitrila (PAN), o rayon ou o piche. Neste processo as temperaturas variam entre 1000°C e 3000°C. Os filamentos possuem diâmetro variando entre 4µm e 10µm e as fibras propriamente ditas possuem de 3000 a 30000 filamentos. O pequeno diâmetro dos filamentos e a forma como esses são arranjados na fibra conferem ao produto final grande flexibilidade sendo possível, inclusive, dar um nó na fibra sem danificá-la. As características mecânicas destas fibras, como tensão de ruptura e módulo de elasticidade, são controladas pelo processo de fabricação, isto é, dependendo do material precursor e da temperatura de fabricação, variam-se sensivelmente as propriedades da fibra. Pode-se observar as diferentes propriedades de algumas fibras de carbono na Tabela III.6. Estas fibras possuem comportamento elástico e linear, além de possuírem propriedades anisotrópicas devidas ao seu processo de fabricação. Na Figura III.7 pode-se observar o diagrama tensão vs deformação de algumas delas. Em linhas flexíveis, as fibras de carbono são utilizadas como componente estrutural em materiais compósitos, que serão abordados no próximo item, na tentativa de substituir as armaduras de tração. Estas fibras, por serem bem mais leves, flexíveis e resistentes que o aço, tornam-se extremamente atrativas para a construção de linhas para a explotação de petróleo em águas ultraprofundas. d) Materiais compósitos De uma forma bastante abrangente, pode-se dizer que os compósitos constituem uma classe de materiais heterogêneos e multifásicos, podendo ser ou não poliméricos, em que existem dois tipos de componentes: o primeiro é descontínuo e oferece a principal resistência ao esforço aplicado sendo chamado, portanto, de componente estrutural; e o segundo é contínuo e se constitui no meio de transferência do esforço sendo denominado componente matricial. Esses componentes não se dissolvem ou se descaracterizam completamente e atuam concentradamente. O componente estrutural pode ser um material orgânico ou inorgânico (metálico ou cerâmico), de forma regular ou irregular, fibroso (tecido ou não-tecido) ou pulverulento (esférico ou cristalino), com os fragmentos achatados (como flocos) ou como fibras muito curtas, de dimensões quase moleculares ou de material monocristalino (whisker). Quando combinados com polímeros de alta resistência ao calor, as temperaturas de aplicação desses 43 compósitos podem chegar a 900°C, enquanto que, com materiais termoplásticos comuns, essas temperaturas não ultrapassam 100°C, e com termorrígidos, 300°C. Os componentes estruturais devem ter resistência, rigidez e maleabilidade, que geralmente se encontram nas fibras. O seu papel é suportar as cargas máximas e impedir que as deformações ultrapassem limites aceitáveis. Quando associados a componentes resinosos, resultam materiais que apresentam resistência mecânica bastante elevada. Em relação ao peso, os compósitos revelam propriedades mecânicas que podem exceder consideravelmente às dos metais. O componente matricial é quase sempre um polímero orgânico. O papel da matriz é manter a orientação das fibras e seu espaçamento, transmitir as forças de cisalhamento entre as camadas de fibras e as proteger de danos superficiais. Na Tabela III.7 são apresentados os principais polímeros utilizados nos componentes estruturais e matriciais de materiais compósitos. 44 Tabela III.7 – Principais polímeros utilizados em materiais compósitos (MANO, 1996). Componente Natureza Exemplos Fibra de poliamida aromática (kevlar) Fibra de carbono Fibra de boro Fibra de vidro Fibra de carboneto de silício Contínuo Fibras metálicas (alumínio, tungstênio, aço) Fibra de cerâmica Fibra de grafite Fibras metálicas (ferro, cobre) Fibroso Descontínuo Fibras monocristalinas (whiskers) Negro de fumo Estrutural Pulverulento Sílica Poliamidas alifáticas Policarbonato Poli (sulfeto de fenileno) (PPS) Poli (óxido de metileno) Poli-sulfonas Policetonas Termoplástico Poli (tereftalato de butileno) Resina epoxídica Resina fenólica Poliéster insaturado Matricial Termorrígido Poli-imidas Quanto à interface, de importância fundamental nos compósitos, é comum melhorá- la através do tratamento do componente estrutural com um agente compatibilizante. Por exemplo, fibras de vidro são tratadas usualmente com silanos, para melhor compatibilização com as matrizes de poliéster ou de resina epoxídica. Para as propriedades mecânicas dos compósitos, contribuem os dois componentes: o componente estrutural, geralmente com alto módulo de elasticidade e elevada resistência mecânica, representado por um material fibroso; e o componente matricial, com baixo módulo de elasticidade e grande alongamento, tipicamente constituído de material plástico, não quebradiço. A combinação entre excelentes propriedades mecânicas e leveza estrutural torna 45 os compósitos materiais interessantes para aplicação em engenharia. Na Tabela III.8, apresentam-se alguns materiais compósitos e algumas de suas propriedades. Tabela III.8 – Propriedades físicas de materiais compósitos (HERAKOVICH, 1998). AS4 / poli-imida kevlar® / epóxi S-2 / epóxi Densidade 1,52g/cm3 1,38g/cm3 2,00g/cm3 Módulo axial (E1) 148GPa 77GPa 44GPa Módulo transversal (E2) 10,5GPa 5,5GPa 11,5GPa Coeficientes de Poisson (ν12 – ν23) 0,30 – 0,59 0,34 – 0,37 0,27 – 0,40 Módulos de cisalhamento 5,6GPa – 3,2GPa 2,1GPa – 1,4GPa 3,5GPa – 4,1GPa Tensão de ruptura axial (σa) 2137MPa 1380MPa 1724MPa Tensão de ruptura transversal (σt) 53MPa 28MPa 41MPa Percentual de fibra 62% 55% 60% Deve-se observar, contudo, que os materiais compósitos possuem mecanismos de colapso distintos de materiais como o aço ou o alumínio. Na utilização destes materiais, deve- se analisar se as solicitações impostas causam, por exemplo, o descolamento entre o componente estrutural e o matricial, o rompimento do elemento estrutural ou mesmo a destruição do componente matricial. Cabe ressaltar, também, que a temperatura pode alterar significativamente o comportamento do material, logo atenção especial deve ser dada às solicitações oriundas de variações térmicas. Em linhas flexíveis, estes materiaiscomeçaram a serem utilizados recentemente na tentativa de substituir o aço das armaduras de tração por um material mais leve e com resistência igual ou superior. Mais adiante estas linhas serão abordadas. 46 e) Principais camadas poliméricas de linhas flexíveis Camada plástica interna A camada plástica interna (Figura III.1) é, usualmente, extrusada sobre a carcaça intertravada e tem como função manter a estanqueidade da linha flexível, isto é, deve impedir a disseminação do fluido interno pelas demais camadas da linha flexível. A espessura desta camada deve ser tal que viabilize a transmissão dos esforços para as camadas metálicas adjacentes, servindo como uma ponte que ajuda a distribuir os esforços e auxilia a linha flexível a trabalhar como uma estrutura integrada. Outro aspecto é a relação entre a dimensão dos interstícios (folgas) da carcaça intertravada e da armadura de pressão e a espessura da camada polimérica. Quanto maior for essa relação, menor será a pressão de colapso da camada polimérica (WITZ & BURKE, 1995), que pode ser reduzida ainda mais dependendo da temperatura de operação da linha. Por estar exposta diretamente ao fluido transportado (deve-se lembrar que a carcaça intertravada possui interstícios por onde o fluido pode permear), esta camada deve resistir à abrasão, corrosão e ao ataque químico dos fluidos conduzidos. Sendo assim, utilizam-se, nesta camada, termoplásticos extrusáveis, flexíveis, estabilizados no que se refere ao calor, opacos e resistentes ao impacto e ao desgaste. Normalmente, utiliza-se a poliamida 11 (PA 11) ou nylon 11, porém, para uso em linhas com solicitações menos severas, esta camada pode ser constituída por polietileno de alta densidade (HDPE). Cabe destacar que a API RP 17B (1998) sugere também a utilização do XLPE, do PVDF ou da PA 12 apresentando, ainda, algumas de suas características. Na Tabela III.9 apresentam-se propriedades de alguns destes plásticos. 47 Tabela III.9 – Principais características de alguns polímeros utilizados em linhas flexíveis de camadas não-aderentes (BERGE et al., 1992, API RP 17B, 1998, STEVENSON & CAMPION, 1995). Propriedades a 20°C Temperaturas (operação) Tipo Massa específica Tensão de ruptura Deformação de ruptura Módulo de Young Mínima Máxima PA 11 1,06g/cm3 28MPa 60% 380MPa -50°C +60°C HDPE 0,95g/cm3 16MPa 14% 585MPa -20°C +100°C PVDF 1,77g/cm3 23MPa 63% 785MPa -20°C +130°C Camadas antidesgaste Uma das principais características de uma linha flexível de camadas não-aderentes é a sua baixa rigidez à flexão, que lhe possibilita acompanhar os grandes deslocamentos impostos pelas unidades flutuantes de produção. Essa baixa rigidez à flexão é conferida, entre outras razões, pela possibilidade de ocorrer deslizamentos relativos entre as camadas metálicas. Estes deslizamentos, no entanto, conduzem a um problema: o desgaste por fricção dessas camadas. Com o intuito de minimizar esse desgaste, camadas poliméricas, denominadas camadas antidesgaste ou camadas plásticas intermediárias (Figura III.1), são extrusadas, em geral, entre a armadura de pressão e a interna de tração e entre as armaduras de tração. Outra função destas camadas é servir como barreira à permeação do fluido externo pelo anular da linha flexível, em caso de falha da camada plástica externa, e, também, evitar o vazamento do fluido interno, em caso de falha do plástico interno. Em outras palavras, estas camadas também têm por objetivo conferir estanqueidade à linha flexível. A determinação da espessura da camada segue os mesmos princípios estabelecidos para a camada plástica interna, além de considerar o efeito da fricção das camadas metálicas. Os polímeros utilizados nestas camadas devem possuir as características apresentadas no item III.2.2.2, destacando-se a resistência ao desgaste. A API RP 17B (1998) sugere a utilização de HDPE, XLPE, PA 11, PA 12 ou PVDF. Fita de reforço à compressão Com a explotação de petróleo atingindo lâminas d’água cada vez mais profundas, a compressão axial sobre as linhas flexíveis pode se tornar significativa. Este tipo de carga pode 48 gerar a expansão radial excessiva dos arames das armaduras de tração, levando-os à instabilidade e provocando o fenômeno conhecido como birdcaging ou “gaiola de passarinho”. Para prevenir o birdcaging, os fabricantes passaram a assentar uma camada polimérica constituída por fibras de aramida (kevlar29® ou kevlar49®) sobre a armadura de tração externa (NOVITSKY & SERTÃ, 2002). Desta forma, aumenta-se a resistência e a rigidez da linha flexível à compressão. Camadas isolantes A garantia de escoamento é um aspecto fundamental no projeto de uma linha flexível para águas profundas e ultraprofundas e, para que haja esta garantia, uma das ferramentas utilizadas é o isolamento térmico. De acordo com JIAN (2000), o isolamento térmico da linha flexível tem por objetivos: evitar a formação de hidratos, parafinas e emulsões que podem bloquear a passagem do fluido transportado; e reduzir a viscosidade do fluido transportado para economizar potência de bombeio. A API SP 17J (1996) aponta que o comprador da linha deve especificar qualquer restrição ao desempenho da estrutura quanto à perda ou retenção de calor. Os coeficientes de transferência de calor (JIAN, 2000) devem ser baseados no diâmetro interno nominal da linha e também devem considerar qualquer efeito externo como, por exemplo, o cobrimento de solo para linha enterrada. A API SP 17J (1996) ainda indica que as seguintes temperaturas devem ser especificadas: temperatura de operação ou perfil de temperatura ao longo da vida útil de serviço, temperatura mínima de projeto e temperatura máxima de projeto. O projeto do sistema de isolamento térmico deve ser baseado na hipótese de que a barreira protetora externa tenha sido danificada expondo, então, o material isolante ao ar e/ou água do mar. Uma metodologia para o dimensionamento das camadas isolantes térmicas de uma linha flexível pode ser observada em JIAN (2000). Os materiais utilizados nas camadas de isolamento térmico indicados pela API RP 17B (1998) são o PP (polipropileno), o PVC (poli(cloreto de vinila)) e o PU (poliuretano). A API RP 17B (1998) ainda aponta que o fabricante tem de documentar as propriedades térmicas do material para as condições seca ou molhada. Além disso, deve ser analisada a degradação do desempenho térmico causada pela ação da pressão, da temperatura e da água do mar sobre o material de isolamento. Por fim, a capacidade de isolamento deve ser sempre mantida igual ou acima do valor mínimo especificado. 49 Camada plástica externa A camada plástica externa (Figura III.1) é extrusada sobre as armaduras de tração servindo para mantê-las na posição correta, além de proteger a linha flexível contra abrasão, danos externos (impacto de ferramentas durante a instalação, impactos com o solo marinho etc.), corrosão e ajudar no isolamento térmico da linha. Segue, portanto, que a espessura da camada deve ser suficiente para atender a essas funções e, além disso, minimizar a possibilidade de falha por extrusão da camada nos interstícios da armadura externa de tração. Tendo em vista todas estas características, a API RP 17B (1998) sugere a utilização de HDPE, PA 11 ou PA 12. 5.2 - Tipos de Linhas Flexíveis de Camadas Não-Aderentes 5.2.1 - Configurações típicas de linhas flexíveis Nos itens anteriores, apresentaram-se as principais camadas que compõem uma linha flexível. Neste item, será abordada a forma como essas camadas podem ser dispostas em uma linha flexível de camadas não-aderentes. Uma linha flexível pode ter entre 5 e 19 camadas e diâmetros internosentre 2,5” e 19” (COFLEXIP, 2002). A API RP 17B (1998) aponta três famílias de linhas flexíveis de camadas não-aderentes: linhas de parede lisa, parede rugosa sem reforço à pressão e parede rugosa com reforço à pressão. A Figura III.9 ilustra alguns destes tipos de linha flexível. (a) (b) Figura III.9 – Tipos de linha flexível de camadas não-aderentes: (a) parede lisa e (b) parede rugosa com reforço à pressão (COFLEXIP, 2002). 50 A linha de parede lisa é utilizada para transporte de fluidos que não causam difusão de gases através da camada plástica interna que, nestas linhas flexíveis, é a camada mais interna. Este tipo de linha possui, tipicamente, as seguintes camadas (da mais interna para a mais externa): camada plástica interna, armadura de pressão (com uma possível camada de reforço à pressão), um par de armaduras de tração e uma camada plástica externa. As linhas de parede rugosa possuem uma carcaça intertravada como camada mais interna e são utilizadas para transporte de gases ou fluidos que contenham gases. Utiliza-se a carcaça intertravada de aço nestes casos para, além de melhorar as características mecânicas da estrutura, prevenir o colapso por uma queda abrupta na pressão interna. Este tipo de linha pode possuir, ainda, uma armadura de pressão, caracterizando uma linha de parede rugosa com reforço à pressão. Sendo assim, as linhas de parede rugosa possuem as seguintes camadas (da mais interna para a mais externa): carcaça intertravada, camada plástica interna, armadura de pressão (opcional), um par de armaduras de tração e uma camada plástica externa. Dependendo da aplicação, no entanto, estas linhas podem receber camadas adicionais como, por exemplo, camadas antidesgaste entre as camadas metálicas, camadas de isolamento térmico, armaduras de tração adicionais (sempre em número par), camadas de fibra de aramida para a prevenção de birdcaging, etc. As linhas flexíveis, de acordo com COFLEXIP (2002), podem ser utilizadas em lâminas d’água máximas entre 1000m e 2000m. Novos desenvolvimentos, no entanto, são continuamente propostos pela indústria para ampliar esses limites. Alguns deles, como a alteração dos perfis da armadura de pressão (NETO et al., 2001), não introduzem modificações na forma da seção transversal das camadas. Por outro lado, existem estruturas como o ISU® e o IPB®, que unem o conceito de umbilical e linha flexível, e outras constituídas por materiais compósitos que podem ser bastante distintas das linhas flexíveis típicas. No próximo item, estas novas estruturas serão abordadas. 5.2.2 - Novas concepções para linhas flexíveis As novas concepções para linhas flexíveis têm vários objetivos como, por exemplo: garantir o escoamento do fluido transportado; gerar estruturas mais leves, confiáveis e resistentes; minimizar o número de linhas por poço; e capacitar linhas com maior diâmetro interno para a explotação de petróleo. O desenvolvimento de novas concepções de linhas flexíveis se faz necessário pelo fato de a tecnologia atualmente disponível estar limitada, segundo COFLEXIP (2002), a 51 aproximadamente 2000m de lâmina d’água para linhas de 6” e 1000m para linhas de 16”. O atual recorde mundial é de 1709m para linhas estáticas (flowlines) e 1390m para linhas dinâmicas (risers). Sendo assim, existe um longo caminho a ser seguido e muitos desafios a serem vencidos até capacitar estas estruturas para 3000m, como apontado por NETO et al. (2001). Os fabricantes trabalham, basicamente, nos seguintes tópicos: desenvolvimento de novos perfis para as armaduras de pressão e para a carcaça intertravada; formas de monitorar o comportamento de linhas flexíveis em serviço; estudo de materiais alternativos mais resistentes e leves para a substituição das armaduras de aço; estudo de materiais que propiciem melhor isolamento térmico ou desenvolvimento de novos conceitos de isolamento térmico; e desenvolvimento de novas estruturas. Nos próximos itens, estes aspectos serão abordados. 5.2.3 - Novas Concepções para as Armaduras Metálicas a) Novos perfis para as armaduras de pressão e carcaça intertravada A COFLEXIP está qualificando um novo tipo de perfil para a armadura de pressão para ser utilizado em linhas flexíveis para lâminas d’água ultraprofundas. Este perfil é conhecido por PSI (Figura III.10). Trata-se de um perfil em forma de I que, segundo NETO et al. (2001), aumenta a resistência da camada e diminui o peso por unidade de comprimento. Figura III.10 – Perfil PSI (COFLEXIP, 2002). A NKT também está desenvolvendo um novo tipo de camada de pressão para substituir a carcaça intertravada (RYTTER et al., 2002). Trata-se de um perfil pré-fabricado em forma de K, aliviado de tensões residuais, que possui inércia à flexão bastante superior à 52 da carcaça intertravada convencional. Esta nova estrutura não só será capaz de resistir às cargas radiais como também à compressão axial podendo, assim, auxiliar no combate ao birdcaging. O perfil é apresentado na Figura III.11. Figura III.11 – Nova concepção de carcaça intertravada proposta pela NKT (RYTTER et al., 2002). Esta nova estrutura da NKT pode tanto ser utilizada em linhas convencionais quanto em uma nova linha flexível, que também está sendo desenvolvida, e será apresentada mais adiante. b) Novas tecnologias para o monitoramento do comportamento em serviço de linhas flexíveis Uma das maiores preocupações dos fabricantes de linhas flexíveis, à medida que avançam para lâminas d’água cada vez mais profundas, é a integridade estrutural. Por isso, uma nova linha de pesquisa na área de linhas flexíveis tem se desenvolvido rapidamente nos últimos anos: o monitoramento das camadas internas das linhas flexíveis durante a operação. Nesta área, especial atenção tem sido dada à questão da fadiga nos arames das armaduras de tração. BERG & NIELSEN (2002) apresentam uma forma de integrar fibras ópticas aos arames tanto da armadura interna quanto da armadura externa de tração durante sua fabricação. Isto permite, inicialmente, a obtenção de dados relativos a camadas que, até aqui, eram impossíveis de serem monitoradas. Com estes dados, é possível calibrar modelos numéricos para uma melhor previsão do comportamento das linhas flexíveis. Além disso, no futuro, este monitoramento em tempo real permitirá avaliar a vida útil restante da linha flexível, a corrosão nos tendões e/ou a condição do anular da linha flexível. A Figura III.12 ilustra esta nova tecnologia. 53 (a) (b) Figura III.12 – (a) Conceito básico do sistema de monitoramento com fibra óptica e (b) detalhe do posicionamento do sensor no arame (em azul) (BERG & NIELSEN, 2002). c) Novos materiais para as armaduras de pressão e tração A API RP 17B (1998) indica três materiais como alternativas para a substituição do aço nas linhas flexíveis: o alumínio, a fibra de aramida e os materiais compósitos. Segundo a API RP 17B (1998), o alumínio poderia ser utilizado para substituir o aço da carcaça intertravada e/ou das armaduras de pressão e tração com a vantagem de se obter estruturas mais leves e resistentes. A API RP 17B (1998) destaca ainda algumas dificuldades para a utilização deste material, a saber: corrosão quando próximo ao aço (CHAPERON et al., 1991), abrasão, desgaste, fadiga e soldabilidade, entre outros. Uma outra desvantagem do alumínio é o custo deste material, que é bem superior ao do aço comum. Estimativas preliminares (MAKINO et al., 1993) indicam que a substituição do aço da camada de reforço à pressão por alumínio triplicaria o preço da linha flexível. Outra alternativa é a utilização da fibra de aramida para substituir o aço carbono das armaduras de tração. Este material, como apresentado anteriormente, apresenta
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