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TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS

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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA 
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA 
CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
OPERAÇÕES UNITÁRIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS 
 
 
 
Grupo: Alexandre Diniz 
 Arthur Rodrigues Carneiro 
 Márcio Freitas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Niterói 
2007 
UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA 
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA 
CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
OPERAÇÕES UNITÁRIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS 
 
 
 
Trabalho apresentado ao professor 
Paulo Roberto como verificação de 
aprendizagem da matéria de 
Operações Unitárias – VT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Niterói 
2007
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 4 
RESUMO.......................................................................................................................... 5 
ABSTRACT....................................................................................................................... 6 
1. TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS........................................................................... 7 
1.1 Definição...................................................................................................................... 7 
1.2 Aplicações.................................................................................................................... 7 
1.3 Custo............................................................................................................................. 7 
2. CLASSIFICAÇÃO DOS TUBOS......................................................................... 9 
2.1 Quanto ao material de Fabricação............................................................................. 9 
2.1.1 Metálicos .................................................................................................................... 9 
2.1.2 Não Metálicos............................................................................................................. 9 
2.1.3 Mistos.......................................................................................................................... 9 
2.2 Quanto a Flexibilidade............................................................................................... 10 
2.2.1 Flexíveis...................................................................................................................... 10 
2.2.2 Não Flexíveis.............................................................................................................. 10 
2.3 Quanto ao Processo de Fabricação........................................................................... 10 
2.3.1 Sem Costura................................................................................................................ 10 
2.3.2 Com Costura............................................................................................................... 10 
3. BITOLAS COMERCIAIS....................................................................................... 11 
3.1 Espessuras Comerciais............................................................................................... 11 
3.2 Uso dos Principais Tipos............................................................................................ 12 
3.2.1 Tubos de Aço-carbono................................................................................................ 12 
3.2.2 Tubos de Aço-liga....................................................................................................... 12 
3.2.3 Tubos de Aço-inoxidável............................................................................................ 12 
3.2.4 Tubos de Ferro-fundido.............................................................................................. 12 
3.2.5 Tubos não Metálicos, não Ferrosos e Ligas................................................................ 12 
4. ACESSÓRIOS DE TUBULAÇÃO....................................................................... 13 
4.1 Meios de ligação de Tubos........................................................................................ 16 
4.1.1 Classificação dos Sistemas de Ligação dos Tubos.................................................... 16 
5. LINHA FLEXÍVEL DE CAMADAS NÃO-ADERENTES........................... 23 
5.1 Características das Principais Camadas de uma Linha Flexível.......................... 26 
5.1.1 Camadas Metálicas.................................................................................................... 27 
5.1.2 Camadas Poliméricas................................................................................................. 34 
5.2 Tipos de Linhas Flexíveis de Camadas Não-Aderentes........................................ 49 
5.2.1 Configurações típicas de linhas flexíveis................................................................... 49 
5.2.2 Novas concepções para linhas flexíveis..................................................................... 50 
5.2.3 Novas concepções para as armaduras metálicas........................................................ 51 
5.2.4 Estruturas Integradas.................................................................................................. 57 
5.2.5 Desenvolvimento de Novas Estruturas...................................................................... 58 
CONCLUSÃO................................................................................................................ 61 
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 62 
 
 4
INTRODUÇÃO 
 
 
 
O presente trabalho tem como tema as tubulações industriais. Temos que tubulação é 
o conjunto de tubos e seus acessórios, estes têm como função principal o transporte de fluidos, 
líquidos ou gasosos, além de materiais pastosos e de fluidos com sólidos em suspensão. 
A grande necessidade dessas tubulações cinge-se ao fato de que o ponto de geração 
ou armazenamento dos fluidos encontram-se, na maioria, distantes do ponto de utilização. 
Por serem essenciais às indústrias, visto que são responsáveis pelo transporte de uma 
variedade de produtos, de forma rápida, segura e econômica, além de imprescindíveis ao seu 
funcionamento, temos uma nomenclatura mais especifica qual seja tubulações industriais. 
Como exemplo de utilização, podemos citar a industria do petróleo, onde produtos 
derivados do petróleo, gás natural e óleo cru, são regularmente transportados em tubulações, 
desde extração até o refino e a distribuição. 
Trataremos, ainda, neste trabalho das classificações dos tubos, estes podem ter 
revestimentos (externos ou internos) de plástico, borracha, concreto etc; podem ser mistos, 
isto é, constituídos de parte metá1ica e parte não metálica; os mangotes de borracha com 
armação de ferro pertencem a este tipo; podem ser f1exíveis e não f1exíveis, conforme 
possam mudar de forma ou não e podem, ainda, ser sem costura ou com costura: neste caso, 
ou a parede do tubo é contínua ou apresenta partes soldadas, dependendo do tipo do processo 
de fabricação do tubo. 
A diante falaremos das bitolas comerciais e dos acessórios de tubulação que, como já 
citado anteriormente, compõem as tubulações industriais. E como ponto final deste, teremos 
as características da linha flexível de camadas não-aderentes, estrutura tubular composta, que 
combina baixa rigidez à flexão com elevada rigidez axial. 
 
 5
RESUMO 
 
 
 
Este trabalho esclarece o conceito, conduto forçado, a função, destinado ao 
transporte de fluidos, a utilização, o transporte de todos os fluidos, materiais fluidos com 
sólidos em suspensão e sólidos fluidizados e a composição, plástico, borracha, concreto etc, 
das tubulaçõesindustriais. 
 Elucida as características de uma linha flexível de camadas não-aderentes, estrutura 
tubular composta, que combina baixa rigidez à flexão com elevada rigidez axial além de 
relatar os seus tipos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6
ABSTRACT 
 
 
 
This work explains the concept, forced conduit, the function, destined for the 
transport of fluids, the use, transport all of fluids, fluid with solids in suspension and the 
composition, plastic, rubber, concrete etc., of the industrial pipings. 
 It elucidates the characteristics of a flexible line of layers non-followers, tubular 
compound structure, which combines low rigidity to the flexing with elevated axial rigidity 
besides reporting his types. 
 7
1 - TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS 
 
 
 
1.1 - Definição 
 
Conjunto de tubos e seus acessórios, destinado ao transporte de fluidos. Uma 
tubulação é constituída de tubos de tamanhos padronizados colocados em série. 
 
 
1.2 - Aplicações: 
 
• Distribuição de vapor para força e/ou para aquecimento; 
• Distribuição de água potável ou de processos industriais; 
• Distribuição de óleos combustíveis ou lubrificantes; 
• Distribuição de ar comprimido; 
• Distribuição de gases e/ou líquidos industriais. 
 
 
1.3 - Custo 
 
Em indústrias de processamento, indústrias químicas, refinarias de petróleo, 
indústrias petroquímicas, boa parte das indústrias alimentícias e farmacêuticas, o custo das 
tubulações pode representar 70% do custo dos equipamentos ou 25% do custo total da 
instalação.
 8
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO 
DAS 
TUBULAÇÕES 
Tubulações de 
processo 
Tubulações de 
distribuição 
 
Tubulações de 
transporte 
 
Tubulações de 
drenagem 
 
Tubulações de 
instrumentação 
Tubulações de 
utilidades 
Tubulações fora 
de instalações 
industriais 
Tubulações 
dentro 
de instalações 
 9 
 
2 - CLASSIFICAÇÃO DOS TUBOS 
 
 
 
2.1 - Quanto ao Material de Fabricação 
 
2.1.1 – Metálicos 
a) Ferrosos: Aço-carbono, Aço-liga, Aço-inoxidivel, Ferro fundido, Ferro forjado, Ferros 
ligados e Ferro nodular. 
 
b) Não Ferrosos: Cobre, Latões, Cupro-níquel, Alumínio, Chumbo, Níquel e Ligas, 
Metal Monel, Titânio, Zircônio e outros 
 
2.1.2 - Não Metálicos 
Cimento-amianto, Vidro, Cerâmica, Barro Vidrificado, Borrachas, Concreto armado, 
Materiais Plásticos (Cloreto de poli-vinil, Polietileno, Acrílicos, Acetato de celulose, Epoxi, 
Poliésteres, etc) 
 
2.1.3 - Mistos 
Os tubos são constituídos de parte metá1ica e parte não metálica; os mangotes de 
borracha com armação de ferro pertencem a este tipo. 
Podem ter revestimentos (externos ou internos) de plástico, borracha, concreto etc., 
neste caso procura-se utilizar uma camada protetora contra a corrosão, em tubos metálicos; 
como exemplo, têm-se tubulações para água salgada, que são geralmente de aço-carbono 
revestidas internamente com concreto; consegue-se, assim, uma alta resistência mecânica, 
aliada a uma alta resistência à corrosão e baixo custo. 
 10 
 
2.2 - Quanto a Flexibilidade 
 
2.2.1 - F1exíveis 
Tem capacidade mudar de forma, mas o material não deforma plasticamente. 
 
2.2.2 - Não F1exíveis 
Não tem capacidade mudar de forma, ou o material possui uma capacidade muito 
pequena de se deformar elasticamente 
 
 
2.3 - Quanto ao Processo de Fabricação: 
 
2.3.1 - Sem Costura 
a) Laminação: O processo de Laminação é o mais importante para a fabricação 
de tubos de aço sem costura; empregam-se para a fabricação de tubos de 
aços-carbono, aços-liga e aços inoxidáveis, desde 8 cm até 65 cm de 
diâmetro. 
b) Extrusão: O processo de extrusão, empregam-se para a fabricação de tubos de 
aços de pequenos diâmetro (abaixo de 8 cm) e também tubos de alumínio, 
cobre, latão, chumbo e outros metais não ferrosos, bem como de materiais 
plásticos. 
c) Fundição: Fabricam-se por esse processo, tubos de ferro fundido, de alguns 
aços especiais não forjáveis, e da maioria dos materiais não-metálicos. 
 
2.3.2 - Com Costura 
Fabricam-se pelos diversos processos com costura, tubos de aços-carbono, aço-liga, 
aço inoxidáveis e ferro forjado, em toda faixa de diâmetro usuais na indústria. 
Existem duas disposições da costura soldada: Longitudinal (ao longo de uma matriz 
do tubo) e espiral. 
 11 
 
3 - BITOLAS COMERCIAIS 
 
 
 
Os tubos de aço são construídos com diâmetros desde 1/8 até 30”: os de aço 
inoxidável existem no mercado em diâmetros até 12”. 
A bitola do tubo coincide com o diâmetro externo para tubos acima de 14”; não 
coincide com nenhuma medida do tubo para diâmetros menores do que 12” (aproximam-se do 
diâmetro interno). 
Os diâmetros comerciais são: 1/8”, 1/4”, 3/8”, 1/2”, 3/4”, 1”, 1 1/4”, 1 1/2”, 2", 3", 
4", 6", 8", 10", 12", ...30”. 
Os tubos acima de 30” são fabricados por encomenda e, norma1mente, pelos 
processos com costura. 
Os tubos de cobre, latão, bronze, alumínio e suas ligas existem em bitolas de 1/4” e 
1/2”. 
Os tubos de chumbo existem em bitolas de 1/4” a 12”. 
Os tubos de PVC existem em bitolas de 1/4” a 8”. 
 
 
3.1 - Espessuras Comerciais 
 
As paredes dos tubos de aço têm espessuras padronizadas. Para o mesmo diâmetro 
pode variar a espessura da parede, de acordo com o trabalho a que se destina a tubu1ação. 
A espessura é designada por meio dos números 10, 20, 30, 40, 60, 80, 120, 140,160. 
Estes números são os “Schedule Number”, e quanto mais alto o Schedule, maior será a 
espessura da parede do tubo. 
Os tubos de metais não ferrosos e outros podem ter padronizações diferentes: 
exemplos são os tubos de cobre, bronze, alumínio etc., que podem ser encontrados nos 
padrões K, L, M; o tipo K é o mais pesado, ou seja, o de maior espessura nas paredes. 
 
 
 
 
 
 12 
 
3.2 - Uso dos Principais Tipos 
 
3.2.1 - Tubos de Aço-carbono 
Representam a maior parte de todos os tubos fabricados; em uma refinaria 
constituem a maioria. Têm uso bastante generalizado, feita exceção para produtos corrosivos, 
altas temperaturas, baixas temperaturas etc. 
 
3.2.2 - Tubos de Aço-Liga 
São usados para serviços especiais tais como altas ou baixas temperaturas, fluidos 
corrosivos etc. 
Os elementos de liga mais usados são: 
• Cr, Mo - Para altas temperaturas 
• Ni - para baixas temperaturas 
 
3.2.3 - Tubos de Aço-inoxidável 
São usados para condições de corrosão ainda mais severas do que os de aço - liga. 
Também o Cr, Mo, Ni entram na composição do aço-inoxidáve1, além de outros. 
 
3.2.4 - Tubos de Ferro-fundido 
Os tubos de ferro fundido são usados para água doce e salgada, esgotos etc.; são 
usados para serviços de baixa pressão e onde não ocorram grandes esforços mecânicos. 
 
3.2.5 - Tubos não Metá1icos, não Ferrosos e Ligas 
Fabricam-se tubos de uma grande variedade de ligas de cobre; temos então, tubos de 
cobre, latão (Cu-Zn), bronze (Cu-Sn), Monel (Ni-Cu), Admiralty (Cu-Zn-Sn) etc. São usados 
para “steam tracing”, ar comprimido, tubos de pequeno diâmetro, serviços de alta 
corrosividade etc. 
Os tubos de chumbo são utilizados para instalações auxiliares de água, esgotos, 
ácidos etc. 
Os tubos plásticos, flexíveis ou não, aplicam-se àqueles serviços em que se procura 
obter alta resistência à corrosão; apresentam como desvantagens: alto custo, baixa resistência 
mecânica, temperatura de trabalho baixa etc. 
 13 
 
4 - ACESSÓRIOS DE TUBULAÇÃO 
 
 
 
Os acessórios de tubulações destinam-se às seguintes finalidades: 
a) Permitir mudanças de sentido em tubos 
- Curvas de raio longo de 45º, 90º e 180º. 
- Curvas de raio curto de 45º, 90º e l80º- Joelhos de 45º e 90º 
b) Fazer derivações de tubos 
- Tês normais, tês de 45º, tês de redução 
- Cruzetas - Derivação com colar 
 14 
 
c) Permitir mudanças de diâmetro em tubos 
- Reduções concêntricas 
- Reduções excêntricas 
 
 
- Buchas de redução 
d) Ligações de tubos entre si 
- Luvas 
- Uniões 
 
- Niples 
 15 
 
- Flanges 
 
 
e) Fechar extremidades de tubos 
- Caps ou tampões 
- Bujões 
 
- F1anges cegos 
 
f) Isolar trechos de tubulações e equipamentos 
 
- Raquete 
 
 
 - “figura - oito" 
 
 16 
 
4.1 - Meios de Ligação de Tubos 
 
Os diversos meios usados para conectar tubos, servem não só para ligá-los entre si, 
como também para ligar os tubos às válvulas, aos diversos acessórios e a outros 
equipamentos. 
 
4.1.1 - Classificação dos Sistemas de Ligação de Tubos 
a) Ligações rosqueadas. 
b) Ligações flangeadas 
c) Ligações soldadas 
d) Ligações de ponta e bolsa 
e) Ligações de compressão. 
 
A escolha do meio de ligação depende de muitos fatores, como sejam: material do 
tubo, pressão, temperatura, fluido que irá circular, diâmetro do tubo, segurança, custo, 
facilidade de desmontagem, localização etc. 
a) Ligações Rosqueadas: São os mais antigos meios de ligações usados para 
tubos.São de baixo custo, de fácil execução, mas seu uso é limitado para pequenos diâmetros 
(até 3”), assim mesmo em instalações domiciliares ou serviços secundários em instalações 
industriais, devido á facilidade de vazamentos e a pequena resistência mecânica que 
apresentam. As roscas são feitas por meio de tarrachas manuais ou motorizadas. São as únicas 
empregadas em tubos galvanizados. 
As varas de tubos são ligadas entre si por meio de luvas ou de uniões rosqueadas. As 
roscas, tanto dos tubos, como das luvas e uniões são cônicas, de maneira que com o aperto da 
rosca, há interferência metálica entre os fios das roscas, garantindo a vedação. 
O rosqueamento enfraquece sempre as paredes dos tubos. Por essa razão, quando há 
ligações rosqueadas, usam-se sempre tubos de parede grossa, “schedule 80”. 
É conveniente o uso de materiais vedantes, para evitar vazamentos. 
Os principais vedantes são: 
- Pasta de litargírio com óleo de linhaça ou glicerina, para vapor, óleos e água. 
- Zarcão com estopa. 
- Fita de teflon. 
 
 
 17 
 
 
b) Ligações soldadas: O uso das ligações soldadas cresce continuamente e é 
atua1mente muito usado. 
Vantagens do uso da solda: 
- Boa aparência; 
- Resistência mecânica boa (quase sempre equivalente a do tubo); 
- Estanqueidade perfeita e permanente; 
- Facilidade na aplicação do isolamento, quando necessário; 
- Nenhuma necessidade de manutenção; 
- Pequeno peso e conseqüente simplificação do sistema de suporte; 
- Menor custo em relação aos flanges para linha de alta pressão. 
Desvantagens do uso da solda: 
- Dificuldade de desmontagem; 
- Perigo de utilização de solda com unidade funcionando: 
- Dificuldade de equipamento para solda ou de um soldador habilitado. 
Tipos de soldas: 
- Solda por fusão: 
a) de topo 
JOELHO 90º JOELHO 45º TÊ a 45º TÊ 
CRUZETA 
LUVA LUVA DE REDUÇÃO MEIA LUVA BUCHA DE REDUÇÃO TAMPÃO 
 
BUJÃO 
CABEÇA REDONDA 
 
BUJÃO 
CABEÇA EXAGONAL 
 
BUJÃO 
CABEÇA QUADRADA 
 
NIPLE 
JOELHO 
MACHO E 
FÊMEA 
 18 
 
b) solda de soquete 
- Solda forte 
- Solda fraca 
O primeiro tipo é o mais comum, podendo ser elétrico ou oxi-acetilênica. 
Os dois últimos tipos são processos em que se usa um metal em estado líquido para 
unir metais sólidos não ferrosos. A diferença de um para o outro, é que na solda forte a 
temperatura é acima de 450ºC e na solda fraca a temperatura é abaixo de 450ºC. 
c) Ligações Flangeadas: As ligações f1angeadas são compostas de 2 flanges, um 
jogo de parafusos ou estojos com porcas e uma junta. 
São usadas, principalmente, para tubos de aço de qualquer classe e para quaisquer 
pressões e temperaturas. 
 
 
 
JOELHO 90º JOELHO 45º JOELHO 180º 
TÊ 
TÊ DE REDUÇÃO CRUZETA REDUÇÃO CONCÊNTRICA REDUÇÃO EXCÊNTRICA 
TÊ A 45º VIROLA PARA FLANGE TAMPÃO SELA 
 19 
 
 
 
Empregam-se os flanges nas ligações dos tubos entre si, bem como as válvulas e 
equipamentos. Não se usa para tubos menores de 2”. 
Os tipos de flanges encontrados são: 
 
CURVA 90º CURVA 45º 
CURVA 90º COM PÉ CRUZETA 
TÊ TÊ A 45º REDUÇÃO 
CONCÊNTRICA 
REDUÇÃO 
EXCÊNTRICA 
INTEGRAL DE PESCOÇO SOBREPOSTO 
SOLDA DE 
TOPO 
SOLDA 
DE 
ÂNGULO ROSCA 
ROSQUEADO 
SOLDA EM 
ÂNGULO VIROLA 
SOLDA DE 
TOPO 
DE ENCAIXE SOLTO 
CEGO 
 20 
 
Os flanges acima podem ter os seguintes tipos de faces: 
As juntas utilizadas nas ligações flangeadas podem ser metálicas ou não-metálicas e 
constituem um selo de vedação eficiente e barato . 
Podemos citar como principais tipos aos seguintes: 
 
 
 FACE COM RESSALTO 
RESSALTO 
 FACE PLANA 
 FACE MACHO E FÊMEA 
 FACE PARA JUNTA DE ANEL 
 FACE DE FLANGE COM VIROLA 
JUNTAS PLANAS JUNTAS METÁLICAS FOLHEADAS 
Para flange com face de ressalto 
Para flange com face plana 
JUNTA METÁLICA MACIÇA 
JUNTA DE ANEL 
Oval 
Octogonal 
 
 
 21 
 
Vantagens: 
- Seu uso facilita a montagem e desmontagem da tubulação; 
- Não há perigo de acidentes nas montagens; 
- Podem ser recuperados para futuro uso. 
Desvantagens: 
- Aumentam o peso da linha; 
- Necessitam de espaço para colocação; 
- Para alta pressão de vapor, quando há necessidade de uso de flanges de aço 
liga, o seu custo é maior do que o da solda; 
- Custo de manutenção; 
- Dificultam a aplicação do iso1amento. 
d) Ligações de Ponta e Bolsa: Muito usadas para tubos de ferro fundido e de 
concreto. 
Uma das extremidades do tubo ou do acessório, tem uma ponta lisa, que encaixa em 
uma expansão (bolsa) existente na outra extremidade do tubo ou do acessório. No interior da 
bolsa coloca-se um material de vedação que pode ser estopa embebida, chumbo derretido, 
argamassa, massas especiais etc. 
 
 
CURVA 90º CURVA 45º TÊ CRUZETA 
TÊ A 45º REDUÇÃO LUVA PEÇA DE LIGAÇÃO 
 
FLANGE - BOLSA 
 22 
 
e) Ligação de Compressão: São muito usadas para tubos de parede fina, 
principalmente metálicos, não ferrosos, de pequeno diâmetro (até 2”). 
 
 
 
CONECTOR MACHO UNIÃO 
CONECTOR FÊMEA 
JOELHO 90º 
JOELHO 45º 
 TÊ 
 
 23 
 
5 - LINHA FLEXÍVEL DE CAMADAS NÃO-ADERENTES 
 
 
 
A linha flexível de camadas não-aderentes (Figura III.1) é uma estrutura tubular 
composta, que combina baixa rigidez à flexão com elevada rigidez axial. Esta característica 
advém de sua seção transversal constituída por camadas poliméricas e armaduras helicoidais 
de aço que, deslizando umas em relação às outras, possibilitam à estrutura atingir raios de 
curvatura consideravelmente inferiores àqueles atingidos por tubos de aço com a mesma 
capacidade de pressão. 
 
 
Figura III.1 – Típica linha flexível de camadas não-aderentes.
 
 24 
 
Essa estrutura possui uma série de vantagens em relação às linhas rígidas como, por 
exemplo (BARLTROP, 1998): são pré-fabricadas e de fácil transporte e instalação, pois 
grandes comprimentos podem ser armazenados em carretéis; podem ser facilmente 
desinstaladas e reinstaladas em outros campos de produção; são estruturas complacentes, isto 
é, capazes de absorver os grandes deslocamentos impostos pelas unidades flutuantes de 
produção; entre outras. 
Foi por essas razões que a PETROBRAS, no início do desenvolvimento da produção 
offshore na Bacia de Campos, optou pelo uso de linhas flexíveis (MARQUES, 2000). Com o 
objetivo de iniciar o maisrapidamente possível a produção nos campos de petróleo recém-
descobertos na Bacia de Campos, nas décadas de 1970 e 1980, a PETROBRAS adotou a 
política de implementar Sistemas de Produção Antecipada (SPAs). Esses sistemas consistiam 
em uma unidade flutuante de produção, normalmente uma plataforma de perfuração 
convertida em plataforma de produção, e linhas flexíveis para conduzir o óleo e/ou gás do 
poço até a superfície. 
O sucesso obtido com os SPAs, associado ao fato de os campos posteriormente 
descobertos se localizarem em lâminas d’água mais profundas, inviabilizou a aplicação do 
conceito de plataforma fixa com completação seca. Este fato favoreceu e impulsionou o 
esforço tecnológico para a extensão do conceito de completação submarina com unidades 
flutuantes de produção. Isto deu origem aos Sistemas Definitivos de Produção (SDPs). 
Neste processo evolutivo, com base no desenvolvimento da produção offshore 
através de sistemas flutuantes e completação submarina, as linhas flexíveis assumiram um 
papel primordial: passaram a ser, praticamente, as únicas estruturas responsáveis por conduzir 
o óleo e o gás produzido na Bacia de Campos. 
As linhas flexíveis de camadas não-aderentes podem ser utilizadas tanto 
estaticamente quanto dinamicamente. As linhas estáticas ou flowlines são assentadas no fundo 
do mar para escoar óleo e/ou gás ou, ainda, injetar água no poço produtor. Essas linhas 
estáticas se conectam a linhas dinâmicas, conhecidas como risers, que ligam o fundo do mar 
ao sistema flutuante de produção. A Figura III.2 ilustra configurações típicas para as linhas 
dinâmicas. 
A Figura III.2 mostra que uma linha flexível é exposta a diversos tipos de cargas 
durante sua vida útil: peso próprio, correntes marinhas, ondas, movimentos impostos pelo 
sistema flutuante de produção, pressão interna e externa entre outras. Essas cargas podem 
gerar, em cada seção transversal da linha, esforços de tração, compressão, torção e/ou flexão, 
que devem ser resistidos por suas camadas internas. 
 
 25 
 
 
(a) (b) (c) 
 
(d) (e) (f) 
Figura III.2 – Configurações típicas de linhas flexíveis: (a) catenária livre; (b) lazy S; (c) lazy 
wave; (d) steep S; (e) steep wave; e (f) lanterna chinesa (CLAUSEN & D’SOUZA, 2001). 
 
Os esforços em cada seção transversal da linha flexível podem ser obtidos através da 
chamada análise global. Nesse tipo de análise, a resposta da linha aos diversos carregamentos 
impostos é calculada através de modelos teóricos nos quais a linha é representada 
exclusivamente através de suas propriedades mecânicas (rigidezes axiais e à flexão). 
Calculados os esforços, obtém-se a resposta de cada camada da linha flexível, em 
termos de deslocamentos, deformações e tensões, através da análise local. A análise local é 
realizada através de modelos teóricos nos quais não só as camadas da linha como também 
possíveis interações entre elas são consideradas. 
A Figura III.3 apresenta os limites atuais de utilização de linhas flexíveis e as metas 
estabelecidas pelos fabricantes para um futuro próximo. Nessa figura, nota-se que as linhas de 
4” e 6” encontram-se qualificadas para operar a 2000m de lâmina d’água. Já as linhas de 8” 
estão qualificadas para 1500m e as de diâmetro superior só estão aptas para uso em lâminas 
d’água inferiores a 1000m. Deste modo, há diferenças significativas, sobretudo para linhas 
com diâmetro superior a 8”, entre a meta futura estabelecida pelos fabricantes e o estágio 
atual de desenvolvimento. Se, além disso, for considerado o fato de se estar trabalhando 
atualmente em alternativas para a explotação de óleo em lâminas d’água no entorno de 3000m 
(PETROBRAS, 2004), essas diferenças se tornam ainda maiores. 
 
 
 26 
 
 
 
 
 Figura III.3 – Lâminas d’água atual e futura (proposta pelos fabricantes) de 
utilização de linhas flexíveis com diversos diâmetros (HATTON, 2004). 
 
Com o objetivo de dirimir essas diferenças, os fabricantes (NKT, WELLSTREAM, 
COFLEXIP (Technip) e a comunidade científica investem constantemente na busca por novos 
materiais para as camadas, novas concepções para a estrutura interna da linha flexível e, 
também, no desenvolvimento de novas metodologias e ferramentas de cálculo. 
Nos itens a seguir, descrevem-se as principais características das camadas que 
formam uma linha flexível, assim como as principais propostas para vencer o desafio da 
explotação de petróleo em águas ultraprofundas. 
 
5.1 - Características das Principais Camadas de uma Linha Flexível 
 
As camadas que constituem uma linha flexível de camadas não-aderentes são 
independentes, isto é, são justapostas ou extrusadas umas sobre as outras, mas são 
dimensionadas para interagir possibilitando, assim, que a linha resista à grande variedade de 
carregamentos a qual é submetida ao longo de sua vida útil. Esta modularidade permite que os 
fabricantes (COFLEXIP, NKT e WELLSTREAM) ofereçam estruturas capazes de atender às 
necessidades específicas do comprador. 
 Desta maneira, é muito difícil generalizar a estrutura interna de uma linha 
flexível, posto que, dependendo do tipo de aplicação para a qual ela está sendo dimensionada, 
o fabricante poderá utilizar ou não determinado tipo de camada. Por outro lado, os tipos de 
 
 27 
 
camadas disponíveis para a construção da linha possuem pequena variação de fabricante para 
fabricante. 
 Nos itens a seguir, será apresentada uma breve descrição das principais 
camadas que podem constituir uma linha flexível de camadas não-aderentes e, logo após, 
algumas linhas serão apresentadas e discutidas. 
 
5.1.1 - Camadas Metálicas 
a) Carcaça Intertravada 
Esta camada é, normalmente, a mais interna da linha flexível (Figura III.1). É 
constituída de aço e possui alta flexibilidade devida a sua forma construtiva, na qual uma ou 
duas fitas de aço são intertravadas com pequeno passo e com folgas no intertravamento 
(Figura III.4). 
 
 
Figura III.4 – Geometria básica da carcaça intertravada (CRUZ, 1996). 
 
A carcaça intertravada possui as seguintes funções: 
• Prevenir o colapso da estrutura devido a cargas radiais distribuídas, 
como pressão externa e squeeze, e devido a cargas radiais concentradas 
como o crushing. 
• Prevenir o colapso da linha flexível devido a uma queda abrupta da 
pressão interna na estrutura (linhas que transportam gases). 
• Fornecer resistência à abrasão causada por partículas existentes no 
fluido transportado ou pela passagem de ferramentas por dentro da 
linha flexível. 
 
 28 
 
A geometria da carcaça intertravada confere grande resistência a cargas radiais 
concentradas ou distribuídas, dado o elevado ângulo de assentamento do(s) arame(s) que a 
constitui(em) (próximo de 90°). Por outro lado, a camada possui baixíssima rigidez axial e, 
portanto, não é adequada para resistir a carregamentos longitudinais (axiais). Deve-se 
salientar que, por ser construída sobre um mandril, esta camada garante boa precisão com 
relação ao diâmetro interno e, conseqüentemente, possui pequena ovalização. 
Existem poucas informações sobre a ovalização inicial (devida ao processo de 
fabricação) da carcaça intertravada. A WELLSTREAM (CHEN et al., 1992), a API RP 17B 
(1998) e SOUZA (2002) indicam ovalizações próximas de 0,2%, enquanto BERGE et al. 
(1992) sugerem 0,8%. SOUSA (1999) observou ovalizações entre 0,0% e 0,8% em amostras 
da carcaça intertravada de uma linha de 4”. 
Outro aspecto importante diz respeito às folgas no intertravamento. Segundo WITZ 
& BURKE (1995), o fabricante deve garantir uma folga mínima para impedir o travamento da 
carcaça intertravada e uma folga máxima para evitar a extrusão da camada plástica interna nos 
interstícios desta camada. 
O aço utilizado em sua construção deve possuir boa resistência à corrosão por 
hidrocarbonetos e água. Podem ser utilizados(API RP 17B, 1998): 
• Aços carbono. 
• Aços inoxidáveis ferríticos (AISI 409 e AISI 430). 
• Aços inoxidáveis austeníticos (AISI 304, 304L, 316 e 316L). 
• Aços inoxidáveis Duplex (UNS S31803). 
• Aços-liga com alto teor de níquel (N08825). 
A escolha do tipo de aço para a carcaça intertravada está relacionada à composição 
do fluido interno (presença de hidrocarbonetos, agentes corrosivos, gases, partículas sólidas, 
etc) e aos carregamentos que serão resistidos por esta camada. Em geral, com o aumento da 
agressividade do fluido interno, o tipo de aço adequado para a carcaça intertravada passa 
gradativamente do aço carbono para o aço-liga com alto teor de níquel (API RP 17B, 1998). 
Os aços mais empregados são os austeníticos, 304L e 316L, que podem ainda sofrer 
modificações para melhorar sua resistência à corrosão. Diversos testes para verificar essa 
escolha são sugeridos pela API SP 17J (1997). 
A Tabela III.1 apresenta as principais características de alguns dos tipos de aços 
relacionados na API RP 17B (1998). Maiores detalhes sobre estes materiais podem ser 
encontrados em CHIAVERINI (1984) ou BASTIAN (2000). 
 
 29 
 
Tabela III.1 – Propriedades dos aços para a carcaça intertravada (BASTIAN, 2000). 
Ruptura 
Tipo de aço 
Tensão de 
escoamento Tensão Deformação 
AISI 304 310MPa 620MPa 30,0% 
AISI 304L 310MPa 620MPa 30,0% 
AISI 316 310MPa 620MPa 40,0% 
AISI 316L 310MPa 620MPa 30,0% 
AISI 409 205MPa 380MPa 20,0% 
AISI 430 205MPa 450MPa 22,0% 
UNS S31803 450MPa 620MPa 25,0% 
 
Convém destacar que as propriedades apresentadas na Tabela III.1 não consideram o 
efeito do encruamento do aço durante o processo de fabricação da carcaça intertravada. 
Trabalhos experimentais recentes (SOUSA et al., 2001c; SOUZA, 2002; e COSTA, 2003) 
indicaram grandes alterações nas tensões-limite do aço AISI 304 utilizado na construção da 
carcaça intertravada de uma linha flexível de 4”. A Tabela III.2 compara alguns valores 
obtidos experimentalmente aos apresentados na literatura. 
Essa tabela mostra que as tensões de escoamento e ruptura medidas 
experimentalmente são bastante superiores às apresentadas na literatura. Por outro lado, os 
módulos de Young calculados em SOUSA et al. (2001c) e em COSTA (2003) são bem 
inferiores ao valor apresentado na literatura. Deve-se destacar que o encruamento, a princípio, 
não deveria alterar o módulo de Young do material e que os trabalhos experimentais de 
SOUSA et al. (2001c) e COSTA (2003) foram realizados em linhas semelhantes. Estes 
valores, portanto, carecem de uma investigação mais detalhada no futuro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
 
Tabela III.2 – Comparação entre valores para o módulo de Young, para as tensões-limite e 
para a deformação na ruptura medidos experimentalmente com aqueles apresentados na 
literatura (aço AISI 304). 
 
(1) 
Literatura 
(Tabela III.1) 
(2) 
SOUSA et al. 
(2001c) 
(3) 
SOUZA 
(2002) 
(4) 
COSTA 
(2003) 
( )
( )1
2
 
( )
( )1
3
 
( )
( )1
4
 
Módulo de 
Young 
207000MPa 140600MPa - 141546MPa 0,679 - 0,684 
Tensão de 
escoamento 
310MPa 579MPa 530MPa 503MPa 1,868 1,710 1,623 
Tensão de 
ruptura 
620MPa 803MPa 802MPa 800MPa 1,295 1,294 1,290 
Deformação 
de ruptura 
30,0% - 30,0% 54,0% - 1,000 1,800 
 
b) Armadura de pressão 
A armadura de pressão (Figura III.1) é uma camada opcional constituída por um ou 
dois arames enrolados em espiral de pequeno passo. 
A principal função dessa camada é resistir aos esforços radiais provenientes do 
carregamento de pressão interna, à pressão externa atuante sobre a linha e a cargas mecânicas 
radiais. Desta forma, a armadura de pressão ajuda a diminuir os esforços sobre a carcaça 
intertravada. 
Por ser assentada com ângulo próximo de 90°, possui pequena rigidez axial e à 
flexão. 
Diversos perfis são utilizados na sua construção. A Figura III.5 destaca alguns deles. 
O mais utilizado é o perfil Z, daí a denominação espiral ou camada zeta. 
 
 
 
 
 
 
 31 
 
 
 
(a) 
 
(b) 
 
(c) 
 
(d) 
 Figura III.5 – Perfis para a armadura de pressão: (a) perfil Z, (b) perfil C, (c) perfil T 
(grampo ligando os perfis) e (d) perfil T (API RP 17B, 1998). 
 
Um aspecto importante é que, analogamente à carcaça intertravada, as folgas 
existentes devem ser controladas para evitar o travamento da camada e limitar a extrusão das 
camadas plásticas adjacentes. Além disso, os mesmos níveis de ovalização da carcaça 
intertravada são observados na armadura de pressão. 
A armadura de pressão é constituída por aço carbono. O teor de carbono (baixo, 
médio ou alto) no material depende das condições de serviço às quais a camada será exposta. 
Deve-se destacar que, em geral, quanto maior o teor de carbono no aço, maior a resistência 
mecânica, porém menor a resistência à corrosão e menor a ductilidade do aço (CHIAVERINI, 
1984). Assim, para casos onde há necessidade de alta resistência, deve-se utilizar aços com 
alto teor de carbono, caso as condições de serviço permitam. Por outro lado, para condições 
de serviço agressivas, deve-se utilizar aços com baixo ou médio teor de carbono. Os aços com 
baixo teor de carbono são os mais empregados e algumas de suas propriedades encontram-se 
na Tabela III.3. 
 
Tabela III.3 – Propriedades dos aços carbono para armadura de pressão (BERGE et al., 1992). 
Especificação Grau Acabamento 
Tensão 
de ruptura 
Deformação 
de ruptura 
AFNOR FM 15 trefilado a frio 784MPa - 
AFNOR FM 35 trefilado a frio 850MPa 6,0% 
 
Deve-se destacar que existem, ainda, outros critérios para seleção do material da 
armadura de pressão, tais como a soldabilidade, maleabilidade e composição química do aço 
 
 32 
 
(além do teor de carbono deve-se observar os teores de manganês, fósforo, cobre, enxofre e 
silício). Maiores detalhes sobre estes critérios podem ser obtidos na API RP 17B (1998) ou na 
API SP 17J (1997). 
Outro aspecto importante é o efeito do encruamento nos valores apresentados na 
Tabela III.3. Em ensaios apresentados em COSTA (2003), a tensão de ruptura do aço FM 35 
foi avaliada em 955MPa, isto é, 12,4% superior à apresentada na Tabela III.3. A tensão de 
escoamento medida foi de 781MPa, ou seja, 82% do valor da tensão de ruptura. Como não se 
encontra na literatura informações a respeito da tensão de escoamento do material, é difícil 
avaliar o efeito do encruamento, mas, de qualquer forma, tem-se a tensão de escoamento 
muito próxima da tensão de ruptura. 
 
c) Camada de reforço à pressão 
A camada de reforço à pressão, tal como a própria armadura de pressão, é uma 
camada opcional formada por um ou mais arames enrolados em espiral de pequeno passo. 
A principal função desta camada é oferecer resistência adicional à linha flexível aos 
carregamentos de pressão interna e externa. Desta forma, diminui-se a carga atuante na 
armadura de pressão e na carcaça intertravada. É uma camada, portanto, empregada em linhas 
flexíveis que irão operar em elevadas profundidades e/ou submetidas à grande pressão interna. 
Empregam-se usualmente perfis retangulares e materiais semelhantes aos da 
armadura de pressão. 
 
d) Armaduras de tração 
As armaduras de tração (Figuras III.1 e III.4) são compostas por um número par de 
camadas, normalmente duas, enroladas contra-helicamente. Essas camadas, por sua vez, são 
formadas por vários arames com seções transversais retangulares e conformados sobre uma 
camada que lhes serve como suporte. A camada de armadura mais interna à linha é chamada 
armadura interna de tração e a outra camada, isto é, a mais externa à linha, é conhecida como 
armadura externa de tração. 
 
 
 33 
 
 
Figura III.6 – Assentamento da armadura de tração na linha flexível (SOUSA, 1999). 
 
Estas armadurastêm como função resistir às cargas axiais e à pressão interna. Além 
disso, conferem à linha flexível rigidez à torção. Por ter um ângulo de assentamento 
relativamente baixo, entre 20° e 55°, este tipo de construção não compromete a alta 
flexibilidade que caracteriza a linha, posto que os arames podem se deslocar quando essa é 
flexionada. 
O ângulo de assentamento destas camadas determina o balanço entre a rigidez axial e 
radial da estrutura. Para linhas flexíveis com níveis de solicitação não muito severas, este 
ângulo de assentamento é o ângulo da resultante das forças axiais e radiais a que um tubo está 
submetido quando pressurizado, ou seja, da ordem de 55°. Este ângulo é conhecido como 
ângulo neutro e pode variar, nos casos de linhas de alta pressão (linhas com armadura de 
pressão), entre 20° e 35°. O ângulo de assentamento pode ainda sofrer variações devidas à 
natureza estática ou dinâmica do serviço, à presença de camadas de reforço à pressão, etc. 
Assim como na carcaça intertravada e na armadura de pressão, o espaçamento entre 
os arames de uma mesma camada deve ser controlado de forma a evitar o contato lateral entre 
eles e limitar a extrusão das camadas plásticas vizinhas. 
Os arames das armaduras de tração são fabricados a partir de aço carbono. O teor de 
carbono, assim como nas armaduras de pressão, depende das condições de serviço às quais 
esses arames serão expostos. Dadas as elevadas tensões que surgem nos arames devidas aos 
 
 34 
 
carregamentos aplicados na linha flexível, utiliza-se, normalmente, aço com alto teor de 
carbono como os apresentados na Tabela III.4. 
 
Tabela III.4 – Propriedades dos aços carbono para armadura de tração (BERGE et al., 1992). 
Especificação Grau Acabamento 
Tensão 
de ruptura 
Deformação 
de ruptura 
AFNOR FM 60 trefilado a frio 1373MPa - 
AFNOR FM 72 trefilado a frio 1500MPa 1,0% 
 
 
5.1.2. - Camadas Poliméricas 
a) Polímeros: uma breve apresentação 
Os polímeros representam, provavelmente, a maior contribuição da Química para o 
desenvolvimento industrial do século XX. No início desse século, foi provado que alguns 
materiais produzidos pela Química do final do século XIX, que até então eram considerados 
como colóides, consistiam, na realidade, de moléculas gigantescas resultantes do 
encadeamento de 10000 ou mais átomos de carbono. Esses produtos de síntese apresentavam 
repetição de pequenas unidades estruturais em sua longa cadeia principal e, por isso, foram 
chamados polímeros (do grego, muitas partes). 
Sendo assim, de acordo com MANO & MENDES (1999), polímeros são 
macromoléculas caracterizadas pelo seu tamanho, estrutura química e interações intra e 
intermoleculares. Possuem unidades químicas ligadas por covalências, repetidas regularmente 
ao longo da cadeia, denominadas meros. Quando o polímero tem apenas um tipo de mero, 
usa-se a expressão homopolímero e, ao contrário, quando há mais de um tipo de mero, é 
denominado copolímero. 
Para fins de engenharia, é importante classificar os polímeros segundo o 
comportamento mecânico e sua solubilidade ou fusibilidade. Os polímeros, quanto ao 
comportamento mecânico, podem ser classificados como (MANO & MENDES, 1999): 
• Borrachas ou elastômeros: materiais macromoleculares que exibem 
elasticidade em longa faixa à temperatura ambiente. 
• Plásticos: materiais macromoleculares que, embora sejam sólidos no 
estado final, em algum estágio do processamento podem se tornar fluidos 
e moldáveis por ação isolada ou conjunta de calor e pressão. 
 
 35 
 
• Fibras: macromoléculas lineares, orientadas longitudinalmente, com 
estreita faixa de extensibilidade parcialmente reversível (como os 
plásticos). Resistem a variações de temperatura entre -50°C e 150°C sem 
alteração substancial das propriedades mecânicas e, em alguns casos, são 
infusíveis. Possuem, ainda, pequena seção transversal, elevada relação 
entre o comprimento e o diâmetro e alta flexibilidade. 
Quanto à solubilidade ou fusibilidade, os polímeros se dividem em (MANO, 1996): 
• Termoplásticos: polímeros que podem ser reversivelmente aquecidos e 
resfriados, passando respectivamente de massas fundidas a sólidos. 
Podem, ainda, ser processados por métodos tradicionais tais como 
laminação, injeção ou extrusão. Para maiores detalhes sobre estes 
métodos recomenda-se MANO & MENDES (1999) ou BILLMEYER 
(1984). 
• Termorrígidos: plásticos que fundem quando aquecidos, porém, nesse 
estado, sofrem reações químicas que causam a formação de ligações 
cruzadas intermoleculares restando uma estrutura reticulada infusível e 
insolúvel. 
Nas linhas flexíveis de camadas não-aderentes, são usualmente empregados plásticos 
e fibras. Os elastômeros são bastante utilizados nas linhas de camadas aderentes, que não são 
o escopo deste trabalho (maiores detalhes podem ser obtidos em BERGE et al. (1992)). Além 
disso, devido à facilidade de manipulação quando comparados aos polímeros termorrígidos, 
os plásticos e fibras termoplásticas são amplamente utilizados em linhas flexíveis. 
Deve-se destacar, ainda, que os polímeros podem ser utilizados como materiais de 
engenharia tanto individualmente, ou seja, sistemas poliméricos simples, quanto em sistemas 
poliméricos mistos mais complexos. Dentro dos sistemas poliméricos mistos, têm-se os 
materiais compósitos, já largamente utilizados na indústria aeronáutica e automobilística, e 
que surgem como uma das soluções para o uso de linhas flexíveis em águas ultraprofundas. 
 
b) Características dos plásticos utilizados em linhas flexíveis de camadas não-aderentes 
Durante a vida útil da linha flexível, as camadas plásticas são expostas a elevadas 
pressões, combinações de cargas de tração e flexão, temperaturas variando, tipicamente, entre 
4°C e 120°C, além da ação abrasiva dos fluidos interno e externo. Estas camadas devem ser 
capazes de resistir a estas ações e manter suas funções, que são, basicamente: servir como 
 
 36 
 
elemento de vedação, como camada antidesgaste e como isolantes térmicos. Sendo assim, os 
plásticos utilizados devem atender aos seguintes requisitos (BERGE et al., 1992): 
• Características mecânicas (tensão e deformação de ruptura e módulo de 
Young) adequadas. 
• Boa resistência à fadiga. 
• Boa resistência ao desgaste e à abrasão. 
• Baixa permeabilidade, absorção e resistência química em relação aos 
fluidos interno e externo. 
• Boa resistência à deformação lenta e à relaxação. 
• Boa resistência à formação de vesículas (blistering ou empolamento). 
Deve-se lembrar, no entanto, que estas propriedades são função da temperatura e da 
pressão às quais esses plásticos são submetidos (STEVENSON & CAMPION, 1995). O 
poli(fluoreto de vinilideno) (PVDF), por exemplo, possui algumas propriedades mecânicas 
muito sensíveis à variação de temperatura, como mostra a Tabela III.5. 
 
Tabela III.5 – Variação das propriedades mecânicas do PVDF com a temperatura 
(STEVENSON & CAMPION, 1995). 
Módulo 
de Young 
Tensão 
de escoamento 
Deformação 
de escoamento 
Tensão 
de ruptura 
Deformação 
de ruptura 
23°C 110°C 23°C 110°C 23°C 110°C 23°C 110°C 23°C 110°C 
785MPa 190MPa 36MPa 11MPa 22% 28% 23MPa 25MPa 63% 420% 
 
Além de variarem com a temperatura e a pressão, as propriedades mecânicas dos 
plásticos também são altamente não-lineares e, portanto, de difícil caracterização. 
Outras propriedades como a permeabilidade e a absorção também são sensíveis à 
variação de temperatura e/ou pressão. Alguns termoplásticos, a altas temperaturas e pressões, 
possuem altas taxas de permeabilidade e absorção, que podem comprometer a resistência 
mecânica e a eficiência como elemento de vedação desses materiais. Além dessas, a 
deformação lenta e a relaxação também variam com a temperatura. Em geral, o aumento da 
temperatura implica o aumento da deformaçãolenta e da relaxação (STEVENSON & 
CAMPION, 1995). 
Outro aspecto a ser considerado é o envelhecimento do material. O processo de 
envelhecimento pode ser significativamente acelerado quando o material é exposto ao fluido 
 
 37 
 
interno transportado pela linha flexível e/ou ao fluido externo, a elevadas temperaturas e 
pressões, além de outras ações externas. O processo de envelhecimento é caracterizado por 
mudanças nas propriedades mecânicas dos polímeros como, por exemplo, as perdas de 
resistência e ductilidade, devidas à retirada de elementos plastificantes (API RP 17B, 1998). 
Segue, portanto, que a escolha dos plásticos a serem utilizados em linhas flexíveis é 
extremamente complexa, dada a estreita relação guardada entre as propriedades destes 
materiais e a temperatura e a pressão às quais a linha é submetida, além das próprias 
características dos fluidos interno e externo que entram em contato com o anular da linha 
flexível. Deve-se considerar, também, que essas propriedades variam ao longo do tempo. As 
API RP 17B (1998) e API SP 17J (1997) tecem uma série de recomendações e sugerem testes 
para caracterizar e viabilizar a aplicação destes materiais em linhas flexíveis. 
 
c) Características das fibras utilizadas em linhas flexíveis de camadas não-aderentes 
Características gerais 
As fibras, conforme definidas anteriormente, são elementos de pequeno diâmetro, 
com elevada razão entre comprimento e diâmetro e, parcialmente devido a este fato, 
costumam ser flexíveis. As fibras poliméricas são constituídas de macromoléculas lineares, 
com elevadas propriedades mecânicas e, mesmo sob forte variação de temperatura, 
conseguem manter suas características físicas. Algumas fibras, como a fibra de aramida 
(kevlar®), são infusíveis. 
Existe uma grande quantidade de fibras disponíveis para uso estrutural. A fibra de 
vidro tem sido utilizada desde 1930, porém foi a partir da década de 1950 que surgiram as 
fibras avançadas. Fibras avançadas são aquelas que possuem elevada rigidez específica, isto é, 
elevada relação entre o módulo de elasticidade e o peso específico, bem como elevada 
resistência específica, ou seja, elevada relação entre a tensão de ruptura e o peso específico. 
Um histórico sobre a evolução das fibras pode ser obtido em HERAKOVICH (1998). 
A fibra de vidro e as fibras avançadas, tais como a fibra de carbono e a fibra de 
aramida, têm sido freqüentemente utilizadas na indústria aeroespacial, esportiva, automotiva, 
de segurança e, recentemente, na construção de linhas flexíveis de camadas não-aderentes. A 
Tabela III.6 apresenta algumas das propriedades destas fibras e uma comparação com 
materiais como o aço, o alumínio e o titânio. A Figura III.7 ilustra os diagramas tensão vs 
deformação destas fibras. 
Observando a Tabela III.6, nota-se que o aço, o alumínio e o titânio apresentam, 
praticamente, as mesmas rigidez e resistência específicas. As fibras, por outro lado, 
 
 38 
 
apresentam valores sensivelmente maiores e, por esta razão, estes materiais são tão atraentes 
para diversos segmentos da indústria: com eles pode-se construir estruturas mais resistentes e 
mais leves. Além disso, a Figura III.7 mostra que as fibras possuem um comportamento 
elástico e linear. 
 
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 1 2 3 4 5 6
Deformação (%)
Te
n
s
ão
 
(M
Pa
)
Fibra: AS4 P100S IM8 Kevlar S-2 E
 
Figura III.7 – Gráfico tensão vs deformação de fibras de carbono, fibras de vidro e fibra de 
aramida (kevlar) (HERAKOVICH, 1998). 
 
 39 
 
Tabela III.6 – Propriedades físicas de metais e fibras (HERAKOVICH, 1998, DUPONT, 
1992) 
Material 
Massa 
específica 
Módulo de 
elasticidade 
Coeficiente 
de Poisson 
Tensão de 
ruptura 
Rigidez 
específica† 
Resistência 
específica† 
Coeficiente 
de expansão 
térmica 
Metais 
Aço 7,80g/cm3 207GPa 0,32 1724MPa 1,00 1,00 12,8�/°C 
Alumínio 2,70g/cm3 69GPa 0,33 483MPa 1,20 0,81 23,4�/°C 
Titânio 4,50g/cm3 91GPa 0,36 758MPa 0,96 0,76 8,8�/°C 
Fibras de carbono 
AS4 1,80g/cm3 235GPa 0,20 3599MPa 6,16 9,05 -0,8�/°C 
P100S 2,15g/cm3 724GPa 0,20 2199MPa 15,88 4,63 -1,4�/°C 
IM8 1,80g/cm3 310GPa 0,20 5171MPa 8,12 13,00 - 
Fibra de aramida 
kevlar 1,44g/cm3 124GPa 0,34 3620MPa 4,08 11,38 -2,0�/°C 
Fibras de vidro 
S-2 2,46g/cm3 87GPa 0,23 4585MPa 1,67 8,43 1,6�/°C 
E 2,58g/cm3 69GPa 0,22 3450MPa 1,27 6,05 5,4�/°C 
† Valores normalizados com os do aço. 
 
À medida que a explotação de petróleo, sobretudo na Bacia de Campos, avança para 
lâminas d’água cada vez mais profundas, as cargas sobre as linhas flexíveis podem aumentar a 
ponto de inviabilizar a utilização destas estruturas. Sendo assim, uma das possíveis soluções 
buscadas pelos fabricantes é o uso de materiais mais leves e mais resistentes para substituir as 
armaduras metálicas das linhas flexíveis. Estas novas estruturas são desenvolvidas utilizando 
fibras associadas a um outro polímero constituindo, assim, um material compósito. 
Além desta aplicação, que ainda está em desenvolvimento, as fibras são utilizadas 
em linhas para águas profundas para atender a mais duas finalidades: permitir um melhor 
assentamento das camadas plásticas sobre as armaduras metálicas e, conseqüentemente, 
minimizar o desgaste e possível extrusão destas camadas nas armaduras metálicas; e 
solucionar o problema de birdcaging (API RP 17B, 1998). 
Nos próximos itens, as principais fibras utilizadas em linhas flexíveis são 
apresentadas. 
 
 
 40 
 
Fibra de vidro 
Existem, basicamente, dois tipos de fibra de vidro: a fibra de vidro E, utilizada em 
estruturas onde é exigida boa resistência a cargas mecânicas e elevada resistência elétrica; e a 
fibra de vidro S-2, que é empregada em meios corrosivos e em estruturas onde há necessidade 
de elevada resistência a cargas mecânicas e estabilidade sob altas temperaturas. 
As fibras de vidro são produzidas a partir do lançamento de vidro derretido em um 
tanque de gravidade com pequenos orifícios por onde o vidro escorre formando filamentos 
contínuos. A partir desses filamentos e de um tratamento químico, obtém-se a fibra 
propriamente dita que é enrolada, em velocidades superiores a 60m/s, em uma espécie de 
carretel. Esse processo permite a obtenção de filamentos com diâmetros pequenos, entre 6µm 
e 14µm, sendo cada fibra formada por 2000 filamentos. A fibra é muito flexível e com 
propriedades isotrópicas. 
As fibras de vidro são utilizadas, em algumas linhas flexíveis da WELLSTREAM, 
para formar, junto com o polipropileno, uma camada que serve como base para a extrusão das 
camadas plásticas e, também, constituir uma proteção adicional contra ataques do meio 
ambiente às armaduras da linha flexível. 
A Tabela III.6 e a Figura III.7 ilustram algumas propriedades físicas destas fibras. 
Fibra de aramida 
A fibra de aramida foi desenvolvida por químicos da empresa norte-americana 
DuPont na década de 1970 com o nome comercial de kevlar®. 
Essa fibra é parecida com o nylon (poliamida), mas de alta resistência térmica, 
mecânica e química. A diferença é que ela é fabricada a partir de uma diamina e de ácido 
dicarboxílico, que tem anéis derivados do benzeno. Sua alta resistência é devida ao processo 
de fabricação: o polímero é laminado ou transformado em fios a partir do estado de cristal 
líquido. Nesse estado, as longas moléculas do polímero (PPTA, aramida) se dispõem 
aproximadamente paralelas umas às outras. Esse paralelismo é mantido nas diversas formas 
de apresentação do produto, que podem ser vistas na Figura III.8. 
 
 
 41 
 
 
 
(a) 
 
 
(b) 
 
 
(c) 
 
 
(d) 
 
(e) 
 
 Figura III.8 – Formas de apresentação do kevlar : (a) fibra, (b) filamento ,(c) polpa, (d) 
corda e (e) tecido (DUPONT, 1992).Em condições de trabalho, a fibra resiste a temperaturas de até 210°C sem alterar 
significativamente suas propriedades físicas, não queima ou funde, carbonizando-se a 450°C. 
Possui propriedades anisotrópicas, alta resistência à tração, porém pequena resistência à 
compressão. Os filamentos possuem diâmetro muito pequeno (∼12µm) e cada fibra é 
composta por, aproximadamente, 1000 filamentos. A fibra é muito flexível e na Tabela III.6 
apresentam-se algumas de suas propriedades físicas. Na Figura III.7, apresenta-se o diagrama 
tensão vs deformação deste material. Convém ressaltar que existem vários tipos de fibra de 
aramida com propriedades distintas. Neste texto, apresentam-se as propriedades fornecidas 
pela DuPont (DUPONT, 1992). 
A fibra de aramida vem sendo largamente utilizada nas indústrias esportiva, 
aeroespacial, automotiva e de equipamentos de segurança sendo que, recentemente, passou a 
ser utilizada em linhas flexíveis sob a forma de tecido. Esta fibra é utilizada para evitar a 
flambagem dos arames da armadura de tração quando esses estão submetidos à compressão 
(birdcaging, API RP 17B (1998)). 
Fibra de carbono 
Os filamentos que formam as fibras de carbono podem ser obtidos, basicamente, 
através da pirólise controlada, que consiste na decomposição química por tratamento térmico, 
 
 42 
 
de um material precursor em forma fibrilar como a poliacrilonitrila (PAN), o rayon ou o 
piche. Neste processo as temperaturas variam entre 1000°C e 3000°C. 
Os filamentos possuem diâmetro variando entre 4µm e 10µm e as fibras 
propriamente ditas possuem de 3000 a 30000 filamentos. O pequeno diâmetro dos filamentos 
e a forma como esses são arranjados na fibra conferem ao produto final grande flexibilidade 
sendo possível, inclusive, dar um nó na fibra sem danificá-la. 
As características mecânicas destas fibras, como tensão de ruptura e módulo de 
elasticidade, são controladas pelo processo de fabricação, isto é, dependendo do material 
precursor e da temperatura de fabricação, variam-se sensivelmente as propriedades da fibra. 
Pode-se observar as diferentes propriedades de algumas fibras de carbono na Tabela III.6. 
Estas fibras possuem comportamento elástico e linear, além de possuírem propriedades 
anisotrópicas devidas ao seu processo de fabricação. Na Figura III.7 pode-se observar o 
diagrama tensão vs deformação de algumas delas. 
Em linhas flexíveis, as fibras de carbono são utilizadas como componente estrutural 
em materiais compósitos, que serão abordados no próximo item, na tentativa de substituir as 
armaduras de tração. Estas fibras, por serem bem mais leves, flexíveis e resistentes que o aço, 
tornam-se extremamente atrativas para a construção de linhas para a explotação de petróleo 
em águas ultraprofundas. 
 
d) Materiais compósitos 
De uma forma bastante abrangente, pode-se dizer que os compósitos constituem uma 
classe de materiais heterogêneos e multifásicos, podendo ser ou não poliméricos, em que 
existem dois tipos de componentes: o primeiro é descontínuo e oferece a principal resistência 
ao esforço aplicado sendo chamado, portanto, de componente estrutural; e o segundo é 
contínuo e se constitui no meio de transferência do esforço sendo denominado componente 
matricial. Esses componentes não se dissolvem ou se descaracterizam completamente e atuam 
concentradamente. 
O componente estrutural pode ser um material orgânico ou inorgânico (metálico ou 
cerâmico), de forma regular ou irregular, fibroso (tecido ou não-tecido) ou pulverulento 
(esférico ou cristalino), com os fragmentos achatados (como flocos) ou como fibras muito 
curtas, de dimensões quase moleculares ou de material monocristalino (whisker). Quando 
combinados com polímeros de alta resistência ao calor, as temperaturas de aplicação desses 
 
 43 
 
compósitos podem chegar a 900°C, enquanto que, com materiais termoplásticos comuns, 
essas temperaturas não ultrapassam 100°C, e com termorrígidos, 300°C. 
Os componentes estruturais devem ter resistência, rigidez e maleabilidade, que 
geralmente se encontram nas fibras. O seu papel é suportar as cargas máximas e impedir que 
as deformações ultrapassem limites aceitáveis. Quando associados a componentes resinosos, 
resultam materiais que apresentam resistência mecânica bastante elevada. Em relação ao peso, 
os compósitos revelam propriedades mecânicas que podem exceder consideravelmente às dos 
metais. 
O componente matricial é quase sempre um polímero orgânico. O papel da matriz é 
manter a orientação das fibras e seu espaçamento, transmitir as forças de cisalhamento entre 
as camadas de fibras e as proteger de danos superficiais. 
Na Tabela III.7 são apresentados os principais polímeros utilizados nos componentes 
estruturais e matriciais de materiais compósitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 44 
 
Tabela III.7 – Principais polímeros utilizados em materiais compósitos (MANO, 1996). 
Componente Natureza Exemplos 
Fibra de poliamida aromática (kevlar) 
Fibra de carbono 
Fibra de boro 
Fibra de vidro 
Fibra de carboneto de silício 
Contínuo 
Fibras metálicas (alumínio, tungstênio, aço) 
Fibra de cerâmica 
Fibra de grafite 
Fibras metálicas (ferro, cobre) 
Fibroso 
Descontínuo 
Fibras monocristalinas (whiskers) 
Negro de fumo 
Estrutural 
Pulverulento 
Sílica 
Poliamidas alifáticas 
Policarbonato 
Poli (sulfeto de fenileno) (PPS) 
Poli (óxido de metileno) 
Poli-sulfonas 
Policetonas 
Termoplástico 
Poli (tereftalato de butileno) 
Resina epoxídica 
Resina fenólica 
Poliéster insaturado 
Matricial 
Termorrígido 
Poli-imidas 
 
 
Quanto à interface, de importância fundamental nos compósitos, é comum melhorá-
la através do tratamento do componente estrutural com um agente compatibilizante. Por 
exemplo, fibras de vidro são tratadas usualmente com silanos, para melhor compatibilização 
com as matrizes de poliéster ou de resina epoxídica. 
Para as propriedades mecânicas dos compósitos, contribuem os dois componentes: o 
componente estrutural, geralmente com alto módulo de elasticidade e elevada resistência 
mecânica, representado por um material fibroso; e o componente matricial, com baixo módulo 
de elasticidade e grande alongamento, tipicamente constituído de material plástico, não 
quebradiço. A combinação entre excelentes propriedades mecânicas e leveza estrutural torna 
 
 45 
 
os compósitos materiais interessantes para aplicação em engenharia. Na Tabela III.8, 
apresentam-se alguns materiais compósitos e algumas de suas propriedades. 
 
Tabela III.8 – Propriedades físicas de materiais compósitos (HERAKOVICH, 1998). 
 AS4 / poli-imida kevlar® / epóxi S-2 / epóxi 
Densidade 1,52g/cm3 1,38g/cm3 2,00g/cm3 
Módulo 
axial (E1) 
148GPa 77GPa 44GPa 
Módulo 
transversal (E2) 
10,5GPa 5,5GPa 11,5GPa 
Coeficientes de 
Poisson 
(ν12 – ν23) 
0,30 – 0,59 0,34 – 0,37 0,27 – 0,40 
Módulos de 
cisalhamento 
5,6GPa – 3,2GPa 2,1GPa – 1,4GPa 3,5GPa – 4,1GPa 
Tensão de ruptura 
axial (σa) 
2137MPa 1380MPa 1724MPa 
Tensão de ruptura 
transversal (σt) 
53MPa 28MPa 41MPa 
Percentual de 
fibra 
62% 55% 60% 
 
Deve-se observar, contudo, que os materiais compósitos possuem mecanismos de 
colapso distintos de materiais como o aço ou o alumínio. Na utilização destes materiais, deve-
se analisar se as solicitações impostas causam, por exemplo, o descolamento entre o 
componente estrutural e o matricial, o rompimento do elemento estrutural ou mesmo a 
destruição do componente matricial. Cabe ressaltar, também, que a temperatura pode alterar 
significativamente o comportamento do material, logo atenção especial deve ser dada às 
solicitações oriundas de variações térmicas. 
Em linhas flexíveis, estes materiaiscomeçaram a serem utilizados recentemente na 
tentativa de substituir o aço das armaduras de tração por um material mais leve e com 
resistência igual ou superior. Mais adiante estas linhas serão abordadas. 
 
 
 46 
 
e) Principais camadas poliméricas de linhas flexíveis 
Camada plástica interna 
A camada plástica interna (Figura III.1) é, usualmente, extrusada sobre a carcaça 
intertravada e tem como função manter a estanqueidade da linha flexível, isto é, deve impedir 
a disseminação do fluido interno pelas demais camadas da linha flexível. 
A espessura desta camada deve ser tal que viabilize a transmissão dos esforços para 
as camadas metálicas adjacentes, servindo como uma ponte que ajuda a distribuir os esforços 
e auxilia a linha flexível a trabalhar como uma estrutura integrada. 
Outro aspecto é a relação entre a dimensão dos interstícios (folgas) da carcaça 
intertravada e da armadura de pressão e a espessura da camada polimérica. Quanto maior for 
essa relação, menor será a pressão de colapso da camada polimérica (WITZ & BURKE, 
1995), que pode ser reduzida ainda mais dependendo da temperatura de operação da linha. 
Por estar exposta diretamente ao fluido transportado (deve-se lembrar que a carcaça 
intertravada possui interstícios por onde o fluido pode permear), esta camada deve resistir à 
abrasão, corrosão e ao ataque químico dos fluidos conduzidos. 
Sendo assim, utilizam-se, nesta camada, termoplásticos extrusáveis, flexíveis, 
estabilizados no que se refere ao calor, opacos e resistentes ao impacto e ao desgaste. 
Normalmente, utiliza-se a poliamida 11 (PA 11) ou nylon 11, porém, para uso em linhas com 
solicitações menos severas, esta camada pode ser constituída por polietileno de alta densidade 
(HDPE). Cabe destacar que a API RP 17B (1998) sugere também a utilização do XLPE, do 
PVDF ou da PA 12 apresentando, ainda, algumas de suas características. Na Tabela III.9 
apresentam-se propriedades de alguns destes plásticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 47 
 
Tabela III.9 – Principais características de alguns polímeros utilizados em linhas flexíveis de 
camadas não-aderentes (BERGE et al., 1992, API RP 17B, 1998, STEVENSON & 
CAMPION, 1995). 
Propriedades a 20°C 
Temperaturas 
(operação) 
Tipo 
Massa 
específica Tensão 
de ruptura 
Deformação 
de ruptura 
Módulo 
de Young 
Mínima Máxima 
PA 11 1,06g/cm3 28MPa 60% 380MPa -50°C +60°C 
HDPE 0,95g/cm3 16MPa 14% 585MPa -20°C +100°C 
PVDF 1,77g/cm3 23MPa 63% 785MPa -20°C +130°C 
 
Camadas antidesgaste 
Uma das principais características de uma linha flexível de camadas não-aderentes é 
a sua baixa rigidez à flexão, que lhe possibilita acompanhar os grandes deslocamentos 
impostos pelas unidades flutuantes de produção. Essa baixa rigidez à flexão é conferida, entre 
outras razões, pela possibilidade de ocorrer deslizamentos relativos entre as camadas 
metálicas. Estes deslizamentos, no entanto, conduzem a um problema: o desgaste por fricção 
dessas camadas. Com o intuito de minimizar esse desgaste, camadas poliméricas, 
denominadas camadas antidesgaste ou camadas plásticas intermediárias (Figura III.1), são 
extrusadas, em geral, entre a armadura de pressão e a interna de tração e entre as armaduras de 
tração. 
Outra função destas camadas é servir como barreira à permeação do fluido externo 
pelo anular da linha flexível, em caso de falha da camada plástica externa, e, também, evitar o 
vazamento do fluido interno, em caso de falha do plástico interno. Em outras palavras, estas 
camadas também têm por objetivo conferir estanqueidade à linha flexível. 
A determinação da espessura da camada segue os mesmos princípios estabelecidos 
para a camada plástica interna, além de considerar o efeito da fricção das camadas metálicas. 
Os polímeros utilizados nestas camadas devem possuir as características 
apresentadas no item III.2.2.2, destacando-se a resistência ao desgaste. A API RP 17B (1998) 
sugere a utilização de HDPE, XLPE, PA 11, PA 12 ou PVDF. 
Fita de reforço à compressão 
Com a explotação de petróleo atingindo lâminas d’água cada vez mais profundas, a 
compressão axial sobre as linhas flexíveis pode se tornar significativa. Este tipo de carga pode 
 
 48 
 
gerar a expansão radial excessiva dos arames das armaduras de tração, levando-os à 
instabilidade e provocando o fenômeno conhecido como birdcaging ou “gaiola de 
passarinho”. 
Para prevenir o birdcaging, os fabricantes passaram a assentar uma camada 
polimérica constituída por fibras de aramida (kevlar29® ou kevlar49®) sobre a armadura de 
tração externa (NOVITSKY & SERTÃ, 2002). Desta forma, aumenta-se a resistência e a 
rigidez da linha flexível à compressão. 
Camadas isolantes 
A garantia de escoamento é um aspecto fundamental no projeto de uma linha flexível 
para águas profundas e ultraprofundas e, para que haja esta garantia, uma das ferramentas 
utilizadas é o isolamento térmico. 
De acordo com JIAN (2000), o isolamento térmico da linha flexível tem por 
objetivos: evitar a formação de hidratos, parafinas e emulsões que podem bloquear a 
passagem do fluido transportado; e reduzir a viscosidade do fluido transportado para 
economizar potência de bombeio. 
A API SP 17J (1996) aponta que o comprador da linha deve especificar qualquer 
restrição ao desempenho da estrutura quanto à perda ou retenção de calor. Os coeficientes de 
transferência de calor (JIAN, 2000) devem ser baseados no diâmetro interno nominal da linha 
e também devem considerar qualquer efeito externo como, por exemplo, o cobrimento de solo 
para linha enterrada. 
A API SP 17J (1996) ainda indica que as seguintes temperaturas devem ser 
especificadas: temperatura de operação ou perfil de temperatura ao longo da vida útil de 
serviço, temperatura mínima de projeto e temperatura máxima de projeto. O projeto do 
sistema de isolamento térmico deve ser baseado na hipótese de que a barreira protetora 
externa tenha sido danificada expondo, então, o material isolante ao ar e/ou água do mar. Uma 
metodologia para o dimensionamento das camadas isolantes térmicas de uma linha flexível 
pode ser observada em JIAN (2000). 
Os materiais utilizados nas camadas de isolamento térmico indicados pela API RP 
17B (1998) são o PP (polipropileno), o PVC (poli(cloreto de vinila)) e o PU (poliuretano). A 
API RP 17B (1998) ainda aponta que o fabricante tem de documentar as propriedades 
térmicas do material para as condições seca ou molhada. Além disso, deve ser analisada a 
degradação do desempenho térmico causada pela ação da pressão, da temperatura e da água 
do mar sobre o material de isolamento. Por fim, a capacidade de isolamento deve ser sempre 
mantida igual ou acima do valor mínimo especificado. 
 
 49 
 
Camada plástica externa 
A camada plástica externa (Figura III.1) é extrusada sobre as armaduras de tração 
servindo para mantê-las na posição correta, além de proteger a linha flexível contra abrasão, 
danos externos (impacto de ferramentas durante a instalação, impactos com o solo marinho 
etc.), corrosão e ajudar no isolamento térmico da linha. 
Segue, portanto, que a espessura da camada deve ser suficiente para atender a essas 
funções e, além disso, minimizar a possibilidade de falha por extrusão da camada nos 
interstícios da armadura externa de tração. 
Tendo em vista todas estas características, a API RP 17B (1998) sugere a utilização 
de HDPE, PA 11 ou PA 12. 
 
 
5.2 - Tipos de Linhas Flexíveis de Camadas Não-Aderentes 
 
5.2.1 - Configurações típicas de linhas flexíveis 
Nos itens anteriores, apresentaram-se as principais camadas que compõem uma linha 
flexível. Neste item, será abordada a forma como essas camadas podem ser dispostas em uma 
linha flexível de camadas não-aderentes. 
Uma linha flexível pode ter entre 5 e 19 camadas e diâmetros internosentre 2,5” e 
19” (COFLEXIP, 2002). A API RP 17B (1998) aponta três famílias de linhas flexíveis de 
camadas não-aderentes: linhas de parede lisa, parede rugosa sem reforço à pressão e parede 
rugosa com reforço à pressão. A Figura III.9 ilustra alguns destes tipos de linha flexível. 
 
(a) 
 
(b) 
Figura III.9 – Tipos de linha flexível de camadas não-aderentes: (a) parede lisa e (b) 
parede rugosa com reforço à pressão (COFLEXIP, 2002). 
 
 50 
 
A linha de parede lisa é utilizada para transporte de fluidos que não causam difusão 
de gases através da camada plástica interna que, nestas linhas flexíveis, é a camada mais 
interna. Este tipo de linha possui, tipicamente, as seguintes camadas (da mais interna para a 
mais externa): camada plástica interna, armadura de pressão (com uma possível camada de 
reforço à pressão), um par de armaduras de tração e uma camada plástica externa. 
As linhas de parede rugosa possuem uma carcaça intertravada como camada mais 
interna e são utilizadas para transporte de gases ou fluidos que contenham gases. Utiliza-se a 
carcaça intertravada de aço nestes casos para, além de melhorar as características mecânicas 
da estrutura, prevenir o colapso por uma queda abrupta na pressão interna. Este tipo de linha 
pode possuir, ainda, uma armadura de pressão, caracterizando uma linha de parede rugosa 
com reforço à pressão. Sendo assim, as linhas de parede rugosa possuem as seguintes 
camadas (da mais interna para a mais externa): carcaça intertravada, camada plástica interna, 
armadura de pressão (opcional), um par de armaduras de tração e uma camada plástica 
externa. 
Dependendo da aplicação, no entanto, estas linhas podem receber camadas adicionais 
como, por exemplo, camadas antidesgaste entre as camadas metálicas, camadas de isolamento 
térmico, armaduras de tração adicionais (sempre em número par), camadas de fibra de 
aramida para a prevenção de birdcaging, etc. 
As linhas flexíveis, de acordo com COFLEXIP (2002), podem ser utilizadas em 
lâminas d’água máximas entre 1000m e 2000m. Novos desenvolvimentos, no entanto, são 
continuamente propostos pela indústria para ampliar esses limites. Alguns deles, como a 
alteração dos perfis da armadura de pressão (NETO et al., 2001), não introduzem 
modificações na forma da seção transversal das camadas. Por outro lado, existem estruturas 
como o ISU® e o IPB®, que unem o conceito de umbilical e linha flexível, e outras 
constituídas por materiais compósitos que podem ser bastante distintas das linhas flexíveis 
típicas. No próximo item, estas novas estruturas serão abordadas. 
 
5.2.2 - Novas concepções para linhas flexíveis 
As novas concepções para linhas flexíveis têm vários objetivos como, por exemplo: 
garantir o escoamento do fluido transportado; gerar estruturas mais leves, confiáveis e 
resistentes; minimizar o número de linhas por poço; e capacitar linhas com maior diâmetro 
interno para a explotação de petróleo. 
O desenvolvimento de novas concepções de linhas flexíveis se faz necessário pelo 
fato de a tecnologia atualmente disponível estar limitada, segundo COFLEXIP (2002), a 
 
 51 
 
aproximadamente 2000m de lâmina d’água para linhas de 6” e 1000m para linhas de 16”. O 
atual recorde mundial é de 1709m para linhas estáticas (flowlines) e 1390m para linhas 
dinâmicas (risers). Sendo assim, existe um longo caminho a ser seguido e muitos desafios a 
serem vencidos até capacitar estas estruturas para 3000m, como apontado por NETO et al. 
(2001). 
Os fabricantes trabalham, basicamente, nos seguintes tópicos: desenvolvimento de 
novos perfis para as armaduras de pressão e para a carcaça intertravada; formas de monitorar 
o comportamento de linhas flexíveis em serviço; estudo de materiais alternativos mais 
resistentes e leves para a substituição das armaduras de aço; estudo de materiais que 
propiciem melhor isolamento térmico ou desenvolvimento de novos conceitos de isolamento 
térmico; e desenvolvimento de novas estruturas. Nos próximos itens, estes aspectos serão 
abordados. 
 
5.2.3 - Novas Concepções para as Armaduras Metálicas 
a) Novos perfis para as armaduras de pressão e carcaça intertravada 
A COFLEXIP está qualificando um novo tipo de perfil para a armadura de pressão 
para ser utilizado em linhas flexíveis para lâminas d’água ultraprofundas. Este perfil é 
conhecido por PSI (Figura III.10). Trata-se de um perfil em forma de I que, segundo NETO et 
al. (2001), aumenta a resistência da camada e diminui o peso por unidade de comprimento. 
 
 
Figura III.10 – Perfil PSI (COFLEXIP, 2002). 
 
A NKT também está desenvolvendo um novo tipo de camada de pressão para 
substituir a carcaça intertravada (RYTTER et al., 2002). Trata-se de um perfil pré-fabricado 
em forma de K, aliviado de tensões residuais, que possui inércia à flexão bastante superior à 
 
 52 
 
da carcaça intertravada convencional. Esta nova estrutura não só será capaz de resistir às 
cargas radiais como também à compressão axial podendo, assim, auxiliar no combate ao 
birdcaging. O perfil é apresentado na Figura III.11. 
 
 
Figura III.11 – Nova concepção de carcaça intertravada proposta pela NKT 
(RYTTER et al., 2002). 
Esta nova estrutura da NKT pode tanto ser utilizada em linhas convencionais quanto 
em uma nova linha flexível, que também está sendo desenvolvida, e será apresentada mais 
adiante. 
b) Novas tecnologias para o monitoramento do comportamento em serviço de linhas flexíveis 
Uma das maiores preocupações dos fabricantes de linhas flexíveis, à medida que 
avançam para lâminas d’água cada vez mais profundas, é a integridade estrutural. Por isso, 
uma nova linha de pesquisa na área de linhas flexíveis tem se desenvolvido rapidamente nos 
últimos anos: o monitoramento das camadas internas das linhas flexíveis durante a operação. 
Nesta área, especial atenção tem sido dada à questão da fadiga nos arames das 
armaduras de tração. BERG & NIELSEN (2002) apresentam uma forma de integrar fibras 
ópticas aos arames tanto da armadura interna quanto da armadura externa de tração durante 
sua fabricação. Isto permite, inicialmente, a obtenção de dados relativos a camadas que, até 
aqui, eram impossíveis de serem monitoradas. Com estes dados, é possível calibrar modelos 
numéricos para uma melhor previsão do comportamento das linhas flexíveis. Além disso, no 
futuro, este monitoramento em tempo real permitirá avaliar a vida útil restante da linha 
flexível, a corrosão nos tendões e/ou a condição do anular da linha flexível. A Figura III.12 
ilustra esta nova tecnologia. 
 
 53 
 
 
 
 
(a) 
 
 
(b) 
Figura III.12 – (a) Conceito básico do sistema de monitoramento com fibra óptica e (b) 
detalhe do posicionamento do sensor no arame (em azul) (BERG & NIELSEN, 2002). 
c) Novos materiais para as armaduras de pressão e tração 
A API RP 17B (1998) indica três materiais como alternativas para a substituição do 
aço nas linhas flexíveis: o alumínio, a fibra de aramida e os materiais compósitos. 
Segundo a API RP 17B (1998), o alumínio poderia ser utilizado para substituir o aço 
da carcaça intertravada e/ou das armaduras de pressão e tração com a vantagem de se obter 
estruturas mais leves e resistentes. A API RP 17B (1998) destaca ainda algumas dificuldades 
para a utilização deste material, a saber: corrosão quando próximo ao aço (CHAPERON et al., 
1991), abrasão, desgaste, fadiga e soldabilidade, entre outros. Uma outra desvantagem do 
alumínio é o custo deste material, que é bem superior ao do aço comum. Estimativas 
preliminares (MAKINO et al., 1993) indicam que a substituição do aço da camada de reforço 
à pressão por alumínio triplicaria o preço da linha flexível. 
Outra alternativa é a utilização da fibra de aramida para substituir o aço carbono das 
armaduras de tração. Este material, como apresentado anteriormente, apresenta

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