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FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

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FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO
As fontes indicam a origem/procedência das normas e princípios
de Direito Administrativo. Assim, constituem todos os elementos, de
onde surgem normas de direito administrativo, compreendendo quaisquer
manifestações, escritas ou não, que surtam efeitos jurídico administrativos.
A doutrina aponta 4 principais fontes do Direito Administrativo:
LEI
Um dos pilares básicos de nosso ordenamento jurídico é o princípio da legalidade administrativa, de tal forma que, administração pública somente pode fazer o que a lei autorizar ou determinar.
A lei, a título de fonte do Direito Administrativo, é considerada em sentido amplo (qualquer texto de natureza normativa e orientadora da função administrativa do Estado), que abrange a Constituição Federal, lei ordinária, lei complementar, lei delegada, medidas Provisórias e outras.
		Lei no sentido formal é fruto do Poder Legislativo por excelência, referindo-se às Leis Complementares, Leis Ordinárias ou Leis Delegadas, isto é, atos normativos produzidos exclusivamente pelo Congresso Nacional ou por ele delegados, seguindo os dispositivos dos artigos do Título IV, Capítulo I, Seção VIII, Subseção III da Constituição Federal de 1988. Caracteriza-se pela forma, não necessariamente pelo conteúdo; deve seguir todo um determinado trâmite pelas Casas Legislativas.
DOUTRINA 
São as formulações de teses e teorias com a finalidade de explicar o objeto de seu estudo, no caso, o conteúdo das normas administrativas, indicando seu entendimento acerca da melhor interpretação ou das interpretações possíveis dessas normas. A doutrina é fonte secundária, indireta ou subsidiária, pois não cria leis diretamente, mas apenas as interpreta e influencia a elaboração de novas normas. A doutrina influencia o julgamento de lides contenciosas e não contenciosas, auxiliando o aplicador do Direito a enquadrar os casos concretos aos ditames legais.
Há autores que entendem que pelo fato da doutrina não criar norma diretamente (afronta ao princípio da legalidade) ou forem contrárias às leis, não podem ser compreendidas como fonte do direito administrativo.
A doutrina é fonte escrita, indireta, secundária (mediata) ou subsidiária para o Direito Administrativo, não gerando direitos para os particulares, mas contribuindo para a formação do nosso ramo jurídico.
JURISPRUDÊNCIA
São as decisões reiteradas a respeito de determinada matéria, ou seja, são os entendimentos precedentes sobre determinado assunto que balizam o exame de futuros casos. Não se trata de uma decisão isolada, mas de várias decisões no mesmo sentido!
A jurisprudência é fonte secundária, indireta ou subsidiária, pois, é construída a partir da interpretação e aplicação das normas constitucionais e legais. A exemplo da jurisprudência do Tribunal de Contas da União em matéria de licitações ou de pessoal, possui um importante parâmetro para a administração pública.
Em regra, a jurisprudência não vincula a administração pública ou o Poder Judiciário. Não vigora entre nós o princípio norte-americano do “stare-decises”, segundo o qual a decisão judicial superior vincula as decisões inferiores para os casos idênticos.
Há de se ressaltar as decisões adotadas pelo Supremo Tribunal Federal nas ações integrantes do controle abstrato de normas, as quais produzem eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas Federal, estadual e municipal.
As súmulas vinculantes, que podem ser aprovadas pelo STF a fim de tornar obrigatória a observância de suas decisões de matéria constitucional para os demais órgãos do Poder Judiciário e para a administração pública direta e indireta, nas esferas Federal, estadual e municipal.
Alguns autores, inclusive, entendem que essas decisões judiciais com efeitos vinculantes ou com eficácia contra todos (erga omnes) não podem ser consideradas meras fontes secundárias de Direito Administrativo, e sim fontes principais, eis que alteram diretamente o ordenamento jurídico positivo, estabelecendo condutas de observância obrigatória para a Administração Pública e para o próprio Poder Judiciário.
A jurisprudência tem mero caráter persuasivo, ou seja, apenas de induzir o magistrado a julgar segundo aquele entendimento jurídico.
Seleciona Hely Lopes Meirelles, uma característica marcante da jurisprudência é seu nacionalismo, que é oriunda da aplicação do direito pátrio aos casos concretos, ao contrário da doutrina, que tende a se universalizar com a formulação de princípios teóricos aplicáveis às situações genéricas e abstratas.
A jurisprudência é fonte não escrita do direito administrativo, impondo-se pela força moral que possui junto à sociedade.
COSTUMES
Os costumes são comportamentos reiterados e tidos por obrigatórios pela consciência popular. O costume é de pouca relevância para o direito administrativo, tendo em vista a ênfase na aplicabilidade do princípio da legalidade.
Os costumes só podem ser considerados vigentes e exigíveis quando não contrariam nenhuma regra ou princípio estabelecido na legislação. O costume é aplicado quando houver lacuna da legislação, sempre segundo a lei (secundum legem) e para preenchimento de vácuo legislativo (praeter legem- assunto não regulado pela lei) e nunca contra a lei (contra legem).
Quando os costumes influenciam a elaboração de novas normas ou construção da jurisprudência, são considerados fontes secundárias, indiretas ou subsidiárias. Por sua característica intocável, são classificados como fontes não organizadas ou não escritas, vale dizer, não são fontes formais ou escritas, tal qual a lei.
Assim, os costumes são caracterizados pela presença simultânea dos requisitos objetivo e subjetivo, nessa ordem, o hábito continuado e a convicção de obrigatoriedade.
 As praxes não contam com o aspecto subjetivo, pois são práticas reiteradas dentro da administração, usadas pelos agentes públicos na resolução de casos concretos, portanto, desconhecidas dos cidadãos em geral, no que diferem dos costumes, espalhados da sociedade.
A praxe é fonte não organizada (não escrita), material ou substancial, não tem o caráter de obrigatoriedade.
REGIMENTO
São atos administrativos normativos destinados a reger o funcionamento dos órgãos da Administração, e atinge aquelas pessoas que estão vinculadas à atividade regimental.
São atos normativos de atuação interna. Destina-se a reger o funcionamento de órgãos colegiados e corporações legislativas. Só se dirige aos que devem executar o serviço, sem obrigar aos particulares em geral. Emanam do poder hierárquico.
Hely- são atos administrativos normativos, dado que se destinam a reger o funcionamento de órgãos colegiados, e de corporações legislativas. Como ator regulamentar interno o regimento só se dirige aos que deve executar o serviço ou realizar a atividade funcional regimentada, sem obrigar os particulares em geral.
REGULAMENTO ADMINISTRATIVO
A designação Regulamento Administrativo se refere ao conjunto de normas e atos que tem como finalidade regular parte da extensa atuação do Direito Público, dada a grande área de atuação do setor público na sociedade.
Os Regulamentos Administrativos provêm do Poder Regulamentar que a Administração Pública possui, a principal base que fundamenta esse poder são as constatações de que a lei por si só não consegue suprir todos os detalhes da matéria que disciplina, e também que o Executivo detém maior conhecimento dos mecanismos administrativos necessários para a execução íntegra da lei. Tais mecanismos abrangem por exemplo a possível necessidade da adaptação ou criação de um órgão administrativo para cumprir a lei ou também da efetivação de procedimentos administrativos para que a lei possa ser executada. 
Os Regulamentos Administrativos constituem o poder do Chefe do Executivo da União, dos Estados e dos Municípios, de regulamentar a matéria referente à Administração Pública. Portanto, quando se diz Regulamento Administrativo, refere-se aosatos formados no âmbito da Administração Pública e emitidos pelo Chefe do Poder Executivo.
A expedição de Regulamentos Administrativos é função típica desses Chefes do Executivo, uma vez que, dentro da noção da execução de leis, inerente a este poder, é essencial também que exista a função normativa do Poder Executivo, que possibilite a melhor execução de leis que, por característica própria, são incapazes, por vezes, de especificar ou se adequar completamente ao mundo fático. De acordo com a definição do renomado jurista brasileiro, Celso Antônio Bandeira de Mello:
Pode-se conceituar o regulamento em nosso Direito como ato geral e (de regra) abstrato, de competência privativa do Chefe do poder Executivo, expedido com a estrita finalidade de produzir as disposições operacionais uniformizadoras necessárias à execução de lei cuja aplicação demande atuação da Administração Pública.
A regulamentação administrativa, portanto, é a regulamentação que tem como objetivo organizar o Poder Público, adequando-o, necessariamente, às normas vigentes e tornando-o mais eficiente para atender aos interesses dos administrados. Esse objetivo tem como consequência uma relação direta com inúmeras áreas do Direito Administrativo, o que engloba os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (explicitados no art. 37 da Constituição Federal de 1988) - bem como da continuidade e da universalidade referentes aos serviços públicos.
Deve-se ressaltar que, atualmente, os Regulamentos Administrativos são, em sua maioria resultado de normas complementares exigidas pelas leis referentes à administração, ou de mesma natureza que as normas complementares. Isso porque, com a tendência à maior regulamentação estatal das atividades administrativas, a edição de leis voltadas à disciplinar esta área nas últimas décadas foi considerável. Entretanto, o legislador se vê incapaz de prescrever todas as situações e organizar de maneira eficiente a totalidade da Administração Pública, transferindo essa tarefa de organização do funcionamento interno da Administração para os regulamentos.
Para tornar mais tangível o tema aqui apresentado, pode-se remeter a alguns exemplos de Regulamentos Administrativos, sendo eles o regulamento de organização do Ministério da Fazenda, o regulamento das leis de imposto de renda, o regulamento do setor de telecomunicações, entre outros. É relevante, também, apresentar um pouco do contexto histórico através do qual este dispositivo surgiu no direito brasileiro e como se deu a sua evolução até os dias atuais.  
Pode-se encontrar a fundamentação jurídica dos Regulamentos Administrativos no art. 84, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, o qual estabelece:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução
É claro, portanto, que a competência da Regulamentação Administrativa, segundo estabelecido por este artigo, é privativa do Chefe do Poder Executivo. Entretanto, ela não é exclusiva. Segundo o entendimento dominante da doutrina brasileira, cabe tanto ao Presidente da República quanto aos Governadores e aos Prefeitos a criação de Regulamentos Administrativos, ou seja, o poder regulamentar se estende para as três esferas do governo.
Essa competência regulamentar específica, emanada dos Chefes do Executivo, pode ser entendida como uma atividade normativa secundária deste poder. A atividade normativa primária é referente às Emendas Constitucionais, as leis ordinárias, complementares e delegadas, as medidas provisórias, entre outras. Os Regulamentos Administrativos, por sua vez, são classificados como uma atividade normativa secundária do Poder Executivo, uma vez que dependem da existência prévia de uma lei, a qual será regulamentada, com o objetivo de otimizar e melhorar a sua execução.
Partindo-se do pressuposto de que, segundo o estabelecido no art. 84, inciso IV, da CF, os Regulamentos Administrativos visam a fiel execução das leis, pode-se concluir que estes dependem da existência prévia da legislação que será regulamentada, e que esta deve apresentar necessidade de maiores especificações para que atinja o objetivo intentado pelo legislador, bem como para que possa ser aplicada corretamente pelos entes administrativos. Nota-se aqui a clara presença do princípio da eficiência (emanado do art. 37 da Constituição, como já apresentado), sendo posto em prática através da edição destes regulamentos. Portanto, a dependência da existência de prévia legislação para regulamentação evidencia a subordinação à qual os regulamentos estão submetidos em relação às normas
Regulamentos Administrativos Executivos 
No Brasil, a atuação dos Regulamentos Administrativos se dá através da expedição de decretos. No Portal de Legislação do Planalto pode-se observar o grande número de decretos disponíveis, os quais estão definidos apenas como "Decretos: Editados pelo Presidente da República, regulamentam as leis e dispõem sobre a organização da administração pública."
Regulamentos Administrativos Autônomos
Apesar dessas variadas subdivisões, cabe uma ressalva em relação à classificação dos Regulamentos Administrativos quanto à lei. É convenção entre os administrativistas considerarem que existem, no Brasil, apenas os regulamentos executivos, uma vez que os regulamentos, de acordo com o art. 84, inciso IV da Constituição Federal, dependem de prévia existência da lei, sendo que não podem inovar o ordenamento jurídico, mas apenas explicar como uma lei deverá ser aplicada. Entretanto, mesmo sendo os regulamentos executivos a regra no Brasil, a Emenda Constitucional nº 32 que modificou dentre outras coisas o inciso VI do art. 84 da CF, promoveu um tipo de regulamento autônomo, permitindo que o chefe do Poder Executivo regulamente sem existência prévia de lei e se valendo apenas da fundamentação no texto constitucional.
Contudo, não é pacífico na doutrina quanto ao entendimento do disposto da Emenda Constitucional nº 32 recair em um regulamento autônomo, isso porque o Regulamento Administrativo imposto em tal Emenda só pode dispor de matéria determinada no próprio inciso, sendo essa sobre a organização e funcionamento da administração federal, obedecendo o limite de não recair em aumento de despesa e nem criar ou extinguir órgãos, e sobre a extinção de funções ou cargos públicos vagos. Observa-se que a Emenda Constitucional só permitiu regulamentos "autônomos" que versem sobre efeitos internos à Administração. Sobre essa discussão o houve o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal da ADI nº 2564-3/DF da relatora Min. Ellen Gracie onde determinou que o "decreto autônomo" do Presidente da República era constitucional, pois: Ausência de ofensa ao princípio da reserva legal, diante da nova redação atribuída ao inciso VI do art. 84 pela Emenda Constitucional nº 32/01, que permite expressamente ao Presidente da República dispor, por decreto, sobre a organização e o funcionamento da administração federal, quando isso não implicar aumento de despesa ou criação de órgãos públicos, exceções que não se aplicam ao Decreto atacado. Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido se julga improcedente.
Regulamentos expedidos por Agências Reguladoras
Para fins classificatórios, vale ressaltar que Regulamentos Administrativos também podem ser observados para além dos decretos expedidos pelo Chefe do Executivo. Isso porque também existem os regulamentos através dos quais agem as Agências Reguladoras de atividade econômica. Este tipo de regulamento, entretanto, não se relaciona diretamente ao Regulamento Administrativo, executivo ou autônomo – (previstos nos incisos IV e VI, respectivamente, do art. 84, da CF/88), definido anteriormente como função típica dos Chefes dos Poderes Executivos referentes à regulamentação de matérias da Administração Pública – se tratando apenas de um dos meios através do qual agem as Agências Reguladoras.
Estes regulamentos têm origem nas próprias AgênciasReguladoras e versam sobre temas da competência dessas agências, não se encontrando sob forma de decreto, como aqueles originados do Executivo. Um exemplo pode ser observado no Regulamento nº 632, de 7 de março de 2014, conhecido como Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações, editado pelo Conselho Diretor da ANATEL. A edição do mencionado regulamento é atribuída ao Conselho Diretor pelo art. 22 da Lei nº 9472/97, com o objetivo garantir certa autonomia normativa para regular sobre matérias de competência da própria Agência. 
Por fim, ressalta-se que os regulamentos administrativos expedidos por Agências Reguladoras constituem função atípica destas instituições e, neste sentido, não podem de maneira alguma colidir ou divergir de qualquer Regulamento Administrativo advindo do Chefe do Poder Executivo, sendo que se subordinam a estes juridicamente. 
Limites Impostos
Os regulamentos administrativos devem ser limitados para que o poder do Chefe do Executivo não exceda aquele intentado pelo legislador quando da atribuição deste poder regulamentar no ordenamento jurídico. Os limites impostos aos regulamentos administrativos são de três ordens: formais, legais e constitucionais. É essencial que estes limites sejam seguidos no momento da edição dos regulamentos administrativos, uma vez que, caso sejam inobservados, o regulamento se torna inválido. A seguir, definirei os diferentes tipos de limites e como eles influenciam diretamente na edição dos regulamentos administrativos.
O limite formal é referente ao tipo de veículo através do qual o regulamento administrativo se torna público. Conforme estabelecido no inciso IV do artigo 84 da Constituição Federal, regulamentos administrativos devem ser exteriorizados por decretos, sendo que, caso eles sejam feitos através de outro mecanismo legal, como por exemplo, por uma portaria, o regulamento estaria sendo expedido de maneira inadequada e, portanto se tornaria inválido.
Já os limites legais dizem respeito à matéria que pode ser regulamentada. Caso o Presidente, por exemplo, legisle de modo a inovar o documento normativo, através de regulamentos administrativos, os quais devem estabelecer normas para o melhor cumprimento de leis já existentes, ele estaria excedendo a matéria que pode ser tratada em regulamentos e, portanto, se tornaria inválido devido ao limite legal existente.
Por fim, os limites constitucionais impostos aos regulamentos administrativos são aqueles que estão relacionados à reserva legal. Neste sentido, regulamentos que criem cargos ou deleguem funções as quais a Constituição expressamente assevera que devem ser incumbidos através de lei, tornam-se inválidos. Devem dispor, apenas, sobre questões administrativas delimitadas.
Todos estes limites aqui enumerados, caso não observados, viciam o regulamento administrativo e o tornam inválidos. Além disso, como já discutido anteriormente, os regulamentos administrativos são hierarquicamente inferiores à Constituição Federal e às demais leis, portanto, também estão sob esta amarra.
Regulamentação do Ministério da Fazenda
Outro exemplo da atuação concreta dos regulamentos administrativos pode ser observado através do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, que regulamenta sobre a organização do Ministério da Fazenda. Especificamente, trata sobre "o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União, o processo de consulta sobre a aplicação da legislação tributária federal e outros processos que especifica", bem como no que tange demais matérias administradas pela atuação da Secretaria da Receita Federal do Brasil.
Para não me estender muito neste tópico, limito-me a tratar apenas de um aspecto deste regulamento: o referente à regulação do Sistema Tributário Nacional. Este, foi inicialmente estabelecido pelo Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, conhecida como Código Tributário Nacional, que dispõe de maneira geral sobre o referido Sistema, instituindo normas do direito tributário aplicáveis tanto à União, quanto aos Estados e Municípios.
A necessidade de atualização das disposições previstas em uma Lei anterior à Constituição, bem como a carência de determinações organizacionais do ponto de vista administrativo e prático no que tange a atuação desta, fizeram com que a regulamentação administrativa através do referido Decreto, expedido em 2011, fosse imprescindível.
É importante lembrar que, da mesma maneira como explicitado no exemplo referente à regulamentação do serviço telefônico acima, também na regulamentação organizacional do Ministério da Fazenda é evidenciada a competência do Chefe do Executivo em expedir o regulamento administrativo, na forma de Decreto, chamando-se o art. 84, inciso IV, da Constituição Federal.
Principais problemas enfrentados pelos Regulamentos
O principal problema evidenciado pelos doutrinadores do Direito Administrativo é referente ao espaço de atuação próprio desses regulamentos, bem como à matéria que podem ou não regular. Como já foi esclarecido aqui, os regulamentos administrativos devem respeitar o Princípio da Legalidade e a supremacia da Constituição Federal, entretanto, obedecidos esses importantes requisitos, podem os regulamentos tratar sobre qualquer outro assunto?
Os regulamentos administrativos, como já estabelecido, são decorrentes de uma atividade normativa secundária dos Chefes do Executivo, por dependerem da existência prévia da lei, a qual será regulamentada. Entretanto, além desta dependência já estabelecida, dependeriam também da concessão expressa deste poder normativo em lei? Ou seja, é necessário que a lei estabeleça a criação de regulamentos sobre um determinado assuntou ou pode a Administração Pública valer-se deste poder normativo de maneira autônoma?
Ainda não há consenso sobre este assunto, apesar da maioria dos doutrinadores acreditar que é necessário que haja autorização em lei para a expedição de regulamentos.
Não havendo concordância sobre a necessidade de leis que estabeleçam a criação de regulamentos administrativos, surge outro problema a ser debatido: caso a autorização de regulamentos através de lei seja realmente essencial, qual é o limite sob o qual estas leis se encontram? Ou seja, podem essas leis conferirem indiscriminadamente o poder de editar regulamentos para os chefes do Poder Executivo?
Desta indagação, surge um novo questionamento referente aos regulamentos administrativos: seria esse mecanismo uma forma de confusão constitucional dos poderes característicos do Legislativo, atribuídos para o Executivo de maneira imprópria e, portanto, ferindo o Princípio da Separação dos Poderes?
Segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, podendo ser citado o recente entendimento provido pelo ministro Eros Grau decorrente de julgamento de Habeas Corpus em 23/09/2008 (HC 85.060), a função de expedição de regulamentos administrativos pelo Executivo não constitui afronta ao Princípio da Separação de Poderes, uma vez que se trata de função normativa, e não de função legislativa (função garantida exclusivamente ao Poder Legislativo).
Ou seja, regulamentos, por serem atos normativos de caráter não legislativo, não interferem na separação dos poderes (estabelecida no segundo artigo da Constituição Federal, bem como em cláusula pétrea no artigo 60, inciso III da mesma) e não constituem usurpação de funções Legislativas por parte do Executivo, tratando-se de diferentes competências garantidas constitucionalmente.
O entendimento majoritário referente à esta questão é no sentido de que certas decisões referentes à Administração devem ser exclusivas à lei, levando-se em consideração a reserva legal. O que diverge é sobre quais são essas decisões e em que medida é possível definir positivamente circunstâncias nas quais os regulamentos administrativos podem efetivamente ser expedidos, considerando-se a mutabilidade das situações, bem como as diferentes necessidades temporais dos regulamentos administrativos.
Ainda tratando da exigibilidade ou não de lei prévia queautorize os regulamentos, pode-se concluir que a Constituição Federal, quanto aos regulamentos administrativos, garante a competência privativa do Presidente da República em "sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução", entretanto, não estabelece que os regulamentos devem ser autorizados previamente. Sobre este assunto, cito o administrativista Carlos Ari Sundfeld:
Também há muitos outros assuntos para os quais a Constituição não faz exigência expressa de que sejam tratados em lei. A opinião geral é que mesmo nesses casos a lei tem de dizer um mínimo sobre o tema, antes de passar a competência normativa ao administrador público. Isso porque existe algo como uma reserva geral de lei, criando a necessidade de haver sempre uma lei na origem do que a Administração faz. Mas qual é esse mínimo que a lei tem de dizer para autorizar a Administração a agir? Isso é discutido em cada caso pelos juristas e pela jurisprudência, e as opiniões podem divergir muito.
Por fim, um último problema levantado sobre os regulamentos administrativos diz respeito à sua exigibilidade para a própria Administração, ou seja, sendo esta a criadora dos regulamentos e tendo capacidade de modificá-los de acordo com a necessidade (assim como o legislador e as leis que este cria, em comparação),está a Administração vinculadas aos seus próprios regulamentos e, portanto, submetida e eles?
Conclui-se positivamente quanto à esta última questão, sendo que, enquanto forem válidos, os regulamentos administrativos devem ser respeitados pela Administração. O Princípio da Legalidade, já abordado anteriormente nesta página em relação aos regulamentos administrativos, torna-se ainda mais amplo, uma vez que, estando a Administração vinculada aos seus regulamentos, a submissão desta se dá, além da referente ao legislador, também em relação ao direito em si, o que inclui a Constituição, os princípios dela emanados, as leis e os regulamentos.
INSTRUÇÃO NORMATIVA
São as ordens gerais que visam explicar o modo e forma de execução do serviço público, expedidas por um superior hierárquico com finalidade de orientar o desempenho das atribuições pelos subordinados.
Ordens escritas e gerais emanadas do superior hierárquico, com a finalidade de atingir e orientar seus subordinados em relação ao modo e forma de execução de um determinado serviço.
Hely Lopes Meirelles- São ordens escritas e gerais a respeito do modo e forma de execução de determinado serviço público, expedidas pelo superior hierárquico com o escopo e orientar os subalternos no desempenho das atribuições que lhe estão afetas e assegurar a unidade de ação no organismo administrativo. As instruções normativas ou regulamentares são atos administrativos expedidos pelos Ministros de Estado para a execução das leis, decretos e regulamentos (CF, 87, parágrafo único,II), mas são também utilizadas por outros órgãos superiores para o mesmo fim.
Instrução é “a forma mediante a qual os superiores expedem norma gerais, de caráter interno, que prescrevem o modo de atuação dos subordinados em relação a certo serviço”. (Diógenes Gasparini – Direito Administrativo) “As instruções assemelham-se às circulares e às ordens de serviço.” “Geralmente são apresentadas sob a qualificação de Instruções Normativas.” (Adalberto J. Kaspary – (Redação Oficial – Normas e Modelos) “A única diferença que pode ser notada é que as instruções são geralmente documentos mais importantes que as circulares e, sobretudo, que as ordens de serviço.” (José Cretella Júnior – Tratado de Direito Administrativo, vol. II) É o ato assinado por titular de órgão responsável por atividades sistêmicas, visando a orientar órgãos setoriais e seccionais, a fim de facilitar a tramitação de expedientes relacionados com o sistema e que estejam com instrução e resolução sob responsabilidade desses órgãos. Trata, também, da execução de leis, decretos e regulamentos.
		
ESTATUTO
É um regulamento que determina ou estabelece norma. Pode ser definido como um conjunto de normas jurídicas que regulamenta o funcionamento de uma pessoa jurídica, quer seja uma sociedade, uma associação ou uma fundação.
TRATADO INTERNACIONAL
É um acordo formal e escrito, celebrado entre Estados e/ou organizações internacionais. Tem por finalidade produzir efeitos na ordem jurídica de direito internacional. Por ser um acordo, pressupõe manifestação de vontade bilateral ou multilateral.

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