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JJaarrddiinnaaggeemm ee PPaaiissaaggiissmmoo Módulo I Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente, Equipe Cursos 24 Horas Sumário Introdução...................................................................................................................3 Unidade 1 – Abordagem Inicial..................................................................................5 1.1 – O que é o paisagismo e a jardinagem ................................................................6 1.2 – Os jardins no Brasil e nas Américas................................................................ 10 1.3 – A importância do solo..................................................................................... 15 Unidade 2 – Construindo o Jardim .......................................................................... 30 2.1 – Ferramentas necessárias.................................................................................. 31 2.2 – Etapas de construção de jardins ...................................................................... 40 2.3 – Plantação do jardim ........................................................................................ 48 2.4 – Pragas e doenças das plantas........................................................................... 53 Conclusão do módulo 1 ............................................................................................. 60 3 Introdução Atualmente, grande parte dos brasileiros vive em grandes centros urbanos, repletos de estruturas de concreto e com o ar poluído. O modo de vida agitado e inconstante dessas cidades, aliado à falta de contato com a natureza, contribui significativamente para a piora da qualidade de vida de todos nós. Dessa forma, se apresenta como uma necessidade contemporânea um retorno ao contato com a natureza, com sua beleza e pureza. A existência de áreas verdes, não apenas em residências, mas dentro das casas e nos espaços urbanos públicos melhora a vida dos moradores das grandes cidades que, além de apreciarem um espaço harmônico, possuem um espaço de socialização em contato direto com a natureza. Daí vem a importância da jardinagem e do paisagismo, que são duas áreas do conhecimento voltadas para a composição de visuais inspirados na natureza, para que eles sejam agradáveis e harmônicos. Neste curso não temos a pretensão de esgotar o assunto, pois o paisagismo e a jardinagem são práticas antigas e ricamente detalhadas, com muitas informações importantes. Nosso objetivo aqui é expor os conceitos mais fundamentais relativos a essas duas práticas. Muitos pensam que construir um jardim harmonioso é tarefa dispendiosa, mas neste curso mostraremos como é possível montar um belo jardim sem que isso seja muito custoso para você. Serão mostrados todos os materiais e as etapas necessárias para a construção de um jardim, assim como as plantas que você pode escolher para compô-lo e os cuidados que precisa ter na manutenção. Você verá também como é importante realizar esse trabalho em parceria com um bom profissional, jardineiro e/ou paisagista. 4 Assim, esperamos que você aprenda os conceitos fundamentais sobre jardinagem e paisagismo, obtendo as ferramentas teóricas necessárias para a construção de um jardim. Queremos mostrar também que todos podem possuir um espaço verde belo e harmônico, independente do tamanho da área e dos recursos disponíveis, colaborando para a qualidade de vida tanto do proprietário do espaço quanto da comunidade próxima como um todo, que também será beneficiada pela sua presença. 5 Unidade 1 – Abordagem Inicial Olá aluno (a), Nesta unidade você irá estudar os conceitos iniciais no que se refere à jardinagem e ao paisagismo: o que são, qual a importância deles e como contratar um bom jardineiro. Em seguida, iremos conhecer como essa prática se desenvolveu e quais são os estilos de jardim predominantes no Brasil e no continente americano como um todo. Por fim, veremos o elemento mais essencial na composição de um jardim: o solo. Quais são os tipos de solo, por que ele é importante e como prepará-lo e adubá-lo corretamente. Bons estudos. 6 1.1 – O que é o paisagismo e a jardinagem Na história da evolução humana, podemos dizer que desde sempre o homem teve sua existência ligada intimamente à natureza, pois precisa dela pra sobreviver. Com o desenvolvimento das sociedades, é sensível que o ser humano tem se distanciado da natureza, o que diminui a qualidade de vida de todos. De acordo com os relatos históricos, percebemos desde as primeiras grandes civilizações uma preocupação com a manutenção do equilíbrio entre o desenvolvimento da sociedade e a preservação da natureza. A civilização Suméria, por exemplo, construiu os Jardins Suspensos da Babilônia no século VI a.C., que são considerados uma das sete maravilhas do mundo antigo. No Brasil, o início do desenvolvimento do paisagismo se deu com a chegada da Família Real Portuguesa, em 1808, com o Rei Dom João VI. Devido à transferência da Corte para o Rio de Janeiro, a cidade foi urbanizada para recebê-la, e esse processo incluiu a criação de praças, parques e do Jardim Botânico para abrigar as espécies vegetais que o rei trouxe consigo. Depois de Dom João VI, os reis Dom Pedro I e Dom Pedro II deram continuidade ao desenvolvimento do paisagismo no Brasil, trazendo célebres paisagistas europeus para a implantação de diversos projetos paisagísticos, principalmente na capital do Império, Rio de Janeiro. Atualmente, o paisagismo impõe-se como uma necessidade fundamental para a sobrevivência e qualidade de vida dos moradores dos grandes centros urbanos, uma vez que serve para manter o equilíbrio do ecossistema, que é muito agredido pelo desenvolvimento das cidades. 7 Podemos dizer que o paisagismo é a arte de recriar tudo o que é belo. Tem sua origem na natureza, proporcionando belas paisagens e melhor qualidade de vida aos indivíduos e à sociedade. A importância do paisagismo O paisagismo é uma atividade muito importante na vida de todos, ainda que muitos não o reconheçam como tal. Podemos dizer que ele tem duas funções essenciais: a social e a ecológica. A função social do paisagismo se dá por meio da implementação de espaços que têm o objetivo de favorecer o convívio entre a população de uma região, como praças, parques e espaços públicos. Também podemos identificar a função social desta profissão quando pensamos que é por meio de um bom projeto paisagístico para uma grande cidade que a qualidade dos habitantes melhora, beneficiando a todos. Essas melhorias podem se dar através de um projeto que melhore a arborização da cidade e o ajardinamento, o que ajuda a diminuir o calor naquele espaço e os índices de poluição. Já o equilíbrio ecológico se mostra cada vez mais importante em um planeta que se preocupa crescentemente com a preservação da natureza. O equilíbrio ecológico depende cada vez mais do paisagismo, com seus projetos de implantação e manutenção de áreas verdes nas grandes cidades. Para que exerça essa função, é preciso que o projeto paisagísticonão leve em consideração apenas a dimensão decorativa, mas, sim, que procure se adequar o máximo possível as necessidades do local em que ele será executado. Isso significa 8 incluir espécies de plantas que atraem pássaros e pensar no aumento da densidade das folhas, que são dois fatores essenciais para a promoção do equilíbrio do ecossistema. Atrair pássaros às áreas urbanas é importante, pois eles são responsáveis pela dispersão das sementes das plantas frutíferas e também enriquecem a paisagem das cidades. A densidade foliar, por sua vez, tem a função de oxigenar o ambiente urbano, cada vez mais poluído pela grande circulação de veículos e pela atividade industrial. Jardinagem A jardinagem é o trabalho de um profissional ou de um leigo para manter um local público ou privado de acordo com o plano paisagístico projetado para aquele lugar. Em outras palavras, é o processo de manter as plantas regadas, podadas e sadias, ou seja, a jardinagem é responsável pelo cultivo do jardim e pela garantia da sua existência. A prática da jardinagem é, na grande maioria dos casos, destinada a fins ornamentais, mas ela também pode ser aplicada com fins educativos, como no caso de um zoológico ou jardim botânico, assim como na urbanização de determinados espaços na cidade, como praças e parques. Dessa forma, podemos perceber como a jardinagem se relaciona intimamente com o paisagismo, uma vez que essas duas práticas caminham juntas. O paisagismo é responsável pela concepção do projeto paisagístico da área, ou seja, pela distribuição das plantas ornamentais, equilíbrio das cores e das espécies que serão utilizadas e adequação da utilização do espaço. A jardinagem entra no momento da implantação e da manutenção do projeto. Em outras palavras, as duas práticas são interdependentes, e uma estaria incompleta na ausência da outra. 9 Como contratar um bom jardineiro Para ser um bom profissional desta área, é preciso que o jardineiro domine alguns conhecimentos básicos. Infelizmente, existem muitos jardineiros que não têm os saberes mínimos para exercer essa profissão, o que tem como consequência o prejuízo do jardim que deveria estar sendo cuidado. Para evitar que isso aconteça com o seu jardim é preciso que sejam tomados alguns cuidados no momento de contratar uma pessoa para cuidar dele. Vamos listar alguns passos, como sugestão, que você pode adotar no momento de escolher o prestador de serviços: a) Peça indicações a conhecidos sobre profissionais em que eles confiam e que já puderam verificar a qualidade do trabalho. b) Peça referências de seus últimos trabalhos para conferir a qualidade do serviço prestado. c) O bom jardineiro sabe lidar com as plantas de maneira segura, pois possui experiência com elas. Ele não tem a necessidade de fazer uso de artifícios verbais para “impressionar” o cliente. d) A maioria dos bons jardineiros não procura serviço de porta em porta, pois eles têm sua clientela fixa que já conhece a qualidade do serviço. e) Um bom profissional de jardinagem possui as próprias ferramentas, sempre bem conservadas. 10 Muitos dos chamados “maus jardineiros” são pessoas que não receberam uma profissionalização correta ou específica para esta área e muitos apenas encaram essa atividade como um “bico”, ou seja, um trabalho temporário para ganhar renda extra. Se você pretende que seu jardim esteja sempre bem cuidado, com uma boa manutenção das plantas e do espaço, procure um profissional qualificado e com referências para exercer o trabalho. Caso não tenha a intenção de contratar um jardineiro, mas fazer você mesmo a manutenção do seu jardim, listamos alguns “pecados” que devem ser evitados: - Fazer uma poda desregrada, mutilando as plantas sem deixar condições para que elas sobrevivam. - Adição de terra saibrosa, geralmente impermeável, nas áreas do jardim, o que impossibilita a passagem de água e é danoso às plantas. - Aplicação de adubos sem o conhecimento da quantidade correta, o que pode intoxicar as plantas. - Plantar árvores em buracos muito rasos, ou sobre lajes de concreto, o que impede que as raízes cresçam e as plantas se desenvolvam. - Cobrir o gramado com muita terra, impedindo-o de respirar, o que provoca a morte da grama. 1.2 – Os jardins no Brasil e nas Américas Um dos fatores que influenciam decisivamente na composição de um jardim é o contexto cultural em que ele está inscrito. Se compararmos, iremos perceber que um jardim europeu é muito diferente de um jardim feito no México, por exemplo. Veja a seguir: 11 Jardim do Palácio do Governo, Cidade do México Jardim do Palácio de Versalhes, França. Devido à colonização europeia no continente americano, evidentemente que o estilo da composição das paisagens, que é predominante nas américas, sofreu forte influência das concepções dos europeus em relação ao que era belo e harmonioso. Antes da chegada dos espanhóis e portugueses no continente americano, sabe-se – por meio de escavações arqueológicas – que as civilizações Maia, Asteca, Tolteca e Inca tinham o hábito de cultivar jardins. 12 De acordo com M. Coutinho dos Santos, depois da chegada de Cristóvão Colombo à América e de Pedro Álvares Cabral às terras brasileiras se expandiu a influência ibérica e europeia como um todo em nosso continente. O contato das civilizações ameríndias e europeias teve como consequência o desaparecimento, quase que total, dos produtos da cultura indígena e, no que se refere aos jardins, somente possuímos vestígios arqueológicos. Quando o Estilo Barroco entrou em alta na Europa, no final do século XVII, ele foi trazido ao continente americano, dando início ao estilo colonial e de missões. A obrigatoriedade de um pátio nas casas construídas neste estilo causou o aparecimento do jardim fechado, que lembrava os jardins dos monges na Idade Média, ou os jardins dos muçulmanos na Espanha ocupada pelos árabes neste período. Geralmente encontramos todos os tipos de jardins ao longo do continente americano. Devido à maior influência britânica, a América do Norte apresenta grande quantidade de jardins à inglesa. No México e em países de língua espanhola e que conservaram laços com a tradição indígena, o estilo predominante é o Colonial, com elementos decorativos inspirados na cultura de seu povo. Já no Brasil a influência dos portugueses foi diferente do que a exercida pelos colonizadores espanhóis e a jardinagem só foi possível quando se formaram grandes fortunas e, para abrigar seus donos, determinou-se que deveriam ser criadas chácaras e quintas, cujas decorações foram descritas por Taunay: “À frente ou lateralmente às casas grandes, existiam bonitos jardins cultivados com capricho. Ao centro, ostentavam o invariável repuxo sobre tanque de azulejos, em que viviam peixinhos de vivo colorido. Atrás das mansões ou próximos às mesmas surgiam os pomares, geralmente muito agradáveis e abrangendo grande área toda plantada de árvores e arvoredos frutíferos da maior diversidade possível. 13 Em local apropriado ficavam as hortas, também agradáveis, cultivadas com cuidado e sortidas de hortaliças da máxima variedade e cuidadas, quase sempre, por chacareiros portugueses. Muito interessante a irrigação praticada nas hortas de antigamente: pelas principais ruas corriam reguinhos d’água, nos quais, de distância em distância, haviam pequenas poças no próprio chão, dessas poças, tiravam os hortelãos a água em cuidas amarradas em cabos de pau, assim, arremessada aos canteiros. Dando para o jardim ficavam, geralmente,certas dependências da moradia, tais como a sala de bilhar, a das armas e a da escola dos sinhôs-moços, onde o ensino era ministrado por professores competentes.” Conde de Taunay, citado em Manual de Jardinagem e Paisagismo. Atualmente, e, sobretudo, nas grandes cidades, com o desenvolvimento urbano, tem-se desenvolvido o interesse pelo jardim. Todavia, o elevado custo das áreas urbanas e a rigidez geométrica dos modernos arranha-céus vão substituindo paulatinamente os parques das residências senhoriais por pequeninos jardins. A falta de locais adequados para recreação de crianças e jovens também contribui para a deterioração precoce dos jardins públicos, o que exige uma cautela dos cidadãos e das autoridades competentes para a preservação destes espaços. Mas existem algumas cidades brasileiras que souberam aproveitar seu espaço para o cultivo de áreas verdes de grande valor paisagístico, em especial no Rio de Janeiro. Vejamos alguns exemplos de jardins no Brasil. 14 Jardim Botânico, no Rio de Janeiro Jardim do Museu do Ipiranga, São Paulo Jardim Botânico de Curitiba, Paraná 15 Praça dos Cristais, Brasília, DF 1.3 – A importância do solo Quem planeja ter um jardim saudável e que se perpetue ao longo do tempo, precisa saber que o primeiro passo para isso acontecer é que o solo seja bem preparado para receber as plantas. A terra é a sustentação essencial às mudas das plantas e sua qualidade é determinante para a sobrevivência e o bom desenvolvimento delas. Em razão disso, quando um jardim é planejado, é preciso que seja feita uma avaliação do solo, a fim de verificar os seguintes fatores: - teor de pH - quantidade de micro e macro nutrientes minerais e orgânicos - constituição granulométrica Ao conhecer as propriedades da terra e suas possíveis deficiências é possível fazer as correções necessárias, de acordo com as plantas que você pretende colocar no jardim. É preciso que o solo seja bem preparado antes do plantio, para que ele seja um suporte eficiente, propiciando às mudas um bom desenvolvimento rapidamente. Em um primeiro momento, observe o que cresce no terreno, pois o tipo de planta existente é um ótimo indicativo de como está a qualidade do solo. Três plantas que indicam que o solo está ideal para o cultivo são: o dente-de-leão, a mamona e o picão preto. 16 Dente de Leão Mamona Picão Preto 17 Quando o solo está muito ácido, plantas como o capim barba-de-bode, a samambaia das taperas (ou samambaia do campo) e o sapé costumam a crescer. Neste caso, a correção do pH se torna necessária. Capim Barba-de-Bode Samambaia das Taperas Sapé Outra maneira de verificar o solo é cavando um pequeno buraco para conferir a cor dele – quanto mais escuro, mais rico em nutrientes. Se a terra apresentar a cor entre preto e marrom significa que a sua qualidade é boa, pois ela é rica em matéria orgânica e é capaz de reter água e ar na quantidade ideal para as plantas ornamentais. 18 Se a terra estiver avermelhada significa que o solo é bom para o plantio, mas tem excessiva quantidade de argila. Neste caso, o indicado é que se misture areia e esterco no solo. Quando o solo está amarelo, ele possui pouca quantidade de nutrientes e muita areia e, neste caso em particular, é preciso que seja feita uma análise da terra em laboratório. Quando o solo não é analisado, em particular solos visivelmente pobres, podem acontecer problemas ligados à deficiência de nutrientes e inadequação em relação às plantas que serão cultivadas, o que acaba tendo como consequência a necessidade de trocar a terra. Se isso acontecer, o valor inicialmente planejado será acrescido do custo de troca da terra. A análise do solo poderá ser feita em laboratórios oficiais ou particulares. Em geral, o tempo para a avaliação é de uma semana, mas isso pode variar de acordo com a época do ano, pois em alguns períodos a procura de agricultores por essa análise é grande e o prazo pode ser estendido. Os laboratórios fornecem os critérios que deverão ser preenchidos para a análise do solo, mas, em geral, deve ser coletada uma amostra de terra a cada 500m². Essas amostras são colhidas de porções de solo de até 30 cm de profundidade, em média, e postas em sacos plásticos limpos, na quantidade de ½ kg por amostra. Para ter um resultado mais confiável, é aconselhável que sejam colhidas várias amostras de terra nos diversos pontos do terreno, misturando-as e, em seguida, tirando a quantidade necessária para ter a amostra com ½ kg a cada 500m². A análise é importante porque ela indica o grau de acidez, o teor de hidrogênio, cálcio, magnésio, alumínio e matéria orgânica existente no solo, sendo que esses são os elementos que determinam a adubação ideal para o terreno. 19 CORREÇÃO DO PH E DA FERTILIDADE Para medir a acidez do solo, o parâmetro adotado é o pH, em uma escala que varia de 1,0 a 14,0 – sendo que, quanto mais perto de 1,0, mais ácido é o solo e, quanto mais próximo de 14,0, mais alcalino. Quando o pH é 7,0 o solo é neutro. Veja a escala abaixo: Na maioria dos solos o pH varia de 3,0 a 9,0, sendo o pH ideal entre 6,0 e 6,5 para a maioria das plantas ornamentais. Se o solo estiver muito ácido, as plantas não conseguirão absorver os nutrientes da terra completamente e seu crescimento será prejudicado. Se você quiser medir o pH da terra de seu jardim, precisa ir a uma loja especializada em produtos químicos e comprar um peagâmetro, um aparelho que, ao ser colocado na terra, indica o pH. Em geral, o solo brasileiro costuma ser muito ácido, o que torna necessária a correção do pH da terra. Caso verifique a necessidade de correção do pH, a cada ponto de pH que precise corrigir, misture 150g de calcário dolomítico por m². 20 Por exemplo: pH do solo pH desejado Quantidade de calcário dolomítico (a cada m²) 4,0 6,0 300g A conta feita para chegar a este número foi a seguinte: 1 ponto de pH = 150g de calcário dolomítico Como precisaremos corrigir em 2 pontos o pH do solo, temos: 2 x 150g = 300g No caso acima, para corrigir um pH de 4,0 para 6,0, é preciso que sejam aplicados 300g de calcário dolomítico a cada metro quadrado. Se o terreno tiver 30m², a conta ficará da seguinte forma: Se a cada 1 m² precisamos de 300g de calcário dolomítico, para corrigir todo o terreno serão necessários: 30 x 300g = 9000g de calcário ou 9 kg A aplicação do calcário dolomítico demora 30 dias para fazer efeito e corrigir o pH do solo, então, faça a aplicação um mês antes de começar a plantar. Caso o solo do seu jardim esteja alcalino é preciso que seja aplicado sulfato de amônia uma semana antes do plantio. 21 TIPOS DE TERRAS E SUAS PROPRIEDADES Já mostramos que a cor do solo é um bom indicativo da qualidade dos nutrientes presentes nele. Agora vamos estudar como observar os elementos visíveis que compõem a terra e o que eles nos indicam sobre a sua qualidade. As características podem ser classificadas em: a) Elementos grossos, como pedras e cascalho; b) Elementos finos, como areia, argila e limo; A terra que tem grande quantidade de elementos grossos, desde que não apresente muita argila em sua composição, possui grande permeabilidade. A que possuir muitos elementos finos, se não tiver uma quantidade de argila menor do que a de húmus, é pouco permeável e, assim, a água tem mais dificuldade de alcançar as raízes das plantas . Para que osolo seja ideal para as plantas ornamentais, é necessário que haja equilíbrio entre os elementos grossos e finos. Também é preciso manter o maior índice possível de húmus no solo, o que irá assegurar a sua fertilidade, além de um bom escoamento da água e as condições necessárias para o desenvolvimento das raízes. MINHOCAS Uma medida que interfere pouco na composição original do solo é a inclusão de minhocas na terra onde será feito o plantio. Elas são trabalhadoras incansáveis na manutenção do solo, conservando-o areado, o que melhora a sua permeabilidade. Seu trabalho se dá por meio da escavação constante do solo, formando galerias rasas que tornam a terra mais fofa e rica em vida micro-orgânica. A alimentação das minhocas absorve aproximadamente 4% dos nutrientes da terra, e as excreções produzidas por elas são consideradas um fertilizante natural para o jardim. A luz do sol é fatal para as minhocas, pois causa desidratação e morte. Por isso, elas permanecem embaixo da terra durante todo o dia, saindo apenas à noite para se 22 reproduzirem. As minhocas também saem da terra quando ela está excessivamente molhada, pois não conseguem respirar nesta condição em que o nível de oxigênio no solo é menor. A incorporação de minhocas à terra dos jardins em que elas não existem, ou que existem em quantidade insuficiente, é uma técnica que garante a fertilidade natural do solo, além de favorecer o desenvolvimento mais rápido das raízes das plantas. 1.4 – Preparação do solo e adubação Para preparar o solo a fim de receber o jardim, o primeiro passo é fazer uma limpeza geral de toda a área, arrancando as ervas daninhas e a vegetação invasora. Desta maneira, as ervas daninhas devem ser cortadas com um arrancador de tiririca, pois essa ferramenta permite o alcance das raízes mais profundas da planta. Ao tirar as raízes e os tubérculos da terra, eles devem ser colocados em um saco plástico e incinerados. Essa medida pode parecer um exagero, mas não o é, pois as ervas daninhas infestam novamente o terreno quando sobrevive algum resquício de tubérculo ou raiz na tera. Depois que as ervas daninhas forem eliminadas, o terreno deve ser todo revirado por enxadão ou enxada rotativa (quando se tratar de grandes áreas), atingindo a profundidade de 30 cm. Em seguida, os torrões de terra devem ser quebrados com o forcado ao mesmo tempo em que se tiram as raízes e restos de entulho, tais como cacos de telhas, cerâmica, tijolo, entre outros. 23 Terminado esse processo, a terra estará limpa e preparada para receber os adubos. Na incorporação deste, também utilizaremos o forcado para misturar o fertilizante à terra, renivelando em seguida (ainda que grosseiramente) a área. Feita a limpeza, a aração e a adubação do solo, a terra terá que ser deixada descansando por dez dias, sendo regada diariamente. Esse período é importante, pois se sobrar algum resquício de vegetação, ela brotará nestes dez dias e será possível arrancá- la antes que o plantio comece. Além disso, os fertilizantes são absorvidos durante esse tempo, evitando que as raízes se queimem devido ao contato direto com a terra. A última fase de preparação do solo é seu nivelamento definitivo. Em primeiro lugar, a terra deve ser movimentada com uma enxada larga, a fim de cobrir as partes que estão desniveladas. Isso feito, deve-se passar o rastelo para os acertos finais de limpeza e nivelamento do terreno. O processo de nivelamento do terreno é importante porque ele garantirá que não existam pontos em que a água da chuva e da rega fique armazenada, o que causaria um encharcamento excessivo daquele pedaço de terra. O terreno deve ser pensado de forma que a água possa escorrer livremente para os pontos de drenagem, caso contrário a terra ficará muito molhada e com pouco oxigênio, o que irá matar as plantas. Por este motivo, é extremamente importante que os pontos de drenagem do jardim sejam cuidadosamente planejados. Esses pontos têm a finalidade de facilitar o escoamento do excesso de água que, pelas regas ou ação das chuvas, não é absorvida pelo solo e que, permanecendo na terra, poderia encharcá-la causando o apodrecimento das raízes das plantas. A drenagem do terreno pode ser feita de forma natural ou artificial, dependendo da topografia e da permeabilidade do solo. 24 Se o terreno tiver uma permeabilidade média e for inclinado na direção da rua, o sistema de valetas subterrâneas pode ser adotado, preenchendo-as com pedrisco grosso, o que possibilitará o escoamento da água para a rua. O pedrisco grosso é um tipo de pedra pequena que tem origem na areia dos rios, com acidez neutra e grande capacidade de drenagem da água. A valeta principal deve ser cavada na porção mais firme do solo, com uma profundidade média de 40 cm abaixo da superfície. Veja a figura abaixo. Paisagismo, Jardinagem e Plantas Ornamentais, pág.43 Se o terreno em que você for cultivar o seu jardim for plano, a drenagem pode ser feita por meio de covas colocadas em pontos estratégicos, com a profundidade média de 40 cm abaixo da superfície de plantio, conforme a necessidade de cada área, também sendo preenchida com pedrisco grosso. Veja a ilustração abaixo. Paisagismo, Jardinagem e Plantas Ornamentais, pág.43. 25 Os dois últimos métodos descritos são modelos de drenagem natural, que podem ser adaptados à necessidade do solo em que você irá cultivar o jardim. Nos locais em que os tipos de drenagem natural não forem possíveis, é preciso recorrer à drenagem artificial. Um sistema de drenagem artificial é o que utiliza manilhas furadas, tubos de concreto com furos que servem para escoar artificialmente a água de um terreno. Estas manilhas são colocadas na camada firme do subsolo e são cobertas por uma camada de pedrisco grosso para evitar que a terra obstrua os buracos por onde passará a água. É importante ressaltar que não apenas em um grande jardim a drenagem se apresenta como essencial, mas também em jardins internos, vasos e jardineiras. Os canteiros de concreto, presentes em prédios de apartamentos, por exemplo, também precisam de um meio de drenagem eficiente. 26 ADUBAÇÃO Como todos os seres vivos, as plantas precisam de nutrientes que serão responsáveis pela sua manutenção e renovação de suas células. Para que o solo consiga fornecer esse alimento às plantas, é preciso que ele preserve a própria fertilidade por meio do equilíbrio biológico, que é mantido pelos micro-organismos que vivem na terra. Uma parte dos nutrientes da terra sai dela em função da rega excessiva ou das chuvas, que carregam muitos elementos fundamentais para a manutenção da fertilidade do solo. Na natureza, sem a interferência humana, o equilíbrio é perfeito, pois os restos de vegetais, insetos, excrementos – entre outros compostos orgânicos – permanecem sobre a terra, decompondo-se e sendo transformados em adubo natural (ou bio-húmus). Nos jardins e áreas verdes das grandes cidades isso não acontece devido à intervenção do homem nesses espaços. Por isso, é importante que, se você for cultivar um jardim, conserve a fertilidade da terra através da adição de adubos. Os adubos são fertilizantes do solo que permitem manter a terra em perfeitas condições para o plantio, repondo os nutrientes perdidos periodicamente pela terra. A forma mais correta de adubação é a mistura entre componentes químicos, ou adubos sintéticos (ou inorgânicos) e componentes orgânicos, que devem ser incorporados à terra a cada seis meses, de acordo com a fertilidade do solo. Podemos dividir os adubos orgânicos, ou seja, de origem naturalou animal, nas quatro categorias abaixo: 1) Esterco animal (de cavalo, porco, gado, coelho ou galinha), que é rico em matéria orgânica e material fibroso. 27 - Esterco de cavalo, porco e gado: utilizado bem curtido (ou seja, molhado), na proporção de 2 kg a cada metro quadrado da porção de terra cultivada. Este tipo de adubo é deficiente em fósforo e, por isso, é recomendado que sejam adicionados 30g de farinha de osso a cada quilo de esterco. - Esterco de galinha: também deve ser usado bem curtido, na quantidade de 200g a cada metro quadrado de jardim. É deficiente em potássio, portanto precisa ser complementado com 1 kg de cloreto de potássio a cada 100 kg de esterco. Este adubo é rico em fósforo e é excelente para o crescimento abundante das plantas. - Esterco de coelho: dentre os estrumes animais é o melhor de ser utilizado como adubo, pois há um bom equilíbrio entre os nutrientes, não apresentando necessidade de ser complementado. Deve ser usado 1 kg a cada metro quadrado do jardim, estando bem curtido. 2) Farinha de ossos, adubo rico em fósforo. Tem a ação lenta, e seus efeitos permanecem por até dois anos no solo em que é aplicado. Não deverá ser usado no caso da terra ter sido misturada com pó calcário, pois este elemento anula os efeitos positivos da farinha de ossos. Nas áreas gerais do jardim são utilizadas 250g a cada metro quadrado e nas covas de plantio de árvores e arbustos deverão ser aplicados 800g do componente, bem misturado à terra. É adubo ideal para áreas com muitas flores e frutos. 3) Farinha de sangue, com alto nível de nitrogênio, age de forma rápida. Para não perder seu poder fertilizador, deve ser aplicado 15 cm abaixo da superfície do solo. Devem ser aplicadas 50g a cada metro quadrado. 4) Composto vegetal, que é um adubo equilibrado e rico em húmus, com custo muito baixo, pois é produzido a partir dos resíduos vegetais do próprio jardim. Em relação aos adubos inorgânicos ou sintéticos, podemos dividi-los em três tipos: 28 I) Adubos nitrogenados: o nitrogênio é responsável pela brotação e pela estruturação das folhas e dos caules das plantas. Estes adubos devem ser aplicados sempre na época em que a vegetação estiver brotando, evitando a aplicação na época de dormência das plantas. São altamente solúveis em água e, por isso, são levados do solo pela rega e pela chuva para as camadas mais profundas da terra. Não devem ser aplicados diretamente nas folhas das plantas, pois isso causará queimaduras. A maneira mais segura de aplicar os adubos nitrogenados é misturar 2g a cada litro de água e aplicar na terra. Os tipos mais comuns de adubos nitrogenados são: a) Salitre do Chile: tem ação alcalina e é usado para corrigir a acidez do solo. Devem ser aplicadas 50g a cada metro quadrado de terreno a cada seis meses. As épocas mais apropriadas para a aplicação são: o começo da primavera e o final do verão. b) Sulfato de Amônio: utilizado para corrigir a alcalinidade do solo. Deve ser usado com pó de calcário para evitar que o sulfato de amônio queime as raízes das plantas. Deve ser diluído em água na proporção de 1g por litro. Aplicação anual, no início da primavera. Sua ação na terra é lenta. c) Salitre Potássico: fertilizante com dupla ação, que favorece a brotação e a estrutura foliar das plantas, além de fortalecer seus tecidos, aumentando sua resistência à seca. Deve ser misturada 1g do produto a cada litro de água, com aplicação no início da primavera. II) Adubos fosforados: são responsáveis por estimular a floração, a frutificação e a formação de sementes, assim como o enraizamento destas. Caso você não queira que determinadas plantas floresçam ou que haja grama no jardim, aplique apenas a dosagem mínima de 10g por metro quadrado a cada ano. Os adubos fosforados são mais eficazes se aplicados no início do outono. Seus tipos são: a) Superfosfato: é ideal para estimular a floração, frutificação e formação de sementes em canteiros de flores, árvores, arbustos floríferos, pomares etc. Caso queira 29 ter um jardim florido, aplique 50g a cada metro quadrado. Não deve ser aplicado no solo em que tenha sido usada cal há menos de seis meses. b) Superfosfato duplo: possui as mesmas propriedades que o superfosfato, sendo mais concentrado que este. Deve ser aplicado na proporção de 30g a cada metro quadrado anualmente, de preferência no início do outono. III) Adubos potássicos: o potássio é responsável pela estruturação das plantas, fazendo-as mais resistentes aos períodos de seca, assim como doenças e pragas. Tem lenta absorção pelo solo e, por isso, deve ser aplicado anualmente, no final do outono. Os mais utilizados são: a) Cloreto de Potássio: tem a propriedade de absorver a umidade do ar e incorporá-la ao solo. Para evitar que esse adubo se transforme em água, ele deve ser armazenado em recipientes hermeticamente fechados. Pode ser misturado com superfosfato e salitre. Sua aplicação deve ser na proporção de 30g a cada litro de água por metro quadrado de terreno, uma vez por ano. b) Sulfato de Potássio: é usado em terras muito ácidas, devido ao seu efeito de alcalinização. As dosagens e as combinações são iguais aos do cloreto de potássio. 30 Unidade 2 – Construindo o Jardim Olá aluno, Na Unidade 2 você irá aprender como construir o seu jardim. Veremos quais são as etapas de construção e quais são as ferramentas necessárias. Veremos detalhadamente como realizar as nove etapas de construção da sua área verde, assim como quais são as pragas e doenças mais comuns nos jardins, como identificá-las e eliminá-las com o mínimo de prejuízo. Bons estudos! 31 2.1 – Ferramentas necessárias As etapas de construção do jardim são, em linhas gerais, as seguintes: 1) Limpeza e desbravamento do terreno. 2) Terraplanagem. 3) Locação da planta no terreno. 4) Construção das vias de acesso. 5) Reparo do terreno. 6) Plantação do jardim. Assim que essas etapas tiverem sido superadas, ou seja, quando o jardim já estiver plantado é preciso começar o trabalho de manutenção. As etapas da manutenção são: 7) Cultura das plantas. 8) Defesa sanitária do jardim. 9) Limpeza. Vamos abordar cada uma dessas fases mais detalhadamente mais adiante no presente curso. Neste momento, discriminaremos esses processos para que você possa conhecer as ferramentas necessárias em cada uma delas. É importante que você escolha as ferramentas de acordo com a extensão do jardim que pretende cultivar e selecione os equipamentos de melhor qualidade para que eles não prejudiquem as plantas e você não tenha gastos futuros com consertos de peças. 32 De acordo com as seis etapas de construção do jardim, foram listadas as ferramentas necessárias a cada uma delas, conforme você pode verificar: 1) LIMPEZA E DESBRAVAMENTO DO TERRENO - FOICE - ENXADA - ENXADÃO - FORCADO - ANCINHO - PÁ - CARRINHO DE MÃO - ARRANCADOR DE TIRIRICA 2) TERRAPLANAGEM - ENXADA - ENXADÃO - ANCINHO - PÁ - CARRINHO DE MÃO 3) LOCAÇÃO DA PLANTA NO TERRENO - BALIZAS - ESTACAS - MACETE - TRENA 4) CONSTRUÇÃO DAS VIAS DE ACESSO - ENXADA - ENXADÃO - ANCINHO - PÁ - CARRINHO DE MÃO - SOQUETE OU PEQUENO COMPRESSOR 5) PREPARO DAS PEÇAS - ENXADA - ENXADÃO - ANCINHO - PÁ - PÁ DIREITA - CARRINHO DE MÃO 6) PLANTAÇÃO DO JARDIM - ARRANCADORES - PLANTADORES DIVERSOS - ENXADA - ENXADÃO - PÁ DIREITA - CARRINHO DE MÃO - PODÃO - CANIVETE- TESOURAS DE PODAR 33 As ferramentas necessárias entre as etapas 7 e 9 são: 7) CULTURA DAS PLANTAS NO JARDIM - ESCARIFICADORES MANUAIS - ENXADA - PÁ-DIREITA - TESOURA DE PODA - CANIVETES PARA ENXERTOS - PODÕES - REGADORES OU MANGUEIRA - CORTADOR DE GRAMA 8) DEFESA SANITÁRIA DO JARDIM - PULVERIZADOR - POLVILHADOR - TESOURAS DE PODA - PODÕES - PINCÉIS PARA CAIAÇÃO DE TRONCOS - ESCOVAS DE AÇO 9) LIMPEZA DO JARDIM - VASSOURAS - ANCINHO - FORCADO - CARRINHO DE MÃO A partir da lista apresentada podemos dizer que existe um mínimo de 24 peças que devem estar presentes na construção e manutenção de um jardim. Veremos a seguir como são essas ferramentas e que funções elas exercem. - Foice A foice é usada no momento de desbravamento do terreno, quando o objetivo é fazer o corte baixo do mato, preparando o solo para a capina. Além disso, a foice pode ser utilizada para cortar arbustos e galhos não muito grossos. 34 - Enxada A enxada será usada na capina do terreno a ser preparado para a jardinagem, ou seja, ela irá retirar o mato que está no solo. Além de servir para a capina, a enxada é útil para escavar e revolver a terra, espalhando e misturando adubos, por exemplo. Para escolher uma enxada de boa qualidade, deve-se observar a qualidade deste material, lembrando que uma boa enxada deve ter a lâmina de aço e o cabo de madeira lisa, bem ajustado. - Enxadão O enxadão é usado quando trabalhamos com um terreno muito compacto, em que haveria muito trabalho para que a enxada fosse utilizada. O enxadão é uma enxada de lâmina mais estreita e mais grossa que a enxada comum. Normalmente, tem o cabo mais curto que o da enxada, formando com ele um ângulo de 90° – sendo que a enxada forma um ângulo menor que o de 90° com o seu cabo. - Forcado O forcado é utilizado no processo de juntar o mato que foi capinado ou roçado. É uma espécie de garfo grande, que permite a realização do trabalho com rapidez e eficiência. 35 - Ancinho A diferença entre o ancinho e o garfo é que o primeiro tem dentes mais numerosos e próximos uns dos outros. Isso faz com que ele seja eficiente em juntar os restos dos detritos resultantes da capina ou do roçado que eventualmente escaparam ao garfo. Além disso, o ancinho é útil para espalhar a terra no acabamento final, servindo também como escarificador. - Pá As pás são semelhantes a colheres em tamanho maior: servem para movimentar pequenas porções de terra ou para colocar lixo ou terra nos carrinhos de mão. Existem pás em tamanhos, formas e cores diferenciadas, mas todas prestam o mesmo serviço. - Pá-direita A pá-direita se diferencia da pá comum pela lâmina mais plana, mais curta, mais estreita e mais grossa do que a lâmina da pá. Ela serve para revolver e escavar a terra, arrancar plantas e acertar as bordas do jardim. Em muitos casos, pode substituir os serviços destinados ao enxadão com maior eficiência. - Plantadores 36 Os plantadores são destinados ao plantio de pequenas mudas e variam em relação à forma e ao tamanho. - Arrancadores de plantas (em geral) Os arrancadores de plantas são engenhosos utensílios pensados para essa prática, com relativo sucesso, da operação de arrancar pequenas plantas sem danificar as raízes. É usado quando você precisar transplantar uma planta ou quando quiser tirar ervas daninhas do solo. - Arrancador de tiririca Os arrancadores de tiririca são instrumentos específicos para a retirada de ervas daninhas do terreno quando os arrancadores comuns não se mostram eficientes. - Tesouras de poda As tesouras de poda podem ser utilizadas para aparar gramados e plantas durante as podas de limpeza, para cortes de ramos finos e para colher flores sem danificar a planta. - Escarificadores Esse nome é destinado a uma série de pequenas ferramentas que têm a finalidade de quebrar a crosta endurecida que se forma após alguns dias em que o terreno foi preparado e plantado. Os escarificadores são usados na capina e na retirada de plantas daninhas quando os outros instrumentos não conseguiram realizar esse trabalho. 37 - Cortador de grama Os cortadores de grama, como o próprio nome já diz, são as ferramentas utilizadas para o trabalho de aparar a grama. Existem vários modelos e tamanhos, mas eles diferem na qualidade do material e servem basicamente para a mesma utilização. - Canivetes para enxertar O canivete para enxertar é adaptado para facilitar o enxerto de borbulha, que é um processo de propagação de plantas muito eficiente. Esse processo consiste em pegar um pedaço da casca da outra planta, juntamente com um gomo desta, e inseri-lo no caule de uma segunda planta, para que a primeira cresça a partir da estrutura da segunda. - Podão O podão é o instrumento usado na poda das plantas e é muito útil no caso de se precisar alisar as superfícies que ficaram ásperas. - Regadores Os regadores são recipientes dotados de um cano, vazado na ponta, que servem para distribuir água às plantas da mesma forma que a chuva. 38 - Mangueira A mangueira é um tubo de plástico flexível que fica presa por uma extremidade à saída de água (torneira) e possui, na outra extremidade, uma abertura por onde passa a água, da mesma forma que o regador. Mas a diferença essencial é que a mangueira tem a capacidade de distribuir mais água a uma área maior do jardim. Não deve ser utilizada no caso da rega de vasos, por exemplo, onde o mais indicado é o uso do regador. - Pulverizador No momento em que você fizer a defesa sanitária de seu jardim, é preciso utilizar o pulverizador para espalhar sobre as plantas as diversas soluções para afastar insetos e pragas nocivas ao jardim. Os pulverizadores variam de acordo com a necessidade de seu jardim: se ele for pequeno, você pode utilizar um modelo menor, como o ilustrado pela primeira figura. Se for uma área de extensão média ou grande, utilize o pulverizador ilustrado na segunda figura. 39 - Pincéis para caiação de troncos e escovas de aço A limpeza e criação dos troncos é feita na fase de defesa sanitária do jardim. A limpeza dos troncos é feita com a escova de aço, e a caiação dos mesmos com pincéis comuns, igual ao utilizado pelos pintores. O processo de caiação é a pintura dos troncos das árvores com cal, conforme a figura abaixo. - Vassouras Na etapa de manutenção do jardim, você precisará varrê-lo diariamente. Se você for comprar vassouras em uma loja especializada em produtos de jardinagem, peça uma específica para limpeza urbana. - Carrinho de mão O carrinho de mão é responsável pelo transporte de tudo que precisamos dentro do jardim. Ele pode ser feito pelo próprio jardineiro, mas o mais recomendável é que você 40 adquira um bom carrinho de mão, feito com material de boa qualidade, em madeira ou em ferro. Suas dimensões e alguns detalhes de sua constituição são variáveis, mas sem grande influência na sua utilização. - Soquete O soquete, cuja forma também é variável, é quase sempre um peso de madeiras, ajustado a um cabo e destinado a comprimir terra nas vias de acesso, achatando a terra. 2.2 – Etapas de construção de jardins Agora que você conhece as ferramentas necessárias a cada etapa da construção dojardim, vamos aprender como deve ser executada cada uma dessas fases. Em primeiro lugar, você irá desbravar o terreno. Isso significa que você irá retirar o revestimento natural daquela área, preservando as plantas ornamentais de acordo com o que planeja manter em seu jardim. No caso de jardins urbanos e residenciais, é muito rara a existência de vegetação que necessite de maiores reparos. O mais comum é haver mato rasteiro ou ligeiramente alto, muitas vezes por consequência do abandono da área. Neste momento, você irá utilizar, de acordo com a necessidade apresentada pela vegetação, a enxada, a foice e o enxadão. Este último será usado para arrancar os tocos que a enxada não pode remover. Em seguida, você deve amontoar o mato, que poderá ser queimado ou enterrado. Enterrar é geralmente a melhor opção, pois essa ação contribui para a fertilidade do solo 41 e evita a queima desnecessária de material orgânico, o que polui a atmosfera com o gás carbônico emitido no processo de queima. Além disso, ao queimar vegetação, em particular em áreas cercadas por mata nativa, corre-se o risco de dar início a uma queimada descontrolada, que irá se espalhar por uma área maior do que a inicialmente prevista, causando danos enormes à natureza. Feito o desbravamento do solo, o passo seguinte é fazer o nivelamento do terreno, tampando buracos na superfície e desfazendo montes de terras desproporcionais, deixando todo o terreno no mesmo nível. Caso o terreno em que você está trabalhando esteja muito úmido, aplique os sistemas de drenagem que já vimos no curso para que eles possibilitem o escoamento do excesso de água. Concluídos esses trabalhos, é o momento de fazer a locação da planta no terreno, ou, em outras palavras, fazer a demarcação do jardim. O objetivo da demarcação é transferir para o terreno as dimensões e posições dos elementos do jardim idealizados no projeto feito anteriormente. O projeto do jardim pode ser feito pelo próprio jardineiro ou pelo seu contratante, dependendo das dimensões deste. Mas você também poderá contratar um paisagista profissional para elaborar o projeto, de acordo com as necessidades do local onde ele será realizado. Para fazer a locação, você deve começar a partir das vias de acesso demarcadas no projeto, ou seja, a primeira marcação que deve ser feita no terreno é a que corresponde aos locais destinados à circulação no jardim. As demarcações são feitas por piquetes amarrados uns aos outros. Piquetes são pedaços de madeira pequenos cravados no solo para demarcar uma determinada área, conforme a figura abaixo. 42 PIQUETE A marcação do terreno por piquetes permite que o perímetro do terreno seja contornado, assim como as áreas destinadas a cada parte do projeto do jardim. Se você for enterrar o mato cortado no desbravamento do terreno, este é o momento em que isso deve ser feito. Em cada parte do solo que não for se tornar uma via de acesso, cave um buraco em uma profundidade de aproximadamente 50 cm. Ao cavar, separe a terra escura, que está no plano mais superficial, da amarelo- avermelhada, que está por baixo. Feito o buraco, coloque o mato nele, intercalando com camadas de terra, colocando primeiro as camadas de terra mais escura, pois elas permitirão que a matéria orgânica armazenada se decomponha mais rapidamente. Isso garantirá uma maior fertilidade à terra. Terminada essa fase, começará a construção das vias de acesso, que é o ponto de partida da construção do jardim. O primeiro cuidado a ser tomado é para que as águas 43 da chuva e da rega não fiquem paradas nas margens na via de acesso. Para isso, as vias de acesso devem ser projetadas de uma forma em que as margens exteriores estejam um pouco abaixo da linha da sarjeta, fazendo com que a água escoe neste espaço. Veja a figura a seguir: As sarjetas são canais que ficam no contorno das vias de acesso, variando entre 20 e 25 cm de largura. Sua finalidade é proteger a estrada do jardim, impedindo a água de invadi-la e facilitando seu escoamento por meio das canaletas construídas ao seu redor. Para pavimentar as vias de acesso em locais onde não está prevista a passagem de veículos, o mais comum é a colocação de saibro comprimido pelo soquete. Mas existem três outras possibilidades de pavimentação ornamental: com pedras toscas, com lajotas de concreto ou com seixinhos lavados. 44 Entendemos por pedras toscas aquelas que não têm uma dimensão única entre as peças, ou seja, são irregulares. Na colocação dos dois pisos (lajotas e pedras toscas) o processo é o mesmo, mas a decisão de colocá-las depende do estilo de jardim que você quer ter. Se você quiser um jardim no estilo francês, por exemplo, deve utilizar as lajotas, que ornam melhor com desenhos geométricos e de caráter mais harmônico. Já os pavimentos de pedras toscas são mais aconselhados para jardins com um desenho mais irregular e assimétrico, condizente com o caráter rústico deste material. Mas é importante salientar que a dimensão, tanto das pedras toscas, quanto das lajotas, apesar de ser variável, não deve ser demasiadamente pequena ou grande, a ponto de que sua manipulação seja dificultada. Já os seixinhos lavados nada mais são que pequenas pedras que ficam soltas ao longo das vias de acesso. Sua utilização é recomendada apenas em regiões que possuam o material em grande quantidade. A colocação deste material é simples: basta distribuir sobre a estrada já compactada pelo soquete uma camada de seixinhos com a grossura suficiente para que a terra que fica abaixo deles não seja vista. As pedrinhas deverão ser pequenas e possuir, mais ou menos, o mesmo tamanho entre si. Depois da colocação do pavimento, você terá completado as fases de construção do jardim de 1 a 4: limpeza e desbravamento (1), terraplanagem (2), locação da planta do terreno (3) e construção das vias de acesso (4). 45 Agora é a hora de passar à fase 5: o preparo do terreno. Esta etapa constitui a preparação do terreno para receber a vegetação e se divide em duas fases distintas: determinação exata do contorno e relevo do terreno e preparo daste para receber a plantação. Para determinar o contorno e o relevo do terreno, é preciso estabelecer um perímetro em cada pedaço do jardim, acentuando cada espaço, o que facilitará a plantação. Se no perímetro houver curvas que não sejam arcos de círculos, é bom que você as marque com estacas mais próximas umas das outras. No caso do espaço ser circular, coloque uma estaca no centro do mesmo, pegue um barbante e marque todo o perímetro do círculo. Depois de marcar o limite de cada parte do jardim, é preciso que se pense na determinação do relevo. Neste momento você deverá nivelar todas as partes que serão destinadas ao plantio. Quando damos ao terreno seu formato definitivo, não deixamos de pisá-lo e repisá-lo, o que tem como consequência o endurecimento do solo. Por isso, é preciso que seja feito o trabalho de revolvimento do solo, a fim de prepará-lo para o cultivo das plantas. Neste movimento de terra, o solo do terreno será revolvido para tirar os elementos residuais, tais quais pedras, restos de construção, pedaços de vidro, etc. O terreno acabado deve ficar em estado de oferecer às plantas as melhores condições para o desenvolvimento delas. Por isso, é importante que, no momento que revolver a terra, você o faça de forma uniforme em todas as partes do terreno em extensão e profundidade. É nesta fase também que os adubos deverão ser incorporados à terra. Não se esqueça que existem alguns fertilizantes que precisam ser adicionados ao solo com certa antecedênciaao plantio e, se esse for o caso, aguarde até a terra estar pronta para o cultivo antes de plantar. 46 Na sequência deve ser feito o restabelecimento do perímetro, guiado pelas estacas que marcaram o espaço. A correção do perímetro é feita por meio do soquete ao redor de toda a peça. Por fim, retire a maior parte das estacas, conservando apenas aquelas que servirão como guia para a plantação. Essas últimas deverão ser enterradas no solo. Isso evitará que alterações no plano original do jardim sejam feitas por falta de atenção ou precaução. Feito este trabalho, o terreno estará pronto para receber as plantas. Veremos no tópico seguinte mais detalhadamente como realizar a plantação. Depois de plantar as espécies escolhidas, passamos à fase 7, a cultura das plantas no jardim. Esta fase nada mais é do que a garantia do desenvolvimento do que está sendo cultivado. É o momento em que o jardim deve ser regado periodicamente, ou seja, em intervalos regulares, mas não necessariamente todos os dias. De acordo com a necessidade de cada espécie e o clima do local onde estiver localizado o jardim, a rega deverá ser feita. O mais aconselhável é que você regue as espécies a cada dois dias, sempre no final da tarde ou no começo da manhã, evitando os horários mais quentes do dia. Leitura complementar Dicas sobre a rega Vamos ver alguns conselhos encontrados no livro “O Melhor da Sabedoria Popular” sobre a rega de plantas: Quem precisa de quanto? É principalmente pelas folhas que se pode reconhecer se as plantas precisam de muita ou pouca água. - Pouca sede têm as plantas de folhas pequenas, espinhosas, brilhosas ou 47 carnudas, assim como as de folhas que apresentam uma camada com aparência de cera. Entre as plantas que não pedem muita água, além das variedades de jardim de pedra ou estilo mediterrâneo, estão a hera, o amaranto, a capuchinha, a sálvia, o cravo-de-defunto e a zínia. - Plantas com folhas macias, grandes ou muito finas sentem mais sede, assim como todas as que florescem. - Regue menos vezes, mais profundamente: entre uma rega e outra, a terra, menos úmida, favorece a composição de um sistema de raízes mais ramificado e de maior alcance. - Um sistema de irrigação econômico pode ser feito a partir de uma mangueira velha: faça pequenos furos e conecte-a a uma mangueira principal, o que permite regar na medida certa. - As folhas não devem ser regadas, principalmente as de melão, pimentão e tomate. Para evitar doenças causadas por fungos, até a água da chuva deve ser escorrida das folhas. - Jamais regue flores. Sob a luz do sol, as gotículas agem como uma lupa, queimando-as. - Sob um forte calor, é melhor borrifar as plantas, evitando fazê-lo sob o sol do meio-dia. - Os brotos jovens necessitam mais de água que as plantas adultas, que já possuem raízes profundas. - A água usada para rega não deve ser muito fria - Quem não usa o regador todos os dias no verão deve repetir o procedimento de rega a um intervalo de meia hora. Desse modo, a água penetra mais profundamente na terra. - Em casos de sistemas de irrigação, cheque até que profundidade a terra está seca: se os 3 cm da superfície precisam ser irrigados, calcule o tempo de irrigação de cerca de 60 minutos; em 5 cm, o tempo aumenta para 90 minutos. - Os arbustos devem ser regados na área da raiz abaixo dos galhos mais baixos. Árvores de grande porte, principalmente as frutíferas na época da floração e do amadurecimento dos frutos, necessitam de muita água em 48 períodos de seca. Regue por várias horas usando uma mangueira circular colocada em torno da árvore. Fonte: O Melhor da Sabedoria Popular, Monika Dreykorn. Em seguida, é feita a defesa sanitária do jardim. Essa etapa consiste na aplicação de preparados que protegerão as plantas de ataques de pragas e doenças. Adiante no curso, veremos como estes componentes podem ser aplicados e quando eles deverão ser utilizados. A última etapa é a limpeza do jardim. Antes da limpeza, deve ser feita toda uma revisão da área, dos locais de escoamento de água, das covas – para verificar se estão bem plantadas e se as espécies aderiram ao solo – e das instalações elétricas, se houver. A limpeza consiste na capina das vias de acesso, em varrer as folhas, os ramos e os frutos que caíram das árvores ou se soltaram de algumas plantas etc. A conclusão desse trabalho é o término da construção do jardim. Deste momento em diante, a existência dele dependerá do proprietário, que deve contratar um jardineiro qualificado para manter corretamente as instalações, conforme os critérios já citados. 2.3 – Plantação do jardim Agora que o terreno está preparado para o recebimento das plantas, veremos como planejar e realizar a plantação das espécies selecionadas para compor o jardim. Em primeiro lugar, vamos pensar no alinhamento das plantas, que é um diferencial para a composição da paisagem. Os alinhamentos das plantas podem ser retilíneos, ou seja, traçados em linhas retas, ou em formato de curvas, de acordo com o estilo que você pretende dar ao seu jardim. A seguir, vamos ver os seis tipos principais de alinhamento das plantas: 49 1. a) Disposição linear retilínea: b) Disposição linear curvilínea: 2. Alinhamento em triângulos equiláteros, ou seja, com todas as distâncias iguais: 3. Disposição triangular curvilínea: 4. Alinhamento em quadrados: 50 5. Disposição retangular: 6. Alinhamento em quadrados em grupos de cinco, com um no meio (ou quincôncio): Para fazer o alinhamento é preciso que você assinale no terreno o local onde as plantas serão colocadas. Os materiais necessários para fazer a marcação são: balizas, estacas, trena e martelo. As balizas são hastes em formato de hexágono de madeira, com o comprimento entre 2m e 2,5m, com a ponta de metal, o que facilita sua penetração no solo. Em geral elas são pintadas com listras vermelhas para que possam ser visualizadas a grandes distâncias. As estacas têm o comprimento de 30 cm a 1m, sendo feitas de madeira e marcam o local onde as plantas serão fixadas. Para que sejam colocadas no solo, elas precisam ter uma das pontas talhada. A fixação das estacas é feita com o martelo. Para fazer os alinhamentos, coloque as estacas nas extremidades de cada marcação, de acordo com o alinhamento escolhido. Se ele for em quadrados, em grupos de cinco, por exemplo, coloque as estacas nas extremidades marcadas, conforme abaixo: 51 Com a trena, marque os locais onde deverão ser colocadas as estacas, para marcar onde ficarão as plantas e, em seguida, coloque as estacas com o auxílio do martelo. Feito o trabalho de marcação do terreno, agora é a fase de plantar efetivamente. Vamos ver como isto pode ser feito com plantas isoladas, com gramados e em vasos. PLANTAS ISOLADAS Em primeiro lugar, devem ser feitas as covas para receber as plantas em cada peça do jardim, separando a terra superficial da terra mais profunda. Quando você for colocar a terra na cova, ponha primeiro a terra que estava mais próxima à superfície, pois ela é mais rica em nutrientes e isso fará com que a planta se desenvolva mais rapidamente. Para esse fim, também é proveitoso colocar uma camada de esterco na terra, de acordo com as necessidades do solo e da espécie a ser plantada. Ao assentar a planta na cova, tome cuidado com a força empregada, pois isso pode danificar a raiz de determinadas espécies mais frágeis. A terra deve ser comprimida ao redor da planta para que não fiquem espaços vazios ao redor da vegetação,o que acaba prejudicando sua adesão ao solo. Isso feito, a planta deve ser regada para que as camadas laterais de terra se ajustem ao seu formato. GRAMADOS O gramado, ou tapete verde, é um elemento de alto valor para a composição da paisagem ornamental de seu jardim. Por isso, sua plantação deve ser feita criteriosamente 52 pelo jardineiro, pois se for feita de forma negligente levará o gramado à morte. A plantação pode ser feita a partir das sementes da grama, jogadas sobre a terra já preparada. Em seguida, é necessário regar com a mangueira ou com o regador que tenha uma abertura para a água em buracos pequenos, evitando que a água jorre de forma muito forte (o que agride as sementes e a terra no momento inicial da plantação), para que as sementes fiquem bem aderidas ao solo. Outra forma de realizar a plantação do gramado é por meio de mudas de grama, colocadas em covas rasas próximas umas das outras – com a distância máxima de 5 cm entre elas – sem se preocupar com o alinhamento, pois as mudas crescerão e preencherão estes espaços. Após a colocação das mudas de grama, deverá ser feita uma rega periódica no jardim, de manhã e à tarde se o tempo estiver seco. Esse processo pode ser feito em qualquer época do ano, mas é mais proveitoso se for realizado em meses em que as chuvas são regulares e/ou nos períodos em que não faz um calor excessivo. O mais adequado para a plantação das mudas de grama é que este trabalho seja feito no final da tarde, o que poupará as mudas recém-plantadas da exposição a um sol muito forte, o que pode prejudicar o seu desenvolvimento. No caso de haver um jardim em que se planeje a plantação de grama e plantas isoladas, primeiro plante as espécies isoladas e depois a grama. VASOS Para realizar a plantação em vasos, é preciso que sejam seguidos seis passos simples para o bom desenvolvimento das plantas: 1º) Colocar na primeira camada do vaso, logo acima do buraco para escoamento da água que fica no fundo dos mesmos, uma porção de pequenas pedras (podem ser também pedaços de telha, de tijolo), para garantir a vazão da água. 53 2º) Deixar a terra que será colocada no vaso úmida, com a antecedência mínima de 10 dias, incorporando os adubos necessários à espécie a ser cultivada. 3º) Colocar a terra no vaso em quantidade suficiente para fazer a plantação. 4º) Efetuar o plantio com os mesmos cuidados descritos na etapa das plantas isoladas. 5º) Após colocar a planta, encher o vaso com terra até que fique próximo da borda, com uma distância máxima de 1,5cm. 6º) Assim como nos casos que vimos anteriormente, a muda plantada deve ser regada na sequência do plantio, com um regador com buracos finos para vazão da água, para não agredir a terra e/ou a muda. 2.4 – Pragas e doenças das plantas Conforme vimos, a oitava etapa na construção do jardim é a defesa sanitária. Mas, para isso, é preciso que conheçamos as principais pragas e doenças que podem atacar as plantas e quais os meios para combatê-las. Pragas A seguir, veremos as pragas mais comuns em jardins, as consequências de sua ocorrência para o desenvolvimento das plantas e como exterminá-las. BESOUROS Existem muitas espécies de besouros e grande parte delas é nociva às plantas, pois destrói as folhas, as flores e os brotos, o que impede o desenvolvimento da espécie cultivada. Os 54 besouros são insetos com hábitos noturnos, que se escondem debaixo das folhas durante o dia. Por isso, o mais indicado é a aplicação de inseticidas fosforados ou clorofosforados durante o dia no jardim. BROCAS As brocas são larvas de besouro ou de mariposa que, quando saem dos ovos, entram no caule das plantas, consumindo os nutrientes e causando morte precoce dessas plantas. É possível detectar a infestação desta praga através de furos nos caules, de onde sai uma espécie de serragem em pó e fezes das brocas. Os inseticidas mais indicados são os do grupo clorofosforado que devem ser pulverizados nos buracos feitos pelas brocas, tampando-os em seguida com algodão, cera de vela ou massa de vidraceiro. COCHONILHAS É uma praga que ataca quase todas as espécies de plantas em várias partes, como as folhas, os galhos novos e até mesmo as raízes que estão abaixo do solo. As cochonilhas se reproduzem muito rápido e cobrem a planta com uma espécie de espuma branca, resultado de sua secreção cerosa. Outros tipos de cochonilhas permanecem isoladas e são parecidas com pequenas tartarugas, medindo 5 milímetros, com cor amarronzada ou castanho-amarelada, com carapaça cerosa. Essa praga deve ser combatida com a pulverização de óleo miscível, diluído na proporção de 10cm³ a cada litro de água, que ficará preso na carapaça da cochonilha, promovendo o seu asfixiamento. 55 ÁCAROS São aracnídeos minúsculos, que não podem ser vistos sem auxilio de uma lente de aumento. Eles fazem uma teia na parte interior das folhas e sugam os nutrientes até causar a morte da planta. A melhor maneira de combatê-los é usar enxofre em pó molhável ou acaricida sistêmico. TRIPES É um inseto invisível a olho nu, que causa a perda da clorofila das folhas (substância que dá o verde à planta), portanto, sua presença pode ser percebida quando a planta fica pálida ou quando apresenta manchas nas folhas. Deve ser combatido com inseticida fosforado. PULGÕES Os pulgões são uma praga comum na maioria dos jardins e ficam nas extremidades dos maiores ramos da planta, onde há mais nutrientes para serem sugados. Existem vários tipos de pulgões, sendo os mais comuns os pretos, verdes e amarelos. As plantas se tornam amareladas e sem vida com a ação dos pulgões. Além de sugarem a seiva, eles também podem transmitir vírus que causam doenças às plantas. Em geral, esses insetos são transportados pelas formigas de uma planta para outra. Eles são combatidos com inseticidas fosforados. 56 LAGARTAS As lagartas são a fase jovem das borboletas e das mariposas, sendo muito comum a existência delas nos mais diversos climas e espécies vegetais. Dentre todas as pragas, as lagartas são as que causam mais estragos no jardim. Elas fazem sérios danos às folhas, podendo destruir algumas plantas completamente, como a palmeira, por exemplo. Cada tipo de planta tem um tipo de lagarta que a ataca exclusivamente (lagartas de palmeiras não atacam ipês, por exemplo). As lagartas são caçadas por pássaros e atraí-los para o jardim é uma maneira de combatê-las (você pode atrair pássaros colocando frutas ou alpiste em partes altas do terreno, por exemplo), ou com inseticida biológico. FORMIGAS As formigas causam danos irreparáveis às plantas, pois cortam suas folhas rapidamente e em uma quantidade assombrosa. Existem espécies particularmente sensíveis à sua ação, como as roseiras e as azaleias, que em uma única noite podem ter todas as suas folhas cortadas e carregadas pelas formigas. Elas são combatidas com formicidas em iscas ou pó. LESMAS Caracóis e caramujos são pragas de hábitos noturnos que se alimentam de folhas e de brotos de plantas e que durante o dia se abrigam em locais escuros e úmidos. O combate a esta praga pode ser feito por meio da catação manual, tomando o cuidado de fazer 57 este trabalho sem tocar no animal, que pode transmitir doenças, ou através da aplicação de inseticidas com cloro específicos para moluscos. TATUZINHO Conhecidos também como tatu-bola, bicho-de-conta ou tatuzinho-de-jardim, estes animais são de hábitos noturnos que atacam as raízes das plantas,danificando-as. São combatidos com inseticidas clorados. NEMATOIDES Os nematoides são vermes invisíveis a olho nu que atacam as raízes das plantas ao perfurá-las, injetando líquidos que causam a morte da planta. Sua presença pode ser detectada pelas folhas murchas que depois caem, na fase em que a planta já está seriamente danificada. A detecção é possível olhando as raízes e, se nelas contiverem nódulos grossos (como na figura acima), é sinal de que ela está infestada de nematoides. Os inseticidas para combatê-los são os nematicidas. Doenças Além de serem atacadas por pragas, as plantas também podem sofrer com a ação de fungos e vermes que lhes causam doenças. Vamos ver como se dão essas doenças e como combatê-las. 58 ORELHA-DE-PAU Essa doença é causada por um fungo que se instala na madeira morta de árvores ocas, entrando por feridas causadas, em geral, pelo próprio homem, por meio de pregos cravados na casca da planta, podas mal feitas, etc. Das partes mortas da madeira, o fungo penetra mais fundo na planta, roendo os tecidos vivos que a alimentam, podendo causar até mesmo sua morte. Não existe tratamento para essa doença. O mais recomendado é que as partes mortas da planta sejam cortadas totalmente. Após fazer isso, pode-se aplicar fungicida e esperar alguns dias. Se o tronco começar a se apresentar oco é preciso cortar a planta para que a doença não se espalhe pelo jardim. VÍRUS O vírus ataca a planta ao se instalar no interior dela, modifica seu funcionamento orgânico e passa a produzir mudanças exteriores, o que pode servir de sinal de que a planta está doente. Um determinado tipo de vírus se exterioriza através do amarelamento das folhas, como ilustrado acima. Outros tipos de vírus causam sintomas como manchas nas folhas ou causam sua murcha. O tratamento das plantas atacadas por vírus é tão difícil que a melhor medida é que as atingidas sejam arrancadas – sem se esquecer das raízes que podem ficar no solo – e incineradas para que se evite o contágio de todo jardim. 59 FUNGOS Os fungos destroem muitas plantas e se alastram rapidamente. Entre os vários fungos que atacam as plantas ornamentais, podemos apontar a ferrugem; as escamas brancas nos caules, as machas cinzentas, brancas ou negras. O combate aos fungos deve ser feito com a aplicação periódica de fungicida nas plantas doentes. Planta atingida por ferrugem 60 Conclusão do módulo 1 Parabéns por ter chegado até aqui! Esperamos que tenha compreendido os conteúdos propostos até aqui. Para dar continuidade ao seu curso, faça a avaliação referente ao Módulo I em seguida você terá acesso ao material do Módulo II. Boa sorte!
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