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Giro linguistico em Gadamer

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O Giro Linguístico 
A filosofia da linguagem
Sócrates e Platão defendiam a justeza dos nomes e tinha como modelo a atividade e as ferramentas do artesão para demonstrar que há uma finalidade para cada coisa: o significado vinha do objeto – paradigma das essências 
Cão é cão; cavalo é cavalo - quem dava nome aos entes eram os onomaturgos.
A linguagem ocupava um papel secundário em relação ao conhecimento do real. 
Platão confia no pensamento em si mesmo para superar o poder das palavras. 
O início
Em Aristóteles tem o nascimento da metafísica que na história se apresentou de três formas: 
1) Teologia: ciência daquilo que está além da experiência. 
2) Ontologia: Estuda os caracteres essencial do ser... Um saber que precede todos os outro. 
3) gnosiologia: a razão humana como constituinte de tudo que condiciona o saber e toda ciência.
A linguagem ainda ocupava um papel secundário em relação ao conhecimento.
As informações e conceitos vinham do objeto.
O início
Em Wilhelm Von Humboldt tem-se o rompimento com o paradigma instituído pela filosofia da consciência para o paradigma da linguagem.
A linguagem tem um papel constitutivo na nossa relação com o mundo.
A linguagem é a condição de possibilidade tanto da objetividade da experiência como da intersubjetividade da comunicação.: como a condição de possibilidade de uma visão de totalidade do mundo.
Com isso a hermenêutica clássica (pura técnica de interpretação) cedeu lugar à hermenêutica filosófica (atribuir sentido)
O início
Em Hidegger tem-se a metafisica como ontologia fundamental. A crítica de Heidegger é que a metafísica se volta para o ente e se esquece do ser. (Exemplo: a maça)
O sujeito surge com a modernidade, na vigorosa ruptura filosófica operada por Descartes (a cogitio).
Hidegger e Gadamer traçam a origem da palavra sujeito para designar aquele que subjaz a qualidade de imutável. Protágoras: “o homem como medida de todas as coisas”.
Sujeito significaria, então, aquilo que está na base, e que por si só se sustenta perante nós e persiste imutável, diante de todas as formas de manifestação do ente.
O início
Para Gadamer a compreensão pertence ao ser do que se compreende.
Compreender é o caráter ôntico da vida humana mesma.
Superado um dos atributos do homem (consciência) formou-se o Daiser (estar-aí): o homem é o único ente no mundo que compreende ser.
A compreensão como totalidade (o Daisen como ser no mundo) e a linguagem como meio de acesso ao mundo e aos seus objetos são, assim, questões centrais na hermenêutica filosófica de Heidegger.
O início
Sem linguagem não há mundo, enquanto mundo. Não há coisa alguma onde falta palavra. Somente quando se encontra palavra para a coisa é que a coisa é uma coisa.
A linguagem determina o objeto hermenêutico, o processo de compreensão e a interpretação: aquele que não tem a linguagem ou as condições de fazer a nomeação de algo não tem acesso a esse algo.
O início
Hans-Georg Gadamer 
Giro hermenêutico
Hans-Georg Gadamer
Alemão, nasceu em 11/02/1900 em Marburgo e faleceu em 13/03/2002. Filósofo considerado como um dos maiores expoentes da hermenêutica filosófica. 
 
Sua obra de maior impacto foi “Verdade e Método” (Wahrheit und Methode), de 1960.
 
Foi assistente e aluno de Martin Heidegger.
 
Construiu uma carreira acadêmica, inicialmente como professor em uma universidade em sua terra natal, aposentando-se como professor emérito na Universidade de Heidelberg.
BIOGRAFIA
Gadamer não pretendia desenvolver um método hermenêutico constituído de regras ou mesmo orientações de procedimentos metodológicos aplicados à ciência humana. A pesquisa de Gadamer era filosófica, estando o Autor preocupado com o próprio processo de compreensão do ponto de vista filosófico.
A abordagem de Gadamer refere a lógica interna da compreensão hermenêutica, a lógica que o Ser desenvolve para poder compreender o objeto.
ESTUDO
Friedrich Schleiermacher (1768-1834), alemão, foi pregador em Berlim na Igreja da Trindade e professor de Filosofia e Teologia em Halle. Traduziu obras de Platão e foi influenciado por Kant e Fichte.
Não produziu qualquer obra relativa à hermenêutica porém, após a sua morte, foram publicadas suas aulas acerca do tema, quando então foi reconhecida a sua contribuição por dar à hermenêutica um caráter dinâmico diverso do estático, metodológico e regrado, até então dominante. 
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Friedrich Schleiermacher
* Biografia
A circularidade hermenêutica não foi inicialmente pensada para o Direito, visto ter sido construído na e para a Teologia e a Filosofia.
 
O problema hermenêutico em Schleiermacher seria a compreensão sempre provisória necessária para se extrair a interpretação de determinado objeto através de seu criador. 
 
A compreensão se daria com o resultado da descoberta do pensamento do autor quando da construção de uma obra, criando um elo entre o autor e o interprete, onde o interprete somente alcançaria o objeto através do autor.
 
Haveria aqui uma função de dependência entre o interpretar e o compreender.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Friedrich Schleiermacher
*Teoria
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Friedrich Schleiermacher
*Teoria
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Friedrich Schleiermacher
*Teoria
Martin Heidegger (1889-1976), alemão, iniciou estudos em teologia, porém formou-se filósofo. Foi reconhecido por recolocar o problema do Ser e refundar a Ontologia. 
Responsável por várias obras filosóficas, professor universitário em Marburgo, quando conheceu Hans-Georg Gadamer
A sua obra de maior destaque foi “Ser e tempo”, dedicado ao seu mentor Husserl, que, por sua vez, reprovou a obra causando o rompimento na amizade.
Em 1933 inscreveu-se no partido nazista, pouco depois foi nomeado reitor da Universidade de Friburgo, vindo posteriormente a renunciar ao cargo por pressão de professores contrarios ao nazismo.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Martin Heidegger
*Biografia
O problema hermenêutico de Heidegger era como entrar no círculo hermenêutico de Schleiermacher de modo adequado, ou seja, o problema estaria no momento anterior ao círculo hermenêutico até então proposto. 
A colaboração de Heidegger redimensionou toda a anterior concepção hermenêutica. Heidegger estabeleceu que a interpretação seria o resultado da apreensão daquilo que foi compreendido.
 
Heidegger propôs que a hermenêutica seria o processo que vai da precompreensão à compreensão plena, mas observando de forma direta o objeto e não através de intermediários (autor), como era a ideia de Schleiermacher.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Martin Heidegger
*Teoria
Anterior ao círculo hermenêutico de Schleiermacher seria necessário ter um conhecimento prévio para compreender, pois compreender seria dizer o sentido, e sentido seria o resultado de um contraponto inicial com o que foi observado posteriormente (dialética).
 
O Heidegger não descreve como se dá a compreensão, como em Schleiermacher, se preocupando com a natureza da compreensão humana (dialética), aduzindo que para compreender e interpretar tem que se observar a experiência humana no mundo.
  
Para Heidegger sempre haveria uma antecipação de sentido do texto decorrente do preconceito, tido como falível e sujeito a alterações quando do aprofundamento. O intérprete deve estar aberto ao encontrar no texto interpretando algo novo, não percebido ou até então não compreendido.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Martin Heidegger
*Teoria
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Martin Heidegger
*Teoria
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Martin Heidegger
*Teoria
Gademar identificou dois problemas hermenêuticos: o primeiro seria a importância da tradição na formação do preconceito e o segundo o papel da aplicação no processo hermenêutico, até então divorciado da compreensão e interpretação.
Da identificação destes problemas outras teorias foram criadas.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Hans-Georg Gadamer
*Teoria
1º- Preconceito como condição de compreensão:
Historicismo:
No Iluminismo (1650-1800) os juízos prévios não definidos, preconceitos, eram desprezados e tratados como verdadeiros obstáculos na busca do conhecimento e da verdade que somente poderiam ser alcançados pela razão.
Em resposta ao Iluminismo, no século XIX, floresceu o movimento contrailuminista inspirado no romantismo contrário ao racionalismo, fundado na valoração do lirismo, da história, da subjetividade, da emoção, do sentimentalismo e do egocentrismo.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Hans-Georg Gadamer
*Teoria
Assim como o movimento Iluminista o movimento contrailuminista era radicalmente fundado no método, ou seja, o movimento contrailuminista sofria do mesmo mal daquele movimento que ele era contrário (Iluminismo), qual seja, o radicalismo, pois pregava que toda a verdade seria resultado exclusivo de um transcurso histórico, ou afastando a racionalidade científica, ou a enclausurando, estando a racionalidade “presa” às amarras históricas. 
 
Enxergando a contradição, Gadamer propõe uma releitura da autoridade e da tradição do romantismo buscando a liberdade racional que irá compor o preconceito indispensável ao ingresso no círculo hermenêutico.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Hans-Georg Gadamer
*Teoria
A historicidade essencial à formação pré-conceitual é limitada tanto pelos fatos como pela compreensão que damos à história, pois, a relação compreensiva com a tradição funda-se essencialmente na vida prática.
No compreender histórico, o Ser irá se auto revelar estabelecendo uma identidade temporal e finita, será temporal e finita porque o Ser poderá dialogar novamente com a história e se recriar.
A “distância temporal” não é problema dentro da Teoria de Gadamer, pois a história em Gadamer não é estática, mas sim dinâmica, recompreendida a todo momento, sendo indispensável justamente o raciocínio deste reaprendizado.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Hans-Georg Gadamer
*Teoria
Giro linguístico:
Gadamer apresenta a importância da linguagem como sendo a estrutura de realização do nosso “estar no mundo”.
A linguagem se difere das palavras. 
A palavra seria o meio pelo qual se procura o conhecimento, porém as palavras constituem somente uma das formas de acesso à coisa e não a verdade, pois a correspondência entre palavra e coisa se dá no campo da imaginação e só ocorre quando se conhece previamente o objeto.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Hans-Georg Gadamer
*Teoria
Giro linguístico:
A linguagem em Gamader é o elo que une aspectos históricos e hermenêuticos, fazendo situar o próprio Ser no mundo, como personagem principal e não como espectador.
Este novo viés dado a linguagem fez surgir o que denominou “consciência hermenêutica”, que trata a imparcialidade como mito e o interprete como coprodutor.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Hans-Georg Gadamer
*Teoria
2º- Unidade hermenêutica:
Para Gademar a inserção da “aplicação” no processo hermenêutico constituía um processo de unidade hermenêutica formada por uma tríade composta por: compreensão, interpretação e aplicação.
A lógica da compreensão é formada pelo diálogo prático interno entre os preconceitos e as novas informações apreendidas (interpretação) em busca de uma verdade, resultando em uma transformação (aplicação). 
Na hermenêutica filosófica compreender já é interpretar e toda aplicação é interpretação.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Hans-Georg Gadamer
*Teoria
O diálogo não violento travado seria resultado do encontro da tradição e do objeto apreendido.
Em virtude disto nunca compreendemos da mesma maneira determinado objeto, mas de forma aproximada quando inseridos em uma mesma tradição.
A compreensão então seria o resultado de um esforço comum mutuo, que não significa, necessariamente, concordar, pois pode significar simplesmente o estabelecimento de diferenças.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Hans-Georg Gadamer
*Teoria
Em Gadamer “sujeito e objeto” não compõem polos opostos, mas sim um conjunto destinado à compreensão. 
O preconceito formado pela tradição são apresentados como horizontes.
A compreensão é formada pela “fusão de horizonte”, horizontes estes do sujeito e do objeto, tendo como objetivo a busca pela verdade.
A historicidade controla e condiciona a fusão de horizontes, pois serão através das lentes da compreensão dadas pelo Ser sobre o mundo que ocorrerá a fusão.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Hans-Georg Gadamer
*Teoria
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Hans-Georg Gadamer
*Teoria
Fusão de horizontes
Surge então a indagação:
Se a compreensão tem uma natureza ontológica e depende da participação do interprete, cuja tradição faz parte da interpretação do objeto, seria possível um dever ser da verdade hermenêutica?
A resposta corresponde a natureza ontológica da própria filosofia hermenêutica, sendo respondida a indagação por Gadamer através da retomada do pensamento aristotélico sobre o saber moral, argumentando que, o saber verdadeiro não é o saber alheio, mas o saber verdadeiro de sim mesmo.
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Hans-Georg Gadamer
*Teoria
CIRCULO HERMENÊUTICO:
Em Hans-Georg Gadamer
*Teoria
Hans-Georg Gadamer
O Papel do Juiz segundo a Hermenêutica de Hans Gadamer:
O juíz é, antes de mais nada, um intérprete, pois, para aplicar o direito deve em primeiro lugar compreender a norma: “la interpretación no es um acto complementario y posterior al de la comprensión, sino que comprender es siempre interpretar, y em consecuencia la interpretación es la forma explícita de la comprensión”. 
Processo unitário de interpretação:
Compreender
Interpretar
Aplicar
 	Não se trata de três momentos diversos, mas que formam parte de um processo unitário. As três etapas são essenciais. 
Critério do Justo e equidade
Segundo Gadamer, o juiz, ao aplicar a norma, deve usar o “bom senso” para a sua correta aplicação. Deve o juiz, portanto, afastando o critério de subsunção (viés positivista), assumir a procura por um direito melhor. 
Adequação ao sentido da Lei:
Deve-se:
1- conhecer o sentido originário da Lei;
2 – Procura pelo seu significado jurídico;
Em recente julgado do STJ (AgReg em ERESP 279.889-AL), o ministro Humberto Gomes de Barros assim se pronunciou:
“Não me importa o que pensam os doutrinadores. Enquanto for ministro do Superior Tribunal de Justiça, assumo a autoridade da minha jurisdição. O pensamento daqueles que não são ministros deste Tribunal importa como orientação. A eles, porém, não me submeto. Interessa conhecer a doutrina de Barbosa Moreira ou Athos Carneiro. Decido, porém, conforme minha consciência. Precisamos estabelecer nossa autonomia intelectual, para que este Tribunal seja respeitado. É preciso consolidar o entendimento de que os Srs. ministros Francisco Peçanha Martins e Humberto Gomes de Barros decidem assim, porque pensam assim. E o STJ decide assim, porque a maioria de seus integrantes pensa como esses ministros. Esse é o pensamento do Superior Tribunal de Justiça e a doutrina que se amolde a ele. É fundamental expressarmos o que somos. Ninguém nos dá lições. Não somos aprendizes de ninguém. Quando viemos para este Tribunal, corajosamente assumimos a declaração de que temos notável saber jurídico - uma imposição da Constituição Federal. Pode não ser verdade. Em relação a mim, certamente, não é, mas, para efeitos constitucionais, minha investidura obriga-me a pensar que assim seja” (grifos meus).
Panprincipiologismo
Abuso na criação e uso de princípios – Lenio Streck
TJ-SC - Apelação Cível AC 347727 SC 2007.034772-7 (TJ-SC) 
Data de publicação: 22/06/2011 
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. APROPRIAÇÃO DE VALORES POR EX-FUNCIONÁRIA DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - PROVAS QUE REVELAM A VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES DO BANCO - PRINCÍPIO DA CONFIANÇA NO JUIZ DA CAUSA - RECURSO DESPROVIDO. "Em atenção ao princípio da confiança no juiz da causa, que, mais próximo dos fatos e das pessoas envolvidas,
possui melhores condições de valorar as provas produzidas durante a instrução, deve ser preservada a decisão de primeiro grau quando se encontra em consonância com as provas colacionadas nos autos" (AC n. , Des. Anselmo Cerello). 
Princípio da busca pela Felicidade
“Ao estado é vedado obstar que os indivíduos busquem a própria felicidades”. Marco Aurélio Mello .
ADPF 132. Ayres Britto:
“Felicidade é um estado de espírito consequente. Óbvio que, nessa altaneira posição de direito fundamental e bem de personalidade, a preferência sexual se põe como direta emanação doprincípio da “dignidade da pessoa humana” (inciso III do artigo 1º da CF),e, assim, poderoso fator de afirmação e elevação pessoal. De autoestima no mais elevado ponto da consciência. Autoestima, de sua parte, a aplainar o mais abrangente caminho da felicidade, tal como positivamente norma da desde a primeira declaração norte-americana de direitos humanos (Declaração de Direitos do Estado da Virgínia, de 16 de junho de 1776) e até hoje perpassante das declarações constitucionais do gênero. Afinal, se as pessoas de preferência heterossexual só podem serealizar ou ser felizes heterossexualmente, as de preferência homossexual seguem na mesma toada: só podem se realizar ou ser felizes homossexualmente”. 
Concluindo...
“No Estado Democrático de Direito, a busca pelo sentido das normas, através da Hermenêutica Constitucional e da Hermenêutica Filosófica, não pode ser produto de preferências pessoais do intérprete: a influência da subjetividade deve ocupar o seu devido lugar, sem determinar a solução do caso decidendo, permitindo que o jurisdicionado saiba como deve agir para que sua conduta esteja em conformidade com o Direito.” (disponível em :http://direitoestadosociedade.jur.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=283&sid=26&tpl=printerview

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