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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MECÂNICA BEATRIZ COSTA BIDO JULIANA TEIXEIRA LIMA MIRIANA PRADO CERQUEIRA RAFAEL LIMA DE CARVALHO THAMIRES MARTINS CAMPOS DE SOUZA MATERIAIS E MÉTODOS DE FABRICAÇÃO DO PEDAL DO ACERELADOR SÃO PAULO 2016 BEATRIZ COSTA BIDO – RA 4870972 JULIANA TEIXEIRA LIMA – RA 4729418 MIRIANA PRADO CERQUEIRA – RA 4823230 RAFAEL LIMA DE CARVALHO – RA 5224062 THAMIRES MARTINS CAMPOS DE SOUZA – RA 6044055 MATERIAIS E MÉTODOS DE FABRICAÇÃO DO PEDAL DO ACERELADOR Trabalho apresentado para obtenção de nota no Projeto Integrado IX do curso de graduação em Engenharia de Produção Mecânica das Faculdades Metropolitanas Unidas. ORIENTADOR: PROF. MS. LEANDRO CARDOSO DA SILVA SÃO PAULO 2016 Dedicamos o presente trabalho primeiramente a Deus, por nos dar sabedoria e perseverança para sua elaboração. Em segundo, aos nossos familiares e amigos, por todo apoio dedicado ao longo desta jornada. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por ter nos direcionado e nos guiado. Ao professor Leandro Cardoso da Silva, por ter nos proporcionado um trabalho que nos proporcionasse aprendizado e a aplicação de vários conceitos vistos ao longo o curso. As nossas famílias, que nos apoiaram na escolha da graduação. Aos amigos, por toda a motivação ao longo do trabalho. Aos colegas do grupo, que contribuíram para o desenvolvimento do trabalho. “Treine enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem, persista enquanto eles descansam, e então, viva o que eles sonham.” Provérbio Japonês. RESUMO Os pedais de aceleradores são utilizados em automóveis e têm a função de transmitir a intenção do motorista de acelerar o veículo. O pedal de acelerador pode ser produzido em metal ou em polímeros por diversos processos de fabricação. Os polímeros originam-se através da união de grandes cadeias moleculares, podendo ser separados em lineares ou ramificados. Dividem-se em termoplásticos e termofixos. As propriedades e características variam de polímero para polímero. Neste trabalho, o foco será o compósito de poliamida 6.6 (PA 6.6) com 30% de fibra de vidro, pois é a matéria-prima utilizada para a fabricação do objeto em estudo. Este compósito se caracteriza por sua grande resistência à fadiga e a impactos repetitivos. Além disso, tem baixo coeficiente de fricção e boa resistência química. Esse tipo de material é o mais utilizado pelas industriais por ser obtido facilmente em por processo de injeção, por ser resistente e por possuir inércia química quando associada a alguns tipos de plásticos. A poliamida 6.6 com 30% de fibra de vidro consegue atender as necessidades exigidas pelo produto final. Para o reaproveitamento dos resíduos e refugos é utilizada a reciclagem mecânica, sendo assim o produto torna-se novamente matéria-prima para a fabricação de novos produtos. Palavras-chave: Pedal de Acelerador; Poliamida 6.6; Fibra de Vidro; Processo de Injeção Plástica. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Pedal do acelerador (Imagem fornecida pelo professor orientador) .......... 13 Figura 2 - Identificação da matéria-prima do pedal de acelerador (Imagem fornecida pelo professor orientador) ......................................................................................... 14 Figura 3 - Curva de tensão-deformação de engenharia do nílon-6.6 (ASKELAND ET AL., 2015). ................................................................................................................. 21 Figura 4 - Efeito da temperatura na estrutura e no comportamento dos termoplásticos (ASKELAND ET AL., 2015). .............................................................. 23 Figura 5 - Curva tensão-deformação para um compósito reforçado com fibras (ASKELAND ET AL., 2015). ...................................................................................... 26 Figura 6 - Injetora Plástica (Foto tirada na empresa IBEPLAS em visita técnica em abril de 2013). ........................................................................................................... 30 Figura 7 - (a) Esquematização de um molde simples para injeção de termoplásticos / (b) Conjunto injetado em um ciclo de injeção (MANRICH, 2013). ............................. 31 Figura 8 - Vista Esquemática de Molde com Canais Quentes (MANRICH, 2013). ... 34 Figura 9 - Representação esquemática do processo de injeção (fonte: http://www.engeplas.com.br). .................................................................................... 36 Figura 10 - Moinho utilizado na trituração de resíduos plásticos (Foto tirada na empresa IBEPLAS em visita técnica em abril de 2013). ........................................... 40 Figura 11 - Layout da Fábrica (Elaboração dos próprios autores) ............................ 44 Figura 12 - Mapofluxograma da Fábrica (Elaboração dos próprios autores) ............ 44 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Polímeros Industriais Resultantes de Reação de Poliadição (MANO, 2003). ........................................................................................................................ 16 Tabela 2 - Polímeros Industriais Resultantes de Reação de Policondensação (MANO, 2003). .......................................................................................................... 17 Tabela 3 - Polímeros Industriais Resultantes por Modificação Química de Outros Polímeros (MANO, 2003). ......................................................................................... 18 Tabela 4 - Temperaturas (ºC) nas diversas zonas do barril (MANRICH, 2013). ....... 36 Tabela 5 - Pressões de injeção máxima (MANRICH, 2013)...................................... 37 LISTA DE FÓRMULAS E EQUAÇÕES (1) Tempo de relaxação à tensão........................................................................... 21 (2) Massa específica.............................................................................................. 25 (3) Condutividade térmica....................................................................................... 26 (4) Condutividade elétrica....................................................................................... 26 (5) Módulo de elasticidade...................................................................................... 26 (6) Módulos aproximados....................................................................................... 26 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10 2. OBJETIVO ............................................................................................................ 11 3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 12 4. METODOLOGIA ................................................................................................... 13 5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................. 15 5.1. Introdução aosPolímeros ................................................................................ 15 5.1.1. Termoplásticos ............................................................................................. 19 5.1.2. Propriedades dos Termoplásticos ................................................................ 20 5.1.3. Propriedades Mecânicas dos Termoplásticos .............................................. 20 5.1.4. Influência da Temperatura nos Termoplásticos ........................................... 22 5.2. Poliamida (PA) ................................................................................................. 23 5.3. Introdução aos Compósitos ............................................................................. 24 5.3.1. Compósitos com Fibras ................................................................................ 25 5.4. Introdução à Fibra de Vidro ............................................................................. 27 5.5. Poliamida 6.6 com 30% de Fibra de Vidro ...................................................... 27 6. MÉTODOS E MATERIAIS .................................................................................... 29 6.1. Introdução ao Processo Produtivo ................................................................... 29 6.2. Injeção Plástica ............................................................................................... 29 6.3. A Injetora ......................................................................................................... 30 6.4. Molde de Injeção ............................................................................................. 31 6.4.1. Tipos de Moldes ........................................................................................... 32 6.4.1.1. Moldes com Canais Frios ou Convencionais ............................................ 33 6.4.1.2. Moldes de Canais Isolados ....................................................................... 33 6.4.1.3. Moldes com Canais Quentes .................................................................... 33 6.5. Ciclo de Injeção ............................................................................................... 35 6.6. Temperaturas nas zonas de aquecimento da Injetora ..................................... 36 6.7. Pressões exercidas no polímero na cavidade do molde ................................. 37 6.8. Resíduos e Reciclagem ................................................................................... 37 6.8.1. Reciclagem Mecânica .................................................................................. 38 6.8.2. Reciclagem Química .................................................................................... 39 6.8.3. Reciclagem Energética ................................................................................ 39 6.8.4. Resíduos Termoplásticos no Processo de Injeção Plástica e Sua Reciclagem ................................................................................................................ 39 7. MATERIAIS E PARÂMETROS UTILIZADOS ...................................................... 41 7.1. O Pedal do Acelerador .................................................................................... 41 7.2. Processamento do Pedal de Acelerador ......................................................... 42 7.3. Fluxograma do Processo de Injeção do Pedal do Acelerador ......................... 43 8. LAYOUT DA FÁBRICA DO PEDAL DE ACELERADOR..................................... 44 9. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 45 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 46 APÊNDICE A - FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE INJEÇÃO DO PEDAL.......... 48 10 1. INTRODUÇÃO Um engenheiro de produção necessita ter uma visão muito ampla e clara dentro dos processos que o cercam. Essa necessidade se faz necessária para a rápida tomada de decisão para problemas que possam vir a acontecer dentro do seu universo produtivo, ou até mesmo, para a implementação de novos processos de fabricação para novos produtos, ou para substituir um processo de fabricação já utilizado por outro, a fim de reduzir custos e tempos do processo. Foi cedido ao grupo deste trabalho um pedal de acelerador, onde o grupo teve de pôr em prática sua visão nos processos de fabricações existentes, estes aprendidos no decorrer do curso de Engenharia de Produção Mecânica, e com isso identificar os processos e materiais utilizados na fabricação do pedal. O pedal de um acelerador pode ser fabricado em metal, ou em polímeros, por diversos processos de fabricação diferentes, como usinagem, estampagem, entre outros. O processo adotado em si neste trabalho é o de injeção plástica de poliamida reforçada com fibra de vidro. A poliamida pode ser aplicada em diversos produtos, como em engrenagens, peças automotivas, buchas e lacres. Segundo Roda (2011), a poliamida possui alta resistência a fadiga, boa resistência ao impacto, alta temperatura de fusão, baixo coeficiente de atrito, resistência às intempéries, ótimas propriedades mecânicas, alta fluidez, são impermeáveis aos gases, baixa resistência a ácidos inorgânicos, e baixa resistência a alcoóis aromáticos. 11 2. OBJETIVO O objetivo do presente trabalho é ilustrar o processo de fabricação de pedal de acelerador, fornecido pelo professor orientador do Projeto Integrado. Além disto, será abordada também a matéria-prima que compõe o produto, bem como os resíduos e meios de reciclagem desta. 12 3. JUSTIFICATIVA O pedal de acelerador tem por objetivo realizar o acionamento da válvula borboleta do carburador ou do sistema de injeção eletrônica, que por sua vez aumenta ou diminui a passagem de ar para dentro do motor. A unidade de controle eletrônico do motor (ECU) por sua vez identifica a válvula de aceleração aberta e aumenta a vazão de combustível. Os sensores monitoram tanto a massa de ar que entra no motor quanto à quantidade de oxigênio no escapamento, permitindo que a ECU faça o ajuste da entrega de combustível aos cilindros, de modo que a relação ar-combustível seja correta, gerando assim a aceleração do veículo. (NICE, 2016) Este trabalho será realizado para que o grupo possa estudar e entender o funcionamento do pedal de acelerador, seu processo de fabricação e o motivo da escolha da matéria-prima utilizada. Sabendo que o processo utilizado para sua formulação é a injeção plástica, a elaboração deste trabalho possibilitará ao grupo conhecer as peculiaridades do método de fabricação, com o intuito de compreender as falhas incorridas no processo, bem como conhecer as demais técnicas de fabricação em que o pedal possa ser produzido. 13 4. METODOLOGIA O produto de estudo desse projeto é o pedal do acelerador automotivo. O pedal tem a finalidade de comunicar a intenção do motorista em acelerar o veículo por meio de seu pressionamento. Após o acionamento do pedal de acelerador, há a ativação da válvula borboleta, onde ocorre a permissão de entrada de ar para o motor. A ECU do motor, por sua vez, identifica a abertura da válvula e libera a vazão de combustível para os cilindros para a realização do processo de combustão, gerando com isso o aceleração do motor e, posteriormente, o movimento do veículo. O produto pode ser visto na imagem a seguir: Figura 1- Pedal do acelerador (Imagem fornecida pelo professor orientador) Ao observar o pedal, concluiu-se que o mesmo foi conformado atravésdo processo de injeção plástica. Seu material de composição, segundo a gravação contida em seu corpo, é um composto de PA 6.6 com 30% de fibra de vidro, conforme figura 2. 14 Figura 2 - Identificação da matéria-prima do pedal de acelerador (Imagem fornecida pelo professor orientador) Porém antes de tratar do desenvolvimento específico deste produto e seu processo de fabricação, deve-se conhecer os conceitos que o envolvem, como seu material de composição e processo produtivo, cujos serão abordados nos tópicos seguintes. 15 5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A seguir será apresentada a revisão bibliográfica para os temas que envolvem o desenvolvimento do pedal de acelerador de veículo. 5.1. Introdução aos Polímeros A maioria dos materiais poliméricos é composto a partir da união de grandes cadeias moleculares (macromoléculas), que são cadeias de átomos de carbono, às quais vários átomos ou radicais estão lateralmente ligados para a formação de um sólido, e desta característica que provem nome, que em grego poli significa muitos e meros significa partes, ou seja, muitas partes. Considera-se que essas macromoléculas podem ser compostas por meros, que por sua vez são entidades estruturais menores, que se repetem ao longo da cadeia. As moléculas simples são chamadas de manômeros, que unidas por ligação covalente geram as cadeias. Os polímeros podem ser separados de duas formas, sendo os polímeros ramificados e os polímeros lineares. Os polímeros lineares são aqueles cujas cadeias poliméricas estão dispostas aleatoriamente. Já os polímeros ramificados são aqueles que contêm cadeias poliméricas principais, onde suas ramificações secundárias formam cadeias menores que darão origem às cadeias principais. (ASKELAND ET AL., 2015) Segundo Mano (2003), há três tipos de reações pelas quais se produzem os polímeros: a poliadição, onde os monômeros comumente apresentam duplas ligações entre átomos de carbono e não há a formação de subprodutos; a policondensação, onde existe a formação de subprodutos, que devem ser removidos do meio reacional durante o processo; e a modificação de polímeros, que resulta de reações químicas de polímeros já existentes e que objetiva a mudança das propriedades do material original permitindo assim a diversificação de suas aplicações. As tabelas a seguir exemplificam, respectivamente, os polímeros que são obtidos por cada uma das reações supra citadas: 16 Tabela 1 - Polímeros Industriais Resultantes de Reação de Poliadição (MANO, 2003). Polímero Sigla Polietileno PE Polipropileno PP Poli-isobutileno PIB Poliestireno PS Polibutadieno BR Poli-isopreno IR Copoli(etileno-propileno-dieno) EPDM Copoli(isobutileno-isopreno) IIR Copoli(butadieno-estireno) SBR Poli(cloreto de vinila) PVC Poli(cloreto de vinilideno) PVDC Policloropreno CR Poli(fluoreto de vinilideno) PVDF Poli(tetraflúor-etileno) PTFE Poli(acetato de vinila) PVAC Poli(metacrilato de metila) PMMA Poliacrilonitrila PAN Copoli(butadieno-acrilonitrila) NBR Copoli(estireno-acrilonitrila) SAN Copoli(estireno-butadieno-acrilonitrila) ABS Copoli(etileno-acetato de vinila) EVA 17 Tabela 2 - Polímeros Industriais Resultantes de Reação de Policondensação (MANO, 2003). Polímero Sigla Poli(glicol etilênico) PEG Poli(óxido de fenileno) PPO Poli(éter-éter-cetona) PEEK Resina Epoxidíca ER Poli(dimetil-siloxano) PDMS Poli(tereftalato de etileno) PET Poli(tereftalato de butileno) PBT Policarbonato PC Poli(ftalato-maleato de etileno) PEPM Poliamida-6 PA-6 Poliamida-11 PA-11 Poliamida-66 PA-66 Poliamida-610 PA-610 Poli(fenileno-tereftalamida) PPTA Polibenzimidazol PBI Poli(amida-imida) PAI Poli(éter-imida) PEI Poli-imida PI Poli(sufeto de fenileno) PPS Poli(atil-sulfona) PAS Poli(éter-sulfona) PES Resina de fenol-formaldeído PR Resina de ureia-formaldeído UR Resina de melamina-formaldeído MR Poli(óxido de metileno) POM Poliuretano PU 18 Tabela 3 - Polímeros Industriais Resultantes por Modificação Química de Outros Polímeros (MANO, 2003). Polímero Sigla Nitrato de celulose CN Acetato de celulose CAC Metil-celulose MC Hidroxi-etil-celulose HEC Carboxi-metil-celulose CMC Poli(álcool vinílico) PVAL Copoli(isobutileno-isopreno) clorado CIIR Polietileno clorado CPE Polietileno cloro-sulfonado CSPE Poli(cloreto de vinila) clorado CPVC Quanto à ocorrência, temos os polímeros naturais: que são extraídos diretamente da natureza, por exemplo, de proteínas (polímero de condensação de alfa-aminoácidos), amido (polímero de condensação da alfa-glicose) e borracha natural (polímero de adição do isopreno); e temos os polímeros artificiais ou sintéticos: que são obtidos em laboratório através de reações químicas, por exemplo, polietileno (PE), isopor (poliestireno insuflado com ar quente), policloreto de vinila (PVC) etc. Temos também os chamados biopolímeros, que são produzidos a partir de matérias-primas de fontes renováveis, como: milho, cana-de-açúcar, celulose (polímero de condensação da beta-glicose), quitina, entre outras. Em contrapartida, muitos polímeros são obtidos de matérias-primas fósseis, como o petróleo e o gás natural, fontes estas que levam milhares de anos para se formarem. Os polímeros se dividem em três estruturas: os termoplásticos, onde as cadeias lineares são flexíveis, ou seja, não sofrem modificações em sua estrutura química quando são aquecidos, independente se são ramificadas ou não, portanto podem ser remoldados sucessivamente. Os termofixos, onde a rede tridimensional é rígida, sofre modificação em sua estrutura química, podendo conter cadeias lineares ou ramificadas, sofrem decomposição por aquecimento, antes que ocorra a fusão e 19 assim não podem ser remoldados. E por fim, os elastômeros, que suportam a altas deformações elásticas, podendo ser termoplásticos ou termofixos. Quanto às propriedades físicas dos polímeros, estas são muito variáveis de acordo com o material e sua estrutura. Desta maneira, abordaremos as propriedades da poliamida (PA) especificamente, uma vez que é este o material polimérico utilizado para a fabricação do pedal de acelerador, que é foco deste trabalho, bem como as propriedades dos termoplásticos, uma vez que este material se classifica como tal. (MANO, 2003) 5.1.1. Termoplásticos Atualmente, uns dos materiais mais utilizados pela indústria automotiva são os plásticos. Isso se dá pelas características desse tipo de material, como o peso e a baixa temperatura de processamento, além do custo de sua produção que, por ser menor em comparação a outros materiais de engenharia, o torna um produto mais competitivo. A poliamida, também conhecida como nylon, é um termoplástico que, segundo Askeland et al. (2015), é composto de cadeias longas produzidas pela união dos monômeros, possui comportamento mecânico plástico dúctil e suas cadeias podem ou não ter ramificações, assemelhando-se a arvores que crescem emaranhadas. As cadeias individuais estão entrelaçadas entre si (nós físicos). Ainda empregando essa analogia, as arvores podem ou não ter ramos, e, apesar de emaranhadas, nenhuma arvore está presa uma a outra. Consequentemente, nos termoplásticos, as cadeias podem ser destrançadas pela aplicação de uma tensão trativa (ou tensão de arraste). Os termoplásticos podem ser amorfos (macromoléculas poliméricas dispostas sem uma configuração particular) ou parcialmente cristalinos.Quando aquecido, amolecem e fundem-se e, assim, adquirem formas de diversos objetos. Os termoplásticos podem ser reprocessados ou reciclados com facilidade, pois não há alteração química durante a fusão, fazendo com que suas características não se percam durante este processo. Os materiais termoplásticos são resistentes a altas temperaturas, possuem alta tenacidade, apresentam propriedades de baixo atrito e resistência química. 20 5.1.2. Propriedades dos Termoplásticos Grau de polimerização é a quantidade de meros que uma molécula, em média, apresenta. As propriedades mecânicas como a tenacidade, resistência ao desgaste, resistência à tração, fluência e a temperatura de fusão são proporcionais com a massa molecular e o grau de polimerização médio de cada material. Porém, como o aumento das propriedades citadas acima não é linear, o processamento dos materiais se torna muito mais difícil. A cristalinidade afeta as propriedades mecânicas e óticas dos polímeros, e o aumento da mesma ocasiona o crescimento da densidade do polímero, fazendo com que as suas propriedades mecânicas e a resistência aos ataques químicos sejam melhoradas. A deformação ocasiona o alongamento e o alinhamento das cadeias, fazendo com que sejam utilizadas para a produção de fibras. Através dessa deformação, faz com que as propriedades desses polímeros sejam melhores quando comparadas a de vários materiais metálicos e cerâmicos. Os copolímeros são formados pelas cadeias de adição lineares compostas de dois ou mais tipos de moléculas combinadas. Já quando se quer melhorar as propriedades mecânicas dos termoplásticos, tem-se a opção de misturar uns polímeros aos outros. Por exemplo: para melhorar a tenacidade de um termoplástico qualquer, pode-se misturá-lo a um elastômero. (ASKELAND ET AL., 2015) 5.1.3. Propriedades Mecânicas dos Termoplásticos Os termoplásticos podem apresentar comportamento viscoelástico, que ocorre quando a deformação plástica e elástica acontecem ao mesmo tempo. Podem também apresentar comportamento não newtoniano, que ocorre quando a relação entre a taxa de deformação cisalhante e a tensão de cisalhamento não é linear. Como resultado dos dois comportamentos citados acima, encontramos a curva de deformação elástica. Se tratando da poliamida 6.6 que é o foco deste trabalho, abaixo segue a curva de tensão deformação de engenharia deste material em particular. 21 Figura 3 - Curva de tensão-deformação de engenharia do nílon-6.6 (ASKELAND ET AL., 2015). Os termoplásticos apresentam relaxação à tensão, que é quando o polímero está sob o domínio de uma deformação constante e por um período muito longo e ocorre a redução de tensão sob o mesmo. Sabendo também que o tempo da relaxação da tensão varia de acordo com a temperatura e a viscosidade do material, podendo ocorrer mais rápido quando o material está sujeito a temperaturas mais altas e sua viscosidade é baixa. Podemos calcular o tempo de relaxação (λ) através da fórmula abaixo: (1) Onde, é a tensão, é a tensão inicial e o tempo depende da temperatura e da viscosidade do material. Segundo Askeland et al. (2015) “Os termoplásticos também apresentam fluência, que é uma deformação permanente dependente do tempo, com tensão constante.”. Também acrescentam que uma medida mais prática das propriedades a altas temperaturas e da fluência de um polímero é a elevada temperatura de deflexão ou a temperatura de distorção sob carregamento. A partir deste conceito podemos dizer então que a fluência depende da temperatura, tempo e tensão que o material é submetido. 22 Os termoplásticos são frágeis ao impacto, pois quando submetidos a este tipo de teste, o material não tem tempo suficiente para que suas cadeias se deslizem e apresente deformação plástica, isso ocorre porque a deformação ocasionada através do impacto acontece muito rápido. Essa fragilização pode ser melhorada através da elevação da temperatura que o material está exposto, pois quando o material está submetido a baixas temperaturas ele apresenta um comportamento frágil-dúctil. Já com a elevação da temperatura, ele passará a apresentar um comportamento mais tenaz, pois as cadeias se movimentarão mais facilmente. Microfissuramento pode ser encontrado nos termoplásticos, que apresenta deformação plástica perpendicularmente à direção da tensão aplicada. Embora se assemelhe com uma trinca, o microfissuramento ainda pode suportar a aplicação de uma tensão, ainda assim devemos ter cuidado, pois a microfissura pode levar o material a ser mais frágil e fraturar. Branqueamento, conforme Askeland et al. (2015), refere-se à falha de um plástico em decorrência de uma cristalização localizada, a qual conduz à formação de vazios. Em geral, o branqueamento é causado pela ação de esforços repetitivos sobre o material, por exemplo, a flexão. 5.1.4. Influência da Temperatura nos Termoplásticos Para se trabalhar adequadamente com os termoplásticos, é necessário entender como as mudanças de temperatura acontecem e qual a influência sobre o projeto. Devem também ser de conhecimento quais problemas podem ocorrer durante o processamento destes materiais caso as temperaturas aplicadas não estejam corretas, já que as propriedades dos termoplásticos mudam de acordo com calor. Os termoplásticos podem ser amorfos ou cristalinos, quando resfriados abaixo da sua temperatura de fusão. Porém, alguns desses materiais podem apresentar os dois casos, regiões amorfas e cristalinas. E então podemos nos perguntar como isso acontece. A cristalização nesse material acontece quando ele é resfriado lentamente ou mediante a uma aplicação de tensão. O material pode degradar-se caso as temperaturas estejam demasiadamente elevadas. Isto ocorre porque as ligações covalentes entre os átomos podem ser destruídas quando o material está em seu estado líquido. 23 Para a PA 6.6 especificamente, a faixa de fusão varia de 243-260ºC; sua temperatura de transição vítrea é 49 Tg; a temperatura de processamento está entre 260-327ºC. (ASKELAND ET AL., 2015) Figura 4 - Efeito da temperatura na estrutura e no comportamento dos termoplásticos (ASKELAND ET AL., 2015). 5.2. Poliamida (PA) A poliamida 6.6 (PA 6.6) é considerada o material mais importante na família nylon e é obtida através da polimerização entre a diamina hexametileno e o ácido adípico, produzindo a diamina polihexametilêno. A PA 6.6 pode ser fabricada pelo processo de moldagem por injeção convencional ou por métodos de extrusão. Conforme Askeland et al. (2015), a poliamida apresenta 83 Mpa de resistência à tração na ruptura; 300% de alongamento; 4.450 Mpa de módulo elástico; 1,14 g/m³ de densidade e 1,1 J/cm de resistência ao impacto Izod. Para Mano (2003), outras propriedades marcantes deste polímero é sua resistência mecânica à fadiga, a impacto repetido à abrasão. Além disto, apresenta também baixo coeficiente de fricção e boa resistência química e a solventes não ácidos. A poliamida, segundo Roda (2011), tem uma aceitação muito boa a incorporação de fibra de vidro, cargas minerais, pigmentos, estabilizantes, lubrificantes e modificadores de impacto. 24 5.3. Introdução aos Compósitos Os compósitos são materiais multifásicos produzidos artificialmente, que possuem uma combinação desejável das melhores propriedades das suas fases constituintes. De uma forma bastante abrangente, pode-se dizer que os compósitos constituem uma classe de materiais heterogêneos, multifásicos, podendo ser ou nãopoliméricos, em que um dos componentes, descontínuo, dá a principal resistência ao esforço (componente estrutural), e o outro, contínuo, é o meio de transferência desse esforço (componente matricial). (MANO, 2003, p. 124, grifo do autor). Ainda segundo Mano (2003), os materiais estruturais devem ter resistência, rigidez e maleabilidade, características que geralmente são encontradas nas fibras. O seu papel é suportar as cargas máximas e impedir que as deformações ultrapassem limites aceitáveis. Já o papel do componente matricial é manter a orientação das fibras e seu espaçamento, transmitir as forças de cisalhamento entre as camadas destas (para que o compósito resista a dobras e torções) e protegê de danos superficiais. O material empregado para a matriz comumente é um polímero orgânico macio ou duro, termoplástico ou termorfixo. Para as propriedades mecânicas dos compósitos ambos componentes tem sua contribuição, pois normalmente combinam materiais de alta resistência mecânica e grande alongamento, gerando materiais com excelentes propriedades mecânicas e leveza estrutural, o que torna os compósitos de ampla aplicabilidade dentro da engenharia. Conforme Smith e Javad (2012), existem vários tipos de compósitos, sendo esses os particulados, os reforçados com fibras e os estruturais. Os particulados são aqueles que possuem partículas grandes com resistência aumentada por dispersão. Os estruturais são geralmente preparados com o emprego de uma operação de descarregamento (manual ou automático), onde camadas de fitas prepreg (tipo de compósito) são colocadas sobre uma superfície trabalhada e subsequentemente curadas por completo pela aplicação simultânea de calor e pressão. Dentre os vários tipos de compósitos, o potencial para eficiência de reforço é maior para aqueles que são fabricados com fibras. 25 “Os compósitos são capazes de atender aos requisitos de projeto que muitas vezes não podem ser atendidos pelos materiais de engenharia tradicionalmente utilizados, como o aço e o alumínio.” (LEITÃO et al., 2007). 5.3.1. Compósitos com Fibras Os compósitos reforçados com fibra têm por característica apresentar maiores limites de resistência, como por exemplo, resistência à fadiga, dentro de uma ampla variação de temperatura. Os materiais principais transmitem as tensões aplicadas sobre o material das fibras, ou seja, as mesmas suportam a força aplicada e o material principal protege-as do oxigênio e da umidade, que podem vir a degradar as suas propriedades mecânicas. Existem vários materiais que dão reforços às fibras, como palha, carbono, boro, polímeros e as cerâmicas, que são utilizadas em compósitos mais avançados. A fibra de vidro é um material muito utilizado dentro das indústrias. (ASKELAND ET AL., 2015) As propriedades mecânicas dos compósitos com fibras contínuas e alinhadas são altamente anisotrópicas, isto é, suas propriedades têm valores diferentes segundo a direção considerada. Para compósitos com fibras curtas e descontínuas, estas podem estar alinhadas ou aleatoriamente orientadas. Apesar de algumas limitações na eficiência do reforço, as propriedades dos compósitos com fibras curtas e com orientação aleatória são isotrópicas, ou seja, suas propriedades têm o mesmo valor ou intensidade independente de direção e sentido. Os compósitos reforçados com fibras são algumas vezes classificados de acordo com o tipo da matriz, quais sejam: polimérica, metálica e cerâmica. Os compósitos com matriz de polímero são os mais comuns e podem ser reforçados com fibras de vidro, de carbono e aramidas. (SMITH; JAVAD, 2012) Há regras para formar compósitos com fibras. Entre essas regras, precisamos conhecer a condutividade elétrica e térmica dos materiais envolvidos no compósito e podemos calcular a massa específica dos compósitos através da formula: (2) 26 Onde, f e m trata-se do material principal e o material da fibra, sabendo ainda que . Para calcula as condutividades térmica e elétrica dos materiais, utilizamos as seguintes fórmulas: (3) (4) Onde K é a condutividade térmica e é a condutividade elétrica. Essa regra de mistura só pode ser aplicada nos materiais que são contínuos e unidirecionais. O módulo de elasticidade pode ser previsto e calculado, quando obedecer à regra das misturas por: (5) Porém, quando a tensão é muito alta, a matriz tende a deformar, então poderemos calcular os módulos aproximados: (6) Através da imagem abaixo podemos compreender melhor essa aplicação. Figura 5 - Curva tensão-deformação para um compósito reforçado com fibras (ASKELAND ET AL., 2015). 27 Antes de fazermos um compósito reforçado com fibras devemos considerar alguns pontos, sendo eles o comprimento, orientação, diâmetro, quantidade e propriedades das fibras. 5.4. Introdução à Fibra de Vidro Conforme Almeida et al. (2004) o vidro é o material de fibra de reforço mais usado por várias razões, dentre as principais: É facilmente obtido em fibras de alta-resistência a partir do estado fundido; É encontrado facilmente e pode ser fabricado utilizando uma grande variedade de técnicas industriais viáveis economicamente; Como fibra, é relativamente resistente; e quando embutida em uma matriz de plástico, produz um compósito com uma resistência específica muito alta; Quando associada a alguns tipos de plásticos, possui uma inércia química que produz um compósito resistente a vários ambientes corrosivos. Além destas características, este tipo de material possui baixo coeficiente de dilatação térmica, altas propriedades mecânicas, retenção de propriedades mecânicas em altas temperaturas e baixo custo de fabricação. Observa também que, quando necessitamos de altas propriedades mecânicas, principalmente resistência ao impacto, os tecidos de fibra de vidro são a melhor escolha, uma vez que, nos tecidos as fibras são dispostas orientadamente, tendo uma resistência mecânica maior no sentido destas fibras. Assim, as maiores resistências são obtidas quando as fibras estiverem direcionadas nas direções das principais tensões atuantes. 5.5. Poliamida 6.6 com 30% de Fibra de Vidro Devido à necessidade das indústrias de conseguir um material com boas propriedades mecânicas, realizaram uma busca de compósitos que atendessem às necessidades exigidas pelo produto final. Após muitas pesquisas, encontraram o compósito de Poliamida 6.6 (PA 6.6) reforçada com fibra de vidro. A poliamida reforçada com adição de 10% a 50% de vidro aumenta a resistência mecânica, resistência à fadiga e aos impactos repetitivos. Para melhorar o acoplamento entre a 28 superfície da fibra de vidro e da poliamida é utilizado o silano como composto químico da mistura. A porcentagem dessa fibra a ser acrescentada no material será de acordo com o que se deseja obter no final. Para a aplicação em pedais, utilizamos PA 6.6 com 30% de fibra de vidro, por apresentar excelentes propriedades mecânicas, estabilidade térmica para moldagem por injeção e resistência química a fluídos. A poliamida com reforço de fibra de vidro faz com que a estrutura cristalina do material seja alinhada ao longo do eixo, permitindo assim que essa estrutura fique perfeita. Com isso, garante a melhoria das propriedades mecânicas e reduz os defeitos internos. Por esse motivo, o reforço com fibra de vidro se torna mais usual em compósitos. Segundo Furtado et al. (2008), no processo de fabricação de fibras, os defeitos do material que o enfraquecemsão eliminados pelo estiramento do material, fazendo com que a resistência à ruptura e o módulo de elasticidade sejam altamente melhorados. As fibras se tornaram muito usuais a partir de 1940, sendo utilizadas como reforço, por trata-se de um material que tem baixo custo e pode ser utilizado em pequenas espessuras. Elas possuem uma pequena faixa de elasticidade x deformação, ou seja, quando essa faixa é ultrapassada ocorre uma ruptura súbita e não apresenta deformação permanente. A umidade interfere no compósito de forma considerável, atingindo o volume e peso das fibras, a temperatura e coeficiente de difusão da matriz polimérica. O compósito com fibra de vidro pode apresentar alterações indesejadas no material injetado, por exemplo, aumento de algumas características, tais como a estabilidade dimensional, rigidez, resistência térmica, resistência à tração, resistência ao desgaste, resistência ao impacto e a diminuição da higroscopia (propriedade de absorver água), além de deixar as peças injetadas opacas. 29 6. MÉTODOS E MATERIAIS 6.1. Introdução ao Processo Produtivo Com a grande facilidade de ser moldado, soprado, injetado, ou seja, pela sua capacidade de se conformar nas mais variáveis formas facilmente, o plástico obteve um imenso sucesso mundial em aplicações. Os termoplásticos podem ser produzidos de diversas maneiras, fazendo com que possa ser escolhida a maneira pela qual o produto será feito, de acordo com a geometria, aplicação e investimento disponível para o produto. O processo acontece quando o material é inserido em um molde que contenha a forma do produto desejado. O processamento desse material é feito quando o material está próximo ou acima de sua temperatura de fusão, podendo ele ser processado em seu modo líquido ou mesmo ainda quando estiver em seu modo sólido, desde que seu comportamento esteja como borracha. O pedal de acelerador, conforme visto no capítulo 4, é um composto entre poliamida com 30% de fibra de vidro (PA 6.6), e por suas características físicas o processo mais adequado para sua fabricação é por meio da injeção plástica. Mas antes se deve conhecer esse processo de conformação plástica, para assim poder descrever o processo de fabricação do produto de estudo deste trabalho. 6.2. Injeção Plástica Para realização deste processo usa-se uma máquina chamada injetora. O Processo consiste na fundição da resina plástica, onde esta pode estar com sua cor natural ou pigmentada. Ao se fundir, a resina é injetada em moldes que possuem a forma final do produto, este molde por sua vez tem que ser refrigerado para que a resina solidifique ao entrar em contato com suas paredes. Essa refrigeração pode ser feita através de água, óleo ou mesmo gás passando no interior do molde. Após a solidificação da resina como produto final, ela é extraída do molde de injeção por meio de pinos extratores. Assim se obtém o produto final, precisando somente realizar o acabamento do mesmo, como a remoção das rebarbas por exemplo. 30 Nos demais tópicos será melhor detalhado como funciona esse ciclo de injeção, como também os componentes que formam esse sistema. 6.3. A Injetora A injetora é uma máquina responsável pelo processo de conformação plástica de um produto através da injeção de resina plástica fundida no interior de um molde. A injetora composta por a) um sistema capaz de homogeneizar e injetar o polímero fundido: rosca recíproca acionada por sistemas mecânicos, elétricos, pneumáticos e/ou hidráulicos; canhão, que contém em seu interior a rosca recíproca; mantas elétricas capazes de aquecer o canhão e por conseguinte, transmitir calor ao polímero; b) molde: capaz de dar a forma à massa polimérica, sendo essa injetada no interior do molde sob alta pressão e com velocidade controlada; o mesmo molde é capaz de gerar o resfriamento do produto de forma adequada através de fluidos que circulam no seu interior e, finalmente, este possui um mecanismo capaz de executar a ejeção da peça acabada ao se abrir (MANRICH, 2013). Figura 6 - Injetora Plástica (Foto tirada na empresa IBEPLAS em visita técnica em abril de 2013). 31 6.4. Molde de Injeção O molde como já visto anteriormente é responsável pela solidificação da massa plástica (maleável), a qual é preparada pela injetora e introduzida na cavidade do molde com o auxílio da rosca recíproca. Essa cavidade do molde possui o formato final da peça desejada e normalmente está a temperaturas baixas, solidificando de maneira rápida a massa quente que preenche seus vazios. Contudo, o molde possui um sistema de resfriamento responsável pela troca de temperatura entre o molde e a massa plástica, este resfriamento é feito por um fluído refrigerante que circula através de canais internos que envolvem a cavidade do molde. O fluído refrigerante é transportado através de finas mangueiras para dentro dos moldes. Cada molde possui duas mangueiras para a circulação desse fluído; uma mangueira de entrada, por onde entra o fluído gelado; uma mangueira de saída, onde o fluído sai quente por conta do aquecimento da resina e volta para o refrigerador de fluído. O molde possui também um sistema de extração (pinos extratores e placa extratora), para que o produto já solidificado possa ser extraído do molde. A figura abaixo apresenta um molde de injeção com seus respectivos componentes: Figura 7 - (a) Esquematização de um molde simples para injeção de termoplásticos / (b) Conjunto injetado em um ciclo de injeção (MANRICH, 2013). 32 Na figura acima é possível enxergar os elementos constituintes de um molde de injeção, cujos números representantes significam respectivamente: 1. Largura da montagem das placas; 2. Lado do sistema de extração; 3. Lado do sistema de injeção; 4. Linha de fechamento/divisa fixo-móvel; 5. Placa base do lado móvel; 6. Bucha do sistema de guia; 7. Pino garra de retorno; 8. Placas extratoras; 9. Eixo extrator central; 10. Pino extrator; 11. Placa de apoio; 12. Bucha pino/guia; 13. Coluna guia; 14. Porta macho; 15. Anel de centragem; 16. Bucha de injeção; 17. Canal de refrigeração; 18. Placa base fixa; 19. Calços distanciadores; 20. Gancho; 21. Cavidade; 22. Canal de injeção; 23. Canal de distribuição; 24. Ponto de injeção. 6.4.1. Tipos de Moldes Os moldes de injeção possuem diferentes tipos, os quais são projetados em função da complexidade do produto final desejado e de variáveis como material, número de cavidades e do nível de qualidade. Segundo Manrich (2013), os moldes classificam-se basicamente em três tipos: a) Convencionais ou com canais frios, que podem ser de duas placas ou três placas; b) Com canais isolados, que podem ser divididos em convencionais ou aquecimento; c) Com canais quentes, sendo esses divididos em moldes com distribuidor frio e com distribuidor quente. 33 6.4.1.1. Moldes com Canais Frios ou Convencionais Esses moldes extraem o sistema de alimentação e distribuição ao mesmo tempo em que a peça é moldada, pois tudo é resfriado. Portanto, são produzidas durante o ciclo de injeção as peças mais os "galhos", que são rejeitos recicláveis constituídos pelos canais. Existem custos para reciclar (moagem), sendo que em alguns casos o material moído é misturado diretamente com material virgem, e ainda existem casos em que se torna necessário a aditivação suplementar desse material moído para recuperar as propriedades perdidas durante o ciclo de injeção ao qual foisubmetido. (MANRICH, 2013) Como já exposto estes moldes podem ser de duas ou três placas: a) Moldes de duas placas: possuem uma placa móvel, a qual normalmente realiza e ejeção da peça, e uma placa fixa. b) Moldes de três placas: contém uma placa intermediária entre a fixa e a móvel, também com movimentos intermediários, promovendo tanto a ejeção da peça acabada quanto a separação dos canais de injeção do moldado. 6.4.1.2. Moldes de Canais Isolados São moldes que possuem canais de alimentação com diâmetros de 25 a 30mm (MANRICH, 2013). Com esse diâmetro superdimensionado apenas a massa plástica em contato com as paredes dos canais do molde é resfriada, mantendo o miolo quente, fazendo assim com que o fluxo de massa plástica possa fluir no fluxo seguinte sem a necessidade de extração dos galhos. 6.4.1.3. Moldes com Canais Quentes Diferentes dos outros tipos de moldes, os moldes com canais quentes estabilizam a temperatura ideal dentro dos canais de injeção, alimentação, e distribuição, mantendo-a constante durante todo processo. Com isso a extração desses canais não se faz mais necessária, já que a massa plástica se encontra pronta para início de uma nova injeção. 34 Moldes com canais quentes, também conhecidos como Câmara Quente, são constituídos por um bloco de aquecimento (metálico) com resistências elétricas alojadas estrategicamente em canais devidamente distribuídos para que haja o aquecimento por igual de toda a massa do bloco (esse bloco também é conhecido como manifold e bicos de injeção que podem, ou não, conter resistência elétrica). Termopares ficam em contato com os canais em vários pontos, mas principalmente perto do ponto de injeção. Figura 8 - Vista Esquemática de Molde com Canais Quentes (MANRICH, 2013). Os blocos distribuidores (manifold) desse molde podem ser frios ou quentes; os frios possuem resistências elétricas responsáveis pelo aquecimento da resina, e estão localizadas no centro dos canais. Dessa forma as resistências são envolvidas pela resina plástica, e o calor gerado não é transmitido para o resto do distribuidor, mantendo-o frio; os quentes por sua vez possuem suas resistências localizadas externamente dos canais. Com isso todo o distribuído fica quente e tem que ser isolado do resto do molde. 35 6.5. Ciclo de Injeção A injeção não é um processo contínuo, mas sim intermitente, seguindo um ciclo conhecido como "ciclo de injeção". Esse ciclo pode possuir eventos que se interceptam e eventos que só ocorrem após terminar o antecedente. Podemos dizer que existe um ciclo com ocorrências sequenciais da rosca recíproca e um ciclo com eventos sequenciais do molde. No entanto, os ciclos da rosca e do molde são interdependentes (MANRICH, 2013). Inicialmente no ciclo da rosca recíproca, o polímero é alimentado na injetora através de um funil. Essa alimentação pode ser feita automaticamente ou manualmente. Se o polímero conter coloração, também já recebe a pigmentação nessa fase e é misturado com o granulado (polímero) no funil. Essa matéria-prima junto ao seu pigmento vai descendo para os misturadores e aquecedores, onde são misturadas e fundidas. A rosca recíproca tem a finalidade de agir como um parafuso sem fim, girando e conduzindo por seus vãos a resina fundida até os moldes, porém nesse momento a matéria-prima não entra ainda no molde, pois o bico de injeção está normalmente fechado por uma válvula durante esse tempo. Após essa etapa do processo a rosca recíproca passa a agir como um pistão e a válvula do bico de injeção é aberta permitindo o completo preenchimento da cavidade do molde. Por outro lado, para não permitir que o polímero volte para trás pelos os vãos da rosca, outra válvula existente na ponta desta é fechada. Mesmo depois do molde preenchido a rosca continua exercendo pressão sobre o injetado por um determinado tempo (tempo de empacotamento/ pressurização/ recalque). Logo após este tempo a rosca volta ao ponto de início de operação, produzindo a próxima dosagem. O processo no molde se inicia com ele fechado e vazio, onde a resina fundida enviada pela a rosca recíproca deverá preencher a cavidade do molde. Assim que essa resina transpassa os canais do molde, ela já inicia um processo de resfriamento, e após o molde totalmente preenchido, atua sobre ele a pressão de recalque, oriunda da rosca recíproca, e que tem a finalidade de fazer a compensação da contração do polímero fundido no molde, e também impedir o retorno desse fluído para a rosca recíproca. Depois da pressão de recalque não ser fazer mais necessária, ela cessa, e é esperado o tempo de resfriamento total do polímero fundido no molde, o qual é a etapa de mais tempo dentro do ciclo do 36 produto. A seguir com a peça totalmente solidificada o molde se abre e a peça é injetada. Após isso o molde se fecha e dá início ao um novo ciclo. Figura 9 - Representação esquemática do processo de injeção (fonte: http://www.engeplas.com.br). 6.6. Temperaturas nas zonas de aquecimento da Injetora A temperatura dentro da rosca recíproca precisa ser controlada, e a temperatura varia de acordo com o polímero utilizado. A tabela 1 mostra a temperatura recomendada pelo os fornecedores em cada zona da rosca recíproca. Tabela 4 - Temperaturas (ºC) nas diversas zonas do barril (MANRICH, 2013). Polímero Zona 1 Zona 2 Zona 3 Zona 4 (Bico) ABS Ac. Celulose PVC 210 - 240 190 - 220 170 - 200 210 - 240 210 - 300 170 - 200 200 - 230 200 - 220 160 - 160 190 - 220 190 - 210 150 - 150 Náilon 6 Náilon 6.6 Náilon 6.10 230 - 250 260 - 280 230 - 250 230 - 250 260 - 280 230 - 250 220 - 240 250 - 270 220 - 240 210 - 240 240 - 260 210 - 230 Náilon 6/30 FV PC LDPE 290 290 - 310 170 - 200 290 300 - 320 180 - 210 300 290 - 310 170 - 200 310 280 - 300 150 - 180 HDPE PET PMMA 210 - 240 270 - 290 200 - 220 220 - 250 279 - 295 190 - 210 210 - 240 270 - 290 180 - 200 190 - 220 270 - 290 170 - 196 POM PP PS 190 - 210 240 - 270 190 - 220 180 - 200 240 - 270 180 - 210 180 - 200 230 - 260 180 - 210 170 - 190 120 - 250 170 - 200 37 6.7. Pressões exercidas no polímero na cavidade do molde Segundo Manrich (2013), o polímero necessita ser exposto a uma pressão de pressurização, e essa pressão depende da estrutura química, da viscosidade do polímero, e do tamanho do canal do molde. A tabela 2, apresenta as pressões máximas que o pistão pode exercer sobre a poliamida (nylon). Tabela 5 - Pressões de injeção máxima (MANRICH, 2013). Polímero Densidade (g/cm³) Pinj Máxima (Bar) Náilon 6 1,12 800/1 200 Náilon 6.6 1,13 800/1 200 Náilon 6.10 1,03 800/1 200 Náilon 6.6/30% FV 1,56 800/1 200 6.8. Resíduos e Reciclagem Em um processo produtivo e instalações industriais tudo o que sobra de uma peça é conhecido como resíduo. Também é considerado um resíduo todo material perigoso, que necessita de tratamento antes de ser descartado, por conta do seu impacto ao meio ambiente. Como já falamos anteriormente, os polímeros são resistentes à fadiga mecânica, a impactos repetitivos e a abrasão. Em contra partida, eles levam muito tempo para se decompuser. Essa resistência à decomposição preocupa muito, pois pode acarretar grandes impactos ambientais. A sociedade vem sentido cada vez mais a necessidade de desenvolver e implementar técnicas e tecnologias destinadas a reciclagem de todo e qualquer materialque ameace o meio ambiente. Hoje, já é comum a utilização de produtos reciclados, e a poliamida é um exemplo. Como afirma Brognoll (2006), as empresas devem direcionar os processos de forma a obter um produto final com melhor qualidade possível dentro do aceitável. Diversos fatores influenciam nos processos, muitos deles ligados ao conhecimento, experiência e tecnologia dos equipamentos empregados. O resultado desejável é o de obter produtos com qualidade o mais próximo possível do plástico virgem. 38 A reciclagem de polímeros por ser classificadas em: Primária – É o aproveitamento das aparas, rebarbas e das peças defeituosas dentro do processo de fabricação; Secundárias – É a reciclagem dos produtos rejeitados existentes no lixo. Neste caso o produto reciclado terá sua qualidade técnica inferior ao material virgem; Terciária – É a transformação dos resíduos polímeros em manómeros e em outros produtos químicos. Nesse processo o produto deve ser novamente polimerizado, gerando novas resinas; Quaternária – O produto é levado à queima em incineradoras especiais gerando energia elétrica ou térmica. Essas incineradoras devem conter filtros especiais, pois, este processo de reciclagem gera gases de grande toxidade, contaminando o meio ambiente. Esses filtros faz com que esse processo tenha elevados custos. Os processos de reciclagens primário e secundário são conhecidos como reciclagem mecânica ou física. A diferença entre elas é que na primária os resíduos são gerados pela indústria e na secundária são resíduos de consumo. Já o processo de reciclagem terciária é conhecido como químico e a quaternário como energética. 6.8.1. Reciclagem Mecânica Esse é o método mais comum. Ele consiste em transformar os plásticos descartados pós-consumo ou sobras industriais em pequenos grânulos, que servem como matéria prima para a produção de novos materiais. Ex: Peças automotivas, embalagens não alimentícias, etc. Podemos realizar essa reciclagem por extrusão, injeção, termoformagem, moldagem por compressão, etc. As etapas irão depender da procedência do resíduo. Dessas etapas podemos citar: 1) Triagem e separação dos tipos de plásticos; 2) Moagem; 3) Aglutinação; 4) Lavagem; 5) Secagem; 39 6) Reprocessamento por extrusão; 7) Transformação do plástico em um produto acabado. 6.8.2. Reciclagem Química Consiste no reprocessamento do plástico para transformá-los em materiais petroquímicos básicos, que irão servir como matéria prima para a fabricação de produtos com elevada qualidade. A diferença entre a reciclagem mecânica e a química é que a primeira não requer uma triagem tão minuciosa já que é mais tolerante a impurezas. Em contra partida, é mais cara, pois requer uma quantidade grande de plástico. 6.8.3. Reciclagem Energética A reciclagem energética transforma o plástico em energia térmica ou elétrica através da incineração, aproveitando o calor armazenado neles. Nesse processo os plásticos podem também ser aproveitados como combustível. De acordo com a Oliani (2013), 35 países utilizam esse método, mas infelizmente esse tipo de tecnologia ainda não chegou ao Brasil. 6.8.4. Resíduos Termoplásticos no Processo de Injeção Plástica e Sua Reciclagem No processo dito nos tópicos anteriores, existe a geração de resíduos provenientes dos refugos e rebarbas, as quais são retiradas pelos operadores dos produtos. Mas, como já se sabe, a poliamida é um material termoplástico e possui a característica de poder ser remoldada na medida em que a mesma for novamente aquecida. Pode-se caracterizar então sua reciclagem como primária. Para o processo de reciclagem da poliamida com fibra de vidro, foi adotado o meio mecânico por moagem. , os resíduos oriundos destas rebarbas, bem como os produtos refugados, são introduzidos em moinhos, onde serão triturados. Após, passam a possuir características físicas semelhantes a dos granulados de resina plástica, podendo ser 40 reintroduzido nos funis, voltando desta maneira a se tornarem matéria-prima para a conformação de novos produtos. Figura 10 - Moinho utilizado na trituração de resíduos plásticos (Foto tirada na empresa IBEPLAS em visita técnica em abril de 2013). 41 7. MATERIAIS E PARÂMETROS UTILIZADOS Agora que é conhecido o processo de injeção, o qual será utilizado na fabricação do objeto de estudo desse projeto, é chegada a hora de implementarmos o conhecimento aludido nos tópicos anteriores. Mas antes, vamos conhecer melhor as características do pedal em questão. 7.1. O Pedal do Acelerador Conhecendo a funcionalidade do pedal e sua forma de acionamento, torna-se visível os esforços que serão empregados no mesmo ao longo da sua vida útil, que por sua vez deve perdurar todo o período de utilização do veículo. Sendo assim, o componente deve ser fabricado com o emprego de um material cuja as características suportem a aplicação de tais esforços para que o produto tenha durabilidade adequada. A partir da identificação das características do produto, notou-se que o material ideal para sua produção seria um metal. Entretanto percebeu-se que os materiais metálicos possuem alto custo e dificuldade de processamento. Com isso foi necessário pesquisar materiais alternativos para sua formulação. Na busca por novas matérias primas observou-se que os materiais poliméricos estão em crescente aplicação na indústria em geral, devido as suas boas propriedades mecânicas, baixo custo e facilidade de utilização. Ao aprofundar os estudos sobre os polímeros, identificou-se que os mesmos não apresentavam isoladamente as propriedades mecânicas necessárias para suportar os esforços exercidos no pedal acelerador. Por tanto, partiu-se para o estudo dos compósitos com matriz polimérica. O compósito de poliamida 6.6 (matriz) com concentração de 30% de fibra de vidro (componente estrutural) se mostrou adequado para aplicação na fabricação do pedal, uma vez que apresenta excelentes propriedades mecânicas como visto nos capítulos de revisão bibliográfica. 42 7.2. Processamento do Pedal de Acelerador Para o processamento deste tipo de material, a injetora requer um projeto especial: ela deve atender características que evitem “pontos mortos” dentro do fluxo de material fundido, pois a ocorrência de “pontos mortos” pode levar a oxidação do material. O compósito de estudo apresenta baixa viscosidade, por essa razão os bicos de injeção necessitam de um sistema de bloqueio que impeça seu vazamento. Todo material polimérico quando fundido e resfriado possui um grau de retração de seu volume. No caso do compósito, esse grau de retração no resfriamento é ainda maior, e por essa razão é necessário que pressões de empacotamento sejam exercidas e mantidas no processo a fim de minimizar esse efeito. A temperatura aplicada no molde de injeção, e o tempo de resfriamento com a Poliamida requer grande atenção, pois estes interferem na perfeita cristalinidade do produto final. Para redução do ciclo de resfriamento e garantia da perfeita cristalização do moldado, as resinas PA 6 e PA 6.6 são fornecidas com agentes de nucleação (sílica fina precipitada, poliamidas de alta massa molar ou com ligações cruzadas, outros polímeros com temperatura de fusão maiores e textura granulométrica mais fina) que precipitam rapidamente um maior número de esferolitos de dimensões menores e de características morfológicas superiores, resultando em melhores propriedades de resistência nos produtos acabados. Após a injeção, as peças originadasprecisam passar por um processo de hidratação para que possam adquirir todas as propriedades do nylon. Essa hidratação pode ser realizada com a imersão da peça em óleos lubrificantes, ceras e até mesmo em água quente, a uma temperatura entre Tf e TV. O tempo de imersão é determinado em razão das dimensões da peça em questão. (SILVA, 2014). O molde adotado na injeção do pedal é um molde com canais quentes, cuja sua temperatura é controlada por meio de termopares estabilizando-a dentro dos canais de injeção, alimentação e distribuição, mantendo assim uma temperatura constante durante todo o processo. A massa plástica aquecida é indiretamente proporcional a pressão necessária para a injeção do material, ou seja, quanto maior a temperatura do compósito fundido, menor será a pressão de trabalho. Trabalhando com temperaturas controladas é possível obter o pedal com uma superfície mais lisa, além de adiquirir menores marcas de emenda, e evitar a quebra da peça no 43 momento de extração, pois o resfriamento repentino da massa plástica gera tenções na mesma. Os resíduos oriundos do processo são termoplásticos, e estes podem ser reciclados dentro do ciclo de injeção, ou seja, quando aquecidos eles apresentam pouca perda de suas propriedades, sendo assim quando reaquecidos podem ser remoldados. O processo de reciclagem na injeção do pedal é o de reciclagem mecânica por moagem, o qual consiste na trituração dos resíduos por meio de um moinho, e a sua reintrodução no início do processo. 7.3. Fluxograma do Processo de Injeção do Pedal do Acelerador O processo de injeção do pedal inicia-se com a preparação e instalação do molde na máquina injetora e o ajuste do ciclo de processo de acordo com as características do produto. Em seguida, a matéria-prima granulada é introduzida na máquina através do funil de alimentação e direcionada para ao cilindro de plastificação, onde o mesmo será fundido e homogeneizado. O material fundido será conduzido pela a rosca recíproca e injetado para dentro do molde que possui o formato do pedal. O pedal já formado será resfriado e solidificado. Logo na sequência o pedal será extraído com a abertura do molde. Se o pedal atender aos padrões de qualidade do produto, o mesmo será encaminhado para a hidratação para adquirir as propriedades do nylon. Caso contrário, será refugado e triturado junto aos demais resíduos (rebarbas) no moinho. Sequencialmente, este material triturado será reintroduzido no funil de alimentação. Vide fluxograma completo do processo no Apêndice A. 44 8. LAYOUT DA FÁBRICA DO PEDAL DE ACELERADOR Na figura é demonstrada hipoteticamente a disposição dos maquinários e equipamentos da fábrica. Figura 11 - Layout da Fábrica (Elaboração dos próprios autores) A fábrica segue o seguinte processo, de acordo com o mapafluxograma abaixo. Figura 12 - Mapofluxograma da Fábrica (Elaboração dos próprios autores) 45 9. CONCLUSÃO Este trabalho acadêmico usou-se de pesquisas bibliográficas para a análise e compreensão dos processos produtivos que envolvem o pedal do acelerador. As pesquisas proporcionaram um amplo entendimento desse processo, e também sobre as características do compósito formado por poliamida com 30% de fibra de vidro. Por meio dos estudos vimos que compósito é todo material formado por dois ou mais materiais; é uma classe de material multifásico, feito artificialmente. No caso da PA 6.6 com 30% de fibra de vidro, foi visto que a fusão destes proporciona um aumento nas propriedades mecânicas, como o aumento da resistência a fadiga, ao impacto repetido e a abrasão. Conhecendo-se o material do pedal foi tomada a pesquisa para o processo de fabricação ao qual o mesmo foi submetido. A injeção plástica, conforme o pesquisado, é um processo de conformação plástica que consiste na fusão da resina (PA 6.6 com 30% de fibra de vidro), e seu direcionamento para um molde de injeção, onde neste a resina ainda fundida preenche o molde por completo. Depois do molde preenchido a resina passa por um processo de resfriamento e solidifica-se dando a forma final do produto. Após esta etapa o produto é extraído, e acabado, dando origem a rebarbas que podem ser reintroduzidas no processo. De acordo com o esperado deste trabalho, concluímos que o pedal de acelerador cedido pelo o professor orientador é constituído de PA 6.6 com 30% de fibra de vidro pelo fato deste material ser leve, ter um processo de fabricação de baixo custo, e apresentar ótimas propriedades mecânicas. Além disso, constatou-se que o processo de injeção plástica é o mais adequado para a produção do pedal, visto que este é um método eficaz de fabricação, e que neste processo todos os resíduos são reaproveitados no processo por meio da reciclagem mecânica. 46 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Sandra Penha de Souza. Avaliação das Propriedades Mecânicas de Compósitos Pultrudados de Matriz Polimérica com Reforço de Fibra de Vidro. 2004. 87 f. Tese (pós-graduação em Engenharia Civil) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. ASKELAND, R. Donaldo; WRIGHT, J. Wendelin. Ciência e Engenharia dos Materiais. Tradução por Solange Aparecida Visconti. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. BROGNOLL, Ronei. Dossiê Técnico: Desenvolvimento da Qualidade na Reciclagem de Plásticos. Jun. 2006. Disponível em: <http://www.resol.com.br/textos/qualidade_na_reciclagem_de_plasticos.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2016. CALLISTER, William D; RETHWISCH, David G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 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