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DIREITO CIVIL AULA 18

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DIREITO CIVIL - AULA 18 (30/08/12)
Continuação de Pessoa Jurídica
06) Sociedades
- Conceito: A sociedade, pessoa jurídica de direito privado, é dotada de personalidade jurídica própria, instituída por meio de contrato social, com objetivo de exercer atividade econômica e partilhar lucro.
- O Contrato Social tem base no art. 981, CC.
- As associações e fundações têm finalidade ideal, enquanto que as sociedades têm sempre uma finalidade lucrativa/econômica.
OBS: O direito anterior, influenciado pela teoria francesa dos Atos de Comércio, reconhecia dois tipos de sociedade: Civis e Mercantis. Estas últimas, para perseguir lucro, praticavam atos de comércio. Em geral as Civis eram prestadoras de serviço.
- Ao longo do séc. XX, com a especial contribuição da Teoria da Empresa desenvolvida no Direito Italiano, as antigas noções de “comerciante e comércio” passaram a ser superadas pelos conceitos de “empresário e empresa” (temas que serão desenvolvidos na grade de empresarial).
- Nesse contexto, o CC/2002, em seu art. 982, acompanhando este processo de mudança, superou as antigas espécies (sociedade civil e mercantil) substituindo-as pelas 	SOCIEDADES SIMPLES E EMPRESÁRIA.
OBS: É melhor e mais adequado dizer, dada a própria evolução do conceito de empresa, que as sociedades empresárias correspondem, mas não obrigatoriamente se identificam, às antigas sociedades mercantis; e as sociedades simples às antigas sociedades civis.
- Questão técnica: a sociedade é empresária, e a atividade é empresarial.
- Questão de Concurso: É juridicamente possível a sociedade entre cônjuges? R: O art. 977, CC, admite que cônjuges contratem sociedade entre si ou com terceiros desde que não sejam casados nos regimes de comunhão universal ou separação obrigatória de bens. Isso porque entende o legislador que esses regimes são mais vulneráveis à fraude.
- É firme o entendimento no Brasil, inclusive com parecer favorável do DNRC (Departamento Nacional do Registro de Comércio – Parecer n. 125/03), no sentido de que, em respeito ao ato jurídico perfeito, o art. 977 não se aplica às sociedades anteriores ao novo CC.
- Para que a sociedade seja empresária, exige-se um requisito material e um formal (art. 982, CC). O requisito material é o exercício de uma atividade tipicamente empresarial (art. 966, CC). O requisito formal é o registro na junta comercial, que é o Registro Público de Empresa.
- Para que a sociedade seja simples, de acordo com o art. 982, CC, por exclusão, quando a sociedade não for empresarial, ela será simples.
- Em outras palavras, uma sociedade empresária é fruto do desenvolvimento do ideal capitalista. Isso porque ela é marcada, sobretudo, pela impessoalidade. No exercício de sua atividade, a figura pessoal dos seus sócios não tem tanta importância, na medida em que atuam como meros articuladores de fatores de produção (capital, trabalho, tecnologia e matéria prima). Além disso, estão sujeitas a registro na Junta Comercial e se submetem à legislação falimentar. Ex: uma revendedora de veículos ou um banco.
- Por outro lado, a sociedade simples é marcada pela pessoalidade. Vale dizer, neste tipo de sociedade, a figura pessoal de cada sócio é indispensável para o exercício de sua atividade, por ele pessoalmente prestada, ainda que conte com o auxílio de empregados ou colaboradores. Por isso, as sociedades simples (que em geral tem registro no CRPJ), são prestadoras de serviços, a exemplo das sociedades de médicos e advogados.
- A empresarialidade, todavia, é um elemento que ao longo do tempo pode recomendar uma recategorização de uma sociedade originariamente simples em sociedade empresária.
OBS: Vale lembrar ainda que, por norma legal expressa (p. único do art. 982, CC) a sociedade anônima é sempre empresária e a cooperativa sociedade simples.
- Quanto às cooperativas, ainda existe acesa polêmica no que tange ao seu registro: uma primeira corrente sustenta que, a partir do novo CC, eis que passou a ser sociedade simples, o seu registro deve ser feito no CRPJ (Julieta Lunz, Paulo Rego); já uma segunda corrente (Sérgio Campinho, Enunciado 69, I Jornada de Direito Civil) defende a tese de que o registro deve continuar a ser feito na Junta Comercial.
07) EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada)
- Como sabemos, o empresário individual deve ser registrado na Junta Comercial e, no exercício da sua atividade econômica, responderá pessoalmente pelas dívidas contraídas. Em virtude disso milhares de brasileiros preferem constituir sociedades (algumas de mera fachada ou “de etiqueta” – Valdirio Bulgarelli), para, com isso, adotarem a forma LTDA, limitando assim a sua responsabilidade ao capital social.
- A partir do momento da entrada em vigor da L. 12.441/11, que criou a EIRELI, o inconveniente de se buscar a necessária criação de sociedade para efeito de limitação de responsabilidade deixou de existir.
- Conceito: A EIRELI, nos termos do art. 980-A, CC, é uma PJ unipessoal, com responsabilidade limitada ao seu capital social (que não poderá ser inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente).
OBS: O recente Enunciado 469 da V Jornada de Direito Civil corretamente afirma que a EIRELI não é uma sociedade, mas um novo ente jurídico personificado.
OBS: Tramita no STF a ADIN 4.637 que pretende a declaração de inconstitucionalidade do valor mínimo para a constituição da EIRELI.
- Autores especialistas na matéria, a exemplo do prof. Frederico Pinheiro, admitem a possibilidade de se aplicar o instituto da desconsideração da PJ em face da EIRELI.
- O § 2º, do art. 980-A, CC, só permite que a pessoa física constitua uma EIRELI uma única vez.
- A despeito da omissão da norma, a IN 117/2011 do DNRC proíbe que PJ possa constituir EIRELI.
OBS: Conforme deve ser visto na grade de Empresarial, não havendo prejuízo a credores preexistentes, admite-se a “transformação de registro” de uma PJ existente em EIRELI.
- Não é difícil concluir que, por ser uma “empresa individual”, o registro da EIRELI deve ser feito na Junta Comercial.
- Finalmente, é de grande interesse a discussão a respeito da EIRELI Simples. Diversos Cartórios de Registro de PJ no Brasil tem aceitado o registro da EIRELI Simples, constituída para o desempenho de atividade não empresarial, compatível com aquela desempenhada pelas sociedades simples (Ex: EIRELI constituída por um médico). A Receita Federal decidiu conferir-lhe CNPJ, reforçando a corrente afirmativa, embora a polêmica ainda persista (a favor: Alexandre Gialluca – contra: Frederico Pinheiro.
- Pergunta: PJ pode sofrer dano moral? R: Doutrinariamente, já houve forte resistência à tese, sob o argumento de que PJ não sofreria dano moral por não ter dimensão psicológica (Wilson Melo da Silva). Aliás, o Enunciado 286 da IV Jornada de Direito Civil, ao afirmar que PJ não é titular de direito da personalidade, aparentemente reforça esta posição doutrinária. Todavia, é pacificado na jurisprudência brasileira a tese segundo a qual a PJ pode sofrer dano moral (Súmula 227, STJ)

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