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Relatório da terceira visita técnica com o professor Manuel da Silva

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Universidade Estadual Paulista
Ciências do Ambiente
Relatório da terceira visita técnica 
Bruno Leite 151011842
Gabriel Partel 151012199
Fábio Alayon 151010196
Helena Fukuda 151012059
Júlia Girondo 151011801 
Laís Martello 151011346
Lucas Fraiha 151011141
Informações gerais
A visita ocorreu em novembro/2015 das 14:00 às 16:00, com o professor Manuel Joaquim Duarte da Silva, engenheiro civil, em dois pontos de erosão na cidade de Bauru: o primeiro localizado no Jardim América II e o segundo no Jardim Paulista.
Objetivo 
Conhecer os motivos que levaram ao surgimento das citadas erosões, bem como o projeto realizado nos locais para o controle da situação.
INTRODUÇÃO
Erosão
A erosão é um fenômeno natural provocado pela desagregação de materiais da crosta terrestre pela ação dos agentes exógenos, tais como as chuvas, os ventos, as águas dos rios, entre outros. Essas partículas que compõem o solo são deslocadas de seu local de origem, sendo transportadas para as áreas mais baixas do terreno.
De acordo com sua origem, o processo erosivo pode ser classificado em erosão pluvial (ação das chuvas), erosão fluvial (ação das águas dos rios), erosão por gravidade (movimentação de rochas pela força da gravidade), erosão eólica (ação dos ventos), erosão glacial (ação das geleiras), erosão química (alterações químicas no solo) e erosão antrópica (ação do homem).
A erosão tem se intensificado em virtude das ações antrópicas, pois o homem tem modificado o meio natural de forma desastrosa, e uma das consequências é essa erosão acelerada. Os fatores que contribuem para esse cenário são: desmatamentos, queimadas, urbanização, impermeabilização do solo, drenagem de estradas, linhas de plantio, etc.
O avanço da erosão desencadeia uma série de problemas socioambientais: deslizamentos, enchentes (através do preenchimento de lagos e rios), assoreamento dos rios, morte de espécies da fauna e da flora, redução da biodiversidade, perda de nutrientes do solo, redução da área de plantio, danos econômicos, entre tantos outros.
Dentre as possíveis formas de proteger o solo contra a erosão estão: preservar a cobertura vegetal do solo, técnicas agrícolas menos agressivas ao solo, curvas de nível no terreno, planejamento de construções, sistemas de drenagem e reflorestamento.
Impermeabilização do solo
A impermeabilização do solo significa perda da capacidade de absorção da água pelo solo. Este processo acontece principalmente nas cidades, em razão do asfaltamento, calçamento de ruas e calçadas, da própria construção de edificações e da cimentação dos quintais e jardins das casas. Forma-se assim uma espécie de capa sobre o solo, impedindo que a água seja absorvida.
Assim, nas áreas urbanas, como a água não é adequadamente absorvida pelo solo e a rede de drenagem pluvial é muitas vezes insuficiente ou está obstruída, ocorre que, em dias de chuva intensa ou prolongada, as águas correm pelo solo impermeabilizado, e a enxurrada vai descendo desde as partes altas, até encontrar terrenos permeáveis - o que pode acontecer nas várzeas dos rios.
Se as várzeas também estiverem impermeabilizadas, as águas acabam chegando à calha dos rios. Se as águas chegam aos rios em volume superior ao da sua capacidade natural de escoamento, isto é, se a calha dos rios não for suficientemente larga ou profunda, o nível das águas fluviais aumenta, podendo ocorrer um extravasamento, com alagamento das várzeas impermeabilizadas e, gradativamente, a inundação de áreas próximas.
Drenagem urbana
Drenagem é o ato de escoar as águas de terrenos encharcados, por meio de tubos, túneis, canais, valas e fossos sendo possível recorrer a motores como apoio ao escoamento. Os canais podem ser naturais ou artificiais de concreto simples ou armado ou de gabião. Os sistemas de drenagem, que compreendem além dos condutos forçados e dos condutos livres podem ser urbanos ou rurais e visam escoar as águas de chuvas e evitar enchentes. Tem sido cada vez mais frequente o uso de geossintéticos para melhorar o desempenho e prolongar a vida útil dos sistemas de drenagem.
Para a elaboração desse projeto de drenagem os passos devem incluir os seguintes:
Reconhecimento e penação da área afetada
Levantamento topográfico
Estudo do lençol freático
Estudo do solo
Elaboração do projeto.
No primeiro se conhece a área a ser drenada e verifica-se a possível origem do excesso de água. 
O segundo item também é essencial, pois através dele pode-se traçar a diretrizes do projeto buscando descobrir de que lugares mais altos a água flui e quais os mais baixos onde serão enterrados os tubos. 
O estudo do Lençol Freático é bem específico e depende da região, para esta há a necessidade da instalação de uma rede de poços de observação, cobrindo toda a área do projeto. 
O Estudo do Solo consiste em verificar a condutividade hidráulica e a macro porosidade do solo. Estes dados entram diretamente nos cálculos de espaçamento dos drenos. Também é importante o estudo do clima para verificar as precipitações na região. 
Finalmente o projeto é elaborado baseando-se nos dados anteriores e nas fórmulas disponíveis para verificar o melhor espaçamento dos tubos e o layout mais eficiente para ser utilizado no seu projeto. Caracterizada por rios subterrâneos, como em áreas calcárias (grutas).
Entulho e erosão
A variedade e a quantidade de resíduos gerados pelo crescimento da população e pelo desenvolvimento industrial mundial são bastante marcantes. A palavra resíduo deriva-se do latim resíduu que significa aquilo que sobra de qualquer substância. Ao longo do tempo foi incorporado a esta palavra o termo sólido para diferenciar estes resíduos dos restos líquidos lançados nos esgotos domésticos e das emissões gasosas das chaminés de indústrias à atmosfera.
Os resíduos sólidos recebem diferentes denominações dependendo do tipo de material da região e de onde são gerados, como por exemplo: lixo, sucata, refugo, entulho, restos ou esgotos.
A problemática dos resíduos sólidos municipais é tão abrangente que foi inserida em primeiro plano nas estratégias do desenvolvimento sustentável e, que têm como meta um manejo adequado dos resíduos, por meio da implementação dos 3R (redução, reutilização e reciclagem dos resíduos), que abrange a sociedade com uma maior conscientização ambiental diminuindo o seu consumo exagerado.
É comum observar o uso das erosões como depósito de lixo (lixo urbano, entulho, etc.) e consequentemente a reativação das mesmas devido a esse uso impróprio. A população não tem consciência de que o lançamento de lixo nas erosões só agrava o problema, e que a maioria tenta “tapar a erosão” lançando lixo em seu interior, visando resolvê-lo. O Poder Público Municipal além de não resolver o problema (com um projeto de controle das erosões e recuperação da área), não instrui a população quanto ao impacto ambiental causado pela erosão e pelo lixo, bem como os riscos à saúde que o lixo lançado em local impróprio oferece.
Tentando conter o processo erosivo no perímetro urbano, quase todos os municípios brasileiros adotaram o método inadequado de utilizar o resíduo urbano para aterrar as erosões. Além de não ajudar em nada no processo erosivo, pode acelerar seu processo ou ainda, reativar processos erosivos estabilizados.
O processo consiste em descartar o resíduo urbano coletado através de caminhões compactadores a montante das erosões. Depois de despejado, dezenas de pessoas, em condições degradantes, “catam” o lixo à procura de materiais recicláveis (papéis, vidros, plásticos e metais) visando comercializá-los para a sua sobrevivência.
Após a ação dos catadores, o restante do lixo é empurrado para o interior da erosão, sem nenhum tratamento ou cuidado com a poluição ambiental, sendo que depois de preenchida, é coberto com uma camada fina de solo (inferior a 30 cm) que é compactada, formando as voçorocas lixões.
Esse procedimento acarreta graves consequências ao meio físico,tais como:
Formação dos catadores de lixo, grave problema social;
 A área aterrada com lixo se torna inadequada para construção, pois sofre grandes recalques devido à decomposição de matéria orgânica;
Retomada do processo erosivo com maior intensidade, pois o lixo é de alta permeabilidade e de menor resistência à erosão. Voçorocas com lixo são reabertas, ocorrendo à formação de novas com dimensões maiores que as originais e espalhamento de lixo à jusante;
Problemas de poluição visual e contaminação do ar, favorecendo a proliferação de vetores transmissores de doenças;
Contaminação do solo, dos recursos hídricos e do lençol freático;
A decomposição orgânica gradual do lixo provoca uma pequena depressão alongada acompanhando o eixo da erosão original;
Devido ao processo exotérmico de decomposição da matéria orgânica, observa-se elevação da temperatura da camada de terra que cobre o lixo, dificultando o desenvolvimento da camada vegetal na superfície aterrada;
Formação de trincas e desnivelamento da superfície em virtude da redução do volume de lixo pela decomposição, possibilitando o escoamento por essas trincas, acelerando a tomada do processo erosivo e;
Exsudação de chorume, que contamina o solo e os recursos hídricos.
Observa-se então que em vez de resolver os problemas iniciais, o Poder Público apenas o adia, havendo um agravamento da degradação ambiental na área da erosão e suas vizinhanças, pois o procedimento de simples lançamentos de lixo domiciliar em erosões promove o surgimento dos lixões, que é considerado crime ambiental.
O impacto das erosões nos recursos hídricos já se manifesta através do assoreamento de cursos d’água e reservatórios. A erosão e o assoreamento trazem como uma de suas consequências uma maior frequência e intensidade de enchentes danosas e também alterações ecológicas que afetam a fauna e flora. Outra consequência é a perda de capacidade de armazenamento d’água de reservatórios assoreados, gerando problemas de abastecimento.
DISCUSSÃO
A cidade de Bauru está localizada na parte central do Estado de São Paulo, com população aproximada de 350.000 habitantes em sua área urbana. Está implantada em um raio de 5 Km, modelada por cursos de água e relevo de colinas amplas e suaves, possui clima subtropical, apresenta extensas áreas de solos arenosos muito porosos e permeáveis, com grande possibilidade de ocorrência de processos erosivos. Alguns dados ambientais gerais sobre o município de Bauru, são apresentados a seguir:
Área total de 702 km2 de acordo com a Prefeitura Municipal de Bauru;
Perímetro urbano: 120 km2 (17% da área total);
Esgoto lançado sem tratamento em rios e córregos: 120.00 m3/dia (valor médio de vazão) e 169.50 m3/dia (valor de vazão máxima), sendo 90% na bacia hidrográfica do rio Bauru e 10% na bacia do rio Batalha;
Lixo: cerca de 300 toneladas por dia (200 toneladas de lixo doméstico depositado no aterro sanitário, sendo o restante lançado em bolsões de entulho ou terrenos baldios da cidade);
Lixo reciclável feito através de coleta seletiva, com um valor médio de 6 toneladas por dia; e
Erosões: cerca de 40 grandes erosões, sendo 16 na área urbana.
Jardim América II
	A primeira erosão visitada está localizada no Jardim América II, no município de Bauru. Com um desnível de cerca de 12 a 15 metros, a área ocupa 2 quarteirões grandes (com 300 metros cada) do bairro.
	Devido ao processo de impermeabilização do local (construções de residências, asfaltamento das vias), teve início o processo de erosão. Para conter a situação, foi realizado um projeto de drenagem urbana.
	O projeto contou com a construção de galerias e com a utilização de tubos ármicos (aço de espessura fina capaz de suportar o peso do asfalto).
	No espaço, foi construída uma grande praça para a utilização dos moradores. A praça conta com diversos tipos de árvores, alguns bancos e vários “campinhos” que são utilizados para a prática de esportes como vôlei e futebol. Em períodos de ventanias fortes, algumas árvores são derrubadas pela ação do vento.
	A construção desta praça foi realizada sob baixo orçamento, por isso não foi priorizada a parte estética da mesma, e sim sua praticidade e utilidade para os moradores.
	A prefeitura não disponibiliza verba para a manutenção desta praça, que é mantida pelos moradores da rua.
	Durante a realização do projeto, foi descoberta uma nascente que passa por baixo do local. Essa nascente era a causa de diversos casos de infiltração nas residências, que possuíam paredes trincadas. Um desses casos foi solucionado com a utilização de um dreno, que contém a infiltração na casa até os dias de hoje.
	Não foi possível realizar a drenagem na parte mais baixa do local, uma vez que a partir dali a área é de domínio da ferrovia. Com isso, esta parte da rua ainda sofre com alagamentos durante os períodos de chuva. Nessa mesma área, sobre a nascente, é possível visualizar parte do encanamento que leva água para as antigas residências de funcionários da rodovia, hoje desocupadas.
Jardim Paulista
	A segunda área de erosão visitada é uma antiga voçoroca localizada em área nobre, urbanizada e densamente ocupada: o Jardim Paulista (em frente ao Jardim Estoril V).
	Assim como a primeira, essa erosão também foi causada pela impermeabilização do solo na região, que causou o deslizamento de terra do local. Hoje, a erosão possui cerca de 20 metros de profundidade.
	Foi realizada uma obra de contenção do deslizamento, através da drenagem, o que estagnou a erosão.
	O projeto original propunha a construção de um pequeno estádio de futebol no local. No entanto, a ideia foi negada devido ao custo da obra. Além disso, não foi realizado o aterro da área pois seriam necessários muitos caminhões para preencher o local, gerando, novamente, um custo muito alto para a prefeitura.
 	Após alguns anos, a prefeitura optou por fazer o aterro da voçoroca com lixo e entulho. Não se tomou nenhum cuidado quanto ao tratamento ou seleção do lixo a ser usado no aterro. Todo o tipo de lixo doméstico e entulho da construção civil foi atirado no local, agredindo o meio ambiente, agravando e acelerando o processo erosivo pré-existente.
	Devido ao uso de entulho no terreno, o solo se tornou inútil, cheio de “buracos” em seu interior (espaços vazios no solo). Com isso, a estrutura das casas construídas perto do local não é bem sustentada. É possível notar que as casas possuem muitas trincas e rachaduras. A fundação das residências do local deveria ter cerca de 20 metros para que as casas não cedessem como vem acontecendo. Assim, apesar de localizadas em uma região nobre, essas casas estão sempre disponíveis para a venda com preços muito baixos. 
	É possível notar que as galerias estão “suspensas”. Suas tampas indicam o nível em que o solo deveria estar. Não é possível utilizar asfalto para cobrir o local, pois o mesmo seria levado com as chuvas.
A única solução para o problema seria a retirada de todo o entulho da área, seguido pelo aterro do local com terra de boa qualidade. Esse novo solo deveria ser compactado por máquinas diariamente, por cerca de 3 a 5 anos. Todo esse processo, além de longo, custaria muito caro, por isso, não tem previsão de ser realizado.
CONCLUSÃO
A cidade de Bauru apresenta um solo de textura arenosa, relativamente profundos e permeáveis que desenvolvem erosões por ravinas e voçorocas e que na maioria das vezes é agravada pela falta de um planejamento de instalação de loteamentos urbanos.
A complexidade do problema está no fato das ravinas e voçorocas exigirem soluções que possam ser implantadas em longa escala e que recuperem totalmente a área atingida; sem gerar altos gastos para o Poder Público Municipal. Outro agravante é a tentativa inútil de se resolver o problema, tapando a erosão com lixo, tornando difícil à recuperação do local.
A maioria das intervenções é feita sem um planejamento prévio e acabam sendo destruídas em curto espaço de tempo. Essas intervenções não consideram o processo como umtodo e acabam se restringindo a uma área específica e condenadas a uma vida útil muito curta. No caso de erosões deve-se considerar toda a área em torno dela, e projetar um sistema de drenagem eficiente para a região. O projeto tem que se integrar à concepção de planejamento do crescimento da cidade. 
O projeto de contenção de uma voçoroca envolve aspectos ambientais, geotécnicos e urbanísticos. O primeiro exige cuidados com a preservação do solo e dos lençóis freáticos da região, e, principalmente com a saúde e bem-estar da população. O segundo envolve a caracterização e quantificação dos mecanismos, e os aspectos urbanísticos permitem possibilidades alternativas de ocupação da área visando à melhoria da qualidade e vida da população. 
Os problemas enfrentados no município de Bauru são em grande parte, decorridos de várias gestões municipais, que nunca se preocuparam em elaborar estudos científicos realmente eficazes sobre os impactos ambientais da expansão urbana não planejada.
Pela preocupação ambiental e pelo zelo à saúde e bem-estar da população, deve-se conter e evitar erosões, e principalmente cuidar de todo lixo que possa vir a poluir e degradar o meio ambiente.
Soluções em larga escala, simples e menos onerosas, eficientes e que justifiquem investimentos públicos, resultando na segurança para a população e para os equipamentos públicos de forma a devolver a área para uso público devem ser implantadas com urgência nos locais atingidos.
Deve-se ainda ter uma preocupação maior com a destinação dada ao lixo doméstico, informando a população e educando para que ele jamais seja usado como forma de contenção de erosões. Somente dessa forma, a cidade de Bauru e demais municípios com esse problema, poderão aspirar uma melhor qualidade de vida e alcançar o desenvolvimento almejado.
ANEXOS
BIBLIOGRAFIA
http://nossabauru.blogspot.com.br/p/bauru-sp.html
www.ambientebrasil.com.br 
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/AG01/arvore/AG01_61_911200585234.h tml 
http://www.infoescola.com/geografia/mata-ciliar-mata-de-galeria/ 
http://cerradobrasil.cpac.embrapa.br/ 
http://www.ida.org.br 
http://www.ida.org.br/artigos/38-recursoshidricos/75-a-importancia-das-matas-de-galeria 
http://www.osvaldoelobo.com.br/arquivos/atualidades_xerofitas.pdf
http://www.maccaferri.com.br/solucoes/solucoes-para-solos-moles/aterros-reforcados-sobre-solos-moles/16362-1.html

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