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ARTIGO CIÊNCIA POLÍTICA - ATUAÇÃO DOS LOBBIES

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1 Artigo apresentado como requisito para nota do G2, disciplina Ciência Política e TGE 
do Curso de Direito, do CESUCA – Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha- 
Faculdade INEDI, sob a orientação do Professor Emerson de Lima Pinto. 2 Acadêmico 
do Curso de Direito do Cesuca-Faculdade Inedi, disciplina de Ciência Política e Teoria 
Geral do Estado. Página 1 
 
A ATUAÇÃO DOS LOBBIES¹ 
 
Leonardo Garcez Guns² 
 
Resumo: Com este presente artigo busco definir os temas polêmicos sobre as atividades 
de ação exercidas pelos lobbies, fornecendo dessa maneira um conceito sobre as 
contribuições ou prejuízos decorrentes desta atividade. Para alcançar tal fim partiu-se da 
definição do que são grupos de interesse buscando uma breve diferenciação desses 
sobre os grupos de pressão, uma vez que tanto na doutrina como na imprensa, no 
emprego desses termos gera-se certa confusão. Definido este ponto venho após 
conceituar sobre a definição dos lobbies estendendo o trabalho e dissertando 
profundamente sobre seus principais meios de atuação e o reflexo que tais atividades 
podem causar no cenário democrático, sempre observando os aspectos positivos e 
negativos de cada atuação fundando-se em obras doutrinárias de Ciência Política e 
utilizando como base de apoio exemplos que nos passem uma melhor ideia de como 
ocorre esta atuação. Cabe a este artigo também dissertar sobre o porquê da necessidade 
e importância de uma regulamentação desta atividade lobista, que necessita de algumas 
mudanças corretivas, já que se torna presente não apenas exercendo pressão sobre os 
Poderes Legislativos, como se tende a caracterizar este tema, mas exercendo influência 
de uma forma paralela ao poder que acaba através de outros meios a especificar neste 
trabalho alterando de forma significativa as decisões políticas do país. 
 
Palavras-chaves: Grupos de Pressão; Lobbies; Partidos; Democracia; Opinião Pública. 
 
Sumário: Introdução. 1 – A Definição dos Lobbies. 2 – As Formas de ação dos 
Lobbies. 3 – A Imprensa e a Opinião Pública. 4 – A Pressão Parlamentar. 5 – A 
Dominação dos Partidos. 6 – O Poder Legislativo e os Órgãos Governamentais. 7 – Os 
Aspectos Presentes na Atividade. 8 – Considerações Finais. 9 – Bibliografia. 
 
INTRODUÇÃO 
 
O surgimento de grupos em nossa sociedade se tornou algo meramente comum, 
pois o fato de viver em uma democracia não significa apenas concordar com as questões 
políticas adotadas pelo governo, os interesses se diferenciam de cidadão para cidadão o 
que nos remete a entender que esses grupos formados dentro da nossa sociedade atual 
nada mais são do que várias pessoas que compartilham de uma característica em comum 
e que interagem umas com as outras em busca de seus interesses e ideais. 
Poderíamos dentro de uma idéia exemplificar esses grupos e defini-los como 
uma associação, o que nos levaria a imaginar um grupo de pessoas afiliadas ou sócias, 
3 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do estado e ciência política – 5ºedição. São 
Paulo: Celso Bastos Editora, 2002. Páginas 256 e 257. 4 BONAVIDES, Paulo. Ciência 
política – 16ºedição. São Paulo: Malheiros Editores, 2009. Página 466. Página 2 
 
por exemplo, de um clube de moradores de um condomínio, que acatem direitos e 
obrigações como membros de um grupo visando um melhor convívio social e 
reivindicando melhorias dentro de seu conjunto habitacional, porém essa definição aqui 
relatada se daria a um grupo de interesses. 
 
“Ao lado dos grupos de interesses existem outros, surgidos circunstancialmente 
da confluência sobre certas pessoas físicas ou jurídicas, de propósitos e objetivos que as 
unificam. Podem, então, passar a ação, atuando conjuntamente, normalmente sem 
personalidade jurídica, e às vezes sub-repticiamente, no sentido de obter medidas 
governamentais que atendam aos seus reclamos. A estes deve-se, de preferência, 
reservar o nome de grupos de pressão.”3 
 
Em outras palavras os grupos de pressão são grupos sociais ou profissionais 
portadores de reclames específicos que em um determinado momento procuram obter 
normas, dispositivos e medidas (intervenções no processo político) de um modo geral 
favorável aos seus intentos, como nos casos profissionais em que almejam mudanças 
maiores e decisões que atinjam uma classe trabalhista, por exemplo, como no caso de 
sindicatos trabalhistas que vislumbrando ameaças ou aberturas de oportunidades agem 
como grupos organizados exercendo uma ligação entre o cidadão e o Estado, lutando 
em interesse por um bem coletivo que possa vir a se conquistar em uma decisão no 
Poder Legislativo, como na criação de uma lei que os beneficie. Nesses casos pode-se 
dizer que ali se encontra um Grupo de Pressão derivado de associações sindicais, que 
por sinal são uma das modalidades de grupos de pressão mais ativas que encontramos 
por se tratar de uma organização de massas trabalhistas. 
 
“A importância da cúpula que encabeça o grupo de pressão assoma com nitidez 
quando se trata de organizações de massas (sindicatos operários), visto que nessas 
entidades, conforme pondera aquele publicista, os interesses, ao contrário do que se 
passa com as organizações patronais, se reduzem com mais facilidade a um 
denominador comum. A quantidade pede em nome da eficácia da pressão, disciplina e 
liderança. Sem tais requisitos os grupos numerosos são os mais vulneráveis, expostos a 
caírem subitamente na impotência e frustação.”4 
 
Essa organização dos grupos é de extrema importância, pois no momento em que 
os interesses dessa massa se concentram a uma reivindicação que seja comum ao 
interesse de todos, maiores serão as chances de êxito na conquista destes grupos, por 
isso vale se destacar a importância de uma liderança como a do Movimento Passe Livre
5 uma direção ou liderança organizada, acabaram se dissolvendo em apenas notícias. 
Poucos foram os grupos que nesse movimento obtiveram êxito, poderíamos aqui 
destacar o Movimento Passe Livre que de certa forma obteve a redução nas passagens 
de ônibus - http://lembramos que em Junho de 2013 o Brasil foi tomado por 
movimentos sociais que pela falta de saopaulo.mpl.org.br/2013/06/21/fomos-vitoriosos-
viva-a-luta-do-povo/ 6 BONAVIDES, Paulo. Ciência política – 16ºedição. São Paulo: 
Malheiros Editores, 2009. Página 469. Página 3 
 
em junho de 2013. 5 
Porém sem uma representação adequada e com os interesses dispersos, as 
organizações patronais esbarrariam na impotência pela impossibilidade de harmonizar 
interesses (já que nestes casos patronais uns são produtores, outros fabricantes; uns 
importadores, outros exportadores), e tendo aqui feita uma definição considerando esta 
distinção entre os grupos de interesse e o os grupos de pressão, passarei agora a definir 
uma atividade de pressão exercida de uma forma a intervir diretamente no processo 
político. 
 
1 – A DEFINIÇÃO DOS LOBBIES 
 
O Lobbie, método utilizado na formação das decisões políticas parece ser o que 
mais longe pode nos levar no propósito de desvendar a real estrutura do aparelho do 
poder político, e a este ponto estenderei este artigo procurando definir quais e como são 
esses métodos de ação empregados pelos lobistas para que essas decisões geralmente 
provindas do Poder Legislativo tornem-se benéficas para os interesses deste grupo que a 
partir deste ponto em diante serão referidos aqui neste artigo como grupos de ação 
volvidos a atividade lobista. 
Primeiramente procuremos definir o que venha a ser esta atividade de lobbie ou 
lobby como é encontrada em algumas definições de autores, inclusive essa segunda 
forma de expressão é provinda dos Estados Unidos que introduziu esta atividade de 
forma institucional em um sentido regulatório da atividade.“Com efeito, em 1946, o “Federal Regulation of Lobbying Act”, aprovado pelo 
Congresso dos Estados Unidos, disciplinou pela vez primeira a atividade dos grupos de 
pressão que desde muito atuavam junto do poder legislativo, debaixo das seguintes 
denominações: lobby, ou seja, o grupo organizado (a palavra significa literalmente 
“antecâmara”, “corredor”, evocando o local da casa legislativa onde os agentes dos 
grupos de pressão buscavam de preferência estabelecer contato ou audiência com os 
congressistas), lobbying, o método de ação que eles empregam e lobbyisten as pessoas 
que se entregam a esse gênero de atuação política.”6 
7 REALE, Miguel. Lições Preliminares do Direito – 27ºedição. São Paulo: Saraiva. 
2011. Página 331. Página 4 
 
Essa preocupação de legislar sobre a atividade lobista, inclusive obrigando estes 
a se registrarem em uma Câmara dos Representantes e na Secretária do Senado, seria 
uma forma de buscar uma limitação à atividade, e entenderemos no decorrer e no 
aprofundamento deste assunto o porquê dessa necessidade. 
Poderia de uma forma simplória comparar a ação do lobista como a ocasião de 
um filho tentar convencer seu pai a lhe dar um aumento de mesada ou quando um 
sindicato discute melhorias nas condições de trabalho com uma empresa, porém claro, 
como nessa atividade a influência (palavra esta que por si definiria muito bem a 
atividade do lobista), é voltada àqueles que detêm o poder de mudanças políticas em 
favor de grupos ou corporações específicas, onde, geralmente o que esta em pauta é 
interesses privados ou de ordem financeira, a estrutura destes grupos é outra. 
Os escritórios especializados nesta prática do lobbie, utilizando de exemplo o 
americano, podem ser definidos como verdadeiras empresas. Escritórios avançados na 
prática oferecem imediata informação, que permita orientar o representante, no geral 
parlamentar, alvo do grupo. Não muito raro estes escritórios serem constituídos de 
profissionais pesquisadores altamente capazes e competentes como advogados, 
responsáveis pelas ações jurídicas; contadores e economistas, responsáveis pelos 
assuntos financeiros; e marqueteiros, profissionais ligados à estrutura de marketing e 
propaganda. Tocante a este ultimo não devemos deixar passar que os profissionais 
ligados a esta atividade dispõem já de poderosas organizações jornalísticas e influências 
dentro dos meios de comunicação. 
 
 “Ao lado da teoria e da técnica da legislação, cabe ainda à Política do Direito 
indagar dos campos de interesse que podem interferir no processo legislativo, como, por 
exemplo, os chamados “grupos de pressão” (lobbies), que por muitos modos, lícitos ou 
ilícitos, procuram determinar as opções normativas dos legisladores.”7 
 
Merece destaque nesta passagem a expressão: lícitos ou ilícitos, o que firma o 
fato desta atividade lobista ser vista com mera desconfiança pública, porém, esta 
definição nos remete a destacar aqui um dos métodos empregados na ação destes 
grupos, que é o poder de influência em especial aos parlamentares, mesmo porque o 
objetivo principal desta atividade de lobbie se faz através deste meio de influenciar as 
decisões tomadas pelas autoridades governamentais por meio de informações, de ações 
coletivas e de outras estratégias para que deles, no caso dos parlamentares, se consigam 
obter determinadas medidas, decisões ou atitudes que concretizem os interesses 
8 MOREIRA, Adriano. Ciência Política – 3ºedição. Coimbra: Edições Almedina, S A. 
2006. Página 157. 9 MOREIRA, Adriano. Ciência Política. 3ºedição. Edições 
Almedina, S A. Coimbra. 2006. Páginas 170 e 171. Página 5 
 
pretendidos pelos lobistas. Para garantir esse resultado eu retomo a importância de se 
constituir um escritório altamente capacitado. 
 
“A ação dos grupos pode incidir diretamente sobre o aparelho burocrático, em 
escalão conveniente, para que o poder político seja levado à decisão desejada; ou o 
poder político deseja cobrir-se formalmente com os atos de inteligência do aparelho 
burocrático que darão apoio à decisão antecipadamente tomada sob a influência dos 
grupos.”8 
 
Dado este ponto poderemos agora definir melhor esse processo de influências, 
onde posteriormente através da definição mais aprofundada de cada etapa destas 
técnicas utilizadas pelos lobistas, poderemos melhor visualizar como e de que forma as 
decisões exercidas no governo podem ser influenciadas ou inclusive ocorrer o processo 
inverso onde o governo poderá se valer desta influência lobista legitimando atos 
decisórios frente aos cidadãos. 
 
2 – AS FORMAS DE AÇÃO DOS LOBBIES 
 
Os planos de ação empregados pela ação dos lobistas podem ser dados tanto pela 
oposição como pela cooperação em respeito àqueles que detêm o poder, como no caso 
citado anteriormente onde nossos governantes podem se valer ou acabarem sendo alvos 
destas ações, pois os meios utilizados para alcançar esta influência sobre as decisões na 
política se dão principalmente por intermédio da técnica de ação usada na formação e na 
mobilização da opinião pública; pela utilização do poder financeiro disponível legal ou 
ilegalmente direcionado a corrupção ou persuasão, o que nos levará a refletir sobre os 
fundos de campanha; pelas participações em greves e manifestações públicas, estas 
podem ser inflamadas pelo uso da opinião pública; e pela recusa de cooperação com os 
poderes públicos como exemplificado neste parágrafo seguinte destacado: 
“Deste modo, os grupos vêm a intervir em vários escalões do processo político: na 
formação da opinião pública, que, em processo democrático, julgará politicamente os 
agentes do poder político; nos parlamentos, que passam por ser os órgãos de soberania 
mais sensíveis a ação dos grupos; agindo diretamente sobre o aparelho administrativo, 
para influenciar os atos de inteligência do processo de formação de decisões, usando os 
Franceses o termo pantouflage para designar a ação corruptora sobre os serventuários 
dessa administração; assumindo oficialmente a posição de conselheiros no processo de 
formação de decisões, ou em organismos ocasionais ou em órgãos institucionalizados.”9
 Página 6 
 
Porém as técnicas utilizadas neste processo de buscar a decisão favorável aos 
interesses lobistas, não são sempre vistas como lícitas, aliás, tocante novamente a este 
ponto é que encontramos muitas divergências de opinião o que nos levará ainda neste 
artigo a discutir se realmente o trabalho exercido pelos lobistas é considerado dentro de 
um âmbito democrático uma forma positiva ou negativa de conquistar tais interesses 
junto aos poderes governamentais, visto que no meio das práticas utilizadas não raro 
encontraremos indícios de persuasão, corrupção, manipulação e inclusive intimidação já 
que os alvos de ação destes lobistas se estendem aos parlamentares, partidos políticos, 
os órgãos legislativos, o governo e a imprensa (esta última como veremos pode se tornar 
uma forte ferramenta de manipulação do lobbie). Dados esses principais alvos da ação 
passaremos agora a melhor definir como cada atividade é exercida: 
 
3 – A IMPRENSA E A OPINIÃO PÚBLICA 
 
O ponto de vista da sociedade sobre os assuntos de natureza política é um dos 
alvos principais da ação dos lobistas, fundado em princípios democráticos a imprensa 
possui um relevante papel na sociedade, uma vez que é um dos maiores veículos de 
difusão de informações e formação de opinião, os meios tecnológicos de comunicação 
como o rádio, televisão e jornais estão em uma faixa intermediária entre o cidadão e o 
mundo, pois é através deles que colhemos as informações do dia a dia, e, 
consequentemente eles, os meios tecnológicos, é que exercem o papel desta leitura do 
que acontece pelo mundoe nos fazem, ou no caso que aqui esclarecerei, nos refazem 
essa informação a sua maneira transformando-a em um espetáculo. 
A influência de uma classe seja esta do funcionarismo público, comerciária ou 
trabalhista pode pesar muito nas questões da política, e tocante a este ponto sobre a 
opinião pública que me referi no paragrafo anterior, o lobista tem a função de expor e 
detalhar as propostas de seus interesses, com objetivo de torná-las públicas, e desta 
forma aumentar a repercussão das informações disponíveis sobre determinadas 
situações. 
 
“Tocante à imprensa, os grupos de pressão ou dispõem já de poderosas 
organizações jornalísticas ou influenciam os meios de comunicação de massas através 
da publicidade. A pressão mais refinada é aquela que se faz mediante notas e editoriais, 
que o público supõe inspiradas no interesse da coletividade. Forma o público portanto 
sua opinião segundo aquela pauta sutilmente imposta pelo grupo. Este acaba extraindo
10 BONAVIDES, Paulo. Ciência política – 16ºedição. São Paulo: Malheiros Editores, 
2009. Páginas 468 e 469. 11 STRECK, Lenio. BOLZAN, José Luis. Ciência Política e 
Teoria do Estado – 6ºedição. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. Página 193.
 Página 7 
 
 enfim do poder executivo uma decisão acomodada na aparência ao interesse 
geral e sem atritos com a opinião já domesticada.”10 
 
 Concluímos através deste trecho como é criada uma forma sútil e indireta de 
ação dos lobistas, trabalhada com o auxilio desses meios tecnológicos que teriam como 
função criar e preparar essas informações, como uma espécie de manipulação mental, 
que é conseguida mediante o emprego desses instrumentos de comunicação em massa, 
que como no próprio exemplo citado pelo autor, faz de uso destas notas editoriais que 
encontramos nos jornais, uma ferramenta que acaba tornando as informações 
pretendidas com tais atos favoráveis a pretensão do lobista que acaba as legitimando 
perante os cidadãos com a conquista da opinião pública. 
Como podemos ver a imprensa de uma forma geral pode sim tornar-se uma 
ferramenta poderosa na ação dos lobistas que conseguem por intermédio dela direcionar 
a informação conforme o seu interesse em pauta, observemos a seguinte reflexão: 
 
“Dito de outro modo, vivemos um tempo em que não há uma história. Há mil 
histórias. Mil versões. Resulta daí um homem fragmentado, fruto da era da técnica, em 
que a imprensa (e algumas instituições jurídicas) são (e se consideram) uma espécie de 
superego da sociedade. Vivemos em uma sociedade em que, utilizando uma expressão 
de Habermas, o poder de sintetização da consciência cotidiana é roubada do cidadão, 
tornando-a fragmentada. O cidadão é realmente bombardeado com quantidades maiores 
de informação, mas o conhecimento que resulta desta permanece “difuso” e difícil de 
ser empregado de maneiras críticas.”11 
 
A necessidade da imprensa numa sociedade democrática é inegável, entretanto, 
ela pode induzir os seus destinatários a erro transmitindo uma notícia de maneira muitas 
vezes viciada, e tocante a isto fazemos uma análise dessa passagem identificando um 
dos aspectos negativos mais criticados entre as ações dos lobistas que seria exatamente 
o da mistificação da opinião pública o que nos leva a desacreditar na veracidade das 
informações repassadas pelos instrumentos de comunicação de massas por se tratar 
muitas vezes de uma reprodução moldada resultando em uma opinião pública 
construída sob medida, controlada, forjada e voltada a interesses próprios patrocinados 
pela ação dos lobistas. Como consequência dessa despersonalização da opinião pública, 
as ideias, as críticas e a autonomia do raciocínio da população, acabam sendo roubadas
12 BONAVIDES, Paulo. Ciência política – 16ºedição. São Paulo: Malheiros Editores, 
2009. Página 467. Página 8 
 
cedendo lugar à ideologia destes lobistas, podendo com o êxito desta manipulação 
derrubar ou erguer governos conforme suas necessidades e ímpetos ideológicos. 
 
“Dobrar a opinião e em casos mais agudos dar no público uma lavagem cerebral 
se consegue mediante o emprego dos instrumentos de comunicação de massas. O grupo 
mobiliza rádio, imprensa e televisão e por meios declarados ou sutis exterioriza a 
propaganda de seus objetivos, quer pela publicidade remunerada, quer pela obtenção da 
condescendência e simpatia dos que dominam aqueles, meios. Produzido o clima de 
apoio, ao grupo se lhe depara a autoridade pública já favoravelmente predisposta aos 
seus interesses.”12 
 
Estendendo-se mais a este ponto que trabalha na obtenção da simpatia e 
consequentemente no apoio das massas populosas (povo) o uso da opinião pública pode 
ser a melhor ferramenta lobista bastando a ele direcionar e construir a publicidade 
conforme o seu interesse, o que nos direciona a entender que através deste meio pode se 
ter um grande inflamador para a organização de passeatas, movimentos sociais, greves e 
protestos que agregam diariamente conteúdo as mídias jornalísticas e acometem ao 
governo. 
A técnica lobista nesses casos é utilizada para dar respaldo de legitimidade nas 
suas pretensões através desta via indireta moldando esta opinião pública para conquista 
de interesses como, por exemplo, um projeto de lei em tramitação na Câmara pode ter 
sua sanção obtida mais rapidamente no momento em que uma publicidade de apoio a tal 
projeto for veiculada de uma forma que obtenha a conquista de uma maioria do povo 
favorecendo assim a sua concretização ou a contraponto utilizar este mesmo meio para 
derrubada de um projeto (o que demonstra que o uso pode se dar a favor ou contra o 
governo) e inclusive em casos que melhor definiremos no decorrer deste artigo utilizar-
se desta opinião pública para causar implicações a parlamentares que possam vir a se 
tornar obstáculos dentro de um processo que seja de interesse lobista, o que não encerra 
este ponto, mas nos introduz a outro. 
 
4 – A PRESSÃO PARLAMENTAR 
 
Sempre se esperou que de um regime democrático, os atos e as decisões tomadas 
pelos governantes devessem ser de aberto conhecimento do povo, já que este elege seus 
candidatos esperando uma representação dentro do próprio governo. Esta seria uma 
relação de proximidade entre o governante e o governado, ou seja, o eleito e o eleitor
13 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do estado e ciência política – 5ºedição. São 
Paulo: Celso Bastos Editora, 2002. Página 257. Página 9 
 
respectivamente, que através dos meios de comunicação de massa teriam facilidade em 
ter esta distância encurtada. Porém, a publicidade indireta do governo é feita, sobretudo 
através da imprensa, que como já citada anteriormente pode se tornar uma forte 
ferramenta daqueles que tem por objetivo influenciar decisões em favor de 
determinados interesses. 
Os lobistas exercem a pressão buscando influenciar acima de tudo o tomador de 
decisões na esfera do poder público, geralmente parlamentares de modo individual que 
exercem influência sobre os demais, buscando assim o lobista o atendimento de seus 
pedidos. 
 
“Ele é sempre faccioso, parcial, egoísta, não tendo preocupações com o interesse 
geral. Eles foram – e certamente o são até hoje – suspeitos não só pelo tipo de interesse 
que encapam como também pelos meios utilizados. Num primeiro momento utiliza-se a 
argumentação racional, a informação técnica, o diálogo, todas as técnicas enfim 
voltadas à persuasão. Ao depois, esta mesma persuasão pode ser procurada pela 
utilização de meios condenáveis eticamente, como o suborno e a corrupção, sem falar 
na própria intimidação.”13 
 
Num primeiro momento esta ação acontece de uma forma técnica, pois o lobista 
munido de toda a sua habilidade de persuasão apresenta ao parlamentarem questão todo 
um argumento preparado para que este mesmo parlamentar ao defender, por exemplo, 
um projeto de lei frente à câmara esteja preparado com todas as informações, diálogos e 
propostas bem elaboradas para o convencimento de tal projeto, o que ajuda a tornar o 
processo político na tomada de decisão mais eficiente, provendo dados e 
assessoramento acurado sobre os efeitos de determinadas legislações ou políticas 
públicas que poderão ser implantadas. 
Todo este trabalho é meramente preparado e adiantado por toda uma equipe 
capacitada e empenhada em tal ação lobista, que além de oferecer ao parlamentar o farto 
material demonstrativo do assunto em pauta deixa claro a ele inclusive sobre as 
implicações que sua posição assim que tomada poderá refletir no futuro da sua carreira 
parlamentar, e neste ponto como exemplo podemos se referir a votos e inclusive 
subsídios para campanhas providos de possíveis empresas beneficiadas, que explicita 
que se tratando da ação de lobistas podemos esperar os mais variados meios para a 
obtenção desta reivindicação que venha a coroar seus interesses.
14 BONAVIDES, Paulo. Ciência política – 16ºedição. São Paulo: Malheiros Editores, 
2009. Páginas 467 e 468. 15 BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia – 8ºedição. 
São Paulo: Paz e Terra, 2000. Página 105. Página 10 
 
“Se esses recursos porém falham e o representante não se mostra dócil à técnica 
de persuasão do grupo, poderá este empregar meios extremos que vão do suborno à 
intimidação. Uma campanha de incompatibilização do deputado com suas bases 
eleitorais é a arma de que os grupos se valem em alguns países contra parlamentares 
recalcitrantes. Chegam a utilizar meios de corrupção, ameaçando assim a carreira 
política do deputado que não tem nunca segura sua recondução ao posto eletivo. 
Exposto como candidato a uma pressão por vezes irresistível, acaba ele capitulando para 
garantir a própria sobrevivência política.”14 
 
Todo esse trabalho realizado pelo lobista junto ao parlamentar com o intuito de 
influenciar nas suas decisões, através destes métodos que podem se propagar através da 
propaganda hábil ou como dita na citação se estender até os meios de intimidação, nos 
remeteria para um ponto que já fora citado anteriormente, o da opinião pública, que 
poderia ser persuadida através dos meios adequados, também já exemplificados, como a 
utilização da influência da imprensa, dando ao lobista uma opção de construir uma base 
de apoio a tal projeto em tramitação ou, no caso do parlamentar se negar a cooperar com 
a iniciativa proposta, acabar por intermédio de tais meios tecnológicos com o prestigio 
do parlamentar, o que poderá consequentemente afetar as suas bases eleitoreiras e a sua 
influência dentro da câmara legisladora e inclusive até mesmo o prejudicar dentro de 
seu próprio partido político. 
Nessa forma de intimidação citada poderíamos inclusive até entrar em um debate 
sobre a questão, se há alguma ética na ação de intervenção dos lobistas em meio às 
decisões dos poderes públicos já que como podemos observar poderá o parlamentar, 
alvo dos lobistas, ser atacado de forma pessoal com citações públicas sobre seu caráter 
atingindo novamente um ponto já aqui dissertado que envolve o uso da imprensa, mas 
antes disso, podemos inferir algumas questões sobre esta publicidade possivelmente 
escandalosa e negativa construída com a pretensão de conquistar tal apoio parlamentar a 
qualquer custo. 
 
“O que é que constitui um escândalo publico? Ou, dito de outra forma, o que é 
que suscita escândalo no público? E qual é o momento em que nasce o escândalo? O 
momento que nasce o escândalo é o momento em que se torna público um ato ou uma 
série de atos até então mantidos em segredo ou ocultos, na medida em que não podiam 
ser tornados públicos pois, caso o fossem, aquele ato ou aquela série de atos não 
poderiam ser concretizados.”15
16 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado – 24ºedição. São 
Paulo: Saraiva, 2003. Página 46. Página 11 
 
Os fundos de campanha e a utilização do poder financeiro disponível, legal ou 
ilegalmente, direcionado a corrupção ou persuasão, acabam virando escândalos que 
estampam as nossas capas de jornais pela manhã, causando euforia nas massas (povo), 
que acaba discutindo e criticando os atos políticos. Nesse campo da corrupção o lobbie 
possui uma das armas mais frequentemente utilizadas quando se volvem propriamente 
aos partidos políticos. 
 
5 – A DOMINAÇÃO DOS PARTIDOS 
 
Uma breve distinção cabe a ser feita para que entendamos os seguintes pontos 
divergentes entre a atividade partidária e a atividade lobista. 
 
“E a cada dia que passa assistimos à formação de novas sociedades, com as 
características mais diversas. Qual o fator determinante dessa multiplicação de 
sociedades? A primeira resposta é que os homens que buscam os mesmos fins tendem a 
agrupar-se para consegui-los mais facilmente.”16 
 
Antes de prosseguirmos com o estudo das ações dos lobistas uma breve reflexão 
desse trecho de Dallari nos definirá: que os indivíduos com os mesmos objetivos 
preferem constituir um grupo à parte, num movimento de diferenciação, mas para sua 
sobrevivência é indispensável que os mesmos se solidarizem num ambiente harmônico 
para que cada um se beneficie das atividades desenvolvidas pelos demais, como 
exemplo no caso dos partidos políticos que foram criados para uma finalidade definida 
pelos seus membros e que dentro de um ambiente político para que se fortifiquem 
buscam alianças entre outros partidos como veremos quando falarmos da atuação no 
governo. 
Os lobistas por outro lado foram criados para que aqueles que os integram ou 
são por eles representados consigam atingir seus fins particulares o que nos leva a 
perceber que a política engloba a totalidade dos fatores do homem: ideologias sociais, 
crenças religiosas, interesses de classe, de grupo ou de fatores pessoais. 
 
 “Onde o Estado assumiu a tarefa de governar a economia, a classe política 
exerce o poder não mais através das formas tradicionais da lei, do decreto legislativo, 
dos vários tipos de atos administrativos – que, desde quando existem um regime 
parlamentar e um Estado de direito (um Estado, entenda-se, em que os atos da 
administração pública são submetidos a um controle jurisdicional), começaram a fazer
17 BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia – 8ºedição. São Paulo: Paz e Terra, 
2000. Página 117. 18 MOREIRA, Adriano. Ciência Política – 3ºedição. Coimbra: 
Edições Almedina, S A. 2006. Página 155. Página 12 
 
parte da esfera do poder visível – , mas também através da gestão dos grandes 
centros de poder econômico (bancos, indústrias estatais, indústrias subvencionadas, 
etc.), da qual acima de tudo extrai os meios de subsistência dos aparatos dos partidos, 
dos aparatos dos quais por sua vez extrai, através das eleições, a própria legitimação 
para governar.”17 
 
Esse poder invisível, forma esta que poderíamos usar para definir estas 
empresas, encontraram uma forma de “institucionalizar-se” no governo. Não 
assumiriam posse direta no poder, mas se apoiariam em parlamentares para propugnar 
seus interesses como pretensões e exigências que tornadas públicas afetariam o prestígio 
das agremiações políticas como nos já citados escândalos que estouram 
inesperadamente, e põem a opinião pública diante destas novidades desconcertantes, 
lembrando que em meio a estas empresas, poderá estar presentes os próprios veículos de 
imprensa revelando o descuido e a impotência do governo em tais casos. 
Muitas vezes sem disfarce e outras vezes se revestindo de aparente legalidade, a 
corrupção chegou a ser justificada como um meio de criar uma classe média. 
Conhecidoscasos revestiram-se como forma de ganho ao jogo público de cartas, como a 
abertura de ações em empreendimentos privilegiados com a garantia de recompra a 
preço de mercado assim que as ações destas empresas subissem na Bolsa de Valores 
conforme a afirmação de MOREIRA na citação a seguir: 
 
“Os subsídios para fundos de propaganda eleitoral, a concessão de posições 
privilegiadas na comunicação social, a circulação dos postos políticos para as 
administrações das empresas fazem parte dos meios tornados públicos. Alguns 
escândalos internacionais, como o da companhia de aviação americana Lockheed, 
derrubaram governos ao redor da Terra, tantos foram os casos de corrupção 
denunciados pelo próprio Governo dos EUA, que todavia se absteve de indenizar as 
empresas concorrentes lesadas e os erários públicos defraudados em favor da 
exportação americana. A denúncia não correspondeu em nenhum caso a um 
arrependimento ativo.”18 
 
Exemplos como este não são apenas de um caso isolado do Governo Americano 
(EUA), correm esses tipos de escândalos ao redor do mundo, esse jogo político que 
angaria fundos para campanhas eleitorais e ao mesmo tempo serve como espécie de 
recompensa pelo incentivo prestado em campanhas acaba beneficiando empresas 
através de concessões e licitações estampam manchetes de jornais e inflamam o setor 
econômico do país o que nos remete a definir que as grandes empresas, em geral
 Página 13 
 
multinacionais, pela composição do capital, pelo relacionamento e influência em ações 
internacionais, representam uma forma de Lobbie já que a intervenção na ação política é 
frequentemente citada e discutida. 
Certos escândalos como os já citados podem de uma forma devastadora derrubar 
a popularidade dos partidos envolvidos, o que sem dúvida refletirá diretamente nas 
bases eleitoreiras e por consequência nos fundos de campanha levando em consideração 
que é possível que alguns militantes afiliados que de um modo geral prestam uma 
colaboração muitas vezes em espécie (dinheiro) para a manutenção dos partidos se 
decepcionem com as manchetes divulgadas e se afastem do mesmo. Outros possíveis 
casos que podem ser citados é o de as próprias empresas financiadoras de campanhas 
não quererem ter seus nomes vinculados às práticas cometidas pelo partidário corrupto 
rompendo relações com o partido, rumo este que outros partidos que também possuem 
alianças poderão seguir o que pode derrubar um governo. 
Para que se livre de tais casos e que se mantenha a ideologia do partido, 
relacionado ao escândalo, intacta é possível que a alternativa mais sensata seja a de 
afastar o candidato ou representante envolvido em tal denuncia, técnica esta que pode 
inclusive ser elaborada pelo próprio lobista que pode evitar a perda de alianças com 
outros segmentos de grupos profissionais que nos levam a organizações que envolvem 
autoridades governamentais, empresas e bancadas dentro da Assembleia Legislativa o 
que nos remete a outro segmento da atuação lobista. 
 
6 – O PODER LEGISLATIVO E OS ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS 
 
Dentro desta esfera os lobbies teriam alguma coisa a ver com os partidos 
políticos, pois ambos são grupos intermediários entre o governo e o indivíduo, porém 
atuam em níveis diferentes, pois enquanto os partidos possuem programas e ideologias 
desenvolvidas e aptas a se tornarem do próprio Estado, os lobbies trabalham em 
interesses próprios, o que não raras vezes vêm reforçar determinados assuntos 
partidários onde podem assumir compromissos recíprocos. 
 Os interesses lobistas expressos em determinado grupo despertam organização 
na luta pela preservação de certos valores como na defesa de minorias étnicas ou 
religiosas exercendo papel importantíssimo na luta pela preservação de certos valores 
muitas vezes de cunho eminentemente moral como na afirmação de MOREIRA:
19 MOREIRA, Adriano. Ciência Política – 3ºedição. Coimbra: Edições Almedina, S A. 
2006. Página 155. 20 BONAVIDES, Paulo. Ciência política – 16ºedição. São Paulo: 
Malheiros Editores, 2009. Página 468. Página 14 
 
“Fala-se em grupos caracterizados pela situação comum dos seus membros, 
como seria o caso de minorias étnicas e religiosas, em países onde a integração não se 
deu. Os EUA são férteis em grupos desse tipo, em grande parte originados pelo 
problema dos negros.”19 
 
Questões deste tipo dividem o governo em grupos de atuação de interesses como 
as bancadas que se organizam, não apenas pelos seus direitos políticos, mas também 
pelos seus interesses que abrangem uma série de problemas, como exemplos, a questão 
dos exportadores que possuem o seu próprio grupo, os agricultores, os comerciantes 
enfim cada qual com sua atividade particular que permite avaliar o possível efeito das 
suas atitudes no comportamento eleitoral geral. 
Quanto a estas “relações governamentais”, os críticos consideram que estas 
podem ser também consideradas como sendo a orientação de atividades legislativas e 
regulatórias conduzidas nos níveis federal pelos Poderes Públicos, cuja estratégia é o 
lobbie, aqui considerado como meio de comunicação entre agentes, sejam eles públicos 
ou privados, com o fim de materializar determinada ação ou política. Nessa linha 
podemos retroceder todos aqueles métodos de influência que já vimos para entendermos 
como os lobistas agem para a conquista de tais interesses, o que nos leva a visualizar 
algumas ações como forma de movimentos circulares onde uma ação pressupõe a outra, 
como a retomada da influência parlamentar exemplificada no seguinte trecho: 
 
“Quanto ao poder legislativo, os métodos de pressão se exercem sobre ele talvez 
com mais facilidade, sobretudo nas comissões parlamentares. Com efeito são as 
comissões órgãos por excelência que têm merecido a preferência dos grupos. Ali podem 
eles concentrar todo o peso de sua influência sobre deputados em número bastante 
reduzido, pois as comissões sempre são pouco numerosas e com a vantagem de que a 
função daqueles deputados constitui a chave do processo legislativo. A sorte das leis, 
onde o parlamento ainda legisla, se decide menos no plenário do que nas comissões 
técnicas de cada câmara.”20 
 
Já que praticamente participam do processo político através de parlamentares, os 
lobbies a partir de uma posição externa ao Estado se propõem a influenciar os 
detentores do poder estatal para a obtenção de medidas que lhe favoreçam os interesses, 
como ocorre em sessões de votação onde o numero de membros na Câmara, às vezes 
não corresponde ao percentual que necessitaria para ser obtida uma vitória em cima de 
um projeto de lei ou medida em fase de validação ou aprovação, empurrando ou 
adiando tal projeto que não faça parte ou atrapalhe o interesse lobista do momento.
21 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do estado e ciência política – 5ºedição. São 
Paulo: Celso Bastos Editora, 2002. Página 261. Página 15 
 
Jogadas políticas como essas são reflexos das ações entre lobistas que podem 
estar presentes em diferentes partidos e conquistar o apoio de diversas bancadas já que 
os interesses dos grupos são mais facilmente identificáveis no meio social, claro que, 
nada obstante que divergências de natureza política convivam com interesses comuns 
como os do campo das atividades profissionais, o que nos leva a crer que na ausência da 
atuação partidária os lobistas passaram a exercer atividades que deveriam ser dos 
partidos. 
 
“Assim, a relativa rigidez político-partidária que se possa constatar no 
Congresso Nacional mostra-se de pouca ou nenhuma importância à ação dos grupos de 
pressão, pois sua atividade não é prejudicada por posturas partidárias, a menos que 
questões tratadas envolvam diretrizes e natureza programático-ideológica muiespecíficas, de cuja fidelidade o congressista, em geral, não se aparta. Ainda assim, o 
campo e atuação dos grupos pode ser tão amplo, a despeito de suas específicas 
reivindicações, que a ofensa a tais princípios é assaz remota, estando, quase sempre, o 
parlamentar, adstrito somente ao seu sentimento pessoal.”21 
 
Outra possibilidade é a de Estado e Lobbie aparecerem paralelamente, pois nem 
sempre os grupos atuam de forma ilícita, na qual não raro às vezes em que ocorreria 
uma bilateralidade recíproca entre grupo e governo onde ocorreria coincidência ou 
identificação do interesse geral com os interesses abertamente propugnados pelo grupo. 
No que diz respeito quanto à questão de competência dos lobistas a elaborar e 
dispor de material para uma tomada de decisão legislativa, não há de se deixar margem 
para dúvidas, pois os mesmos se encontram muito bem aparados já que estes se 
constituem de próprios instrumentos de informação muito útil quando se trata de 
parlamentares. A competência desses grupos em reunir informações poderia se tornar 
uma valiosa fonte de subsídio à elaboração legislativa ou à tomada de uma decisão 
administrativa à disposição do governo oferecendo-lhe conselhos sensatos o que nos 
leva a refletir como e de que forma essa atividade poderia melhor ser utilizada em nossa 
esfera política. 
 
7 – OS ASPECTOS PRESENTES NA ATIVIDADE 
 
É inegável ignorar esta atmosfera de desconfiança que circula sobre a ação dos 
lobistas, é muito difícil dizer quando um interesse grupal atenta contra um interesse 
geral. Uma vez que pegamos como exemplo ações como as que vão contra o
22 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do estado e ciência política – 5ºedição. São 
Paulo: Celso Bastos Editora, 2002. Página 258. Página 16 
 
parlamentar, o intimidando e o levando a uma espécie de julgamento popular, onde o 
mesmo seria “sentenciado” a partir do uso da opinião pública. Poderia nesse caso citado 
isso ser considerado como uma transparência das ações que acontecem dentro do poder 
abrindo para o público o debate em torno de certas questões, claro que ações como essas 
podem ter sido manipuladas pelos próprios grupos visando essa conquista da opinião 
pública, eis ai o porquê desta difícil diferenciação entre o aspecto negativo e o positivo 
que circunda as ações dos lobistas. Mas vejamos com o seguinte exemplo: 
 
“Um julgamento sereno e isento dos grupos de pressão vai demonstrar que muito 
do que se considera serem suas vantagens ou desvantagens decorre da própria idéia de 
Estado que se tenha. Se se imagina um Estado paternalista que, ele mesmo, se incumbe 
de prodigalizar as suas benesses cabendo aos destinatários da sua atuação uma atitude 
passiva de reflexão, nesse caso, sem dúvida os grupos são negativos. Mas se se partir da 
concepção de um Estado mais ausente e mais neutro abre-se, naturalmente, um campo à 
atuação dos grupos de pressão que procurarão acioná-lo, acicatá-lo e estimulá-lo no 
sentido dos seus interesses.”22 
 
Utilizando esta visão do autor podemos concluir que o Estado em si será uma 
limitação ou não à ação dos lobistas, inclusive poderá o Estado mesmo se beneficiar 
fazendo uso dessas ações, pois como o autor afirma onde o Estado funciona de forma 
ausente, ali o assédio destes grupos se tornaria mais eficaz e a sociedade naturalmente 
consagraria os interesses que soubesse melhor se estruturar os legitimando perante a 
nação. A contra ponto o Estado poderia valer-se destes benefícios como já visto 
anteriormente se beneficiando de tais capacidades e influências destes lobistas. 
Claro que caberia uma limitação quanto a tais inconvenientes como o do fato de 
atuarem em interesses específicos e setoriais, sem escrúpulos, abusando das ameaças 
que trazem para a atuação dos órgãos legislativos, principalmente considerando os 
meios utilizados que podem se valer da intimação, suborno e corrupção, prevalência que 
acabam por conferir aos interesses de maior poder econômico, ameaçando uma 
liberdade democrática. 
Porém, a utilização dos meios de comunicação, para uso de uma ação 
mistificadora da opinião pública, em uma visão social pode ser considerada uma das, 
senão a mais prejudicial ação lobista empregada para conquista de tais interesses. 
 
“Para eles, não somos capazes de observar uma realidade social a não ser por 
meio das ferramentas que empregamos para sua interpretação. Em outras palavras, a 
realidade objetiva não é acessível aos seres humanos e, nesse sentido, não existe. O que
23 NOGUEIRA, João Pontes. Teoria das Relações Internacionais: Correntes e Debates 
– 7°reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier. 2005. Página 204. 24 MAQUIAVEL, 
Nicolau. O Príncipe. LCC Publicações Eletrônicas – Capitulo III. (e-book). Página 17 
 
existe são representações do real que aspiram ao status de verdade, mobilizando 
símbolos e discursos para produzir um efeito de realidade que, no mundo moderno, se 
legitima por meio do poder/ conhecimento.”23 
 
O problema maior é esta aproximação fiel da realidade que nos remete ao ponto 
de chama-la de proposição verdadeira. Uma representação verdadeira, portanto não 
comportaria uma diversidade de significados muito menos a ausência destes 
significados o que nos leva a criticar esta atuação midiática exercida em consagração 
dos interesses lobistas. 
Além do mais, a descoberta destes grupos lobistas influenciando as decisões 
legislativas causaram certo escândalo devido sua infiltração nas cúpulas do poder, 
embora haja um risco deste tipo de atividade vir a se tornar um meio muito forte e 
exceder a representação política a intenção é que se definam os credenciamentos, se 
estabeleçam normas de conduta e de controle da atividade do lobby, pois parafraseando 
Maquiavel: 
 
“Ocorre aqui como no caso do tuberculoso, segundo os médicos: no principio é 
fácil a cura e difícil o diagnostico, mas com o decorrer do tempo, se a enfermidade não 
foi conhecida nem tratada, torna-se fácil o diagnóstico e difícil a cura. Assim também 
ocorre nos assuntos do Estado porque, conhecendo com antecedência os males que o 
atingem (o que não é dado senão a um homem prudente), a cura é rápida; mas quando, 
por não se os ter conhecido logo, vêm eles a crescer de modo a se tornarem do 
conhecimento de todos, não mais existe remédio.”24 
 
Anotando todos os males acarretados pela ação da atividade do lobbie não 
devemos ignorar os aspectos positivos dessa atuação que os mesmos possuem dentro da 
política, já que em muitos países, a atividade do lobby é reconhecida e faz parte do 
processo de elaboração das leis e formulação das políticas públicas, apresentando 
inclusive regulação para profissão. 
 
8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Não podemos desconsiderar a ações positivas desta atividade de lobbie 
principalmente levando em consideração o auxilio que podem prestar aos legisladores 
no momento de uma tomada de decisão e nem tão pouco querer de alguma forma 
extirpa-los, mas partindo do pressuposto que essas atividades apresentem perigos, mas
25 CASINO JACK (O Super Lobista) – Direção: George Hickenlooper. Canadá, 2010 – 
SINOPSE: Um lobista muito famoso de Washington DC tem que jogar duro para 
vencer, responsável por cuidar de cassinos e influenciar a política dos Estados Unidos, 
aproveitando dessa situação para fugir das acusações de assassinato e corrupção. 
Baseado em uma história real, Kevin Spacey como protagonista. Página 18 
 
também prestam serviços, quero exatamente com essa citação de Maquiavel em que 
encerro o capítulo anterior, fazer um comparativo entre as ações ilícitas dos lobistas e a 
violação do funcionamento de uma atividade democrática dentro do governo. 
Esses “males”, termo este empregado na citação pelo autore que aqui usarei de 
sinônimo para estas atividades tidas como ilícitas na ação dos lobistas, precisam, para 
que se estabeleça um verdadeiro ambiente democrático e livre de abusos, serem 
suprimidas de alguma forma e neste ponto eu retomo aqui o exemplo lá do inicio deste 
artigo, onde os Estados Unidos institucionalizou a atividade lobista como uma forma de 
prever os propósitos dos grupos atuantes nesta atividade e inclusive identificar estes 
indivíduos participantes. 
Cito como exemplo destes abusos o caso de Jack Abramoff no filme Casino 
Jack25 onde se beneficiando do grande acesso a deputados e senadores republicanos 
(muitos dos quais ajudou com polpudos cheques para suas campanhas de reeleição, e de 
quem teve ajuda para legislar em favor de seus clientes), cometeu ações de troca de 
favores recíproca, beneficiando empresas de clientes e acabando por revelar o tamanho 
da corrução entre lobistas e políticos, gerando um gigantesco escândalo nacional. 
Exemplos como esse a que me referi podem ser mais comum do que imaginamos é só 
pensarmos em quantas empresas podem neste momento estarem operando por beneficio 
de alguma concessão. 
Acredito que a partir de uma definição aberta perante a sociedade do que é o 
lobbie e de sua regulamentação específica a uma atividade, qualquer prática desvirtuada 
poderia ser enquadrada nos incisos previstos em nosso ordenamento jurídico, pois, não 
há de se negar a importância de uma representação adequada que faça a população se 
sentir presente nas decisões políticas, função essa que caberia aos partidos e que hoje foi 
tomada pelos grupos, porém em meio a escândalos, corrupção, persuasões e 
intimidações qualquer decisão resultante destes meios não caberia a se definir como 
uma legitima decisão democrática. 
 
 
 
 Página 19 
 
9 – BIBLIOGRAFIA 
 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do estado e ciência política – 5ºedição. São 
Paulo: Celso Bastos Editora, 2002. 
 
BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia – 8ºedição. São Paulo: Paz e Terra, 2000. 
 
BONAVIDES, Paulo. Ciência política – 16ºedição. São Paulo: Malheiros Editores, 
2009. 
 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado – 24ºedição. São 
Paulo: Saraiva, 2003. 
 
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. LCC Publicações Eletrônicas. 
 
MOREIRA, Adriano. Ciência Política – 3ºedição. Coimbra: Edições Almedina, S A. 
2006. 
 
NOGUEIRA, João Pontes. Teoria das Relações Internacionais: Correntes e Debates – 
7°reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier. 2005. 
 
REALE, Miguel. Lições Preliminares do Direito – 27ºedição. São Paulo: Saraiva, 2011. 
 
STRECK, Lenio. BOLZAN, José Luis. Ciência Política e Teoria do Estado – 6ºedição. 
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. 
 
FILME: 
 
CASINO JACK (O Super Lobista) – Direção: George Hickenlooper. Canadá, 2010

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