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Régis Jolivet Capítulo Segundo O JUÍZO Ε Α PROPOSIÇÃO RE Juízo e Proposição Definição do juízo. — O juízo é o ato pelo qual o espírito afirma alguma coisa de outra; "Deus é bom", o "homem não é imortal" são juízes, enquanto um afirma de Deus a bondade, o outro nega do homem a imortalidade. O juízo comporta então necessariamente três elementos, a saber: um sujeito, que é o ser de que se afirma ou nega alguma coisa – um atributo ou predicado: é o que se afirma ou nega do sujeito;, – uma afirmação ou uma negação. O sujeito e o atributo compõem a matéria do juízo e a forma do juízo resulta da afirmação ou da negação. A proposição é a expressão verbal do juízo. A Proposição Ela se compõe, como o juízo, de dois termos, sujeito e predicado, e de um verbo, chamado cópula (isto é, elo), pois liga ou desliga os dois termos. O verbo da proposição lógica é sempre o verbo ser, tomado no sentido copulativo ou relativo, como nesta proposição: "Deus é bom", e não no sentido absoluto, em que ele significa existir, como nesta proposição: "Deus é". Muitas vezes o verbo gramatical compreende a um tempo o verbo lógico e o atributo. Assim, esta proposição: "Eu falo" se decompõe, do ponto-de-vista lógico, nesta: "Eu sou falante". Da mesma forma, "Deus existe" se decompõe assim: "Deus é existente". ESPÉCIES DE JUÍZO E DE PROPOSIÇÕES Classificação dos juízos do ponto-de-vista de sua forma e do ponto-de-vista de sua matéria. a) Do ponto-de-vista da forma. Distinguem-se os juízos afirmativos e os juízos negativos. b)Do ponto de vista da matéria. Distinguem-se os juízos analíticos e os juízos sintéticos. Chama-se analítico um juízo em que o atributo é ou idêntico1 do sujeito (o que é o caso da definição; "O homem é um animal racional"), ou essencial ao sujeito ("O homem é racional"), ou próprio (1) ao sujeito ("O círculo é redondo"). Chama-se sintético um juízo cujo atributo não exprime nada de essencial, nem de próprio ao sujeito: "Este homem é velho", "O tempo está claro". Classificação das proposições quanto a quantidade e da qualidade A. A quantidade de uma proposição depende da extensão do> sujeito. Pode-se então distinguir: a) As proposições universais: aquelas cujo sujeito é um termo universal, tomado universalmente. Por exemplo: "O homem (ou: todo homem) é mortal". b) As proposições particulares: aquelas em que o sujeito ê um termo particular: "algum homem é virtuoso". c) As proposições singulares: aquelas cujo sujeito ê um termo singular: "Pedro é sábio", "esta árvore é velha". Estas proposições, pela razão dada anteriormente (12), devem ser assimiladas, às proposições universais. B.A qualidade de uma proposição depende da afirmação ou da negação, conforme a relação do atributo ao sujeito seja uma relação de conveniência ou de não conveniência. A propriedade em lógica é um caráter que não pertence à essência do sujeito, mas decorre dela necessariamente. 3) As quatro proposições – Como toda proposição tem no mesmo tempo uma quantidade e uma qualidade, podem se distinguir quatro espécies de proposições, que os lógicos designam por vogais, a saber: a) A universal afirmativa (A) : Todo homem é mortal. b) A universal negativa (E) : Nenhum homem é puro espírito. c) A particular afirmativa (I) : Algum homem é sábio. d) A particular negativa (O) : Algum homem não ó sábio, Da oposição das Proposições Quando se tomam as proposições não já em si mesmas, mas em suas mútuas relações, verifica-se que elas podem opor-se entre si de várias maneiras. Definiremos então a oposição como a relação de duas proposições que, tendo o mesmo sujeito e o mesmo predicado, têm uma qualidade ou uma quantidade diferente, ou seja, a um tempo, uma qualidade e uma quantidade diferentes. aAs proposições contraditórias. Chamam-se contraditórias duas proposições que diferem ao mesmo tempo pela quantidade o pela qualidade: uma nega o que a outra afirma, sem que haja intermediário entre a afirmação e a negação: Todo homem é sábio (A). Algum homem não é sábio (0). b) As proposições contrárias. Chamam-se contrárias duas proposições universais que diferem pela qualidade: Todo homem é sábio (A). Nenhum homem é sábio (E). c) As proposições sub contrárias. Chamam-se subcontrárias duas proposições particulares que diferem pela qualidade: Algum homem é sábio (I). Algum homem não é sábio (O). d) As proposições subalternas. Chamam-se subalternas duas proposições que só diferem em quantidade: Todo homem é virtuoso (A). Algum homem é virtuoso (I). Nenhum homem é puro espírito (E). Algum homem não é puro espírito (0). Lei das oposições. a) Lei das contraditórias. Duas proposições contraditórias (A e O, Ε e I) não podem ser nem verdadeiras, nem falsas ao mesmo tempo. Se uma é verdadeira, a outra é necessariamente verdadeira, a outra é falsa, a outra é necessariamente verdadeira. b) Leis das contrárias. Duas proposições contrárias (A e E) não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo; se uma é verdadeira, a outra é falsa. Podem, no entanto, ser falsas ao mesmo tempo Em matéria necessária (isto é, desde que o predicado seja da essência do sujeito), duas contrárias não podem ser simultaneamente falsas. Pode-se, então, concluir da falsidade de uma a verdade de outra. Continuação... c) Lei das subcontrárias. Duas proposições subcontrárias (I e O ) não podem ser falsas ao mesmo tempo. Mas podem ser verdadeiras ao mesmo tempo Em matéria necessária, duas subcontrárias não podem ser verdadeiras simultaneamente, Pode-se, então, concluir da verdade de uma a falsidade de outra. d) Leis das subalternas. Duas proposições subalternas (A e I, E e O) podem ser verdadeiras ao mesmo tempo e falsas ao mesmo tempo, assim como uma pode ser verdadeira e a outra falsa. O RACIOCÍNIO E O ARGUMENTO 1. O raciocínio, em geral, é a operação pela qual o espírito, de duas ou mais relações conhecidas, concluí uma outra relação que desta decorre logicamente. Como, por outro lado, as relações são expressas pelos juízos, o raciocínio pode também definir-se como a operação que consiste em tirar de dois ou mais juízos um outro juízo contido logicamente nos primeiros. O raciocínio é então uma passagem do conhecido para o desconhecido. 2. O argumento é a expressão verbal do raciocínio: 3.O encadeamento lógico das proposições que compõem o argumento se chama forma ou consequência do argumento.As próprias proposições formam a matéria do argumento. A proposição a que chega o raciocínio se chama conclusão ou consequente, e as proposições de onde é tirada a conclusão se chama coletivamente o antecedente: O homem é mortal.( Antecedente) Ora, Pedro é homem (Antecedente). Logo, Pedro é mortal (Conclusão). A inferência O termo inferência é muitas vezes tomado como sinônimo de raciocínio. Na realidade, tem um sentido multo geral e se aplica não somente a toda espécie de raciocínio’ (dedução, indução), mas também, embora menos propriamente, às diferentes operações de conversão. Servimo-nos, neste último-caso, do termo inferência imediata. Raciocínio e o Silogismo Como o raciocínio consiste em se servir do que se conhece para encontrar o que se ignora, dois casos podem produzir-se, conforme seja o que se conhece inicialmente uma verdade universal (raciocínio dedutivo), ou um ou vários casos singulares (raciocínio indutivo) O raciocínio dedutivo. —O raciocínio dedutivo é um movimento de pensamento que vai de uma verdade universal a uma outra verdade menos universal (ou singular). Por exemplo: Tudo o que é espiritual é incorruptível. Ora, a alma humana é espiritual. Logo, a alma humana é incorruptível. "A alma humana é incorruptível" é uma verdade menos geral do que a que enuncia que "tudo o que é espiritual é incorruptível".A expressão principal deste raciocínio é o silogismo. O raciocínio indutivo O raciocínio indutivo é um movimento de pensamento que vai de uma ou várias verdades singulares a uma verdade universal. Sua forma geral é a seguinte: O calor dilata o ferro, o cobre, o bronze, o aço. Ora, o ferro, o cobre, o bronze e o aço são metais. Logo, o calor dilata todos os metais. SILOGISMO O silogismo é um argumento pelo qual, de um antecedente que une dois termos a um terceiro, tira-se um conseqüente que une estes dois termos entre si. a) Composição do silogismo. Todo silogismo regular se compõe então de três proposições, nas quais três termossão comparados dois a dois. Estes termos são: O termo maior (T), assim chamado porque é o que tem maior extensão. O termo menor (t), assim chamado porque é o que tem menor extensão. O termo médio (M), assim chamado porque é o intermediário entre o termo maior e o menor. As duas primeiras proposições, que compõem coletivamente o antecedente, se chamam premissas, e a terceira,conclusão. — Das duas premissas, a que contém o termo maior se chama maior. A que contém o termo menor se chama menor.
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