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Direito_Administrativo_-_Aula_04

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Aula 04 
Direito Administrativo 
Prof. André Henrique 
 
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO 
Poderes da administração são instrumentos, prerrogativas que o estado tem para a 
perseguição do interesse público. Poder é algo abstrato, sendo materializado por meio de atos 
administrativos. Assim, ato administrativo é o ato de exercício do poder administrativo: Ex1: 
demissão em PAD – ato de demissão que decorre do poder disciplinar. Ex2. Administração que 
aplica multa de trânsito em quem ultrapassa o limite de velocidade: multa é o ato 
administrativo que concretiza o poder de polícia. 
Poderes da administração (ou poderes administrativos, este termo também pode ser 
encontrado na prova) não se confundem com os Poderes do Estado. Poderes do Estado são 
aqueles elementos orgânicos (organizacionais) ou estruturais do Estado (Poder Judiciário, 
Executivo e Legislativo). 
OBS.: poder  prerrogativa/ instrumento  materializada/ concretizada  ato 
administrativo. 
O poder do administrador é a prerrogativa do agente pessoa física, não confundindo com os 
poderes da AP. O poder do administrador será estudado quando se tratar do abuso de poder. O 
abuso de poder ocorre por meio do excesso de poder (extrapola sua competência) e pelo 
desvio de finalidade (vício ideológico ou subjetivo). 
1. Características dos poderes da Administração Pública 
a) poder-dever - apesar do nome poder, é uma obrigação. O administrador deve, tem a 
obrigação de agir, é de exercício obrigatório (ex: existiu infração funcional, o administrador 
tem que punir). Obs: se cair o termo dever/poder (invertido de poder/dever), está correto, de 
acordo com Celso Antônio Bandeira de Melo. Para ele, o dever é mais importante, razão pela 
qual deve vir em primeiro lugar. 
b) irrenunciável – não pode abrir mão ao exercício do poder. O nosso administrador exerce 
função pública, ou seja, em nome e no interesse do povo, motivo que impõe que ele não abra 
mão desta prerrogativa (princípio da indisponibilidade). 
Obs: Cabe também lembrar o princípio geral que determina que o administrador de hoje não 
pode criar entraves, obstáculos, comprometer a futura administração, situação que se aplica à 
irrenunciabilidade (ex.: administrador que abre mão de punir um servidor, impedido que o 
próximo administrador o faça – não é possível, pois compromete a próxima administração. 
Claro que no caso concreto o administrador vai analisar se vai punir ou não, mas o que não 
pode é abrir mão do direito de condenar). 
c) limitado por lei: Aqui cabe destacar: 
1) A autoridade deve ter competência (ex.: fechar estabelecimento, apreender mercadorias). 
Assim, evita-se o excesso de poder (lembrar que regras de competências advêm de previsão 
legal); 
2) Necessidade, adequação e proporcionalidade - trinômio (evita o desvio de finalidade). Ex: 
passeata que vem destruindo tudo por onde passa: poder público pode dissolver mas, para isso, 
não pode matar várias pessoas. Se os limites da lei não forem observados, deve-se 
responsabilizar por este excesso (lembra que a responsabilização cabe em caso de ação – faz 
além - ou de omissão – deixa de cumprir obrigação). 
O abuso de poder (autoridade ultrapassou os limites previstos na lei) se subdivide em duas 
modalidades 
2.1 – Excesso de poder – acontece quando a autoridade é competente para agir, mas 
ultrapassa os limites da competência (ex.: policial que prende e depois tortura, dá uma surra; 
detector de metal que vai até a pessoa retirar a roupa; autoridade alfandegária que, quando 
vai fazer o controle alfandegário, começa a expor as mercadorias compradas no exterior e faz 
brincadeiras jocosas); 
2.2 – Desvio de finalidade – também chamado de vício ideológico ou vício subjetivo, sendo 
uma falha (ou defeito) na vontade do administrador. Neste caso, a autoridade é competente, 
mas a sua intenção esta desviada (ex: prisão do inimigo, que é noivo. Autoridade realiza a 
prisão no altar da igreja, com intenção de colocá-lo em situação vexatória). Ocorre que aqui o 
ato tem aparência de legal, logo, a comprovação disso é muito difícil. O vício está na cabeça do 
administrador. 
2. Poderes da administração em espécie 
2.1. Quanto ao grau de liberdade: Poder discricionário e vinculado 
O poder vinculado é aquele que o administrador não tem liberdade de escolha, juízo de valor 
ou a conveniência e oportunidade. Preenchidos os requisitos legais, o administrador é 
obrigado a praticar o ato vinculado (ex: preenchimento dos requisitos para aposentadoria ou 
para concessão de licença para dirigir). 
O poder discricionário é aquele que o administrador tem liberdade de escolha nos limites da 
lei, tem juízo de valor ou conveniência e oportunidade. Se extrapolar os limites da lei, o ato 
será considerado ilegal e arbitrário, devendo ser retirada do ordenamento jurídico (ex: decisão 
da AP em permitir que o comerciante coloque suas mesas na calçada pública – permissão de 
uso de bem público - ou a autorização de veículo acima da medida para transitar pela cidade). 
Cuidado, se o administrador ultrapassa os limites da lei, a conduta é arbitrária, e não 
discricionária. 
A doutrina discute quais seriam as justificativas da discricionariedade. Celso Antônio Bandeira 
de Mello enumera as explicações apresentadas pelos administrativistas para a existência de 
competências discricionárias: 
a) intenção deliberada do legislador: para alguns autores, a discricionariedade é uma técnica 
utilizada intencionalmente pelo legislador para transferir ao administrador público a escolha 
da solução mais apropriada para atender a finalidade da norma; 
b) impossibilidade material de regrar todas as situações: ao legislador seria impossível 
disciplinar adequadamente a grande variedade de circunstâncias concretas relacionadas ao 
exercício da função administrativa, sendo mais razoável conferir competências flexíveis 
passíveis de adaptação à realidade dos fatos; 
c) inviabilidade jurídica da supressão da discricionariedade: no regime da Tripartição de 
Poderes, o legislador está impedido de esgotar no plano da norma a disciplina de todas as 
situações concretas pertinentes aos assuntos administrativos, à medida que isso implicaria o 
esvaziamento das atribuições do Poder Executivo e a ruptura de sua independência funcional; 
d) impossibilidade lógica de supressão da discricionariedade: por fim, o último e mais 
importante fundamento da discricionariedade é a impossibilidade lógica de o legislador 
excluir competências discricionárias porque a margem de liberdade característica desse 
instituto reside na imprecisão e na indeterminação dos conceitos empregados pela lei para 
definir competências. Sempre que o legislador outorga uma competência, é obrigado a fazê-lo 
por meio de dispositivos legais traduzidos em conceitos jurídicos, cujo grau de imprecisão 
determina inevitavelmente a natureza discricionária da competência atribuída. Assim, por 
exemplo, quando a lei afirma que a Administração deve proibir o uso de “trajes indecentes” em 
certos ambientes, a indeterminação inerente ao conceito de traje indecente abre margem de 
liberdade para o agente público avaliar em quais casos a proibição deve ser aplicada. 
Esta classificação de poderes foi utilizada por Hely Lopes Meireles. Mas os doutrinadores mais 
modernos dizem que tal divisão do poder não é adequada. Diz que, na verdade, o poder não é 
só vinculado ou só discricionário, havendo uma inter-relação entre eles (o poder ora vai ser 
vinculado, ora vai ser discricionário). Outra crítica é de que não é o poder (abstrato) que é 
vinculado ou discricionário, mas sim o ato administrativo (concreto), que nada mais é que a 
materialização do poder (Celso Antônio Bandeira de Melo). Cuidado: mesmo criticada, essa 
divisão ainda cai em concursos. 
2.2. Poder hierárquico 
Poder hierárquico (Celso Antônio B. de Melo denomina de poder do hierarca)é aquele que 
institui hierarquia (palavra-chave), escalonando, hierarquizando ou estruturando os quadros 
da AP. Neste poder, se define quem manda e quem obedece. É aquela prerrogativa que tem o 
Estado para cumprir com o interesse público, de maneira a escalonar e estruturar os quadros 
da AP. 
É um poder interno e permanente, exercido pelos chefes de repartição sobre seus 
subordinados e pela administração central em relação aos seus órgãos públicos. 
OBS: não há hierarquia entre Administração Direita e Indireta, de tal sorte que não se pode 
falar em exercício de poder hierárquico daquela sobre esta. Sobre estes entes, a administração 
exerce a chamada “supervisão ministerial”, que é espécie de controle finalístico. 
O poder hierárquico se materializa por meio dos atos ordinatórios, que são aqueles que 
organizam e escalonam os quadros da AP. Consequências do poder hierárquico: 
a) Possibilidade de dar ordens em face dos subordinados; 
b) Poder de fiscalização/controle do cumprimento das ordens; 
c) Revisão dos atos praticados pelos subordinados; 
d) Delegação (movimento centrífugo) e avocação (movimento centrípeto) (puxar para seu 
núcleo, trazer para si competência) de funções; 
e) Aplicação de sanção ao verificar a infração praticada pelo subordinado. O poder 
hierárquico exercido na aplicação de sanção decorrente da infração praticada pelo 
subordinado é consequência do poder disciplinar (aplicar sanção é, portanto, exercício de 
poder hierárquico e disciplinar). 
2.3. Poder disciplinar 
Poder disciplinar é a prerrogativa que tem o Estado de permitir ao administrador aplicar uma 
sanção/penalidade em razão de uma infração funcional. Isto é, o poder disciplinar atinge 
somente aqueles que estão na intimidade da AP (no exercício da função pública), como os 
agentes públicos (ainda que particular, desde que sujeitos às regras da administração pública). 
O poder disciplinar se materializa por meio dos atos punitivos. A doutrina entende que o 
poder disciplinar decorre do poder hierárquico. Apesar de existir independência funcional dos 
membros do MP e da magistratura, isto não afasta o exercício do poder disciplinar, pois 
respondem administrativamente por seus atos funcionais. 
É espécie de poder interno e não permanente. 
Para a doutrina tradicional (Hely), o poder disciplinar é, em regra, discricionário. Já para a 
doutrina moderna, o poder disciplinar é discricionário, mas somente em algumas situações. 
Nesse entendimento, vide exemplo: Servidor pratica infração funcional. Primeira providência 
é a instauração de um processo para investigar (dever do administrador, providência 
vinculada). Por outro lado, a decisão final do processo é discricionária, ou seja, definir pela 
existência ou não da infração funcional do servidor é discricionário, dependendo de um juízo 
de valor, tendo em vista os conceitos vagos de infração funcional previsto na lei administrativa 
(ex: infração funcional por conduta escandalosa ou por ineficiência do servidor possui 
conceito vago e depende de valoração, devendo o administrador analisar o caso concreto). 
Por fim, ao aplicar a pena, o administrador é obrigado a cumprir aquela prevista em lei; uma 
vez definida a pena pela lei, o administrador deverá aplicá-la de forma vinculada, não tendo 
liberdade (ex: ao agente que vem mal trajado, deve-se aplicar pena de suspensão). 
- Instauração de processo  vinculado 
- Identificar a ocorrência e definir a infração funcional  discricionária 
- Aplicação da pena  vinculada 
2.4. Poder regulamentar 
Poder regulamentar não produz somente o regulamento. Segundo Maria Sylvia di Pietro, o 
ideal é a denominação poder normativo. 
A AP não tem poder de elaborar leis (não possui poder político). O poder regulamentar é a 
prerrogativa que tem o Estado de regulamentar, normatizar, disciplinar determinada situação, 
complementando a lei, na busca de sua fiel execução. 
A Lei 10.520/01, por exemplo, que traz a previsão legal do pregão, dispõe que esta modalidade 
de licitação serve para aquisição de bens e serviços comuns. Estabelece que bem/serviço 
comum é aquele que pode ser conceituado no edital com expressões usuais do mercado. 
O fundamento constitucional deste poder reside no art. 84, IV, CF/88. 
Para se definir os bens de utilização comum pode ser editado um decreto para se definir o que 
são bens comuns, para facilitar sua execução. O ato regulamentar que dispõe sobre o rol das 
substâncias entorpecentes é outro exemplo de decreto regulamentar. 
No exercício do poder regulamentar a AP utiliza (o poder regulamentar se materializa): 
 a) Regulamentos; 
 b) Portarias; 
 c) Regimentos; 
 d) Deliberações; 
 e) Resoluções; 
 f) Instruções normativas. 
São exemplos, sendo o regulamento o mais abordado em concursos. 
Regulamento e decreto 
O regulamento regula determinada situação (disciplina, normatiza determinado assunto), 
sendo o conteúdo da norma. Todavia, quando este regulamento é elaborado, sendo levado ao 
D.O.U., receberá uma forma (moldura), que é denominada de decreto. Nem todo decreto tem 
como conteúdo um regulamento (ex: decreto que nomeia servidor público), porém, se tiver, 
será denominado de decreto regulamentar. 
Regulamento  conteúdo da norma. 
Decreto  forma que se dá ao conteúdo. 
Obs: Tem autor que fala só em decreto, e outros falam em decreto e decreto regulamentar 
(ideal). Na prova, se puder, usar os dois. 
Regulamento e lei 
Regulamento Lei 
- Elaborado pelo chefe do 
Executivo. 
 
- Elaborado pelo Poder 
Legislativo. 
- É menos representativa, 
por ser feito pelo chefe do 
Executivo. 
- É muito mais 
representativa, pois possui 
a vontade coletiva 
(representantes do povo e 
dos Estados). 
- Não há formalidade e 
publicidade, pois não 
depende de procedimento 
formal, sendo feito pelo 
presidente da República em 
seu gabinete, as portas 
fechadas. O conhecimento 
se dá apenas com a 
publicação. Portanto, não 
pode se dar o mesmo poder 
ou tratamento de uma lei 
para um regulamento. 
- Há formalidade e 
publicidade, pois depende 
de procedimento 
legislativo formal 
(inúmeras formalidades) e 
público (acompanhado 
pelo povo). 
 
Em tese, a Casa Legislativa é muito mais representativa que a Presidência da República, pois há 
representantes de várias classes sociais, de várias regiões do país, com interesses diversos, 
representados por vários grupos. 
Portanto, a pluralidade de interesses da lei é muito maior. Por este motivo é que a lei é a regra, 
normatizando as diversas relações jurídicas existentes na sociedade e uma forma muita mais 
segura. 
Em termos de segurança, a lei possui um procedimento de criação muito mais solene e seguro. 
No direito comparado, verifica-se que existem dois tipos de regulamento: regulamento 
executivo e regulamento autônomo. 
O regulamento executivo é aquele que vai complementar a lei, buscando a viabilizar sua fiel 
execução. Esta é a regra no Brasil (art. 84, IV, CF/88). Ex: Lei do pregão é regulamentada por 
um decreto regulamentar (regulamento executivo). 
Já o regulamento autônomo é tido como exceção, tendo em vista que substitui a própria lei, 
criando obrigações não previstas em lei. O regulamento autônomo é aquele que tem seu 
fundamento de validade na própria CF; fazendo o papel de uma lei, e que independe de lei 
anterior. Neste caso, o regulamento complementa diretamente a CF. Poderá constituir 
obrigações que não estão previstas anteriormente em lei, mas diretamente na CF. 
Após a EC 32 de 2001 é possível tal tipo de decreto. Alterou o art. 84, VI, da CF (caso de 
decreto autônomo). Para a maioria da doutrina e para o STF, é possível o decreto autônomo no 
Brasil, em hipótese expressamente autorizada pela CF (é exceção). 
CF, Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: ...VI – dispor, mediante decreto, sobre: 
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa 
nem criação ou extinção de órgãos públicos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos (mais cobrada nos concursos). 
Como se criam cargos no Brasil? 
Em regra, são criados por lei. Assim, em tese, deve se extinguir por lei. Porém, se for extinto 
por decreto, este decreto estará substituindo a lei, o qual é um exemplo de decreto autônomo. 
Hely Lopes Meireles entende que é possível o decreto autônomo em qualquer circunstância. 
Para Celso Antônio B. de Melo, é impossível o decreto autônomo no Brasil, tendo em vista que 
a democracia ainda está “engatinhando” e, assim, o decreto autônomo é um perigo, muito 
poder para o executivo. Apesar da divergência doutrinária, a melhor posição é a que admite o 
decreto autônomo com fundamento no art. 84, inc. VI, da CF. 
Frisa-se que alguns defendem que pode apenas na alínea “a” e outros só no caso da “b”, mas a 
posição que prevalece hoje é de que ser possível em ambas as alíneas. 
PODER DE POLÍCIA 
Conceito: é instrumento e também é uma prerrogativa que o Estado utiliza para compatibilizar 
interesses públicos e privados. Ele “arruma” estes interesses a fim de estabelecer o bem estar 
social. 
Poder de polícia  bem estar social 
 
Hely Lopes Meireles diz que poder de polícia é a prerrogativa que tem o Estado para restringir, 
limitar, frenar a atuação do particular em nome do interesse público (na busca do bem estar 
social). 
Alguns administrativistas modernos vem utilizando a expressão “limitação administrativa” 
para designar poder de polícia. 
O poder de polícia vai atingir basicamente dois direitos, a saber: 
 Liberdade. Ex: limitação de velocidade em uma avenida, determinação de classificação 
indicativa de idade de filme, limitação de volume de som em determinada região; 
 Propriedade. Ex: limitação do número de andares dos edifícios beira-mar. 
O exercício do poder de polícia NÃO GERA DEVER DE INDENIZAÇÃO, tendo em vista que não 
exclui, não retira o direito do particular, mas apenas define a forma de exercer o direito da 
propriedade. Enfim, define os contornos do dir. à propriedade, bem como os da liberdade. 
OBS.: o poder de polícia não atinge diretamente a pessoa (atinge bens, atividades, direitos, 
interesses da pessoa), não é voltado diretamente a pessoa (como no Dir. Penal). 
No seu exercício, há possibilidade da cobrança de taxa de polícia. Por esse motivo é que o CTN 
conceitua o poder de polícia. Taxa é uma espécie de tributo vinculado à atividade estatal em 
que se cobra o valor da diligência (cobra o quanto gastar no exercício do poder). Daí o porquê 
da definição de tal instituto no CTN. 
A taxa de polícia é o valor da diligência (ex: fiscal vai ao local para ver se dá para conceder 
licença para uma certa construção), uma vez que a taxa é um tributo vinculado a uma 
contraprestação estatal. 
O poder de polícia está definido com todos os seus elementos no art. 78 do CTN: 
 
Elementos do poder de polícia: 
 Atividade da administração pública; 
 Baseada na lei; 
 Limita a liberdade e a propriedade dos particulares; 
 Regulam a prática de ato ou a abstenção de fato; 
 Praticado por meio de atos normativos ou concretos 
 Benefício do interesse público. 
Momento do poder de polícia 
O poder de polícia pode ser/ocorrer em três momentos: 
 a) preventivo (ex: administração publica/edita ato normativo determinando certa 
velocidade para circular em tal rua); 
 b) fiscalizador (ex: ver pesos e medidas num mercado; radar p/ verificar velocidade); 
 c) repressivo (ex: aplica a sanção ou multa, atos punitivos). 
Portanto, o poder de polícia pode ser preventivo, fiscalizador ou repressivo. 
O poder se materializa por meio de atos. 
 Ato normativo: o qual pode decorrer do PODER REGULAMENTAR e do PODER DE 
POLÍCIA (ex: ato que dispõe sobre vigilância sanitária); 
 Ato concreto: concessão de licença; 
 Ato punitivo: espécie de ato concreto, como, por exemplo, uma multa. 
Em regra, o poder de polícia é NEGATIVO, pois em sua maioria traz no seu conteúdo uma 
abstenção, uma obrigação de não fazer (ex: não ultrapassar determinada velocidade). Ele não é 
sempre negativo, assim, podemos encontrar obrigações de fazer (ex: determinação de 
desocupação de uma área). Enfim, em regra é negativo, mas não é uma regra absoluta, mas 
sim relativa. 
Fundamento do Poder de Polícia 
O fundamento do poder de polícia decorre da SUPREMACIA GERAL. A supremacia geral é 
aquela atuação do Poder Público que independe de vínculo jurídico anterior. Em sentido 
contrário, a supremacia especial é aquela que depende da existência de um vínculo jurídico 
anterior. A atuação do poder público decorrente da supremacia especial não é exercício de um 
poder de polícia. Exemplos: 
Multa de trânsito, ordem para desocupação de casas em razão de risco, controle 
alfandegário (poder de polícia), tendo em vista a inexistência de vínculo jurídico 
anterior (há supremacia geral), são exemplos de poder de polícia. 
Quando a AP expulsa aluno de escola pública por ter colocado uma bomba no banheiro 
(aluno matriculado  tem vínculo jurídico anterior  há supremacia especial, assim, 
não há poder de polícia aqui). 
Quando a AP pune uma concessionária de serviço público, por existir um vínculo 
jurídico anterior (contrato administrativo), não exerce o poder de polícia (há 
supremacia especial). 
Punição sobre o agente público  tem vínculo jurídico anterior  há supremacia 
especial  não há poder de polícia aqui. Aqui existe o poder disciplinar. 
Delegação do Poder de Polícia 
Segundo o STF, em nome da segurança jurídica, a delegação (a transferência) do poder de 
polícia ao particular é inadmissível (ADI 1.717). 
O ato jurídico (aplicar a multa – decidir pela multa) não pode ser transferido (lembrar da 
máfia dos radares), mas a doutrina e a jurisprudência reconhecem a delegação de atos 
materiais de polícia (como a contratação de tecnologia – material – ato mecânico – um radar). 
É o chamado ato material (também chamados de atos instrumentais) de polícia. 
A doutrina divide estes atos materiais em atos materiais preparatórios e atos matérias 
posteriores (após a decisão). Frisa-se que tanto os preparatórios como os posteriores podem ser 
delegados. 
Ex1: aplicar a multa do radar, a empresa privada não pode; porém, a tecnologia (a máquina 
que bate a foto) pelo radar pode ser delegado. É o chamado ato material preparatório de 
polícia. 
Ex2: o Poder Público poderá contratar empresa para demolir propriedade do particular, 
quando este descumprir a ordem. É o chamado ato material posterior de polícia. 
Atributos / Características do poder de polícia 
 Cuidado para não confundir os atributos dos atos administrativos com os atributos do 
poder de polícia. 
a) Discricionário: em regra, prevalece a discricionariedade (ex1: decisão de qual a velocidade 
permitida em determinada avenida, qual a quantidade de andares a serem construídas; ex2: 
autorização). Porém, em alguns casos poderá ser vinculado (ex: licença para construir). 
Assim, há uma adequação com a teoria moderna, que classifica o ato como vinculado ou 
discricionário, e não o poder como vinculado ou discricionário. 
b) Autoexecutoriedade: o exercício do poder de polícia independe de autorização do Poder 
Judiciário (mas nada impede que a parte que recebeu certa sanção recorra ao Poder Judiciário 
a fim de controlar o exercício do poder de polícia). Este atributo não impede eventual 
colaboração da polícia militar para exercer o poder de polícia. 
Observa-se que a autoexecutoriedade não afasta as formalidades. A autoexecutoriedade não 
significa total liberdade; devendo cumprir algumas formalidades (ex: oportunizar o 
contraditório). 
c) Coercitibilidadeou imperatividade: é obrigatório até decisão em sentido contrário. 
Polícia administrativa e polícia judiciária 
O poder de polícia exercido pelo Estado pode incidir em duas áreas de atuação: 
a) administrativa; 
b) judiciária (esta diz respeito à atividade policial, a contenção de crime, aplicação da lei 
penal). 
POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍCIA JUDICIÁRIA 
- Caráter preventivo: visa 
impedir as ações anti-
sociais. Porém, pode agir 
repressivamente (ex: 
apreender arma usada 
indevidamente ou caçar 
licença do motorista 
infrator). 
- Caráter repressivo: visa 
punir os infratores da lei. 
Pode-se dizer que é 
preventiva também, pois 
punindo o agente, evita 
que ele volte a delinqüir. 
- Atua na área do ilícito 
administrativo, buscando o 
bem estar social (não há 
relação com crime). 
- Atua na área do ilícito 
penal, se preocupando 
com a aplicação da lei 
penal. 
- Incide sobre bens, direitos 
ou atividades. 
- Incide sobre pessoas. 
- Exercida por diversos 
órgãos da Administração 
Pública. 
- É privativa de 
corporações 
especializadas (polícia 
civil e militar). 
 
Exemplos de instituições que exercem o poder de polícia por meio da polícia administrativa: a) 
polícia de caça, de pesca e florestal; b) polícia sanitária e edilícia; c) polícia de tráfego e 
trânsito; d) polícia de peso e medidas; e) polícia de medicamentos; f) polícia de divertimento 
(define faixa etária); g) polícia de atmosferas e águas.

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