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Fichamento Parapraxias

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Instituto Brasileiro de Medicina da Reabilitação
Escola de Saúde
Curso de Psicologia
CONFERÊNCIAS INTRODUTÓRIAS SOBRE PSICANÁLISE 
Parapraxias
Rio de Janeiro
2015
FREUD, Sigmund. Obras Completas de Sigmund Freud, Conferências introdutórias sobre psicanálise: Parapraxias. Imago, Rio de Janeiro, 1915.
Parte I – Parapraxias
Conferência I – Introdução
 “[...] A psicanálise revela tantas coisas novas, e, em meio a tudo isso, tantas coisas que contraditam opiniões tradicionais, e tanto fere sentimentos profundamente arraigados, que não pode deixar de provocar contestação. O leitor, se deixar em suspenso seu julgamento e permitir que a psicanálise, como um todo, provoque nele sua impressão, talvez se torne receptivo à convicção de que mesmo essa indesejada novidade é digna de se conhecer e indispensável para todo aquele que deseja compreender a mente e a vida humana.” (pp. 9)
 “[...] O paciente conversa, fala de suas experiências passadas e de suas impressões atuais, queixa-se, reconhece seus desejos e seus impulsos emocionais. O médico escuta, procura orientar os processos de pensamento do paciente, exorta, dirige sua atenção em certas direções, dá-lhe explicações e observa as reações de compreensão ou rejeição que ele, analista, suscita no paciente. [...] algo não pode ser feito pela doença, que não seja simplesmente falar. [...] Por meio de palavras uma pessoa pode tornar outra jubilosamente feliz ou levá-la ao desespero [...].” (pp. 11)
 “[...] A conversação em que consiste o tratamento psicanalítico não admite ouvinte algum; não pode ser demonstrada. Um paciente neurastênico ou histérico pode, naturalmente, como qualquer outro, ser apresentado a estudantes em uma conferência psiquiátrica. Ele fará uma descrição de suas queixas e de seus sintomas, porém apenas isso. As informações que uma análise requer serão dadas pelo paciente somente com a condição de que ele tenha uma ligação emocional especial com seu médico; ele silenciaria tão logo observasse uma só testemunha que ele percebesse estar alheia a essa relação. Isso porque essas informações dizem respeito àquilo que é mais íntimo em sua vida mental, a tudo aquilo que, como pessoa socialmente independente, deve ocultar de outras pessoas, e, ademais, a tudo o que, como personalidade homogênea, não admite para si próprio.” (pp. 11 – 12)
 “Portanto, os senhores não podem estar presentes, como ouvintes, a um tratamento psicanalítico. Este pode, apenas, ser-lhes relatado; e, no mais estrito sentido da palavra, é somente de ouvir dizer que chegarão a conhecer a psicanálise. [...]” (pp. 12)
 “[...] Se não há verificação objetiva da psicanálise nem possibilidade de demonstrá-la, como pode absolutamente alguém aprender psicanálise e convencer-se da veracidade de suas afirmações? [...]A pessoa progride muito mais se ela própria é analisada por um analista experiente e vivencia os efeitos da análise em seu próprio eu (self), fazendo uso da oportunidade de assimilar de seu analista a técnica mais sutil do processo. Esse excelente método é, naturalmente, aplicável apenas a uma única pessoa e jamais a todo um auditório de estudantes reunidos.” (pp. 13)
 “A psicanálise não deve ser acusada de uma segunda dificuldade na relação dos senhores com ela; devo fazê-los, aos senhores mesmos, responsáveis por isso, senhoras e senhores, pelo menos na medida em que foram estudantes de medicina. A educação que receberam previamente deu uma direção particular ao pensar dos senhores que conduz para longe da psicanálise. Foram formados para encontrar uma base anatômica para as funções do organismo e suas doenças, a fim de explicá-las química e fisicamente e encará-las do ponto de vista biológico. Nenhuma parte do interesse dos senhores, contudo, tem sido dirigida para a vida psíquica, onde, afinal, a realização desse organismo maravilhosamente complexo atinge seu ápice. [...]” (pp. 13)
 “[...] em momentos favoráveis os próprios psiquiatras duvidam de que suas hipóteses puramente descritivas mereçam o nome de ciência. Nada se conhece da origem, do mecanismo ou das mútuas relações dos sintomas dos quais se compõem essas entidades clínicas; ou não há alterações observáveis, no órgão anatômico da mente, que correspondam a esses sintomas, ou há alterações nada esclarecedoras a respeito deles. Esses distúrbios mentais apenas são acessíveis à influência terapêutica quando podem ser reconhecidos como efeitos secundários daquilo que, de outro modo, constitui uma doença orgânica.” (pp. 14)
 “Essa é a lacuna que a psicanálise procura preencher. Procura dar à psiquiatria a base psicológica de que esta carece. Espera descobrir o terreno comum em cuja base se torne compreensível a consequência do distúrbio físico e mental. Com esse objetivo em vista, a psicanálise deve manter-se livre de toda hipótese que lhe é estranha, seja de tipo anatômico, químico ou fisiológico, e deve operar inteiramente com ideias auxiliares puramente psicológicas; e precisamente por essa razão temo que lhes parecerá estranha de início. [...]” (pp. 14)
 “A primeira dessas assertivas impopulares feitas pela psicanálise declara que os processos mentais são, em si mesmos, inconscientes e que de toda a vida mental apenas determinados atos e partes isoladas são conscientes. [...] Consideramos a consciência, sem mais nem menos, como a característica que define o psíquico, e a psicologia como o estudo dos conteúdos da consciência. Na verdade, parece-nos tão natural os igualar dessa forma, que qualquer contestação à idéia nos atinge como evidente absurdo. [...] Ela define o que é mental, enquanto processos como o sentir, o pensar e o querer, e é obrigada a sustentar que existe o pensar inconsciente e o desejar não apreendido. [...]” (pp. 14)
 “[...] que a psicanálise apresenta como uma de suas descobertas, é uma afirmação no sentido de que os impulsos instintuais que apenas podem ser descritos como sexuais, tanto no sentido estrito como no sentido mais amplo do termo, desempenham na causação das doenças nervosas e mentais um papel extremamente importante e nunca, até o momento, reconhecido. [...]” (pp. 15)
“[...] Acreditamos que a civilização foi criada sob a pressão das exigências da vida, à custa da satisfação dos instintos; e acreditamos que a civilização, em grande parte, está sendo constantemente criada de novo, de vez que cada pessoa, assim que ingressa na sociedade humana, repete esse sacrifício da satisfação instintual em benefício de toda a comunidade. Entre as forças instintuais que têm esse destino, os impulsos sexuais desempenham uma parte importante, nesse processo eles são sublimados - isto é, são desviados de suas finalidades sexuais e dirigidos a outras, socialmente mais elevadas e não mais sexuais. Esse arranjo, contudo, é instável; os instintos sexuais são imperfeitamente subjugados e, no caso de cada indivíduo que se supõe juntar-se ao trabalho da civilização, há um risco de seus instintos sexuais se rebelarem contra essa destinação. A sociedade acredita não existir maior ameaça que se possa levantar contra sua civilização do que a possibilidade de os instintos sexuais serem liberados e retornarem às suas finalidades originais. Por esse motivo, a sociedade não quer ser lembrada dessa parte precária de seus alicerces. Não tem interesse em reconhecer a força dos instintos sexuais, nem interesse pela demonstração da importância da vida sexual para o indivíduo. Ao contrário, tendo em vista um fim educativo, tem-se empenhado em desviar a atenção de todo esse campo de ideias. É por isso que não tolerará esse resultado da pesquisa psicanalítica, e nitidamente prefere qualificá-lo como algo esteticamente repulsivo e moralmente repreensível, ou como algo perigoso. [...] Assim, a sociedade transforma o desagradável em falso. [...]” (pp. 15)
Conferência II – Parapraxias
 “[...] fenômenos muito comuns e muito conhecidos, os quais, porém, têm sido muito pouco examinados e, [...] nada têm a ver com doenças. São o que se conhececomo “parapraxias”, às quais todos estão sujeitos. Pode acontecer, por exemplo, que uma pessoa que tenciona dizer algo venha a usar, em vez de uma palavra, outra palavra [...] ou possa fazer a mesma coisa escrevendo, podendo, ou não, perceber o que fez. Ou uma pessoa pode ler algo, seja impresso ou manuscrito, diferentemente do que na realidade está diante de seus olhos (um lapso de leitura [...], ou ouvir errado algo que lhe foi dito (um lapso de audição [...] ) - na hipótese, naturalmente, de não haver qualquer perturbação orgânica de sua capacidade auditiva. [...] Assim, uma pessoa pode ser incapaz de se lembrar de uma palavra que conhece, apesar de tudo, e que reconhece de imediato, ou pode esquecer de executar uma intenção, embora dela se lembre mais tarde, tendo-a esquecido apenas naquele determinado momento. [...] Aqui temos um esquecimento que tratamos diferentemente de outras formas de esquecimento, um caso em que ficamos surpresos ou aborrecidos em vez de considerá-lo compreensível. [...] no caso destes, por um certo espaço de tempo acreditamos saber algo que, antes ou depois desse período, na realidade não sabemos. [...]” (pp. 16)
 “[...] Quase todas carecem de importância, na maioria são muito transitórias e são destituídas de muita importância na vida humana. Apenas raramente, como no caso da perda de um objeto, um fenômeno desses assume certo grau de importância prática.” (pp. 16 – 17)
 “Um homem que em geral consegue falar corretamente, pode cometer um lapso de língua (1) se está ligeiramente indisposto e cansado, (2) se está excitado e (3) se está excessivamente ocupado com outras coisas. É fácil comprovar essas afirmações. Os lapsos de língua realmente acontecem com especial frequência quando se está cansado, quando se tem dor de cabeça ou quando se está ameaçado de enxaqueca. Nas mesmas circunstâncias, os nomes próprios são esquecidos com facilidade. Algumas pessoas estão acostumadas a reconhecer a aproximação de um ataque de enxaqueca quando nomes próprios lhes escapam dessa forma. Quando estamos excitados, também, amiúde cometemos erros com palavras - assim como com coisas, e segue-se um “ato descuidado”. Intenções são esquecidas e numerosos outros atos não premeditados se tornam perceptíveis se estamos distraídos - isto é, propriamente falando, se estamos concentrados em alguma coisa. [...]” (pp. 18)
 “[...] Estar doente e ter distúrbios de circulação fornecem um motivo fisiológico de deterioração do funcionamento normal; a excitação, a fadiga e a distração são fatores de outra espécie que poderiam ser descritos como psicofisiológicos. Esses últimos comportam fácil tradução para a teoria. [...]” (pp. 19)
 “Descobrimos que as parapraxias desse tipo e o esquecimento dessa espécie ocorrem em pessoas que não estão fatigadas ou distraídas ou excitadas, mas que estão, sob todos os aspectos, em seu estado normal - a menos que decidamos atribuir ex post facto às pessoas em questão, puramente por conta de suas parapraxias, uma excitação que, entretanto, elas mesmas não comportam. Nem pode, simplesmente, tratar-se do caso de uma função ser garantida através de um incremento da atenção dirigida a ela, e ser comprometida se essa atenção é reduzida. Há grande número de ações efetuadas de forma puramente automática, com muito pouca atenção, não obstante com total segurança. Um caminhante, que mal sabe aonde está indo, mantém-se no caminho certo, malgrado isso, e para em seu destino sem se haver perdido. [...]Poder-se-ia arguir que isso é o resultado da ‘excitação’, porém é difícil enxergar por que a excitação não deveria, inversamente, aumentar a atenção dirigida para aquilo que tão intensamente é desejado. Se, por um lapso de língua, alguém diz o oposto do que pretende, em um importante discurso ou comunicação oral, dificilmente isso pode ser explicado pela teoria psicofisiológica ou da atenção. [...]” (pp. 19)
 “ [...]Existem, ademais, numerosos pequenos fenômenos secundários no caso das parapraxias, os quais não compreendemos e a cujo respeito as explicações dadas até agora não trouxeram nenhuma luz. Por exemplo, se temporariamente esquecemos um nome, aborrecemo-nos com isso fazemos tudo para recordá-lo e não podemos nos resignar. [...]” (pp. 19 – 20)
 “[...] Talvez lhes seja também conhecido o fato de ser possível provocar lapsos de língua, produzi-los, digamos assim, por sugestão. [...]” (pp. 20)
 “[...] Se eu cometesse um lapso de língua, poderia obviamente fazê-lo em número infinito de formas, a palavra certa poderia ser substituída por alguma palavra entre milhares de outras, ser distorcida em incontáveis direções diferentes. Existe, pois, algo que, no caso particular, me compele a cometer o lapso de uma determinada forma; ou isso continua sendo uma questão de acaso, de escolha arbitrária, e se trata, talvez, de uma pergunta a que não se pode dar qualquer resposta sensata? [...]” (pp. 21) 
 “Dois escritores, Meringer e Mayer (um, filólogo, o outro, psiquiatra), de fato tentaram, em 1895, atacar o problema das parapraxias por esse ângulo. Coligiram exemplos e começaram por abordá-los de maneira puramente descritiva. Isso, naturalmente, até aqui não oferece nenhuma explicação, embora possa preparar o caminho para alguma. Distinguem os diversos tipos de
distorções que o lapso impõe ao discurso pretendido, como ‘transposições’, ‘pré-sonâncias [antecipações]’, ‘pós-sonâncias [perseverações]’, ‘fusões (contaminações)’ e ‘substituições’. [...]A explicação em que esses autores tentaram basear sua coleção de exemplos, é especialmente inadequada. Acreditam que os sons e as sílabas de uma palavra têm uma ‘valência’ determinada, e que a inervação de um elemento de alta valência pode exercer uma influência perturbadora em outro de menor valência. Com isso, estão evidentemente se baseando nos raros casos de pré-sonância e pós-sonância; essas preferências de uns sons a outros (se é que de fato existem) podem não ter absolutamente qualquer relação com outros casos de lapsos de língua.” (pp. 21)
 “[...] Aqui, naturalmente, estamos muito longe de relações entre sons e os efeitos de semelhança; e, em vez disso, podemos apelar para o fato de que os contrários têm um forte parentesco conceitual uns com os outros e mantêm entre si uma associação psicológica especialmente próxima. [...]” (pp. 22)
 “Não obstante, espero não estar equivocado ao dizer que, durante essa última pesquisa, todos nós tivemos uma nova impressão desses exemplos de lapsos de língua, e que pode valer a pena considerar um pouco mais detidamente essa impressão. Examinamos as condições sob as quais em geral os lapsos de língua ocorrem, e, depois, as influências que determinam o tipo de distorção produzida pelo lapso. Até agora, no entanto, não dedicamos nada de nossa atenção ao produto do lapso considerado em si mesmo, sem referência à sua origem. Se decidimos fazê-lo, não podemos deixar de encontrar, no final, coragem para dizer que, em alguns exemplos, aquilo que resulta do lapso de língua tem um sentido próprio. O que queremos dizer com ‘tem um sentido’? Que o produto do lapso de língua pode, talvez, ele próprio ter o direito de ser considerado como ato psíquico inteiramente válido, que persegue um objetivo próprio, como uma afirmação que tem seu conteúdo e seu significado. Até aqui temos sempre falado em ‘parapraxias [atos falhos]’, porém agora é como se às vezes o ato falho fosse, ele mesmo, um ato bastante normal, que simplesmente tomou o lugar de outro, que era o ato que se esperava ou desejava.” (pp. 22)
 “ [...]Afinal, um lapso poderia realmente não ter sentido, ser um evento psíquico casual ou poderia ter um sentido apenas em casos bastante raros; contudo, ainda assim o autor teria o direito de intelectualizá-lo fornecendo a ele um sentido, a fim de empregá-lo segundo suas finalidades próprias. E não seria de surpreender se tivéssemos mais a aprender sobre lapsos de língua com escritores criativos, do que com filólogos e psiquiatras.” (pp. 23)

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