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Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 89 AULA 05 – Estruturas de Mercado: Concorrência Perfeita e Monopólio. SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA Introdução e generalidades 02 Maximização de lucros 03 Concorrência perfeita 06 Monopólio 26 Questões comentadas 46 Lista de questões apresentadas na aula 77 Gabarito 89 Olá caros(as) amigos(as), Na aula de hoje, hoje, nós estudaremos as estruturas de mercado. Na verdade, veremos apenas as duas principais: concorrência perfeita e o monopólio. Para nossa felicidade, a FCC deixou de fora o oligopólio e a concorrência monopolística. Isso facilita o nosso trabalho. A aula pode parecer um pouco complicada, mas, acredite, não é. Sugiro que faça os exercícios umas 02 vezes, e estará bem treinado para a prova. Para facilitar o estudo de vocês, também coloquei ao final dos tópicos um resumo daquilo que é mais importante vocês memorizarem em relação a essas duas estruturas de mercado. Memorizando esse resumo, e fazendo a lista de exercícios 02X (pelo menos aqueles mais importantes), é só partir pro abraço no dia da prova . Nas duas últimas aulas, nós exploramos vários aspectos da produção e dos custos das empresas. A teoria que foi explanada nas aulas passadas se aplica para qualquer estrutura de mercado e será fundamental para entendermos várias passagens da aula de hoje, principalmente, a parte de custos será bem importante. Nós estudaremos as diversas características das principais estruturas de mercado, diferenciando-as. Para isso, inicialmente, vou defini-las para que vocês tenham uma ideia geral de cada uma. A partir daí, iremos aprofundar nas duas principais estruturas, abordando como é o equilíbrio, oferta da empresa, significado do lucro, nível de produção, etc. E aí, todos prontos? Então, aos estudos! Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 89 ESTRUTURAS DE MERCADO 1. INTRODUÇÃO E GENERALIDADES Basicamente, são três as variáveis que diferenciam as estruturas de mercado: • Número de firmas produtoras no mercado; • Diferenciação do produto; • Existência ou não de barreiras à entrada de novas empresas. Alguns autores ainda colocam outras variáveis1, mas, para fins de concursos, estas três estão de bom tamanho. Podemos classificar os mercados em: concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolística, oligopólio, oligopsônio e monopsônio. Vejamos, sucintamente, as características principais de cada um deles: i. Concorrência perfeita: número infinito de produtores e consumidores, produto transacionado é homogêneo, não há barreiras à entrada de firmas e consumidores, perfeita transparência de informações entre consumidores e vendedores, perfeita mobilidade de fatores de produção. Exemplo mais próximo: mercado agrícola. ii. Monopólio: é a antítese da concorrência perfeita. Há apenas uma empresa para inúmeros consumidores. O produto não possui substitutos próximos e há barreira à entrada de novas firmas. Exemplo: Companhias de energia elétrica dos municípios ou estados. iii. Oligopólio: pequeno número de firmas que dominam todo o mercado, os produtos podem ser homogêneos ou diferenciados, com barreiras à entrada de novas empresas. iv. Concorrência monopolística (ou imperfeita): muito semelhante à concorrência perfeita, com a diferença que o produto transacionado não é homogêneo2. Isto é, cada firma possui o monopólio do seu produto, que é diferenciado dos demais. Exemplo: lojas de roupas (muitas firmas, muitos compradores, porém o produto é diferenciado, cada loja possui o monopólio da sua marca). 1 Mobilidade dos fatores de produção e conhecimento de tecnologia. 2 Apesar de não serem homogêneos, os produtos transacionados são substituíveis entre si. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 89 v. Monopsônio: é a antítese do monopólio. Neste, há apenas um vendedor, enquanto, no monopsônio, existe apenas um comprador. É o caso, por exemplo, de regiões em que há várias fazendas de gado e apenas um frigorífico. Naturalmente, este frigorífico será o único comprador (monopsonista) da carne das fazendas. vi. Oligopsônio: de forma inversa ao oligopólio, no oligopsônio, existe um grupo de compradores que dominam o mercado. Temos como exemplo o mercado de peças automotivas em que um pequeno grupo de compradores (Ford, GM, Fiat, etc) adquirem grande parte da produção. Nesta aula, nós estudaremos em maiores detalhes apenas os quatro primeiros mercados, em especial os dois primeiros. O motivo, obviamente, é o fato de as bancas cobrarem somente isso nas provas. 1.1. A hipótese da maximização de lucros Em nossas análises, estaremos a todo instante supondo que o objetivo das firmas é a maximização de lucros e que o seu equilíbrio acontece neste momento. Ressalto que existem várias teorias que procuram explicar o que realmente as firmas buscam ou o seu objetivo. Algumas dizem que elas buscam maximizar a participação no mercado; outras dizem que elas buscam maximizar a margem sobre os custos (maximizar o mark up). A teoria que utilizaremos em nosso curso é a chamada teoria neoclássica ou marginalista, cujo pressuposto básico é o de que as firmas buscam maximizar os lucros (receitas MENOS despesas). Os modelos de teoria da firma que não levam em conta a teoria marginalista geralmente são estudados na matéria Economia Industrial. 1.2. Condição de maximização de lucros Indo direto ao ponto: a empresa maximiza lucros quando o custo marginal se iguala à receita marginal. Em primeiro lugar, gostaria de ressaltar que essa condição vale para qualquer estrutura ou tipo de mercado, independentemente se é curto ou longo prazo. Assim, qualquer empresa (estando inserido em um mercado monopolista, oligopolista, concorrência perfeita, etc), estando no curto ou no longo prazo, buscará produzir até o ponto em que o seu custo marginal de produção seja igual à receita marginal. Por isso, resolvi Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 89 colocar esse subitem logo no início da aula, dentro do item “Introdução e generalidades”. Existem variadas maneiras de provarmos este teorema da maximização de lucros dentro da nossa abordagem marginalista da teoria firma. Como já somos praticamente “doutores” em cálculo diferencial, vou optar pela prova matemática, que também é a que nos consumirá menos papel. Antes, porém, vamos relembrar o que é lucro total, receita total, custo total, receita marginal e custo marginal: o Receita total (RT): é a produção (Q) multiplicada pelos preços dos produtos (P). Logo, RT=P.Q o Custo total (CT): é o custo total (rs?!). Podemos representar algebricamente como CT(Q) custo total em função da produção Q. o Lucro total (LT): é a diferença entre a receita total e os custos totais. Logo, LT = RT – CT o Receita marginal (Rmg): é o acréscimo na receita total (ΔRT) em virtude do acréscimo de produção (ΔQ). Logo, Rmg = ΔRT/ΔQ = dRT/dQ o Custo marginal (Cmg): é o acréscimo no custo total (ΔCT) em virtude do acréscimo de produção (ΔQ). Logo, Cmg = ΔCT/ΔQ = dCT/dQ Pois bem, feitas as definições, vamos escrever o lucro total: LT(Q) = RT(Q) – CT(Q) O objetivo da firma é produzir a quantidade (Q) que maximize o lucro total (LT). Todas as funções colocadas acima (LT, RT e CT) estão em função da produção ou quantidade produzida (Q). Nos nossos estudos sobre derivadas, nós vimos que, para maximizar uma função, nós devemos derivá-la e igualar o resultado a ZERO. Assim, teremos lucro total máximo quando a derivada de LT em relação a Q for igual a ZERO. Então, vamos derivar LT na variável Q: dLT/dQ = dRT/dQ – dCT/dQ Veja que, para isso, tivemos que derivar os dois termos da função LT, que são RT e CT. As derivadas de RT e CT são, respectivamente, dRT/dQ e dCT/dQ. Estes dois termos encontrados, entretanto, são a receita marginal e o custo marginal, respectivamente. Assim, podemos reescrever a derivada da função LT em função de Q: Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 89 dLT/dQ = Rmg – Cmg Por outro lado, LT será máximo exatamente quando sua derivada for igual a ZERO, isto é, quando dLT/dQ=0. Assim, LTMÁX quando: Se dLT/dQ=0, então 0 = Rmg – Cmg Rmg=Cmg ⇒ Lucro máximo Assim, fica claro, do ponto de vista matemático, que o lucro será maximizado exatamente quando o nível de produção é tal que a receita e o custo marginal se igualam. Essa conclusão também pode ser deduzida intuitivamente. Pense comigo e tente responder às seguintes perguntas: o que acontece se a empresa está com um nível de produção tal em que a receita marginal seja superior ao custo marginal? E o que acontece se o custo marginal for superior à receita marginal? No primeiro caso, a firma está estimulada a aumentar a produção, uma vez que o fazendo, estará aumentando os lucros. Isto ocorre justamente porque a receita adicional decorrente da produção adicional (receita marginal) é superior ao custo adicional (custo marginal). Ou seja, produzir mais significa ter mais lucro, uma vez que o acréscimo de receita será superior ao acréscimo de custo. No segundo caso, a firma deve reduzir a produção, uma vez que o fazendo, estará aumentando os lucros. Isto ocorre porque se reduzir a produção, o decréscimo de custo (custo marginal) será superior ao decréscimo de receita (receita marginal). Ou seja, reduzindo a produção, o custo total será reduzido em montante maior que a redução na receita total, fazendo os lucros aumentarem. Podemos resumir desta forma o que foi colocado nos dois parágrafos acima: Se Rmg > Cmg; aumenta-se a produção; Se Cmg > Rmg; reduz-se a produção; Se Cmg = Rmg; não se altera a produção. Diante do exposto, percebe-se que, nos casos em que os valores da receita e custo marginal são diferentes, a firma estará sempre buscando aumentar ou reduzir a produção. O único ponto em que ela estará em equilíbrio (não sendo possível aumentar os lucros) é onde o custo marginal é igual à receita marginal. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 89 Por fim, destaco que esta condição de maximização de lucros reflete um dos princípios da racionalidade econômica, que explica que os agentes econômicos pensam “na margem”. Isto é, quando algum consumidor ou empresa toma uma decisão econômica, ele(a) pensará naquela decisão em uma perspectiva incremental, adicional, “na margem”, ou marginal; sendo este último o termo preferido dos economistas. Assim, uma empresa que está na dúvida se aumenta ou não a produção, se contrata ou não mais um empregado, pensará assim: quanto a mais eu vou ganhar3? Quanto a mais eu vou ter de gastar4? Se, por exemplo, o que ela ganhar a mais (marginalmente) superar o que vai ter de gastar a mais (marginalmente), a produção será aumentada; caso contrário, não. Se o ganho adicional for igual ao gasto adicional, nada será feito (a produção não se altera). Passadas estas noções iniciais, podemos iniciar a análise mais pormenorizada das estruturas de mercado, a começar pela concorrência perfeita. 2. CONCORRÊNCIA PERFEITA A essência do modelo de concorrência perfeita é a de que o mercado é inteiramente impessoal, no sentido de que o mercado é tão diversificado, possui tantos produtores e tantos consumidores que não sobra espaço para “rivalidades” pessoais. Ou seja, não existe aquele negócio de a empresa X ser rival direta da empresa Y, que é rival direta da empresa W e assim por diante. O fato de o mercado em concorrência perfeita (também chamado de mercado competitivo) ser inteiramente impessoal, nos leva, portanto, à conclusão da não existência de “rivalidade” entre os vendedores no mercado; ao mesmo tempo, os compradores não reconhecem a sua competitividade vis-à-vis5. Vale ressaltar que estamos falando da rivalidade no sentido de concorrência direta entre os agentes econômicos. Quando vemos a concorrência entre as empresas produtoras de automóveis, por exemplo, há uma concorrência direta ou pessoal entre as firmas. É possível para os compradores reconhecer a competitividade vis- à-vis; sabe-se que a Fiat é rival da Ford, e que essas duas são rivais da GM. Ou seja, os consumidores percebem uma competição de forma mais pessoal ou vis-à-vis entre as firmas. Este conceito de concorrência, entretanto, aplica-se ao mundo empresarial, mas não à teoria econômica. Para esta, a concorrência perfeita é aquela em que há total impessoalidade nas transações de mercado. 3 Em economês: qual será minha receita marginal? 4 Em economês: qual será meu custo marginal? 5 Frente a frente. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 89 Assim, quando a Hyundai vai à televisão e diz que o Tucson é o melhor carro do mundo (?!) e, na propaganda seguinte, a Volkswagen diz que os seus carros são os mais confiáveis, temos um exemplo de concorrência, mas apenas para o mundo empresarial. Esta concorrência é feita de forma pessoal, vis-à-vis. Este mercado, portanto, para a teoria econômica, não configura uma concorrência perfeita. Por outro lado, quando você vai à Rua 25 de Março, em São Paulo, ou à Rua Uruguaiana, no Rio de Janeiro, comprar DVDs pirateados a R$ 2,00 a unidade, certamente, a concorrência entre os vendedores é feita de forma impessoal e os compradores não reconhecem a competitividade vis-à-vis, de forma pessoal ou personalizada, então, neste caso, temos um mercado que se assemelha ou poderia ser enquadrado como concorrência perfeita para a teoria econômica. Basicamente, são quatro as condições que definem a concorrência perfeita. Juntas, estas condições garantem um mercado livre e impessoal, no qual as forças da demanda e da oferta determinam os preços e as quantidades transacionadas. Explicaremos agora essas quatro condições: 1) Atomicidade (grande número de pequenos vendedores e compradores) Todos os agentes econômicos devem ser pequenos em relação ao mercado, de forma a não exercer influência significativa sobre o todo. Assim, compradores e vendedores devem ser como “átomos”, de tal forma que um “átomo” isolado não tenha condições de afetar os preços. A principal consequência desta atomicidade (grande número de vendedores e compradores) é o fato de que as empresas e os consumidores simplesmente aceitarão o preço que o mercado impõe. Desta forma, o preço dos bens é decidido pelo mercado e os vendedores e consumidores apenas aceitam este preço. Podemos dizer, portanto, que, em concorrência perfeita, empresas e consumidores são tomadores (ou aceitadores) de preços6. O fato de a empresa ser uma aceitadora de preços, bastante pequena em relação ao mercado, tem uma importante consequência para a curva de demanda com a qual a empresa se defronta. Por ser tomadora de preços, a empresa praticará exatamente o preço determinado pelo mercado. Se decidir vender o produto acima deste preço determinado pelo mercado, nenhum consumidor adquirirá o produto. Ao mesmo tempo, não venderá abaixo do preço de mercado, pois a firma não é boba! Deste modo, a curva de demanda com a qual a empresa se 6 Também denominados de price-‐takers. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 89 DEMANDA DE MERCADO E DEMANDA INDIVIDUAL (FIRMA ISOLADA) EM MERCADOS COMPETITIVOS Não haverá demanda para o produto, caso a firma adote preço acima do mercado Figura 1 Demanda de mercado O O Preço s PE2 DFIRMA E1 PE1 E1 PE1 Demanda para a firma competitiva DMERCADO QE1 QE1 Quantidade de produtos a) MERCADO TOTAL b) FIRMA INDIVIDUAL defronta será uma reta horizontal exatamente no nível do preço de mercado. Por isso, dizemos que a curva de demanda individual da empresa, em concorrência perfeita, é uma reta horizontal. Veja: Veja, através da figura 1.b, que o preço que a firma isolada deve praticar é aquele mesmo preço de equilíbrio do mercado (PE1). Se a firma praticar um preço acima de PE1, simplesmente não haverá interseção entre este preço (PE2) e a curva de demanda, pois só há qualquer demanda quando o preço é PE1. Isto é, ela deve praticar exatamente o preço de equilíbrio decidido pelo mercado (PE1). Se praticar um preço acima do mercado, ninguém comprará o produto. De forma oposta, pela racionalidade econômica, ela não venderá o produto por um preço abaixo do preço de mercado, pois estará sendo “burra” se o fizer. Por fim, o fato de a curva de demanda para a firma ser horizontal nos permite concluir que a demanda para a firma em concorrência perfeita é infinitamente elástica ou perfeitamente elástica, conforme aprendemos na aula 00, figura 22.a. 2) Produto homogêneo Uma segunda condição é que o produto de qualquer vendedor num mercado de concorrência perfeita deve ser homogêneo ao produto de qualquer outro vendedor. Esta homogeneidade pode ser encontrada quando os produtos de todas as empresas em um mercado são substitutos perfeitos entre si. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 89 Neste caso, nenhuma empresa pode elevar o preço de seu produto acima do preço de mercado, porque todos os consumidores trocariam o consumo do seu produto pelo consumo dos produtos das outras empresas, que são substitutos perfeitos, em virtude da homogeneidade. Um exemplo clássico de produtos homogêneos são os produtos primários (matérias-primas, produtos agrícolas, etc). Como a qualidade destes produtos primários é bastante similar entre os produtores, não faz diferença para os compradores de quem eles estão comprando o produto. Ou seja, temos uma impessoalidade nas transações. Como exemplo destes produtos primários, temos os produtos agrícolas (feijão, milho, algodão), petróleo, gás, minérios, metais como o ferro, alumínio, cobre, ouro, etc. Esses produtos caracterizados pela sua homogeneidade são chamados de commodities. Em contrapartida, quando os produtos não são homogêneos, cada empresa pode elevar seu preço acima do preço praticado pelo concorrente, desde que seu produto seja de qualidade superior, descaracterizando, portanto, a homogeneidade. 3) Livre mobilidade de fatores de produção (recursos) – livre entrada e saída Esta pré-condição implica que cada fator de produção ou recurso pode imediatamente entrar e sair do mercado como resposta a mudanças em suas condições (alterações de preços, por exemplo). Baseado neste pressuposto, temos outros dele decorrentes: • O fator de produção mão-de-obra é móvel, podendo mudar de uma empresa para outra; • Os requisitos para exercer qualquer trabalho por parte da mão-de- obra são poucos, simples e fáceis de aprender; • Os fatores de produção estão disponíveis para todas as empresas, ou seja, não existe insumo ou fator de produção que seja monopolizado por um proprietário ou produtor. • Novas empresas podem entrar e sair livremente, sem maiores dificuldades. Neste ponto, ressalto que se, grandes investimentos ou patentes/licenças iniciais são necessários, então, não temos livre entrada e saída, nem livre mobilidade de recursos. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 89 4) Perfeito conhecimento Os consumidores devem ter perfeito conhecimento dos preços, caso contrário eles podem comprar a preços altos quando outros menores estão disponíveis. Os produtores, similarmente, devem conhecer seus custos tão bem quanto os preços, a fim de atingir o lucro máximo. Lembre-se de que supomos que as firmas sempre buscam maximizar os lucros e a existência de desinformações que afastem a firma desse seu objetivo não se coaduna com as características da concorrência perfeita. Vendo estas quatro características acima, podemos ser levados à conclusão de que não existe nenhum mercado perfeitamente competitivo (concorrência perfeita). Essa é uma questão polêmica, mas várias bancas aceitam os mercados agrícolas como um exemplo clássico de concorrência perfeita. Mas a regra geral é que os mercados, na vida real, no cotidiano, não sejam organizados sob a forma de concorrência perfeita. A partir daí, você pode se perguntar: por que é que estudamos algo que é extremamente difícil de ser verificado na realidade? Existem várias respostas, mas, para os nosso objetivos, basta uma: devemos estudar porque cai no concurso. 2.1. Curvas de receita da firma Nós já vimos que a curva de demanda da firma, na concorrência perfeita, é uma reta horizontal, na mesma linha do preço de mercado P0. Definiremos agora qual será a curva da receita média (Rme) e da receita marginal (Rmg) da firma. A receita média (Rme) é a receita por unidade de produto vendida. Algebricamente, Rme=RT/Q. como RT=P.Q; então: 𝑅𝑚𝑒 = 𝑅𝑇𝑄 = 𝑃.𝑄𝑄 = 𝑃 Ou seja, a receita média de uma firma, na concorrência perfeita, é o próprio preço unitário de mercado do bem. A receita marginal (Rmg) é o acréscimo na receita total (ΔRT) decorrente da venda adicional de 01 produto (ΔQ). Acompanhe a figura 2 e raciocine comigo. Qual será a receita marginal se a empresa aumentar a produção de 1 para 2? Neste caso, o acréscimo de receita (ΔRT) será igual a P e o ΔQ será igual a 1. Assim, Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 89 P (R$) Fig. 2 ΔRT=P P=Rme=Rmg P0 A receita total (RT) é PxQ. Assim, a RT, para determinado nível de produção Q=2, é a área abaixo da curva de demanda da firma, representada pela área cinza. 0 Quantidade produzida (Q) 6 5 4 3 2 1 𝑅𝑚𝑔 = 𝛥𝑅𝑇𝛥𝑄 = 𝑃1 = 𝑃 Note que a receita marginal da firma, na concorrência perfeita, também é igual ao preço de mercado do bem. Se fizermos o mesmo procedimento para qualquer nível de produção, a receita marginal será sempre igual a P. Importante: na concorrência perfeita (e somente nela), a receita marginal é igual ao preço. A conclusão a que chegamos é que as curvas de demanda, da receita média e da receita marginal serão equivalentes, isto é, serão linhas retas horizontais ao nível do preço de equilíbrio do mercado. Na figura 2, este preço é P0. Por fim, a receita total, dado um nível de produção (Q), será exatamente a área abaixo da curva de demanda limitada pela linha que passa por Q. Na figura 2, nós apontamos a receita total (área do retângulo cinza) para o nível de produção Q=2. A receita total (RT) é PxQ, ou seja, é a base do retângulo (Q) multiplicada pela altura do mesmo (P). Dica: sempre quando temos uma curva de alguma coisa “média”, a área abaixo dessa curva indicará a coisa “total”. Por exemplo, a área abaixo da curva de receita média indica o valor da receita total. A área abaixo da curva do custo médio indica o custo total, a área abaixo da curva do custo variável médio indica o custo variável, e assim por diante. ΔQ=1 Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 89 Fig. 3 Custo em R$ Cmg Cme B A CVme (Q) 0 Fig. 4 Custo em R$ Cmg P B A P=Rme=Rmg QB (Q) 0 QA 2.2. Curvas de custo As curvas de custos são as mesmas vistas na aula 04, onde estudamos os custos. 2.3. Equilíbrio da firma no curto prazo Conforme provado no item 1.2, a firma está em equilíbrio (maximização de lucros) quando a receita marginal é igual ao custo marginal. Na concorrência perfeita, a receita marginal é igual ao preço (Rmg=P), de forma que o equilíbrio é alcançado quando Cmg=P. Assim, teremos o equilíbrio quando a curva do custo marginal intercepta a linha do preço (que é igual à linha da Rmg). Veja: Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 89 Importante: como na concorrência perfeita, Rmg=P, e o equilíbrio (maximização de lucros) de qualquer firma é atingido quando Rmg=Cmg, então, na concorrência perfeita (somente nela), a firma se equilibra quando Cmg=P. Este nível de preço existente na concorrência perfeita, que é igual ao custo marginal, é chamado de preço socialmente ótimo. A princípio, pode nos parecer que há dois equilíbrios (pontos A e B), pois há dois níveis de produção, QA e QB, em que o Cmg=P=Rmg. No entanto, apenas em um deles o lucro é maximizado. Observe que o ponto A não pode ser o ponto de maximização de lucros, uma vez que, se aumentarmos a produção além de QA, o lucro será aumentado. À direita de QA e à esquerda de QB, a receita marginal (acréscimo de receita) é maior que o custo marginal (acréscimo de custos), o que indica que os lucros serão aumentados se aumentarmos a produção além de QA até QB. Se é assim, o que temos então no ponto A, ao nível de produção QA? No ponto A, ao nível de produção QA, onde Rmg=Cmg=P, ocorre o ponto de prejuízo total máximo. O prejuízo (Prej) pode ser entendido como a diferença entre os custos totais (CT) e a receita total (RT). Assim, Prej = CT – RT Para maximizarmos o prejuízo, devemos derivar a função Prej e igualar a derivada a ZERO. Assim, Prej’ = CT’ – RT’ CT’ é o custo marginal, RT’ é a receita marginal, e a derivada de Prej, Prej’, deve ser igual a ZERO. Logo, 0 = Cmg – Rmg Cmg = Rmg Desta forma, percebe-se que, algebricamente, as condições de prejuízo e lucro máximos são idênticas. Ainda que as expressões matemáticas sejam iguais, existe uma diferença crucial entre as duas situações (prejuízo/lucro máximo): no lucro máximo, o custo marginal é crescente; no prejuízo máximo, o custo marginal é decrescente. Vemos, então, que a igualdade entre o preço e o custo marginal é condição necessária para a maximização de lucro, mas, geralmente, não constitui condição suficiente. O fato de encontrarmos um ponto onde o preço é igual ao custo marginal não significa que encontramos o ponto de lucro máximo. Mas, por outro lado, se encontrarmos o ponto de lucro máximo, sabemos que, obrigatoriamente, o preço tem que igualar-se ao custo marginal. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 89 Assim, podemos definir de forma mais precisa a situação de lucros máximos na concorrência perfeita: Rmg = P = Cmg sendo Cmg crescente Se Cmg é decrescente, e P=Cmg, temos prejuízo máximo. 2.4. Áreas de lucro total, receita total e custo total Acompanhe as explicações pela figura 5. A receita total (RT), conforme visto na figura 2, será a área abaixo da curva de demanda da firma (não é a curva de demanda do mercado!) limitada pela linha do nível de produção (Q) no equilíbrio (quando Cmg=Rmg=P; isto ocorre no ponto A da figura 5). Na figura 5, a RT será a área representada pelo retângulo 0_QE_A_P. O custo total (CT) pode ser encontrado através da curva de custo médio. O custo médio (Cme), por definição, é CT/Q. Observando a equação, vemos de modo claro que CT=CmexQ. Vejamos: 𝐶𝑚𝑒 = 𝐶𝑇𝑄 ⇒ 𝐶𝑇 = 𝐶𝑚𝑒.𝑄 O custo total, então, será o custo médio (Cme) multiplicado por (Q). O valor de (Q) é a quantidade produzida no equilíbrio, QE (quando Cmg=P). O Cme será o preço (ou custo) encontrado quando a linha vertical que sai do nível de produção de equilíbrio (Q) encontra a curva do Cme (na figura 5, isso ocorre no ponto B). O custo total (CT) será a multiplicação de (Q) pelo (Cme). Na figura 5, o CT é a área do retângulo 0_QE_B_Cme, que é a área abaixo da curva de custo médio para o nível de produção QE, onde a firma maximiza lucros (onde P=Cmg). O lucro total (LT) será a diferença entre a receita total (RT) e o custo total (CT). Por conseguinte, a área representativa do lucro total será a área da receita total menos a área do custo total. Na figura 5, o LT será a área Cme_B_A_P. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 89 Fig. 5 Custo em R$ Cmg P A Cme P=Rme=Rmg Cme B QE (Q) 0 2.5. Curva de oferta da firma no curto prazo Em primeiro lugar, devemos relembrar o que é curva de oferta: é a curva que relaciona a produção da firma (oferta) de acordo com o nível de preços do mercado. Então, o ponto chave para determinar a curva de oferta da firma é traçar uma curva que mostre níveis de quantidades (níveis de produção – Q) para cada nível de preço que o mercado imponha à firma. Na figura 6, diagrama a, nós temos o trecho ascendente da curva de custo marginal de uma firma. Suponha que o nível de preço seja P1. A este nível de preço, a firma está em equilíbrio no ponto 1 (onde P=Cmg), e ofertará (produzirá) Q1 produtos. Se o preço aumentar para P2, a firma ofertará Q2. Se o preço aumentar para P3, a oferta será Q3 e assim por diante. No diagrama b, nós temos uma curva que representa as diversas quantidades ofertadas (quantidades produzidas) relacionadas a diversos níveis de preços. Ora, a curva que relaciona preços e quantidades ofertadas/produzidas é a nossa famosa curva de oferta. Então, pelo que se vê na figura 6, a curva de oferta da firma, no curto prazo e na concorrência perfeita, é derivada a partir do trecho ascendente da curva de custo marginal. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 89 Figura 6 Derivação da curva de oferta a curto prazo de um produtor em concorrência perfeita Curva de Cmg Curva de oferta Preço s 3 O3 P3 O2 2 P2 O1 1 P1 Q Q3 Q2 Q1 Q3 Q2 Q1 a) Posições de equilíbrio a curto prazo para a firma. b) Quantidades ofertadas nos equilíbrios de curto prazo da firma. Figura 7 Cmg Custo em R$ Cme P3 3 CVme CVme P2=Rmg2=Rme2=Cmg2 P3=Rmg3=Rme3=Cmg3 2 A P2 P1=Rmg1=Rme1=Cmg1 P1 1 Q2 Q1 (Q) 0 Q3 Entretanto, isto (curva de oferta = curva de Cmg) é apenas a regra geral e necessitamos neste momento refinar nossa análise. Pode haver situações em que, mesmo estando no trecho ascendente da curva de custo marginal, a firma optará por não produzir ou não ofertar produtos. Acompanhe o raciocínio pela figura 7. Imagine que o preço de mercado do produto seja P1. A este nível de preço, a Rmg será igual a P1 e o equilíbrio da firma acontecerá no ponto 1 quando P1=Rmg1=Cmg1. Neste equilíbrio, a produção/oferta seria Q1, mas se isto acontecer, a firma incorrerá em prejuízos. Vejamos por quê: Se o preço for P1 e a firma produzir Q1 (equilíbrio no ponto 1), a receita total será a área do retângulo 0_Q1_1_P1. No entanto, neste ponto Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 89 1, o custo variável médio de Q1 é CVme (o total do custo variável será a área do retângulo 0_Q1_A_CVA). Observe que, produzindo Q1, a firma obtém menos receita do que deve pagar de custo variável, uma vez que a receita média (P1) é menor que o custo variável médio (CVme). Então, podemos concluir que, produzindo a este nível, a firma teria que pagar custos variáveis superiores à receita total. Pior: além de ter prejuízo no confronto “receita x custos variáveis”, a firma ainda teria que pagar os custos fixos, que são a diferença entre o custo total e o custo variável. Diante disto, pergunto-lhe se é interessante produzir se o preço for P1? A resposta, obviamente, é não! A firma terá custos variáveis superiores à receita total e ainda terá que pagar os custos fixos. Ou seja, prejuízo certo! Se o preço for P3, a firma produzirá Q3 (equilíbrio no ponto 3). Neste nível de produção, a receita média (P3) obtida será maior que os custos variáveis médios, uma vez que o ponto de equilíbrio 3 (onde P3=Rme3=Cmg3) está acima da intersecção da linha vertical que sai de Q3 e intercepta a curva do CVme. Ou seja, ao preço P3 e ao nível de produção Q3, a receita total supera os custos variáveis. Diante disto, pergunto-lhe: é interessante produzir? A resposta não é tão fácil, mas já lhe adianto que é positiva, sim, a firma deve produzir. Observe que, no ponto 3, a receita média supera os custos variáveis médios, mas não supera o custo total médio, uma vez que a curva do Cme está bem acima do nível de P3. Como o custo (total) médio é maior que a receita média, podemos concluir que o custo total também será maior que a receita total. Ainda que tenhamos a receita total superando os custos variáveis, o custo total supera a receita total em virtude do custo fixo, que é a diferença entre o custo total e o custo variável. Se a receita total superasse o custo total, o ponto de equilíbrio estaria acima da curva de Cme (custo total médio). Desta forma, no ponto 3, temos a seguinte situação: a receita total serve para pagar os custos variáveis e apenas uma parte dos custos fixos. Mesmo que os custos fixos superem a diferença entre a receita total e os custos variáveis, a empresa deve continuar a produzir. A justificativa para isso está na própria definição de custos fixos. Se a firma decidir parar de produzir, não haverá redução nos custos fixos, uma vez que eles não dependem do nível de produção. Em outras palavras, se a firma pára de produzir, não há redução de custos fixos. Então, ainda que os custos fixos superem o montante a maior da receita total sobre os custos variáveis, a firma deve continuar a produzir. Nesta situação a firma apresentará prejuízos7, mas ela não deve paralisar a produção, pois assim teria que pagar todos os custos fixos. Dessa 7 Nesta situação em que os custos fixos superam a diferença entre a receita total e os custos variáveis, temos o seguinte: CF > RT – CV => CF + CV > RT => CT > RT => PREJUÍZO. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 89 forma, se pára, tem que pagar todo o custo fixo. Se produz, a receita total permite pagar todos os custos variáveis e ainda uma parte dos custos fixos, de tal forma que o prejuízo será menor. Se o preço for P2, no ponto de mínimo do CVme, em que temos o equilíbrio P2=Cmg, a receita média (P2) será exatamente igual aos custos variáveis médios; por conseguinte, a receita total será igual aos custos variáveis. Neste caso, será indiferente para a firma produzir ou não, pois, produzindo ou não, o prejuízo será exatamente igual ao valor dos custos fixos8. Diante do exposto, resumimos assim as possíveis situações em que pode se encontrar o preço do produto em relação ao nível de custos variáveis médios da firma: Situação Decisão da firma P < CVme A firma não produz (não há oferta), uma vez que a receita total não cobre nem os custos variáveis. P > CVme A firma produz (há oferta), mesmo que o nível de custos fixos faça com que o custo total supere a receita total. Neste caso, a empresa deve produzir, pois a receita total pagará os custos variáveis e uma parte dos custos fixos, reduzindo o prejuízo. P = CVme A firma é indiferente entre produzir ou não produzir. Em qualquer uma destas duas situações, o prejuízo será igual ao valor dos custos fixos. Vale ressaltar que se tivermos um nível de preço que esteja acima da curva do Cme (P > Cme), então, neste caso, a receita média (que é o próprio preço) será superior ao custo (total) médio. Por conseguinte, a receita total será superior ao custo total (custos variáveis + custos fixos). Conforme vimos no início da aula passada, isto caracteriza uma situação de lucros extraordinários ou lucro econômico puro, em que a receita total é mais que suficiente para pagar os custos dos fatores de produção (ver aula 04, página 03). Diante de tudo o que foi exposto nas últimas duas páginas, podemos afirmar com precisão que a firma só ofertará/produzirá se o preço do bem estiver acima do custo variável médio. Assim, nossa conclusão inicial, em que verificamos que a curva de oferta da firma era o trecho ascendente da curva de custo marginal, deve ser reformulada: a curva de oferta da firma, em curto prazo e em concorrência perfeita, será o trecho ascendente da curva de custo marginal que estiver acima da curva do custo variável médio. 8 Lucro/prejuízo=RT–CT => Lucro/prejuízo=RT– CF –CV => Se RT=CV, então, Lucro/prejuízo= –CF. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 89 Figura 8 Oferta Cmg Preço s P=Cmg P=Cmg P1 D1 Q1 100Q1 Quantidade de produtos Como a curva de custo marginal intercepta a curva do custo variável médio em seu ponto de mínimo, podemos finalmente escrever a proposição que define a derivação da curva de oferta da firma: A curva de oferta de curto prazo de uma firma em concorrência perfeita é, precisamente, a curva de custo marginal para todos os níveis de produção iguais ou maiores que o nível de produção associado ao custo variável médio mínimo. Para os preços de mercado menores que o custo variável médio mínimo, a quantidade ofertada de equilíbrio é zero. 2.6. Curva de oferta da indústria9 no curto prazo A curva de oferta da indústria será o somatório das curvas de oferta das firmas. Veja a figura 8 e considere a indústria/setor sendo composto por 100 firmas: A curva de custo marginal de cada empresa nos diz a quantidade que a empresa fornecerá a cada preço. Dessa maneira, a curva de oferta da indústria/setor (diagrama à direita) pode ser deduzida diretamente a partir das curvas de custo marginal das empresas no mercado. Ao preço P1, uma firma produz Q1. Ao mesmo preço, a indústria/setor produzirá 100Q1, considerando que o setor contém 100 firmas. Desta forma, podemos entender que a curva de oferta do mercado é a soma horizontal das curvas de ofertas individuais. 9 Entende-‐se por indústria um conjunto de firmas produzindo um produto homogêneo. Em muitas obras, usa-‐se o termo curva de oferta do mercado ou oferta do setor em vez de oferta da indústria. Assim, podemos entender como sinônimas as expressões: oferta da indústria, do setor, ou do mercado. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 89 2.7. Equilibrando a função de oferta da firma individual com a demanda de mercado Em questões de prova, pode ser que seja necessário derivar algebricamente a função de oferta da firma individual e, além disso, “transformar” a oferta individual da firma na oferta de mercado. Vou utilizar como exemplo numérico uma questão de prova: (FCC – ICMS/SP – 2006) – Num mercado de concorrência perfeita, a curva de demanda por um bem X é dada pela função linear: Qd=500 – 10P Onde: Qd=quantidade demandada do mercado; P=preço do bem; Nesse mercado, há 50 empresas cuja função custo total é igual para todas e expressa pela função: CT = 20 + 2q + 0,5q2 Onde q=quantidade ofertada por cada empresa. O preço de equilíbrio desse mercado corresponderá a: a) 13 b) 12 c) 11 d) 10 e) 9 Resolução: Foi dada pela questão a curva de demanda do mercado e a função custo total da firma individual e nos foi pedido o preço de equilíbrio do mercado. Para acharmos o valor do preço de equilíbrio do mercado, deveremos descobrir a função oferta de mercado e igualá-la à função de demanda do mercado, que foi dada. E como acharemos a curva de oferta do mercado? Nós encontraremos a curva de oferta individual e depois multiplicaremos por 50, uma vez que o mercado possui 50 empresas. E como acharemos a curva de oferta individual? A partir da função do custo total, nós acharemos a curva do Cmg. Vejamos então: Nosso primeiro passo é achar o Cmg da firma individual, pois é a curva do Cmg que nos dá a curva da oferta da firma. Então, calculemos o Cmg: CT = 20 + 2q + 0,5q2 (q minúsculo é a quantidade ofertada da firma) Cmg = dCT/dq = 2q1-1 + 2.0,5.q2-1 Cmg = 2 + q Este custo marginal que encontramos é o custo marginal da firma. O equilíbrio, conforme já vimos, é encontrado quando o preço é igual ao Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 89 custo marginal (P=Cmg). Assim, basta substituirmos o Cmg por P e teremos a função de oferta da firma: P = 2 + q q = P – 2 (oferta da firma) Agora, transformaremos essa função oferta da firma em função oferta do mercado. Para isso, basta multiplicarmos tudo por 50, uma vez que o mercado possui 50 firmas: 50.P = 2.50 + 50.q 50q = 50.P – 100 (oferta do mercado) Apesar de termos chegado à função oferta do mercado, ainda não podemos igualar esta função à função demanda de mercado e, assim, encontrar o preço de equilíbrio. Isso porque na função oferta de mercado (acima) temos q (letra minúscula - quantidade ofertada da firma), enquanto na função demanda de mercado temos Qd (letra maiúscula - quantidade demandada do mercado), ou seja, temos variáveis diferentes. Para conseguirmos resolver o problema, faremos 50q=Qo, onde Qo é a quantidade ofertada do mercado. Assim, nossa função oferta de mercado ficará assim: 50q = 50.P – 100 50q=Qo Qo = 50P – 100 (oferta de mercado) Agora, basta igualarmos as quantidades ofertadas e demandadas de mercado (Qd=Qo) para acharmos finalmente o preço de equilíbrio: Qd=Qo 500 – 10P = 50P – 100 P = 10 GABARITO: D Nota se a questão nos pedisse o preço de equilíbrio da firma em vez do preço de equilíbrio do mercado, o procedimento seria o mesmo, uma vez que, na concorrência perfeita, a empresa é aceitadora de preços e o seu preço de equilíbrio, que será igualado ao custo marginal, é também o preço de equilíbrio do mercado. 2.8. Equilíbrio da firma no longo prazo Antes de tudo, é importante que saibamos que, no longo prazo, as firmas competitivas também buscam o nível de produção em que a Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 89 receita marginal se iguala ao custo marginal, conforme comentado logo no início do item 1.2 desta aula. A diferença do longo para o curto prazo é a possibilidade de a firma variar todos os fatores de produção. Como custo significa remuneração ou preço de fator de produção, podemos considerar que no longo prazo todos os custos são variáveis, uma vez que podemos variar todos os fatores de produção. Assim, em longo prazo, CT=CV e Cme=CVme. Como o equilíbrio também é alcançado quando Rmg=Cmg, o nosso equilíbrio será bastante semelhante à situação vista no curto prazo, com a existência de apenas uma diferença que será crucial para a nossa análise. Vejamos essa diferença: No longo prazo, o mercado só estará em equilíbrio se a receita total das firmas for exatamente igual aos custos totais. Em outras palavras, no equilíbrio de longo prazo da concorrência perfeita, só possuímos lucro econômico igual a zero, ou lucro normal, que é a situação em que a receita é o valor exato utilizado para remunerar ou pagar os fatores de produção (dentre estes fatores de produção, está o lucro do empresário e todos os custos de oportunidade implícitos). Maiores detalhes, releia a aula 04, página 03. Se as firmas estiverem obtendo receita total superior ao custo total, haverá lucro econômico positivo, ou lucros extraordinários. Nesta situação, a firma recebe mais dinheiro do que o necessário para bancar o custo dos fatores de produção. Quando isto acontece, há estímulos para a entrada de novas empresas nesse mercado. Com a atração de novas firmas, a curva de oferta do mercado será deslocada para baixo e para a direita. Se você relembrar as interações entre oferta e demanda que estudamos na aula 00, verá que este deslocamento da curva de oferta provocado pela entrada de novas firmas fará reduzir o preço de equilíbrio do mercado. Esta redução de preço fará diminuir o lucro econômico da firma até o ponto em que tivermos lucro econômico zero ou lucro normal. Se as firmas estiverem obtendo receita total inferior ao custo total, haverá prejuízo econômico. Nesta situação, há estímulos para a saída de empresas, o que faz com que a curva de oferta do mercado seja deslocada para a esquerda e para cima. Este deslocamento fará aumentar o preço de equilíbrio de mercado, reduzindo o prejuízo econômico até o ponto em que tivermos novamente lucro econômico zero ou lucro normal. Assim, vê-se que o equilíbrio competitivo de longo prazo é a situação em que há lucro econômico zero (RT = CT). Como, nesta situação, temos RT=CT, então, obrigatoriamente, temos também Rme=Cme. Em concorrência perfeita, nós já vimos que a Rme é igual ao Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 89 Custo, Preço Fig. 09 P = Rme = Rmg = Cmg = Cme CmgLP CmeLP Po Equilíbrio de longo prazo acontece quando temos CmeLP mínimo. O 0 Quantidade produzida (Q) Qo preço, que é igual à Rmg. Então, no equilíbrio competitivo10 de longo prazo, temos: 1) RT = CT (lucro econômico zero ou lucro normal) 2) Rmg = Rme = P = Cme = Cmg Graficamente, o equilíbrio de longo prazo será o ponto em que a curva de custo marginal de longo prazo intercepta a curva de custo (total) médio de longo prazo, ressaltando que esta intersecção representa o ponto de mínimo da curva de custo total médio. Vejamos a figura 09: No ponto O, a receita total será a área do retângulo 0_Qo_O_Po. O custo total terá a mesma área. Assim, o ponto O é o único ponto em que haverá equilíbrio no longo prazo. Para preços maiores que Po, haverá estímulos à entrada de mais empresas para o mercado, pois teremos RT > CT, ou seja, lucro econômico positivo (=lucros extraordinários). Para preços menores que Po, haverá estímulos à saída de empresas, pois teremos RT < CT, ou seja, prejuízo econômico. Por fim, é interessante lembrar que, no ponto O, os custos marginais e médios de curto e de longo prazo também são iguais (ver item 2.2.2.3, figura 13, da aula 04). Neste mesmo ponto, ainda, temos retornos constantes de escala (ver item 2.2.2.1, figura 10, da aula 04). 2.9. O caso da curva de oferta negativamente inclinada 10 Quando falamos em equilíbrio competitivo, estamos querendo falar em equilíbrio na concorrência perfeita. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 89 Até o presente momento, nós falamos que a curva de oferta é sempre positivamente inclinada, indicando que preços maiores indicam maiores quantidades ofertadas. No entanto, existe um caso singular em que a curva pode ser negativamente inclinada, isto é, preços maiores indicam menores quantidades ofertadas. Trata-se da curva de oferta de mercado (ou setor, ou indústria) no longo prazo quando este setor possui economias de escala (ou rendimentos crescentes de escala). Neste caso específico, a existência de economias de escala no longo prazo faz com que o setor possa tirar proveito da redução de custos (ou custos decrescentes) a partir do aumento de produção. Assim, ao aumentar a produção, o setor reduz o custo médio e os preços. Isso pode alavancar as vendas e acaba fazendo com que o setor acabe por aumentar as quantidades ofertadas e reduzir os preços. Ou seja, a curva de oferta será negativamente inclinada nesta situação. Mas veja que isso é uma situação em que temos a curva de oferta do setor, indústria ou mercado. Note que não se aplica para a análise da curva de oferta de uma firma individual. Nós podemos ter curvas de oferta positivamente inclinadas para cada firma, mas se o setor, como um todo, possuir custos decrescentes (economias de escala, ou rendimentos crescentes), a curva de oferta do setor será negativamente inclinada, ainda que as curvas individuais possuam inclinação ascendente. Outra observação importante é que estamos falando de longo prazo. Afinal, toda a análise envolvendo rendimentos ou economias de escala só tem sentido no longo prazo, que é o prazo no qual podemos variar todos os fatores de produção. Se estivermos no curto prazo, não podemos variar todos os fatores de produção, logo, não há meios de se verificar, por exemplo, se a produção possui rendimentos crescentes11 de escala, nem se há economias de escala12. Assim, se tivermos concomitantemente os seguintes fatores: i. Curva de oferta do setor, indústria ou mercado; e ii. Longo prazo (se a questão falar em economias ou rendimentos de escala, então, já está implícito que se trata do longo prazo); e 11 Para verificarmos se uma produção possui rendimentos crescentes de escala, nós devemos multiplicar todos os fatores de produção por um número qualquer e verificar se a produção resultante crescente em uma proporção maior. Ou seja, se multiplicamos todos os fatores de produção por um número, significa que estamos variando todos os fatores de produção. Isto indica que estamos no longo prazo. 12 A conclusão sobre a existência de economias de escala é extraída da curva de custo médio de longo prazo. Logo, sua verificação e ocorrência são estritamente ligadas ao longo prazo. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 89 iii. Custos decrescentes (economias de escala, ou rendimentos crescentes de escala); (...) teremos também uma curva de oferta com inclinação descendente. 2.10. O caso da curva de oferta horizontal A análise deste caso é bastante semelhante àquela que fizemos no item passado. No item 2.9, nós vimos que a existência de economias de escala (custos decrescentes) no longo prazo faz com que a curva de oferta do setor seja negativamente inclinada. Pois bem, quando temos retornos constantes de escala (= custos constantes) no longo prazo, isso faz com que a curva de oferta do setor seja uma reta horizontal. Ou seja, como o custo é constante, ele não muda de acordo com o nível de produção. Neste caso, não importa se a produção é baixa ou alta, o custo será o mesmo, o que implica dizer que o setor cobrará o mesmo preço pelo produto, não importando o nível de produção. Neste caso, então, em que temos custos constantes (ou rendimentos constantes de escala) a curva de oferta do setor em longo prazo será uma reta horizontal. Resumo da concorrência perfeita: • Todos os agentes são tomadores de preço; • Curva de demanda da firma é perfeitamente elástica (horizontal); • Única estrutura de mercado em que o preço é igual à receita marginal. Consequentemente, o ponto de maximização de lucros da firma (equilíbrio) é atingido quando o preço é igual ao custo marginal (P=Cmg); • A curva de oferta é a curva do custo marginal acima do custo variável médio; • No curto prazo, a firma pode obter prejuízo, lucro zero (normal) ou lucro econômico. No longo prazo, ela obterá obrigatoriamente lucro normal (zero), onde lucro total é igual ao prejuízo total (ou Rme=Cme); Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 89 • Em longo prazo, no equilíbrio (ponto de mínimo da curva de custo médio): Rmg=Cmg=P=Rme=Cme. • Em longo prazo, se tivermos custos decrescentes (economias de escala), a curva de oferta do setor será negativamente inclinada. Se tivermos custos constantes (retornos constantes de escala), a curva de oferta do setor será horizontal. 3. MONOPÓLIO O monopólio é a antítese da concorrência perfeita, representando a inexistência de competição, o suprassumo da anticoncorrência, uma vez que temos apenas uma firma que domina todo o mercado. Na posição de único produtor de determinado produto, o monopolista está na situação onde toda empresa sonha estar, ele está em uma posição singular, única. Se decidir elevar o preço do produto, não precisa se preocupar com a concorrência, simplesmente porque ela não existe. Isto acontece porque o monopolista é o próprio mercado e controla a quantidade ofertada de produto que será posto à venda. No entanto, isso não significa que o monopolista possa, a seu bel- prazer, cobrar o preço que quiser caso seu objetivo seja a maximização de lucros. Este curso é um exemplo. O Estratégia Concursos, proprietário, é o produtor monopolista deste curso completo de Economia e Finanças Públicas, que é o único curso escrito abordando em um só material Micro, Macro e Finanças Públicas. Então, por que motivo o Estratégia não o vende por R$ 1.000,00? A resposta é óbvia: poucas pessoas iriam adquiri-lo, de forma que o lucro do site seria menor, apesar de ele ser monopolista do produto. As características básicas do monopólio são as seguintes: 1) Uma única empresa produtora do bem ou serviço; 2) Não há produtos substitutos próximos; 3) Existem barreiras à entrada de firmas concorrentes. O motivo 1 significa a própria essência do monopólio. O motivo 2 é decorrência do motivo 1, pois se o bem produzido pelo monopolista possuísse substitutos próximos ou produtos que fossem equivalentes, não teríamos um monopólio, mas sim uma estrutura de mercado que se aproximaria da concorrência monopolística. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 89 O motivo 3 é o mais interessante e é ele que explica por que os monopólios existem. A causa fundamental de um monopólio existir está nas barreiras à entrada. Isto é, um monopolista se mantém como único vendedor de seu mercado porque as outras empresas são impossibilitadas de entrar no mercado e competir com ele. Basicamente, as barreiras à entrada têm quatro origens principais: - Recursos de monopólio: Uma empresa possui os recursos chave para a produção de determinado produto. Por exemplo, a Aluminium Company of America (Alcoa) deteve o monopólio no mercado de alumínio por mais de 50 anos. Isto aconteceu porque ela controlava todas as fontes de fornecimento de bauxita, que é a matéria-prima do alumínio. - Regulamentações do governo: Às vezes, os monopólios surgem porque o governo concede a uma só empresa o direito exclusivo de vender algum bem ou serviço. As leis que regulam as patentes e os direitos autorais configuram um exemplo desta situação e o objetivo de tais normas é estimular e recompensar aquela empresa que investiu em inovações que trazem benefícios à coletividade. Por exemplo, por alguns anos, foi garantido à empresa farmacêutica Pfizer o direito exclusivo de vender o famoso Viagra13. Estas situações em que uma empresa detém o monopólio de um produto por força de lei são chamadas de monopólio legal. Vale ressaltar que o monopólio legal não ocorre somente no caso das patentes. Por exemplo, por mais de 40 anos (1954 a 1997), o governo concedeu à Petrobrás o direito exclusivo de explorar o petróleo localizado em terras brasileiras, mesmo sem ter sido ela a inventora do processo de extração de petróleo. - Processo de produção: A produção de determinados bens apresentam economias de escala para os níveis de produção relevantes. Nesse caso, quanto maior for a produção, menor o custo médio, uma vez que a curva de custo médio de longo prazo é decrescente quando temos economias de escala. Em outras palavras, uma só empresa pode produzir a um custo médio menor do que se houvesse um número maior de empresas. Quando esta situação ocorre, temos um monopólio natural ou puro. 13 Apenas a partir deste ano, outras empresas farmacêuticas puderam produzir o remédio, o que fará (ainda não fez, acredito eu) seu preço cair pela metade, segundo estimam os analistas do setor. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 89 Importante: a principal característica do monopólio natural é a existência de economias de escala no processo de produção. Esse é o caso das empresas que têm uma parcela muito alta de custo fixo e custos variáveis baixos, quando comparados com o custo fixo. Aqui, será menos custoso um número menor de firmas produzir, ou até mesmo uma só firma. Como exemplo de monopólios naturais, temos as companhias de energia elétrica, telefonia, abastecimento de água e saneamento básico das cidades. A tecnologia de produção destes serviços é de tal ordem que uma vez incorridos os altos custos das instalações, a expansão da produção por uma só firma (monopolista) irá reduzir os custos médios. Consequentemente, para essas firmas caracterizadas como “monopólio natural”, a estrutura de custos médios é decrescente para toda a faixa relevante de produção14. Ou seja, à medida que se aumenta a produção, os custos médios irão decrescer cada vez mais, e isso só acontece nestas empresas inseridas neste caso específico do monopólio natural. Quando temos uma tecnologia de produção com a existência de economias de escala, as empresas de fora do mercado sabem que não poderão atingir os mesmos baixos custos de que desfruta o monopolista porque, depois de entrar, cada uma teria uma fatia menor do mercado e ainda teria que arcar com altíssimos custos iniciais de implantação da firma. Por fim, ressalto que, em algumas obras, a ocorrência de economias de escopo, quando os custos totais de uma só empresa são menores que os custos totais de várias empresas, também representa barreiras à entrada e pode provocar o surgimento de monopólios naturais. - Tradição no mercado: A tradição que algumas firmas possuem muitas vezes funciona como barreira à entrada. Por exemplo, demorou bastante tempo e demandou muitos investimentos até que os japoneses pudessem concorrer com a tradição dos relógios suíços e com a tradição dos automóveis alemães e americanos. Agora que já temos uma visão geral do monopólio, podemos estudar os aspectos econômicos do funcionamento desta estrutura de mercado. 14 No caso do monopólio natural, a curva de custo médio não é em formato de um “U”, como as que foram apresentadas nas figuras 09 e 10, da aula 4, por exemplo. Para o monopólio natural, a curva de custo médio será decrescente, indicando que o aumento de produção irá sempre reduzir o custo médio. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 89 Figura 10 DEMANDA DE MERCADO E DEMANDA INDIVIDUAL (FIRMA ISOLADA) NO MONOPÓLIO A firma é o próprio mercado Demanda de mercado Preço s Demanda para a firma monopolista E1 F PE1 E1 PE1 E2 PE2 DFIRMA DMERCADO QE2 QE1 QE1 Quantidade de produtos a) MERCADO TOTAL b) FIRMA INDIVIDUAL 3.1. As curvas de demanda, receita média e receita marginal da firma monopolista No mercado concorrencial, nós vimos que a curva de demanda individual da firma era uma reta horizontal passando pelo nível de preço que, ao mesmo tempo, representava o nível da receita marginal e da receita média (ver figuras 01 e 02). No monopólio, entretanto, a curva de demanda da firma será igual à curva de demanda do mercado e a explicação é simples: a firma monopolista é o próprio mercado. A produção da firma será a própria produção do mercado. A demanda enfrentada pela firma será a própria demanda do mercado. Logicamente, sua curva de demanda será igual à curva do mercado. A consequência mais importante desse fato é que, diferentemente do que ocorre na concorrência perfeita, a receita marginal não será igual ao preço. No monopólio, a receita marginal será menor que o preço que ela cobra pelo seu produto. Isso pode ser constatado graficamente; veja a figura 10: Observe, no gráfico 10.b, que se o monopolista aumentar a sua produção (de QE1 para QE2) e mantiver o mesmo preço inicial (PE1), simplesmente não haverá demanda para o produto. Veja que a interseção de QE2 com PE1 é o ponto F, fora da curva de demanda. Ou seja, não haverá demanda para aquele nível de quantidades produzidas (QE2) ao preço PE1, de modo que a firma não aumentará sua receita se decidir aumentar a produção e manter os preços. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 05 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 89 Para aumentar a produção e conseguir vendê-la, a firma monopolista deve reduzir os preços. Isto acontece porque a curva de demanda da firma é a própria curva de demanda do mercado, que é negativamente inclinada, indicando que quanto maiores forem as quantidades demandadas, menores devem ser os preços. É o que acontece no gráfico: para aumentar a produção de QE1 para QE2, e se manter na curva de demanda, a firma deve reduzir os preços de PE1 para PE2 para que ainda haja demanda do produto. Desta forma, cada produto adicional que a firma queira produzir deve estar em um preço abaixo do que era praticado no nível de produção imediatamente anterior. A conclusão a que chegamos é a seguinte: a receita marginal no monopólio será sempre menor que o preço do produto. Vemos então que, no monopólio, para se vender um produto adicional, a firma terá que fazê-lo a um preço menor que aquele praticado anteriormente. Desta forma, a receita, na margem, será sempre menor que o preço que era praticado no nível de produção imediatamente anterior. Em outras palavras, no monopólio: Rmg<P. Pelo fato da Rmg ser menor que o preço, a curva da Rmg deverá ser tal que, para cada nível de produção, a Rmg encontrada seja menor que P. Suponha uma curva
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