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Alternativas Energéticas - Situação da indústria sucroalcooleira no Brasil: produção de álcool combustível

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Universidade Federal Fluminense
Departamento de Engenharia Agrícola e Ambiental
Alternativas Energéticas
Professor: Gustavo Noronha
Tema: Situação da indústria sucroalcooleira no Brasil: produção de álcool combustível
Airton Gustavo Viana da Silva
Leonardo da Costa Oliveira
Pedro Ferreira Chabudé
Thales Mello Silva Nóbrega
Niterói, 20 de maio de 2015.
Introdução
A cana de açúcar tem tido importante papel na economia nacional, sendo o maior produtor do mundo, seguido por Índia e China. Da sua matéria prima, produz-se açúcar, álcool anidro (aditivo para gasolina),  álcool hidratado, além de ter como subproduto o bagaço, que pode ser usado como fonte de energia. Competia ao governo a responsabilidade pelo planejamento e a gestão desses mercados. No entanto, no começo da década de 1990, o então presidente Fernando Collor extinguiu o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), com isso, iniciou-se o período de desregulamentação do setor, com a liberação das exportações e dos preços destes produtos. Na verdade essas tarefas foram repassadas integralmente ao setor privado. Atualmente, prevalece o regime de livre mercado, sem subsídios, em que os preços são definidos de acordo com as oscilações de oferta e demanda e a única forma de o governo intervir no mercado de álcool é por meio de medidas regulatórias de adição de álcool à gasolina.
Histórico
Foi criado em 1933 o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), cujo objetivo era orientar e realizar o controle da produção de açúcar e álcool em todo o território nacional. Esta intervenção do governo definia regras para exportação e administrava preços. Além disso, o Estado também regulamentava o transporte, o manuseio e armazenagem do produto.
Neste caso, o Estado era quem assumia os riscos do setor privado, dando-lhe uma situação de extremo conforto, porém, impedindo o desenvolvimento do setor. O protecionismo Estatal estava causando um processo de estagnação setorial quando retirava os riscos inerentes ao processo de inovação no sistema capitalista. Quando se optava por proteger regiões menos competitivas dando subsídios a estas para igualar custos, por exemplo, extinguiam-se os incentivos possíveis para que houvessem inovações.
O Estado permaneceu com este mesmo perfil e culminou com o aumento da quantidade de unidades produtoras. O papel do Estado é ainda mais atuante em 1975, quando se inicia o programa nacional do álcool, o Pró-Ácool. Deve-se destacar que este programa pode ser entendido como o responsável por alavancar o setor. Ele proporcionou o estabelecimento do mercado de etanol, onde, o processo de diversificação foi desencadeado.
Entende-se que o Pró-Ácool foi uma resposta ao primeiro choque do petróleo (1973), isto é, a alta dos preços desta commodity pela OPEP (organização dos países exportadores de petróleo), com os preços do barril praticamente sendo quadruplicados. Somado a isso, acrescenta-se a baixa dos preços do açúcar no mercado internacional.
Em meados de 1973, data do primeiro choque, o país importava mais de 80% de petróleo, podendo se deduzir o tamanho do impacto que a alta nos preços deste produto teve na balança comercial brasileira. As autoridades governamentais e o empresariado brasileiro estudavam a solução para essa crise e o Pró·Ácool era apenas uma das três opções. Existiam também o Pró-Óleo (Óleo vegetal) e o Pró-Carvão.
Destaca-se que até então, a produção de álcool não tinha uma importância considerável na cadeia produtiva, onde, observa-se que produtores muitas vezes preferiam produzir melaço e comercializa-lo a produzir álcool. Porém, o fato do setor possuir alguma capacitação tecnológica, a instabilidade nos preços do açúcar e sua força política, pode ter influenciado na escolha do programa. É necessário salientar que, sem que tivesse havido o Pró-Álcool, dificilmente, o país teria conseguindo atingir os níveis de produção e consumo de álcool que foram atingidos com o programa.
O plano consistia em dar qualquer tipo de incentivos governamentais (subsídios, incentivos fiscais, financiamentos e etc.), garantia de compra do produto pela Petrobras e criação de linhas de crédito para financiamento da parte agrícola e industrial (máquinas).
Pode-se dividir o período do Pró-Álcool em três fases: expansão moderada (1975 a 1979); expansão acelerada (1980 a 1985); desaceleração e crise (1986 a 1995).
 
 2.1. Medidas tomadas durante as três fases
		
Expansão Moderada (1975 a 1979):
Passou a ser obrigatório misturar álcool à gasolina;
O governo brasileiro exigiu um teto ao preço do álcool que seria de 65% ao preço da gasolina;
Redução de 5% nos impostos de carros movidos a álcool;
Obrigatoriedade dos postos venderem este combustível;
Estabeleceu-se que fossem realizados empréstimos com objetivo de aumentar a produção de álcool.
Expansão Acelerada (1980 a 1985):
Época em que houve o segundo choque do petróleo, e, portanto, a necessidade de diminuir ainda mais a dependência do país desta fonte energética. Neste choque, o preço do barril atingiu US$ 30 e as taxas de juros internacionais também aumentaram;
Foram estabelecidos incentivos fiscais e tributários para estimular ainda mais a produção de álcool e carros movidos por este combustível, além de intensificar a comercialização destes veículos;
A quantidade de carros movidos a álcool representava praticamente a totalidade da frota de veículos nacional;
Implantação de novas variedades de cana com a finalidade de se elevar a produtividade;
Desaceleração e Crise (1986 a 1995):
A partir da segunda metade da década de oitenta, devido, principalmente, ao aumento da dívida externa e a inflação, o financiamento de certos setores estavem comprometidos. Assim, produtores que dependiam muito da ajuda Estatal foram extremamente prejudicados. Além disso, houve o contra choque do petróleo e os preços dos seus derivados caíram. Como o preço do álcool está ligado ao da gasolina, estes acompanharam a queda, que, junto da diminuição dos investimentos Estatais, instaurou-se uma crise no setor;
 	Já no final desta década, os preços do açúcar no mercado internacional se elevaram, fazendo com que muitos produtores diminuíssem sua produção de álcool em detrimento da exportação de açúcar;
A frota nacional era constituída quase toda de carros à álcool. Então, a demanda pelo combustível só aumentava e a oferta não acompanhava. Este desequilíbrio entre oferta e demanda levou o governo a importar álcool;
A soma de um Estado com problemas fiscais, falta de confiança no abastecimento, preços perdendo competitividade com a gasolina, fizeram o programa ruir. Isso afetou diretamente a produção de veículos. A indústria automobilística passou a produzir veículos à gasolina.
Em 1990, o então presidente Fernando Collor extinguiu o IAA, com isso, iniciou-se o período de desregulamentação do setor, com a liberação das exportações e dos preços do açúcar e do álcool. Entretanto o governo brasileiro continuou auxiliando financeiramente o setor através do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Atualmente, a única maneira de o governo intervir no mercado de álcool é por meio de medidas regulatórias de adição de álcool à gasolina.
Produção de Etanol no Brasil
 
O Brasil e os Estados Unidos, juntos, produzem cerca de 90% de todo o etanol consumido no mundo. A estimativa é que a safra 2011/12 no país da América do Norte tenha gerado 58 bilhões de litros do produto, cerca de 60% a mais que a produção brasileira estimada em 22 bilhões no mesmo ano-safra. A produção mundial está estimada em mais de 85 bilhões de litros.
 	A área plantada de cana é de aproximadamente 8,5 milhões de hectares, representando menos de 3% do total de terras cultiváveis no Brasil em 2009. A área de pastos é a principal região de expansão desse cultivo. Sendo assim, a produção brasileira de etanol não inibe a produção de alimentos, nem provoca aumentoconsiderável nas taxas de desmatamento, assim como afirmam alguns órgãos internacionais. O etanol produzido a partir da cana tem se mostrado vantajoso em relação ao produzido através de outras fontes, como o milho (principal nos EUA) e a beterraba (principal na Europa). O etanol de cana apresenta o mais baixo custo de produção, a maior produtividade (litros por hectare), além do melhor balanço energético dentre as principais matérias primas.
O governo federal lançou uma política para orientar a expansão sustentável da cana-de-açúcar no País, que tem como base critérios ambientais , econômicos e sociais. A política foi definida a partir de estudo inédito e minucioso, o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar (ZAECana), que estipulou as áreas mais propícias ao plantio da cultura considerando tipos de clima, solo, biomas, declividade do terreno, e necessidade de irrigação, entre outras características.
Somente em 2009 o Brasil produziu cerca de 670 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, com valor de produção de quase R$ 24,0 bilhões. A produtividade média dos canaviais foi no mesmo período de cerca de 80 toneladas por hectare. Em termos regionais, o Brasil apresenta dois períodos distintos de safra: de setembro a março no Norte-Nordeste, e de abril a novembro no Centro-Sul. Assim, o país produz etanol durante praticamente o ano todo, apesar de a produção de etanol na região Norte-Nordeste ser de apenas 10% do total nacional, que foi de 22,5 bilhões de litros em 2007.
Atualmente são produzidos dois tipos de etanol, o hidratado e o anidro, que se diferenciam por suas graduações alcoólicas e usos. O etanol hidratado é o etanol comum vendido nos postos, enquanto o etanol anidro é aquele misturado à gasolina. A diferença entre os dois diz respeito à quantidade de água presente em cada um deles. O etanol hidratado combustível possui em sua composição entre 95,1% e 96% de etanol e o restante de água, enquanto o etanol anidro (também chamado de etanol puro ou etanol absoluto) possui pelo menos 99,6% de graduação alcoólica. Dessa forma, o álcool anidro é praticamente etanol puro. A palavra anidro tem origem grega e significa "sem água" (a = não e hidro = água).
Os dois tipos de álcool seguem o mesmo processo de fabricação até eles serem fermentados. Da fermentação, surge o álcool hidratado, com uma taxa de aproximadamente 95% de etanol. Para se obter o álcool anidro é preciso passar o etanol pelo processo de desidratação, que ocorre com a destilação fracionada, em que se evapora a água após separá-la do álcool.
O etanol anidro é misturado à gasolina para baratear o combustível, aumentar sua octanagem e reduzir a emissão de poluentes. O Brasil atualmente utiliza a mistura na proporção de 20%, sendo que essa taxa já atingiu 25% em algumas épocas – valor máximo devido a necessidades de alteração no motor para além dessa proporção. Já o etanol hidratado é utilizado como combustível somente no Brasil, desde o fim da década de 70.
 
3.1 Cultura da Cana de Açucar
 
 3.2.1 Clima e solo
A cana-de-açúcar cresce melhor em regiões quentes e úmidas, com temperaturas entre 30 e 34 graus Celsius. A adubação representa sem dúvidas um dos maiores custos na produção da cana. Os principais nutrientes a serem supridos pela adubação nos canaviais são o nitrogênio, o potássio, e o fósforo, conforme a necessidade. A vinhaça, líquido altamente poluente gerado na fermentação, é utilizada na adubação para suprimento de potássio de alguns talhões.
 
3.2.2 Etapa Agrícola
A biomassa cana-de-açúcar é composta de um terço de caldo, um terço de fibras e um terço de folhas. Do colmo e das folhas, obtêm-se as fibras, que dão origem ao bagaço e à palha, e do caldo obtêm-se o açúcar e o etanol.
A etapa agrícola de produção do etanol e da energia elétrica consiste no processo de cultivo da cana-de-açúcar, podendo este ser dividido nos macroprocessos de preparo do solo, plantio e trato cana planta. Uma vez colhida a cana e transportada para a indústria, o canavial deve receber um tratamento para que brote novamente e possa ser colhido na próxima safra, este tratamento é chamado de trato cana soca. Os canaviais são culturas semi-perenes, pois são replantados somente após cerca 5 anos do plantio, ou seja, colhe-se cerca de 5 vezes o canavial antes da sua reforma. Normalmente a primeira colheita é mais produtiva, sendo que a produtividade decresce gradualmente a cada corte, sendo as médias de respectivamente 120, 95, 85, 75 e 60 toneladas por hectare.A seguir os macroprocessos da etapa agrícola serão detalhados.
Figura 2 : Organograma da Produção de Cana
• Preparo de Solo
Consiste em revolver a superfície do solo com o objetivo de propiciar as condições satisfatórias para o plantio, germinação das sementes e desenvolvimento das plantas. Além disso,são executadas atividades que visam à conservação e manutenção da área.
• Plantio
O plantio pode ser feito de duas maneiras: mecanizado ou semi-mecanizado. A diferença entre eles reside no grau de mecanização dos processos, sendo que no plantio semi-mecanizado algumas atividades são realizadas por trabalhadores rurais.
• Trato Cana Planta
 A cana que foi plantada e ainda não sofreu nenhum corte é chamada de cana planta, sendo assim, o macroprocesso de trato cana planta consiste no conjunto de práticas executadas em uma área recém plantada buscando propiciar condições mais favoráveis ao crescimento e à produção da cultura, utilizando-se de atividades como a adubação e controle fitossanitário.
• Corte Carregamento e Transporte
O corte da cana-de-açúcar pode ser feito totalmente de maneira mecanizada, ou seja, por meio de colhedoras. Assim, a cana é colhida e ao mesmo tempo carregada em um caminhão ou trator chamado de transbordo, justamente pelo fato de que este descarregará a cana colhida em caminhões que farão o transporte do campo para a unidade de bioenergia. Um mesmo canavial pode receber até seis cortes, devido ao fato de que, uma vez cortada, a cana rebrota. Porém, na maioria dos casos são previstos somente cinco cortes.
 
• Trato Cana Soca
Uma vez cortado, o canavial deve receber um tratamento para que a cana rebrote com a qualidade necessária. Este tratamento consiste na aplicação de adubos e defensivos que visam manter uma condição favorável para o crescimento da cana, recebendo o nome de trato cana soca.
 
3.2.3 Etapa Industrial
A etapa industrial é responsável pela transformação da cana-de-açúcar em etanol e energia elétrica. As tecnologias de produção de açúcar e álcool são muito parecidas nas usinas brasileiras, com variações nos tipos e qualidades de equipamentos utilizados, bem como nos controles operacionais, principalmente os gerenciais. Atualmente existe uma boa integração entre as áreas agrícola e industrial das usinas, o que possibilita otimizar toda a cadeia produtiva nas unidades mais bem gerenciadas.Seus macroprocessos são apresentados de forma resumida a seguir:
• Recepção, Descarga e Limpeza
A descarga de cana é realizada através de um guindaste tipo hilo diretamente sobre o sistema de alimentação que irá transportar a cana até o difusor. Durante este transporte, um sistema a seco separa a impureza vegetal (palha) e a impureza mineral (terra), sendo que impureza mineral volta para o campo e a vegetal é utilizada juntamente com o bagaço para a produção de energia elétrica.
• Extração de Caldo
A extração de caldo é feita pelo difusor, que se utiliza de água para o arraste dos açúcares. A fibra da cana, na forma de bagaço, é transportada até as caldeiras ou pátio onde ficará estocada por meio de um sistema de esteiras.
• Tratamento de Caldo
O caldo bruto é peneirado e aquecido, além disso, adicionam-se a ele produtos químicos, com o objetivo de eliminar gases e substâncias sólidas indesejadas na produção do etanol.
• Evaporação do Caldo
O caldo tratado é concentrado para garantir alta eficiência na fermentação e baixo consumo de vapor nas colunas de destilação.
• Fermentação
A fermentaçãoé um processo biológico que utiliza leveduras para converter o açúcar em álcool numa reação exotérmica. Essa técnica consiste em, basicamente, adicionar ao caldo da cana-de-açúcar micro-organismos que quebram moléculas de açúcar (C6H12O6), transformando elas em duas moléculas de etanol (2 C2H5OH) mais duas moléculas de gás carbônico (2 CO2).
• Destilação
O etanol produzido para ser usado como produto químico especial ou ser incorporado à gasolina precisa ser desidratado. Este processo é realizado nas colunas de destilação
• Geração de Vapor e Energia Elétrica
O vapor produzido nas caldeiras a partir da combustão do bagaço e palha supre a planta industrial com energia, seja na forma de energia elétrica produzida nos turbo-geradores, seja convertendo o vapor em energia mecânica para o acionamento dos equipamentos. O vapor ainda é utilizado como fonte térmica em todo o processo.
4. Produção de cana-de-açúcar pelo mundo
A cana-de-açúcar é uma das principais culturas do mundo, cultivada em mais de 100 países, e representa uma importante fonte de mão de obra no meio rural nesses países. Apesar desta difusão mundial, cerca de 80% da produção do planeta estão concentradas em dez países, como mostra a tabela.
	País
	Área colhida (10 ha)>
	Produção (10 t)
	% Área colhida
	Produtividade (t/ha)
	Brasil
	6,153
	455,3
	30,2
	74,0
	Índia
	4,200
	281,2
	20,6
	67,0
	China
	1,220
	100,7
	6,0
	82,5
	México
	0,668
	50,6
	3,3
	75,7
	Tailândia
	0,936
	47,7
	4,6
	51,0
	Paquistão
	0,907
	44,7
	4,6
	51,0
	Colômbia
	0,426
	39,8
	2,1
	93,4
	Austrália
	0,415
	38,2
	2,0
	92,0
	Indonésia
	0,370
	30,2
	1,8
	81,6
	Estados Unidos
	0,364
	26,8
	1,8
	73,6
	Outros
	4,713
	276,2
	23,1
	58,6
	Total
	20,372
	1.391,4
	100,0
	68,3
	Tabela 1: Produção Mundial Fonte: FAO, 2008
Observa-se que o Brasil e a Índia respondem, em conjunto, por pouco mais da metade da cana produzida mundialmente. Tal fato assume especial relevância quando se consideram possíveis expansões da produção de cana, principalmente pela grande diferença de modelos de produção agrícola consagrados no Brasil (concentrados em grandes produtores) e pela Índia (baseados em pequenos produtores).
Figura 3: Mapa da Produção Mundial de Cana (Exceto Eua)
Figura 4 : Gráfico de Produção Mundial de Cana de Açucar
5. Concorrentes do Etanol de cana-de-açucar
Figura 5: Custo do Etanol a partir de diversas matérias-primas.
Fonte:https://infopetro.wordpress.com/2010/12/13/competitividade-internacional-do-etanol-brasileiro-oportunidades-e-ameacas/
Além dos carros híbridos nos EUA, o biodiesel e etanol no Brasil as escolhas estão melhorando, mas ainda é um mercado limitado. Vejamos as opções:
 
5.1 Etanol
 
Prós
- Versatilidade: Os veículos bi combustível permitem usar álcool ou gasolina em qualquer proporção.
- Preço: O preço do etanol, como mencionado acima, é menor que o da gasolina.
- Escolha do carro: A variedade de carros disponível é grande. Os fabricantes abraçaram a tecnologia bi combustível e é possível encontrar muitas opções de modelos que rodam com etanol e gasolina.
 
Contras
- Rendimento: Embora os preços sejam mais baixos que a gasolina, o rendimento nos modelos Flex é menor. Na hora de abastecer divida o preço do álcool pelo preço da gasolina. Multiplique o resultado por 100. Se o resultado for menor que 70, não pense duas vezes, encha o tanque de álcool.
- Usineiros: A produção está nas mãos dos usineiros, e os preços estão sujeitos a variação de acordo com a capacidade de produção.
- Carros verdadeiramente a álcool: No Brasil, o país que lançou a tecnologia do motor a álcool, não é possível encontrar um só carro zero com motor a álcool. Bicombustível tem em todo lugar, mas o que apresenta o melhor rendimento são os carros com motores exclusivamente a álcool.
 
5.2 Híbridos
 
Híbridos trabalham capturando a energia criada quando os freios do carro são ativados. Aquela energia é armazenada em baterias e usada sempre que possível, no lugar do combustível.
Prós
- Rendimento: faz na cidade 25,5 km por litro e 21,5 km por litro na estrada.
- Silenciosos.
- Andam com gasolina; que é possível encontrar em qualquer lugar.
Contras
- Baterias: Há muita especulação sobre a durabilidade das baterias nos carros híbridos, mas o comprador do primeiro Prius da Toyota nos EUA (motorista de táxi) andou quase 290.000 quilômetros sem precisar trocar a bateria, isso é um bom sinal.
- Preço: os custos dessa tecnologia são altos.
 
5.3 BioDiesel
Prós
- Mais baixas emissões: Quanto mais biodiesel for usado na mistura com o diesel, mais baixo suas emissões.
- Versatilidade: Outro benefício para o consumidor é a habilidade para trocar entre diesel e biodiesel sempre que precisar.
- Custos: O preço do biodiesel B2 vendido em alguns postos pelo Brasil custa apenas alguns centavos mais caro que o diesel, mas a tendência é o preço ficar mais barato, com a melhor tecnologia na produção de biodiesel e o aumento do preço do petróleo.
Contras
- Tempo frio: problemas de viscosidade em tempos de temperatura baixa. Quanto maior a mistura de biodiesel usada, mais viscoso o combustível se torna em temperaturas muito baixa.
 
5.4 Gás natural
 
Prós
- Preços: O custo de GNV (gás natural veicular) é tradicionalmente mais barato que outros combustíveis. A economia proporcionada pelo GNV em relação à gasolina pode chegar a 65% por quilômetro rodado.
- Longevidade: A durabilidade dos carros é maior que os a gasolina tradicionais porque é combustível de queima limpa.
Contras
- Opções: Os veículos não saem de fábrica com essa opção é preciso ir a uma oficina fazer a conversão.
-Distância: O gás natural tem o volume duas vezes maior que a gasolina (Precisa do dobro do espaço da gasolina para ser equivalente em eficiência), um tanque cheio de GNV não te levará tão longe quanto um tanque cheio de gasolina.
- Política: O governo já sinalizou que a prioridade do gás irá para as indústrias e as térmicas, e não para o GNV.
- Bolívia: A estatal boliviana YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscais Bolivianos) controla boa parte do gás natural que chega no Brasil, assim novas altas de preço aplicadas pela estatal boliviana (como a que aconteceu no começo do ano), influem no preço aqui no Brasil.
- Postos: Os locais para abastecimento de GNV não são muito comuns, mas em cidades grandes não é difícil encontrar um posto que disponibilize o GNV. 
 
5.5 Hidrogênio
 
Muito exagero foi feito sobre os carros de hidrogênio. A realidade é que eles não estão acontecendo agora e ainda vão demorar a acontecer. Não existe nenhum modo viável de se fazer combustível de hidrogênio sem converter combustíveis fósseis, nenhuma infra-estrutura, e nenhum fabricante planeja uma linha de veículos de hidrogênio.
 	O plano do governo brasileiro para o hidrogênio não prevê nada de concreto para o consumidor até 2020.
Prós
- Não polui. O resíduo descartado pelo escapamento é apenas água.
Contras
- O armazenamento. É um gás muito leve e precisa ser comprimido a pressões elevadas, o que consome energia.
- Outra preocupação é com a geração de hidrogênio, a tecnologia dos veículos e a rede de distribuição, ambas muito caras.
- Não há no Brasil.
5.6 Eletricidade
Prós
- A maior vantagem em relação aos motores a combustão interna é que não emite gases poluentes e sua recarga poder ser feita em uma tomada enquanto o veículo está estacionado.
 
Contras
- O peso das baterias, o elevado tempo para a recarga completa e a pequena autonomia dos veículos. Carros híbridos podem atenuar esses problemas.
- Preço da energia elétrica .
5.7 Biocombustível
Prós
- É uma fonte de energia renovável e mais limpa que os correspondentes fósseis. Aproveita a tecnologia já existente dos motores. 
Contras
- A agroenergia é sujeita às variações de clima, pragas e sazonalidade, com oscilação de preços. Há que considerar a potencial disputa de terras com culturasalimentícias e o avanço sobre florestas.
5.8 BTL ou Biomass-to-Liquids 
 
É qualquer processo que produza um combustível líquido a partir de biomassa. Os processos mais comuns são o de Fischer-Tropsch e o processo de pirólise rápida.
 
Prós
- Boa quantidade de matéria-prima disponível, baixa emissão de CO2.
Contras
-Necessita de grandes investimentos em tecnologia. Alternativa para o longo prazo.
5.9 GTL ou Gas-to-Liquids
 
É um processo que transforma gás natural em combustíveis líquidos por meio do Processo de Fischer-Tropsch. O combustível proveniente deste processo pode ser utilizado em veículos equipados com motores a diesel sem modificações.
Prós
- Tecnologia já existente, zero emissões de enxofre, boa eficiência nos motores.
Contras
- Necessita de altos investimentos em refinarias.
6. Últimas Safras
Segundo dados compilados por pesquisadores da Universidade de Campinas (Unicamp), Fundação Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e disponibilizados pela União da Indústria de Cana de Açucar (Unica),temos como Mapa da Produção de Cana no Brasil. 
 
Figura 6: Mapa da Produção. 
Disponível em http://www.unica.com.br/mapa-da-producao/	
	A distribuição da produção é altamente concentrada em duas porções: Centro Sul e Leste Nordestino. Em que o Estado de São Paulo respondeu para os últimos anos cerca de 60% da produção nacional de cana de açucar e derivados.
	Tomando por base as 10 últimas safras e a partir de compilação dos dados obtidos junto a UNICA observamos a seguinte evolução de safra.
	Houve acentuado incremento de produção pós 2004/2005 impulsionado pelo elevação internacional dos preços das commodities (inclusive a cana), interrompido pela crise de 2009 e desdobramento observado pela safra 2011/2012.Figura 7: Evolução da Safra de cana de Açúcar
	Quanto aos derivados observamos como evolução produtiva, temos para o álcool:
	E para a produção de açúcar:Figura 8: Evolução da Produção de Álcool
	Figura 9: Evolução da produção de Áçucar
Estratificando a produção por estados obervamos uma grande concentração de produução no Estado de São Paulo. O qual correspondeu em média 60% da produção nacional de cana e derivados. Fato que pode ser observado pelo gráfico.
	Gráfico sem o Estado de São PauloFigura 10: Produção de cana por Estado
	Observamos Produção Superior a 1% da Produção Nacional nos Estados de Alagoas; Goiás; Mato Grosso; Mato Grosso do Sul; Minas Gerais; Paraná; Pernambuco; São Paulo (Maior Produtor). Graficamente observamos os maiores produtores:Figura 11: Maiores Produtores sem SP
 	Figura12: Maiores Produtores de Cana
Extraindo do Gráfico São Paulo
Figura 13: Maiores Produtores sem SP
	
7. Crise e momento atual
	Nos anos de 2000 houve um grande “boom” das commodities, sendo interrompido na crise de 2009. No ínicio da década países como China impulsionaram a compra de minério de ferro, soja e petróleo, por exemplo. Elevando expectativas, preço e necessidade de investimento para obtenção destas commodities e concorrentes diretas como o caso do alcool para com o petróleo.
	Para o alcool, no mercado nacional, a expectativa foi alavancada pela venda de automóveis fomentada pelo Governo Federal e o incentivo ao consumo e uso dos automóveis. O qual reduziu aliquotas para aquisição de carros (sobretudo Flex - bicombustível), gerando grande demanda de consumo de combustíveis, ainda mais alavancado pelo controle dos preços por parte do governo. No entanto problemas de investimento, falta de estrutura, problemas de safra (seca) e intromissão estatal no preço (desregulamentação estatal) depredaram o setor e trouxeram problemas para as usinas desde 2009.
	A crise no setor fora agravada por descompasso entre produção, refino (industrialização) e distribuição dos produtos obtidos. Observamos, em um momento inicial havia cana acima da capacidade operacional de refino (início da decada de 2000), seguido por uma capacidade de refino acima da produção (meados da década de 2000) e agravado pela crise de 2009 que evadiu de recursos (financiamento privado) para as safras futuras e operacional industrial, logo havia cana e usina, mas não havia mercado consumidor ao preço estipulado em projeto. Este descompasso colapsou o sistema produtivo que tenta retomar sem êxito agravado pela crise do consumo fomentado pelo governo, bem como as incertezas.
	Recentemente (2012 em diante) observamos desregularização estatal, trazendo insegurança contratual e jurídica para o setor de energia, por exemplo a promulgação da Medida Provisória Nº 579/2012 (reduziu o preço da energia por decreto) ou cortes de investimento nos planos de safra (invertendo posicionamento). Isto gerou incertezas para o setor, afastou investidores e gerou o caos no setor, culminando pelo fechamento de várias usinas e desemprego.
	Em que devemos observar que retornemos ao início da década de 2000 em que há a tendência de maior produção de cana (fomentado pelo desenvolvimento da lavoura e melhoria genética) e sem usinas operacionalmente o que pode ocasionar futuro descompasso entre produção e capacidade de refino para os próximos anos, caso haja retomada da economia. E, por exemplo aumento do preço do petróleo.
9. Futuro
	As perspectivas futuras podem ser subdivididas em 2: capacidade de produção e capacidade de consumo que alinhado ao descompasso e invertezas tendem a regular o setor para as próximas safras.
	A capacidade de produção tende a incerteza no campo. Aumento da produtividade devido ao incremento tecnológico e diminuição devido a seca (estiagem), redução do consumo, expectativas negativas na economia.
	Quanto a capacidade de refino há a tendência de diminuição nas Usinas seja pela redução ou pelo não desenvolvimento destas, redução de investimento devido a diversas incertezas. O que pode ocasionar sucateamento e perca tecnológica. Fato que pode ser revertido pelo choque do petróleo.
10. Conclusão
Atualmente, a indústria sucroalcooleira no Brasil vive um momento duvidoso. Até meados de 2014 havia uma perspectiva positiva e grandes investimentos na recuperação dos canaviais, com estimativa de crescimento de até 9%, sobretudo em decorrência da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) realizada pelo governo nos anos anteriores, assim como pela vocação do território brasileiro na cultura da cana de açúcar: somos os maiores produtores do mundo pois temos muita insolação, clima favorável, vastas extensões de terra agricultáveis e tecnologias nacionais para produção do etanol.
A partir do início de 2015 temos presenciado uma mudança drástica neste cenário. Nos próximos anos a produção do etanol de cana-de-açúcar pode recuar e posteriormente permanecer estável para suprir à exigência legal de mistura do álcool à gasolina, porém o fato é que, no momento, não há perspectivas de crescimento econômico no setor sucroalcooleiro.
A queda na produção e comercialização de veículos em consequência da não continuidade dos subsídios dados pelo governo, aliada à queda do preço do petróleo no mundo, à existência de combustíveis alternativos mais baratos como o GNV (Gás Natural Veicular) e ao surgimento de novas tecnologias como o carro elétrico e outros combustíveis renováveis, tendem a desestimular o consumo e por conseguinte a produção.
	
Bibliografia
http://www.novacana.com/cana/producao-cana-de-acucar-brasil-e-mundo/
Disponível em: 19/05/2015
http://www.biodieselbr.com/
Disponível em: 19/05/2015
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/liv_perspectivas/07.pdf
Disponível em: 18/05/2015
http://www.biodieselbr.com/proalcool/pro-alcool/programa-etanol.htm
Disponível em: 19/05/2015
http://www.unica.com.br/mapa-da-producao/
SANTOS, M.H.C. Política e políticas de uma energia alternativa: o caso do proálcool. Rio de Janeiro: Notrya, 1993

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